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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia APLICAÇÃO E ACEITABILIDADE DA FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ AMARELO (PASSIFLORA EDULIS) NA ALIMENTAÇÃO DE UM GRUPO DE IDOSOS Brasília - DF 2016 Autora: Danielle Karine Barbosa Oliveira Orientadora: Profa. Dra. Marileusa D. Chiarello DANIELLE KARINE BARBOSA OLIVEIRA APLICAÇÃO E ACEITABILIDADE DA FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ AMARELO (PASSIFLORA EDULIS) NA ALIMENTAÇÃO DE UM GRUPO DE IDOSOS Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profa. Dra. Marileusa D. Chiarello Brasília 2016 Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB O48a Oliveira, Danielle Karine Barbosa. Aplicação e aceitabilidade da farinha da casca do maracujá amarelo (Passiflora Edulis) na alimentação de um grupo de idosos. / Danielle Karine Barbosa Oliveira – 2016. 81 f.; il.: 30 cm Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016. Orientador: Profa. Dra. Marileusa D. Chiarello 1. Gerontologia. 2. Idosos. 3. Farinha da casca do maracujá. 4. Fibra Alimentar. 5. Análise sensorial. I. Chiarello, Marileusa D., orient. II. Título. CDU 613.98 Dedico este trabalho ao meu esposo e companheiro, Sóstenes Júnior, pelo amor, incentivo e apoio constante. À minha mãe Geruza e aos meus filhos, Gabriel, João Pedro, Ana Júlia e Lucas, por entenderem os sacrifícios e horas de ausências AGRADECIMENTO Agradeço a Deus por se fazer sempre presente em minha vida. À professora e orientadora Dra. Marileusa D. Chiarello pelo incentivo, sabedoria e condução em todas as etapas desse projeto, ajudando-me com muita paciência a superar os obstáculos encontrados. À professora Msc. Cláudia Mendonça que me acolheu com seu carinho e teve grande participação na parte prática desse estudo. A professora Dra. Gislane Ferreira de Melo pelos gestos de amizade e grandes contribuições nos resultados. A minha querida amiga Rafaela Ramos que esteve comigo em todos os momentos de angústia e aprendizado. A minha querida irmã Emanuelle Barbosa Silva, pelo incentivo, e por acreditar na minha capacidade de seguir em frente. Aos idosos que participaram deste trabalho, pois sem o consentimento de cada um, o estudo seria impossível. E a todos que colaboraram, direta ou indiretamente para o desenvolvimento deste projeto. Por fim, agradeço também a banca examinadora, pela disponibilidade e tempo dispendidos na avaliação deste trabalho. RESUMO OLIVEIRA, Danielle. Aplicação e aceitabilidade da farinha da casca da passiflora edulis na alimentação de idosos. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) - Programa de Pós-Graduação Stricto Senso em Gerontologia, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016. O envelhecimento é definido como um processo complexo, que pode sofrer várias alterações em decorrência dos fatores genéticos e ambientais, caracterizado por modificações nas funções morfológicas e fisiológicas em todos os níveis do organismo. Dentre os fatores ambientais, a alimentação desempenha um papel importante nos processos degenerativos que estão ligados a senescência, culminando em um declínio progressivo na capacidade fisiológica e no aumento da suscetibilidade e vulnerabilidade a doenças típicas do envelhecimento, como as doenças crônicas não transmissíveis. O uso de alimentos naturais inseridos na alimentação habitual dessa população como a fibra alimentar, que possui efeito redutor nos índices glicêmicos e colesterolêmicos, tem demonstrado ser uma alternativa na redução dos fatores de riscos para essas doenças. Dentre esses alimentos destaca-se o maracujá, especialmente a espécie Passiflora edulis. A utilização da farinha da casca desta espécie, também conhecido como maracujá amarelo como ingrediente alimentício, representa uma ótima opção econômica para o aproveitamento desse subproduto, tendo em vista que apresenta diversos benefícios à saúde, como a capacidade de reduzir os níveis de colesterol e glicemia no organismo. Este estudo teve como principal objetivo avaliar em um grupo de idosos do Centro de Convivência de Idosos/Universidade Católica de Brasília, a ingesta de fibras e propor duas preparações salgadas contendo a farinha da casca do maracujá amarelo como ingrediente alimentício funcional e verificar a aceitabilidade das preparações. Inicialmente, analisou-se a ingesta de fibra diária dos idosos frequentadores do Centro de Convivência do Idoso (CCI) da Universidade Católica de Brasília (UCB) através do recordatório 24h (R24h). Para a escolha das preparações-teste foram utilizados dados da anamnese e dos R24h dos idosos. Os alimentos selecionados para inserção da fibra foram a torta de jiló e a tapioca. A análise sensorial foi realizada por 34 provadores não treinados, e envolveu dois tipos de testes afetivos: avaliação da impressão geral, com uso da escala hedônica nominal de nove pontos, e avaliação de intenção de consumo de sete pontos. Para a avaliação dos R24h e das preparações, utilizou- se o software Virtual Nutri Plus®. Observou-se que todos os homens da amostra ingerem uma média de fibras de 12,71±5,62g/dia, 57,64% abaixo do recomendado (30g) e apenas duas mulheres (6,7%) atingiram a recomendação diária de fibras totais (21g). O restante da amostra feminina ingere em média 11,86±4,84g/dia, 43,52% abaixo do valor recomendado de fibras. A inclusão de Farinha da Casca da Passiflora edulis na preparação da torta de jiló e tapioca apresentou alta aceitação, com média de 8,06 ±1,39 e 8,41±0,99, respectivamente. Os testes de escala de atitude confirmaram que, a maioria consumiria sempre a tapioca (64,7%) e a torta de jiló (61,8%). Os resultados referentes ao índice de aceitabilidade mostraram a viabilidade da adição da farinha de maracujá em preparações habituais dos idosos com 89,55% para a torta de jiló e 93,44% para a tapioca. Todas as preparações após a inserção da FCPe obtiveram mais de 3g de fibras/100g de alimentos preparados, o que as caracteriza como fontes de fibras, de acordo com a legislação brasileira. Palavras-chave: Idosos. Farinha da casca do maracujá. Fibra Alimentar. Análise sensorial. ABSTRACT Aging is defined as a complex process, which can undergo several changes as a result of the genetic and environmental factors, characterized by changes in morphological and physiological functions at all levels in the body. Among the environmental factors, diet plays an important role in the degenerative processes that are related to senescence, resulting in a progressive decline in physiological capacity and increased susceptibility and vulnerability to diseases typical of aging, such as chronic non communicable diseases. Much of the incidence of these diseases is associated with poor habits of living and eating people. As a result, they may experience increased blood pressure, overweight, obesity, hyperglycemia and hyperlipidemia. The use of stored natural foods in regulardiet of these individuals as dietary fiber, found especially in legumes and fruits, has proved to be an alternative in reducing the risk factors for these diseases. Among these foods highlights the species Passiflora edulis. The use of flour from the bark of this species, also known as passion fruit as a food ingredient, is a great economical option for the use of this byproduct, considering that has several health benefits such as the ability to reduce cholesterol and blood glucose levels in the organism. Allied to this, various research has developed preparations with the use of the flour of the yellow passion fruit peel, making this product sensuously accepted among consumers. Allied to this, various research has developed preparations with the use of the flour of the yellow passion fruit peel, making this product sensuously accepted among consumers. Objectives: This study aimed to evaluate a group of CCI / UCB elderly, the intake of fiber and propose two savory preparations containing flour from the bark of yellow passion fruit as a functional food ingredient and verify the acceptability of the preparations. Methods: First, we analyzed the daily intake of fiber from goers elderly Elderly Community Centre (JRC) of the Catholic University of Brasilia (UCB) through the record 24 (24HR). For the choice of test-preparations were used data from history and 24hR the elderly. The foods selected for insertion of the fiber were the eggplant pie and tapioca. Sensory analysis was performed by 34 untrained panelists, and involved two types of affective tests: assessment of overall impression, using the nominal hedonic scale of nine points, and evaluation of intention to use seven points. For the evaluation of 24HR and preparations, we used the Virtual Nutri Plus® software. Results: It was observed that all of the sample men ingest an average of fibers 12.71 ± 5,62g / day, 57.64% below the recommended (30g) and only two women (6.7%) reached the recommendation daily total fiber (21g). The rest of the female sample ingests on average 11.86 ± 4,84g / day, 43.52% below the recommended fiber value. The inclusion of flour peel of Passiflora edulis (FCPE) in preparing the eggplant pie and tapioca showed acceptance, averaging 8.06 ± 1.39 and 8.41 ± 0.99, respectively. Attitude scale tests confirmed that most always consume tapioca (64.7%) and eggplant cake (61.8%). The results of the acceptability index showed the feasibility of addition of passion fruit flour in usual preparations of the elderly with 89.55% for eggplant pie and 93.44% for tapioca. All preparations after insertion of FCP and obtained 3g fiber / 100g of prepared foods, which characterizes a food source of fiber. Keywords: Elderly. Flour passion fruit peel. Dietary Fiber. Sensory analysis LISTA DE FIGURAS Figura 1: Gráfico de distribuição percentual da população projetada, por grupos de idade - Brasil no período de 2020 a 2060 19 Figura 2: Imagem do poro gustativo 22 Figura 3: Demonstração da resposta insulínica com a ingestão de alimentos com baixo (A) e alto (B) índice glicêmico. 25 Figura 4: Partes constituintes do maracujá-amarelo(Passiflora edulis) 35 Figura 5: Composição centesimal da farinha da casca do maracujá (g/100g, base seca) 36 LISTA DE QUADRO Quadro 1: Tipo de fibra alimentar, grupos, componentes e fontes 30 Quadro 2: Fibra alimentar: propriedades, local de ação, implicações 32 Quadro 3: Ingestão diária recomendada acima de 51 anos (IDR) de fibras totais 33 LISTA DE ABREVIATURAS µ - Micro A1C - Hemoglobina Glicada ADA- American Diabetes Association ADP – Adenosina trifosfato ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária Ca+ - Cálcio CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CT- Colesterol total DCNT - Doenças crônicas não transmissíveis DF – Distrito Federal DM – Diabetes melitus DM1 – Diabetes melitus tipo 1 DM2 – Diabetes melitus tipo 2 DRI - Dietary Reference Intakes FA – Fibra alimentar FCPe – Farinha da casca da Passiflora edulis HDL – High Density Lipoprotein IA – Índice de aceitabilidade IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDF- International Diabetes Federation IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IDR – Ingestão Diária Recomendada LDL – Low Density Lipoprotein Lp- Lipoproteína SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes UCB – Universidade Católica de Brasília VIGITEL – Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico VLDL – Very Low Density Lipoprotein SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 19 2.1 ENVELHECIMENTO....................................................................................... 19 2.2 FORMAÇÃO DO SISTEMA SENSORIAL GUSTATIVO ................................. 21 2.3 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO IDOSO ........................ 23 2.4 HÁBITO ALIMENTAR DOS IDOSOS E A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL .................................................. 28 2.5 FIBRA ALIMENTAR ........................................................................................ 30 2.5.1 Definição e classificação ................................................................................. 30 2.5.2 Efeitos Fisiológicos ......................................................................................... 32 2.6 OUTROS COMPOSTOS BIOATIVOS DAS FRUTAS .................................... 34 2.7 O MARACUJÁ - PASSIFLORA EDULIS F. FLAVICARPA DEGENER ........... 34 2.7.1 Potencial terapêutico da Farinha da Casca do Maracujá................................ 35 2.7.2 Elaboração de Alimentos a partir da Farinha da Casca do Maracujá ............. 37 3 OBJETIVOS .................................................................................................... 39 3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 39 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 39 4 ARTIGO .......................................................................................................... 40 5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS(Artigo) .................................................... 66 6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ( Dissertação) ........................................ 71 7 Apêndice I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE) ................ 80 16 INTRODUÇÃO O envelhecimento é um fenômeno proeminente no mundo que desafia as mais diversas áreas do conhecimento. A transição demográfica brasileira ocorreu a partir da segunda metade do século XX e primeira década do século XXI, com a diminuição da taxa de fecundidade acelerada em detrimento ao aumento da proporção de idosos (FALEIROS, 2014). No âmbito nacional, observa-se um processo de transição demográfica acelerada, visto que a expectativa média de vida do brasileiro, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) (Atlas Brasil, 2014) que foi de 73,9 anos em 2013, deverá aumentar para cerca de 80 anos até 2050 (IBGE, 2013a). De acordo com a Lei n. 8.842/94, artigo 2º, parágrafo único, no Brasil, as pessoas maiores de 60 anos já são consideradas idosas, indiferentemente do gênero, sem distinção de cor, raça e ideologia (BRASIL, 2003). Informações e projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013a), retratam que no ano 2000 a população acima de 60 anos era de mais de14 milhões de pessoas e, estima-se que pode chegar a cerca de 67 milhões de pessoas em 2050. Nesse sentido, em decorrência do aumento significativo da expectativa de vida da população idosa, o diagnóstico de doenças crônicas não transmissíveis – DCNT como diabetes e dislipidemias tende a aumentar nas próximas décadas (IBGE 2014). Segundo Malta et al (2014), no Brasil as DCNT foram as principais causas de morte em 2011, correspondendo a 72,7% do total de óbitos. O envelhecimento é um processo complexo, que pode sofrer várias alterações em decorrência dos fatores genéticos e ambientais, caracterizado por modificações nas funções morfológicas e fisiológicas em todos os níveis do organismo, resultando em um declínio progressivo na capacidade fisiológica, culminando no aumento da suscetibilidade e vulnerabilidade a doenças típicas do envelhecimento, como as DCNT. Dentre os fatores ambientais, a alimentação desempenha um papel importante nos processos degenerativos que estão ligados a senescência (TROEN, 2003). As alterações relacionadas ao consumo alimentar, são influenciadas por mudanças fisiológicas na cavidade bucal que se apresentam no paladar e no olfato tais como o aumento e a redução dos limiares para gosto e odor e a capacidade diminuída de distinguir sensações. Dessa maneira, as disfunções na sensibilidade 17 gustativa, tornam o idoso predisposto a problemas nutricionais e diminuição da qualidade de vida (FREITAS, 2011; ROSA et al., 2008) . Monteiro, Mondini e Costa (2000) relatam o processo de transição nutricional ocorrido no Brasil nas últimas décadas, no qual se destacam importantes alterações na alimentação, como o aumento significativo no consumo de alimentos industrializados, mais acessíveis em decorrência do seu baixo custo. Esse tipo de alimentação, que comumente tem um teor de fibras reduzido, pode estar associado a uma maior incidência de doenças crônicas (MENDES, 2011). Uma possibilidade de mitigar o desenvolvimento das DCNT é por meio da inserção de alimentos que possuam efeito redutor nos índices glicêmicos e colesterolêmicos na dieta de pessoas idosas (DORES, 2009; WONG, JENKINS, 2007). Dentre estes alimentos com potencial efeito profilático na prevenção às DCNT, destacam-se as espécies de maracujá, dentre elas a Passiflora edulis. A farinha resultante da moagem de suas cascas desidratadas vem sendo considerada um alimento funcional, em função dos elevados teores de fibras e compostos bioativos (OLIVEIRA, 2015). Em um dos estudos realizados utilizando-se a farinha da casca do maracujá- amarelo (Passiflora edulis), Queiroz et al (2012), demonstraram a existência de uma ação benéfica no controle da glicemia, atuando como auxiliar nas terapias em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Concluíram que a ingestão da farinha de casca de Passiflora sugere ter um efeito favorável sobre a sensibilidade à insulina. Ainda segundo Medeiros et al (2009b) e Janebro et al (2008), a farinha da casca de maracujá apresentou propriedades hipoglicemiantes e hipolipemiantes, com o uso diário da farinha da casca de maracujá, tanto em voluntários saudáveis quanto em portadores de diabetes. Segundo Dutcosky (2013), além das questões nutricionais e microbiológicas, as características sensoriais são as mais percebidas e definidas pelo consumidor por meio dos sentidos da visão, audição, tato, olfato e paladar. O indivíduo então escolhe alimentos que são de seu contento e possibilidade financeira, ligados às suas origens culturais e sociais. Assim, sente prazer ao se alimentar, e esse estado afetivo de gostar ou não gostar é que vai determinar o seu estado nutricional (DOUGLAS, 2009). 18 Com base no exposto, este estudo teve como objetivo avaliar a ingesta de fibras por idosos do Centro de Convivência de Idosos (CCI) e propor duas preparações salgadas contendo farinha da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis) - FCPe, de acordo com seus hábitos alimentares, culturais e sociais, com o intuito de aumentar a ingesta de fibras e verificar o potencial da FCPe como ingrediente alimentício sensorialmente aceitável. 19 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ENVELHECIMENTO O processo de envelhecimento demográfico no Brasil decorreu devido ao rápido enfraquecimento da fecundidade, aliado ao aumento da expectativa de vida e redução da mortalidade dos idosos (CARVALHO; GARCIA, 2003). Em consequência desse fenômeno, observou-se uma alteração na pirâmide etária, com progressivo alargamento do topo da pirâmide, evidenciando a tendência ao envelhecimento (IBGE, 2013b). De acordo com a pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2013, a população de idosos brasileira, registrou cerca de 26,1 milhões de pessoas com mais de 60 anos (IBGE, 2014). Dados da Organização Mundial da Saúde (WHO) (2014), retratam que, desde 1990 houve um aumento médio da expectativa de vida em torno de seis anos em todo o mundo, e alcançou em 2012, uma média global de 68,1 anos de idade para os homens e 72,7 anos para as mulheres. Segundo o IBGE (2013a), a propensão ao envelhecimento populacional se torna mais evidente ao se observar a distribuição da população projetada por grupos de idade. O grupo de idosos de 60 anos ou mais de idade no Brasil será maior que o grupo de crianças com até 14 anos de idade após 2030, e em 2055 a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos de idade. Figura 1: Gráfico de distribuição percentual da população projetada, por grupos de idade - Brasil no período de 2020 a 2060 Fonte: IBGE (2013a) 20 Um dos problemas do aumento desta longevidade é a rapidez com que isso ocorre no Brasil e outros países do mesmo nível socioeconômico sem a adequada mudança nas condições de vida dos idosos. O impacto em países como o Brasil tende a comprometer a qualidade de vida desses indivíduos de forma significativa, desde a seguridade social, assistência de saúde até o mercado de trabalho (GRAGNOLATI et al., 2011). Nesse contexto, as condições de vida tornam-se cada vez mais importantes à medida que se envelhece, pois é considerada uma fase marcada por doenças crônicas e múltiplas, que podem durar anos, com exigência de cuidados permanentes, medicação contínua e exames periódicos. Portanto, autonomia, participação, cuidado, auto-satisfação, são conceitos-chave para qualquer política destinada aos idosos (VERAS, 2007). Para Faleiros (2014), a saúde é um requisito essencial para se envelhecer bem, considerando todas as perdas biológicas naturais, as relações sociais de trabalho e aposentadoria, e trocas em vários contextos (geração, família, amigos, cultura). Deve-se ainda levar em consideração não somente a idade cronológica, como também os aspectos psicológicos e sociais (SCHNEIDER; IRIGARA, 2008). Segundo Moraes (2012) e Leite et al (2012) as alterações estruturais e funcionais associadas ao envelhecimento normal, apresentam comprometimento dos principais sistemas fisiológicos. Entre as alterações estruturais mais comuns, observa-se a sarcopenia (redução da massa muscular), a osteopenia (redução da massa óssea), capacidade aeróbica diminuída, entre outros. Durante o envelhecimento ocorrem ainda alterações na cavidade oral, com perda do paladar, olfato, redução da inervação do esôfago, o que resulta em uma série de alterações da motilidade, redução na secreção de lipase e insulina pelo pâncreas e consequente redução da sensibilidade a esse hormônio. Foi observada a redução da metabolização de medicamentos pelo fígado, além da discreta limitação da absorção de lipídeos no intestino delgado. No cólon ocorre aumento de obstipação intestinal, maior ocorrência de neoplasias e doença diverticular. Já no reto e ânussão comuns as alterações com o espessamento das mucosas, alterações do tecido colágeno e redução de força muscular com limitação na capacidade de retenção fecal (FERRIOLI; MORIGUTI; LIMA, 2006). Dentre as alterações, observa-se o declínio progressivo dos sentidos fundamentais do corpo humano (visão, audição, tato, olfato e paladar). Destacam-se 21 as alterações no paladar e olfato, devido ao fato de desencadear várias doenças em consequência, por exemplo, da diminuição do apetite (SCHUMM, et al., 2009; FREITAS, 2011). Segundo Douglas (2009), a gustação é um sentido essencial para o processo alimentar. Aliado a isso, dá-se a ação estomatognática de mastigar ou cuspir, e diante do alimento ser prazeroso ou não, ocorrerá à mastigação, e todo o processo digestório e nutritivo. 2.2 FORMAÇÃO DO SISTEMA SENSORIAL GUSTATIVO De acordo com Barrett et al (2014), o órgão da gustação é composto por aproximadamente 10.000 botões gustatórios, localizados na superfície da língua e medem cerca de 50 a 70µm. Morfologicamente existem quatro tipos diferenciados de células no interior de cada botão gustatório: células basais, células escuras, células claras e intermediárias. As três últimas são denominadas também de células gustatórias tipo I, II, III. Cada botão gustatório possui de 50 a 100 células com a função de distinguir os sabores. São reconhecidos cinco gostos básicos: salgado, azedo, amargo, doce e umami (sabor do glutamato monossódico) (CHAUDHARI; ROPER, 2010). Segundo Stuart (2000), os mecanismos bioquímicos e fisiológicos pelos quais os sabores são detectados e discriminados são bastante diferentes. Cada célula receptora gustatória é inserida no epitélio de maneira que apenas uma ponta se mostra mais evidente na cavidade oral, através de um poro gustativo. Quando a substância entra em contato com esse poro, ela se dissolve na saliva e no muco da boca. Então, os ligantes gustatórios dissolvidos interagem com o receptor ou canal da célula gustatória (figura 2) (SILVERTHORN, 2010). 22 Figura 2: Imagem do botão gustativo a) Demonstração de botões gustatórios localizados na superfície dorsal da língua. b) Micrografia óptica de um botão gustatório. c) refere-se a uma demonstração do botão gustativo, em que os ligantes gustatórios interagem com o receptor ou canal de cálcio para liberar serotonina ou ATP. Fonte: SILVERTHORN (2010). Segundo Tomchik et al (2007) e Silverthorn (2010) as células do tipo II, são denominadas células receptoras, responsáveis pelo sabor amargo, doce e umami. Estes são notados por meio de vários receptores acoplados a proteína G(gustducina), que ao invés de formar sinapses tradicionais, ativa várias vias de transdução de sinal. Entre estas vias, algumas liberam íons cálcio (Ca2+), existentes em reservatórios internos da célula e outras abrem canais de cátion e permitem que o Ca+ entre na célula, ocorrendo a liberação de Adenosina Trifosfato (ATP) da célula gustatória do tipo II. Enquanto que as células do tipo III, para o gosto salgado e azedo (ácido), são a b c 23 chamadas de pré-sinápticas. Para o gosto salgado, o Na+ entra na célula pré- sináptica por um canal apical, assim como para o gosto azedo. Então, ocorre a despolarização da célula gustatória, resultando na liberação do neurotransmissor serotonina. Dessa forma, os neurotransmissores, ATP e serotonina, após serem liberados das células gustativas ativam os neurônios gustatórios primários. A informação sensorial que chega, interpreta a sensação gustatória mais forte (SILVERTHORN, 2010). De acordo com Solomon et al (2006), durante o processo fisiológico de envelhecimento ocorre uma redução significativa do número de botões gustativos, resultando na diminuição do limiar gustatório, aproximadamente na sexta ou sétima década de vida, como também na presença de doenças como Alzheimer e Parkinson. Já na oitava década de vida, essa diminuição é mais acentuada para gostos salgados, azedos e amargos (YMAUCHI; ENDO; YOSHIMURA, 2002). No entanto, as mudanças fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, devem ser vistas com muita atenção, pois a diminuição na sensibilidade gustativa pode levar os idosos a ingerir mais sódio na alimentação, o que resulta em diversos processos patológicos, como por exemplo, as doenças coronarianas (PAULA et al., 2008) O uso de fármacos também pode agravar os eventos no sistema gustativo, e exacerbar os sintomas de disgeusia e ageusia, comprometendo significativamente os receptores de gustação e olfação. Essas alterações geram um impacto potencial sobre o estado nutricional e de saúde do idoso, e pode desencadear outras DCNT (Lopes et al., 2015). 2.3 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO IDOSO Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) (BRASIL, 2014) mostraram que a prevalência do diabetes e das doenças cardiovasculares é a que mais aumenta com o avanço da idade no Brasil. Grande parte da incidência das DCNT está associada com o estilo de vida das pessoas, como o uso do tabaco, sedentarismo, alimentação inadequada e uso excessivo de álcool. Esses fatores de risco podem resultar em: pressão 24 arterial limítrofe, sobrepeso, obesidade, hiperglicemia e hiperlipidemia (WHO, 2011; ZATTAR et al., 2013). Nesse contexto, é de suma importância a necessidade de ações mais efetivas especialmente no controle de peso excessivo dos idosos, sendo considerado um fator desencadeador para outras doenças como o diabetes e as doenças coronarianas (CAMPOS; ARRUDA; FERREIRA, 2007). O avanço para o diabetes melitus tipo 2 (DM2) acontece ao longo de um prazo variável, passando por períodos intermediários que recebem o nome de glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose diminuída. Tais períodos seriam resultantes de uma combinação de resistência à ação insulínica e disfunção da célula beta (OLIVEIRA; VENCIO, 2015). A resistência à insulina (RI) é caracterizada pela redução dos efeitos biológicos da insulina para os diferentes tecidos e, como resultado, é necessário a liberação excessiva da mesma para manter a homeostase de glicose e lipídeos. A RI está relacionada a várias doenças, como por exemplo, a obesidade, síndrome metabólica, DM2 (MLINAR et al., 2007). Segundo Lyra e Cavalcanti (2012), a sensibilidade à insulina pode sofrer diversas influências através dos seguintes fatores: avanço da idade, peso e gordura corporal (principalmente abdominal), atividade física e drogas. Em um estudo transversal com 2.834 indivíduos, foi observado que o consumo de alimentos com alto índice glicêmico esta relacionado com RI e esta inversamente associada com alimentos que apresentam um alto teor de fibras e baixo índice glicêmico (MCKEOWN et al., 2004). Segundo Pereira (2007), o índice glicêmico é o parâmetro utilizado para medir o nível de açúcar no sangue e a resposta glicêmica é o índice glicêmico medido para determinado produto, em função do tempo. Nesse contexto, Jenkins et al (2002) , demonstraram os efeitos metabólicos que ocorrem após uma alimentação com baixo índice glicêmico e alto índice glicêmico na absorção gastrintestinal. De acordo com os autores, após o consumo de alimentos com carboidratos de rápida absorção, ocorre um pico em relação a resposta glicêmica, em resposta a maior quantidade de insulina. No entanto, após a ingestão de alimentos com baixo índice glicêmico, observa-se a digestão lenta, pois esta se dá no decorrer de todo o intestino delgado, apresentando um pico glicêmico menor, em consequência a menor quantidade de insulina no sangue (figura 3). 25 Dessa forma as respostas glicêmicas são influenciadas pela natureza do carboidrato, presença de fibras alimentares e o teor de lipídeos e proteínas dos alimentos (JENKINS et al., 2002).Figura 3 Demonstração da resposta insulínica com a ingestão de alimentos com baixo (A) e alto (B) índice glicêmico. Fonte: JENKINS et al., (2002). Segundo estimativas da International Diabetes Federation (IDF) (2013), aproximadamente 382 milhões de pessoas possuem diabetes, e em até 2035 esse número irá superar a marca de 592 milhões de pessoas. Ressalta-se, ainda, a existência de 175 milhões de casos não diagnosticados, e uma grande quantidade de pessoas com diabetes está progredindo em direção a complicações da doença. Além disso, 80% das pessoas afetadas vivem em países de baixa e média renda, onde a epidemia aumenta em taxas alarmantes. De acordo com a American Diabetes Association (ADA) (2014), o diabetes mellitus (DM) pode ser definido como um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia, resultante de defeitos tanto na secreção quanto na ação da insulina. A insulina é um hormônio produzido no pâncreas, cuja função é permitir a entrada de glicose nas células do corpo, onde será convertida em energia necessária para os músculos e funcionamento dos órgãos. O nível de insuficiência desse hormônio determinará os principais tipos de diabetes em diferentes grupos. A DM tipo I, é caracterizada principalmente pela destruição auto-imune das células beta do pâncreas, levando a uma deficiência completa de insulina e à hiperglicemia. A DM tipo 2, é causada pela deficiência relacionada à secreção e à ação da insulina, 26 e está presente em 90 a 95% dos casos, de acordo com American Diabetes Association (ADA) 2015 e ADA (2013). Nos últimos anos, cerca de 90% dos portadores de DM são do tipo II e os sintomas são pouco perceptíveis. Isto pode dificultar o diagnóstico e tratamento nos estágios iniciais da doença, e levar o indivíduo a complicações crônicas irreversíveis, como neuropatias, nefropatias, retinopatias, infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares e infecções recorrentes (ADA, 2015). Ademais, no que concerne à etiologia dessas patologias é de suma importância ampliar os conhecimentos bioquímicos sobre os lipídeos, uma vez que estes possuem papéis essenciais na nutrição e saúde, para compreensão do mecanismo de muitas doenças importantes que acompanham o processo de envelhecimento, incluindo a obesidade, DM e aterosclerose (MURRAY et al.,2013). Por definição, os lipídeos são biomoléculas insolúveis em água, no entanto, muito solúveis em solventes orgânicos, tais como o clorofórmio e metanol. Os ácidos graxos e seus ésteres, juntamente ao colesterol e a outros esteróides, são considerados lipídeos de maior significado fisiológico (BERG; TYMOCZKO; STRYER, 2008; VOET et al., 2014). Para Barrett et al (2014), os ácidos graxos livres (AG) circulam ligados a albumina, ao passo que o colesterol, triglicerídeos(TGs) e fosfolipídeos são transportados na forma de complexos lipoprotéicos, denominadas de lipoproteínas. Os ácidos graxos podem ser classificados como saturados, mono ou poli- insaturados. Os AGs saturados mais frequentemente presentes em nossa alimentação são: láurico, mirístico, palmítico e esteárico. Entre os AGs monoinsaturados, o mais frequente é o ácido oléico. Quanto aos AGs poli- insaturados, podem ser classificados como ômega-3 ou ômega-6. Segundo Xavier et al (2013), existem quatro grandes classes de lipoproteínas importantes: Quilomícrons, LDL, VLDL, e HDL. Esse vocabulário se refere a densidade dessas lipoproteínas. Quanto mais densa maior será sua capacidade de transportar lipídios. O transporte de lipídeos de origem hepática ocorre por meio das lipoproteínas. De uma maneira geral, o LDL é a principal lipoproteína transportadora de colesterol proveniente do fígado para os tecidos periféricos. Já o HDL é responsável pela remoção do colesterol de tecidos periféricos e de outras lipoproteínas, enviando-os ao fígado, processo caracterizado como transporte 27 reverso de colesterol, ou seja, o HDL irá retirar o excesso de colesterol do tecido extra-hepático e levar ao fígado devido a sua alta densidade. Os TGs são representados pela maior parte das gorduras ingeridas. Seu metabolismo ocorre após a digestão das mesmas, sendo hidrolisadas pelas lipases pancreáticas, com o intuito de transformar os TGs em AG livres. Os sais biliares então são liberados a luz intestinal com a função de emulsificar esses e outros lipídeos advindos da alimentação e da circulação entero-hepática. Como resultado, ocorre a formação de micelas, facilitando sua movimentação pela borda em escova das células intestinais. Uma proteína especializada promove a passagem do colesterol pela borda em escova, auxiliando a absorção intestinal do colesterol (XAVIER et al., 2013). A diminuição de doenças coronarianas está relacionada com níveis elevados de colesterol HDL. A formação da aterosclerose é a base fisiopatológica para acontecimentos cardiovasculares, sendo caracterizado por um processo que se avulta ao longo das décadas de maneira silenciosa, resultando assim, na formação das placas de ateroma na parede dos vasos sanguíneos (SANTOS et al, 2013). As placas de ateroma se formam a partir da entrada de partículas de LDL e plaquetas provocando lesões no endotélio. Ocorre então uma aglomeração na região de fosfolipídios, colesterol e cálcio, que progressivamente, se depositam na parede das artérias, formando saliências fibrosas e resistentes (FEINLEB M., 1984) A aterosclerose esta relacionada com as seguintes decorrências clínicas: infarto do miocárdio e Acidente Vascular Encefálico (AVE). Incorporam-se a isso alguns fatores de risco cardiovascular, como hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, hiperinsulinemia, hipertensão arterial sistêmica, DM e obesidade (SANTOS et al., 2013). Nesse âmbito, na formação da doença cardiovascular deve ser dada atenção especial aos tipos de carboidratos na dieta, sendo que os alimentos considerados ideais para abrandar as alterações do metabolismo nutricional incluem aqueles com menor índice glicêmico, menor densidade calórica, maiores teores de fibras e água (SANTOS et al.,2013) Ainda de acordo com Orlando et al (2011), os hábitos alimentares inadequados são considerados fatores de alto risco para as DCNT que acometem a população de idosos. 28 2.4 HÁBITO ALIMENTAR DOS IDOSOS E A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL A mudança no consumo alimentar da população idosa, além de contribuir para o sobrepeso corporal e o aumento expressivo da obesidade, constituiu um dos agravos mais importantes para explicar o aumento da grande morbi-mortalidade pelas DCNT (AMADO; ARRUDA; FERREIRA, 2007). Para que uma alimentação seja considerada adequada e saudável, é importante que se leve em consideração os aspectos biológicos e socioculturais de cada indivíduo, como a cultura alimentar, as necessidades de cada fase da vida, dimensões de gênero, raça e etnia. A prática alimentar adequada e saudável deve ser exequível do ponto de vista físico e financeiro, com harmonia entre quantidade e qualidade (BRASIL, 2012). Ferreira; Papine; Corrente (2014) evidenciaram as diferenças entre os padrões alimentares em 355 idosos através de um estudo na Rede de Saúde Básica de São Paulo, e identificou que os idosos apresentam diferentes preferências alimentares, dependendo da cultura regional e da idade. Entre os indivíduos que cursaram até o primário observou-se a alta adesão aos padrões “saudável” e “frutas”, indivíduos do sexo masculino e escolaridade máxima, prevaleceu a alta adesão ao padrão “lanches e refeição de final de semana”. No sexo feminino, foi prevalente a adesão aos padrões “light e integral” e “dieta branda”, sendo este último padrão também característico de idosos em idade mais avançada. Em um estudo na região sul do Brasil, um grande percentual dos idosos ingere alimentos ricos em gordura e leite de origem animal, sódio (embutidos emargarina com sal) e açúcares simples (açúcar, balas e geléias) em detrimento ao consumo de alimentos como peixes e ricos em fibras. O autor enfatiza ainda a importância do equilíbrio e moderações no consumo de certos alimentos, devido ao alto risco para as DCNT que acometem grande parte dessa população (ORLANDO et al., 2011). Dessa forma, a promoção da saúde poderá tornar o envelhecimento menos predisposto a doenças crônicas. Algumas medidas preventivas, como os hábitos alimentares mais saudáveis em idosos, podem melhorar a qualidade de vida dessa população, quanto às doenças cardiovasculares e seus fatores de risco (SCHWANDT et al., 2010). Assim, a investigação de hábitos alimentares e o 29 consumo de nutrientes, bem como a ocorrência e a distribuição de doenças numa população, são essenciais na epidemiologia nutricional na busca do conhecimento das relações existentes entre a alimentação e as doenças (ABREU et al., 2014). Para isso, são utilizadas várias técnicas e métodos, para realização da avaliação nutricional. Uma das mais importantes é a anamnese, pois detecta a queixa principal do indivíduo, sua história clínica pregressa, e seus hábitos alimentares (VITOLO, 2008). Segundo orientações do protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN (BRASIL, 2008) e Conselho Federal de Nutricionistas(CFN) (2008), durante o atendimento nutricional em idosos é indispensável que os profissionais da área da saúde levem em consideração questões como a perda de apetite e diminuição da sensação de sede para avaliação do perfil alimentar ou algum motivo que o faça restringir determinados tipos de alimentos, como por exemplo, dietas para perder peso. Deve-se ainda realizar uma investigação dos hábitos alimentares, incluindo o número de refeições, o tipo, as restrições e as preferências alimentares. Dessa forma, a escolha do melhor método para avaliação do consumo alimentar, é definida pelo profissional nutricionista de acordo com os objetivos que deseja alcançar. Está incluída a avaliação quantitativa da ingestão de nutrientes; a avaliação do consumo de alimentos ou grupos alimentares e a avaliação do padrão alimentar individual. Deve-se ressaltar ainda que a aplicação de mais de um inquérito alimentar pode tornar a consulta nutricional muito extensa e cansativa (FISBERG et al., 2009). De acordo com o Institute of Medicine (IOM)(2000), a avaliação quantitativa do consumo de nutrientes demanda informações a respeito da ingestão de alimentos com o intuito de se comparar os valores obtidos com as necessidades individuais. Os métodos mais comuns capazes de coletar esses dados são o recordatório de 24 horas (R24h) e o diário alimentar (FISBERG et al., 2009). Após a avaliação nutricional, é importante a realização da orientação nutricional, pois esta exerce papel fundamental na prevenção, recuperação e manutenção da saúde, sendo um dos meios de atenção à saúde da pessoa idosa, cuja importância é demonstrada na relação dos alimentos saudáveis na melhoria da saúde e prevenção de DCNT contribuindo, assim para um envelhecimento bem sucedido (BRASIL, 2009). 30 Segundo Si e Liu (2014) alguns dos alimentos mais importantes considerados como fator de proteção ao aparecimento de doenças cardiovasculares e diabetes, estão relacionados a uma dieta regular de frutas, hortaliças e cereais integrais, ricos em fibras. A recomendação do consumo de alimentos contendo fibras é essencial tanto para a população em geral quanto decorrente do processo de envelhecimento. Sugere-se então, que as fibras sejam consideradas fator decisivo para reforçar as estratégias nutricionais de prevenção e tratamento de DCNT (ABREU et al., 2013). 2.5 FIBRA ALIMENTAR 2.5.1 Definição e classificação A definição atual para fibra alimentar (FA) foi estabelecida pela Comissão em Nutrição e Alimentos para Usos Especiais na Dieta (Codex Alimentarius Comission), é que a mesma é constituída de polímeros de carboidratos com três ou mais unidades monoméricas, e que não são hidrolisados pelas enzimas endógenas no intestino delgado humano com fermentação completa ou parcial no intestino grosso. São pertencentes às seguintes categorias: 1) comestíveis, que ocorrem naturalmente nos alimentos na forma como são consumidos, como vegetais, frutas, cereais integrais, nozes, sementes e leguminosas 2) obtidas de matérias primas naturais por meio físico, químico ou enzimático; e 3) sintéticas; sendo que as duas últimas devem apresentar comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana (ZIELINSKI et al., 2013; JONES J.M., 2014). Segundo Cummings; Stephen (2007), os compostos de polímeros de carboidratos são unidades individuais que compõem os carboidratos e são formados de acordo com os tipos de fibras, componentes e fontes descritos no quadro 1. Quadro 1: Tipo de fibras, grupos, componentes e fontes Tipo de fibra alimentar Principais grupos Principais componentes Algumas fontes Polissacarídeos não amido Celulose-Parede celular das plantas Legumes, farelos Hemicelulose: Arabinogalactanos, β-glicanos, arabinoxilanos, parede celular de vegetais Aveia, cevada, vagem, maçã com casca, grãos integrais e oleaginosas Gomas e mucilagens: Galactomananos, Extratos de sementes; ágar, 31 Fonte: Adaptado de TUNGLAND, MAYER (2002); Segundo Meyer (2004); Cummings, Stephen (2007), as fibras dietéticas são classificadas de acordo com sua solubilidade em água: 1) Fibras solúveis são caracterizadas por formar géis viscosos cujo grau de variação, depende da fruta ou vegetal. Estas incluem as pectinas, beta-glucanas, gomas e mucilagens, e uma grande gama de oligossacarídeos não digeríveis, como a inulina; e 2) Fibras insolúveis, pois não são solúveis em água, portanto não formam géis. São compostas principalmente por lignina, celulose e algumas hemicelulose. Segundo Wong e Jenkins (2007), as fibras solúveis e insolúveis são fermentadas em graus variados. As solúveis, não sofrem digestão no intestino delgado e são facilmente fermentadas pela microflora do intestino grosso, com goma guar,goma acácia , agar , carragenanas e psyllium psyllium, exsudatos de plantas, algas, goma psyllium Pectinas. São usadas como espessantes, emulsificantes, assim como para formação de géis Frutas, hortaliças, batatas Oligossacarídeos Frutanos, Inulina e oligofrutanos Chicória, cebola, yacón, alho, alho-poró. Carboidratos análogos Amido resistente e maltodextrina resistentes a disgestão Leguminosas, sementes, banana verde, grãos integrais, batatas cruas ou cozidas, milho. Fontes de amido gelatinizado e resfriado/congelado Sínteses químicas: Polidextrose Sínteses enzimáticas: Frutoligossacarídeos de cadeia curta (FOS) Lignina Lignina Ligada à hemicelulose na parede celular. Única fibra estrutural não polissacarídeo. Camada externa de grãos de cereais e aipo Substâncias associadas aos polissacarídeos não amido Compostos fenólicos, proteína de parede celular, oxalatos, fitatos, ceras, cutina, suberina Componentes associados à fibra alimentar que confere ação antioxidante a esta fração Cereais integrais, frutas, hortaliças, Fibras de origem não vegetal Quitina, quitosana, colágeno Fungos, leveduras e invertebrados Leveduras, casca de camarão, frutos do mar, invertebrados 32 pouco efeito no aumento da massa fecal. Entretanto, as fibras insolúveis são resistentes à fermentação colônica podendo carregar com elas substratos de carboidratos fermentáveis, incluindo amidos e açúcares, embora seu papel principal seja em relação ao volume fecal. Para Gray (2006) as fibras devem ser classificadas de acordo com as suas propriedades e locais de ação, pois algumas fibras insolúveis são rapidamente fermentadas e algumas fibras solúveis não afetam a absorçãode glicose e gordura. 2.5.2 Efeitos fisiológicos Nesse aspecto, as peculiaridades físico-químicas das fibras dependem do tipo de FA ingeridas, ressaltando que existem diferenças quanto à capacidade de retenção de água, viscosidade, fermentação, adsorção e ligação, volume, entre outras. A ingestão de FA possibilita respostas locais, resultando em consequências no trato gastrintestinal, e respostas sistêmicas, através dos efeitos metabólicos (GRAY, 2006; SLAVIN; GREEN, 2007). Quadro 2: Fibra alimentar: propriedades, local de ação, implicações Propriedades Atuação no intestino delgado Implicações Retenção de água Aumenta o volume na fase aquosa do conteúdo intestinal Retarda a digestão e absorção de carboidratos e lipídeos Volume Aumenta o volume Altera a mistura do conteúdo Promove a absorção de nutrientes no intestino mais distal Viscosidade Retarda a entrada do conteúdo gástrico Associação com redução do colesterol plasmático e alteração da resposta glicêmica Adsorção e ligação de compostos Aumenta a excreção de ácidos biliares ou outros compostos ligados Reduz o colesterol plasmático Propriedades Atuação no intestino grosso Implicações Volume Aumenta a entrada de material fecal no intestino grosso Afeta a mistura do conteúdo Fornece substrato para microbiota; favorece efeito laxante e diminui exposição a produtos tóxicos. Adsorção e ligação Aumenta a quantidade de compostos, como ácidos biliares, Aumenta excreção desses compostos; Adequação de componentes da 33 presentes no intestino grosso microbiota. Fermentação Aumenta a microbiota Adaptação da microbiota aos substratos polissacarídeos Aumenta a massa bacteriana e os produtos de metabolismo (acetato, butirato, propianato) Fonte: Adaptado de Gray (2006). Ainda de acordo com Howlett et al (2010) a comunidade científica manteve um consenso mundial em relação aos efeitos fisiológicos benéficos associados à ingestão de fibra alimentar. Foram considerados os principais resultados: 1) Diminuição do nível sanguíneo de colesterol total e/ou LDL-colesterol; 2) Redução do nível sanguíneo pós-prandial de glicose e/ou insulina; 3) Tempo de trânsito intestinal diminuído; 4) Promover fermentabilidade pela microbiota colônica Em um estudo epidemiológico Estruch et al (2009), avaliaram 722 idosos em risco cardiovascular com idade média de 69 anos. Os resultados mostraram mudanças nos fatores de risco em relação ao consumo de fibras. Quanto maior a ingestão de fibra alimentar, maior foi a perda de peso, redução da circunferência abdominal e pressão arterial sistólica e diastólica. Além disso, os níveis de colesterol total e glicemia de jejum diminuíram. Portanto, ambos os tipos de fibras solúveis e insolúveis são benéficas e provavelmente complementares para reduzir o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (GALISTEO; DUARTE; ZARZUELO, 2008). As recomendações atuais de ingestão de fibra alimentar na dieta variam de acordo com a idade, o sexo e o consumo energético segundo o Institute of Medicine(IOM) (2005). Quadro 3: Ingestão diária recomendada acima de 51 anos (IDR) de fibras totais Fonte: Adaptado do Institute of Medicine(2005) Estágio da Vida em anos Fibras Homens 51-70 30g >70 30g Mulheres 51-70 21g >70 21g 34 2.6 OUTROS COMPOSTOS BIOATIVOS DAS FRUTAS De acordo com Yahia (2010), a ingestão de uma alimentação rica em frutas e vegetais aumenta a oferta de antioxidante no sangue e em tecidos e age na proteção contra danos oxidativos para células e tecidos. Assim, previne o desencadeamento de várias DCNT, como o câncer e o diabetes e também leva a redução dos fatores de risco de doenças cardiovasculares e distúrbios cognitivos (LEE; KU; BAE, 2014; FU et al., 2014). Zucolotto et al., (2012) identificaram várias substâncias bioativas nos frutos, folhas e cascas presentes em várias espécies de Passiflora edulis, tendo como componente principal os flavonóides C-glicosídeos. Dentre as inúmeras atividades biológicas para esses compostos, destacam-se: capacidade antiinflamatória, antioxidante, antitumoral, antiviral, vasorelaxante, entre outras. 2.7 O MARACUJÁ - PASSIFLORA EDULIS F. FLAVICARPA DEGENER O gênero Passiflora possui mais de 450 espécies, sendo o Brasil um dos principais centros de diversidade genética. Possui ampla variabilidade em relação a diferentes espécies e potencial para usos diversos, tanto alimentar quanto medicinal (MACHADO et al., 2012). A Passiflora edulis forma flavicarpa Degener, também é conhecida como maracujá-azedo, ou maracujazeiro-amarelo. O maracujazeiro é uma cultura tipicamente brasileira, com produção estimada no país de aproximadamente 920 mil toneladas anuais e área de 62 mil hectares (IBGE, 2014; ZUCOLOTTO, 2012). O país se destaca ainda como principal produtor e consumidor mundial de maracujá (OLIVEIRA et al., 2012). Em razão de suas propriedades medicinais, foi considerada uma fruta de pomar doméstico durante muito tempo. Somente no final da década de 60, é que seu valor comercial foi descoberto. Assim, nos últimos 30 anos, a cultura do maracujá vem ocupando lugar de destaque na fruticultura tropical (MELETTI, 2011). Tais frutas são aproveitadas pela indústria para produção de diversos produtos, como sucos e doces, além de seu consumo in natura. Contudo, o processamento dessas frutas gera resíduos com alto valor nutritivo (ALCÂNTARA et al., 2012). 35 De acordo com Pena et al (2008) e Souza (2008), as indústrias de beneficiamento de suco de frutas, em especial para o maracujá, destacam-se pelo elevado volume gerado de rejeito industrial, constituído por cascas, sementes e bagaços, que podem comprometer o meio ambiente, uma vez que são materiais poluentes. A casca e o albedo do maracujá amarelo resultam em aproximadamente 61% do peso do fruto e, junto com as sementes, constituem os resíduos da produção de suco concentrado. Para Abud e Narain (2009), as casca de maracujá devem ser considerada como farinha de fibras residual do maracujá amarelo, devido às suas características e propriedades funcionais, tornando-as de grande potencial econômico e nutricional. 2.7.1 POTENCIAL TERAPÊUTICO DA FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ Segundo Canteri (2010), a casca do maracujá, figura 4, é composta pelo flavedo ou exocarpo (parte com coloração) e albedo ou mesocarpo (parte branca). As cascas da Passifora edulis são ricas em fibras solúveis (pectinas e mucilagens), vitamina B3, cálcio e fósforo (Córdova et. al. 2005). A pectina é considerada um polissacarídeo solúvel em água, que não sofre digestão enzimática no intestino delgado, mas é naturalmente degradada pela microflora do cólon. Abrange algumas características únicas que podem tratar ou prevenir outras doenças, tais como infecções intestinais, aterosclerose, câncer e obesidade (LATTIMER; HAUB, 2010). sementes Albedo ou mesocarpo Flavedo ou exocarpo 36 Figura 4: Partes constituintes do maracujá-amarelo(Passiflora edulis) Fonte: Fotos da Universidade Católica de Brasília (2015). Cazarin et al, (2014); Silva (2014), mencionaram em suas pesquisas que a casca de maracujá é rica tanto em fibras solúveis quanto insolúveis, mas destacam maior concentração de fibras insolúveis. De acordo com Chau; Weng; Wang (2006), as propriedades funcionais das fibras insolúveis são significativamente alteradas e melhoradas aumentando-se a micronização do material: quanto mais finos os grãos da farinha, mais eficaz é sua resposta biológica. A consequência desse aumento foi observada na redução da absorção de glicose e lipídios pelo organismo, incluindo o colesterol. De acordo com as pesquisas de Cazarin et al (2014) os dados referentes àcomposição centesimal da farinha da casca do maracujá estão descritas na figura 5. Figura 5: Composição centesimal da farinha da casca do maracujá (g/100g, base seca) Fonte: CAZARIN et al.,(2014) De acordo com Medeiros et al (2009a), a administração da farinha da casca de Passiflora edulis, na dose preconizada de 30g por dia, mostrou-se segura aos 37 consumidores, sem apresentar alterações que indicassem sinais de toxicidade nos exames físicos e laboratoriais, que pudessem implicar seu uso como alimento funciona. Silva et al (2011) mostraram que o consumo diário de farinha a partir da casca da Passiflora edulis, contribuiu no controle glicêmico e na diminuição dos níveis de colesterol e triglicerídeos totais de ratos diabéticos. Braga; Medeiros; Araújo (2010) encontraram resultados semelhantes com efeito anti-hiperglicemiante, sobre a redução da glicemia em animais. Outras pesquisas foram realizadas com seres humanos e mostraram a eficácia da suplementação da farinha. Segundo Ramos et al (2007) em estudos clínicos foi demonstrado que o consumo de farinha de maracujá amarelo foi capaz de reduzir os níveis de colesterol total e colesterol LDL, mas não alterou os valores do HDL. De acordo com Queiroz et al (2012) e Medeiros et al (2009b) estudos clínicos com voluntários saudáveis e portadores de diabetes tipo 2, também resultou na diminuição da glicemia e perfil lipídico. A comunidade científica tem demonstrado crescente interesse nestas plantas devido às suas propriedades fitoterápicas, sugerindo que podem funcionar como um adjuvante no tratamento de distúrbios do perfil lipídico e da glicemia, contribuindo para a redução dos fatores de risco de morte por doenças cardiovasculares (BARBALHO et al., 2012). Segundo Zeraik; Yariwake (2012), as cascas podem ser utilizadas para produção de vários alimentos, contribuindo assim para reduzir grandes quantidades de resíduos orgânicos gerados no processamento do suco de fruta. 2.7.2 ELABORAÇÃO DE ALIMENTOS A PARTIR DA FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ Várias pesquisas referem-se à aplicação da farinha obtida da casca de maracujá na alimentação humana, visando aumentar o valor nutricional e o teor de fibras. A incorporação da farinha da casca de maracujá em produtos alimentícios é considerada uma boa alternativa para o aproveitamento deste resíduo, pois proporciona alimentos saudáveis. Uma das formas de garantir o consumo do produto para a população foi através da fabricação de biscoitos e macarrão caseiro tipo espaguete (SPANHOLI E OLIVEIRA, 2010; SANTANA; SILVA, 2007). 38 Outro modo de inserir a farinha foi por meio da produção da barra de cereais com farinha da casca de maracujá amarelo em substituição parcial da tradicional farinha de aveia. Os autores analisaram que a farinha de maracujá possuía cerca de 75% menos calorias do que a aveia em flocos. Sobre as fibras alimentares, na farinha de maracujá o valor encontrado foi 6 vezes superior ao da aveia. Sendo assim, a substituição da farinha de maracujá à aveia em flocos tem um maior benefício nutricional à saúde dos consumidores (AMBRÓSIO-UGRI; RAMOS, 2012). A busca por inovações e qualidade se torna cada vez mais significativa. Nesse contexto, a EMBRAPA CERRADOS realizou várias pesquisas, com incorporação da casca de diferentes espécies de maracujá. Vários alimentos foram desenvolvidos: queijo tipo minas frescal, iogurte enriquecido com fibras da casca do maracujá, patês enriquecidos com casca de maracujá, e sobremesas lácteas, como o flan (ARAÚJO JUNIOR et al., 2009 ; HENRIQUE et al., 2013 ). 39 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a aceitabilidade da farinha da casca da Passiflora edulis (FCPe) inserida na alimentação habitual dos idosos. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Analisar a ingesta de fibras na alimentação dos idosos frequentadores do Centro de Convivência do Idoso (CCI) da Universidade Católica de Brasília. b) Avaliar a aceitabilidade de duas preparações usuais na dieta dos idosos suplementadas com a FCPe. c) Verificar a intenção de consumo do público alvo da FCPe incorporada às preparações. 40 ARTIGO Aplicação e aceitabilidade da farinha da casca de maracujá amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa) na alimentação de um grupo de idosos *Danielle Karine Barbosa Oliveira1 Cláudia Mendonça Magalhães Gomes Garcia 2 Gislane Ferreira de Melo3 Marileusa D. Chiarello4 Instituição: Universidade Católica de Brasília – UCB – Brasília – Distrito Federal. Conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflito de interesse. RESUMO Introdução: O envelhecimento é definido como um processo complexo, que pode sofrer várias alterações em decorrência dos fatores genéticos e ambientais, caracterizado por modificações nas funções morfológicas e fisiológicas em todos os níveis do organismo. Dentre os fatores ambientais, a alimentação desempenha um papel importante nos processos degenerativos que estão ligados a senescência, culminando em um declínio progressivo na capacidade fisiológica e no aumento da suscetibilidade e vulnerabilidade a doenças típicas do envelhecimento, como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Grande parte da incidência dessas doenças está associada aos hábitos inadequados de vida e alimentares das pessoas. Como resultados, podem ocorrer aumento da pressão arterial, sobrepeso, 1 Mestre em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília – UCB – Brasília – Distrito Federal. *Autor correspondente. Endereço:– Brasília – Distrito Federal – CEP: 72.002-190. E-mail: daniellek.oliveira@yahoo.com.br 2 Mestre em Ciências Biológicas / Docente da Universidade UCB. 3 Doutora em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB – Brasília – Distrito Federal.Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia e Educação física da Universidade Católica de Brasília. 4 Pós-doutorado em Alimentos e biotecnologia - Laboratório de Bioprocessos da UFPR, LB/UFPR, Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília. 41 obesidade, hiperglicemia e hiperlipidemia. O uso de alimentos naturais inseridos na alimentação habitual desses indivíduos como fibras dietéticas, encontradas especialmente em leguminosas e frutas, tem demonstrado ser uma alternativa na redução dos fatores de riscos para essas doenças. Dentre esses alimentos destaca- se a espécie Passiflora edulis. A utilização da farinha da casca desta espécie, também conhecido como maracujá amarelo como ingrediente alimentício, representa uma ótima opção econômica para o aproveitamento desse subproduto, tendo em vista que apresenta diversos benéficos à saúde, como a capacidade de reduzir os níveis de colesterol e glicemia no organismo. Aliado a isso, várias pesquisas tem desenvolvido preparações com o uso da farinha da casca de maracujá amarelo, tornando esse produto sensorialmente aceito entre os consumidores. Objetivos: Este estudo teve como principal objetivo avaliar em um grupo de idosos do CCI/UCB, a ingesta de fibras e propor duas preparações salgadas contendo a farinha da casca do maracujá amarelo como ingrediente alimentício funcional e verificar a aceitabilidade das preparações. Métodos: Inicialmente, analisou-se a ingesta de fibra diária dos idosos frequentadores do Centro de Convivência do Idoso (CCI) da Universidade Católica de Brasília (UCB) através do recordatório 24h (R24h). Para a escolha das preparações-teste foram utilizados dados da anamnese e dos R24h dos idosos. Os alimentos selecionados para inserção da fibra foram a torta de jiló e a tapioca. A análise sensorial foi realizada por34 provadores não treinados, e envolveu dois tipos de testes afetivos: avaliação da impressão geral, com uso da escala hedônica nominal de nove pontos, e avaliação de intenção de consumo de sete pontos. Para a avaliação dos R24h e das preparações, utilizou-se o software Virtual Nutri Plus®. Resultados: Observou-se que todos os homens da amostra ingerem uma média de fibras de 12,71±5,62g/dia, 57,64% abaixo do recomendado (30g) e apenas duas mulheres (6,7%) atingiram a recomendação diária de fibras totais (21g). O restante da amostra feminina ingere em média 11,86±4,84g/dia, 43,52% abaixo do valor recomendado de fibras. A inclusão de Farinha da Casca da Passiflora edulis (FCPe) na preparação da torta de jiló e tapioca apresentou aceitação, com média de 8,06 ±1,39 e 8,41±0,99, respectivamente. Os testes de escala de atitude confirmaram que, a maioria consumiria sempre a tapioca (64,7%) e a torta de jiló (61,8%). Os resultados referentes ao índice de aceitabilidade mostraram a viabilidade da adição 42 da farinha de maracujá em preparações habituais dos idosos com 89,55% para a torta de jiló e 93,44% para a tapioca. Todas as preparações após a inserção da FCPe obtiveram 3g de fibras/100g de alimentos preparados, o que as caracteriza um alimento fonte de fibras. Palavras-chave: Idosos, Farinha da casca do maracujá, Fibra Alimentar, Análise sensorial. ABSTRACT: Introduction: Aging is defined as a complex process, which can undergo several changes as a result of the genetic and environmental factors, characterized by changes in morphological and physiological functions at all levels in the body. Among the environmental factors, diet plays an important role in the degenerative processes that are related to senescence, resulting in a progressive decline in physiological capacity and increased susceptibility and vulnerability to diseases typical of aging, such as chronic diseases. Much of the incidence of these diseases is associated with poor habits of living and eating people. As a result, they may experience increased blood pressure, overweight, obesity, hyperglycemia and hyperlipidemia. The use of stored natural foods in regular diet of these individuals as dietary fiber, found especially in legumes and fruits, has proved to be an alternative in reducing the risk factors for these diseases. Among these foods highlights the species Passiflora edulis. The use of flour from the bark of this species, also known as passion fruit as a food ingredient, is a great economical option for the use of this byproduct, considering that has several health benefits such as the ability to reduce cholesterol and blood glucose levels in the organism. Allied to this, various research has developed preparations with the use of the flour of the yellow passion fruit peel, making this product sensuously accepted among consumers. Objectives: This study aimed to evaluate a group of CCI / UCB elderly, the intake of fiber and propose two savory preparations containing flour from the bark of yellow passion fruit as a functional food ingredient and verify the acceptability of the preparations. 43 Methods: First, we analyzed the daily intake of fiber from goers elderly Elderly Community Centre (JRC) of the Catholic University of Brasilia (UCB) through the record 24 (24HR). For the choice of test-preparations were used data from history and 24hR the elderly. The foods selected for insertion of the fiber were the eggplant pie and tapioca. Sensory analysis was performed by 34 untrained panelists, and involved two types of affective tests: assessment of overall impression, using the nominal hedonic scale of nine points, and evaluation of intention to use seven points. For the evaluation of 24HR and preparations, we used the Virtual Nutri Plus® software. Results: It was observed that all of the sample men ingest an average of fibers 12.71 ± 5,62g / day, 57.64% below the recommended (30g) and only two women (6.7%) reached the recommendation daily total fiber (21g). The rest of the female sample ingests on average 11.86 ± 4,84g / day, 43.52% below the recommended fiber value. The inclusion of flour peel of Passiflora edulis (FCPE) in preparing the eggplant pie and tapioca showed acceptance, averaging 8.06 ± 1.39 and 8.41 ± 0.99, respectively. Attitude scale tests confirmed that most always consume tapioca (64.7%) and eggplant cake (61.8%). The results of the acceptability index showed the feasibility of addition of passion fruit flour in usual preparations of the elderly with 89.55% for eggplant pie and 93.44% for tapioca. All preparations after inserting the FCPE obtained 3g fiber / 100g of prepared foods, which characterizes a food source of fiber. Keywords: Elderly. Flour passion fruit peel. Dietary Fiber. Sensory analysis. 44 INTRODUÇÃO Dados da Organização Mundial Saúde - OMS (WHO, 2014) retrata que, desde 1990, houve um aumento médio da expectativa de vida de seis anos em todo o mundo, e que no ano de 2012, alcançou-se uma média global de 68,1 anos de idade para os homens e 72,7 anos para as mulheres. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013b) estima-se que, no Brasil, o grupo de idosos de 60 anos ou mais de idade será maior em relação ao grupo de crianças com até 14 anos de idade após 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos de idade. De acordo com a pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), de 2013, a população de idosos brasileira, registrou cerca de 26,1 milhões de pessoas com mais de 60 anos (IBGE, 2014a). Nesse sentido, em decorrência do aumento significativo da expectativa de vida da população idosa, o diagnóstico de doenças crônicas não transmissíveis – DCNT, como diabetes e dislipidemias tende a aumentar nas próximas décadas (IBGE, 2014b). Ressalta-se que, no Brasil, as DCNT foram as principais causas de morte em 2011, correspondendo a 72,7% do total de óbitos (MALTA et al., 2014) Nesse âmbito, a saúde torna-se uma condição essencial para se envelhecer bem, considerando as perdas biológicas naturais, estruturais e funcionais com comprometimento dos principais sistemas fisiológicos (FALEIROS, 2014; MORAES, 2012). O envelhecimento é definido como um processo complexo, que pode sofrer várias alterações em decorrência dos fatores genéticos e ambientais, resultando no aumento da suscetibilidade e vulnerabilidade a doenças típicas do envelhecimento, como as DCNT. Dentre as modificações ambientais, a alimentação desempenha um papel importante nos processos degenerativos que estão ligados a senescência (TROEN, 2003) Algumas das alterações relacionadas ao consumo alimentar, são influenciadas por mudanças fisiológicas na cavidade bucal que se apresentam no paladar e no olfato tais como o aumento e a redução dos limiares para gosto e odor e a capacidade diminuída de distinguir sensações. Dessa maneira, as disfunções na sensibilidade gustativa, tornam o idoso predisposto a problemas nutricionais (FREITAS, 2011; ROSA et al., 2008) . 45 Monteiro, Mondini e Costa (2000) relataram o processo de transição nutricional ocorrido no Brasil nas últimas décadas, no qual destacam-se importantes alterações na alimentação, como o aumento significativo no consumo de alimentos industrializados, mais acessíveis em decorrência do seu baixo custo. Esse tipo de alimentação, que comumente tem um teor de fibras reduzido, pode levar a uma maior incidência de doenças crônicas (MENDES, 2011). Para Dores (2009), uma possibilidade de mitigar o desenvolvimento das DCNT é por meio da inserção de alimentos que possuam efeito redutor nos índices glicêmicos e colesterolêmicos na dieta de pessoas idosas. Dentre estes alimentos com potencial efeito profilático na prevenção àsDCNT, destaca-se a espécie Passiflora edulis, em especial a farinha resultante da moagem de suas cascas desidratadas, que vem sendo considerada um alimento funcional, em função dos elevados teores de fibras e compostos bioativos (OLIVEIRA, 2015). Em um dos estudos realizados utilizando-se a farinha da casca do maracujá- amarelo (Passiflora edulis), Queiroz et al (2012), demonstraram a existência de uma ação benéfica no controle da glicemia, atuando como auxiliar nas terapias em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Concluíram que a ingestão da farinha de casca de Passiflora sugere um efeito favorável sobre a sensibilidade à insulina. Ainda segundo Medeiros et al (2009b) e Janebro et al (2008), o uso diário da farinha da casca de maracujá apresentou propriedades hipoglicemiantes e hipolipemiantes, tanto em voluntários saudáveis quanto em portadores de diabetes. Segundo Dutcosky (2013), além das questões nutricionais e microbiológicas, as características sensoriais são as mais percebidas e definidas pelo consumidor por meio dos sentidos da visão, audição, tato, olfato e paladar. O indivíduo então escolhe alimentos que são de seu contento e possibilidade financeira, ligados às suas origens culturais e sociais. Assim, sente prazer ao se alimentar, e esse estado afetivo de gostar ou não gostar é que vai determinar o seu estado nutricional (DOUGLAS, 2009). Várias pesquisas desenvolveram preparações doces com o uso da farinha da casca de maracujá amarelo, tornando esses produtos sensorialmente aceitos entre a população adulta (ISHIMOTO 2007; COSTA et al. 2012). Com base no exposto, este estudo teve como objetivo avaliar a ingesta de fibras por idosos do Centro de Convivência de Idosos (CCI) e propor duas preparações salgadas contendo farinha da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis), de 46 acordo com seus hábitos alimentares, culturais e sociais, com o intuito de aumentar a ingesta de fibras e verificar o potencial da FCPe como ingrediente alimentício sensorialmente aceitável. MÉTODOS TIPO DE ESTUDO Estudo transversal, por conveniência, com homens e mulheres idosos, e idade igual ou superior a 60 anos, que participam das atividades do Centro de Convivência dos Idosos – CCI projeto filantrópico da Universidade Católica de Brasília (UCB), localizada em Taguatinga-DF. O trabalho no CCI é voltado à população a partir de 60 anos, residente no Distrito Federal. Um grupo de 34 idosos foi incluído e selecionado no local das atividades de ginástica, devido a facilidade de levar os mesmos ao laboratório de análise sensorial após a aula, levando-se em consideração o horário de saída da aula às 09:00h e 10:00h, para a realização dos testes sensoriais de acordo com as recomendações de IAL(2008). Foram excluídos do estudo 03 indivíduos fumantes (IAL, 2008). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB CAAE (nº 48856515.0.0000.0029) emenda versão 3. O trabalho foi dividido em cinco etapas: 1) fase da anamnese e inquérito alimentar; 2) análise dos dados coletados no software Virtual Nutri Plus® (Philippi, 2007); 3) seleção dos alimentos para adição de farinha de casca de maracujá (FCPe) e ajuste de suas formulações; 4) preparação das formulações selecionadas; 5) avaliação da aceitabilidade e intenção de consumo por análise sensorial. ANAMNESE Os voluntários que concordaram em participar da pesquisa foram inicialmente avaliados quanto à história clínica no Centro de Convivência da UCB, por meio de um questionário, de acordo com as recomendações do protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN (BRASIL, 2008). Foram coletados dados sobre o perfil social (sexo, idade, escolaridade) e aspectos de saúde (prática de atividade física, tabagismo, ingestão de álcool, saúde oral, ingestão diminuída ou 47 aumentada de alimentos, uso diário de medicamentos e hábitos alimentares. Foram adotados também os critérios de Roma III, instrumento validado pela instituição The Rome Foundation que elaborou os critérios para diagnosticar as doenças gastrointestinais (Rome Foundation, 2016). Os critérios de Roma III dividem as doenças gastrointestinais em seis categorias, sendo a constipação intestinal distinguível em distúrbios funcionais intestinais. Para os critérios diagnósticos da constipação: 1.menos de três evacuações por semana, 2.esforço ao evacuar, 3.presença de fezes endurecidas ou fragmentadas, 4.sensação de evacuação incompleta,5. sensação de obstrução ou interrupção da evacuação e 6.manobras manuais para facilitar as evacuações. São considerados constipados aqueles que apresentam dois ou mais desses sintomas, referidos por pelo menos três meses (não necessariamente consecutivos) (DROSSMAN et al, 2006). Foi utilizado ainda uma escala visual para caracterizar a velocidade do trânsito intestinal, através da descrição de sete formatos de fezes, visualizadas por meio da consistência das mesmas, denominada tabela de Bristol, de acordo com Martinez, Azevedo (2012). Após a fase acima, o voluntário foi convidado, através de questões abertas, a recordar e descrever todos os alimentos e bebidas que consumiu nas 24 horas anteriores à entrevista até a hora que foi dormir (Fisberg, 2005). O entrevistador anotou todos os alimentos ingeridos, porções de alimentos, medidas caseiras. Foi utilizado como instrumento para ilustrar as porções alimentares o álbum fotográfico Registro Fotográfico para Inquéritos Dietéticos (Zabotto; Vianna; Gil, 1996.), com o intuito de facilitar a noção de tamanho das porções. As informações do inquérito alimentar R24h, foram utilizadas para estimativa do consumo de fibras. Para a realização do cálculo nutricional utilizou-se o software Virtual Nutri Plus ® desenvolvido por Philippi et al (2007), para uso clínico e acadêmico. Os resultados foram relacionados aos valores de Ingestão Diária Recomendada (IDR), definida como a ingestão diária de nutrientes suficientes para atender as necessidades nutricionais de praticamente todos (97 a 98%) os indivíduos saudáveis de um determinado grupo de mesmo gênero e estágio de vida. Os valores para homens e mulheres acima de 51 anos, determinados com base nas Ingestões Dietéticas de Referência (Dietary Reference Intakes.)-DRIS, de acordo com o Institute of Medicine, (IOM)(2005) são de 30g e 21g, respectivamente 48 Depois desta fase, foi realizado um evento para os idosos, com uma palestra a respeito da FCPe. Para a apresentação, foi utilizado um banner e entrega de folheto informativo, constando as principais informações. MATERIAL BOTÂNICO - FCPe O produto botânico utilizado para o estudo foi a farinha da casca da Passiflora edulis (FCPe), adquirida pronta no comércio local da marca Vitalin integral, dispensada de registro sanitário de acordo com a RDC 27 de 06 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010). PREPARO DAS FORMULAÇÕES Para a seleção das preparações-teste, levaram-se em consideração os dados dos R24h e os hábitos sociais (preferência alimentar) e culturais (naturalidade dos idosos) levantados durante a anamnese. Entre os alimentos mais referidos no R24h identificou-se a tapioca e o jiló As hortaliças usadas na torta de jiló (preparação 1) e na tapioca (preparação 2) foram lavadas e higienizadas com solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, em etapa prévia à cominuição manual por corte e fatiamento. Para padronização das preparações todos os ingredientes foram pesados em balança digital (Filizola) com precisão de 0,1g, e capacidade máxima de 15 kg. Na torta de jiló acrescida com a farinha da casca de maracujá, foram utilizados como ingredientes: jiló cru (100 g), cebola (300 g), salsa (10 g), ovo de galinha inteiro (150g), farinha de milho Yoki (24g), FCPe (15 g), azeite de oliva Galo (7ml), sal refinado Cisne ® (1g), obtidos do comércio local (DF). Em uma vasilha
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