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Perfil da violência cometida contra a pessoa idosa registrada no disque direitos humanos no período de 2011- 2015 no Brasil

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pró-Reitoria Acadêmica 
Escola de Saúde e Medicina 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia 
 
PERFIL DA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA A PESSOA 
IDOSA REGISTRADA NO DISQUE DIREITOS HUMANOS NO 
PERÍODO DE 2011- 2015 NO BRASIL 
 
Autora: Lúcia de Medeiros Taveira 
Orientadora: Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira 
Brasília - DF 
2016 
 
 
 
 
LÚCIA DE MEDEIROS TAVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERFIL DA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA 
NO DISQUE DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DE 
2011- 2015 NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da 
Escola de Medicina da Universidade Católica 
de Brasília, como requisito para obtenção do 
Título de Mestre em Gerontologia. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Maria Liz Cunha de 
Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 
 
 
T232p Taveira, Lúcia de Medeiros. 
Perfil da violência cometida contra a pessoa idosa registrada no disque 
direitos humanos no período de 2011- 2015 no Brasil / Lúcia de Medeiros 
Taveira – 2016. 
60 f. : il.; 30 cm 
 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016. 
 Orientação: Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira 
 
1. Gerontologia. 2 Idosos. 3. Violência. 4. Vítimas. 5. Denúncia. I. 
Oliveira, Maria Liz Cunha de, orient. II. Título. 
 
 
CDU 613.98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha avó, Francisca (in memoriam), que 
sempre me apoiou e, de forma sábia, muito me 
ensinou e segue me ensinando a ser uma 
pessoa melhor. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Muitas são as pessoas a quem eu gostaria de agradecer por terem contribuído para a 
realização deste trabalho. A minha gratidão maior, porém, é a Deus, que permitiu que todas 
estas pessoas cruzassem o meu caminho e que eu tivesse essa grande oportunidade de 
aprendizado que foi a realização do curso de Mestrado. 
Aos meus filhos, Tiago e Taissa, por acreditarem neste projeto e pelo apoio e 
compreensão sendo o meu suporte afetivo principalmente nos momentos difíceis. E também 
por compreender a importância deste trabalho para a minha vida pessoal e profissional. 
À minha avó Chiquinha (in memorian), pelo auxílio emocional., pelo carinho e 
incentivo nesta minha caminhada, meu porto-seguro em todos os momentos, sem ela nada 
disso teria sido possível 
Aos meus pais, Raimundo e Zuila (in memorian), por todo o apoio, por toda a 
dedicação e por todo o incentivo que sempre dedicaram a mim. Pelos exemplos de 
integridade, competência e paixão pelo trabalho que me forneceram. Por incutirem em mim a 
importância do conhecimento. E, principalmente, por acreditarem nas minhas potencialidades, 
quando eu mesma duvidava. 
À minha irmã Lucenira, que sempre esteve ao meu lado, sempre pronta para ajudar, 
pelo companheirismo e incentivo em todas as horas difíceis. Muito obrigada por ser o meu 
porto seguro! 
À minha amiga Mayara, que, de forma bastante especial, foi a primeira pessoa a 
acreditar que esse projeto era possível, e que ao longo de todo o tempo sempre esteve ao meu 
lado, me apoiando, acompanhando meus passos e tropeços e sempre me ajudando a levantar. 
Muito obrigada! 
Aos meus queridos colegas da UNIP/DF, Tatyane, Sâmia e Ricardo pela amizade, 
convivência, pelas conversas compartilhadas durante todo o período em que estamos 
convivendo e pela disponibilidade de ajuda em todos os momentos de dificuldade. É um 
orgulho fazer parte desta equipe. 
À minha orientadora, profª. Drª. Maria Liz Cunha de Oliveira, por ter me ensinado 
que nada vem fácil na vida, e que quando queremos algo devemos buscar em nós mesmos, 
por ser a responsável por oportunizar os momentos de maior desenvolvimento pessoal e 
intelectual até então vividos por mim. Por não medir esforços para a realização e conclusão 
deste trabalho. Por todo o auxílio, pela atenção, confiança e amizade. 
À profª. Drª. Paula Frassineti G. de Sá que partilhou comigo seus conhecimentos e 
me fortaleceu na construção da minha pesquisa. 
Àquelas pessoas as quais não nomeei, mas que, de alguma forma, participaram ou 
contribuíram para a materialização desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia em que eu não puder ir mais 
até você, não se esqueça de vir até mim, 
se um dia eu não puder lembrar de 
quem você é, se um dia eu não puder 
expressar meu orgulho e amor por você, 
apenas sinta que em minha alma 
nada disso se perdeu, você continua e 
sempre continuará sendo parte 
importante da minha vida. 
Ale Bruxs. 
RESUMO 
 
 
TAVEIRA, L. M. Perfil da violência cometida contra a população idosa registrada no 
Disque Direitos Humanos no período de 2011-2015 no Brasil. Dissertação (Mestrado em 
Gerontologia) - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016. 
 
Introdução: Gerontologia necessita acompanhar o processo do envelhecimento humano na 
esfera biológica e social como estratégia de aprimorar os serviços ofertados nos dois 
segmentos e desta forma, existe a necessidade necessidade de se compreender e de tornar 
visível a descrição do perfil das denúncias de violência cometida contra a pessoa idosa 
registradas no Disque 100, no período compreendido entre 2011 a 2015. Esta dissertação foi 
elaborado no modelo escandinaco assim, temos a revisão de literatura e objetivos no inicio e 
em seguida apresentamos o artigo científico com a metodologia, resultado e conclusão. 
Objetivo: Analisar o perfil da violência contra os idosos no Brasil a partir das denúncias 
registradas no Disque 100, descrevendo o aspectos sócio demográfico da vítima, identificando 
a incidência da violência por região geográfica brasileira e o tipo de vínculo do agressor 
suspeito com o padecente, demonstrando qual o tipo de violência prevalente dentre nas 
denúncias Metodologia: Trata-se de um estudo de natureza descritiva, retrospectiva, 
exploratória com recorte transversal e abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida 
com base nos dados constantes em banco informatizado da Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República. Resultados: Quanto ao perfil sócio demográfico da amostra 
avaliada destaca-se que a maior percentagem das vítimas são do sexo feminino ( média = 
64,32 ± 2,19 %; mediana = 64,1), com idades entre 76 e 80 anos (média = 18,22 ±0,62 %; 
mediana = 18,5%) e que a maioria das denúncias referem-se a vítimas de cor branca (35,96 
±15,01 %; mediana = 34%). A pesquisa identificou que a incidência da violência por regiões 
geográficas brasileiras foi maior no Sudeste (42,2%), seguido de Nordeste (28,4%), Sul 
(14%), Centro-Oeste (8,4%) e Norte (6,7%). Observa-se que os filhos são os principais 
suspeitos de cometer agressão, correspondendo ao maior percentual de denúncias observado 
em todos os anos avaliados (média = 51,76±1,19 %; mediana = 51,55%). Após os filhos, os 
netos elencam a segunda posição no ranking de suspeitos. Em relação ao local da ocorrência 
do ato violento contra idosos, os dados analisados indicam que o maior percentual de 
violência ocorre na casa da vítima (média = 72,47 ± 6,02; mediana 73,84%), em relação a 
natureza das violências a negligência apresentouum percentual médio 35,31 ± 3,64 %, 
sendo a mediana igual a 37,10. Em relação à violência psicológica é possível verificar que o 
seu padrão de ocorrência se manteve no período avaliado ( média = 27,69 ± 0,96 %). 
Considerações Finais: O estudo mostra o crescimento do registro da violência e confirma a 
existência de vária formas de violência familiar contra a pessoa idosa. O tipo de denúncia 
mais frequente de maus-tratos na família brasileira foi a negligência isso sugere a falta de 
informação e de capacitação adequada da família para o cuidado do idoso e a importância do 
fortalecimento de vínculos para os idosos e para a família. A opção pelas agressões não 
representa uma maneira correta de se relacionar e sim de afastamento. 
 
 
Palavras-chave: Idosos. Violência. Vítimas. Denúncia. Disque 100. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
TAVEIRA, L. M. Profile of violence against the elderly population registered in the 
Human Rights Call in the period 2011-2015 in Brazil. Dissertation (Master in Gerontology) 
- Catholic University of Brasília, Brasília, 2016 
 
Introduction: Gerontology needs to accompany the process of human aging in the biological 
and social spheres as a strategy to improve the services offered in the two segments and in this 
way, there is a need to understand and make visible the description of the profile of the reports 
of violence committed against The old person registered in the Dial 100, in the period 
between 2011 to 2015. This dissertation was elaborated in the Scandinavian model so, we 
have the literature review and objectives in the beginning and next we present the scientific 
article with the methodology, result and conclusion. Objective: To analyze the violence 
profile against the elderly in Brazil based on the denunciations registered in “Disque 100”, in 
order to describe victim´s socio-demographic aspects, to identify the violence incidence by 
Brazilian geographic region and the kind of link between the suspected aggressor and the 
sufferer, as well to demonstrate the type of violence prevalent among denunciations 
Methodology: This is a descriptive, retrospective, exploratory, cross-sectional and 
quantitative approach. The research was developed based on data contained in a computerized 
database of Human Rights Secretariat of the Brazilian Republic Presidency. Results: 
Regarding the socio-demographic profile of the sample evaluated, the highest percentage of 
the victims were females (mean = 64.32 ± 2.19%, median = 64.1), aged 76-80 years ( Mean = 
18.22 ± 0.62%, median = 18.5%) and most of the reports has been refered to white victims 
(35.96 ± 15.01%, median = 34%). The research identified that the incidence of violence by 
Brazilian geographic regions was higher in the Southeast (42.2%), followed by Northeast 
(28.4%), South (14%), Central West (8.4%) and North (6.7%). It has been observed that the 
grown-up children are the main suspects of committing aggression, corresponding to the 
highest percentage of complaints observed in all evaluated years (mean = 51.76 ± 1.19%, 
median = 51.55%). After them, the grandchildren rank second position asf suspects. 
Regarding the violent act location, the analyzed data indicate that the highest percentage of 
violence occurs at the victim's house (mean = 72.47 ± 6.02, median 73.84%); regarding the 
violence nature it has been observed that negligence presented the highest number with an 
average percentage of 35.31 ± 3.64%, with the median being 37.10. In relation to 
psychological violence it is possible to verify that its pattern of occurrence remained the same 
in the evaluated period (mean = 27.69 ± 0.96%). Final Considerations: The study shows the 
growth in the record of violence and confirms the existence of various forms of family 
violence against the elderly. The most frequent type of complaint of ill-treatment in the 
Brazilian family was negligence, which suggests the lack of information and adequate training 
of the family for the elderly care and the importance of strengthening family ties between 
elderly and their family members. The aggression choice is not a correct way of building 
relation, instead it builds distance. 
 
 
Keywords: Elderly. Violence. Victims. Denunciation. Dial 100. 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência 
ACOVE – Assessing Care of Vulnerable Elders 
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
AMS – Assembleia Mundial de Saúde 
CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 
CE - Ceará 
CE – Comissão Europeia 
CECRIA- Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes 
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa 
CREAS – Centro de referência Especializado de Assistência Social 
DONDH – Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos 
DD – Disque Denúncia 
DDH – Disque Direitos Humanos 
DF – Distrito Federal 
DP – Defensoria Pública 
ESF – Estratégia de Saúde da Família 
EI – Estatuto do Idoso 
EUA – Estados Unidos da América 
GF – Governo Federal 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social 
ISCB – Índice de Vulnerabilidade à Saúde 
LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais 
LOAS – Lei Orgânica Social 
MG – Minas Gerais 
MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
NEPAV – Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violências 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PNI – Política Nacional do Idoso 
PR – Presidência da República 
SDC – Secretaria dos Direitos da Cidadania 
SDH – Secretaria de Direitos Humanos 
SEDH – Secretaria de Estado dos Direitos Humanos 
SNDC – Secretaria Nacional dos Direito da Cidadania 
SNDH – Secretaria Nacional dos Direitos Humanos 
TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios 
UCB – Universidade Católica de Brasília 
WHA – World Health Assembly 
WHO – World Health Organization 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 14 
2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO MUNDO ............................ 14 
2.2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL............................... 15 
2.3 A VULNERABILIDADE DA PESSOA IDOSA ............................................. 16 
2.3.1 Vulnerabilidade ........................................................................................ 16 
2.3.2 Vulnerabilidade e o idoso ......................................................................... 17 
2.4 VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS .............................................................. 23 
2.4.1 Violência ................................................................................................... 23 
2.4.2 Tipos de violência ..................................................................................... 24 
2.5 REGISTRO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL .................................................... 25 
2.5.1 A História do Disque 100 ......................................................................... 26 
2.5.2 Pesquisas sobre violência contra o idoso .................................................. 26 
3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 29 
3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 29 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 29 
PARTE II - ARTIGO PRODUZIDO 
PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE 
100, NO PERÍODO DE 2011 A 2015, BRASIL ................................................................... 30 
4 CONCLUSÃO....................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA DISSERTAÇÃO ...................................... 52 
ANEXO A ................................................................................................................................ 57 
ANEXO B ................................................................................................................................ 58 
ANEXO C ................................................................................................................................ 59 
ANEXO D ................................................................................................................................ 60 
 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A violência contra as pessoas idosas representa uma violação grave dos direitos 
humanos (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2002), e ocasiona custos elevados 
(WHO, 2004), de natureza social, individual ou econômica, sejam os sujeitos vítimas de 
violência ou meras testemunhas (KRUG et.al., 2002). 
O aumento da violência nas suas diferentes formas tem sido reconhecido por várias 
organizações internacionais como um dos mais graves “problemas de saúde pública” no 
emergir do século XXI. A maioria destas organizações tem, assim, dado prioridade ao 
fenômeno nas suas agendas políticas, entre elas a Organização Mundial de Saúde 
(OMS/WHO), a Comissão Europeia (CE) e a Organização das Nações Unidas (ONU). 
Em 1996 este reconhecimento é expresso nas intenções e recomendações produzidas 
na sequência da 49ª Assembleia Mundial de Saúde, sob a epígrafe “Prevention of violence: a 
public health priority” (WHO, 1996). Em 2002, no relatório mundial sobre a violência e a 
saúde, a OMS conclui: “A violência constitui um dos principais problemas de saúde pública 
no mundo” e é importante “fazer da violência uma prioridade de investigação na saúde 
pública” (WHO, 2002, p. xv). Deste modo, a OMS reconheceu a necessidade de desenhar 
uma estratégia global para a prevenção dos maus-tratos às pessoas idosas, na qual foram 
definidas três grandes áreas: negligência (isolamento, abandono e exclusão social), violação 
de direitos (humanos, legais e médicos) e privação de direitos (tomada de decisões, situação 
social, gestão econômica e de respeito) (WHO, 2002). 
A problemática da violência contra as pessoas idosas ganha maior visibilidade social 
também pelo envelhecimento demográfico que carateriza a sociedade atual. O número de 
indivíduos com idade superior a 65 anos tem vindo a aumentar na generalidade dos países e 
na Europa em particular. De acordo com a OMS (WHO, 2008), entre 2006 e 2050, a 
população idosa corresponderá a cerca de 22% da população mundial e 20% desta terá uma 
idade superior a 80 anos. 
Neste contexto é necessário que as sociedades se adequem a um perfil demográfico 
diferente, com múltiplas necessidades, em que emerge a vulnerabilidade associada ao 
envelhecimento e à necessidade de criar dispositivos capazes de defender e proteger as 
populações mais velhas e mais frágeis. 
Diante da conjuntura social, da subjetividade e das mudanças da expectativa de vida 
da população idosa, pontua-se a relevância do tema aqui abordado, o qual se baseia em dados 
13 
 
obtidos junto à Secretaria de Direitos Humanos (SDH), pelo canal de denúncia de sua 
ouvidoria, o Disque 100. Este departamento, que tem a alçada de receber, examinar e 
encaminhar denúncias e reclamações, além de orientar e adotar providências para o 
tratamento dos casos de violação de direitos humanos, pode atuar por meio de ofício e atuar 
em articulação com outros órgãos públicos e outras organizações da sociedade. As denúncias 
podem ser anônimas e é garantido o sigilo da fonte das informações (BRASIL, 2013). 
Esta pesquisa se justifica considerando que a Gerontologia necessita acompanhar o 
processo do envelhecimento humano na esfera biológica e social como estratégia de 
aprimorar os serviços ofertados nos dois segmentos desta forma, existe a necessidade de se 
compreender e de tornar visível a descrição do perfil das denúncias de violência cometida 
contra a pessoa idosa registradas no Disque 100, no período compreendido entre 2011 a 2015. 
A presente dissertação foi estruturada no modelo escandinavo, que prevê a produção 
de artigo científico para submissão e publicação. 
Seguindo este modelo, na parte I abordamos o enquadramento teórico, ou seja, 
abordamos o envelhecimento no Brasil e no mundo, seguido do conceito de vulnerabilidade e 
a violência contra o idoso e finalizamos este capítulo apresentando as pesquisas recentes no 
mundo e no Brasil sobre a violência contra o idoso. 
A parte II trata do enquadramento metodológico da pesquisa. Na parte III 
apresentamos o artigo a ser encaminhado para a Revista Brasileira de Epidemiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO MUNDO 
 
Estima-se que nos próximos 40 anos o grupo de pessoas com 60 anos ou mais será três 
vezes maior que o atual, o que corresponde a um quinto da população total do planeta 
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, 2010). 
Ainda que o aumento da expectativa de vida seja uma conquista importante, o mero 
aumento da longevidade, sem qualidade de vida, é um prêmio vazio. Em outras palavras, 
considera-se que a expectativa de saúde seja mais importante do que a expectativa de vida, 
sendo que o idoso deverá gozar tanto de saúde física quanto psicológica (ORGANIZAÇÃO 
MUNDIAL DE SAÚDE – OMS, 2010). 
Diante disso, em vários países foram surgindo iniciativas no sentido de refletir sobre o 
envelhecimento populacional e se preparar para lidar com esta nova realidade. 
A 1ª Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento ocorreu em 
1982 e pode ser considerada um primeiro passo na luta pela garantia dos direitos da população 
idosa. Em abril de 2002 foi realizada a 2ª Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o 
Envelhecimento, cuja importância foi promover a adoção da Declaração Política e do Plano 
Internacional sobre o Envelhecimento. Estes documentos enfatizaram a necessidade de 
mudanças de atitude, políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as enormes 
potencialidades dos idosos no século XXI. Neste contexto, destaca-se a necessidade de 
inclusão do idoso na vida cultural, social, econômica e política (ONU, 2010). 
Atualmente, o envelhecimento populacional é frequentemente associado a países 
desenvolvidos, como Japão, Itália e Alemanha. Entretanto, de acordo com os dados da OMS, 
os países em desenvolvimento, como Índia, China e Brasil, são os que concentram 70% das 
pessoas com mais de 60 anos (WHO, 2002). 
Embora possamos constatar, a partir das estatísticas das novas tendências mundiais 
nacionais sobre o envelhecimento, ainda é grande a desinformação sobre suas 
particularidades. De fato, admite-se que não seja possível dizer com certeza como as pessoas 
vão reagir ao envelhecimento, assim como existe uma dificuldade para categorizar o 
envelhecimento, visto que não é um estado, mas um constante e sempre inacabado processo 
15 
 
de subjetivação. Pode-se dizer que não existe um “ser velho”, mas um “ser envelhecendo” 
(GOLDFARB, 1998). 
A velhice é o estado final do desenvolvimento que todo indivíduo sadio e que não 
sofreu acidentes vai atingir. 
De modo geral, consideram-se como aspectos universais do envelhecimento aqueles 
que todas as pessoas compartilham em certa extensão, como a pele enrugada, os cabelos 
brancos, as mudanças corporais etc. Estas mudanças são graduais e contínuas, de modo que 
qualquer método de medida será arbitrário, pois, com o passar dos anos, as características 
físicas e mentais vão mudando e seria difícil indicar exatamente o momento em que algum 
limiar foi claramente transposto (STUART-HAMILTON, 2002). 
 
 
2.2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL 
 
O envelhecimento dapopulação brasileira não é um fenômeno isolado, pois se trata de 
um fenômeno mundial. 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), a população 
brasileira é de mais de 200.000.000 milhões de pessoas, sendo que 51%, o equivalente a 97 
milhões, são mulheres e 49%, o equivalente a 93 milhões, são homens. O contingente de 
pessoas idosas é de 20.590.599 milhões, ou seja, aproximadamente 10,8 % da população total. 
Lembrando que pessoa idosa é aquela que possui 60 anos ou mais, de acordo com a Política 
Nacional do Idoso (PNI) e o Estatuto do Idoso (EI). Daquele contingente, 55,5% (11.434.487) 
são mulheres e 44,5% (9.156.112) são homens. Esta população irá quadruplicar até 2060 
representando 26,7% da população brasileira total. 
No ano de 2002, por meio do levantamento dos dados apresentados no Censo 
Demográfico de 2000, dados também do IBGE (2013), a estimativa para os próximos vinte 
anos é a de que a população idosa represente cerca de 15,5% da população nacional. Segundo 
as projeções da OMS (2010) para o Brasil, daqui a 15-20 anos, a população idosa será de 32 a 
35 milhões de pessoas, e o Brasil será o sexto país do mundo em população idosa em 2025. 
Dentro desse segmento populacional, os indivíduos com 80 anos ou mais são a parcela da 
população que mais cresce. 
 
 
 
16 
 
2.3 A VULNERABILIDADE DA PESSOA IDOSA 
 
2.3.1 Vulnerabilidade 
 
De acordo com o dicionário Houaiss e Villar (2009, p. 1961), vulnerabilidade é a 
“qualidade ou estado do que é ou se encontra vulnerável”. 
Etiologicamente, o termo vulnerabilidade vem do latim vulnerare = ferir e vulnerabilis 
= que causa lesão (BARCHIFONTAINE, 2007), podendo ser definido como susceptibilidade 
de ser ferido, atacado, prejudicado, derrotado ou ofendido ou ainda como a capacidade de um 
indivíduo ou sistema sofrer dano em resposta a um estímulo. Assim considerando, todo ser 
humano estaria vulnerável (BARCHIFONTAINE, 2007; GALEA, 2005; NEVES, 2006; 
NEVES, 2007). 
Segundo Lima (2006), ao longo do tempo o homem se organizou em sociedade com o 
objetivo de tentar dominar suas maiores vulnerabilidades, como fome, frio e doenças, portanto 
estar vivo é estar em perigo, susceptível a sofrer danos, consequentemente, vulnerável. Assim, 
as culturas e as estruturas sociais e políticas foram desenvolvidas para combater a 
vulnerabilidade e a exploração. As diferenças existentes podem refletir prioridades em termos 
de riscos percebidos e da proteção preferida contra a vulnerabilidade (BARCHIFONTAINE, 
2007). 
Primeiramente, o conceito de vulnerabilidade foi empregado na área dos Direitos 
Humanos para designar indivíduos ou grupos fragilizados jurídica ou politicamente, para 
promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania (LIMA,2006). 
Portanto, por ser um evento complexo, a vulnerabilidade deve ser observada de 
maneira holística a fim de que seja tratada de acordo com a sua exposição, sua ameaça, suas 
estratégias de enfrentamento e seus resultados, tomando em consideração que esses riscos 
podem estar diretamente ligados a fatores socioculturais, políticos, ambientais e individuais 
(JUNGES, 2014). Atender a pessoa vulnerável significa assegurar-lhe proteção de vida para 
além da proteção de sua integridade moral, dignidade humana e autonomia (JUNGES, 2014). 
De acordo com Junges (2007), a vulnerabilidade no ser humano assume diferentes 
formas e dimensões. 
a. Vulnerabilidade biológica, na qual o ser humano, enquanto ser vivo, é 
continuamente desequilibrado por elementos biologicamente desestruturantes, 
necessitando de autopoiese e auto-organização; 
17 
 
b. Vulnerabilidade psicológica, dependente de como foi construída a psique da 
pessoa com base em suas experiências afetivas e imaginativas; 
c. Vulnerabilidade espiritual, que utiliza recursos simbólicos no auxílio do 
enfrentamento dos desafios e para transcender os limites impostos pela realidade; 
d. Vulnerabilidade cultural, social e ambiental, produzidas pelo entorno sociocultural. 
A área da saúde tem utilizado o conceito de vulnerabilidade desenvolvido por Mann e 
Tarantola (1996), a partir dos trabalhos realizados principalmente na análise de aids. Nessa 
perspectiva o termo vulnerabilidade designa “grupos ou indivíduos fragilizados, jurídica ou 
politicamente na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania” (Mann, 
Taranto, 1996). 
Segundo Zoboli (2007), a vulnerabilidade antecede ao risco e determina os diferentes 
riscos de infectar, adoecer e morrer, portanto, após o surgimento da epidemia de AIDS, 
pesquisadores e profissionais de saúde passaram a repensar o conceito de risco e avançar nas 
discussões sobre vulnerabilidade. 
Rogers (1997) propôs um modelo analítico-conceitual que amplia o sentido da 
vulnerabilidade para além de identificação dos componentes individuais e sociais, referindo 
alguns grupos mais vulneráveis ao adoecimento e à morte, tais como os jovens, os idosos, as 
mulheres, as minorias raciais e aqueles com baixo ou nenhum suporte social, educação, renda 
e/ou trabalho ( ZOBOLI, 2007). 
 
 
2.3.2 Vulnerabilidade e o idoso 
 
A vulnerabilidade é considerada como sendo uma interação de riscos complexos que 
venham causar ameaças que podem ou não se concretizar ao longo do tempo, e isso vai 
depender da presença ou não do reflexo de defesa do indivíduo (JUNGES, 2014). 
O envelhecimento contribui para o aparecimento, o aumento e o risco do 
desenvolvimento de vulnerabilidades de natureza biológica, socioeconômica e psicossocial 
devido ao declínio biológico advindo de senescência, o que, por sua vez, interage com outros 
fatores, como baixo nível de educação, renda e saúde. O envelhecimento traz consigo as 
dificuldades diversas, principalmente no que diz respeito ao adoecimento e às dificuldades ao 
acesso de recursos de proteção disponibilizados pela sociedade (MENEZES, 2012). 
De acordo com Simões (2010), o ser humano é vulnerável, porém, diferente de outros 
18 
 
seres vivos, pode conscientizar-se dessa vulnerabilidade, pensar sobre ela e desenvolver 
referências culturais para contestá-la ou integrá-la. 
A dimensão biológica, por exemplo, é visivelmente acompanhada por modificações 
corporais e internamente pela gradual diminuição da autopoiese até a perda definitiva dessa 
capacidade, desencadeando sua morte. Contudo o ser humano não pode ser visto apenas pelo 
aspecto biológico, mas, como a expressão de si mesmo, sendo necessário trabalhar a 
consciência corporal com base nas mudanças próprias do processo de envelhecimento, para 
garantir uma longevidade mais saudável, adequada adesão às medidas preventivas e aos 
tratamentos específicos (SIMÕES, 2010; JUNGES, 2006). 
A dimensão psíquica envolve suas experiências afetivas e imaginárias que vão 
construindo a psique, incluindo elementos conscientes e inconscientes. No idoso, a vivência 
interior pode ser mais intensa, em decorrência de uma quantidade menor de atividades do dia 
a dia, possibilitando a manifestação de sentimentos, recordações e menor preocupação com o 
controle de exposição de sua interioridade. Deve-se considerar que pode haver um 
isolamento social entre os idosos que moram só como também uma perda da privacidade pela 
necessidade de ajuda para realização de atividades de vida diária ( SIMÕES, 2010). 
Além das dimensões biológicas e psíquica, a dimensão espiritual caracteriza o ser 
humano, que se concentra na busca do significado para seu agir e para a busca de 
autorrealização e felicidade. Para os idosos, a busca de sentido para sua existência torna-se 
um desafio diante das manifestações de vulnerabilidade e de perspectiva da morte. 
Segundo Maia (2012), o conceito de vulnerabilidade se relaciona com a questão do 
funcionamento biológico que, quando está desequilibrado, pode acarretar no mau 
funcionamento de condições psicológicas e emocionais, dentre outras, que, geralmente, 
podem ser amenizadasatravés do espiritualismo e dos vínculos afetivos com os demais 
indivíduos. 
Ao relacionar vulnerabilidade e envelhecimento, encontram-se condições pertinentes 
de aplicabilidade. Ao se levar em conta a doença do idoso, como resultante de 
comportamentos de saúde inadequados ao longo da vida, e as diferenças existentes nesta faixa 
etária, como influenciadas apenas pelas condições biológicas e comportamentais, está se 
tachando quase que, exclusivamente, ao indivíduo a responsabilidade por sua condição. 
Abdica-se, assim, que aspectos coletivos e contextuais possam influenciar o processo de 
envelhecimento, resultando na adoção de estratégias pouco efetivas de prevenção e promoção 
de saúde. 
19 
 
Quando relacionamos vulnerabilidade e violência, os idosos podem ser vistos como 
populações vulneráveis, pois são alvos fáceis para atos de violência de todos os tipos, seja por 
sua fragilidade e dependência, seja por não serem considerados testemunhas confiáveis para 
denunciar os casos de abuso e maus-tratos, ou por conta da cultura excludente a que são 
submetidos. (LACK, 2006). 
Para a sociedade e para os próprios familiares, o idoso se torna inútil a partir do 
momento que deixa de ser produtivo financeiramente e passa a ser considerado uma carga 
sem uso e, com isso, são excluídos diariamente do convívio familiar, social, financeiro e de 
tudo aquilo que eram acostumados a fazer durante a juventude (CARTELLETI et. al, 2012). 
O cuidado com os idosos requer uma atenção diferente, e quando é possível a 
colaboração de familiares e amigos o processo se torna mais acessível e o idoso consegue se 
adaptar melhor, pois se sente amado e cuidado por todos e entende que tudo está sendo feito 
para um envelhecimento melhor e mais confortável, porém nem sempre os familiares estão 
presentes e isso torna o idoso uma pessoa amarga e de difícil convívio (SILVIA, 2013). 
De acordo com Antonucci (2015), o grupo de idosos mais propensos a viverem 
sozinhos e isolados são os mais longevos acima de 80 anos de idade e geralmente são 
abandonados pois enfrentam um processo contínuo de vulnerabilidade devido às 
incapacidades e necessidades de apoio social. 
Portanto é importante que o idoso tenha autonomia e se sinta útil dentro do núcleo 
familiar, pois essa atividade promove o seu bem-estar e a sua saúde e faz com que o ele 
busque alternativas de enfrentamento da velhice com os melhores recursos possíveis, 
deixando de viver a terceira idade dependendo de terceiros (ANTONUCCI, 2015). 
Idosos expostos à situações de vulnerabilidade têm sua capacidade de 
autodeterminação reduzida, podendo apresentar dificuldades para proteger seus próprios 
interesses devido ao déficit de poder, inteligência, educação, recursos ou força 
(BARCHIFONTAINE, 2014; NEVES, 2012). 
A prevalência da vulnerabilidade na velhice está mais presente nas mulheres e, embora 
sejam mais longevas, são as mais afetadas pelo deéficit cognitivo, pelas doenças crônicas, 
pela incapacidade física e emocional (JUNG, 2014; NERI, 2013) e nesse sentido o apoio que o 
indivíduo da terceira idade recebe do meio social irá facilitar a adaptação do idoso à sua nova 
realidade (BRASIL, 2011; GUEDEA, 2013; BERG, 2014). 
Os serviços de saúde são essenciais na velhice, haja vista que estão vulneráveis em 
diversos fatores e, diante disso, esse acompanhamento auxilia na adaptação dos idosos no que 
diz respeito ao controle das doenças, déficit físicos e cognitivos interligados com o 
20 
 
envelhecimento (BERG et al, 2014; MARTIN, 2014). 
Os autores Paz et al ( 2006 ) também utilizaram as dimensões de vulnerabilidade para 
contextuar o idoso e os recursos de saúde no Brasil. Sugerem que a utilização do conceito de 
vulnerabilidade possibilita a mobilização de profissionais e da população civil, através de 
utilização de processos educativos construtivistas para as transformações sociais embasadas 
nas relações intersetoriais e na ação comunicativa entre os sujeitos, possibilitando uma 
reconstrução ampliada e reflexiva. 
Nos Estados Unidos da América (EUA) foi desenvolvido o Assessing Care of 
Vulnerable Elders (ACOVE), com o principal objetivo de desenvolver instrumentos para 
avaliar a qualidade dos cuidados oferecidos para os idosos vulneráveis. Um painel de 
especialistas buscando verificar as condições clínicas dos idosos vulneráveis identificou as 
situações mais prevalentes entre os idosos que contribuem para a morbidade, a mortalidade e 
o declínio funcional que podem ser mensurados e para os quais existem alguns métodos 
eficazes de tratamento e prevenção. De acordo com os critérios, foram selecionados 22 
condições, que incluem doenças, síndromes, deficiências fisiológicas e situações clínicas. 
Para cada uma delas, foi desenvolvido um conjunto de indicadores de qualidade, baseados na 
revisão de literatura médica estruturante e na opinião de especialistas. Foram totalizados 236 
indicadores abrangendo quatro domínios: prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento 
(RAND CORPORATION, 2010). 
Os autores concluíram que, em média, os idosos vulneráveis recebem cerca de metade 
dos cuidados recomendados para condições associadas ao envelhecimento, os idosos que 
apresentavam dificuldade para locomoção, déficit cognitivo e incontinência urinária 
receberam menos de um terço dos cuidados recomendados. Ainda conforme o estudo citado, 
os idosos que receberam “melhores” cuidados apresentaram maior probabilidade de sobrevida 
em três anos quando comparados com aqueles que receberam cuidados mais “pobres”. A 
qualidade do atendimento não foi influenciada pela idade, pelo sexo ou pelo grau de 
vulnerabilidade (RAND CORPORATION, 2010). 
Em um estudo com idosos canadenses sobre vulnerabilidade social, fragilidade e 
mortalidade, os autores Andrew et al (2011) verificaram altos índices de vulnerabilidade 
social em idosos frágeis e também associação com altas taxas de mortalidade, independente 
da presença de fragilidade e defendem que os serviços de saúde deveriam estar atentos aos 
fatores sociais que integram o cuidado ao idoso. 
Outro estudo, realizado por Pavarini et al (2011), sobre família e vulnerabilidade social, 
utilizando IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, com octogenários portadores de 
21 
 
alterações cognitivas, constatou que a maioria dos idosos residia com a família e que era 
menor a presença de idosos octogenários em residências com alta vulnerabilidade social 
quando comparados aos ambientes de média e muito baixa vulnerabilidade social. 
Inouye et al (2010) realizaram uma pesquisa sobre a percepção de qualidade de vida e 
de suporte familiar entre idosos, segundo o nível de vulnerabilidade social, medido pelo IPVS, 
e constataram que, à medida que o nível de vulnerabilidade social aumenta, diminuem os 
escores medianos de percepção de suporte familiar e qualidade de vida. 
Braga et al (2010) realizaram uma pesquisa com idosos residentes em Belo Horizonte 
(MG), utilizando o Índice de Vulnerabilidade à Saúde (ISCB), e constataram associações 
estatisticamente significantes entre o estrato de risco da área de residência e a demanda por 
serviços médicos e sociais, ou seja, a demanda por serviços será maior entre os intraurbanos 
com índice de vulnerabilidade mais alto. Comportamentos em saúde como atividade física e 
consumo de hortaliças, legumes e frutas apresentaram prevalências mais baixas em áreas de 
maior vulnerabilidade. Também comprovaram associação positiva entre os escores de 
ambiente social, ambiente físico, comportamentos em saúde, condições de saúde e estrato de 
risco das áreas de residência. 
Um outro fator que contribui para o aumento da vulnerabilidade durante o 
envelhecimento é a queda, e esta, por sua vez, está ligada à debilidade funcional relacionada 
às modificações anatômicas desenvolvidas nessa fase e, também, às diversas patologias. As 
quedas estão associadas, principalmente, às alteraçõesanatômicas e funcionais, pois nessa 
fase os idosos passam a ter alterações relevantes na composição e na forma do corpo, como 
exemplo disso, cita-se a diminuição da estatura, a distribuição centrípeta da gordura corporal, 
a perda de massa muscular, a diminuição da massa óssea e o declínio nas aptidões 
psicomotoras, que, em conjunto, podem provocar a instabilidade postural ou a incapacidade 
de manutenção do equilíbrio, em situações de sobrecarga funcional (NETTO et.al. , 2012). 
As quedas contam com fatores significativos, sendo eles: intrínsecos, que são os 
decorrentes das alterações relacionadas ao processo de envelhecimento, às doenças e aos 
efeitos causados pelo uso de fármacos; e extrínsecos, aqueles que dependem de circunstâncias 
sociais e ambientais, criando um desafio aos idosos (FABRÍCIO, 2012). 
Envelhecer sem incapacidades e preservando a autonomia é fator para a manutenção 
da boa qualidade de vida (FARO, 2012), porém quando há o histórico de queda é notável as 
perdas da autonomia e independência do idoso, mesmo que por tempo limitado e em 
consequência disso aparecem as fraturas, a imobilidade, a restrição de atividades, o aumento 
do risco de institucionalização, o declínio da saúde, os prejuízos psicológicos, como o medo 
22 
 
de sofrer novas quedas, e, também, o risco de morte, além do aumento dos custos com os 
cuidados de saúde e prejuízos sociais relacionados à família. Um idoso dependente mudará a 
dinâmica familiar, e terá dificuldade de interação com a comunidade na qual está inserido 
(PERRACINI, 2013). 
Os autores Rocha et al (2010) avaliaram a vulnerabilidade de idosos hospitalizados por 
quedas com fraturas de quadril, considerando as três dimensões da vulnerabilidade propostas 
por Ayres et al (2001): individual, social e programática. Contataram que os idosos 
apresentaram elevada vulnerabilidade individual, social e programática para sofrerem quedas 
seguidas de fratura de quadril e sugerem que a utilização do conceito de vulnerabilidade 
permite uma visão mais ampla sobre o problema das quedas, tema relevante para os idosos. 
Sthal et al (2010) realizaram um estudo especificando os idosos hospitalizados, 
conforme a vulnerabilidade social e programática e ressaltaram a necessidade do cuidado 
integralizado em sua assistência com ênfase na abordagem centrada na pessoa e não na 
doença. A baixa escolaridade, a dificuldade de acesso a serviços de saúde e a tendência ao 
isolamento social foram relacionadas como vulnerabilidade social. Ao componente 
programático e institucional foi evidenciado o despreparo para o cuidado do idoso após a alta 
hospitalar, tanto por profissionais, como por leigos ou pela ausência de serviços de saúde para 
o atendimento dessa demanda específica. 
De acordo com Naik et la (2010), em seu estudo com o objetivo de descrever as 
percepções dos profissionais de saúde sobre a vulnerabilidade entre os idosos 
institucionalizados e a auto percepção dos mesmos sobre essa questão, concluíram que os 
profissionais descreveram que a vulnerabilidade era composta por domínios distintos, que 
foram classificados em quatro temas: incapacidade de realizar atividades de vida diária, 
ausência de suporte social, fatores sociais e demográficos (sexo, etnia e falta de adaptação 
cultural) e condições neuropsiquiátricas, como depressão e demência. Porém, ao avaliar os 
idosos como vulneráveis, os profissionais abordam as habilidades cognitivas comprometidas 
por doenças como a demência, a dificuldade no processo de tomada de decisões e a 
capacidade de planejar adequadamente a execução de suas atividades cotidianas e realizá-las 
com segurança. Os autores sugerem que a avaliação da vulnerabilidade seja realizada 
rotineiramente por profissionais e serviços de saúde na atenção primária para asseverar que o 
idoso continue apto para planejar sua vida de forma segura e independente. 
Neste contexto, o idoso pode apresentar-se vulnerável e fragilizado, sendo um alvo 
fácil para a prática de abuso e violência. 
 
23 
 
 
2.4 VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS 
 
2.4.1 Violência 
 
Gondim e Costa (2006) atribuem ao estilo de vida individualista e competitivo 
incentivados após a revolução industrial o cresimento da fragilidade e da agressividade das 
pessoas. Sob a ótica de Arendt (1985), é no processo relacional e de poder que a violência se 
insere na dinâmica social dos sujeitos. Está presente em toda a diversidade populacional 
sendo um fenômeno social universal (MINAYO, 2005). 
Também no sentido do poder, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996) define a 
violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, 
outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, 
morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Para Dahlberg e Krug 
(2006), os termos poder e ameça ampliam o conceito de violência e abarcam maiores 
possibilidades de resultados. 
 
Muitas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos, por exemplo, 
podem resultar em problemas físicos, psicológicos e sociais que não 
representam necessariamente ferimentos, incapacidade ou morte. Tais 
consequências podem ser imediatas ou latentes e durar por anos após o ato 
abusivo inicial. Assim, definir as conseqüuências somente em termos de 
ferimento ou morte limita a compreensão total da violência em indivíduos, 
nas comunidades e na sociedade em geral. 
 
Diante da realidade do envelhecimento populacional, da problemática dos maus-tratos 
e da violência contra idosos emerge como um sintoma do despreparo para lidar com este 
fenômeno ainda recente. Maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 
1975, em revistas científicas britânicas que foram identificados como“espancamento de 
avós”. No Brasil, esta questão começou a ganhar visibilidade a partir da década de 1990 
(BRASIL, 2005). 
Com base em algumas estatísticas oficiais, pode-se considerar que a violência contra 
os idosos é intensa, disseminada e presente na sociedade brasileira: no ano 2000, morreram 
13.436 idosos por acidentes e violências no país, o que significa que houve cerca de 37 óbitos 
por dia. Destes casos, 8.884 (66,12%) eram homens e 4.552(33,87%) eram mulheres, 
24 
 
confirmando que também na velhice o padrão brasileiro e internacional evidencia maior risco 
de mortalidade por causas violentas para as pessoas do sexo masculino (BRASIL, 2005). 
Nesse sentido, os maus-tratos contra a pessoa idosa são “qualquer ato único ou 
repetido ou falta de ação apropriada que ocorra em qualquer relação supostamente de 
confiança que cause dano ou angústia a uma pessoa” (FALEIROS, 2007, p. 30). 
Os termos “violência”, “abuso” e “maus-tratos” necessariamente não possuem o 
mesmo significado.pois existem várias discussões teóricas sobre o assunto, pois cada um 
deles traz consigo uma carga ideológica e histórica específica.Os maus-tratos contra idoso são 
frequenrtemente denominados como violência e abuso, porém nesta pesquisa os termos seram 
usados como sinônimos. 
 
 
2.4.2 Tipos de violência 
 
Segundo Minayo (2005), a violência contra idosos se manifesta em três dimensões: 
1- estrutural: aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas manifestações de 
pobreza, de miséria e de discriminação; 
2- interpessoal: que se refere às interações e relações cotidianas e; 
3- institucional: que diz respeito à aplicação ou à omissão na gestão das políticas sociais e 
pelas instituições de assistência à pessoa idosa. 
De acordo com a OMS (2002), temos as seguintes definições em relação aos tipos de 
violência: 
- Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física: são expressões que se referem ao uso 
da força física para compelir os idosos a fazer o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes 
dor, incapacidade ou morte. 
- Abuso psicológico, violência psicológica ou maus-tratos psicológicos: correspondem aagressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, 
discriminá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social. 
- Abuso sexual, violência sexual: são termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter 
homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, 
relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. 
- Abandono: é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos 
responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa 
idosa que necessite de proteção. 
25 
 
- Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, 
por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. Ela se manifesta frequentemente 
associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em 
particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade. 
- Abuso financeiro e econômico: consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao 
uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. 
- Auto-negligência: que diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde 
ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesmos. 
Entretanto, Faleiros (2007) faz referencia a três grandes dimensões: a violência 
sociopolítica como a “violência falada” com dimensão na: “ relação de poder e força para 
impor ao outro a acessão de bens ou submetê-lo à vontades e interesses e desejos de pessoas 
ou grupos, em geral, desconhecidos da vítima, ou ainda com relações próximas dos 
preconceitos, de negação da personalidade individual ou da identidade da pessoa idosa”, a 
violência institucional: “relação de poder que infringe direitos reconhecidos e garantias 
civilizatórias de respeito nas relações profissionais e técnicas no âmbito de uma organização 
privada ou pública de prestação de serviço, ferindo, inclusive, o disposto no estatuto do 
idoso” e a violência intrafamiliar, mecionada como a “violência calada”, dimensionada 
predominantemente por; violência física, violência psicológica, negligencia e abandono, 
violência financeira e violência sexual. Pode ser múltipla e associada com as demais formas 
de violação, sofrida em silêncio muitas vezes, praticada por filhos, filhas, conjugue, netos, 
netas, irmãos, irmãs ou parentes e vizinhos próximos, conhecidos da vítima” (FALEIROS, 
2007, p.43). 
 Diante da realidade do envelhecimento populacional, a problemática dos maus-tratos 
e da violência contra os idosos emerge como um sintoma do despreparo para lidar com este 
fenômeno ainda recente. Maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975, 
em revistas científicas britânicas identificadas como “espancamento de avós”. No Brasil, esta 
questão começou a ganhar visibilidade a partir da década de 1990 (BRASIL, 2005). 
 
 
2.5 REGISTRO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL 
 
A violência no Brasil pode ser registrada em vários locais como Ministério Público, 
Conselhos Estaduais, Municipais e Nacional do Idoso, nas delegacias de polícia, em casos 
mais graves no Instituto Médico Legal como também na área da saúde desde as unidades 
26 
 
básicas como: saúde da família, centros de saúde até as unidades hospitalares. O Disque 100, 
é mais um canal de denúncia que por ser realizada por meio eletrônico como e-mail e por 
telefone pode apresentar uma série de incosnsistencias em virtude de trotes. 
 
 
2.5.1 A História do Disque 100 
 
O Disque Denúncia (DD) foi criado em 1997 por organizações não governamentais 
que atuavam na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes. com o objetivo de 
acolher denúncias de qualquer modalidade de violência contra crianças e adolescentes, crimes 
de tráfico de pessoas e desaparecimento de crianças. (BRASIL, 2015). 
Em 2003 passou a ser de responsabilidade do Governo Federal no mesmo ano foi 
craida Secretaria dos Direitos Humanos, pela Lei nº 10.683, de 28 de Maio de 2003, sendo o 
órgão da Presidência da República que trata da articulação e implementação de políticas 
públicas voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos, responsáveis pela 
articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção aos Direitos 
Humanos no Brasil. (BRASIL, 2015). 
Em 2006, o Disque Denúncia foi reformulado passa então a ser denominado Disque 
100 – Disque Direitos Humanos (DDH) amplia seu atendimento a todos os grupos em 
situação de vulnerabilidade social, dentre estes grupos a violência contra a pessoa idosa, além 
de revisar, analisar fazer encaminhamentos dessas denuncias diretamente aos órgãos 
competentes. Disque 100 que deixou de ser apenas um canal de denúncia, passou a articular, a 
partir de casos concretos, uma rede de retaguarda de serviços e parceiros em todo o país. 
O Serviço Disque 100, funciona diariamente 24h, inclusive finais de semana e feriados, 
recebendo denúncias anônimas e garantindo o sigilo, de todo o país, As denúncias podem ser 
feitas através de ligação gratuita para o número 100. Além das ligações, o serviço também 
recebe denúncias encaminhadas para o endereço eletrônico: disquedenuncia@sedh.gov.br. 
 
 
2.5.2 Pesquisas sobre violência contra o idoso 
 
A partir da década de 1990, foi implementado Políticas Públicas em diversos países 
como também no Brasil, com o objetivo de alertar e dar visibilidade a questão da violência 
contra a pessoa idosa , como também criar meios de enfrentamento para o relevante problema. 
mailto:disquedenuncia@sedh.gov.br
27 
 
Pesquisa realizada no Distrito Federal em diferentes fontes de denúncias de violência 
contra a pessoa idosa , mostra que as principais vítimas são mulheres, os principais agressores 
da violência intrafamiliar são filhos e filhas e os tipos de violência que mais se manisfetam 
são: violência psicológica, física, financeira, de abandono e negligência (FALEIROS, 2007). 
Em estudo realizado com profissionais da atenção básica, no Brasil, com relação aos 
maus-tratos contra idosos, foram identificadas algumas características comuns de situação de 
vulnerabilidade e violência: idoso com privação do uso de seus recursos financeiros em 
benefício de seus familiares, como, por exemplo, a utilização da aposentadoria do idoso para 
sustento da família como também idoso proprietário de imóveis que são removidos de suas 
casas, sendo, posteriormente colocados em um cômodo com menos conforto ou apartados da 
casa principal ( WANDERBROOKE, 2012). 
Na pesquisa publicada por Oliveira et al. (2012), utilizando como fonte o banco de 
dados da Polícia Civil do Distrito Federal-DF, encontrou-se que 3,84% de todos os idosos 
residentes no DF registraram junto às delegacias de polícia algum tipo de violência em 
domicílio. As vítimas são, predominantemente, casadas e do sexo masculino. Quanto aos 
agressores, 3.033 (62,81%) são pessoas sem parentesco com a vítima. No entanto, 655 
(13,56%) agressões foram cometidas por filho; 434 (8,99%), por pessoas de parentesco civil; 
219 (4,54%), pelo marido/companheiro; por último, netos e netas, 21 (0,43%). Quanto à 
natureza dos maus-tratos, a natureza psicológica apresentou o maior número de ocorrências, 
com 2.704 (55,24%). A violência física vem em seguida, com 2.043 (41,73%), seguem-se 
negligência com 75 (1,52%) e sexual com 12 (0,24%). 
Conforme Soares et al (2015), a pesquisa realizada no município de Aracaju 
apresentou um crescimento populacional de 60,3% de pessoas maiores de 60 anos. Essa 
população de idosos vem sofrendo com a violência cometida contra ela, em que foram 
registradas 120 notificações pelos serviços de saúde de Aracaju durante o período 2011 a 2013. 
Das 120 vítimas, 89 residem na capital aracajuana e as demais são provenientes de outros 
municípios do Estado. 
Cabe ressaltarque, uma única pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de 
violência, essa informação é registrada na ficha de notificação do paciente. Por isso, o número 
total dos tipos de violência é diferente do número total de vítimas. 
Os atos de violência não são cometidos igualmente contra os idosos, havendo variação 
no perfil das vítimas registradas no sistema de notificações, com destaque para a maioria de 
mulheres, que perfazem 58,33% do total das notificações. Verifica-se, também, que as 
mulheres procuram mais os serviços de saúde do que os homens e aquelas que são vítimas de 
28 
 
violência se apresentam como uma demanda recorrente. Em relação às características das 
vítimas, as idosas foram as maiores vítimas das agressões em todas as faixas etárias, dado que 
confirma os resultados de pesquisas realizadas em âmbito nacional e internacional com a 
discussão acerca da violência atrelada à questão de gênero (BORSOI, BRANDÃO, 
CAVALCANTI, 2009). 
Elaborado pela Central Judicial do Idoso, juntamente com o Tribunal de Justiça do 
Distrito Federal e dos Territórios TJDFT, o Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios MPDFT e a Defensoria Pública (DP), reúne os dados da CJI, do Disque 100 a 
partir de 2011 e NEPAV em 2012, o Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa no Distrito 
Federal , apresentou a violência psicológica, com 31,81%, como a violência mais praticada 
seguida de negligência, com 24,97%, violência financeira, com 16,27%, e física, com 14,71%. 
Retrata o perfil do idoso vitimizado, sendo o sexo feminino o mais agredido, com 63,82% 
contra 35,34% das agressões ocorridas com o sexo Masculino, entre 2008 a 2012. O 
percentual de maior concentração na idade das vítimas de violência no período de 2008 a 
2012 ocorreu na faixa de 60 a 70 anos, com 36,80% (BRASIL, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
 Analisar os tipos de violência contra a pessoa idosa registrados no Disque 100 no 
período de 2011 a 2015, Brasil. 
 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
• Descrever o perfil sociodemográfico da vítima; 
• Identificar a incidência da violência por região geográfica brasileira; 
• Relacionar o tipo de violência com a faixa etária da vítima; 
• Identificar o tipo de vínculo do agressor suspeito com a vítima; 
• Identificar o tipo de violência contra o idoso; 
• Identificar o local de violência contra o idoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
PARTE II - ARTIGO PRODUZIDO 
 
 
PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE 
100, NO PERÍODO DE 2011 A 2015, BRASIL 
 
RESUMO 
O objetivo do estudo foi analisar o perfil das denúncias de violência contra os idosos 
registradas no Disque 100, entre os anos de 2011 a 2015 no Brasil. Trata-se de um estudo 
descritivo, retrospectivo, no qual foi utilizado o banco de dados informatizado do Disque 100. 
Evidenciou-se que as mulheres foram as vítimas mais denunciadas (média = 64,32 ± 2,19 %; 
mediana = 64,1 %); a faixa etária da maior parte das vítimas estava entre 76 e 80 anos (média 
= 18,22 ±0,62 %; mediana = 18,5%) e de cor branca (35,96 ±15,01 %, mediana = 34%). A 
pesquisa identificou que a incidência da violência por regiões geográficas brasileiras foi maior 
no Sudeste (42,2%) e menor no Norte (6,7%). A maioria das denúncias apontou os filhos 
como os principais suspeitos de cometer agressão, (média = 51,76±1,19 %; mediana = 
51,55%), e esta ocorre na casa da vítima. Revelou, ainda que a negligência apresentou um 
percentual médio 35,31 ± 3,64%; mediana = 37,10 %. Considerando a magnitude e gravidade 
do problema, torna-se essencial a identificação das ocorrências, principalmente as 
ocasionadas em ambiente doméstico, bem como a priorização do tema nas políticas de 
atenção à saúde do idoso por meio de estratégias efetivas que visem o enfrentamento da 
violência contra a pessoa idosa 
Palavras-chave: Idosos. Violência. Vítima. Denúncia. Disque 100. 
 
ABSTRACT 
The objective of the study was to lok over the profile of the violence against the elderly 
through the reports analysis registered in the Disque 100, between the years 2011 to 2015 in 
Brazil. It is a descriptive, retrospective study, based on the computerized database available 
from “Disque 100”. It was evidenced that women were the most reported victims (mean = 
64.32 ± 2.19%, median = 64.1%); the mean age of most victims was between 76 and 80 years 
(mean = 18.22 ± 0.62%, median = 18.5%) and most of them were white (35.96 ± 15.01%, 
median = 34 %). The research identified that the incidence of violence by Brazilian 
geographic regions was higher in the Southeast (42.2%) and lower in the North (6.7%). Most 
of the complaints pointed out the grown-up children as the main suspects of aggression (mean 
= 51.76 ± 1.19%, median = 51.55%), which mainly occurs at the victim's house. It revealed 
that negligence was the form of violence more evident with an average percentage of 35,31 ± 
3,64%; Median = 37.10%. Considering the magnitude and severity of the problem, it is 
essential to identify these occurrences, especially those that happened in the domestic 
environment. It also mut be considered to prioritize the issue building health elderly care 
policies by effective strategies aimed to confront the violence against elderly person. 
Keywords: Elderly. Violence. Victim. Denunciation. Dial 100. 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Em 2010 a Organização das Nações Unidas –ONU, publicou documento onde foi apresentada 
uma estimativa de que nos próximos 40 anos o grupo de pessoas com 60 anos ou mais será 
três vezes maior que o atual, o que corresponde a um quinto da população total do planeta.1 
Assim, ao refletir sobre o envelhecimento no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE), aponta a população brasileira com mais de 200.000.000 milhões de 
pessoas, sendo que o contingente de pessoas idosas é de 20.6 milhões, ou seja, 
aproximadamente 10,8 % da população total. Lembrando que no Brasil, a pessoa idosa é 
aquela que possui 60 anos ou mais, de acordo com a Política Nacional do Idoso (PNI) e o 
Estatuto do Idoso (EI). Daquele contingente, 55,5% (11.434.487) são mulheres e 44,5% 
(9.156.112) são homens. Estima-se que essa população quadruplicará até 2060, o que 
representará 26,7% da população brasileira total. Com isso, seremos o sexto país do mundo 
com maior quantidade de idosos2. 
O envelhecimento é um processo singular, dinâmico, progressivo e irreversível no 
qual interagem vários fatores: biológicos, psíquicos e sociais, evidenciado pelas diferenças 
entre pessoas da mesma idade, sua dinâmica de vida e trajetória familiar, porém seu início não 
seja bem definido 3 . 
Além dos fenômenos inerentes ao processo de envelhecimento, como as modificações 
fisiológicas e patologias consideradas típicas desta fase da vida, a pessoa idosa também está 
susceptível e mais vulnerável ao fenômeno da violência. Este, por sua vez, é um problema 
com consequências devastadoras pois acarreta estresse psicológico, lesões traumáticas, falta 
de segurança bem como a morbidade e mortalidade4. 
A violência contra o idoso caracteriza-se por ser um ato (único ou repetido) ou 
omissão que lhe cause dano ou aflição e resulta, na maioria das vezes, em sofrimento, lesão, 
dor, omissão ou perda dos direitos humanos e redução da qualidade de vida do 
idoso5. Portanto, “os idosos são vítimas dos mais diversos tipos de violência que vão desde 
insultos e espancamentos pelos próprios familiares e cuidadores (violência doméstica) até 
maus-tratos sofridos em transportes públicos e instituições públicas e privadas (violência 
social)6. A violência doméstica, sofrida em silêncio e que Faleiros denomina “violência 
calada” não está dissociada da violência social7. 
A violência no Brasil pode ser registrada em vários locais como Ministério Público, 
Conselhos Estaduais, Municipais e Nacionaldo Idoso nas delegacias de polícia e em caso 
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mais graves no Instituto Médico Legal. Ressalta-se que na área da saúde a violência contra a 
pessoa idosa tornou-se objeto de vigilância epidemiológica no Brasil, atendendo o que 
determina a Lei nº. 10.741/2033 (EI), artigo 19: “ os casos de suspeita ou confirmação de 
maus-tratos contra o idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos serviços de saúde”8. Há 
pouco tempo, essa orientação foi alterada pela Lei nº 12.461/2011: “ os casos de suspeita ou 
confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória 
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão 
obrigatoriamente comunicados por eles”9. 
A partir da referida Lei emergem questões sobre a disponibilidade de serviços de 
denúncias e proteção aos idosos e sobre a necessidade de serviços específicos para essa faixa 
etária. Neste sentido, os serviços telefônicos, do tipo Disque 100, devem ser entendidos 
dentro de um contexto mais amplo do aparato para a garantia da dignidade e integridade dos 
indivíduos envolvidos. Contudo, como o Disque 100 é um instrumento onde a denúncia pode 
ser realizada por meio eletrônico, como e-mail, e por telefone, ele pode apresentar uma série 
de inconsistências em virtude de trotes. 
O Disque Denúncia (DD) foi criado em 1997 pela Associação Brasileira 
Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA)10. Em 2003, com a 
criação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos – SEDH por meio pela Lei nº 10.683, 
de 28 de maio de 2003, ele passou a ser de responsabilidade do Governo Federal (GF). Assim, 
ele passou a ser um órgão da Presidência da República que trata da articulação e da 
implementação de políticas públicas voltadas para a promoção e proteção dos direitos 
humanos10. 
Em 2006, o DD foi reformulado e passou a ser denominado Disque 100 – Disque 
Direitos Humanos (DDH). O Disque 100, que inicialmente atendia somente denúncias de 
violência contra crianças e adolescentes, passou a atender os casos de abuso contra idosos, 
pessoas com deficiência, população de ruas, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e 
Transexuais) além de grupos sociais em situação de vulnerabilidade social, revisando, 
analisando e fazendo encaminhamentos dessas denúncias diretamente aos órgãos 
competentes10. 
O Disque 100 é um serviço que recebe denúncia anônima de todo o Brasil pelo 
telefone (através de ligação gratuita para o nº 100), analisa o conteúdo e encaminha as 
denúncias aos órgãos de proteção e garantia de direitos. O serviço também prevê a 
possibilidade das denúncias serem encaminhadas por correio eletrônico resguardando o 
anonimato do denunciante10. 
33 
 
Com a transferência de responsabilidade, o Disque 100 deixou de ser apenas um canal 
de denúncia, passou a articular-se com uma rede de retaguarda de serviços e parceiros em 
todo o país, como: Ministério Público, Conselhos Estaduais, Municipais e Nacional do Idoso 
além de autoridades policiais10. O serviço funciona diariamente 24h, inclusive finais de 
semana e feriados, recebendo denúncias anônimas e garantindo o sigilo, também conhecido 
por disque direitos humanos 10. A Medida Provisória, assinada pelo presidente da República, 
no dia 25 de março de 2010, transforma a SEDH em órgão essencial da Presidência, e ela 
passa a ser denominada Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República10. 
Nesse construto, esta pesquisa tem como objetivo analisar o perfil das denúncias de 
violência contra os idosos registradas no Disque 100/SDH entre os anos de 2011 a 2015 no 
Brasil. 
 
 
MÉTODOS 
 
Trata-se de um estudo de natureza descritiva, retrospectiva, exploratória com recorte 
transversal e abordagem quantitativa, realizado com dados secundários obtidos na Secretaria 
de Direitos Humanos da Presidência da República – Disque 100, no período de 2011 a 2015. 
As informações contidas neste banco são oriundas das denúncias realizadas por 
pessoas via telefone e ou e-mail e são coletadas em bancos de dados, para que a Secretaria de 
Direitos Humanos possa agir em promoções e planejamento de campanhas de combate contra 
a violência. 
Para coleta de dados foi elaborado pelas pesquisadoras um roteiro contendo as 
seguintes variáveis: sexo, faixa etária, raça/cor, local que ocorre agressão, qual é o tipo da 
violência, qual a relação da vítima com o suspeito, número de denúncias violência registrada 
no período de 2011 a 2015, por região geográfica. 
Por motivos sigilosos e burocráticos, a coleta dos dados foi realizada por um 
funcionário da SDH, ao longo do mês de março de 2016. 
O roteiro com as varáveis importantes para esta pesquisa foi encaminhado ao 
funcionário da SDH responsável por realizar a coleta das informações no banco de dados 
dessa secretaria, seguindo o critério de inclusão da pesquisa. 
O critério de inclusão na pesquisa foi de denúncias registradas no Disque 100 nas 
quais as vítimas eram pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. 
34 
 
Para analises dos dados foram rodadas frequências por meio do software SPSS-IBM 
22.0 for Windows. Utilizou-se, também, o Excel para a elaboração das tabelas e gráficos. 
Esta pesquisa atende aos preceitos éticos descritos na Resolução 466/2012 do Comitê 
de Ética em Pesquisa e foi aprovada pelo CEP da Universidade Católica de Brasília (UCB), 
CAAE nº: 50065915.2.0000.0029. 
 
 
RESULTADOS 
 
No período de 2011 a 2015 foram registradas 130.164 denúncias no Disque 100 de todo 
território nacional. Vale ressaltar que, o número total dos tipos de violência é diferente do 
número total de vítimas. Tal constatação nos remete a concluir que uma única pessoa pode ser 
vítima de mais de um tipo de violência. 
De acordo com a série histórica de dados, percebe-se um aumento gradativo de 2011 a 
2012 de 186,3% e mais 65,5% entre 2012 e 2013. Do ano de 2013 para 2014 ocorreu uma 
redução destes números, apresentando uma queda de 30,3% no ano de 2014 e em seguida uma 
elevação de 18,6% em 2015 (Gráfico 1). 
 
Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
 
Gráfico 1 – Número de casos de violência contra o idoso notificado nos anos de 2011/2015 
 
Ao analisar os dados por região brasileira nota-se que o maior número de registro ocorreu 
na região Sudeste (42,2%), seguido de Nordeste (28,4%), Sul (14%), Centro-Oeste (8,4%) e 
Norte (6,7%). Quando avaliamos o número de denúncias por 100.000 habitantes os estados de 
Amazonas, Distrito Federal e Rio Grande do Norte surgem como líderes em denúncias no 
Disque 100. 
35 
 
A Tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico das vítimas de violência das denúncias 
registradas pela SDH. Os dados revelam que a maior percentagem das vítimas é do sexo 
feminino (média = 64,32 ± 2,19 %; mediana = 64,1). Em relação à faixa etária, verificamos 
que o maior número de registro se refere a vítimas com idades entre 76 e 80 anos (média = 
18,22 ±0,62 %; mediana = 18,5%). Os dados também revelam que a maioria das denúncias 
acena vítimas de cor branca (35,96 ±15,01 %; mediana = 34%). 
36 
 
Tabela 1 - Número de denúncias de violência realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 2011/2015 – Brasil 
 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana 
Variável/Ano N % N % N % N % N % % % % 
Feminino 6047 67,2 15520 66,3 28317 64,1 19423 62,7 22359 61,3 64,3 2,4 64,1 
Masculino 2566 28,5 6776 29 13019 29,5 9251 29,9 10848 29,8 29,3 0,6 29,5 
Não ID 381 4,2 1106 4,7 2845 6,4 2313 7,5 3255 8,9 6,3 1,9 6,4 
Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 
Faixa Etária N % N % N % N % N % 
60-65 1226 13,6 3632 15,5 6431 14,6 4504 14,5 4750 13 14,2 1 14,5 
66-70 1488 16,5 4071 17,4 7382 16,7 5074 16,4 5914 16,2 16,6 0,5 16,5 
71-75 1371 15,2 3545 15,2 6393 14,5 4425 14,3 5015 13,7 14,6 0,6 14,5 
76-80 1564 17,3 4406 18,9 7882 17,8 5743 18,5 6798 18,6 18,2 0,7 18,5 
81-85 1164 12,3 292012,5 5449 12,3 3808 12,3 4493 12,3 12,3 0,1 12,3 
86-90 790 8,8 2160 9,2 4081 9,2 2913 9,4 3539 9,7 9,3 0,3 9,2 
91 a mais 456 5,1 1234 5,3 2164 4,9 1464 4,7 1894 5,2 5 0,2 5,1 
NI 935 10,4 1434 6,1 4399 10 3056 9,9 4059 11,1 9,5 2 10 
Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 
Raça N % N % N % N % N % 
Branca 3855 42,9 7957 34 14935 33,8 11069 35,7 12170 33,4 36 4 34 
Parda 2930 32,6 6737 28,8 11830 26,8 7788 25,1 8474 23,2 27,3 3,6 26,8 
NI 1058 11,8 6610 28,2 13655 30,9 9475 30,6 12960 35,5 27,4 9,1 30,6 
Negra 1033 11,5 1930 8,2 3499 7,9 2478 8 2659 7,3 8,6 1,7 8 
Indígena 64 0,7 73 0,3 104 0,2 63 0,2 76 0,2 0,3 0,2 0,2 
Amarela 54 0,6 95 0,4 158 0,4 114 0,4 123 0,3 0,4 0,1 0,4 
Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 
Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
 
37 
 
No que se refere aos tipos de violência, a negligência foi a mais recorrente, seguida da 
violência psicológica e abuso financeiro (Tabela 2). Ao longo dos anos investigados, a 
negligência apresentou um percentual médio de 35,31 ± 3,64 %, sendo a mediana igual a 
37,10. Em relação à violência psicológica é possível verificar que o seu padrão de ocorrência 
se manteve no período avaliado (média = 27,69 ± 0,96 %), cabendo ressaltar que os valores da 
média e da mediana calculada para essa variável encontram-se bastante próximos, 
significando a robustez dos dados avaliados. Em relação ao abuso financeiro, os dados 
indicam que o valor médio de sua recorrência é 20,66± 0,96, sendo a mediana igual a 19,74. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 2 – Número de denúncias segundo o tipo de violência contra o idoso realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 
2011/2015 – Brasil 
 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana 
Violências N % N % N % N % N % % % % 
Negligência 4925 27,4 16218 33,9 29426 37,1 20741 38,6 24397 38,6 35,3 3,6 37,1 
Violência psicológica 4991 27,8 13924 29,1 21832 27,5 14788 27,5 16350 27,5 27,6 0,9 27,5 
Ab.Fin/ patrimonial 4052 22,6 9418 19,7 16796 21,1 10523 19,6 12522 19,6 20,6 0,9 19,7 
Violência física 3803 21,2 7930 16,6 10803 13,6 7417 13,8 8630 13,8 15,8 2,4 13,6 
Violência institucional 141 0,7 212 0,44 446 0,5 187 0,3 179 0,3 0,4 0,1 0,4 
Total 17.912 100 47702 100 79.303 100 53.656 100 62.028 100 
Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
39 
 
Em relação ao local da ocorrência do ato violento contra os idosos (Tabela 3), os dados 
analisados indicam que o maior percentual de violência ocorre na casa da vítima (média = 
72,47 ± 6,02; mediana 73,84%) seguido pela casa do suspeito, cuja média é igual a a 
8,31±1,26 %, tendo uma mediana igual a 8,27%. Vale ressaltar que foram destacados abaixo 
os dados relacionados à violência cometida em hospitais e Institutos de Longa Permanência 
de Idosos, apesar de apresentarem médias percentuais bem abaixo dos demais locais 
supramencionados- médias respectivas iguais a 1,18 ±0,23 % e 1,42 ± 0,18%. 
Também é importante mencionar os “outros locais” mencionados na tabela incluem os 
diversos espaços públicos, tais como ruas, ônibus, delegacias, local de trabalho, igrejas, 
escolas, albergues, etc. Contudo, os dados coletados com a equipe técnica da SDH apresentam 
de forma distinta “casa da vítima” e “casa”. Para não gerar confundimento destes, destacamos 
na tabela 5 somente os dados referentes à violência cometida na casa da vítima, sendo os 
considerados como “casa” agregados aos “outros locais”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
Tabela 3 - Número de denúncias segundo o local de ocorrência da violência contra o idoso realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos 
anos de 2011/2015 – Brasil 
 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana 
Local N % N % N % N % N % % % % 
Casa da Vítima 4725 56,3 17376 71,3 29919 73,8 21395 76,4 25214 76,2 72,4 6 73,8 
Casa do Suspeito* 488 5,8 2494 10,2 3352 8,2 2203 7,87 2670 8,07 8,3 1,2 8,2 
ILPI 147 1,7 280 1,1 603 1,4 424 1,51 443 1,3 1,4 0,1 1,4 
Hospital 56 0,6 262 1 537 1,3 406 1,45 373 1,1 1,1 0,2 1,1 
Outros locais** 2968 35,4 3931 16,1 6107 15 3548 12,6 4368 13,2 16,6 6,7 16,1 
Total 8384 100 24343 100 40518 100 27976 100 33068 100 
Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
(*) Casa do suspeito é a casa do agressor. 
(**) outros locais incluem ruas, ônibus, igrejas, escolas, delegacias, local de trabalho, albergues e outros menos recorrentes
41 
 
A Tabela 4 apresenta de forma detalhada o vínculo entre a vítima e o suspeito 
agressor. Observa-se que os filhos são os principais suspeitos de cometer agressão, 
correspondendo ao maior percentual de denúncias observado em todos os anos avaliados 
(média = 51,76±1,19 %; mediana = 51,55%). Após os filhos, os netos elencam a segunda 
posição no ranking de suspeitos. 
Contudo, um dado que chama a atenção são as denúncias onde o suspeito não é 
identificado. Essas correspondem a 8,64% do total (analisando-se as médias percentuais 
comparativas descritas na Tabela 4). Outro dado relevante é a quantidade de denúncias 
registradas onde não há identificação do suposto agressor, sendo essas categorizadas como 
“não informado”. 
No que se refere a denúncias as quais o suposto agressor é o cuidador ou o vizinho da 
vítima, ambos apresentam um aumento expressivo entre os anos de 2011 e 2012, o que se 
mantém crescente em 2013, mas se mantem nos anos subsequentes. Padrão esse observado 
também para irmãos, genros/noras e outros. 
Observa-se também que o número de denúncias vinculadas a supostos agressores 
desconhecidos vem apresentando uma tendência à redução no período avaliado, enquanto as 
denúncias onde a identidade do suposto agressor não é revelada apresenta uma tendência 
crescente. Por outro lado, as denúncias onde o suposto agressor é o filho da vítima se mantém 
num patamar constante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Tabela 4 – Número de denúncias segundo o vínculo da vítima com o agressor, realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 
2011/2015 – Brasil 
 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana 
 AGRESSOR N % N % N % N % N % % % % 
Filho 6098 51,6 20801 50,2 36677 51,4 26222 51,5 31914 53,9 51,7 1,1 51,5 
Neto(a) 979 8,2 3379 8,1 5890 8,2 4066 7,9 4772 8 8,1 0,1 8,1 
Desconhecido(a) 978 8,2 3074 7,4 4122 5,7 1829 3,6 1224 2 5,4 2,3 5,7 
Genro/Nora 471 3,9 2282 5,5 3846 5,3 2586 5 2694 4,5 4,9 0,5 5 
Vizinho (a) 617 5,2 2116 5,1 3074 4,3 2000 3,9 2175 3,6 4,4 0,6 4,3 
Sobrinho(a) 424 3,5 1198 2,9 2149 3 1666 3,2 1819 3 3,1 0,2 3 
Irmão (ã) 320 2,7 1037 2,5 1813 2,5 1354 2,6 1583 2,6 2,6 0,1 2,6 
Cuidador (a) 276 2,3 848 2 1164 1,6 846 1,6 825 1,3 1,8 0,3 1,6 
Esposa 217 1,8 691 1,6 1045 1,4 819 1,6 921 1,5 1,6 0,1 1,6 
Marido 138 1,1 517 1,2 669 0,9 1513 2,9 524 0,8 1,4 0,7 1,1 
Companheiro(a) 143 1,2 330 0,8 534 0,7 291 0,5 413 0,7 0,8 0,2 0,7 
Outros 613 5,1 1838 4,4 3450 4,8 2776 5,4 3081 5,2 5 0,3 5,1 
Não Informado 271 2,2 3193 7,7 6925 9,7 5899 11,6 7018 11,8 8,6 3,5 9,7 
Total 11815 100 41364 100 71358 100 50867 100 59163 100 
Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
43 
 
DISCUSSÃO 
 
O presente estudo revela análises acerca das denúncias de violência contra idosos notificados 
no âmbito do Disque 100, pela SDH. Ressalta-se, portanto, que o recebimento de uma 
denúncia não significa necessariamente a ocorrência de maus tratos ou que estes representem 
fielmente a realidade social. 
Para a série histórica aqui estudada, verifica-se um crescimento gradativo de denúncias 
de maus-tratos contra a pessoa idosa em todo o país. Quando analisamos as denúncias por 
100.000 habitantes encontramos como estados líderes no ranking de denúncia de violência 
contra

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