Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia PERFIL DA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DE 2011- 2015 NO BRASIL Autora: Lúcia de Medeiros Taveira Orientadora: Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira Brasília - DF 2016 LÚCIA DE MEDEIROS TAVEIRA PERFIL DA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DE 2011- 2015 NO BRASIL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Escola de Medicina da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profª. Drª. Maria Liz Cunha de Oliveira Brasília 2016 Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB T232p Taveira, Lúcia de Medeiros. Perfil da violência cometida contra a pessoa idosa registrada no disque direitos humanos no período de 2011- 2015 no Brasil / Lúcia de Medeiros Taveira – 2016. 60 f. : il.; 30 cm Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016. Orientação: Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira 1. Gerontologia. 2 Idosos. 3. Violência. 4. Vítimas. 5. Denúncia. I. Oliveira, Maria Liz Cunha de, orient. II. Título. CDU 613.98 À minha avó, Francisca (in memoriam), que sempre me apoiou e, de forma sábia, muito me ensinou e segue me ensinando a ser uma pessoa melhor. AGRADECIMENTOS Muitas são as pessoas a quem eu gostaria de agradecer por terem contribuído para a realização deste trabalho. A minha gratidão maior, porém, é a Deus, que permitiu que todas estas pessoas cruzassem o meu caminho e que eu tivesse essa grande oportunidade de aprendizado que foi a realização do curso de Mestrado. Aos meus filhos, Tiago e Taissa, por acreditarem neste projeto e pelo apoio e compreensão sendo o meu suporte afetivo principalmente nos momentos difíceis. E também por compreender a importância deste trabalho para a minha vida pessoal e profissional. À minha avó Chiquinha (in memorian), pelo auxílio emocional., pelo carinho e incentivo nesta minha caminhada, meu porto-seguro em todos os momentos, sem ela nada disso teria sido possível Aos meus pais, Raimundo e Zuila (in memorian), por todo o apoio, por toda a dedicação e por todo o incentivo que sempre dedicaram a mim. Pelos exemplos de integridade, competência e paixão pelo trabalho que me forneceram. Por incutirem em mim a importância do conhecimento. E, principalmente, por acreditarem nas minhas potencialidades, quando eu mesma duvidava. À minha irmã Lucenira, que sempre esteve ao meu lado, sempre pronta para ajudar, pelo companheirismo e incentivo em todas as horas difíceis. Muito obrigada por ser o meu porto seguro! À minha amiga Mayara, que, de forma bastante especial, foi a primeira pessoa a acreditar que esse projeto era possível, e que ao longo de todo o tempo sempre esteve ao meu lado, me apoiando, acompanhando meus passos e tropeços e sempre me ajudando a levantar. Muito obrigada! Aos meus queridos colegas da UNIP/DF, Tatyane, Sâmia e Ricardo pela amizade, convivência, pelas conversas compartilhadas durante todo o período em que estamos convivendo e pela disponibilidade de ajuda em todos os momentos de dificuldade. É um orgulho fazer parte desta equipe. À minha orientadora, profª. Drª. Maria Liz Cunha de Oliveira, por ter me ensinado que nada vem fácil na vida, e que quando queremos algo devemos buscar em nós mesmos, por ser a responsável por oportunizar os momentos de maior desenvolvimento pessoal e intelectual até então vividos por mim. Por não medir esforços para a realização e conclusão deste trabalho. Por todo o auxílio, pela atenção, confiança e amizade. À profª. Drª. Paula Frassineti G. de Sá que partilhou comigo seus conhecimentos e me fortaleceu na construção da minha pesquisa. Àquelas pessoas as quais não nomeei, mas que, de alguma forma, participaram ou contribuíram para a materialização desta pesquisa. No dia em que eu não puder ir mais até você, não se esqueça de vir até mim, se um dia eu não puder lembrar de quem você é, se um dia eu não puder expressar meu orgulho e amor por você, apenas sinta que em minha alma nada disso se perdeu, você continua e sempre continuará sendo parte importante da minha vida. Ale Bruxs. RESUMO TAVEIRA, L. M. Perfil da violência cometida contra a população idosa registrada no Disque Direitos Humanos no período de 2011-2015 no Brasil. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016. Introdução: Gerontologia necessita acompanhar o processo do envelhecimento humano na esfera biológica e social como estratégia de aprimorar os serviços ofertados nos dois segmentos e desta forma, existe a necessidade necessidade de se compreender e de tornar visível a descrição do perfil das denúncias de violência cometida contra a pessoa idosa registradas no Disque 100, no período compreendido entre 2011 a 2015. Esta dissertação foi elaborado no modelo escandinaco assim, temos a revisão de literatura e objetivos no inicio e em seguida apresentamos o artigo científico com a metodologia, resultado e conclusão. Objetivo: Analisar o perfil da violência contra os idosos no Brasil a partir das denúncias registradas no Disque 100, descrevendo o aspectos sócio demográfico da vítima, identificando a incidência da violência por região geográfica brasileira e o tipo de vínculo do agressor suspeito com o padecente, demonstrando qual o tipo de violência prevalente dentre nas denúncias Metodologia: Trata-se de um estudo de natureza descritiva, retrospectiva, exploratória com recorte transversal e abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida com base nos dados constantes em banco informatizado da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Resultados: Quanto ao perfil sócio demográfico da amostra avaliada destaca-se que a maior percentagem das vítimas são do sexo feminino ( média = 64,32 ± 2,19 %; mediana = 64,1), com idades entre 76 e 80 anos (média = 18,22 ±0,62 %; mediana = 18,5%) e que a maioria das denúncias referem-se a vítimas de cor branca (35,96 ±15,01 %; mediana = 34%). A pesquisa identificou que a incidência da violência por regiões geográficas brasileiras foi maior no Sudeste (42,2%), seguido de Nordeste (28,4%), Sul (14%), Centro-Oeste (8,4%) e Norte (6,7%). Observa-se que os filhos são os principais suspeitos de cometer agressão, correspondendo ao maior percentual de denúncias observado em todos os anos avaliados (média = 51,76±1,19 %; mediana = 51,55%). Após os filhos, os netos elencam a segunda posição no ranking de suspeitos. Em relação ao local da ocorrência do ato violento contra idosos, os dados analisados indicam que o maior percentual de violência ocorre na casa da vítima (média = 72,47 ± 6,02; mediana 73,84%), em relação a natureza das violências a negligência apresentouum percentual médio 35,31 ± 3,64 %, sendo a mediana igual a 37,10. Em relação à violência psicológica é possível verificar que o seu padrão de ocorrência se manteve no período avaliado ( média = 27,69 ± 0,96 %). Considerações Finais: O estudo mostra o crescimento do registro da violência e confirma a existência de vária formas de violência familiar contra a pessoa idosa. O tipo de denúncia mais frequente de maus-tratos na família brasileira foi a negligência isso sugere a falta de informação e de capacitação adequada da família para o cuidado do idoso e a importância do fortalecimento de vínculos para os idosos e para a família. A opção pelas agressões não representa uma maneira correta de se relacionar e sim de afastamento. Palavras-chave: Idosos. Violência. Vítimas. Denúncia. Disque 100. ABSTRACT TAVEIRA, L. M. Profile of violence against the elderly population registered in the Human Rights Call in the period 2011-2015 in Brazil. Dissertation (Master in Gerontology) - Catholic University of Brasília, Brasília, 2016 Introduction: Gerontology needs to accompany the process of human aging in the biological and social spheres as a strategy to improve the services offered in the two segments and in this way, there is a need to understand and make visible the description of the profile of the reports of violence committed against The old person registered in the Dial 100, in the period between 2011 to 2015. This dissertation was elaborated in the Scandinavian model so, we have the literature review and objectives in the beginning and next we present the scientific article with the methodology, result and conclusion. Objective: To analyze the violence profile against the elderly in Brazil based on the denunciations registered in “Disque 100”, in order to describe victim´s socio-demographic aspects, to identify the violence incidence by Brazilian geographic region and the kind of link between the suspected aggressor and the sufferer, as well to demonstrate the type of violence prevalent among denunciations Methodology: This is a descriptive, retrospective, exploratory, cross-sectional and quantitative approach. The research was developed based on data contained in a computerized database of Human Rights Secretariat of the Brazilian Republic Presidency. Results: Regarding the socio-demographic profile of the sample evaluated, the highest percentage of the victims were females (mean = 64.32 ± 2.19%, median = 64.1), aged 76-80 years ( Mean = 18.22 ± 0.62%, median = 18.5%) and most of the reports has been refered to white victims (35.96 ± 15.01%, median = 34%). The research identified that the incidence of violence by Brazilian geographic regions was higher in the Southeast (42.2%), followed by Northeast (28.4%), South (14%), Central West (8.4%) and North (6.7%). It has been observed that the grown-up children are the main suspects of committing aggression, corresponding to the highest percentage of complaints observed in all evaluated years (mean = 51.76 ± 1.19%, median = 51.55%). After them, the grandchildren rank second position asf suspects. Regarding the violent act location, the analyzed data indicate that the highest percentage of violence occurs at the victim's house (mean = 72.47 ± 6.02, median 73.84%); regarding the violence nature it has been observed that negligence presented the highest number with an average percentage of 35.31 ± 3.64%, with the median being 37.10. In relation to psychological violence it is possible to verify that its pattern of occurrence remained the same in the evaluated period (mean = 27.69 ± 0.96%). Final Considerations: The study shows the growth in the record of violence and confirms the existence of various forms of family violence against the elderly. The most frequent type of complaint of ill-treatment in the Brazilian family was negligence, which suggests the lack of information and adequate training of the family for the elderly care and the importance of strengthening family ties between elderly and their family members. The aggression choice is not a correct way of building relation, instead it builds distance. Keywords: Elderly. Violence. Victims. Denunciation. Dial 100. LISTA DE SIGLAS ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência ACOVE – Assessing Care of Vulnerable Elders AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida AMS – Assembleia Mundial de Saúde CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CE - Ceará CE – Comissão Europeia CECRIA- Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CREAS – Centro de referência Especializado de Assistência Social DONDH – Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos DD – Disque Denúncia DDH – Disque Direitos Humanos DF – Distrito Federal DP – Defensoria Pública ESF – Estratégia de Saúde da Família EI – Estatuto do Idoso EUA – Estados Unidos da América GF – Governo Federal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social ISCB – Índice de Vulnerabilidade à Saúde LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais LOAS – Lei Orgânica Social MG – Minas Gerais MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios NEPAV – Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violências OMS – Organização Mundial de Saúde ONU – Organização das Nações Unidas PNI – Política Nacional do Idoso PR – Presidência da República SDC – Secretaria dos Direitos da Cidadania SDH – Secretaria de Direitos Humanos SEDH – Secretaria de Estado dos Direitos Humanos SNDC – Secretaria Nacional dos Direito da Cidadania SNDH – Secretaria Nacional dos Direitos Humanos TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios UCB – Universidade Católica de Brasília WHA – World Health Assembly WHO – World Health Organization SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 14 2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO MUNDO ............................ 14 2.2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL............................... 15 2.3 A VULNERABILIDADE DA PESSOA IDOSA ............................................. 16 2.3.1 Vulnerabilidade ........................................................................................ 16 2.3.2 Vulnerabilidade e o idoso ......................................................................... 17 2.4 VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS .............................................................. 23 2.4.1 Violência ................................................................................................... 23 2.4.2 Tipos de violência ..................................................................................... 24 2.5 REGISTRO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL .................................................... 25 2.5.1 A História do Disque 100 ......................................................................... 26 2.5.2 Pesquisas sobre violência contra o idoso .................................................. 26 3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 29 3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 29 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 29 PARTE II - ARTIGO PRODUZIDO PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE 100, NO PERÍODO DE 2011 A 2015, BRASIL ................................................................... 30 4 CONCLUSÃO....................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA DISSERTAÇÃO ...................................... 52 ANEXO A ................................................................................................................................ 57 ANEXO B ................................................................................................................................ 58 ANEXO C ................................................................................................................................ 59 ANEXO D ................................................................................................................................ 60 12 1 INTRODUÇÃO A violência contra as pessoas idosas representa uma violação grave dos direitos humanos (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2002), e ocasiona custos elevados (WHO, 2004), de natureza social, individual ou econômica, sejam os sujeitos vítimas de violência ou meras testemunhas (KRUG et.al., 2002). O aumento da violência nas suas diferentes formas tem sido reconhecido por várias organizações internacionais como um dos mais graves “problemas de saúde pública” no emergir do século XXI. A maioria destas organizações tem, assim, dado prioridade ao fenômeno nas suas agendas políticas, entre elas a Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO), a Comissão Europeia (CE) e a Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1996 este reconhecimento é expresso nas intenções e recomendações produzidas na sequência da 49ª Assembleia Mundial de Saúde, sob a epígrafe “Prevention of violence: a public health priority” (WHO, 1996). Em 2002, no relatório mundial sobre a violência e a saúde, a OMS conclui: “A violência constitui um dos principais problemas de saúde pública no mundo” e é importante “fazer da violência uma prioridade de investigação na saúde pública” (WHO, 2002, p. xv). Deste modo, a OMS reconheceu a necessidade de desenhar uma estratégia global para a prevenção dos maus-tratos às pessoas idosas, na qual foram definidas três grandes áreas: negligência (isolamento, abandono e exclusão social), violação de direitos (humanos, legais e médicos) e privação de direitos (tomada de decisões, situação social, gestão econômica e de respeito) (WHO, 2002). A problemática da violência contra as pessoas idosas ganha maior visibilidade social também pelo envelhecimento demográfico que carateriza a sociedade atual. O número de indivíduos com idade superior a 65 anos tem vindo a aumentar na generalidade dos países e na Europa em particular. De acordo com a OMS (WHO, 2008), entre 2006 e 2050, a população idosa corresponderá a cerca de 22% da população mundial e 20% desta terá uma idade superior a 80 anos. Neste contexto é necessário que as sociedades se adequem a um perfil demográfico diferente, com múltiplas necessidades, em que emerge a vulnerabilidade associada ao envelhecimento e à necessidade de criar dispositivos capazes de defender e proteger as populações mais velhas e mais frágeis. Diante da conjuntura social, da subjetividade e das mudanças da expectativa de vida da população idosa, pontua-se a relevância do tema aqui abordado, o qual se baseia em dados 13 obtidos junto à Secretaria de Direitos Humanos (SDH), pelo canal de denúncia de sua ouvidoria, o Disque 100. Este departamento, que tem a alçada de receber, examinar e encaminhar denúncias e reclamações, além de orientar e adotar providências para o tratamento dos casos de violação de direitos humanos, pode atuar por meio de ofício e atuar em articulação com outros órgãos públicos e outras organizações da sociedade. As denúncias podem ser anônimas e é garantido o sigilo da fonte das informações (BRASIL, 2013). Esta pesquisa se justifica considerando que a Gerontologia necessita acompanhar o processo do envelhecimento humano na esfera biológica e social como estratégia de aprimorar os serviços ofertados nos dois segmentos desta forma, existe a necessidade de se compreender e de tornar visível a descrição do perfil das denúncias de violência cometida contra a pessoa idosa registradas no Disque 100, no período compreendido entre 2011 a 2015. A presente dissertação foi estruturada no modelo escandinavo, que prevê a produção de artigo científico para submissão e publicação. Seguindo este modelo, na parte I abordamos o enquadramento teórico, ou seja, abordamos o envelhecimento no Brasil e no mundo, seguido do conceito de vulnerabilidade e a violência contra o idoso e finalizamos este capítulo apresentando as pesquisas recentes no mundo e no Brasil sobre a violência contra o idoso. A parte II trata do enquadramento metodológico da pesquisa. Na parte III apresentamos o artigo a ser encaminhado para a Revista Brasileira de Epidemiologia. 14 PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO MUNDO Estima-se que nos próximos 40 anos o grupo de pessoas com 60 anos ou mais será três vezes maior que o atual, o que corresponde a um quinto da população total do planeta (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, 2010). Ainda que o aumento da expectativa de vida seja uma conquista importante, o mero aumento da longevidade, sem qualidade de vida, é um prêmio vazio. Em outras palavras, considera-se que a expectativa de saúde seja mais importante do que a expectativa de vida, sendo que o idoso deverá gozar tanto de saúde física quanto psicológica (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS, 2010). Diante disso, em vários países foram surgindo iniciativas no sentido de refletir sobre o envelhecimento populacional e se preparar para lidar com esta nova realidade. A 1ª Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento ocorreu em 1982 e pode ser considerada um primeiro passo na luta pela garantia dos direitos da população idosa. Em abril de 2002 foi realizada a 2ª Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, cuja importância foi promover a adoção da Declaração Política e do Plano Internacional sobre o Envelhecimento. Estes documentos enfatizaram a necessidade de mudanças de atitude, políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as enormes potencialidades dos idosos no século XXI. Neste contexto, destaca-se a necessidade de inclusão do idoso na vida cultural, social, econômica e política (ONU, 2010). Atualmente, o envelhecimento populacional é frequentemente associado a países desenvolvidos, como Japão, Itália e Alemanha. Entretanto, de acordo com os dados da OMS, os países em desenvolvimento, como Índia, China e Brasil, são os que concentram 70% das pessoas com mais de 60 anos (WHO, 2002). Embora possamos constatar, a partir das estatísticas das novas tendências mundiais nacionais sobre o envelhecimento, ainda é grande a desinformação sobre suas particularidades. De fato, admite-se que não seja possível dizer com certeza como as pessoas vão reagir ao envelhecimento, assim como existe uma dificuldade para categorizar o envelhecimento, visto que não é um estado, mas um constante e sempre inacabado processo 15 de subjetivação. Pode-se dizer que não existe um “ser velho”, mas um “ser envelhecendo” (GOLDFARB, 1998). A velhice é o estado final do desenvolvimento que todo indivíduo sadio e que não sofreu acidentes vai atingir. De modo geral, consideram-se como aspectos universais do envelhecimento aqueles que todas as pessoas compartilham em certa extensão, como a pele enrugada, os cabelos brancos, as mudanças corporais etc. Estas mudanças são graduais e contínuas, de modo que qualquer método de medida será arbitrário, pois, com o passar dos anos, as características físicas e mentais vão mudando e seria difícil indicar exatamente o momento em que algum limiar foi claramente transposto (STUART-HAMILTON, 2002). 2.2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL O envelhecimento dapopulação brasileira não é um fenômeno isolado, pois se trata de um fenômeno mundial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), a população brasileira é de mais de 200.000.000 milhões de pessoas, sendo que 51%, o equivalente a 97 milhões, são mulheres e 49%, o equivalente a 93 milhões, são homens. O contingente de pessoas idosas é de 20.590.599 milhões, ou seja, aproximadamente 10,8 % da população total. Lembrando que pessoa idosa é aquela que possui 60 anos ou mais, de acordo com a Política Nacional do Idoso (PNI) e o Estatuto do Idoso (EI). Daquele contingente, 55,5% (11.434.487) são mulheres e 44,5% (9.156.112) são homens. Esta população irá quadruplicar até 2060 representando 26,7% da população brasileira total. No ano de 2002, por meio do levantamento dos dados apresentados no Censo Demográfico de 2000, dados também do IBGE (2013), a estimativa para os próximos vinte anos é a de que a população idosa represente cerca de 15,5% da população nacional. Segundo as projeções da OMS (2010) para o Brasil, daqui a 15-20 anos, a população idosa será de 32 a 35 milhões de pessoas, e o Brasil será o sexto país do mundo em população idosa em 2025. Dentro desse segmento populacional, os indivíduos com 80 anos ou mais são a parcela da população que mais cresce. 16 2.3 A VULNERABILIDADE DA PESSOA IDOSA 2.3.1 Vulnerabilidade De acordo com o dicionário Houaiss e Villar (2009, p. 1961), vulnerabilidade é a “qualidade ou estado do que é ou se encontra vulnerável”. Etiologicamente, o termo vulnerabilidade vem do latim vulnerare = ferir e vulnerabilis = que causa lesão (BARCHIFONTAINE, 2007), podendo ser definido como susceptibilidade de ser ferido, atacado, prejudicado, derrotado ou ofendido ou ainda como a capacidade de um indivíduo ou sistema sofrer dano em resposta a um estímulo. Assim considerando, todo ser humano estaria vulnerável (BARCHIFONTAINE, 2007; GALEA, 2005; NEVES, 2006; NEVES, 2007). Segundo Lima (2006), ao longo do tempo o homem se organizou em sociedade com o objetivo de tentar dominar suas maiores vulnerabilidades, como fome, frio e doenças, portanto estar vivo é estar em perigo, susceptível a sofrer danos, consequentemente, vulnerável. Assim, as culturas e as estruturas sociais e políticas foram desenvolvidas para combater a vulnerabilidade e a exploração. As diferenças existentes podem refletir prioridades em termos de riscos percebidos e da proteção preferida contra a vulnerabilidade (BARCHIFONTAINE, 2007). Primeiramente, o conceito de vulnerabilidade foi empregado na área dos Direitos Humanos para designar indivíduos ou grupos fragilizados jurídica ou politicamente, para promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania (LIMA,2006). Portanto, por ser um evento complexo, a vulnerabilidade deve ser observada de maneira holística a fim de que seja tratada de acordo com a sua exposição, sua ameaça, suas estratégias de enfrentamento e seus resultados, tomando em consideração que esses riscos podem estar diretamente ligados a fatores socioculturais, políticos, ambientais e individuais (JUNGES, 2014). Atender a pessoa vulnerável significa assegurar-lhe proteção de vida para além da proteção de sua integridade moral, dignidade humana e autonomia (JUNGES, 2014). De acordo com Junges (2007), a vulnerabilidade no ser humano assume diferentes formas e dimensões. a. Vulnerabilidade biológica, na qual o ser humano, enquanto ser vivo, é continuamente desequilibrado por elementos biologicamente desestruturantes, necessitando de autopoiese e auto-organização; 17 b. Vulnerabilidade psicológica, dependente de como foi construída a psique da pessoa com base em suas experiências afetivas e imaginativas; c. Vulnerabilidade espiritual, que utiliza recursos simbólicos no auxílio do enfrentamento dos desafios e para transcender os limites impostos pela realidade; d. Vulnerabilidade cultural, social e ambiental, produzidas pelo entorno sociocultural. A área da saúde tem utilizado o conceito de vulnerabilidade desenvolvido por Mann e Tarantola (1996), a partir dos trabalhos realizados principalmente na análise de aids. Nessa perspectiva o termo vulnerabilidade designa “grupos ou indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania” (Mann, Taranto, 1996). Segundo Zoboli (2007), a vulnerabilidade antecede ao risco e determina os diferentes riscos de infectar, adoecer e morrer, portanto, após o surgimento da epidemia de AIDS, pesquisadores e profissionais de saúde passaram a repensar o conceito de risco e avançar nas discussões sobre vulnerabilidade. Rogers (1997) propôs um modelo analítico-conceitual que amplia o sentido da vulnerabilidade para além de identificação dos componentes individuais e sociais, referindo alguns grupos mais vulneráveis ao adoecimento e à morte, tais como os jovens, os idosos, as mulheres, as minorias raciais e aqueles com baixo ou nenhum suporte social, educação, renda e/ou trabalho ( ZOBOLI, 2007). 2.3.2 Vulnerabilidade e o idoso A vulnerabilidade é considerada como sendo uma interação de riscos complexos que venham causar ameaças que podem ou não se concretizar ao longo do tempo, e isso vai depender da presença ou não do reflexo de defesa do indivíduo (JUNGES, 2014). O envelhecimento contribui para o aparecimento, o aumento e o risco do desenvolvimento de vulnerabilidades de natureza biológica, socioeconômica e psicossocial devido ao declínio biológico advindo de senescência, o que, por sua vez, interage com outros fatores, como baixo nível de educação, renda e saúde. O envelhecimento traz consigo as dificuldades diversas, principalmente no que diz respeito ao adoecimento e às dificuldades ao acesso de recursos de proteção disponibilizados pela sociedade (MENEZES, 2012). De acordo com Simões (2010), o ser humano é vulnerável, porém, diferente de outros 18 seres vivos, pode conscientizar-se dessa vulnerabilidade, pensar sobre ela e desenvolver referências culturais para contestá-la ou integrá-la. A dimensão biológica, por exemplo, é visivelmente acompanhada por modificações corporais e internamente pela gradual diminuição da autopoiese até a perda definitiva dessa capacidade, desencadeando sua morte. Contudo o ser humano não pode ser visto apenas pelo aspecto biológico, mas, como a expressão de si mesmo, sendo necessário trabalhar a consciência corporal com base nas mudanças próprias do processo de envelhecimento, para garantir uma longevidade mais saudável, adequada adesão às medidas preventivas e aos tratamentos específicos (SIMÕES, 2010; JUNGES, 2006). A dimensão psíquica envolve suas experiências afetivas e imaginárias que vão construindo a psique, incluindo elementos conscientes e inconscientes. No idoso, a vivência interior pode ser mais intensa, em decorrência de uma quantidade menor de atividades do dia a dia, possibilitando a manifestação de sentimentos, recordações e menor preocupação com o controle de exposição de sua interioridade. Deve-se considerar que pode haver um isolamento social entre os idosos que moram só como também uma perda da privacidade pela necessidade de ajuda para realização de atividades de vida diária ( SIMÕES, 2010). Além das dimensões biológicas e psíquica, a dimensão espiritual caracteriza o ser humano, que se concentra na busca do significado para seu agir e para a busca de autorrealização e felicidade. Para os idosos, a busca de sentido para sua existência torna-se um desafio diante das manifestações de vulnerabilidade e de perspectiva da morte. Segundo Maia (2012), o conceito de vulnerabilidade se relaciona com a questão do funcionamento biológico que, quando está desequilibrado, pode acarretar no mau funcionamento de condições psicológicas e emocionais, dentre outras, que, geralmente, podem ser amenizadasatravés do espiritualismo e dos vínculos afetivos com os demais indivíduos. Ao relacionar vulnerabilidade e envelhecimento, encontram-se condições pertinentes de aplicabilidade. Ao se levar em conta a doença do idoso, como resultante de comportamentos de saúde inadequados ao longo da vida, e as diferenças existentes nesta faixa etária, como influenciadas apenas pelas condições biológicas e comportamentais, está se tachando quase que, exclusivamente, ao indivíduo a responsabilidade por sua condição. Abdica-se, assim, que aspectos coletivos e contextuais possam influenciar o processo de envelhecimento, resultando na adoção de estratégias pouco efetivas de prevenção e promoção de saúde. 19 Quando relacionamos vulnerabilidade e violência, os idosos podem ser vistos como populações vulneráveis, pois são alvos fáceis para atos de violência de todos os tipos, seja por sua fragilidade e dependência, seja por não serem considerados testemunhas confiáveis para denunciar os casos de abuso e maus-tratos, ou por conta da cultura excludente a que são submetidos. (LACK, 2006). Para a sociedade e para os próprios familiares, o idoso se torna inútil a partir do momento que deixa de ser produtivo financeiramente e passa a ser considerado uma carga sem uso e, com isso, são excluídos diariamente do convívio familiar, social, financeiro e de tudo aquilo que eram acostumados a fazer durante a juventude (CARTELLETI et. al, 2012). O cuidado com os idosos requer uma atenção diferente, e quando é possível a colaboração de familiares e amigos o processo se torna mais acessível e o idoso consegue se adaptar melhor, pois se sente amado e cuidado por todos e entende que tudo está sendo feito para um envelhecimento melhor e mais confortável, porém nem sempre os familiares estão presentes e isso torna o idoso uma pessoa amarga e de difícil convívio (SILVIA, 2013). De acordo com Antonucci (2015), o grupo de idosos mais propensos a viverem sozinhos e isolados são os mais longevos acima de 80 anos de idade e geralmente são abandonados pois enfrentam um processo contínuo de vulnerabilidade devido às incapacidades e necessidades de apoio social. Portanto é importante que o idoso tenha autonomia e se sinta útil dentro do núcleo familiar, pois essa atividade promove o seu bem-estar e a sua saúde e faz com que o ele busque alternativas de enfrentamento da velhice com os melhores recursos possíveis, deixando de viver a terceira idade dependendo de terceiros (ANTONUCCI, 2015). Idosos expostos à situações de vulnerabilidade têm sua capacidade de autodeterminação reduzida, podendo apresentar dificuldades para proteger seus próprios interesses devido ao déficit de poder, inteligência, educação, recursos ou força (BARCHIFONTAINE, 2014; NEVES, 2012). A prevalência da vulnerabilidade na velhice está mais presente nas mulheres e, embora sejam mais longevas, são as mais afetadas pelo deéficit cognitivo, pelas doenças crônicas, pela incapacidade física e emocional (JUNG, 2014; NERI, 2013) e nesse sentido o apoio que o indivíduo da terceira idade recebe do meio social irá facilitar a adaptação do idoso à sua nova realidade (BRASIL, 2011; GUEDEA, 2013; BERG, 2014). Os serviços de saúde são essenciais na velhice, haja vista que estão vulneráveis em diversos fatores e, diante disso, esse acompanhamento auxilia na adaptação dos idosos no que diz respeito ao controle das doenças, déficit físicos e cognitivos interligados com o 20 envelhecimento (BERG et al, 2014; MARTIN, 2014). Os autores Paz et al ( 2006 ) também utilizaram as dimensões de vulnerabilidade para contextuar o idoso e os recursos de saúde no Brasil. Sugerem que a utilização do conceito de vulnerabilidade possibilita a mobilização de profissionais e da população civil, através de utilização de processos educativos construtivistas para as transformações sociais embasadas nas relações intersetoriais e na ação comunicativa entre os sujeitos, possibilitando uma reconstrução ampliada e reflexiva. Nos Estados Unidos da América (EUA) foi desenvolvido o Assessing Care of Vulnerable Elders (ACOVE), com o principal objetivo de desenvolver instrumentos para avaliar a qualidade dos cuidados oferecidos para os idosos vulneráveis. Um painel de especialistas buscando verificar as condições clínicas dos idosos vulneráveis identificou as situações mais prevalentes entre os idosos que contribuem para a morbidade, a mortalidade e o declínio funcional que podem ser mensurados e para os quais existem alguns métodos eficazes de tratamento e prevenção. De acordo com os critérios, foram selecionados 22 condições, que incluem doenças, síndromes, deficiências fisiológicas e situações clínicas. Para cada uma delas, foi desenvolvido um conjunto de indicadores de qualidade, baseados na revisão de literatura médica estruturante e na opinião de especialistas. Foram totalizados 236 indicadores abrangendo quatro domínios: prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento (RAND CORPORATION, 2010). Os autores concluíram que, em média, os idosos vulneráveis recebem cerca de metade dos cuidados recomendados para condições associadas ao envelhecimento, os idosos que apresentavam dificuldade para locomoção, déficit cognitivo e incontinência urinária receberam menos de um terço dos cuidados recomendados. Ainda conforme o estudo citado, os idosos que receberam “melhores” cuidados apresentaram maior probabilidade de sobrevida em três anos quando comparados com aqueles que receberam cuidados mais “pobres”. A qualidade do atendimento não foi influenciada pela idade, pelo sexo ou pelo grau de vulnerabilidade (RAND CORPORATION, 2010). Em um estudo com idosos canadenses sobre vulnerabilidade social, fragilidade e mortalidade, os autores Andrew et al (2011) verificaram altos índices de vulnerabilidade social em idosos frágeis e também associação com altas taxas de mortalidade, independente da presença de fragilidade e defendem que os serviços de saúde deveriam estar atentos aos fatores sociais que integram o cuidado ao idoso. Outro estudo, realizado por Pavarini et al (2011), sobre família e vulnerabilidade social, utilizando IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, com octogenários portadores de 21 alterações cognitivas, constatou que a maioria dos idosos residia com a família e que era menor a presença de idosos octogenários em residências com alta vulnerabilidade social quando comparados aos ambientes de média e muito baixa vulnerabilidade social. Inouye et al (2010) realizaram uma pesquisa sobre a percepção de qualidade de vida e de suporte familiar entre idosos, segundo o nível de vulnerabilidade social, medido pelo IPVS, e constataram que, à medida que o nível de vulnerabilidade social aumenta, diminuem os escores medianos de percepção de suporte familiar e qualidade de vida. Braga et al (2010) realizaram uma pesquisa com idosos residentes em Belo Horizonte (MG), utilizando o Índice de Vulnerabilidade à Saúde (ISCB), e constataram associações estatisticamente significantes entre o estrato de risco da área de residência e a demanda por serviços médicos e sociais, ou seja, a demanda por serviços será maior entre os intraurbanos com índice de vulnerabilidade mais alto. Comportamentos em saúde como atividade física e consumo de hortaliças, legumes e frutas apresentaram prevalências mais baixas em áreas de maior vulnerabilidade. Também comprovaram associação positiva entre os escores de ambiente social, ambiente físico, comportamentos em saúde, condições de saúde e estrato de risco das áreas de residência. Um outro fator que contribui para o aumento da vulnerabilidade durante o envelhecimento é a queda, e esta, por sua vez, está ligada à debilidade funcional relacionada às modificações anatômicas desenvolvidas nessa fase e, também, às diversas patologias. As quedas estão associadas, principalmente, às alteraçõesanatômicas e funcionais, pois nessa fase os idosos passam a ter alterações relevantes na composição e na forma do corpo, como exemplo disso, cita-se a diminuição da estatura, a distribuição centrípeta da gordura corporal, a perda de massa muscular, a diminuição da massa óssea e o declínio nas aptidões psicomotoras, que, em conjunto, podem provocar a instabilidade postural ou a incapacidade de manutenção do equilíbrio, em situações de sobrecarga funcional (NETTO et.al. , 2012). As quedas contam com fatores significativos, sendo eles: intrínsecos, que são os decorrentes das alterações relacionadas ao processo de envelhecimento, às doenças e aos efeitos causados pelo uso de fármacos; e extrínsecos, aqueles que dependem de circunstâncias sociais e ambientais, criando um desafio aos idosos (FABRÍCIO, 2012). Envelhecer sem incapacidades e preservando a autonomia é fator para a manutenção da boa qualidade de vida (FARO, 2012), porém quando há o histórico de queda é notável as perdas da autonomia e independência do idoso, mesmo que por tempo limitado e em consequência disso aparecem as fraturas, a imobilidade, a restrição de atividades, o aumento do risco de institucionalização, o declínio da saúde, os prejuízos psicológicos, como o medo 22 de sofrer novas quedas, e, também, o risco de morte, além do aumento dos custos com os cuidados de saúde e prejuízos sociais relacionados à família. Um idoso dependente mudará a dinâmica familiar, e terá dificuldade de interação com a comunidade na qual está inserido (PERRACINI, 2013). Os autores Rocha et al (2010) avaliaram a vulnerabilidade de idosos hospitalizados por quedas com fraturas de quadril, considerando as três dimensões da vulnerabilidade propostas por Ayres et al (2001): individual, social e programática. Contataram que os idosos apresentaram elevada vulnerabilidade individual, social e programática para sofrerem quedas seguidas de fratura de quadril e sugerem que a utilização do conceito de vulnerabilidade permite uma visão mais ampla sobre o problema das quedas, tema relevante para os idosos. Sthal et al (2010) realizaram um estudo especificando os idosos hospitalizados, conforme a vulnerabilidade social e programática e ressaltaram a necessidade do cuidado integralizado em sua assistência com ênfase na abordagem centrada na pessoa e não na doença. A baixa escolaridade, a dificuldade de acesso a serviços de saúde e a tendência ao isolamento social foram relacionadas como vulnerabilidade social. Ao componente programático e institucional foi evidenciado o despreparo para o cuidado do idoso após a alta hospitalar, tanto por profissionais, como por leigos ou pela ausência de serviços de saúde para o atendimento dessa demanda específica. De acordo com Naik et la (2010), em seu estudo com o objetivo de descrever as percepções dos profissionais de saúde sobre a vulnerabilidade entre os idosos institucionalizados e a auto percepção dos mesmos sobre essa questão, concluíram que os profissionais descreveram que a vulnerabilidade era composta por domínios distintos, que foram classificados em quatro temas: incapacidade de realizar atividades de vida diária, ausência de suporte social, fatores sociais e demográficos (sexo, etnia e falta de adaptação cultural) e condições neuropsiquiátricas, como depressão e demência. Porém, ao avaliar os idosos como vulneráveis, os profissionais abordam as habilidades cognitivas comprometidas por doenças como a demência, a dificuldade no processo de tomada de decisões e a capacidade de planejar adequadamente a execução de suas atividades cotidianas e realizá-las com segurança. Os autores sugerem que a avaliação da vulnerabilidade seja realizada rotineiramente por profissionais e serviços de saúde na atenção primária para asseverar que o idoso continue apto para planejar sua vida de forma segura e independente. Neste contexto, o idoso pode apresentar-se vulnerável e fragilizado, sendo um alvo fácil para a prática de abuso e violência. 23 2.4 VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS 2.4.1 Violência Gondim e Costa (2006) atribuem ao estilo de vida individualista e competitivo incentivados após a revolução industrial o cresimento da fragilidade e da agressividade das pessoas. Sob a ótica de Arendt (1985), é no processo relacional e de poder que a violência se insere na dinâmica social dos sujeitos. Está presente em toda a diversidade populacional sendo um fenômeno social universal (MINAYO, 2005). Também no sentido do poder, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996) define a violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Para Dahlberg e Krug (2006), os termos poder e ameça ampliam o conceito de violência e abarcam maiores possibilidades de resultados. Muitas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos, por exemplo, podem resultar em problemas físicos, psicológicos e sociais que não representam necessariamente ferimentos, incapacidade ou morte. Tais consequências podem ser imediatas ou latentes e durar por anos após o ato abusivo inicial. Assim, definir as conseqüuências somente em termos de ferimento ou morte limita a compreensão total da violência em indivíduos, nas comunidades e na sociedade em geral. Diante da realidade do envelhecimento populacional, da problemática dos maus-tratos e da violência contra idosos emerge como um sintoma do despreparo para lidar com este fenômeno ainda recente. Maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975, em revistas científicas britânicas que foram identificados como“espancamento de avós”. No Brasil, esta questão começou a ganhar visibilidade a partir da década de 1990 (BRASIL, 2005). Com base em algumas estatísticas oficiais, pode-se considerar que a violência contra os idosos é intensa, disseminada e presente na sociedade brasileira: no ano 2000, morreram 13.436 idosos por acidentes e violências no país, o que significa que houve cerca de 37 óbitos por dia. Destes casos, 8.884 (66,12%) eram homens e 4.552(33,87%) eram mulheres, 24 confirmando que também na velhice o padrão brasileiro e internacional evidencia maior risco de mortalidade por causas violentas para as pessoas do sexo masculino (BRASIL, 2005). Nesse sentido, os maus-tratos contra a pessoa idosa são “qualquer ato único ou repetido ou falta de ação apropriada que ocorra em qualquer relação supostamente de confiança que cause dano ou angústia a uma pessoa” (FALEIROS, 2007, p. 30). Os termos “violência”, “abuso” e “maus-tratos” necessariamente não possuem o mesmo significado.pois existem várias discussões teóricas sobre o assunto, pois cada um deles traz consigo uma carga ideológica e histórica específica.Os maus-tratos contra idoso são frequenrtemente denominados como violência e abuso, porém nesta pesquisa os termos seram usados como sinônimos. 2.4.2 Tipos de violência Segundo Minayo (2005), a violência contra idosos se manifesta em três dimensões: 1- estrutural: aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação; 2- interpessoal: que se refere às interações e relações cotidianas e; 3- institucional: que diz respeito à aplicação ou à omissão na gestão das políticas sociais e pelas instituições de assistência à pessoa idosa. De acordo com a OMS (2002), temos as seguintes definições em relação aos tipos de violência: - Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física: são expressões que se referem ao uso da força física para compelir os idosos a fazer o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte. - Abuso psicológico, violência psicológica ou maus-tratos psicológicos: correspondem aagressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, discriminá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social. - Abuso sexual, violência sexual: são termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. - Abandono: é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. 25 - Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. Ela se manifesta frequentemente associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade. - Abuso financeiro e econômico: consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. - Auto-negligência: que diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesmos. Entretanto, Faleiros (2007) faz referencia a três grandes dimensões: a violência sociopolítica como a “violência falada” com dimensão na: “ relação de poder e força para impor ao outro a acessão de bens ou submetê-lo à vontades e interesses e desejos de pessoas ou grupos, em geral, desconhecidos da vítima, ou ainda com relações próximas dos preconceitos, de negação da personalidade individual ou da identidade da pessoa idosa”, a violência institucional: “relação de poder que infringe direitos reconhecidos e garantias civilizatórias de respeito nas relações profissionais e técnicas no âmbito de uma organização privada ou pública de prestação de serviço, ferindo, inclusive, o disposto no estatuto do idoso” e a violência intrafamiliar, mecionada como a “violência calada”, dimensionada predominantemente por; violência física, violência psicológica, negligencia e abandono, violência financeira e violência sexual. Pode ser múltipla e associada com as demais formas de violação, sofrida em silêncio muitas vezes, praticada por filhos, filhas, conjugue, netos, netas, irmãos, irmãs ou parentes e vizinhos próximos, conhecidos da vítima” (FALEIROS, 2007, p.43). Diante da realidade do envelhecimento populacional, a problemática dos maus-tratos e da violência contra os idosos emerge como um sintoma do despreparo para lidar com este fenômeno ainda recente. Maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975, em revistas científicas britânicas identificadas como “espancamento de avós”. No Brasil, esta questão começou a ganhar visibilidade a partir da década de 1990 (BRASIL, 2005). 2.5 REGISTRO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL A violência no Brasil pode ser registrada em vários locais como Ministério Público, Conselhos Estaduais, Municipais e Nacional do Idoso, nas delegacias de polícia, em casos mais graves no Instituto Médico Legal como também na área da saúde desde as unidades 26 básicas como: saúde da família, centros de saúde até as unidades hospitalares. O Disque 100, é mais um canal de denúncia que por ser realizada por meio eletrônico como e-mail e por telefone pode apresentar uma série de incosnsistencias em virtude de trotes. 2.5.1 A História do Disque 100 O Disque Denúncia (DD) foi criado em 1997 por organizações não governamentais que atuavam na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes. com o objetivo de acolher denúncias de qualquer modalidade de violência contra crianças e adolescentes, crimes de tráfico de pessoas e desaparecimento de crianças. (BRASIL, 2015). Em 2003 passou a ser de responsabilidade do Governo Federal no mesmo ano foi craida Secretaria dos Direitos Humanos, pela Lei nº 10.683, de 28 de Maio de 2003, sendo o órgão da Presidência da República que trata da articulação e implementação de políticas públicas voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos, responsáveis pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção aos Direitos Humanos no Brasil. (BRASIL, 2015). Em 2006, o Disque Denúncia foi reformulado passa então a ser denominado Disque 100 – Disque Direitos Humanos (DDH) amplia seu atendimento a todos os grupos em situação de vulnerabilidade social, dentre estes grupos a violência contra a pessoa idosa, além de revisar, analisar fazer encaminhamentos dessas denuncias diretamente aos órgãos competentes. Disque 100 que deixou de ser apenas um canal de denúncia, passou a articular, a partir de casos concretos, uma rede de retaguarda de serviços e parceiros em todo o país. O Serviço Disque 100, funciona diariamente 24h, inclusive finais de semana e feriados, recebendo denúncias anônimas e garantindo o sigilo, de todo o país, As denúncias podem ser feitas através de ligação gratuita para o número 100. Além das ligações, o serviço também recebe denúncias encaminhadas para o endereço eletrônico: disquedenuncia@sedh.gov.br. 2.5.2 Pesquisas sobre violência contra o idoso A partir da década de 1990, foi implementado Políticas Públicas em diversos países como também no Brasil, com o objetivo de alertar e dar visibilidade a questão da violência contra a pessoa idosa , como também criar meios de enfrentamento para o relevante problema. mailto:disquedenuncia@sedh.gov.br 27 Pesquisa realizada no Distrito Federal em diferentes fontes de denúncias de violência contra a pessoa idosa , mostra que as principais vítimas são mulheres, os principais agressores da violência intrafamiliar são filhos e filhas e os tipos de violência que mais se manisfetam são: violência psicológica, física, financeira, de abandono e negligência (FALEIROS, 2007). Em estudo realizado com profissionais da atenção básica, no Brasil, com relação aos maus-tratos contra idosos, foram identificadas algumas características comuns de situação de vulnerabilidade e violência: idoso com privação do uso de seus recursos financeiros em benefício de seus familiares, como, por exemplo, a utilização da aposentadoria do idoso para sustento da família como também idoso proprietário de imóveis que são removidos de suas casas, sendo, posteriormente colocados em um cômodo com menos conforto ou apartados da casa principal ( WANDERBROOKE, 2012). Na pesquisa publicada por Oliveira et al. (2012), utilizando como fonte o banco de dados da Polícia Civil do Distrito Federal-DF, encontrou-se que 3,84% de todos os idosos residentes no DF registraram junto às delegacias de polícia algum tipo de violência em domicílio. As vítimas são, predominantemente, casadas e do sexo masculino. Quanto aos agressores, 3.033 (62,81%) são pessoas sem parentesco com a vítima. No entanto, 655 (13,56%) agressões foram cometidas por filho; 434 (8,99%), por pessoas de parentesco civil; 219 (4,54%), pelo marido/companheiro; por último, netos e netas, 21 (0,43%). Quanto à natureza dos maus-tratos, a natureza psicológica apresentou o maior número de ocorrências, com 2.704 (55,24%). A violência física vem em seguida, com 2.043 (41,73%), seguem-se negligência com 75 (1,52%) e sexual com 12 (0,24%). Conforme Soares et al (2015), a pesquisa realizada no município de Aracaju apresentou um crescimento populacional de 60,3% de pessoas maiores de 60 anos. Essa população de idosos vem sofrendo com a violência cometida contra ela, em que foram registradas 120 notificações pelos serviços de saúde de Aracaju durante o período 2011 a 2013. Das 120 vítimas, 89 residem na capital aracajuana e as demais são provenientes de outros municípios do Estado. Cabe ressaltarque, uma única pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência, essa informação é registrada na ficha de notificação do paciente. Por isso, o número total dos tipos de violência é diferente do número total de vítimas. Os atos de violência não são cometidos igualmente contra os idosos, havendo variação no perfil das vítimas registradas no sistema de notificações, com destaque para a maioria de mulheres, que perfazem 58,33% do total das notificações. Verifica-se, também, que as mulheres procuram mais os serviços de saúde do que os homens e aquelas que são vítimas de 28 violência se apresentam como uma demanda recorrente. Em relação às características das vítimas, as idosas foram as maiores vítimas das agressões em todas as faixas etárias, dado que confirma os resultados de pesquisas realizadas em âmbito nacional e internacional com a discussão acerca da violência atrelada à questão de gênero (BORSOI, BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009). Elaborado pela Central Judicial do Idoso, juntamente com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios TJDFT, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios MPDFT e a Defensoria Pública (DP), reúne os dados da CJI, do Disque 100 a partir de 2011 e NEPAV em 2012, o Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa no Distrito Federal , apresentou a violência psicológica, com 31,81%, como a violência mais praticada seguida de negligência, com 24,97%, violência financeira, com 16,27%, e física, com 14,71%. Retrata o perfil do idoso vitimizado, sendo o sexo feminino o mais agredido, com 63,82% contra 35,34% das agressões ocorridas com o sexo Masculino, entre 2008 a 2012. O percentual de maior concentração na idade das vítimas de violência no período de 2008 a 2012 ocorreu na faixa de 60 a 70 anos, com 36,80% (BRASIL, 2013). 29 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Analisar os tipos de violência contra a pessoa idosa registrados no Disque 100 no período de 2011 a 2015, Brasil. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Descrever o perfil sociodemográfico da vítima; • Identificar a incidência da violência por região geográfica brasileira; • Relacionar o tipo de violência com a faixa etária da vítima; • Identificar o tipo de vínculo do agressor suspeito com a vítima; • Identificar o tipo de violência contra o idoso; • Identificar o local de violência contra o idoso. 30 PARTE II - ARTIGO PRODUZIDO PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA REGISTRADA NO DISQUE 100, NO PERÍODO DE 2011 A 2015, BRASIL RESUMO O objetivo do estudo foi analisar o perfil das denúncias de violência contra os idosos registradas no Disque 100, entre os anos de 2011 a 2015 no Brasil. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, no qual foi utilizado o banco de dados informatizado do Disque 100. Evidenciou-se que as mulheres foram as vítimas mais denunciadas (média = 64,32 ± 2,19 %; mediana = 64,1 %); a faixa etária da maior parte das vítimas estava entre 76 e 80 anos (média = 18,22 ±0,62 %; mediana = 18,5%) e de cor branca (35,96 ±15,01 %, mediana = 34%). A pesquisa identificou que a incidência da violência por regiões geográficas brasileiras foi maior no Sudeste (42,2%) e menor no Norte (6,7%). A maioria das denúncias apontou os filhos como os principais suspeitos de cometer agressão, (média = 51,76±1,19 %; mediana = 51,55%), e esta ocorre na casa da vítima. Revelou, ainda que a negligência apresentou um percentual médio 35,31 ± 3,64%; mediana = 37,10 %. Considerando a magnitude e gravidade do problema, torna-se essencial a identificação das ocorrências, principalmente as ocasionadas em ambiente doméstico, bem como a priorização do tema nas políticas de atenção à saúde do idoso por meio de estratégias efetivas que visem o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa Palavras-chave: Idosos. Violência. Vítima. Denúncia. Disque 100. ABSTRACT The objective of the study was to lok over the profile of the violence against the elderly through the reports analysis registered in the Disque 100, between the years 2011 to 2015 in Brazil. It is a descriptive, retrospective study, based on the computerized database available from “Disque 100”. It was evidenced that women were the most reported victims (mean = 64.32 ± 2.19%, median = 64.1%); the mean age of most victims was between 76 and 80 years (mean = 18.22 ± 0.62%, median = 18.5%) and most of them were white (35.96 ± 15.01%, median = 34 %). The research identified that the incidence of violence by Brazilian geographic regions was higher in the Southeast (42.2%) and lower in the North (6.7%). Most of the complaints pointed out the grown-up children as the main suspects of aggression (mean = 51.76 ± 1.19%, median = 51.55%), which mainly occurs at the victim's house. It revealed that negligence was the form of violence more evident with an average percentage of 35,31 ± 3,64%; Median = 37.10%. Considering the magnitude and severity of the problem, it is essential to identify these occurrences, especially those that happened in the domestic environment. It also mut be considered to prioritize the issue building health elderly care policies by effective strategies aimed to confront the violence against elderly person. Keywords: Elderly. Violence. Victim. Denunciation. Dial 100. 31 INTRODUÇÃO Em 2010 a Organização das Nações Unidas –ONU, publicou documento onde foi apresentada uma estimativa de que nos próximos 40 anos o grupo de pessoas com 60 anos ou mais será três vezes maior que o atual, o que corresponde a um quinto da população total do planeta.1 Assim, ao refletir sobre o envelhecimento no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta a população brasileira com mais de 200.000.000 milhões de pessoas, sendo que o contingente de pessoas idosas é de 20.6 milhões, ou seja, aproximadamente 10,8 % da população total. Lembrando que no Brasil, a pessoa idosa é aquela que possui 60 anos ou mais, de acordo com a Política Nacional do Idoso (PNI) e o Estatuto do Idoso (EI). Daquele contingente, 55,5% (11.434.487) são mulheres e 44,5% (9.156.112) são homens. Estima-se que essa população quadruplicará até 2060, o que representará 26,7% da população brasileira total. Com isso, seremos o sexto país do mundo com maior quantidade de idosos2. O envelhecimento é um processo singular, dinâmico, progressivo e irreversível no qual interagem vários fatores: biológicos, psíquicos e sociais, evidenciado pelas diferenças entre pessoas da mesma idade, sua dinâmica de vida e trajetória familiar, porém seu início não seja bem definido 3 . Além dos fenômenos inerentes ao processo de envelhecimento, como as modificações fisiológicas e patologias consideradas típicas desta fase da vida, a pessoa idosa também está susceptível e mais vulnerável ao fenômeno da violência. Este, por sua vez, é um problema com consequências devastadoras pois acarreta estresse psicológico, lesões traumáticas, falta de segurança bem como a morbidade e mortalidade4. A violência contra o idoso caracteriza-se por ser um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e resulta, na maioria das vezes, em sofrimento, lesão, dor, omissão ou perda dos direitos humanos e redução da qualidade de vida do idoso5. Portanto, “os idosos são vítimas dos mais diversos tipos de violência que vão desde insultos e espancamentos pelos próprios familiares e cuidadores (violência doméstica) até maus-tratos sofridos em transportes públicos e instituições públicas e privadas (violência social)6. A violência doméstica, sofrida em silêncio e que Faleiros denomina “violência calada” não está dissociada da violência social7. A violência no Brasil pode ser registrada em vários locais como Ministério Público, Conselhos Estaduais, Municipais e Nacionaldo Idoso nas delegacias de polícia e em caso 32 mais graves no Instituto Médico Legal. Ressalta-se que na área da saúde a violência contra a pessoa idosa tornou-se objeto de vigilância epidemiológica no Brasil, atendendo o que determina a Lei nº. 10.741/2033 (EI), artigo 19: “ os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra o idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos serviços de saúde”8. Há pouco tempo, essa orientação foi alterada pela Lei nº 12.461/2011: “ os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles”9. A partir da referida Lei emergem questões sobre a disponibilidade de serviços de denúncias e proteção aos idosos e sobre a necessidade de serviços específicos para essa faixa etária. Neste sentido, os serviços telefônicos, do tipo Disque 100, devem ser entendidos dentro de um contexto mais amplo do aparato para a garantia da dignidade e integridade dos indivíduos envolvidos. Contudo, como o Disque 100 é um instrumento onde a denúncia pode ser realizada por meio eletrônico, como e-mail, e por telefone, ele pode apresentar uma série de inconsistências em virtude de trotes. O Disque Denúncia (DD) foi criado em 1997 pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA)10. Em 2003, com a criação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos – SEDH por meio pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, ele passou a ser de responsabilidade do Governo Federal (GF). Assim, ele passou a ser um órgão da Presidência da República que trata da articulação e da implementação de políticas públicas voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos10. Em 2006, o DD foi reformulado e passou a ser denominado Disque 100 – Disque Direitos Humanos (DDH). O Disque 100, que inicialmente atendia somente denúncias de violência contra crianças e adolescentes, passou a atender os casos de abuso contra idosos, pessoas com deficiência, população de ruas, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) além de grupos sociais em situação de vulnerabilidade social, revisando, analisando e fazendo encaminhamentos dessas denúncias diretamente aos órgãos competentes10. O Disque 100 é um serviço que recebe denúncia anônima de todo o Brasil pelo telefone (através de ligação gratuita para o nº 100), analisa o conteúdo e encaminha as denúncias aos órgãos de proteção e garantia de direitos. O serviço também prevê a possibilidade das denúncias serem encaminhadas por correio eletrônico resguardando o anonimato do denunciante10. 33 Com a transferência de responsabilidade, o Disque 100 deixou de ser apenas um canal de denúncia, passou a articular-se com uma rede de retaguarda de serviços e parceiros em todo o país, como: Ministério Público, Conselhos Estaduais, Municipais e Nacional do Idoso além de autoridades policiais10. O serviço funciona diariamente 24h, inclusive finais de semana e feriados, recebendo denúncias anônimas e garantindo o sigilo, também conhecido por disque direitos humanos 10. A Medida Provisória, assinada pelo presidente da República, no dia 25 de março de 2010, transforma a SEDH em órgão essencial da Presidência, e ela passa a ser denominada Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República10. Nesse construto, esta pesquisa tem como objetivo analisar o perfil das denúncias de violência contra os idosos registradas no Disque 100/SDH entre os anos de 2011 a 2015 no Brasil. MÉTODOS Trata-se de um estudo de natureza descritiva, retrospectiva, exploratória com recorte transversal e abordagem quantitativa, realizado com dados secundários obtidos na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – Disque 100, no período de 2011 a 2015. As informações contidas neste banco são oriundas das denúncias realizadas por pessoas via telefone e ou e-mail e são coletadas em bancos de dados, para que a Secretaria de Direitos Humanos possa agir em promoções e planejamento de campanhas de combate contra a violência. Para coleta de dados foi elaborado pelas pesquisadoras um roteiro contendo as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, raça/cor, local que ocorre agressão, qual é o tipo da violência, qual a relação da vítima com o suspeito, número de denúncias violência registrada no período de 2011 a 2015, por região geográfica. Por motivos sigilosos e burocráticos, a coleta dos dados foi realizada por um funcionário da SDH, ao longo do mês de março de 2016. O roteiro com as varáveis importantes para esta pesquisa foi encaminhado ao funcionário da SDH responsável por realizar a coleta das informações no banco de dados dessa secretaria, seguindo o critério de inclusão da pesquisa. O critério de inclusão na pesquisa foi de denúncias registradas no Disque 100 nas quais as vítimas eram pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. 34 Para analises dos dados foram rodadas frequências por meio do software SPSS-IBM 22.0 for Windows. Utilizou-se, também, o Excel para a elaboração das tabelas e gráficos. Esta pesquisa atende aos preceitos éticos descritos na Resolução 466/2012 do Comitê de Ética em Pesquisa e foi aprovada pelo CEP da Universidade Católica de Brasília (UCB), CAAE nº: 50065915.2.0000.0029. RESULTADOS No período de 2011 a 2015 foram registradas 130.164 denúncias no Disque 100 de todo território nacional. Vale ressaltar que, o número total dos tipos de violência é diferente do número total de vítimas. Tal constatação nos remete a concluir que uma única pessoa pode ser vítima de mais de um tipo de violência. De acordo com a série histórica de dados, percebe-se um aumento gradativo de 2011 a 2012 de 186,3% e mais 65,5% entre 2012 e 2013. Do ano de 2013 para 2014 ocorreu uma redução destes números, apresentando uma queda de 30,3% no ano de 2014 e em seguida uma elevação de 18,6% em 2015 (Gráfico 1). Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Gráfico 1 – Número de casos de violência contra o idoso notificado nos anos de 2011/2015 Ao analisar os dados por região brasileira nota-se que o maior número de registro ocorreu na região Sudeste (42,2%), seguido de Nordeste (28,4%), Sul (14%), Centro-Oeste (8,4%) e Norte (6,7%). Quando avaliamos o número de denúncias por 100.000 habitantes os estados de Amazonas, Distrito Federal e Rio Grande do Norte surgem como líderes em denúncias no Disque 100. 35 A Tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico das vítimas de violência das denúncias registradas pela SDH. Os dados revelam que a maior percentagem das vítimas é do sexo feminino (média = 64,32 ± 2,19 %; mediana = 64,1). Em relação à faixa etária, verificamos que o maior número de registro se refere a vítimas com idades entre 76 e 80 anos (média = 18,22 ±0,62 %; mediana = 18,5%). Os dados também revelam que a maioria das denúncias acena vítimas de cor branca (35,96 ±15,01 %; mediana = 34%). 36 Tabela 1 - Número de denúncias de violência realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 2011/2015 – Brasil 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana Variável/Ano N % N % N % N % N % % % % Feminino 6047 67,2 15520 66,3 28317 64,1 19423 62,7 22359 61,3 64,3 2,4 64,1 Masculino 2566 28,5 6776 29 13019 29,5 9251 29,9 10848 29,8 29,3 0,6 29,5 Não ID 381 4,2 1106 4,7 2845 6,4 2313 7,5 3255 8,9 6,3 1,9 6,4 Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 Faixa Etária N % N % N % N % N % 60-65 1226 13,6 3632 15,5 6431 14,6 4504 14,5 4750 13 14,2 1 14,5 66-70 1488 16,5 4071 17,4 7382 16,7 5074 16,4 5914 16,2 16,6 0,5 16,5 71-75 1371 15,2 3545 15,2 6393 14,5 4425 14,3 5015 13,7 14,6 0,6 14,5 76-80 1564 17,3 4406 18,9 7882 17,8 5743 18,5 6798 18,6 18,2 0,7 18,5 81-85 1164 12,3 292012,5 5449 12,3 3808 12,3 4493 12,3 12,3 0,1 12,3 86-90 790 8,8 2160 9,2 4081 9,2 2913 9,4 3539 9,7 9,3 0,3 9,2 91 a mais 456 5,1 1234 5,3 2164 4,9 1464 4,7 1894 5,2 5 0,2 5,1 NI 935 10,4 1434 6,1 4399 10 3056 9,9 4059 11,1 9,5 2 10 Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 Raça N % N % N % N % N % Branca 3855 42,9 7957 34 14935 33,8 11069 35,7 12170 33,4 36 4 34 Parda 2930 32,6 6737 28,8 11830 26,8 7788 25,1 8474 23,2 27,3 3,6 26,8 NI 1058 11,8 6610 28,2 13655 30,9 9475 30,6 12960 35,5 27,4 9,1 30,6 Negra 1033 11,5 1930 8,2 3499 7,9 2478 8 2659 7,3 8,6 1,7 8 Indígena 64 0,7 73 0,3 104 0,2 63 0,2 76 0,2 0,3 0,2 0,2 Amarela 54 0,6 95 0,4 158 0,4 114 0,4 123 0,3 0,4 0,1 0,4 Total 8994 100 23402 100 44181 100 30987 100 36462 100 Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 37 No que se refere aos tipos de violência, a negligência foi a mais recorrente, seguida da violência psicológica e abuso financeiro (Tabela 2). Ao longo dos anos investigados, a negligência apresentou um percentual médio de 35,31 ± 3,64 %, sendo a mediana igual a 37,10. Em relação à violência psicológica é possível verificar que o seu padrão de ocorrência se manteve no período avaliado (média = 27,69 ± 0,96 %), cabendo ressaltar que os valores da média e da mediana calculada para essa variável encontram-se bastante próximos, significando a robustez dos dados avaliados. Em relação ao abuso financeiro, os dados indicam que o valor médio de sua recorrência é 20,66± 0,96, sendo a mediana igual a 19,74. 38 Tabela 2 – Número de denúncias segundo o tipo de violência contra o idoso realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 2011/2015 – Brasil 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana Violências N % N % N % N % N % % % % Negligência 4925 27,4 16218 33,9 29426 37,1 20741 38,6 24397 38,6 35,3 3,6 37,1 Violência psicológica 4991 27,8 13924 29,1 21832 27,5 14788 27,5 16350 27,5 27,6 0,9 27,5 Ab.Fin/ patrimonial 4052 22,6 9418 19,7 16796 21,1 10523 19,6 12522 19,6 20,6 0,9 19,7 Violência física 3803 21,2 7930 16,6 10803 13,6 7417 13,8 8630 13,8 15,8 2,4 13,6 Violência institucional 141 0,7 212 0,44 446 0,5 187 0,3 179 0,3 0,4 0,1 0,4 Total 17.912 100 47702 100 79.303 100 53.656 100 62.028 100 Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 39 Em relação ao local da ocorrência do ato violento contra os idosos (Tabela 3), os dados analisados indicam que o maior percentual de violência ocorre na casa da vítima (média = 72,47 ± 6,02; mediana 73,84%) seguido pela casa do suspeito, cuja média é igual a a 8,31±1,26 %, tendo uma mediana igual a 8,27%. Vale ressaltar que foram destacados abaixo os dados relacionados à violência cometida em hospitais e Institutos de Longa Permanência de Idosos, apesar de apresentarem médias percentuais bem abaixo dos demais locais supramencionados- médias respectivas iguais a 1,18 ±0,23 % e 1,42 ± 0,18%. Também é importante mencionar os “outros locais” mencionados na tabela incluem os diversos espaços públicos, tais como ruas, ônibus, delegacias, local de trabalho, igrejas, escolas, albergues, etc. Contudo, os dados coletados com a equipe técnica da SDH apresentam de forma distinta “casa da vítima” e “casa”. Para não gerar confundimento destes, destacamos na tabela 5 somente os dados referentes à violência cometida na casa da vítima, sendo os considerados como “casa” agregados aos “outros locais”. 40 Tabela 3 - Número de denúncias segundo o local de ocorrência da violência contra o idoso realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 2011/2015 – Brasil 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana Local N % N % N % N % N % % % % Casa da Vítima 4725 56,3 17376 71,3 29919 73,8 21395 76,4 25214 76,2 72,4 6 73,8 Casa do Suspeito* 488 5,8 2494 10,2 3352 8,2 2203 7,87 2670 8,07 8,3 1,2 8,2 ILPI 147 1,7 280 1,1 603 1,4 424 1,51 443 1,3 1,4 0,1 1,4 Hospital 56 0,6 262 1 537 1,3 406 1,45 373 1,1 1,1 0,2 1,1 Outros locais** 2968 35,4 3931 16,1 6107 15 3548 12,6 4368 13,2 16,6 6,7 16,1 Total 8384 100 24343 100 40518 100 27976 100 33068 100 Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (*) Casa do suspeito é a casa do agressor. (**) outros locais incluem ruas, ônibus, igrejas, escolas, delegacias, local de trabalho, albergues e outros menos recorrentes 41 A Tabela 4 apresenta de forma detalhada o vínculo entre a vítima e o suspeito agressor. Observa-se que os filhos são os principais suspeitos de cometer agressão, correspondendo ao maior percentual de denúncias observado em todos os anos avaliados (média = 51,76±1,19 %; mediana = 51,55%). Após os filhos, os netos elencam a segunda posição no ranking de suspeitos. Contudo, um dado que chama a atenção são as denúncias onde o suspeito não é identificado. Essas correspondem a 8,64% do total (analisando-se as médias percentuais comparativas descritas na Tabela 4). Outro dado relevante é a quantidade de denúncias registradas onde não há identificação do suposto agressor, sendo essas categorizadas como “não informado”. No que se refere a denúncias as quais o suposto agressor é o cuidador ou o vizinho da vítima, ambos apresentam um aumento expressivo entre os anos de 2011 e 2012, o que se mantém crescente em 2013, mas se mantem nos anos subsequentes. Padrão esse observado também para irmãos, genros/noras e outros. Observa-se também que o número de denúncias vinculadas a supostos agressores desconhecidos vem apresentando uma tendência à redução no período avaliado, enquanto as denúncias onde a identidade do suposto agressor não é revelada apresenta uma tendência crescente. Por outro lado, as denúncias onde o suposto agressor é o filho da vítima se mantém num patamar constante 42 Tabela 4 – Número de denúncias segundo o vínculo da vítima com o agressor, realizadas na Secretaria de Direitos Humanos, nos anos de 2011/2015 – Brasil 2011 2012 2013 2014 2015 Média Desvio Mediana AGRESSOR N % N % N % N % N % % % % Filho 6098 51,6 20801 50,2 36677 51,4 26222 51,5 31914 53,9 51,7 1,1 51,5 Neto(a) 979 8,2 3379 8,1 5890 8,2 4066 7,9 4772 8 8,1 0,1 8,1 Desconhecido(a) 978 8,2 3074 7,4 4122 5,7 1829 3,6 1224 2 5,4 2,3 5,7 Genro/Nora 471 3,9 2282 5,5 3846 5,3 2586 5 2694 4,5 4,9 0,5 5 Vizinho (a) 617 5,2 2116 5,1 3074 4,3 2000 3,9 2175 3,6 4,4 0,6 4,3 Sobrinho(a) 424 3,5 1198 2,9 2149 3 1666 3,2 1819 3 3,1 0,2 3 Irmão (ã) 320 2,7 1037 2,5 1813 2,5 1354 2,6 1583 2,6 2,6 0,1 2,6 Cuidador (a) 276 2,3 848 2 1164 1,6 846 1,6 825 1,3 1,8 0,3 1,6 Esposa 217 1,8 691 1,6 1045 1,4 819 1,6 921 1,5 1,6 0,1 1,6 Marido 138 1,1 517 1,2 669 0,9 1513 2,9 524 0,8 1,4 0,7 1,1 Companheiro(a) 143 1,2 330 0,8 534 0,7 291 0,5 413 0,7 0,8 0,2 0,7 Outros 613 5,1 1838 4,4 3450 4,8 2776 5,4 3081 5,2 5 0,3 5,1 Não Informado 271 2,2 3193 7,7 6925 9,7 5899 11,6 7018 11,8 8,6 3,5 9,7 Total 11815 100 41364 100 71358 100 50867 100 59163 100 Fonte: Disque 100, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 43 DISCUSSÃO O presente estudo revela análises acerca das denúncias de violência contra idosos notificados no âmbito do Disque 100, pela SDH. Ressalta-se, portanto, que o recebimento de uma denúncia não significa necessariamente a ocorrência de maus tratos ou que estes representem fielmente a realidade social. Para a série histórica aqui estudada, verifica-se um crescimento gradativo de denúncias de maus-tratos contra a pessoa idosa em todo o país. Quando analisamos as denúncias por 100.000 habitantes encontramos como estados líderes no ranking de denúncia de violência contra
Compartilhar