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Conhecimentos e percepções do jovem estudante do ensino médio sobre a hipertensão arterial e suas consequências

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC/SP 
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE 
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS 
EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE 
 
 
Luciana Canabarro 
 
 
 
 
 
CONHECIMENTOS E PERCEPÇÕES DO JOVEM ESTUDANTE DO 
ENSINO MÉDIO SOBRE A HIPERTENSÃO ARTERIAL E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
MESTRADO PROFISSIONAL 
 
 
 
SOROCABA 
2013
LUCIANA CANABARRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONHECIMENTOS E PERCEPÇÕES DO JOVEM ESTUDANTE DO 
ENSINO MÉDIO SOBRE A HIPERTENSÃO ARTERIAL E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS. 
 
 
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS 
EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE 
MESTRADO PROFISSIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2013
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 
como exigência para obtenção do título de Mestre 
em Educação nas Profissões de Saúde sob a 
orientação do Prof. Dr. Fernando Antônio de 
Almeida e co-orientadora a Profª Drª Raquel 
Aparecida de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
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Dedico esta dissertação a Deus, por 
fortalecer-me a fé, o equilíbrio e sabedoria, 
sempre guiando-me nesta caminhada. Ao 
meu marido querido, pela compreensão e 
companheirismo no momento crucial da 
dissertação, por seu amor e força, 
valorizando meus potenciais . 
 
AGRADECIMENTOS 
 
São muitas as pessoas a quem cabe algum tipo de agradecimento por 
contribuições e críticas feitas a esta pesquisa. Assim, mesmo correndo o risco de 
não conseguir mencionar todos, sinto que devo agradecer nominalmente: 
 
À Pontifícia Universidade Católica de São Paulo por apoiar mais este passo 
da minha formação, pela concessão de bolsa de estudos e pela flexibilização do 
meu horário de trabalho para participar das atividades do Programa de Pós-
Graduação e do Projeto de Pesquisa; 
 
Ao meu querido orientador, Fernando Antônio Almeida, por concordar em 
ensinar e aprender novos desafios ao me orientar. Obrigada por se ter feito tão 
presente e dedicado, pelo companheirismo e profissionalismo, pela dedicação e 
competência, fundamentais para a construção deste trabalho... Obrigada!! 
 
A minha co-orientadora Raquel Aparecida de Oliveira, agradeço imensamente 
pelo carinho, pela paciência em ensinar-me novas ferramentas. Obrigada pela 
amizade, pela cumplicidade do meu esforço e dedicação a esse sonho do mestrado; 
 
A todos os professores que ministraram as disciplinas do mestrado, pela 
seriedade e comprometimento empenhados nesta etapa da minha formação 
continuada; 
 
À Heloisa Helena Armênio, secretária do Programa de Estudos Pós-
Graduados Educação nas profissões da Saúde, pelo acolhimento, atenção e 
paciência com que me orientou para que meu trabalho tivesse êxito; 
 
À Turma de mestrandos do primeiro semestre de 2011, especial, pelos 
períodos de estudos que contribuíram para a ampliação do meu aprendizado; pelos 
encontros e momentos de alegria que compartilhamos, pelas amizades que se 
fizeram e pelo carinho; 
 
Ao Colégio Uirapuru e à coordenadora do Ensino Médio, Suzana Higa, por 
nos receber de forma tão solícita; 
7 
 
À Escola Técnica Estadual Rubens de Faria e Souza (ETEC), à Diretora Srª. 
Sonia Maria Bellini Pedrassolli, à coordenadora do Ensino Médio, Wanir Pereira da 
Silva Betanho e ao Professor de Educação Física Alexandre Vieira Gibim pelo apoio 
prestado; 
 
À Escola Estadual Wanda Costa Daher, ao Diretor, Sr. Renato Moreira de 
Lima, à coordenadora do Ensino Médio, Evelise Evangelista dos Santos pelo apoio, 
carinho e atenção; 
 
A todos os alunos participantes, razão desta pesquisa; 
 
Ao colega Antônio Pedro de Melo Maricato, Bibliotecário da PUC Sorocaba, 
por prestar constante apoio profissional; 
 
À colega Isabel Cristina Campos Feitosa, Analista da Biblioteca PUC 
Sorocaba, pelo carinho, atenção, paciência e dedicação em ensinar novas 
ferramentas úteis para minha pesquisa; 
 
Ao colega Adilson Peron, pelo apoio e atenção como ”observador”, durante as 
atividades de Grupos Focais; 
 
Aos colegas do Laboratório de Informática PUC/SP, campus Sorocaba, em 
especial a Sueli Aparecida Falsarella pela contribuição para que minha pesquisa 
fosse completada; 
 
A todas as pessoas amigas que muito me incentivaram que, de alguma forma, 
participaram, contribuíram e estiveram presentes nessa jornada no Mestrado em 
Educação nas Profissões da Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“A alegria não chega apenas no 
encontro do achado, mas faz parte do 
processo da busca. E ensinar e aprender 
não pode dar-se fora da procura, fora da 
boniteza e da alegria” 
Paulo Freire1 
RESUMO 
 
Introdução: A hipertensão arterial (HA) é uma doença muito prevalente, com graves 
consequências pessoais, sociais e para o sistema de saúde. Os fatores 
predisponentes para a doença já estão presentes na adolescência e, nesta idade, os 
mais frequentes são os antecedentes familiares e o excesso de peso. Vários 
estudos evidenciam que aproximadamente 15% dos jovens já apresentam valores 
elevados da pressão arterial (PA) e os valores pressóricos estão associados ao 
índice de massa corporal. Objetivos: Identificar o conhecimento que os jovens que 
frequentam o ensino médio têm sobre a HA e que estratégias propõem para motivar 
seus pares a terem atitudes saudáveis reduzindo o risco de desenvolver a doença 
no futuro. Métodos: Participaram 48 alunos do segundo ano do ensino médio 
oriundos de três escolas de Sorocaba-SP. Uma estadual localizada na periferia, uma 
estadual técnica no centro e uma particular localizada em área nobre da cidade. 
Foram realizados dois Grupos Focais em cada escola. Os depoimentos e discussões 
foram gravadas, transcritas e submetidas à Análise Temática segundo Minayo. 
Resultados: Nas três escolas observamos que os alunos têm conhecimentos 
básicos de fisiologia, dos fatores de risco, das consequências e medidas de 
prevenção da HA. As sugestões para motivar o comportamento saudável e prevenir 
a doença variaram de acordo com as escolas e o nível social dos alunos, porém, 
todas apontaram para estratégias criativas e participativas. Na escola da periferia 
foram sugeridos jogos motivadores para serem realizados nas salas de aula e 
concurso de rap tendo a prevenção da HA como tema central. Na escola técnica 
predominaram as sugestões desenvolvidas nas redes sociais via internet, 
interatividade, reflexão sobre o tema e a participação ativa da escola e instituições 
governamentais e não governamentais. Na escola particular, os alunos sugerem 
utilizar os meios eletrônicos com jogos e desafios que tenham como tema a HA e os 
cuidados que envolvem a doença. Conclusões: Os alunos do ensino médio 
compõem um rico território para se trabalhar a promoção de saúde e a prevenção 
primária de doenças prevalentes. Os estudantes estão muito motivados a participar 
deste processo educativo. 
 
 
Palavras-chave: Hipertensão; adolescente; educação em saúde; promoção da 
saúde; estudantes. 
ABSTRACT 
 
Introduction: hypertension is a highly prevalent disease with serious personal 
consequences and for social and health care system. Risk factors for the disease are 
already present in adolescence and, at this age, the most commons are family 
history of hypertension and overweight. Many studies show that approximately 15% 
of young people already have high levels of blood pressure (BP) and BP values are 
associated with body mass index. Objectives: to identify the knowledge that young 
people who attend High School have on hypertension and to propose strategies to 
motivate their peers to have healthy attitudes reducing the risk of developing the 
diseasein the future and, thus, leading to primary prevention of hypertension and 
health promotion. Methods: Forty-eight students participated in the study. We 
conducted two focus group sessions with second year High School students of three 
schools in Sorocaba-SP. A public school in the periphery, one technical public school 
located at down town and a private school located at city prime area, whose social 
indicators increased in that order. The interviews and discussions were recorded, 
transcribed and submitted to thematic analysis of Minayo. Results: In the three 
schools we found that students have a reasonably good knowledge of the disease, 
its risk factors and consequences. Many of them have relatives with hypertension. 
Students suggestions to motivate healthy behavior and prevent the disease varied 
according to the social level of the students and schools, however, all pointed to 
creative and participatory strategies. At the periphery school students suggested 
motivators games to be played at classrooms and rap contest with the prevention of 
hypertension as a central theme. At the technical school predominated suggestions 
developed in the social networks via the Internet, interactivity, reflection on the 
subject and the active participation of school and governmental and non-
governmental organizations. Students from the private school suggested to use 
electronic games and challenges that have as subject hypertension and care 
involving the disease. Conclusions: The high school students make up a rich 
territory to work on health promotion and primary prevention of prevalent diseases. 
Students are highly motivated to participate in this educational process. 
 
Key-words: Hypertension; adolescent; health education; health promotion; students. 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Classificação dos níveis pressóricos ........................................................ 20 
Tabela 2 - Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes menores 
de 18 anos de idade. ................................................................................................. 23 
Tabela 3 - Distribuição das Variáveis Demográficas e Sociais de acordo com as 
Escolas Pesquisadas ................................................................................................ 44 
Tabela 4 - Conceito e percepções sobre hipertensão arterial. Estudantes do Ensino 
Médio. Sorocaba, 2012. ............................................................................................ 46 
Tabela 5 - Sintomas da hipertensão arterial. Estudantes do Ensino Médio. Sorocaba, 
2012. ......................................................................................................................... 48 
Tabela 6 - Causas da hipertensão arterial. Estudantes do Ensino Médio. Sorocaba, 
2012............................................................................................................................49 
Tabela 7 - Consequências da hipertensão arterial. Estudantes do Ensino Médio. 
Sorocaba, 2012 ......................................................................................................... 50 
Tabela 8 - prevenção da hipertensão arterial. Estudantes do Ensino Médio. 
Sorocaba, 2012. ........................................................................................................ 51 
Tabela 9 - Medidas promotoras de saúde. Estudantes do Ensino Médio. Sorocaba, 
2012. ......................................................................................................................... 52 
Tabela 10 - Comportamentos prejudiciais à saúde. Estudantes do Ensino Médio. 
Sorocaba, 2012. ........................................................................................................ 53 
Tabela 11 - Sugestões e estratégias para levar estas informações aos jovens de 
uma maneira que interesse e que desperte nos adolescentes medidas promotoras 
de saúde. Estudantes do Ensino Médio. Sorocaba, 2012. ........................................ 55 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Variação da pressão arterial durante o ciclo cardíaco .............................. 19 
Figura 2 - Texto motivador ........................................................................................ 41 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
AVC - Acidente Vascular Cerebral 
DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
DM - Diabetes Mellitus 
DRC - Doença Renal Crônica 
ELSA - Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto 
HA - Hipertensão Arterial 
HiperDia - Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICC - Insuficiência Cardíaca Congestiva 
IMC - índice de Massa Corporal 
IQVU - índice de Qualidade de Vida Urbana 
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MEC - Ministério da Educação 
MS - Ministério da Saúde 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde 
PA - Pressão Arterial 
PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais 
PNE - Plano Nacional de Educação 
PSE - Perfil Sócio Econômico 
PSE - Programa Saúde na Escola 
SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia 
SUS - Sistema Único de Saúde 
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TRS - Teoria das Representações Sociais 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15 
1.1 Apresentação .............................................................................................................................. 15 
1.2 Contextualização e Justificativa ............................................................................................ 17 
1.3 Definições de Pressão Arterial e Hipertensão Arterial .......................................................... 18 
1.4 Adolescência e Hipertensão Arterial ..................................................................................... 22 
1.5 Educação para Saúde .......................................................................................................... 25 
1.6 Iniciativas Governamentais .................................................................................................. 26 
1.7 O Ensino Médio – programas educativos e de promoção à saúde. ..................................... 29 
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 32 
3 - REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 33 
4 MÉTODO .............................................................................................................................. 34 
4.1 Características da pesquisa realizada ........................................................................................ 34 
4.2 Local e período do estudo. ......................................................................................................... 34 
4.3. Sujeitos / Atores da Pesquisa .................................................................................................... 35 
4.4 Aspectos Éticos........................................................................................................................... 35 
4.5. Identificação e caracterização dos alunos ................................................................................. 36 
4.6. Locais de realização do estudo ................................................................................................. 36 
4.7 Procedimentos de Coleta de Dados ........................................................................................... 39 
4.8 Procedimentos de Análises ....................................................................................................... 42 
4.9 Apresentação das análises do material obtido nos grupos focais. ............................................43 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 44 
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 57 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 59 
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................................................ 64 
APÊNDICE B – Questionário Sócio-Demográfico ........................................................................... 65 
APÊNDICE C – Carta convite encaminhada às Escolas.................................................................. 67 
APÊNDICE D – Pacto da Participação e Comprometimento ........................................................... 68 
APÊNDICE E – Roteiro de debate – Grupos Focais ........................................................................ 69 
APÊNDICE F – Conceito da Hipertensão Arterial ............................................................................ 70 
APÊNDICE G – Sintoma da Hipertensão Arterial ............................................................................. 73 
APÊNDICE H – Conceito De Causas da Hipertensão Arterial ......................................................... 77 
APÊNDICE I – Consequências da Hipertensão Arterial ................................................................... 83 
APÊNDICE J – Prevenção da Hipertensão Arterial .......................................................................... 87 
APÊNDICE K – Medidas Promotoras de Práticas Saudáveis ......................................................... 96 
APÊNDICE L – Medidas Não Promotoras de Práticas Saudáveis ................................................... 99 
APÊNDICE M – Organização dos discursos das Propostas Sugeridas Pelos Alunos grupo focal 01 
e 02 ................................................................................................................................................. 108 
APÊNDICE N – Organização dos discursos: Objetivo 2 Propostas Sugeridas Pelos Alunos grupo 
focal 03 e 04 .................................................................................................................................... 120 
14 
 
APÊNDICE O - Organização dos discursos: Objetivo 2 Propostas Sugeridas Pelos Alunos grupo 
focal 05 e 06 .................................................................................................................................... 132 
ANEXO .................................................................................................................................. 139 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Apresentação 
 
Para narrar a minha trajetória acadêmico-profissional, busquei nas 
lembranças elementos que foram tomando corpo e dando vida à temática 
desenvolvida por esta pesquisa. Tomo como ponto de partida o meu ingresso no 
Curso de Ciências Biológicas da PUC-SP em 2005. Durante os quatro anos da 
minha graduação desenvolvi três trabalhos de iniciação científica e um trabalho de 
conclusão de curso (TCC). No último ano do curso de Ciências Biológicas era 
obrigatória a realização de estágio em escolas públicas e particulares. Foi esse 
contato inicial que me atraiu de modo significativo, pois possibilitou a minha vivência 
na área pedagógica. Ao desenvolver o estágio em uma escola pública de nível 
médio, fui convidada a dar aulas de metodologia científica, pois os alunos 
precisavam desenvolver um projeto de pesquisa / trabalho de conclusão do terceiro 
ano, que seria entregue ao final do terceiro ano do ensino médio. Neste período do 
estágio, deparei-me com as dificuldades enfrentadas pelo professor em transmitir 
conhecimentos principalmente na área da saúde. Questionei e fui questionada por 
alunos e professores quanto à maneira de “dar aula”, pois tentava transmitir o 
conteúdo e o conhecimento sempre de forma dinâmica e atrativa, despertando o 
interesse e a motivação dos alunos. Nessa escola o tema “saúde” era obrigatório no 
currículo, mas muitos alunos reclamavam da maneira como era abordado. Temas de 
saúde sempre eram sugeridos aos alunos para a construção de seus projetos. Foi aí 
que sugerimos uma forma diferente para a sua realização. Depois de discutir com os 
alunos e com a professora, resolvemos empregar uma estratégia diferente de 
trabalho. Como os projetos de conclusão, eram realizados em grupo de três a cinco 
alunos, sugerimos que nas aulas cada grupo apresentasse sua proposta para a 
construção do projeto, utilizando seus conhecimentos prévios e todos contribuiriam 
para a elaboração e formatação final do trabalho. Ao final de três meses ficaram 
claros, para mim e para a professora que acompanhava a realização do meu 
estágio, os resultados positivos determinados pela motivação, interesse e o 
desempenho dos alunos. Essa foi minha primeira experiência educacional como 
professora pela qual pude aplicar os conhecimentos adquiridos na Faculdade. 
16 
 
Na escola particular, o modelo pedagógico era tradicional, com a utilização de 
apostilas. Entretanto, como estratégia de motivação, sugeri junto ao professor 
supervisor do estágio, que fizéssemos uma saída a campo com os alunos. A 
sugestão foi aceita pela diretora da escola e pelos pais dos alunos, que sugeriram o 
Zoológico Quinzinho de Barros em Sorocaba, SP. Na aula seguinte os alunos 
deveriam entregar ao professor uma redação com o tema abordado em campo. 
Antes, fui ao zoológico para programar a visita. Os alunos mostraram-se muito 
entusiasmados e envolvidos com o material e jogos educacionais disponíveis na 
biblioteca local. Pudemos observar o interesse em novas descobertas e maneiras 
motivadoras de aprendizagem. Desde então, quando sou convidada a dar aulas, me 
questiono: “Existe uma maneira certa de ensinar”? A partir do conceito de que o 
professor tem o dever de ser o facilitador da aprendizagem, o desafio é motivar 
utilizando estratégias dinâmicas e dialogadas para que ocorra a participação e 
interesse dos alunos na construção do conhecimento. 
A abertura do Programa de Estudos Pós-Graduados Educação nas 
Profissões da Saúde na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP 
veio ao encontro dos meus interesses, pois este mestrado tem como foco a prática e 
o desenvolvimento profissional possibilitando mudanças, reflexões e ações no 
âmbito da educação em saúde. No meu caso, o foco de interesse é a forma como 
pode ser construído o conhecimento de maneira atrativa e dinâmica, particularmente 
com os adolescentes, estudando assuntos relacionados à saúde. Foi com essa 
perspectiva e a ajuda do meu orientador, que já havia desenvolvido trabalhos de 
iniciação científica com acadêmicos de medicina trabalhando o tema da hipertensão 
arterial na adolescência com alunos do ensino médio, que definimos o problema de 
pesquisa a ser investigado: apontar o problema, bem como o público alvo com o 
qual desenvolveríamos este trabalho e também as perguntas que orientariam a 
nossa investigação. Entendemos que este estudo só teria sentido se pudesse 
contribuir para qualificar a prática pedagógica e promover possíveis mudanças ao 
trabalhar assuntos referentes à educação em saúde, explorando o conhecimento 
sobre o tema hipertensão arterial e a representação que o tema tem entre os 
adolescentes e a partir deste conhecimento propor ações e estratégias que 
pudessem reduzir o risco e promover a prevenção da doença e a promoção à saúde. 
17 
 
 É importante dizer que o presente trabalho não pretende encerrar a 
discussão acerca do tema, pois as propostas pedagógicas sugeridas pelos alunos 
são importantes e estimuladoras para a atuação do professor e promoção da saúde.1.2 Contextualização e Justificativa 
 
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)2 ressalta que as Doenças 
Crônicas não Transmissíveis (DCNT) são consideradas como a principal causa de 
mortalidade da população mundial, responsáveis por 58,5% de todas as mortes 
ocorridas no mundo e por 45,9% da carga global de doença, constituindo um sério 
problema de saúde pública. 
Segundo o documento do Ministério da Saúde (MS) que acompanha a 
apresentação do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - (ELSABrasil), a 
Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que HA 600 milhões de hipertensos 
no mundo.3 De acordo com o documento, no Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas 
sofrem com a doença (equivalente a 35% da população acima de 40 anos). 3 Apesar 
disso, quase metade destas pessoas acometidas ainda não tem conhecimento do 
diagnóstico, por se tratar de uma doença assintomática. 3 
“A hipertensão é um mal silencioso. A ausência de sintomas retarda o 
diagnóstico que, muitas vezes, é feito quando as complicações já estão instaladas”.4 
Cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) 
para receber atendimento na Atenção Básica. 5,6 A hipertensão arterial é a doença 
cardiovascular mais comum, considerada o maior desafio de saúde pública para 
sociedades em transição socioeconômica e um dos mais importantes fatores de 
risco de mortalidade cardiovascular, sendo responsável por 34% das causas de 
morte no país. 5,6 A maior parte destas mortes e incapacitações é provocada por 
acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), infarto do 
miocárdio e doença renal crônica (DRC). 5,7,8 
Esta elevação anormal da PA está associada à predisposição genética, ao 
gênero (menos comum em mulheres até a menopausa), à idade e à raça (mais 
comum e mais grave em pretos e pardos); todos estes fatores de risco são 
importantes e não modificáveis. 5,7,8 
18 
 
Além disso, o excesso de peso e a obesidade, o sedentarismo, a ingestão de 
alimentos com alto teor de sal, o excesso de álcool, o fumo e o estresse, também 
contribuem para a aparição da hipertensão arterial. 5,7,8 Estes últimos, são 
particularmente importantes, pois são passíveis de intervenção e, por isso, 
conhecidos como fatores de risco modificáveis. 5,7,8 
Muitos estudos têm observado que a hipertensão arterial embora tenha 
prevalência ascendente com o passar dos anos, atingindo seu pico de 
comprometimento nos indivíduos idosos, já começa a se manifestar na infância. 5,7,8 
Hábitos de vida pouco saudáveis adquiridos na infância e adolescência irão perdurar 
e se acentuar na idade adulta e são os principais fatores de risco modificáveis para a 
hipertensão arterial e as doenças cardiovasculares. 5,7,8 
Diante desta realidade é necessário aumentar o grau de conhecimento da 
população sobre a importância da prevenção e controle da hipertensão arterial e 
suas consequências. Nessa perspectiva, entendemos que a educação em saúde 
iniciada na escola poderá estimular o processo de criação de Hábitos de vida mais 
saudáveis e uma melhor qualidade de vida no futuro. 2,9,10 É neste contexto que este 
estudo se apresenta. 
 
1.3 Definições de Pressão Arterial e Hipertensão Arterial 
 
A pressão arterial (PA) corresponde à força que o sangue exerce sobre as 
paredes das artérias quando impulsionado pelo coração. Apresenta valores 
“máximos” (pressão sistólica), atingidos no final da contração do ventrículo esquerdo 
bombeando o sangue para as grandes artérias em direção aos diferentes órgãos, e 
o valor “mínimo” (pressão diastólica), quando o sangue se "acomoda" nos vasos 
sanguíneos no final da diástole.5,7,8 (figura1). 
 
 
19 
 
Figura 1 - Variação da pressão arterial durante o ciclo cardíaco 
 
 
Desta forma, durante a sístole a pressão arterial é máxima - e durante a 
diástole, mínima. 
A medida da PA é realizada em milímetros de mercúrio (mmHg), sendo que 
os valores considerados limites superiores da normalidade são de 120 mmHg para a 
pressão máxima (ou sistólica) e 80 mmHg para a pressão mínima (ou diastólica).5,7,8 
A hipertensão arterial ou "pressão alta" é uma doença definida pela elevação 
da PA acima dos valores considerados normais (140/90mHg). No entanto, para ser 
considerado hipertenso, é preciso que o indivíduo apresente PA elevada de forma 
permanente.5,7,8 
 
Assim, o diagnóstico da hipertensão arterial é estabelecido pelo encontro de 
níveis tensionais acima dos limites superiores da normalidade (140/90 mmHg) 
quando a pressão arterial é determinada através de metodologia adequada e em 
condições apropriadas. 5,7,8 
 
 
 
 
20 
 
Tabela 1 - Classificação dos níveis pressóricos 
 Classificação Pressão sistólica 
(mmHg) 
Pressão diastólica 
(mmHg) 
Ótima < 120 < 80 
Normal < 130 < 85 
Limítrofe* 130-139 85-89 
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99 
Hipertensão estágio 2 160- 179 100-109 
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 
Hipertensão sistólica ≥ 140 < 90 
Isolada 
Quando as pressões sistólicas e diastólicas situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser 
utilizada para classificação da pressão arterial. 
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial VI - 2010 
(2) 
 
Se considerarmos que a PA depende do débito cardíaco (DC) e da resistência 
periférica (RP) ao fluxo sanguíneo imposta pelas pequenas arteríolas, os valores da 
PA serão regidos pela fórmula: PA=DC x RP. HA muito se sabe que a elevação da 
PA é consequência da vasoconstrição arteriolar sistêmica (aumentado a RP). 
Esta vasoconstrição excessiva é decorrente do excesso de sal, de um 
predomínio das ações de hormônios e substâncias locais vasoconstritoras sobre as 
vasodilatadoras e do aumento da atividade do sistema nervoso simpático 
(vasoconstritor). Com o passar do tempo estas alterações funcionais induzem à 
proliferação celular e acúmulo de substâncias na matriz extracelular que espessam a 
parede arteriolar amplificando os efeitos funcionais anteriormente citados. 5,7,8 
Independentemente dos valores pressóricos, a hipertensão arterial é, na 
maioria dos indivíduos, assintomática. Os sintomas relacionados à doença só irão 
ocorrer quando apresentar complicações cardíacas, vasculares e renais. 7,8 
A hipertensão arterial provoca lesões no sistema cardiovascular e renal. As 
principais alterações encontradas no coração são a hipertrofia ventricular esquerda 
que predispõe à ICC, às arritmias e morte súbita e à cardiopatia isquêmica, em 
particular, o infarto do miocárdio. 5,7,8 
O processo de aterosclerose é acelerado pela hipertensão arterial e as 
principais consequências são o AVC isquêmico, o infarto do miocárdio e a obstrução 
arterial de extremidades, particularmente de membros inferiores. 5,7,8 
21 
 
Já, a lesão de pequenos vasos é a responsável pelo comprometimento renal 
levando à DRC com necessidade de diálise e transplante renal e de retinopatia 
hipertensiva, uma causa possível de cegueira no adulto. 5,7,8 
O tratamento da hipertensão arterial é extremamente importante, pois quando 
realizado de forma adequada promove redução de todas as conhecidas 
complicações da doença. 5,7,8 O tratamento é fundamentalmente multiprofissional e 
inclui mudanças no estilo de vida (retirando os fatores de risco) e, quando 
necessário, o uso de medicamentos. 5–8 
Nos últimos anos, ocorreu uma importante expansão da Atenção Básica em 
Saúde, que, hoje, cobre cerca de 60% da população brasileira. 5–8 Em 2001, o MS 
lançou o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes, 
materializado no Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes (HiperDia), que 
constituiu um sistema de cadastro que permitia o monitoramento gerando in-
formações para aquisição e distribuição de medicamentos de forma regular e 
organizada.11 O programa era uma ferramenta essencial para instrumentalizar a 
prática de atendimento aos usuários hipertensos e/ou diabéticos, gerando 
informaçõesque possibilitavam o conhecimento da situação e mapeamento dos 
riscos favorecendo a atenção aos usuários do SUS e minimizando os fatores 
condicionantes de complicações da doença.11 Entretanto, infelizmente o programa 
foi interrompido unilateralmente pelo Governo Federal. 11 
Por outro lado, atendendo a essa política, o Governo Federal criou em 2011, 
vários programas que atendem às necessidades dos indivíduos com hipertensão 
arterial, a saber: O Programa Academia da Saúde, que visa à promoção de atividade 
física e tem meta de expansão para 4 mil municípios até 2015; no campo da 
alimentação saudável, o incentivo ao aleitamento materno tem sido uma importante 
iniciativa do MS, ao lado do Guia Alimentar para a População Brasileira, da 
rotulagem dos alimentos e dos acordos com a indústria para a eliminação das 
gorduras trans e, recentemente, para a redução de sal nos alimentos; programa 
Farmácia Popular/Saúde Não Tem Preço, que foi a expansão da atenção 
farmacêutica e a distribuição gratuita de mais de 15 medicamentos para hipertensão 
e diabetes (anti-hipertensivos, insulinas, hipoglicemiante, estatina, entre outros). 12 
Entretanto, boa parte destes programas ainda está em fase de implantação ou 
atingem pequena parte da população. 
22 
 
1.4 Adolescência e Hipertensão Arterial 
 
Para a OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a 
adolescência é um processo biológico, de vivências orgânicas no qual se aceleram o 
desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Pode ser dividida em 
pré-adolescência (entre 10 e 14 anos) e a adolescência (dos 15 aos 19 anos). 13–15 
 É um período de intensas mudanças, quando ocorre a transição da 
puberdade para o estado adulto. Neste período acontece a perda do papel infantil 
gerando inquietação, ansiedade e insegurança frente à descoberta de um novo 
mundo. É um momento confuso, de contradições, de formação da identidade e da 
autoestima. 13–15 
O mundo adulto repleto de responsabilidades e cobranças é desejado pela 
possibilidade de alcançar a tão sonhada liberdade, mas também muito temido. 14,15 A 
adolescência é também um período de vulnerabilidade física, psicológica e social. 15 
A experiência da adolescência exige da família, dos profissionais de saúde e 
da educação uma atenção especial para esse indivíduo, ajudando-o a lidar com 
situações e dificuldades que podem gerar agravos à saúde. 13 
As transformações da adolescência alteram o comportamento alimentar, 
influenciado por fatores internos (autoimagem, necessidades fisiológicas, valores, 
preferências e desenvolvimento psicossocial) e externos (Hábitos familiares, amigos, 
valores e regras sociais e culturais, mídia e modismos).13,15 Hábitos alimentares 
inadequados na infância e adolescência podem ser fatores de risco para doenças 
crônicas. 
Os adolescentes vivem o presente, não tomam cuidado com possíveis 
consequências de seus Hábitos alimentares, contribuindo para a aparição de fatores 
de risco e agravantes para sua saúde e, em particular, para a hipertensão arterial, 
cuja prevalência vem sendo crescente nesta faixa etária.16–19 
Em relação à classificação dos valores pressóricos na infância e adolescência 
difere dos valores dos adultos e são apresentados na Tabela 2. 
 
 
23 
 
Tabela 2 - Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes 
menores de 18 anos de idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial VI – 2010. 
5
 
 
A aferição da PA em crianças e adolescentes deve obedecer às regras 
adequadas e às medidas da bolsa de borracha devem ser ajustadas ao tamanho e 
circunferência do braço. 
Utilizando a metodologia apropriada para a determinação da PA, tem-se 
observado que a prevalência de hipertensão nesta faixa etária está nitidamente 
associada ao sobrepeso e à obesidade.20–23 
A possibilidade de que a hipertensão arterial tivesse início na infância fez com 
que muitos pesquisadores realizassem estudos nessa faixa etária, de modo que, 
atualmente, evidências científicas confirmam esta hipótese. 16,17 
Em lactentes e pré-escolares a hipertensão é incomum e, quando presente, 
geralmente indica doença subjacente. 16,17 
Por outro lado, o excesso de peso e os antecedentes familiares de 
hipertensão arterial são os fatores que mais se associam à elevação da pressão 
arterial em crianças e adolescentes em vários estudos em todo o mundo.16–23 
Dois estudos recentes realizados em escolas do ensino médio em Sorocaba-
SP reforçam esta observação e indicam que aproximadamente 16% dos jovens com 
idade média de 16 anos, já apresentam medidas da pressão arterial elevada. 22,23 
Classificação da Pressão Arterial para Crianças e Adolescentes (Modificado do The 
Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in 
Children and Adolescents). 
Classificação Percentil para PAS e PAD Frequência de medida da 
pressão arterial 
Normal 
PA< Percentil 90 Reavaliar na próxima 
consulta 
Limítrofe 
PA entre percentis 90 a 95 ou 
se PA exceder 120/80 mmHg 
sempre <percentil 90 até < 
percentil 95 
Paciente assintomático: 
reavaliar em 1 a 2 semanas; 
se hipertensão confirmada 
encaminhar para avaliação 
diagnóstica. 
Paciente sintomático: 
encaminhar para avaliação 
diagnóstica. 
Hipertensão estágio 2 
PA> percentil 99 mais mmHg Encaminhar para avaliação 
diagnóstica. 
Hipertensão do avental 
branco 
PA> percentil 95 em 
ambulatório ou consultório e 
PA normal em ambientes não 
relacionados à prática clínica 
 
24 
 
O estudo de Moura et al. 21 avaliou a prevalência de PA elevada em escolares 
e adolescentes na faixa etária de 7 a 17 na cidade de Maceió em amostra de 1.253 
crianças e adolescentes. Também foram coletados dados de peso, altura e a 
verificação da PA em duas medidas com intervalo de 2 minutos. 21 Foi detectada a 
elevação da PA em 9,4% dos alunos quando avaliadas as medidas isoladas e esta 
prevalência diminuiu para 7,7% quando a média das duas medidas foi 
considerada.21 A avaliação do estado nutricional pelo IMC detectou sobrepeso e 
obesidade em 9,3% e 4,5% das crianças estudadas. Nesse estudo, a prevalência de 
PA elevada foi 28,6% no grupo de crianças com sobrepeso.21 
O estudo realizado por Garcia 24 avaliou a PA de 672 crianças escolares 
(idade variando de 2 anos a 10 anos e 11 meses) de Belo Horizonte de duas 
instituições de ensino. Uma escola era pública, situada em região de baixo índice de 
qualidade de vida urbana (IQVU), e a segunda era uma escola privada, situada em 
região de alto IQVU. 24 Os seguintes fatores de risco foram associados com a 
hipertensão arterial: estatura, IQVU e índice de massa corporal (IMC).24 
 Almeida23 realizou um estudo, comparando a prevalência de valores 
pressóricos elevados em adolescentes do segundo ano do ensino médio de escolas 
públicas e privadas em Sorocaba\SP, os resultados demonstraram que, embora nas 
escolas públicas os estudantes tivessem menor renda familiar e tivessem trabalho 
fora do lar com maior frequência, os valores da PA não diferiam com relação às 
escolas privadas.23 Entretanto, o estudo confirmou a relação entre a elevação da PA 
e o aumento do IMC em ambos os grupos de estudantes.23 
Por se tratar de doença assintomática e de caráter progressivo, acredita-se 
que o período mais favorável para se realizar a prevenção primária seja na fase 
escolar educando o adolescente e os pais sobre a importância de alterações no 
estilo de vida desde a infância e adolescência, evitando desta forma as 
complicações decorrentes da PA elevada. 25 
 
 
25 
 
1.5 Educação para Saúde 
 
A educação desenvolve conhecimentos, atitudes, aptidões, estilo de vida, 
comportamentos e práticas pessoais que podem ser aplicados e compartilhados 
com a sociedade em geral. 26 
Nessa perspectiva, as ações educativas favorecem o desenvolvimento da 
autonomia ao mesmo tempo em que atendea objetivos sociais.26 
Educação para saúde é definida como sendo um conjunto de atividades que 
sofrem influência e modificação de conhecimentos, atitudes e condutas, sempre em 
prol da melhoria da qualidade de vida e de saúde do indivíduo. Educação em saúde 
é também entendida como uma forma de abordagem que proporciona a construção 
de um espaço importante na veiculação de novos conhecimentos e práticas 
relacionadas a Hábitos de vida saudáveis. Promove a mudança de Hábitos, atitudes 
e comportamentos individuais, mas também em grupos e no coletivo. Tais mudanças 
de conduta estão atreladas à aquisição de novos conhecimentos, ações e atitudes 
favoráveis à saúde. 27,28 
Segundo a OMS, a educação em saúde é entendida como sendo uma 
combinação de ações e experiências de aprendizado planejado com o intuito de 
habilitar as pessoas a obterem controle sobre fatores determinantes e 
comportamentos de saúde. 29 
“O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação formal no que se 
refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem ativa e transformadora de 
atitudes e Hábitos de vida”.27 As experiências evidenciam que transmitir 
conhecimento a respeito do funcionamento do corpo e das características das 
enfermidades, não é satisfatório para que os adolescentes desenvolvam um estilo 
de vida mais saudável. 
É necessário educar para a saúde levando em conta todos os aspectos 
envolvidos no desenvolvimento de Hábitos e atitudes que acontecem no dia-a-dia da 
escola. 27 
São imprescindíveis métodos que contemplem as necessidades essenciais 
dos jovens, da busca pelo conhecimento motivando-os para que incorporem às suas 
vidas estilos que contribuam para mudança de conduta, aumentando as chances do 
controle das doenças mais comuns.27 
26 
 
Esta é a concepção de saúde que fundamenta os Parâmetros Curriculares 
Nacionais. Temas Transversais - Saúde. 30 
 
Para pensar e atuar sobre a saúde é preciso romper com enfoques que 
dividem a questão, ou seja, todo o peso da conquista da saúde no indivíduo, 
em sua herança genética e empenho pessoal é tão limitado quanto 
considerar que a saúde é determinada apenas pela realidade social ou pela 
ação do poder público. 
Interferir sobre o processo saúde/doença está ao alcance de todos e não é 
uma tarefa a ser delegada, deixando ao cidadão ou à sociedade o papel de 
objeto da intervenção da natureza, do poder público, dos profissionais de 
saúde. Acreditar que cidadania é exercício de sujeitos do processo 
saúde/doença é a motivação essencial da educação para a saúde.
30 
 
O uso crescente de material educativo como recurso na educação em saúde 
tem assumido um papel importante no processo de ensino-aprendizagem, nas 
intervenções terapêuticas e preventivas, principalmente nas doenças crônicas, pois 
melhora o conhecimento, mudando as atitudes e Hábitos das pessoas, facilitando-
lhes a autonomia, tornando-as capazes a perceber como suas ações influenciam 
seus padrões de saúde. Mas para isso, as medidas educacionais devem ser 
contínuas e elaboradas de forma que as mensagens tenham vocabulário e conteúdo 
coerentes com o público-alvo. Devem ser convidativas, de fácil leitura e 
entendimento. 31 
A educação pode ser feita de várias formas, desde as instruções individuais, 
onde se constrói a motivação e se faz o feedback daquilo que já foi orientado, ou 
educação em grupo, dando oportunidade de aprendizagem através da experiência 
interativa de vários indivíduos, facilitando também a atuação do educador no sentido 
de atingir um número maior de pessoas. 32 
 
1.6 Iniciativas Governamentais 
 
O Governo Federal através dos Ministérios da Saúde e do Ministério da 
Educação Instituiu em 2007 as políticas de saúde e educação voltadas às crianças, 
adolescentes, jovens e adultos da educação brasileira.33 Entre as políticas 
governamentais algumas se destacam pelo seu potencial educativo e preventivo. 
O Programa Saúde na Escola (PSE) que promove e monitora ações no 
âmbito da avaliação nutricional e antropométrica, detecção precoce de hipertensão 
27 
 
arterial, promoção de atividades físicas, promoção da alimentação saudável e de 
segurança alimentar no ambiente escolar de todos os municípios brasileiros. 34 
Foi realizada em 2009 a I Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 
inquérito com cerca de 63 mil alunos do 9º ano das escolas públicas e privadas das 
capitais do Brasil e do Distrito Federal, feito como parceria entre o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE) e os Ministérios da Saúde e da Educação. 33 Em 
2012 a pesquisa foi repetida e deverá acontecer a cada três anos.33 
Os resultados dessa pesquisa quanto à avaliação nutricional mostraram que 
43,3% dos escolares adolescentes consomem alimentos não saudáveis, 35% 
consomem salgados e 32,2% refrigerantes. 33 Com relação à atividade física, 30,1% 
são ativos (realizam 300 minutos ou mais de atividade física por semana), 63,1% 
são insuficientemente ativos e 6,8% são inativos. 33 Curiosamente 79,4% ficam 
sentados 2 horas ou mais por dia diante da TV e 6% são fumantes. 33 
As PeNSE de 2009 e 2012 resultaram na Semana Saúde na Escola 2012. O 
contexto de enfrentamento do aumento epidêmico da obesidade na infância e na 
adolescência e a repercussão da temática da obesidade na mídia nacional, fez com 
que o tema fosse retomado em 2013, acompanhado da temática da saúde ocular e 
do Projeto Olhar Brasil, ambos como temas centrais da Semana. 34 Outros temas 
importantes com ações previstas para a Semana para o público das séries finais do 
Ensino Fundamental e Ensino Médio são: prevenção ao uso do álcool, tabaco, crack 
e outras drogas, educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das 
DST/AIDS, promoção de direitos humanos, das práticas corporais, atividade física e 
lazer nas escolas”. 34 Em 2013, o Ministério da Saúde junto com Ministério da 
Educação criou um guia de sugestões de atividades para ser trabalhada durante a 
“semana saúde na escola”, cujo principal objetivo é fornecer um conjunto de 
atividades capazes de estimular e enriquecer o trabalho educativo dos profissionais 
de saúde e educação, sendo seus princípios a promoção e prevenção de agravos à 
saúde de escolares, dando início a uma mobilização temática prioritária de saúde, 
que deverá ser trabalhada ao longo de todo ano letivo nas escolas. 33 
 A ideia é investir na formação de bons Hábitos desde a infância, pois se uma 
criança cresce em um ambiente de vida saudável, a tendência é que se torne um 
adulto saudável. Cerca de 12 milhões de estudantes em 56 mil escolas de 2.495 
municípios já participaram do programa. 28 
28 
 
 A Gestão do Programa Saúde na Escola é centrada em ações 
compartilhadas, desenvolvidas por meio dos Grupos de Trabalho, sendo realizadas 
coletivamente de forma a atender às necessidades, aproveitando o espaço 
privilegiado da escola para práticas de promoção e prevenção da saúde. 28 
“A articulação entre Escola e Rede Básica de Saúde é fundamental para o 
Programa Saúde na Escola, pois é uma estratégia de integração da saúde e 
educação, pois desenvolve vários programas nas mais diversas áreas da educação, 
privilegiando a escola como espaço para a articulação das políticas voltadas aos 
adolescentes e jovens, garantindo educação para todos e promoção de saúde". 28 
Estes programas abordam vários temas motivadores para os adolescentes, sendo 
usado pelo educador como estratégia para disseminar o conhecimento gerando 
articulações para a prática proporcionando assim, oportunidades impar para o 
exercício da cidadania. 28 
Nesse mesmo sentido, o Governo do Estado de São Paulo vem 
implementando ações nas escolas, através do Programa Alimentação Saudável com 
o objetivo de ensinar e incentivar mudança no perfil nutricional estimulando Hábitos 
saudáveis aos alunos da rede estadual de educação. Essas ações são promovidas 
pela Secretaria Estadual da Educação,em parceria com a Sociedade Brasileira de 
Cardiologia (SBC). 35 Além de pesar e medir os estudantes, o programa inclui o 
questionário sobre os Hábitos alimentares e a prática de atividade física. Os alunos 
serão acompanhados e passarão por novo controle após seis meses do início da 
intervenção para a verificação dos resultados obtidos. 35 Em entrevista ao Diário 
Oficial do Estado de São Paulo, Carlos Alberto Machado, diretor de saúde 
cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, salienta que 55% dos 
brasileiros estão com sobrepeso ou são obesos, de acordo com pesquisa do MS. 
Essa alteração indica a possibilidade de aumento de doenças como diabetes, 
hipertensão e excesso de colesterol. O cardiologista ressalta que metade das 
320.000 mortes por ano, resultantes de doenças cardiovasculares, poderiam ser 
evitadas com trabalho preventivo e tratamento adequado. 
 “Prevenir custa pouco; caros são os tratamentos complexos, as cirurgias, as 
sequelas, as aposentadorias. A saúde na infância evita a doença do adulto. Por isso, 
é importante manter estilo de vida saudável”.35 
 
29 
 
1.7 O Ensino Médio – programas educativos e de promoção à saúde. 
 
O ensino médio é um sistema de ensino com características distintas 
conforme o país. No Brasil, o ensino médio tem se constituído, ao longo da história 
da educação, como o nível de maior complexidade na estruturação de políticas 
públicas, enfrentando desafios estabelecidos pela sociedade, em decorrência de sua 
própria natureza, pois se trata de etapa intermediária. 27 
O ensino médio corresponde à última etapa da educação básica, 
normalmente com idades entre os 14 e os 17 anos e cuja intenção é o 
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, assim como 
a formação do cidadão para a vida social e para o mercado de trabalho, 
proporcionando conhecimentos básicos e necessários para o educando ingressar no 
ensino superior. 27 
A Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996, denominada Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB), estabelece sua regulamentação específica de 
acordo com o currículo, podendo ser realizado em paralelo com a educação 
profissional de nível técnico. No Brasil é chamado de ensino secundário o que hoje 
corresponde à segunda parte do ensino fundamental, a partir do sexto ano, e o 
ensino médio. A LDB deixa cada sistema livre para constituir os conteúdos do ensino 
médio. “Na maior parte dos sistemas de ensino, o ensino médio é composto pelo 
ensino de português junto com literatura brasileira e portuguesa, de uma língua 
estrangeira moderna (tradicionalmente o Inglês ou o Francês e, mais recentemente, 
o Espanhol), das ciências naturais (Física, Química e Biologia), da Matemática, das 
Ciências Humanas (História e Geografia primariamente, Sociologia, Psicologia e 
Filosofia), Artes, de Informática e de Educação “Física”.27,36 
“Em suas práticas pedagógicas, a escola adotou sistematicamente uma visão 
reducionista de saúde, enfatizando os seus aspectos biológicos”. 27 Desde o século 
passado, ainda que não se tivesse destinado um espaço específico para abordar a 
questão, os conteúdos relativos à saúde e doenças foram sendo incorporados ao 
currículo escolar brasileiro de uma maneira que refletia as mesmas mudanças e 
perspectivas com as quais esses temas eram socialmente abordados. Assim, 
disciplinas como Higiene, Puericultura, Nutrição e Dietética ou Educação Física, e, 
mais recentemente, Ciências Naturais e Biologia, divulgaram conhecimentos 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino
30 
 
referente aos mecanismos pelos quais os sujeitos adoecem ou asseguram sua 
saúde.27 
As diretrizes curriculares do ensino médio são regulamentadas pela 
Resolução 2 de 30 de janeiro de 2012.37 Nesta resolução estão previstos que a 
prática de educação física deve integrar o currículo, mas é facultada “nos casos 
previstos por lei”. 37 Em seu artigo 10 item II, a resolução também prevê o 
“tratamento transversal e integradamente, permeando todo o currículo, no âmbito 
dos demais componentes curriculares, a educação alimentar e nutricional, o 
processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, de forma a eliminar o 
preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria. A educação ambiental e a 
educação para o trânsito”.37 Assim, introduzir e estimular a discussão, a prática e a 
educação de hábitos higienodietéticos saudáveis no ensino médio está 
perfeitamente dentro do espírito das normas curriculares. 
Contudo, pouco é feito neste sentido na maioria das escolas, pois elas não 
priorizam esta área curricular e os profissionais e os docentes da área que 
trabalham na saúde, mantêm-se distantes deste cenário de atuação educacional. 37 
A escola precisa enfrentar o desafio de permitir que seus alunos reelaborem 
conhecimentos de maneira a construir valores, desenvolver habilidades e práticas 
favoráveis à saúde. Nesse processo, espera-se que possam estruturar e fortalecer 
comportamentos e hábitos saudáveis, tornando-se sujeitos capazes de influenciar 
mudanças que tenham repercussão em sua vida pessoal e na qualidade de vida da 
família e da coletividade. 38 
Nesta perspectiva de contribuir com a promoção da saúde e prevenção 
primária da hipertensão arterial é que o presente estudo foi idealizado. Entretanto, 
para entendermos qual a melhor abordagem para conseguirmos estas metas 
precisávamos inicialmente conhecer os conceitos, percepções e representações que 
o problema "hipertensão arterial - hábitos de vida e risco futuro" tem para os alunos 
do ensino médio. Conhecendo estas premissas e partindo-se do pressuposto de que 
as escolas devem oferecer programas de educação em saúde, deveríamos propor 
atividades educativas que motivassem estes jovens a terem ações preventivas e de 
promoção à saúde. 
A linha de pesquisa escolhida do Programa de Estudos Pós-Graduados 
Educação nas Profissões da Saúde foi "educação em saúde, ambiente e qualidade 
31 
 
de vida" que se relaciona com o papel da educação no controle de futuras doenças e 
na qualidade de vida das pessoas. 
32 
 
2 OBJETIVOS 
 
 Analisar o conhecimento e as percepções que o jovem estudante do ensino 
médio tem sobre a hipertensão arterial e suas complicações futuras; 
 
 Identificar a partir das sugestões dos alunos as estratégias educativas motivadoras 
para a prevenção da doença diminuindo o risco cardiovascular futuro e 
promovendo saúde; 
 
 Compreender como o cenário escolar pode contribuir para a educação e promoção 
da saúde. 
33 
 
3 - REFERENCIAL TEÓRICO 
 
No século XX Serge Moscovici foi o primeiro cientista a utilizar o conceito de 
representação social, renovando e confirmando a especificidade da Psicologia 
Social a partir da mediação entre o individual e o social, que para o autor 
desempenham a função específica, seja em qualquer sociedade, contribuindo para 
os processos de formação de condutas e de orientação das comunicações sociais. 
As representações sociais (RS) manifestam-se em palavras, sentimentos e 
condutas que se institucionalizam, despontando como uma nova maneira de 
interpretar o comportamento dos indivíduos e dos grupos sociais. Portanto, podem e 
devem ser analisadas a partir da compreensão das estruturas de comportamentos 
sociais. 39 
A representação não é um simples reflexo da realidade, carrega em sua 
construção o contexto social e ideológico, lugar do indivíduo na organização social, 
história do indivíduo e do grupo, determinantes sociais, sistemas e valores.40 
 Na área da saúde e educação a Teoria das Representações Sociais (TRS) 
tem sido um valioso referencial para a construção de intervenções, pois permite 
compreender e explicar a realidade que se revela nos grupos sociais para os quais a 
intervenção está voltada e ainda confrontar diferentes representações em relação a 
um objeto social. 
A hipertensão arterial por ser uma doença muito prevalenteno adulto é um 
tema que faz parte das relações interpessoais do dia a dia, prende a atenção, o 
interesse, a curiosidade das pessoas e a necessidade de saúde demanda a sua 
compreensão. A hipertensão na adolescência, na atualidade, é um tema em 
evidência, a medida que os comportamentos e os perfis epidemiológicos denunciam 
um risco crescente para essa faixa etária que também é um foco para o estímulo às 
condutas preventivas de doenças cardiovasculares. 
Nesse sentido, neste estudo, buscou-se o conhecimento dos adolescentes 
sobre hipertensão arterial, levando, dessa forma, a compreensão e a contribuição 
destes atores na direção de propostas de intervenções mais específicas, como 
descrito a seguir no método. 
34 
 
4 MÉTODO 
 
4.1 Características da pesquisa realizada 
 
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e de abordagem qualitativa. Os 
métodos de pesquisas qualitativas são menos estruturados, proporcionam um 
relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e os entrevistados, e lidam 
com informações mais subjetivas, amplas e com maior riqueza de detalhes.41 A 
escolha dessa abordagem permite compreender processos de construção da 
realidade por determinados grupos sociais, entendendo melhor as práticas 
cotidianas, ações e reações a fatos e eventos, percepções, crenças, hábitos, 
vivências, valores, restrições, preconceitos, linguagens, comportamentos e atitudes 
de pessoas que partilham traços comuns e relevantes para o estudo do problema 
em foco. A pesquisa qualitativa trabalha com características bem definidas, pois se 
preocupa em responder as questões particulares que não podem ser quantificadas, 
remete ao significado das ações e relações humanas, buscando resultados os mais 
fidedignos possíveis. 39 
 
4.2 Local e período do estudo. 
 
A pesquisa foi realizada no período de novembro de 2011 a novembro de 
2012, no município de Sorocaba-SP. A cidade está localizada na região sudoeste do 
Estado de São Paulo, a 87 quilômetros de distância da capital do Estado, com 586 
mil habitantes. 42 Sorocaba conta atualmente com um total de 206 escolas públicas, 
divididas em 125 escolas municipais, das quais somente 44 oferecem o ensino 
médio. 43 Oitenta e uma escolas estaduais sendo que 43 destas oferecem o ensino 
médio. 44 
Participaram deste estudo três escolas, sendo duas estaduais e uma 
particular localizadas em diferentes áreas do município, que serão descritas 
posteriormente. 
35 
 
4.3. Sujeitos / Atores da Pesquisa 
 
A escolha dos atores foi baseada no contato prévio com as escolas, 
questionando-se o interesse de participação no estudo, sem qualquer seleção 
adicional, exceto ser aluno do segundo ano do ensino médio. 
O universo dos participantes foi composto por estudantes matriculados na 
segunda série do ensino médio das escolas escolhidas, distribuídos em quatro 
grupos focais formados por 19 meninos e 29 meninas. As discussões em grupo 
tinham a finalidade de diagnosticar as diferentes visões e percepções que o 
estudante do ensino médio tem sobre a hipertensão arterial e suas complicações 
futuras, identificar a partir das sugestões dos alunos as estratégias educativas 
motivadoras para a prevenção da doença diminuindo o risco cardiovascular futuro e 
promovendo saúde. Pretendíamos também compreender como o cenário escolar 
pode contribuir para a educação e promoção da saúde. Os grupo foram formados 
com o número mínimo de seis e o máximo de 15 participantes, em conformidade 
com o que é recomendado por Nogueira-Martins e Bogus. 
45
 A amostragem foi 
baseada nas características homogêneas dos participantes, mas com suficiente 
variação entre eles para que pudessem existir opiniões divergentes. 
46
 
 
4.4 Aspectos Éticos 
 
Após apresentação da proposta da pesquisa e autorização das escolas a 
coordenação da escola encaminhou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(TCLE),(APÊNDICE A), aos alunos interessados em participar da pesquisa. Se 
estivessem de acordo, deveriam assinar e levar a seus pais ou responsáveis para 
que também o assinassem, obedecendo aos aspectos éticos e legais da Resolução 
196/96 do Conselho Nacional de Saúde – MS, referente à pesquisa envolvendo 
seres humanos, ficando garantidos o sigilo, a liberdade de recusa ou a desistência 
de participação em qualquer fase da pesquisa.
47
 
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de 
Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
(CEP-FCMS-PUC/SP) (ANEXO A). 
36 
 
4.5. Identificação e caracterização dos alunos 
 
A caracterização socioeconômica dos alunos participantes foi realizada com o 
auxílio de um questionário com questões fechadas sobre os dados de identificação e 
sóciodemográficos, necessários para caracterização dos participantes e foram 
preenchidos no início dos encontros (APÊNDICE B). 
 
4.6. Locais de realização do estudo 
 
O estudo foi desenvolvido em três escolas do Município de Sorocaba-SP, 
sendo duas escolas estaduais e uma particular, frequentadas por alunos de classes 
sociais distintas. Todos os participantes eram alunos do 2º ano do ensino médio. 
Em cada escola foram realizados dois encontros, com os grupos. Uma das 
escolas (ETEC) houve a inclusão de dois grupos, sendo um grupo piloto. 
 
 
Colégio Uirapuru 
 
A formação desse grupo se deu através de uma carta convite (APÊNDICE C), 
dirigido à coordenadora do Colégio Uirapuru, sendo esta uma escola particular, 
localizada na Av. Professor Arthur Fonseca, 633. Jd. Panorama - Sorocaba -SP. O 
colégio Uirapuru é composto pelos educadores do Berçário, Pré-Escola, Ensino 
Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Essa escola possui uma boa 
infraestrutura física e o ensino estende-se do Berçário ao Ensino Médio. Como 
espaços pedagógicos, dispõe de laboratórios de ciências, midiateca, ginásio 
poliesportivo, piscina coberta, recursos tecnológicos como computadores, lousas 
eletrônicas e outros ambientes especiais à estimulação e vivências práticas na 
educação. Nessa escola, os alunos do Ensino Médio têm aulas no período matutino 
e, em três dias da semana, também no período vespertino. 
A escola considera que esta última etapa da Educação Básica apresenta 
características bastante específicas, pois se configura como um período para a 
estruturação das raízes dos projetos de vida – pessoal e profissional – dos alunos, 
marcando o início da vida adulta e a preparação para o vestibular. 
37 
 
O Ensino Médio do Uirapuru, com a duração de 3 anos, tem como finalidades: 
“A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no 
Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; a 
preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para 
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade 
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; o 
aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação 
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; 
a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos 
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada 
disciplina”. 
 
A descrição da proposta pedagógica, do colégio, propõe ser “formadora, onde 
o aluno é estimulado a participar, a perguntar, a raciocinar, a resolver problemas, 
conciliando teoria e prática, transpondo conhecimentos entre diferentes áreas, 
percebendo que valores e conhecimentos andam juntos”.48 
 
Escola Técnica Estadual Rubens de Faria e Souza (ETEC) 
 
Da mesma forma foi encaminhado um convite para a direção da escola, 
pedindo a autorização para que os alunos do segundo ano do ensino médio 
participassem da pesquisa. A escola está situada na região central da cidade de 
Sorocaba à Av. Comendador Pereira Inácio número 190. Funciona em três turnos e 
apresenta uma grande diversidade social. No períodomatutino, período no qual foi 
realizada a pesquisa, é oferecido o ensino médio “regular” e nos períodos vespertino 
e noturno o ensino médio profissionalizante (técnico). Esse colégio dispõe de uma 
biblioteca com aproximadamente 9.000 volumes, entre livros técnicos, livros de 
literatura (brasileira e estrangeira), livros didáticos; revistas de assuntos gerais; 
divulgação de material através de redes sociais; serviço de internet; disponibilidade 
de três jornais (Cruzeiro do Sul, Bom Dia e Folha de São Paulo) por assinatura; 
aproximadamente 200 títulos em DVD, entre filmes e material técnico. 
A biblioteca possui dez computadores disponíveis aos alunos e um bom 
acervo virtual. 
“A política pedagógica vigente na ETEC é a formação integral do aluno, 
garantindo a formação de competências necessárias para o pleno exercício da 
cidadania e do trabalho” e, para a realização desta proposta, os professores da 
ETEC estão ininterruptamente modernizando suas propostas de trabalho, 
38 
 
aprofundando as experiências positivas e ajustando as que proporcionam respostas 
abaixo das esperadas. 
“Sempre atenta à legislação educacional e às políticas educacionais 
vigentes, a ETEC procura desenvolver um trabalho de vanguarda 
educacional, implementando inovações educacionais de gestão escolar, 
que tragam como objetivo o efeito da aplicação dos recursos públicos, tanto 
na educação básica (Ensino Médio), como na profissional (educação 
técnica de nível médio) e segurança de um excelente serviços educacional 
proporcionados à sociedade”.
49
 
 
O Projeto Pedagógico é a identidade da escola. Nele estabelecem as 
diretrizes referentes ao método de ensino-aprendizagem, atento à aplicação das 
diretrizes educacionais. 
“Hoje todos os cursos trabalham orientando os projetos de ensino usando 
metodologias ativas, que premiam a formação do aluno e o atendimento à 
comunidade, à interdisciplinaridade, da formação do estudante, despertando 
no aluno novos conhecimentos e habilidades de participar eticamente da 
vida em comunidade, colaborando com a melhoria das condições de vida da 
comunidade. A escola proporciona ainda atividades produtivas (agrícolas), 
em que a proposta pedagógica e a participação / relevância da Cooperativa-
Escola e/ou Empresa Jovem como instrumento metodológico”. 
49
 
 
No Ensino Médio, além das disciplinas comuns ao currículo de outras 
instituições de ensino, a escola possui disciplinas e projetos em várias áreas de 
conhecimento como: 49 
“Ações de cidadania, que possibilitam ao aluno desenvolver trabalhos de 
ações comunitárias; educação; divulgação e defesa de direitos; campanhas; 
prestação de serviços à comunidade; trabalhos voluntários em associações 
e organizações sociais e outros”, “Ações de defesa e proteção ao ambiente, 
realizando pesquisas e ações diagnosticando problemas causados ao 
ambiente, apresentando possíveis formas de solucioná-los e estimular a 
comunidade a se mobilizar em sua defesa.” “Projetos Técnicos-Científicos 
que envolvem análise, discussão e promoção de ações em relação ao 
combate ao desperdício (de água, energia, alimentos, materiais de consumo 
e outros); aproveitamento do lixo; uso de tecnologias; inovações 
tecnológicas e a prevenção de doenças”. 
 
A escola possui ainda serviço de informação e comunicação em diferentes 
mídias e códigos de linguagem, produção de jornais, revistas, quadrinhos, cartilhas, 
CD-Rom, programas de rádio e vídeos. A finalidade é formar técnicos cada vez mais 
capacitados a atuarem de forma inovadora nas diversas atividades industriais e de 
serviços. 49 
 
 
39 
 
Escola Estadual Wanda Costa Daher 
 
Para a participação dos alunos desta escola foi encaminhada uma carta 
convite ao Diretor da Escola Estadual Wanda Costa Daher, localizada na Av. Chico 
Xavier, 240 – bairro Ana Paula Eleutério (Habiteto), Sorocaba–SP, um bairro da 
Zona Norte que teve origem em um conjunto habitacional criado no município. A 
escola é frequentada por alunos oriundos de uma população de baixa renda 50 e a 
escola funciona em três turnos oferecendo Ensino Fundamental, Ensino Médio, 
Educação de Jovens e Adultos. 
Essa escola oferece a seus alunos um laboratório de informática com 
computadores, internet, laboratório de ciências e sala de leitura. O portal da escola 
na internet não apresenta proposta pedagógica, mas entendemos que deva seguir 
as orientações presentes nas diretrizes curriculares elaboradas pelo Conselho 
Nacional da Educação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio 
(PCN), ou seja, “o currículo organiza o espaço e o tempo de acordo com as 
necessidades de ensino, considerando as orientações contidas”. 50 51 
 
4.7 Procedimentos de Coleta de Dados 
 
Levando-se em conta que pode haver diferenças de opiniões e comportamentos 
determinados pela classe social dos participantes da pesquisa, com a finalidade de 
extrair de cada um deles as diferentes percepções sobre o tema assim como a discussão 
coletiva,
39
 decidimos que o estudo deveria ser conduzido através da Técnica de Grupo 
Focal, pois esta estratégia metodológica permite agrupar diferentes atores num mesmo 
espaço de investigação, promovendo a reflexão crítica sobre o cotidiano de ensino e 
aprendizagem.
52
 
 
O grupo focal é composto por um pequeno número de sujeitos (de seis a 
quinze), selecionados com base em suas características, homogêneas ou heterogêneas, 
em relação ao assunto a ser discutido, cujas vivências sejam pertinentes ao objeto de 
estudo na pesquisa, isto é, neste tipo de pesquisa a amostra é sempre intencional.
53
 
Para realização da Técnica de Grupo Focal é necessário a presença de um 
coordenador, que deve garantir um ambiente que possibilite a expressão de todas as 
40 
 
opiniões dos participantes sem que isso leve a um clima de disputa. O coordenador 
atua como facilitador do processo e mantendo a discussão sobre o tema central, 
fazendo sumarizações da discussão, sempre que necessário, auxiliando o grupo a fazer 
uma reflexão conjunta, ou a trazer novas questões para aprofundamento. 
54
 Há 
também a presença de um observador, que assume a tarefa de registrar todos os 
acontecimentos no grupo, incluindo os aspectos não verbais presentes na comunicação 
dos participantes, do inicio ao final do encontro. 
Enquanto estratégia, a Técnica de Grupo Focal gera resultados com maior 
diversidade e profundidade das respostas, produzindo informações com maior riqueza 
de detalhes, permitindo aos pesquisadores que observem pontos consensuais e as 
divergências do discurso opinativo presente no processo, revelando as percepções que 
o aluno tem sobre o tema hipertensão arterial.
39,53,54
 
Os encontros dos grupos focais foram realizados entre novembro de 2011 a 
novembro de 2012 em uma sala de aula disponibilizada pelas escolas. Os 
participantes tiveram permissão da direção para se ausentar das suas atividades 
rotineiras para a participação na pesquisa, sem prejuízo de seus afazeres. Em cada 
escola foram realizados dois encontros com duração de 90 minutos cada um. 
As atividades desenvolvidas com os grupos foram gravadas em áudio para 
permitir o registro fiel de todas as discussões ocorridas entre os participantes. 
O orientador da pesquisa desempenhou a função de coordenador em todos 
os grupos, a pesquisadora participou como observadora sempre acompanhada da 
presença de outro observador colaborador. 
Seguindo os pressupostos do Grupo Focal, 55 por ocasião dos primeiros 
encontros, foram realizados inicialmente o contato grupal, momento em que foram 
informados e esclarecidos sobre a pesquisa e sua participação e o recolhimento dos 
TCLE assinados pelos pais/e ou responsáveis, bem como as regras pactuadas para 
a participação do grupo (APÊNDICE D). Em seguida os alunos preencheram o 
instrumento com os dados demográficos (APÊNDICE B) seguido da leitura um texto 
disparador, uma notícia divulgada na mídia, que naépoca foi bastante significativa, 
pois tratava-se de uma situação real vivenciada por um técnico de futebol, com o 
objetivo de “provocar” discussões, que pode ser visto na página seguinte. 
 
41 
 
Figura 2- Texto disparador 
 
 
 
Fonte: Entrevista 
56
. 
Com certeza você já ouviu falar de pessoas que estando “muito bem”, de 
repente, sofreram um “ataque cardíaco”, tiveram um “derrame cerebral” ou 
precisaram realizar hemodiálise como um tratamento preparatório para o 
transplante renal. HA muitos exemplos de pessoas famosas, mas isto não vem 
ao caso, pois o comum é isto ocorrer com pessoas próximas a nós. Embora 
estas complicações ocorram com maior frequência em idosos, muitas vezes 
surpreendem-nos na plenitude de nossas vidas. 
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/2011/08/ricardo-gomes-sera-reavaliado-na-manha-desta-terca.html 
O AVC de Ricardo Gomes 
Ricardo Gomes passou mal por volta de 20 minutos do 
segundo tempo do clássico entre Flamengo e Vasco. O 
treinador, inicialmente, foi atendido pelo médico do Vasco 
Fernando Mattar no próprio banco de reservas. Em seguida, 
ele não consegui se levantar e teve de ser carregado até a 
ambulância, que o levou para o centro médico do estádio. 
Após passar por vários exames o técnico foi encaminhado para 
o Hospital Pasteur, que fica no Méier, bairro nas proximidades 
do Engenhão. Segundo o primeiro boletim médico, Ricardo 
Gomes, cuja pressão chegou a 19 por 12, sofreu um acidente 
vascular cerebral (AVC) com hemorragia. Ele está na UTI e 
passa por operação prevista para durar três horas. 
A causa de acidente 
vascular cerebral 
hemorrágico mais 
comum é a 
hipertensão arterial 
(pressão alta). Os 
homens entre 50 e 
60 anos estão entre 
42 
 
Em seguida, o coordenador do grupo seguiu um roteiro com perguntas 
disparadoras pré-estabelecidas, considerando as recomendações de Minayo, de que 
estas devem fazer parte do delineamento do estudo, ampliando e aprofundando a 
comunicação entre o grupo a respeito dos fatos, relações e ponto de vista dos 
sujeitos. 39 (APÊNDICE E). 
 
4.8 Procedimentos de Análises 
Os dados sócio demográficos foram analisados estatisticamente 
considerando a frequência . 
O material obtido nos grupos foi transcrito e analisado segundo a "Análise de 
Conteúdo", na perspectiva da Análise Temática51. Bardin define a Análise de 
Conteúdo como: 
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por 
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das 
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de 
conhecimentos relativos à condições de produção/recepção destas 
mensagens
51
 
 
Na busca de atingir os significados manifestos e latentes no material 
qualitativo, têm se desenvolvido várias técnicas como análise de expressão, análise 
das relações, análise temática e análise da enunciação.51 
A análise de conteúdo permitiu atender às inúmeras necessidades da 
pesquisa, pois ultrapassa as incertezas e enriquece a leitura dos dados coletados, 
sendo sempre realizadas por categorias, funcionando através de desmembramento 
do texto em unidades seguindo reagrupamentos. 54 
A escolha pela Análise Temática deu-se por ser a forma que melhor se ajusta 
aos objetivos da pesquisa. Segundo Mynaio39 a Análise Temática busca entender o 
conhecimento, impressões, crenças que os estudantes do ensino médio tinham 
sobre a hipertensão arterial, com a finalidade de compreender o pensar, o sentir e o 
agir, que norteiam os alunos na construção do seu cotidiano. 39 
O processo de análise dos dados foi realizado em etapas: Na primeira, uma 
pré-análise, pautada na "leitura flutuante" do material, repetidas vezes, até atingir 
uma "impregnação" do conteúdo.54 Na segunda etapa os dados foram 
sistematizados segundo os temas discutidos nos grupos focais de acordo com a 
análise temática proposta por Minayo.39 Na etapa seguinte realizamos a exploração 
do material, transferindo os discursos, dividindo-os de acordo com os temas, a partir 
43 
 
das unidades de significados (categorias e subcategorias). A seguir elaboramos 
quadros individuais por categoria e posteriormente, um quadro geral, para cada uma 
das questões disparadoras. 
 
4.9 Apresentação das análises do material obtido nos grupos focais. 
 
Realizamos inicialmente a transcrição de cada grupo focal. Em seguida foi 
feita a leitura e a releitura do material. Para a organização e apresentação dos 
resultados, foram construídas categorias, de acordo com os temas, e levando em 
conta as respostas dos participantes. 
 Para apresentação dos resultados, escolhemos seguir o padrão decrescente, 
ou seja, da escola com maior poder aquisitivo para a de menor concentração de 
renda. Para apresentação do detalhamento da análise de conteúdo de cada grupo 
focal, seguimos os temas/categorias de acordo com os objetivos da pesquisa, que 
foram desmembrados em subtemas/categorias.(APÊNDICES de F a O.). 
44 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Como esperado, o questionário sócio demográfico apontou algumas 
diferenças marcantes entre as escolas estudadas, entre elas, a presença de 
afrodescendentes (pardos) somente nas escolas públicas; a renda familiar e a 
escolaridade dos pais foram crescentes à medida que partimos da escola pública da 
periferia, para a escola pública central e para a escola particular. Outro aspecto em 
que os alunos das escolas públicas diferem dos demais é a maneira eles vão à 
escola, pois utilizam o transporte público ou vão à pé. 
Os fatores socioeconômicos desempenham papel essencial no 
desenvolvimento físico, psicológico e social das crianças e adolescentes. As 
desigualdades socioeconômicas são determinantes das condições econômicas, 
culturais, biológicas e ambientais nas quais os indivíduos e grupos familiares estão 
inseridos, podendo constituir fatores diferenciais da situação de saúde. 33 
 
Tabela 3 - Distribuição das Variáveis Demográficas e Sociais de acordo com as 
Escolas Pesquisadas 
 
Variável 
Escola Pública 
Estadual 
Escola Técnica 
Estadual 
Escola 
Particular 
Número de Participantes 
Masculinos ( n= 19) 3 11 5 
Femininos (n=29) 9 11 9 
Total (n=48) 12 22 14 
Autodefinição da raça 
Brancos 7 19 14 
Pardos 5 3 0 
Religião 
Sem religião 0 2 3 
Católicos 6 17 7 
Evangélicos 5 3 0 
Espíritas 1 0 4 
Renda Familiar 
1 a 3 salários mínimos 10 6 0 
3 a 5 salários mínimos 2 11 3 
5 a 10 salários mínimos 0 5 9 
 + 10 salários mínimos 0 0 2 
Nº de Pessoas que Contribuem para Renda Familiar. 
 Uma 3 4 5 
Duas 6 13 7 
45 
 
Três 2 5 2 
Quatro 1 0 0 
Meio de Informação que mais usa. 
a)Jornal 2 2 0 
b)TV 3 8 3 
c)Rádio 2 0 0 
d)Revistas 1 0 0 
e)Internet 4 12 11 
f)Outros 0 0 0 
Escolaridade dos Pais 
Sem escolaridade 3 0 0 
Ensino Fundamental 4 7 0 
Ensino Médio 5 10 3 
Ensino Superior 0 5 6 
Mestrado ou Doutorado 0 0 5 
Não sei informar 0 0 0 
Meio de Transporte utilizado para ir a escola. 
A pé 8 2 2 
Família/ carona 0 3 9 
Bicicleta 0 2 0 
Transporte coletivo 4 11 0 
Transporte escolar 0 4 3 
Atividades no tempo livre 
a)TV 3 3 1 
b)Religião 2 1 0 
c)Cinema 0 2 2 
d)Música 3 3 2 
e)Leitura 0 0 1 
f)Internet/Comutador/Celular 4 11 8 
g)Esportes 0 1 0 
h)Outras 0 1 0 
Pratica atividade física na escola? 
 Sim 0 13 3 
Não 12 9 11 
Pratica atividade física fora da Escola? 
Não pratica 12 14 11 
Pratica 2 8 3 
Pratica Atividade Física para: 
Manter a forma física 0 5 2 
Evitar doenças 2 2 0 
Recuperar a saúde 0 0 0 
Por prazer 0 1 1 
Recebe Orientação para prática de Atividade Física. 
Sim 0 5 0 
46 
 
Não 0 3 0 
Prof. ED. Física 2 5 3 
Agente de saúde 0 0 0 
Médico. 0 0 0 
Cuidados especiais com

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