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DA 1 REPÚBLICA ATÉ VARGAS

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26/02/24, 09:16 EDU_HBCPRV_19_E_1
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Unidade 1 - A República Velha
(1889-1930): bases de
estruturação
Pietro Henrique DelalliberaIniciar
Introdução
Você já parou para pensar em qual é o signi�cado do termo “República”? A palavra
vem do latim e remonta à Idade Antiga. Sua tradução seria mais ou menos “coisa (no
latim, res) de todos”, “coisa pública”. Por isso, a época em que a cidade de Roma foi
governada pelo Senado �cou marcada como “período da República”: a autoridade
máxima não era um Rei ou um Imperador, mais sim uma assembleia formada por
membros das famílias nobres e alguns representantes plebeus.
Todos nós sabemos que o Brasil é uma república. Aliás, o nome “completo” do nosso
país é “República Federativa do Brasil” (já vamos explicar o que esse “federativa” quer
dizer...). O que você provavelmente ainda não sabe é quando e como nos tornamos
uma República. Vamos começar esta unidade estudando justamente esse assunto: o
momento no �nal do século XIX em que o Brasil adotou o sistema político que ele
tem hoje
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1. Grupos de poder
envolvidos na proclamação
da República
Antes de qualquer coisa, precisamos nos localizar melhor na linha do tempo.
Nosso país viveu entre 1822 (ano da independência) e 1889 o Período Imperial – ou
seja, o período em que a autoridade máxima do governo era o imperador, não um
presidente. No dia 15 de novembro de 1889, isso mudou. A República foi o�cialmente
proclamada, derrubando o imperador Dom Pedro II. A partir de então entraríamos na
“República Velha”, que durou até 1930.
Portanto, nossa linha do tempo �ca assim:
Figura 1 – Linha do tempo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Observado esses marcos cronológicos básicos, talvez você já tenha percebido a
primeira grande pergunta que precisamos responder nesta unidade: o que deu tão
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errado durante o império de Dom Pedro II para que ele fosse derrubado do poder
em 1889? Por que não antes ou depois? Que grupos estavam insatisfeitos com o
Império? Ou seja, precisamos conhecer aqueles que causaram o �m da monarquia e
quais foram suas motivações.
O primeiro grupo que temos que analisar é o dos cafeicultores. Durante o século XIX,
o Brasil tinha se tornado o maior exportador de café do mundo. As elites tradicionais
do país estavam em crise – quando falamos em “elites tradicionais”, pense, por
exemplo, nos donos dos grandes engenhos de cana de açúcar do Nordeste, em
estados como Bahia ou Pernambuco. Já os estados do Sudeste, como Minas Gerais,
parte do Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo, cresciam numa velocidade
impressionante.
Os chamados “barões do café”, donos das grandes plantações, tinham se tornado,
nas décadas �nais do período imperial, a elite mais rica do Brasil. Seu sucesso e
riqueza estavam transformando o país de várias maneiras. Cidades como São Paulo e
Rio de Janeiro cresceram e passaram por reurbanizações para que �cassem mais
parecidas com as grandes capitais europeias, especialmente Paris, a “cidade luz”.
Ferrovias começaram a cortar a região, construídas com o objetivo principal de levar
o café até o porto de Santos (SP). A população também mudou com a chegada de
milhões de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis etc. que serviam de mão-de-
obra nas lavouras cafeicultoras.
Você sabia?
Muitas construções famosas das cidades brasileiras estão relacionadas com o
crescimento dos barões do café. Em São Paulo, por exemplo, no ano de 1867 foi
inaugurada a Estação da Luz, um entreposto importante naquela época para os trens
que vinham do interior do estado carregados de café. Uma década depois começou a
ser construído o Viaduto do Chá. Mais tarde, o Teatro Municipal, inspirado no prédio
da Ópera de Paris. Também foram abertas algumas grandes avenidas como a
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Tiradentes, na vizinhança da Estação da Luz em São Paulo. Esse tipo de via mais larga,
feita para comportar automóveis, era outra forma de copiar tendências urbanísticas
da Europa.
O problema era o seguinte: apesar dessa riqueza enorme, o poder político desses
barões do café ainda era pequeno. O parlamento do Império brasileiro só tinha dois
partidos: o Liberal e o Conservador. Ambos eram bem antigos, representavam elites
tradicionais, escravistas, ligadas àqueles estados que no passado tiveram economias
poderosas. Logo, o sistema não dava espaço para que estados emergentes como São
Paulo ou Minas Gerais ocupassem lugares de destaque no parlamento.
Os cafeicultores se sentiam extremamente injustiçados. Eram a elite mais rica do
Brasil, pode-se dizer até que “carregavam o país nas costas” (pelo menos do ponto de
vista da balança comercial), mas não tinham uma in�uência política proporcional a
esse poder econômico todo.
Como era de se esperar, na segunda metade do século XIX começou a crescer entre
eles a ideia de que o Império precisava ser derrubado e substituído por outro regime
político. Mas qual?
Naquela época, “República” era uma ideia, digamos assim, “na moda”. Isso vinha
desde o século XVIII, época do movimento Iluminista e das lutas contra as
monarquias absolutistas. Vários países europeus tinham se tornado repúblicas ao
longo do século XIX, no pós-Revolução Francesa (1789). Além disso, tínhamos um
ótimo exemplo de governo republicano que era nosso vizinho de continente: os
Estados Unidos. A ideia de um governo que fosse “coisa pública”, com eleições,
mandatos não-vitalícios, separação entre Estado e Igreja, liberdade de expressão etc.,
já estava, portanto, bem divulgada e bem amadurecida no mundo todo. Todos
naquele tempo entendiam muito bem como a República podia ser um bom antídoto
para abusos de poder dos reis.
Portanto, os barões do café começaram a adotar o republicanismo principalmente
por ser um discurso pronto e já “testado” contra o Império, pouco importando os
detalhes do seu conteúdo político. Haviam os republicanos convictos, é claro, mas a
maioria dos cafeicultores não ligava muito para os princípios “democráticos” e
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“liberais” de uma República. Sua estratégia era simplesmente aproveitar o que
existisse de mais e�ciente para enfraquecer o governo de Dom Pedro II – o que, na
época, era o republicanismo. Em outras palavras, eles não se incomodavam com o
aspecto autoritário do governo, mas sim com o fato de estarem de fora daquele
governo autoritário.
A partir da década de 1860, foram abertos os chamados Clubes Republicanos,
espaços de discussão (e também de conspiração) frequentados por intelectuais,
escritores, jornalistas, políticos e demais setores da “nova elite”. No ano de 1870, foi
lançado o jornal A república, que trazia na sua primeira edição, de 03 de dezembro,
um “Manifesto Republicano”, importante documento que expunha as ideias políticas
centrais do grupo. E �nalmente em 1873, num evento chamado Convenção de Itu, os
fazendeiros de São Paulo fundaram o Partido Republicano Paulista (PRP). Ele foi
criado justamente para romper com o jogo de cartas marcadas feito pelo Partido
Liberal e pelo Partido Conservador. O PRP seria um importante protagonista da
proclamação da República. Aliás, dois dos nossos primeiros presidentes – Prudente
de Morais e Campos Salles – saíram desse partido.
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Figura 2 – Prudente de Morais. Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Prudentedemorais.jpg .
Esse era, então, o primeiro grupo social que se colocou contra o Império: os
cafeicultores. Vamos analisar agora o segundo grupo, que são os militares.
No meio do século XIX, o Brasil participou da famosa Guerra do Paraguai (1864-1870).
Esse con�ito envolveu quatro países – Brasil, Argentina, Uruguai, unidos na Tríplice
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Prudentedemorais.jpg
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Aliança contra o Paraguai – e foi a maior guerra da história da América do Sul. Nossas
Forças Armadas foram vitoriosas e se tornaram motivo de orgulho para a população.
Você quer ver?
Se quiser saber mais sobre a Guerra do Paraguai, con�ra esta entrevista com o
professor Francisco Doratioto, autor do in�uente livro Maldita Guerra, e o
antropólogo e historiador André Toral, dois dos maiores pesquisadores brasileiros
sobre o tema. Veja em: https://www.youtube.com/watch?v=Q5Yxrh9MX8Q
Logo, nossos generais esperavam que quando terminasse o con�ito, o Exército
passaria a ter mais in�uência na política do país – por exemplo, mais militares
ocupando cargos públicos. Seria uma forma de, digamos assim, “recompensar”
nossos soldados pela vitória.
Essas expectativas foram totalmente frustradas. Dom Pedro II continuou nomeando
uma maioria de civis para cargos chave no governo, como os de Ministro. Também
não ocorreram grandes melhorias, por exemplo, nos salários. Portanto, ao longo da
década de 1870, os militares começaram a se revoltar contra as “injustiças” do
império e vários deles se tornaram republicanos. Esses atritos entre governo e
militares �caram conhecidos como “Questão militar”.
Para muitos deles, o motivo da adesão ao republicanismo também não tinha nada a
ver com as suas “belas ideias” como democracia, igualdade, liberdade de imprensa
etc. Seus objetivos eram corporativistas: derrubar a monarquia para instalar um novo
regime no qual eles próprios, os militares, tivessem mais poder.
Portanto, no �nal do século XIX, o país viveu esse casamento perfeito entre dois
setores descontentes: cafeicultores e militares. Ambos desejavam o �m da
monarquia, cada um com seus motivos particulares. Esses foram os principais grupos
responsáveis pela proclamação em 15 de novembro de 1889.
https://www.youtube.com/watch?v=Q5Yxrh9MX8Q
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O descontentamento era impulsionado por um elemento extra: a �loso�a positivista
que conquistava adeptos no Brasil naquela época. O Positivismo é uma escola de
pensamento surgida na França a partir da obra de Auguste Comte (1798-1857).
Resumidamente ele prega a valorização intransigente da ciência e da razão, negando
qualquer forma de conhecimento tradicional, mítico-religioso ou mesmo metafísico. É
uma forma de cienti�cismo, de racionalismo extremo.
No plano político, que é o que nos interessa aqui, o positivismo defendia que o
governo deveria se basear em leis e regras racionais, não na tradição. Logo, os
positivistas não aceitavam a existência de uma monarquia católica como a nossa.
Mas como construir esse novo governo “cientí�co”, “técnico”, totalmente racional?
Eles acreditavam no caminho autoritário: uma ditatura de intelectuais e “técnicos”
que reformasse a sociedade, livrando-a de todas as “velharias”.
Não por acaso o positivismo ganhou muitos adeptos entre os militares. Para eles, a
República ideal seria um governo centralizado, autoritário e que faria “de cima para
baixo” um processo de modernização (econômica, jurídica, política) do país.
Agora, sim, temos uma imagem melhor de como era esse “inimigo” que o Império
enfrentou no �nal do século XIX: uma aliança política entre dois setores muito
poderosos, cafeicultores e militares, temperada intelectualmente pelo projeto
autoritário positivista.
Você quer ver?
O vídeo abaixo (com legendas em português) faz uma exposição sintética e bem
didática da doutrina de Comte, com ênfase na sua tentativa de fundar uma “nova
religião” ateia e racional, substituindo as religiões do passado que, segundo ele,
�caram obsoletas na era da razão, da ciência, do Iluminismo. Veja em:
https://www.youtube.com/watch?v=OhVamhT4Q3s
https://www.youtube.com/watch?v=OhVamhT4Q3s
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Você quer ler?
Con�ra o livro A formação das almas, obra fundamental do historiador José Murilo de
Carvalho. Ele fala do “imaginário” construído pela República, dedicando um capítulo
inteiro ao positivismo.
Mas, e os apoiadores do Imperador, onde estavam? Por que não foram capazes (ou
não quiseram) proteger Dom Pedro II contra o levante dos republicanos em 1889?
O regime imperial era sustentado principalmente pelas tais elites agrárias
“tradicionais”, isto é, aquelas que estavam no poder desde o período colonial.
Estamos falando daqueles grandes donos de terra em estados como Rio de Janeiro,
capital do Império desde a chegada da Família Real em 1808, ou Bahia e
Pernambuco, tradicionais produtores de cana de açúcar.
Figura 3 – Bandeira do Império do Brasil. Por Tonyje�, based on work of Jean-
Baptiste Debret - XIX century, Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1397090
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https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1397090
Esses grupos se sentiram “apunhalados” pelo governo em 1888: naquele ano foi
proclamada a Lei Áurea, que aboliu a escravatura no país. O problema não foi
exatamente a proibição da escravidão, pois todos já esperavam que, mais cedo ou
mais tarde, isso aconteceria. Aliás, várias leis abolicionistas foram aprovadas ao longo
do século XIX, como a Lei Eusébio de Queiroz (1850) ou a Lei do Ventre Livre (1871).
No entanto, essas elites tradicionais contavam que haveria algum tipo de indenização
pelos escravos libertados, ou seja, uma compensação �nanceira pela perda do
“investimento” que havia sido feito comprando mão-de-obra escrava. A Lei Áurea não
estabeleceu nada do tipo (até porque não haveria dinheiro su�ciente no Brasil para
indenizar cada dono de escravos) e isso incomodou profundamente os membros das
elites tradicionais. A partir daquele momento, então, romperam com o Império e
cruzaram os braços quando, um ano depois, veio a proclamação da República.
Alguns, inclusive, apoiaram abertamente o movimento de 1889.
Você sabia?
Uma frase “profética” foi dita no 13 de maio de 1888 durante a sessão parlamentar
que aprovou a Lei Áurea. O Barão de Cotegipe, membro do Partido Conservador e
opositor da abolição, voltou-se para a Princesa Isabel, quem assinou a lei, e disse:
“Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono”. De fato, pouco mais de um ano
depois a República seria proclamada.
Outra base de sustentação da monarquia era a Igreja. Ela também escolheu se omitir
diante da ameaça republicana, mas por outro motivo. Dom Pedro II dava muito
espaço para os maçons no seu governo – vários deles ocupavam cargos no
parlamento ou nos ministérios, por exemplo, o que desagradava profundamente as
lideranças católicas. Mesmo com os avisos por parte dos clérigos, o imperador não
fez nada para diminuir essa in�uência da Maçonaria na administração pública. A
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Igreja“deu o troco” quando, em 1889, não usou sua enorme in�uência para
convencer o povo a defender seu imperador.
Essa grande con�uência de fatores deixou o terreno pronto para que a monarquia
fosse derrubada. Vamos retomar, então, o jogo de forças políticas do �nal do século
XIX.
De um lado, os cafeicultores e os militares desejavam o �m do governo Imperial para
que tivessem mais controle sobre a administração do país. De outro, os setores que
deveriam apoiar o imperador (as elites “tradicionais” e a Igreja) escolheram, no
mínimo, se omitir.
A derrubada o�cial do Império veio no dia 15 de novembro de 1889, quando o
Marechal Deodoro da Fonseca liderou um levante de tropas no Rio de Janeiro (então
capital do país), instituiu um governo provisório, tornando-se ele próprio o primeiro
presidente brasileiro.
Então, veja só, aqui já temos duas enormes contradições da nossa República. Em
primeiro lugar, a mais �agrante: ela nasceu com um golpe militar. Em segundo lugar,
perceba que em nenhum momento estamos falando de participação popular, de
uma revolução “das massas” ou algo do tipo. Todo o movimento foi pensado e
conduzido por setores das elites.
A historiadora Emília Viotti da Costa, num livro clássico sobre o assunto, deu uma
espécie de resumida no processo republicano. Vamos ler:
“O progresso econômico da segunda metade do século XIX acarretou profundo
desequilíbrio entre poder econômico e poder político. Concebido em 1822, o
sistema político parecia pouco satisfatório aos setores novos, na década de
1880. As novas elites urbanas não se sentiam su�cientemente representadas e
os fazendeiros das áreas cafeeiras mais novas, que produziam boa parte da
riqueza do país, sentiam-se peados pelas estruturas políticas do Império. O
Partido Republicano recrutou adeptos nesses grupos sociais insatisfeitos. (...) A
República se faria como a Independência se �zera – sem a colaboração das
massas. O novo regime resultaria de um golpe militar. Nos meios republicanos,
a estratégia conspiratória prevaleceu sobre a estratégia revolucionária. O
Exército apareceu aos olhos das novas elites como o instrumento ideal para
derrubar a Monarquia e instituir um novo regime que as colocasse no poder”
(COSTA, Emilía Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 9ªed.
São Paulo: Unesp, 2010, p. 17).
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Repare como a autora diz que o exército foi um “instrumento”, isto é, uma
ferramenta que as elites cafeicultoras e urbanas aproveitaram para conseguir chegar
no poder. Os militares foram de certa forma “usados” e, se dependesse dos barões
do café, sua função era derrubar o imperador e depois sair de cena. Repare, então,
que aqui já temos um con�ito em potencial: esses dois grupos, cafeicultores e
militares, uniram-se em torno de um objetivo comum, que era derrubar o Império;
tirando isso, eles concordavam em muito pouco e estariam dispostos a brigar para
permanecer liderando o Brasil.
Portanto, quando a monarquia foi vencida em 1889, começou uma “segunda briga”:
qual projeto de país iria prevalecer, o civil (cafeicultores) ou o militar? Vamos ver
agora como se desenrolou essa disputa.
2. "República da Espada"
(1889-1894): O Executivo
versus o Legislativo
A República Velha, como vimos, vai de 1889 até 1930. No entanto, sua primeira fase,
um curto período que vai até 1894, foi apelidada de “República da Espada”. O nome
vem do fato de que nossos dois primeiros presidentes foram militares: o Marechal
Deodoro da Fonseca, proclamador da República que, no meio de uma grave crise em
1891, renunciou e cedeu lugar para seu vice, o também Marechal Floriano Peixoto,
que governou até 1894.
A “República da Espada” foi um período muito importante para a montagem das
instituições do país – por exemplo, foi nesse período que a nova Constituição foi
aprovada e se o�cializou a nossa bandeira nacional, com o lema positivista “Ordem e
Progresso”. Foi também um período muito conturbado, marcado por con�itos
políticos e bélicos. Vamos entender o porquê
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Figura 3 – República da espada. Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Republica_no_brasil.jpg
Os militares ocupavam o poder Executivo – a presidência. Haviam diferenças entre
Deodoro e Floriano: o primeiro era mais velho, um saudosista da época da
monarquia; o segundo era mais identi�cado com os setores positivistas mais jovens
do exército. No entanto, ambos tinham uma mentalidade política muito parecida no
essencial – o que era, aliás, a mentalidade dos militares: o poder deveria ser bastante
centralizado. O governo federal deveria concentrar várias funções, dar pouca
autonomia para os estados e liderar, de forma inclusive autoritária, o processo de
modernização do país.
Isso gerava uma tremenda briga com o Legislativo – ou seja, os deputados e
senadores que representavam os diferentes estados brasileiros. Eles eram de modo
geral mais federalistas. Ficamos devendo uma explicação sobre esse termo, você se
lembra? Lá vai: federalismo é a ideia de que os estados que compõem um país
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Republica_no_brasil.jpg
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(federação) devem conservar sua autonomia. Portanto, embora as unidades
federativas sejam parte de uma União, elas continuam tendo leis próprias, polícias
próprias, impostos próprios e assim por diante.
Você sabia?
O melhor exemplo de Estado federativo são os Estados Unidos da América – não por
um acaso, a maior inspiração dos nossos republicanos no século XIX. Até a metade
daquele século, mesmo uma questão crucial como proibir ou não a escravidão era
decidida por cada estado conforme sua vontade. Pense também em exemplos
“polêmicos” dos dias de hoje: há estados americanos em que o comércio de maconha
foi liberado, há estados em que ele continua proibido; há estados que têm pena de
morte, outros não; o mesmo acontece com relação ao aborto; e assim por diante. Ou
seja, cada estado-membro da federação tem autonomia para legislar sem precisar
seguir o governo central. Num país muito menos federativo como o nosso, esses
assuntos são todos regulados por uma lei federal que se aplica a todos.
Era esse modelo de governo que os representantes dos vários estados queriam para
o Brasil: uma República Federativa. Era, aliás, o que mandava a Constituição. E era
justamente isso que os presidentes militares queriam impedir, pois achavam que
desorganizaria o comando do país.
Portanto, o que marcou a “República da Espada” foi esse con�ito entre “modelo
centralizador” versus “modelo federalista”. Um era defendido pelos presidentes
militares, que controlavam o poder Executivo; o outro modelo era defendido pelos
representantes civis dos estados que dominavam o Legislativo (o parlamento).
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Você quer ler?
O ponto máximo desse con�ito foi o estouro da chamada Revolução Federalista. Ela
começou em 1893 no estado do Rio Grande do Sul e opôs grupos aliados ao
presidente Floriano Peixoto a setores que queriam uma Constituição própria,
inspirada no positivismo, para o estado. A revolução se transformou em guerra civil,
se espalhou para Santa Catarina e Paraná e durou até 1895. Foi o con�ito mais
sangrento da República Velha.Se quiser saber mais sobre este episódio, con�ra este
artigo do Centro de Pesquisa e Documentação da FGV:
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/�les/verbetes/primeira-
republica/REVOLU%C3%87%C3%83O%20FEDERALISTA.pdf
Essa contradiçãocomeçou a ser resolvida, depois de muita discussão e muito sangue
derramado, em 1894. Foi a data em que acabou a República da Espada e nosso
primeiro presidente civil, representante dos cafeicultores paulistas, assumiu. A partir
daquele momento, a “República Velha” foi ganhando suas características mais
marcantes, que duraram até 1930.
3. República Oligárquica
(1894 – 1930): a quadratura
do círculo
Os presidentes civis brasileiros estavam condenados a enfrentar dois grandes
problemas. Vamos tentar entendê-los.
Em primeiro lugar, esses presidentes precisavam lidar com vários interesses
regionais muitas vezes con�itantes. Você se lembra que a elite mais poderosa
economicamente do período eram os cafeicultores, certo? Pois bem: como eles
poderiam governar o país de acordo com seus interesses e, ao mesmo tempo,
agradar às demais elites, como as urbano-industriais ou os latifundiários que não
eram do ramo do café? Em outras palavras, como tocar uma política econômica
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/REVOLU%C3%87%C3%83O%20FEDERALISTA.pdf
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/REVOLU%C3%87%C3%83O%20FEDERALISTA.pdf
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nacional se várias regiões queriam, à moda federalista, desenhar estratégias
comerciais diferentes? Era preciso manter o parlamento e os vários governadores de
estado contentes, algo que os dois primeiros presidentes militares não souberam
fazer, já que optaram por medidas autoritárias ao invés da negociação.
O segundo problema mais fatal ainda. A proclamação da República foi, como já
estabelecemos, um movimento das elites, e os partidos e grupos envolvidos no
processo não tinham pautas e conexões populares. No entanto, a Constituição de
1891 estabelecia, obviamente, eleições. Portanto, como essa elite republicana,
dominada pelos cafeicultores, poderia se eleger se suas ideias não tinham nada a ver
com os objetivos do “povo”?
Para tentar resolver esses dois enormes problemas, nosso primeiro presidente civil,
Prudente de Morais, começou a elaborar um arranjo político que seria aperfeiçoado
por seu sucessor, Campos Salles, e daí em diante deslancharia. Eles encontram uma
fórmula complexa, mas muito e�ciente, que fez a “República Velha” funcionar
politicamente por mais de três décadas.
Esse arranjo �cou conhecido como “Política dos Governadores” e é fundamental que
você entenda como ele funcionava.
A base de tudo era um acordo informal entre o governo federal e os governadores
estaduais, uma troca de favores. O presidente liberava verbas e dava ampla
autonomia política para as oligarquias de cada estado. Estas podiam, portanto, usar
esse poder e esse dinheiro para manter-se no poder inde�nidamente. Em troca, os
governadores garantiam que, nos seus estados, apenas deputados e senadores
favoráveis ao governo seriam eleitos. Com isso, o presidente tinha sempre certeza de
que o Poder Legislativo seria “dócil”. O ciclo se repetia a cada eleição, garantindo que
sempre as mesmas oligarquias mandassem no país e também dando certeza para o
governo federal de que seus projetos encontrariam pouquíssima oposição no
Congresso.
Talvez você tenha notado o seguinte: todo esse sistema só era possível porque havia
algum jeito de manipular as eleições. Senão, seria impossível para as oligarquias
estaduais garantir que seus conterrâneos realmente “votaram direito”, não é mesmo?
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O sistema eleitoral brasileiro estabelecido pela Constituição de 1891 era cheio de
problemas. Em primeiro lugar, ele não permitia que mulheres e analfabetos
participassem das eleições. Resultado: no Brasil da República Velha, não mais do que
5% da população adulta participava de eleições presidenciais.
E o mais grave era o seguinte: o voto era descoberto, isto é, não-secreto. O eleitor
precisava declarar em voz alta na junta eleitoral qual candidato ele escolheu, o que
permitia que seu voto fosse, na verdade, vigiado.
Você sabia?
O Brasil só passou a permitir voto e candidaturas femininas em 1934, após o �m da
República Velha. Naquele ano foi aprovada uma nova Constituição e a médica e
pedagoga paulista Carlota Pereira de Queirós (1892-1982) tornou-se a primeira
deputada federal da história do país.
O sistema oligárquico da República Velha estava assentado num fenômeno chamado
de “coronelismo”. Os “coronéis” eram homens de grande poder econômico,
geralmente donos de terras, muitos deles em municípios do Nordeste, que exerciam
in�uência sobre a política local de duas maneiras. A primeira, mais típica, era por
meio das trocas de favores. Um coronel podia conseguir de tudo, de empregos e
cargos públicos até comida e remédios para uma população carente. Mas em troca
ele exigia �delidade política, isto é, que os seus “protegidos” votassem nos candidatos
apontados por ele. Essa relação de troca desigual entre um poderoso e o povo é
chamada de clientelismo. A segunda maneira que um coronel brasileiro tinha de
exercer in�uência era pela violência pura e simples: grandes senhores de terra em
regiões afastadas do país podiam decidir sobre a vida e a morte de seus desafetos
políticos.
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Por uma combinação desses métodos, os coronéis formavam os chamados currais
eleitorais, isso é, zonas cujas votações eram controladas por eles. Como o voto era
aberto, o coronel podia conferir, por meio de seus “espiões”, quem estava realmente
seguindo suas orientações na hora de ir às urnas. Esse fenômeno �cou conhecido
como “voto de cabresto” (cabresto é a corda ou tira de couro que se coloca na cabeça
de um cavalo ou burro para poder guia-lo quando for montado; portanto, a
expressão faz alusão ao fato de que os eleitores eram guiados bovinamente de
acordo com a vontade dos coronéis).
Você quer ler?
O grande escritor Lima Barreto (1881-1922), no livro satírico Os Bruzundangas, narra
o seguinte sobre as eleições na República Velha:
“(...) todos os representantes do povo, desde o vereador até ao Presidente da
República, eram eleitos por sufrágio universal, e, lá, como aqui, de há muito que
os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho
eleitoral este elemento perturbador — ‘o voto’. Julgavam os chefes e capatazes
políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era anarquizar a instituição
e provocar um trabalho infernal na apuração (...)” (BARRETO, Lima. Os
Bruzundangas. Belém: Universidade da Amazônia, 1922, P. 48 e 49).
O livro na íntegra pode ser lido em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=16833
Todas essas peças se encaixavam perfeitamente na Política dos Governadores.
Acompanhe bem os passos para que não �que nenhuma dúvida: o governo federal
(presidente) liberava verbas para os governadores dos estados; estes usavam essa
verba para “comprar” o apoio dos coronéis (líderes regionais); os coronéis garantiam
que a população de cada zona eleitoral iria votar nos candidatos “certos” para todos
os níveis do governo: vereador, deputado, senador, governador e presidente; tudo
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16833
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16833
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isso era possível porque o número de eleitores era reduzido (fácil de controlar) e o
voto era aberto; a cada governo eleito o ciclo se repetia,garantindo que as mesmas
elites �cassem no poder.
Com a Política dos Governadores funcionando a todo vapor, o céu era o limite para
as elites cafeicultoras. Vejamos então de que modo elas usaram todo esse poder
político.
4. A economia a serviço dos
barões de café
Nosso primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, tentou em 1890 um plano ousado
de modernização da economia. Como você se lembra, ele era um militar e o país vivia
a República da Espada (1889-1894). Portanto, seu projeto não tinha compromisso
com nenhum setor produtivo especí�co, como o dos cafeicultores. Seu plano era
fazer o possível para promover o crescimento do país e, especialmente, da indústria
nacional, área responsável pelas mercadorias mais valiosas e que ainda era bastante
tímida em comparação com o setor de agroexportação.
O Ministro da Fazenda da época, chamado Ruy Barbosa (1849-1923), elaborou um
plano. Era preciso melhorar a oferta de moeda e de crédito na economia brasileira.
Isso porque a renda era muito concentrada em nosso país. Logo, era muito difícil
para um cidadão “comum”, que não fosse já membro de alguma família rica, abrir
uma empresa ou comércio, adquirir uma terra para plantação, começar uma fábrica
do zero. Se as possibilidades de empréstimo fossem ampliadas, mais brasileiros
poderiam empreender.
A estratégia adotada pelo governo, porém, provou ser um desastre. Na tentativa de
aumentar o volume de dinheiro que circulava na economia, Ruy Barbosa autorizou
que alguns bancos privados emitissem moeda por conta própria.
Consequentemente, essas instituições começaram a soltar no mercado moedas sem
lastro. Com o grande volume �nanceiro circulando, o crédito foi ampliado e uma
in�nidade de empresas novas foram fundadas, muitas delas de fachada. A economia
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cresceu euforicamente e a bolsa de valores registrou recordes no ano de 1890, mas
tudo não passava de uma bolha especulativa.
Essa política �cou conhecida como Encilhamento. Ela produziu uma enorme
desvalorização da moeda brasileira e, portanto, in�ação nas alturas, tudo
consequência do excesso de dinheiro que foi posto para circular no mercado. Além
disso, o país assistiu a muitas falências, tanto de empresas quanto de bancos (que
nunca tiveram seus empréstimos pagos pelas empresas fantasma).
O Encilhamento, embora muito mal planejado, foi uma medida bem-intencionada,
pois pretendia industrializar e urbanizar o país. Representou, assim, um “ponto fora
da curva” na política econômica da “República Velha”, pois tentava diversi�car o
mercado brasileiro e promover um crescimento de setores que não fossem os
agroexportadores. A partir do momento em que as elites cafeicultoras tomaram o
poder e colocaram a Política dos Governadores para funcionar, a regra passaria a ser
uma só: sempre privilegiar os produtores de café.
Você sabia?
O apelido “encilhamento” é uma referência às corridas de jóqueis. “Encilhar” signi�ca
colocar o arreio (equipamento onde �ca a sela) no cavalo, ou seja, é o preparativo
�nal antes de uma corrida começar. O momento do encilhamento dos animais é
justamente quando o público corre para fazer apostas. Esse instante de entusiasmo
dos apostadores lembrava o frenesi especulativo irresponsável que a política de Ruy
Barbosa gerou no ano de 1890.
Quando terminou a República da Espada em 1894, a tarefa mais urgente do país era
resolver uma situação de crise econômica. Essa crise tinha vários motivos: os preços
do café estavam em queda naquela década, os gastos com os militares haviam
crescido, nossa balança comercial era de�citária, pois precisávamos importar todo
tipo de produto manufaturado do exterior etc. Tudo foi agravado com o
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Encilhamento, que acrescentou dois novos componentes a essa situação tóxica:
in�ação e crescimento da dívida pública.
Nosso quarto presidente (o segundo civil), Campos Sales, resolveu encarar o
problema por meio de uma renegociação da dívida externa brasileira com os
credores estrangeiros. O país obteve uma moratória (suspensão da dívida) de mais
de uma década e um empréstimo adicional de 10 milhões de libras esterlinas. Essa
operação recebeu o nome de Funding Loan – o que, em tradução literal, quer dizer
algo como “empréstimo de �nanciamento”, exatamente o que o Brasil tentou fazer:
renegociar o pagamento da dívida externa, obter um empréstimo novo e, com isso,
“ganhar tempo” para reestruturar suas contas públicas. Ao longo da história
republicana, o país se veria forçado a fazer outros funding loans. De toda forma, a
renegociação feita por Campos Sales, no �m da década de 1890, foi su�ciente para
equilibrar as contas por um tempo.
Nosso quarto presidente (o segundo civil), Campos Sales, resolveu encarar o
problema por meio de uma renegociação da dívida externa brasileira com os
credores estrangeiros. O país obteve uma moratória (suspensão da dívida) de mais
de uma década e um empréstimo adicional de 10 milhões de libras esterlinas. Essa
operação recebeu o nome de Funding Loan – o que, em tradução literal, quer dizer
algo como “empréstimo de �nanciamento”, exatamente o que o Brasil tentou fazer:
renegociar o pagamento da dívida externa, obter um empréstimo novo e, com isso,
“ganhar tempo” para reestruturar suas contas públicas. Ao longo da história
republicana, o país se veria forçado a fazer outros funding loans. De toda forma, a
renegociação feita por Campos Sales, no �m da década de 1890, foi su�ciente para
equilibrar as contas por um tempo.
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Figura 4 – Campos Sales. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_Sales#/media/File:Campos_Sales.jpg
Talvez a prática mais marcante da economia da República Velha seja a chamada
“política de valorização do café”. Você provavelmente já ouviu falar dela com outro
nome: eram as famosas “queimas de café” que ocorriam na virada do século no
Brasil. Mas por que o governo mandaria destruir toneladas e toneladas do seu
produto de exportação mais valiosos? A resposta, por mais estranha que pareça, é a
seguinte: justamente para mantê-lo valioso.
Para entender tudo isso, precisamos relembrar um conceito básico de economia, a
chamada “lei de oferta e demanda”. Se a oferta de um bem é muito grande ou a
procura por ele é baixa, seu preço cai. Se o oposto acontece – oferta baixa e/ou
demanda alta – o preço sobe. Em termos práticos: se uma mercadoria está
“sobrando” no mercado, está em “excesso”, os produtores precisam abaixar seu
preço para conseguir vendê-la.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_Sales#/media/File:Campos_Sales.jpg
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Esse era o caso do café. Em períodos de baixa na economia mundial, as safras
gigantescas brasileiras acabavam “encalhando” por falta de compradores. Um ótimo
exemplo disso é o que ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A
Europa estava concentrando cada centavo nos gastos bélicos, consequentemente,
sua demanda pelo café brasileiro caiu bastante e parte da safra brasileira “encalhou”.
Pelas regras de mercado, o destino dos cafeicultores seria ter um enorme prejuízo
com a queda no preço do produto.
Qual política poderia ser feita então para “valorizar o café”? Muito simples: o governo
federal se comprometia a comprar ou reter o excedente das safras, mantendo o
preço do café (e o lucro dos cafeicultores) sempre num patamar arti�cialmente alto.
Quando esse excedente era muito grande, não havia o que fazer com tanta
mercadoriae ela precisava ser destruída, o que explica as queimas do café.
Do ponto de vista da saúde das contas públicas, a política de valorização do café não
fazia o menor sentido. O Estado brasileiro gastava uma quantia enorme de dinheiro
público (dinheiro “de todos”) para privilegiar uma oligarquia agrária. Era, portanto,
assumidamente um compromisso do governo federal em repartir os prejuízos de um
grupo de produtores com toda a nação.
Porém, com a Política dos Governadores, o Estado havia se tornado uma espécie de
propriedade privada desse grupo de produtores. Isso explica porque dizemos que
durante a República Velha existiu no país a chamada “política do café-com-leite”.
O nome faz referência, respectivamente, aos estados de São Paulo e Minas Gerais
(que apesar de seu um polo pecuarista, também tinha muitas lavouras de café), que
detinham poder inigualável na República Velha. Isso ocorria por dois motivos: em
primeiro lugar, eram as regiões mais ricas do período e, por isso mesmo, apontaram
todos os presidentes brasileiros desde o �m da República da Espada. Isso não quer
dizer que todos os presidentes foram paulistas ou mineiros, mas sim que eram
políticos apoiados pelas oligarquias paulistas e mineiras e tinham suas vitórias
asseguradas devido à Política dos Governadores. Em segundo lugar, São Paulo tinha
a vantagem de ser o estado mais populoso da federação, o que lhe dava mais
acentos no parlamento.
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Nessas condições de República do “café-com-leite”, �ca fácil entender como políticas
absurdas como a da “valorização do café” podiam ser aprovadas embora
contrariassem vários interesses regionais.
Você sabia?
A ideia de “política do café-com-leite” é uma simpli�cação usada por historiadores
para estudar esse período no qual, de um modo geral, interesses das elites de Minas
e São Paulo prevaleceram. Não se engane: os barões do café também enfrentavam
oposição e a política dos governadores não era um mecanismo “perfeito”. Nos
grandes centros urbanos, por exemplo, não haviam coronéis típicos com os quais se
podia negociar; logo, outras estratégias precisavam ser adotadas. Como sempre, a
realidade histórica é mais rica e complicada do que qualquer conceito generalizador.
Com o passar do tempo, essa irresponsabilidade quase arrogante dos cafeicultores
na condução da política do país começaria a revoltar as demais oligarquias regionais
– mas isso será assunto para outra unidade.
5. República Velha,
diplomacia nova
Com o passar do tempo, essa irresponsabilidade quase arrogante dos cafeicultores
na condução da política do país começaria a revoltar as demais oligarquias regionais
– mas isso será assunto para outra unidade.
Os presidentes da República Velha foram os responsáveis por de�nir as atuais
fronteiras nacionais.
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No �nal do século XIX, o Brasil tinha ainda cinco regiões que eram disputadas com
outros países. Em primeiro lugar, a região do atual estado do Amapá, no Norte, era
motivo de atrito com a Guiana Francesa. Os con�itos ganharam intensidade em 1895
e passaram a chamar a atenção do governo federal. A questão foi resolvida cinco
anos depois: o Brasil �cou com o Amapá e postulou que sua fronteira norte seria o
rio Oiapoque – hoje tornou-se até um clichê dizer que nosso país vai “do Oiapoque ao
Chuí (no Rio Grande do Sul)”. Também em 1895, resolvemos com a Argentina uma
questão histórica, que se arrastava desde a época colonial, estabelecendo que a
região de Palmas, localizada entre Santa Catarina e Paraná, �caria com o Brasil. Um
ano depois, negociamos com a Inglaterra a posse sobre a Ilha de Trindade, até hoje o
pedaço de terra brasileiro mais afastado do continente. Mais tarde, em 1904,
decidimos como dividir a região do Pirara, no extremo norte do país, fronteira com a
Guiana (ou Guiana Inglesa).
A aquisição territorial mais importante do país viria mesmo em 1907: assinamos
naquela data o Tratado de Petrópolis, por meio do qual compramos da Bolívia a
região que hoje é o estado do Acre e resolvemos um con�ito que se arrastava desde
pelo menos 1902. Foi a última vez que ampliamos nosso território; desde então, o
país nunca mais aumentou de tamanho.
Mas por que adquirir o Acre? O que havia de importante naquela região a ponto de
gerar desavenças entre dois vizinhos continentais?
É preciso entender o contexto: na virada do século XIX para o XX, os Estados Unidos e
vários países europeus haviam passado pela Segunda Revolução Industrial. Desde a
década de 1880, as bicicletas se popularizavam nas capitais do mundo todo. Na
década seguinte, o automóvel começaria a se disseminar e nunca mais pararia. A
fabricação desses produtos exigia um material indispensável: a borracha, matéria-
prima dos pneus e também de alguns componentes do interior dos veículos.
Todos perceberam que a região amazônica, Acre em especial, era riquíssima em
seringueiras, as árvores de onde se extrai o látex para fabricação de borracha. Houve,
portanto, uma espécie de “corrida” até a região e começaram os con�itos violentos
entre brasileiros e bolivianos, ambos os lados reivindicando exclusividade sobre a
atividade extrativista. O Tratado de Petrópolis veio em 1907 para apaziguar essa
situação e o�cializar a posse brasileira sobre aquela terra.
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O chamado “ciclo da borracha” foi relativamente curto, mas não trivial: durante seu
auge, entre os anos de 1890 e 1910, a borracha representou mais ou menos 25% de
todas as exportações brasileiras, �cando atrás apenas do café.
O arquiteto político por trás de vários desses tratados e negociações territoriais foi
um homem chamado José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco
(1845-1912), nosso Ministro das Relações Exteriores no início do século XX. Sua
importância para história brasileira é gigantesca, pois ele formulou linhas gerais da
nossa política externa que, de um modo ou de outro, até hoje seguimos.
Talvez sua principal contribuição tenha sido a mudança do alinhamento diplomático
da Inglaterra para os Estados Unidos. Até aquele momento, o Brasil seguia uma
tradição herdada da família real portuguesa de privilegiar relações com Londres –
nossa dívida externa, nossos principais acordos comerciais, nossas alianças militares,
en�m, todos esses aspectos da inserção brasileira no mundo eram pautados pelos
ingleses.
O Barão do Rio Branco nos alinhou no início do século XX com Washington e assim
estamos até hoje, com doses maiores ou menores de “pragmatismo” (isto é, de
“barganha” para atender a interesses nacionais próprios) e de independência ao
longo da história.
Você quer ler?
Em 2012, centenário da morte do Barão do Rio Branco, o professor Antônio Carlos
Lessa, do Instituto de Relações Internacionais da UnB, publicou esse breve balanço
do legado do diplomata da República Velha. Boa sugestão caso você queira entender
um pouco melhor o legado do Barão para a política brasileira:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292012000100001
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292012000100001
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Outra mudança introduzida pelo Barão do Rio Branco foi a relação entre o Brasil e
seus vizinhos continentais, como você já deve ter percebido após ler a listagem acima
de aquisições territoriais. A partir da sua gestão, nosso país seria bem mais envolvido
nas questões sul-americanas, o que abriu portas, crioucondições para inúmeras
políticas de integração regional que vieram no futuro – incluindo, muitos e muitos
anos depois, o próprio Mercosul. A diplomacia do Barão do Rio Branco nos fez
abandonar uma postura histórica de virar as costas para os vizinhos “latinos” e levou
o Brasil a assumir um papel mais ativo nos assuntos regionais.
5.1 Considerações finais: uma República
contraditória
Neste ponto da leitura, você certamente já percebeu que a República Velha era cheia
de contradições. Mas exatamente por quê? Quais contradições? Vamos ler um
parágrafo do historiador Boris Fausto que ajuda a esclarecer esse problema:
“A análise dos acordos entre as várias oligarquias nos indica que o Estado – no
sentido de poder central – não foi um simples clube dos fazendeiros de café. O
Estado se de�niu como articulador de uma integração nacional que, mesmo
frágil, nem por isso era inexistente. Tinha de garantir uma certa estabilidade no
país, conciliar interesses diversos, atrair investimentos estrangeiros, cuidar da
questão da dívida externa. Isso não quer dizer que os negócios do café – nos
quais os fazendeiros representavam apenas um elo de uma cadeia que ia até os
consumidores externos, passando pelos exportadores – tivessem importância
secundária. Pelo contrário, eles foram o eixo da economia do período. Ao longo
da República Velha, o café manteve de longe o primeiro lugar na pauta das
exportações brasileiras, com uma média em torno de 60% do valor total. No �m
do período, representava em média 72,5% das exportações. Dependiam do
produto o crescimento e o emprego, nas áreas mais desenvolvidas do país. Ele
fornecia também a maior parte das divisas necessárias para as importações e o
atendimento dos compromissos no exterior, especialmente os da dívida
externa” (FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13ªed. São Paulo: Edusp, 2009, p.
273).
Repare a posição complicada da elite cafeicultora.
Por um lado, ela era indiscutivelmente a maior força econômica do país e, por isso
mesmo, queria comandar a República Velha como se fosse uma propriedade privada.
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Por outro lado, ela não podia, digamos assim, “exagerar na dose”. Ou seja: o Brasil
era um país muito ameaçado por riscos de separatismo e pontuado por inúmeras
oligarquias regionais, por “coronéis” muito poderosos nos seus “currais”. Portanto, o
governo republicano precisava ser um espaço de articulação, de integração, dessas
várias elites. Se os cafeicultores se tornassem muito intransigentes, corriam o risco
de rachar a federação. Claro que sua vontade prevalecia, mas se o Estado se
tornasse, nas palavras do autor, um simples “clube dos fazendeiros de café”, as
demais oligarquias poderiam desertar.
Consegue perceber a contradição sobre a qual a República Velha se apoiava? Nós
falamos dela no início da Unidade, você provavelmente se recorda: é aquela velha
oposição entre autonomia e centralização.
Os primeiros presidentes, os militares da “República da Espada”, tentaram resolver
de forma truculenta esse problema político, forçando os estados a obedecer um
governo central autoritário. Falharam.
Já os oligarcas do café elaboraram uma solução muito mais so�sticada: uma “política
de governadores” que agradava as oligarquias regionais e permitiu, assim, que os
presidentes do “café-com-leite” governassem com relativa paz.
Foram muito mais bem-sucedidos, pois seu modelo de República durou várias
décadas.
Mesmo assim, a contradição entre estados (oligarquias regionais) e governo central
(dominado pelos cafeicultores) ainda estava lá, dormente, esperando por uma
oportunidade para despertar e sacudir as bases da República. Uma hora essa
oportunidade veio, é claro, mas isso é assunto para nossa próxima unidade.
Síntese
Chegamos ao �m desta unidade. Aprofundamos nosso conhecimento acerca da
conformação da ordem política e econômica de nosso país na virada do século XIX ao
XX, compreendendo a transição da monarquia para a república. Observamos os
principais atores políticos que construíram o passo a passo de cada processo, seus
interesses e os con�itos que tiveram de enfrentar para concretizá-los.
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Nesta unidade você teve a oportunidade de:
Compreender a ideia de república e as motivações que levaram à queda do império
Reconhecer o papel das elites cafeeiras paulistas para moldar a república brasileira
em seus primórdios;
Observar o processual histórico da tomada de poder por cafeicultores e militares
insatisfeitos com o império e con�itos posteriores entre os novos governantes;
Estudar a “República da Espada” e as disputas principais que orientariam a
conformação política do período;
Situar-se diante das contradições e desa�os da república brasileira que se iniciava
como uma fachada para os interesses econômicos dos cafeicultores;
Compreender as origens e reorientações da política externa brasileira atual como
atuante no contexto latinoamericano.
Download do PDF da unidade
Bibliografia
BARRETO, Lima. Os Bruzundangas. Belém: Universidade da Amazônia, 1922, P. 48 e
49.
COSTA, Emilía Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 9ªed. São
Paulo: Unesp, 2010.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13ªed. São Paulo: Edusp, 2009.
NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil república: da queda da Monarquia ao
�m do Estado Novo. São Paulo: Contexto, 2016. Disponível na Biblioteca Virtual
Universitária

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