Buscar

livro de história-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 217 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 217 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 217 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Indaial – 2021
SociedadeS ÁgrafaS e 
HiStória antiga
Prof. José Antonio Teófilo Cairus
Prof. Simão Henrique Jakobowski
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. José Antonio Teófilo Cairus
Prof. Simão Henrique Jakobowski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C136s
Cairus, José Antonio Teófilo
Sociedades ágrafas e história antiga. / José Antonio Teófilo Cairus; 
Simão Henrique Jakobowski. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
207 p.; il.
ISBN 978-65-5663-598-9
ISBN Digital 978-65-5663-597-2
1. História antiga. - Brasil. I. Jakobowski, Simão Henrique. II. 
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 900
apreSentação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Sociedades 
Ágrafas e História Antiga, um tema que consideramos indispensável para 
a sua formação acadêmica, pois trata de aspectos constitutivos da sociedade 
atual e de como a História advém de uma construção social estabelecida por 
diversos tipos de civilizações.
Na Unidade 1, serão abordados os aspectos relacionados aos estudos 
dos povos que viveram, principalmente, antes do desenvolvimento da escri-
ta. Além disso, entenderemos como se deu a evolução dos primeiros povos 
que viveram na Terra.
Na Unidade 2, adentraremos aos povos que constituíram o que co-
nhecemos como civilizações da antiguidade, para entender o quão impor-
tante foram suas descobertas e construções, bem como nossas primeiras civi-
lizações foram constituídas.
Na Unidade 3, estudaremos as civilizações grega e romana, incluin-
do as principais características políticas, sociais e culturais no aspecto crono-
lógico e temático, apresentando uma síntese das contribuições e do legado 
das civilizações grega e romana que exercem uma influência marcante no 
Ocidente até os dias atuais. Portanto, conhecer a história de gregos e roma-
nos na Antiguidade é fundamental para entendermos as origens do mundo 
em que vivemos, sendo o estudo dessas civilizações primordial para a com-
preensão não apenas do processo histórico do Ocidente, mas também para a 
história dos povos, em vastas regiões, da Ásia e da África.
Bons estudos!
Prof. José Antonio Teófilo Cairus
Prof. Simão Henrique Jakobowski
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
SumÁrio
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS ....................................................................................... 1
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ 
 HISTÓRIA? ..................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS PALEONTOLÓGICOS ..................................................... 3
3 A ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ..................................................................... 5
4 SISTEMAS DE DATAÇÃO E SUAS DESCOBERTAS ................................................................. 8
5 SOCIEDADES ÁGRAFAS .............................................................................................................. 10
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 14
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS ................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 O PERÍODO ANTERIOR AO SURGIMENTO DA ESCRITA E SUAS DIVISÕES ............. 15
3 O PERÍODO PALEOLÍTICO ........................................................................................................... 16
3.1 AUSTRALOPITHECUS ................................................................................................................ 19
3.2 HOMO HABILIS ............................................................................................................................ 20
3.3 HOMO ERECTUS ......................................................................................................................... 21
3.4 HOMO NEANDERTHALENSIS .................................................................................................. 22
3.5 HOMO SAPIENS ........................................................................................................................... 23
4 O PERÍODO NEOLÍTICO ............................................................................................................... 24
5 A DISPERSÃO DOS SERES HUMANOS PELA TERRA ......................................................... 26
5.1 A OCUPAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO E SUAS TEORIAS ............................... 27
6 NIÈDE GUIDON E SUAS DESCOBERTAS NA REGIÃO DE SÃO RAIMUNDO
 NONATO ............................................................................................................................................. 30
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 — AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS MODOS 
 DE VIDA ....................................................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37
2 CAÇADORES E COLETORES ........................................................................................................37
3 O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA E SUAS RELAÇÕES 
 COM O SEDENTARISMO .............................................................................................................. 39
4 O SURGIMENTO DAS CIDADES, DA ESCRITA E DO ESTADO ........................................ 41
5 POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA E SUAS DIVERSAS ORGANIZAÇÕES ............ 43
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 48
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 53
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO ......... 57
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA .................................................................................................. 59
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59
2 OS EGÍPCIOS E SUA ORGANIZAÇÃO ...................................................................................... 59
3 PERÍODOS QUE CONTEMPLAM O EGITO ANTIGO............................................................ 61
4 RIO NILO E SUA IMPORTÂNCIA ............................................................................................... 63
5 O FARAÓ E SUA DUPLA FUNÇÃO: REI E DEUS ..................................................................... 64
6 A VIDA DAS MULHERES NO EGITO ANTIGO ...................................................................... 66
7 SISTEMA DE ESCRITA: HIERÓGLIFOS, DEMÓTICO E HIERÁTICO ............................... 68
8 RELIGIÃO E O PROCESSO DE MUMIFICAÇÃO..................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73
TÓPICO 2 — POVOS MESOPOTÂMICOS .................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 A MESOPOTÂMIA E SEUS POVOS ............................................................................................. 75
3 A REGIÃO ENTRE OS RIOS TIGRE E EUFRATES ................................................................... 76
4 OS SUMÉRIOS ................................................................................................................................... 77
5 A ESCRITA CUNEIFORME ............................................................................................................. 80
6 OS BABILÔNIOS .............................................................................................................................. 81
6.1 O CÓDIGO DE HAMURÁBI ...................................................................................................... 81
7 OS ASSÍRIOS ..................................................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87
TÓPICO 3 — POVOS DO ATUAL ORIENTE MÉDIO ................................................................. 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89
2 HEBREUS ............................................................................................................................................ 89
3 FENÍCIOS ............................................................................................................................................ 93
4 PERSAS ................................................................................................................................................ 96
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 101
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 102
TÓPICO 4 — POVOS DA AMÉRICA ............................................................................................ 103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103
2 CIVILIZAÇÃO ASTECA ................................................................................................................ 103
3 CIVILIZAÇÃO MAIA ..................................................................................................................... 105
4 CIVILIZAÇÃO INCA ..................................................................................................................... 108
5 POVOS INDÍGENAS ORIGINÁRIOS BRASILEIROS ........................................................... 111
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 113
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 116
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 117
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA ................................................................................................. 119
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO ................................................ 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121
2 HISTÓRIA DA GRÉCIA ANTIGA .............................................................................................. 122
2.1 OS MICÊNICOS E SEUS DEUSES............................................................................................ 124
2.2 GRÉCIA ANTIGA: DO PERÍODO ARCAICO AO CLÁSSICO ........................................... 126
2.3 ALEXANDRE, O GRANDE E O DOMÍNIO DE ROMA ...................................................... 129
2.4 SOCIEDADE GREGA ................................................................................................................ 130
2.4.1 Mulheres ............................................................................................................................. 131
2.4.2 Crianças e adolescentes ..................................................................................................... 133
2.4.3 Servos .................................................................................................................................. 133
2.4.4 Escravos ............................................................................................................................... 134
2.4.5 Estrangeiros ........................................................................................................................ 135
2.5 COLONIZAÇÃO GREGA .........................................................................................................136
2.5.1 Comércio e colonização .................................................................................................... 137
2.5.2 Magna Grécia ..................................................................................................................... 138
2.5.3 Colônias gregas nas regiões correspondentes atualmente à França e à Espanha .... 139
2.5.4 Colônias gregas no Ponto Euxino (Mar Negro) ............................................................ 139
2.5.5 A relação das colônias com a “pátria” grega ................................................................ 139
2.6 RELIGIÃO DA GRÉCIA ANTIGA ........................................................................................... 140
2.6.1 Os deuses do Olimpo ........................................................................................................ 141
2.6.2 Templos, rituais e sacerdotes ........................................................................................... 142
2.6.3 Mistérios e oráculos ........................................................................................................... 144
2.6.4 Festivais e jogos .................................................................................................................. 145
2.6.5 Religião pessoal .................................................................................................................. 145
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 147
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA .............................................................. 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149
2 REPÚBLICA ROMANA ................................................................................................................. 150
2.1 MITO E LENDA .......................................................................................................................... 150
2.2 A REPÚBLICA: O INÍCIO ........................................................................................................ 151
2.2.1 Magistrados e funcionários .............................................................................................. 154
2.2.2 Assembleias ........................................................................................................................ 155
2.2.3 A cúria ................................................................................................................................. 155
2.3 A EXPANSÃO DE ROMA ......................................................................................................... 155
2.3.1 Os irmãos Graco ................................................................................................................ 156
3 FIM DA REPÚBLICA ...................................................................................................................... 157
3.1 ROMA IMPÉRIO ........................................................................................................................ 158
3.1.1 As primeiras dinastias no Império Romano .................................................................. 158
3.1.2 Os cinco bons imperadores .............................................................................................. 160
3.1.3 A dinastia dos Severos ...................................................................................................... 161
3.1.4 Dois impérios: Oriente e Ocidente .................................................................................. 161
3.1.5 Constantino e o Cristianismo ........................................................................................... 162
3.1.6 Império Bizantino (330-1453) .......................................................................................... 164
3.1.7 O fim do Império Romano do Ocidente ........................................................................ 164
3.1.8 Invasões do Império Romano do Ocidente .................................................................... 165
4 ROMA: ASPECTOS SOCIAIS, POLÍTICOS E CULTURAIS ................................................. 166
4.1 HIERARQUIAS E CONFLITOS ................................................................................................ 166
4.1.1 Políticos romanos ............................................................................................................... 167
4.2 FAMÍLIA ...................................................................................................................................... 169
4.2.1 Mulheres ............................................................................................................................. 170
4.2.2 Casamento .......................................................................................................................... 171
4.2.3 Casa e família ..................................................................................................................... 172
4.3 RELIGIÃO E ESTADO ............................................................................................................... 173
4.3.1 Crenças e influências iniciais ........................................................................................... 173
4.4 SÉCULO IV: OS ROMANOS E A ARTE DA GUERRA ........................................................ 174
4.4.1 Estrutura dos exércitos romanos ..................................................................................... 175
4.4.2 Estratégias ........................................................................................................................... 178
4.4.3 Logística .............................................................................................................................. 179
4.4.4 Guerra Naval ...................................................................................................................... 179
4.4.5 Os espólios do vencedor .................................................................................................. 180
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184
TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS ..................................... 185
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185
2 LEGADO DA CIVILIZAÇÃO GREGA ....................................................................................... 185
2.1 INVENÇÕES E INOVAÇÕES DO PERÍODO CLÁSSICO GREGO .................................... 186
2.1.1 Arquitetura: colunas e estádios ....................................................................................... 186
2.1.2 Escultura Humana em Arte .............................................................................................. 186
2.2 A DEMOCRACIA GREGA ........................................................................................................ 187
2.3 ENGENHARIA E DISPOSITIVOS MECÂNICOS ................................................................. 188
2.4 RACIOCÍNIO MATEMÁTICO E GEOMETRIA .................................................................... 189
2.5 MEDICINA .................................................................................................................................. 190
2.6 JOGOS OLÍMPICOS ................................................................................................................... 190
2.7FILOSOFIA .................................................................................................................................. 191
2.8 CIÊNCIA E ASTRONOMIA ...................................................................................................... 192
2.9 TEATRO ....................................................................................................................................... 193
3 LEGADO DA CIVILIZAÇÃO ROMANA .................................................................................. 194
3.1 O LATIM ..................................................................................................................................... 195
3.2 GOVERNANÇA ......................................................................................................................... 196
3.3 DIREITO ROMANO ................................................................................................................... 197
3.4 TECNOLOGIA E ENGENHARIA............................................................................................ 197
3.5 RELIGIÃO .................................................................................................................................... 197
3.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O LEGADO ROMANO ............................................................ 198
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 200
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 204
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 206
1
UNIDADE 1 — 
SOCIEDADES ÁGRAFAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• perceber como a história é produzida, reconhecendo sua importância 
para a sociedade, de modo a promover uma reflexão sobre a valorização 
da história em nossas vidas;
• conhecer como a história dos povos que não possuíam escritas é produzida 
evidenciando materiais e métodos utilizados pelos pesquisadores;
• entender como ocorreu a construção social das primeiras civilizações, além 
de conhecer os principais aspectos desenvolvidos por elas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ 
HISTÓRIA?
TÓPICO 2 – AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
TÓPICO 3 – AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS
 MODOS DE VIDA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO 
SE PRODUZ HISTÓRIA?
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos, de maneira mais direta, como a história é es-
crita, quem são os profissionais que produzem a história e qual a sua função na 
sociedade. Além disso, mostraremos onde esses estudos sobre a construção da his-
tória acontecem e como são desenvolvidos, abordando os métodos de datação dos 
vestígios localizados, bem como os arqueólogos ou paleontólogos os encontram.
Para finalizar, veremos das sociedades ágrafas, mostrando a importância 
da pesquisa desse momento histórico e como algumas abordagens não reduzem 
esse período a simples leituras minimalistas sem importância para a atualidade.
No decorrer deste livro, o período anterior à escrita não será tratado pela 
nomenclatura Pré-história, termo dentro dos contextos atuais da pesquisa em 
história que remete, muitas vezes, a uma sociedade sem história, ou seja, que 
minimiza os povos que habitaram nesse tempo. Para melhor contextualizar, uti-
lizaremos o termo sociedades ágrafas, pois apenas remete aos povos que não es-
creviam, mas mantinham a construção e o desenvolvimento da cultura humana.
2 A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS PALEONTOLÓGICOS
Várias situações passaram pelo planeta Terra desde os seus primórdios – 
grande parte disso é devido aos estudos paleontológicos. Sem eles, possivelmente, 
existiriam muitos mistérios sobre o desenvolvimento e a evolução da vida na Terra.
Partindo disso, é importante definir a palavra Paleontologia, que signifi-
ca estudo da vida antiga, cuja origem é do grego Palaios, que tem o sentido de 
“antigo”, Ontos, “coisas existentes” e logia, “estudo”. É a base dos estudos sobre 
a história do mundo nas sociedades ágrafas.
Atualmente, a paleontologia é elemento fundamental para os estudos ar-
queológicos e, principalmente, para a escrita da história. É a partir dela que é 
possível estudar as evidências da vida de sociedades que não utilizavam a escrita 
e, para isso, faziam marcações nas rochas (ou fósseis), proporcionando estudos 
evolutivos e temporais, além de auxiliar na busca por minerais (MENDES, 1986).
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
4
A Paleontologia, normalmente, está relacionada com os estudos feitos 
com base em dinossauros (Figura 1).
FIGURA 1 – PALEONTOLOGIA RELACIONADA COM DINOSSAUROS
FONTE: <https://bit.ly/3hp0K1a>. Acesso em: 15 abr. 2020.
Uma ótima sugestão é o filme “Jurassic World – o Mundo dos Dinossauros”, 
que é pautado na ameaça que os dinossauros seriam para a Terra. Além de ser muito bom, 
o filme traz, de forma muito evidente, o trabalho do paleontólogo para o mundo. 
JURASSIC WORLD – O MUNDO DOS DINOSSAUROS. Direção: Colin Trevorrow. Produzido 
por Universal Pictures. Estados Unidos. 2015.
DICAS
No Brasil, a paleontologia evoluiu após a chegada da comitiva austríaca, 
que trouxe a princesa Leopoldina (século XIX): “[...] que viajava para se casar com 
o príncipe regente do Brasil, Dom Pedro I. Integravam esta comitiva, a pedido do 
rei da Bavária, dois naturalistas: Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich Phillip 
von Martius” (MOSCATO, 2017). Isso aconteceu principalmente pelo grande de-
senvolvimento que houve no país após o processo de independência de Portugal. 
Atualmente, os estudos paleontológicos voltam-se sobretudo para os sí-
tios arqueológicos, buscando explicações sobre como aconteceu o desenvolvi-
mento das espécies na Terra. A função dos paleontólogos é evidenciar e coletar 
fósseis, porém isso ocorre com bastante esforço e trabalho, visto que os materiais 
que normalmente são coletados podem se deteriorar muito facilmente.
A partir disso, o trabalho de um paleontólogo consiste em:
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
5
• Procura de fósseis: normalmente, a comunidade em geral informa às autori-
dades quando algo é descoberto. A partir disso, o paleontólogo faz o estudo 
de área e verifica se se trata de um fóssil que deve seguir para estudos em 
laboratórios ou não.
• Escavação: conta com instrumentos como picareta, pincel, martelo, lupas, es-
pátulas, fitas métricas, entre vários instrumentos. Nesse momento, deve-se 
ter muito cuidado devido ao difícil manejo dos vestígios que podem ser facil-
mente quebrados.
• Laboratório: etapa em que é realizada a descrição e a análise dos fósseis coletados.
• Réplica para estudos: para estudos futuros e não estragar os originais, são 
feitas réplicas.
• Divulgação: os estudos científicos precisam ser divulgados nas revistas cien-
tíficas como prova da investigação realizada.
Os trabalhos e os resultados oriundos das atividades de Paleontologia são es-
senciais para conhecermos um pouco sobre como animais e vegetais eram no passado.
Uma sugestão de leitura é a obra A Origem das Espécies, de Charles Darwin, 
publicada em 1859, que apresenta teorias da evolução das espécies e a seleção natural.
DICAS
3 A ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
A escrita dos procedimentos e etapas das pesquisas voltadasàs socieda-
des ágrafas decorre, principalmente, do trabalho dos paleontólogos. Os estudos 
exigem muita atenção, cuidado e fontes de comprovação. Partindo dos estudos 
de procura por fósseis, escavação, análise em laboratório, replicação para estudos 
futuros e divulgação para a comunidade científica e comunidade em geral, abor-
daremos as pesquisas arqueológicas e sua importância para a história.
O termo arqueologia, com origem do grego (archaios + logos), significa es-
tudo do passado. A principal diferença entre o trabalho de um arqueólogo para 
um paleontólogo está no foco de estudo, pois o paleontólogo analisa os restos 
de seres vivos, enquanto o arqueólogo lida com os modos de vida e os vestígios 
materiais dos povos, buscando caracterizá-los.
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
6
FIGURA 2 – O TRABALHO DE UM ARQUEÓLOGO
FONTE: <https://bit.ly/2QfQqgA>. Acesso em: 27 abr. 2020.
Estudos mais aprofundados passaram a surgir a partir da Idade Média e 
início da Idade Moderna:
Mesmo nesse estágio embrionário da arqueologia, já existia a preocu-
pação em desenvolver uma maneira de descrever como determinadas 
sociedades se desenvolveram e tiveram etapas distintas nessa trajetó-
ria. Para tal intento, foram criados métodos de estudo, instrumentos 
de escavação e técnicas para análise dos artefatos em laboratório (MO-
RELL et al., 2014, p. 11).
A arqueologia, assim como várias ciências, auxiliou a desvendar aspectos 
importantes em relação ao passado. As sociedades começaram a perceber que 
vários conhecimentos, por muitas vezes, inquestionáveis, puderam obter com-
preensões diferente devido a ciência, iniciando um processo de muitos avanços 
na construção histórica e científica do planeta Terra e seus habitantes.
Atualmente, os arqueólogos têm um papel muito importante em nossa 
sociedade, pois buscam respostas para muitas perguntas que ainda não foram 
respondidas, de forma suficiente, sobre os povos do passado. Nesse momento, 
não nos referimos apenas a povos das sociedades ágrafas, mas também a socie-
dades mais recentes, como na Idade Média.
Uma boa ideia quando falamos de arqueólogos é assistir aos filmes da franquia “In-
diana Jones” (1981, 1984, 1989 e 2008), que descrevem a rotina de um pacato professor de arque-
ologia que tem uma vida dupla, envolvendo muita aventura em seu contexto. Vale a pena conferir!
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
7
O trabalho dos arqueólogos, normalmente, é desenvolvido em sítios arqueo-
lógicos, ou seja, locais predeterminados para realizar suas investigações. É importan-
te salientar que esses sítios são descobertos por meio de estudos de área bem detalha-
dos. A identificação pode se dar também em locais visíveis, como construções, locais 
onde há relatos de ocupação, aberturas em florestas com vegetação alterada, sondas, 
detectores de metal, entre outras formas que podem ser utilizadas para descobertas.
Para compreender melhor um sítio arqueológico e o trabalho de arqueólo-
gos, leia sobre o trabalho da arqueóloga Niède Guidon no Parque Nacional da Serra da 
Capivara, que conseguiu auxiliar a história do povoamento da América em diversos quesi-
tos. Além disso, o local desse estudo é fantástico. Conhecendo o trabalho da Niède, verifi-
caremos que as pesquisas arqueológicas não são realizadas de forma rápida, normalmente 
levam dias, meses e até anos para conseguir extrair os vestígios.
GAUDÊNCIO, J. S. Niède Guidon: a cientista brasileira responsável pelo tesouro arqueoló-
gico nacional. Revista História da Ciência e Ensino Construindo Interfaces, v. 18, p. 76-87, 
2018. Disponível em: https://bit.ly/3eNs0V2. Acesso em: 28 abr. 2020.
DICAS
Na Figura 3, percebemos o quão delicado e paciente é o trabalho de um 
arqueólogo. Nem sempre os vestígios podem ser facilmente identificados. Na 
maioria das vezes, após a identificação da área, faz-se uma sondagem e, em se-
guida, iniciam-se as escavações.
FIGURA 3 – ARQUEÓLOGO À PROCURA DE VESTÍGIOS METÁLICOS 
FONTE: <https://torange.biz/pt/black-archaeologist-10889>. Acesso em: 28 abr. 2020.
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
8
Para conhecer como é o trabalho de um arqueólogo, o Quadro 1 apresenta 
mais sobre esse processo.
QUADRO 1 – ETAPAS DO PROCESSO DE ARQUEOLOGIA
Primeira 
etapa
Consiste na análise do ambiente pesquisado. São analisadas informações 
como a composição do solo e a existência de determinadas rochas e rios.
Segunda 
etapa 
É a demarcação do território em quadrantes. Antes da escavação ou 
decapagem, são feitas trincheiras de, no máximo, 60 centímetros, 
onde são observadas as disposições das camadas geológicas.
Terceira 
etapa
Decapagem é uma forma bem delicada de extrair os vestígios utilizan-
do pincéis e instrumentos finos. Com ela, é possível identificar pegadas 
e buracos para cabanas. É uma técnica que exige muita paciência.
Quarta 
etapa
Fase de escavação é um processo muito complexo tomando cuidado para 
não se perder nada. Normalmente, elas demoram anos, e tudo o que ti-
ver relevância precisa ser fotografado, registrado ou até desenhado.
Quinta 
etapa
É a fase final, em que o material é coletado, colocado em embalagens, 
identificado e transportado para laboratórios.
FONTE: Adaptado de Heuer (2007, p. 11)
Nem sempre a pesquisa acontece nessa ordem ou se descobrem grandes 
coisas, mas é um trabalho delicado, de muita dedicação e paciência. Além disso, 
os resultados desse trabalho, muitas vezes, demoram anos para ser expostos à co-
munidade, pois, além de ser um processo complexo, os materiais coletados pre-
cisam ser datados, proporcionando ao pesquisador informações mais concretas.
4 SISTEMAS DE DATAÇÃO E SUAS DESCOBERTAS
Após vestígios, fósseis ou materiais serem coletados nos sítios arqueo-
lógicos, é necessário fazer sua completa identificação, para a qual a datação é 
essencial. Esse processo só é possível com a colaboração com demais áreas do co-
nhecimento, como a biologia, a física e a química, pois, para esse processo, deve-
-se investigar as transformações que os materiais sofreram no decorrer do tempo. 
Basicamente, investiga-se o tempo em que o objeto ficou exposto aos agentes e 
como as suas propriedades foram degradadas.
Para realizar esses testes, abordaremos sobre os três métodos de datação 
que são bastante utilizados: estratigrafia, carbono-14 (C14) e termoluminescência. 
• Estratigrafia: Weller (1960) afirma que a “A estratigrafia é o ramo da geologia 
que estuda as rochas estratificadas e sedimentares, considerando, para as di-
versas unidades estratigráficas, a descrição da sequência vertical e horizontal, 
as correlações e o mapeamento”.
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
9
Para responder à dúvida sobre como a estratigrafia consegue determinar a 
idade de um fóssil ou vestígio, cada camada tem um certo tempo de composição e, des-
se modo, na camada em que se encontra o fóssil ou o vestígio, determina-se uma idade 
aproximada. Entretanto, isso não traz dados exatos e, no caso de uma situação duvidosa, é 
aconselhável realizar outros testes, como o carbono-14.
NOTA
• Carbono-14 (C-14): é um isótopo radioativo natural de carbono com massa 
atômica 14, com isso, todos os seres vivos possuem alguma quantidade de 
C14 em seu corpo. Desse modo, quando o ser vivo morre, a quantidade de 
C14 diminui devido à desintegração radioativa. Como exemplo, podemos fa-
lar que a meia-vida do C14 equivale a 5740 anos e, a partir disso, mapeiam-se 
as datas (um quarto de vida 11480, um oitavo 22960 e assim por diante). O 
cálculo se dá a partir do valor de C14 em um fóssil e do quanto ainda resta no 
outro. Esse método serve para calcular a idade de fósseis com até 60 mil anos, 
porém, em medições com idade acima disso, perde-se a precisão.
Assista ao vídeo “Como Funciona a Datação por Carbono?”, do canal Ciência 
Todo Dia, que mostra como são datados os objetos utilizando o C14, um dos métodos mais 
utilizados para datar a idade de fósseis: https://www.youtube.com/watch?v=lvQa9aGDC_I.DICAS
• Termoluminescência: a partir desse método, é possível obter a datação de 
fenômenos ou processos geológicos ocorridos há milhares de anos. Para isso, 
são verificadas as propriedades termoluminescentes de minerais como carbo-
natos ou quartzos, que, antes de serem soterrados, foram expostos à luz solar. 
A técnica pode medir objetos de 1 mil a 500 mil anos atrás. Normalmente, essa 
técnica é utilizada para datar artefatos de cerâmica.
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
10
A reportagem “Homo sapiens chegou à Rússia antes do que ao resto da Europa, ga-
rantem arqueólogos” envolve o uso do método de termoluminescência para obter resultados nas 
pesquisas com materiais arqueológicos. Vale a pena conferir, então acesse: https://bit.ly/2RQkxvI.
DICAS
5 SOCIEDADES ÁGRAFAS 
As sociedades ágrafas, através de descobertas arqueológicas, podem ser conhe-
cidas na atualidade, como aquelas que não desenvolveram nenhum tipo de escritura.
É importante perceber que as sociedades ágrafas não são apenas aquelas que 
existiram antes dos sumérios desenvolverem o sistema de escrita (que, por muitos, foi o 
primeiro); várias civilizações mais contemporâneas são consideradas ágrafas, como a dos in-
cas, os indígenas brasileiros, entre outros. Mais adiante, adentraremos na pré-história, por isso 
é importante desmitificar algumas situações e a linearidade da história é, talvez, a principal.
ATENCAO
No interior dessas sociedades, os registros como pinturas, esculturas, edi-
ficações e desenhos, representam os principais vestígios de pesquisa e conheci-
mento delas, pois, é a partir deles, que os pesquisadores podem conhecer um 
pouco sobre como eles viviam.
Com a colaboração de outras ciências, como antropologia, arqueolo-
gia e paleontologia, novos materiais passaram a servir de indícios do 
passado de um povo: imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, 
armas, fotografias, músicas, construções e outros objetos. Essas podem 
ser tão importantes quanto a escrita no processo de resgate do passado 
de uma civilização ou comunidade (KUPER, 2008).
Kuper (2008) reflete sobre a importância desses vestígios e de antropólo-
gos, arqueólogos, paleontólogos e historiadores para que possamos saber como 
esses povos viviam e o seu desenvolvimento.
Nesse momento, é importante definirmos que a História não é linear, mas 
um percurso cheio de rupturas e com diversos momentos ímpares para os povos. 
Um bom exemplo é usarmos nossa atualidade, você considera que todos os po-
vos do mundo vivem no mesmo momento histórico?
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
11
Partindo dessas bases, iniciaremos tratando da Pré-história, período que 
equivale ao surgimento do ser humano, cerca de 4,5 milhões de anos a até apro-
ximadamente 5 mil anos atrás, momento em que os sumérios desenvolveram o 
primeiro sistema de escrita.
Por ser um período em que os registros escritos não existiam, sua nomen-
clatura surgiu no século XIX, quando os estudos da história se intensificaram e os 
pesquisadores da época a utilizavam para designar o momento em que a huma-
nidade ainda não possuía um sistema de escrita.
FIGURA 4 – TÁBUA COM ESCRITA CUNEIFORME
FONTE: <https://bit.ly/3fhr6zo>. Acesso em: 29 abr. 2020.
Nesse sentido, é importante destacarmos que pesquisas mais recentes dei-
xam o termo, muitas vezes, apenas para fazer uma divisão didática e, formalmente, 
chamam os povos desse período de sociedades ágrafas, de modo a não minimizar 
sua história, que não foi necessariamente escrita, mas deixada por meio de arte, cons-
truções e vestígios diversos que devem ser considerados e valorizados atualmente.
Contudo, Ripoli (2017, p. 145) afirma que:
O desafio do pesquisador consiste em identificar o que faz parte do 
cotidiano dos humanos e, paralelamente, em encontrar meios para que 
a pesquisa de história e do tempo, não seja somente conteudista, carac-
terizada por uma organização cronológica sem nenhum vínculo com 
as histórias individuais, locais, regionais e nacionais.
Por isso, podemos dizer que nosso posicionamento é voltado para uma 
História inclusiva, não europeizada e, principalmente, contextualizada. A Pré-
-história foi um momento ímpar na história que merece grande atenção e, além 
disso, um olhar particular para as diversidades em que está envolvida.
Assim, Morell et al. (2014, p. 7) mostram que a história não é linear (Figura 5).
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
12
FIGURA 5 – DIFERENÇAS NO TEMPO HISTÓRICO EM CONTEXTOS MUNDIAIS E BRASILEIROS
FONTE: Morell et al. (2014, p. 14)
A Figura 5 demonstra a importância de entendermos cada período histó-
rico como único para a população que o vivenciou, constatando o fato de que a 
história não pode ser aplicada a todos os povos como se fosse única e linear.
13
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Paleontologia é conhecida como o estudo da vida antiga (origem no grego 
Palaios, que significa antigo, Ontos, coisas existentes, e logia, estudo). É a 
base dos estudos sobre a história do mundo pré-histórico.
• O trabalho de um paleontólogo consiste em: procurar fósseis, escavar, fazer 
análise em laboratório, replicar para estudos futuros, divulgar para a comu-
nidade científica e comunidade em geral.
• O termo arqueologia, que vem do grego, significa estudo do passado.
• Há três principais métodos de datação que são estratigrafia, carbono-14 e ter-
moluminescência.
• A estratigrafia através de camadas ou estratos é utilizada para reconhecer a 
datação em objetos e fósseis.
• O carbono-14 é um dos métodos mais utilizados para a datação de fósseis, 
tendo sua técnica realizada pela desintegração do isótopo radioativo.
• A termoluminescência é utilizada para a datação de objetos e fósseis, identi-
ficando resquícios de luz no aquecimento dos objetos ou fósseis estudados.
• Sociedades ágrafas são aquelas que não desenvolveram nenhum tipo de escritura.
• O período das sociedades ágrafas equivale ao surgimento do ser humano (4,5 
milhões de anos atrás) até aproximadamente 5 mil anos atrás, momento em 
que os sumérios desenvolveram o primeiro sistema de escrita.
14
1 Recentemente, houve uma discussão em nível federal sobre a profissão his-
toriador, com o veto do presidente derrubado pelo senado. Essa regulamen-
tação visa a tornar legal uma profissão já exercida por muitos e, consequen-
temente, importantíssima para fortalecer essa área de estudos. Responda 
em que estudos sobre o passado são importantes para a humanidade?
FONTE: <https://bit.ly/3oewqaK>. Acesso em: 15 jul. 2020.
2 Complete o quadro a seguir citando as três técnicas de datação: estratigra-
fia, carbono-14 e termoluminescência. Evidencie os métodos, tempo máxi-
mo de datação e utilização pelos pesquisadores. Procure acrescentar mais 
informações pesquisando a respeito das técnicas.
AUTOATIVIDADE
Estratigrafia
Carbono-14
Termoluminescência
FONTE: O autor
3 As sociedades ágrafas não tinham desenvolvido a escrita, por isso são conhe-
cidas por meio do trabalho de alguns pesquisadores. Escolha uma profissão 
para criar um resumo evidenciando seus principais métodos de trabalho.
15
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
1 INTRODUÇÃO
Após conhecermos como ocorre a pesquisa no campo da paleontologia 
e da arqueologia dentro da História, aprofundaremos o estudo do período mais 
longo transcorrido e datado cronologicamente, o qual se encontra esquecido e 
minimizado pela historiografia e por grande parte dos historiadores.
Assim, abordaremos o período anterior ao surgimento da escrita, que se ini-
cia com o surgimento do ser humano a aproximadamente 7 milhões de anos atrás e 
vai até o surgimento da escrita por volta de 4 mil anos. Serão apresentadas algumas 
subdivisões utilizadas para facilitar o estudo, como os períodos Paleolítico e Neolí-
tico, bem como os primeiros seres humanos que fizeram sua dispersão pela Terra.
Ao final, veremos as teorias da chegada do ser humano ao continente ame-
ricano e toda a discussão que elas geramna comunidade científica. Passaremos 
também pelos estudos da brasileira Niède Guidon e as dúvidas sobre as datas em 
que os primeiros grupos humanos chegaram ao continente americano e de onde 
exatamente vieram, o que ainda permanece sem respostas concretas.
2 O PERÍODO ANTERIOR AO SURGIMENTO DA ESCRITA E 
SUAS DIVISÕES
Os períodos históricos não devem ser tratados com linearidade ou até se-
rem conferidos a apenas um povo (europeizados, como muitas vezes acontece). 
Contudo, para um melhor estudo dos períodos, uma periodização é necessária.
Quando tratamos do período anterior ao surgimento da escrita, essa divi-
são é feita em dois momentos: o período Paleolítico (aproximadamente 7 milhões 
de anos até por volta de 10 mil anos atrás) e o período Neolítico (aproximada-
mente 10 mil anos até por volta de 5 mil anos atrás).
Há também algumas fontes que apresentam períodos como o Mesolítico, 
que seria um período de transição entre o Paleolítico e Neolítico com característi-
cas como o fim da última glaciação, o aumento no processo de sedentarização, a 
extinção de animais de grande porte e o povoamento da América.
16
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Outra divisão que pode ser considerada em algumas fontes é a Idade dos 
Metais. Como o próprio nome diz, é o período em que as principais característi-
cas estão voltadas ao desenvolvimento da metalurgia, mas também do surgimen-
to do Estado, do comércio, das primeiras civilizações e da escrita.
A partir dessa divisão, abordaremos cada período de forma mais apro-
fundada, perpassando pelos dois períodos macros: Paleolítico, Neolítico e, na 
medida do possível, o Mesolítico e a Idade dos Metais.
FIGURA 6 – DIVISÕES DO PERÍODO ANTERIOR AO SURGIMENTO DA ESCRITA
FONTE: O autor
3 O PERÍODO PALEOLÍTICO
Como visto, é o período em que surge a espécie humana. Segundo dados 
atualizados, isso ocorreu há aproximadamente 7 milhões de anos. Entretanto, há 
pesquisas que trazem espécies que podem ser ligadas como o Ramapithecus, 
datado há 13 milhões de anos atrás. No entanto, são apenas teorias, sendo impor-
tante trabalharmos com dados mais próximos da espécie conhecida como Austra-
lopithecus, que viveu nos períodos mais recentes entre 4,5 milhões de anos atrás.
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
17
FIGURA 7 – RECONSTITUIÇÃO DE UM RAMAPITHECUS
FONTE: <https://bit.ly/3bo2Tq4>. Acesso em: 5 maio 2020.
O pesquisador Walter Neves, em seu artigo intitulado “E no princípio... era o 
macaco!”, apresenta algumas reflexões importantes sobre os primeiros hominídeos:
Com a descoberta dos fósseis de Australopithecus afarensis (entre eles a 
famosa Lucy) na Etiópia e na Tanzânia, em meados dos anos 1970, ficou 
claro que a bipedia precedeu em milhões de anos a fixação de cérebros 
grandes e de capacidade tecnológica. Tendo em vista essa diferença 
temporal tão grande, ficou claro também que não foi a fabricação de 
ferramentas (e seu diferencial adaptativo), como desejavam Darwin e 
muitos outros cientistas importantes, a força seletiva que teria levado à 
fixação da bipedia (que por extensão teria liberado as mãos permitindo 
a atividade fabril). Hoje, sabemos que os primeiros bípedes, portanto 
os primeiros hominíneos, surgiram por volta de sete milhões de anos, 
representados pelo Sahelanthropust chadensis, cujos fósseis foram encon-
trados no início do século XXI no Chade (NEVES, 2006, p. 253).
As pesquisas mostram que a evolução humana só foi possível por meio 
de mudanças climáticas que afetaram o planeta e, principalmente, o continente 
Africano, quando houve o desaparecimento de florestas com vegetação densa 
e alta, permitindo o surgimento das savanas. Isso fez com que hominídeos de-
senvolvessem o andar nas duas patas traseiras (possibilitando o uso das mãos e 
aprimorando-o) e necessitassem buscar alimentos de outras formas, incluindo o 
uso de materiais de apoio, como pedaços de pau.
Heuer (2007, p. 44, grifo no original) fala que: 
Essa adaptação de alguns grupos gerou a divisão dos primatas em duas fa-
mílias: a dos macacos antropoides, que continuavam a andar sobre quatro 
patas (gorilas, chimpanzés, orangotangos), e a família dos hominídeos, que 
se tornaram bípedes e desenvolveram características diferenciadas.
18
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Essa divisão foi fundamental para o desenvolvimento da espécie homo, 
que, posteriormente, precisou se adaptar ao meio e construir meios sociais e cul-
turais para sobreviver e desenvolver. A partir disso, iniciamos a nossa trajetória 
de desenvolvimento de consciência sobre nós mesmos e sobre o planeta.
Neves (2006) apresenta uma tabela com as principais espécies de hominí-
deos e o tempo em que viveram no planeta, conforme mostra o Quadro 2.
QUADRO 2 – ESPÉCIES DE HOMINÍDEOS
Espécie Cronologia (milhões de anos AP)
Região onde foi 
encontrado
Sahelanthropus tchadensis 7,0 Toros-Melalla, Chade
Orrorin tugenensis 6,0 Tugen Hills, Quênia
Ardipithecus kadabba 5,0 Middle Awash, Etiópia
Ardipithecus ramidus 4,2 Middle Awash, Etiópia
Australopithecus 
anamensis Entre 4,2 e 3,9 Lago Turkana, Quénia
Australopithecus afarensis 
(também classificado 
como Praeanthropus 
africanus)
Entre 3,7 e 2,5 Hadar, Etiópia, Laetoli, Tanzânia
Australopithecus 
bahrelghazali Entre 3,0 e 3,5 Chade
Kenyanthropus platyops 3,5 Quênia
Australopithecus africanus 3,0 Taung, Sterkfontein, África do Sul
Australopithecus garhi 2,5 Etiópia
Paranthropus aethiopicus 2,7 Lago Turkana, Quênia
Paranthropus robustus Entre 2,0 e 1,0 Swartkrans, Kromdraai, África do Sul
Paranthropus boisei 1,75
Garganta de Olduvai, 
Tanzânia, Lago Turkana, 
Quênia
Homo habilis Entre 2,0 e 1,7
Garganta de Olduvai, 
Tanzânia, Lago Turkana, 
Quênia
Homo rudolfensis 2,3 Lago Turkana, Quênia, Malawi
Homo ergaster Entre 2,0 e 1,4
Lago Turkana, Quênia, 
Dmanisi, República da 
Geórgia
Homo erectus Entre 1,8 e 0,03 África, Ásia, Europa (?)
Homo heidelbergensis Entre 0,8 e 0,2 Europa, África e Ásia
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
19
Homo neanderthalensis Entre 0,2 e 0,03 Europa, Oriente Médio
Homo sapiens 0,2-atual Surgimento na África: todo o planeta
FONTE: Neves (2006, p. 258)
Evidentemente, seria complexo fazermos estudos aprofundados sobre to-
dos esses hominídeos, porém vale destacar que o processo evolutivo humano se deu 
de forma lenta e gradual, vencendo estágios e adversidades. Na atualidade, muitas 
coisas que são óbvias, no início, levaram milhares de anos para ser compreendidas, 
como a agricultura, que só aparece por volta de 10 mil anos atrás. Podemos imagi-
nar quantas dificuldades esses primeiros povos tiveram que enfrentar vivendo em 
regimes de subsistência e dependendo da coleta e da caça para sobreviver. Quando 
estudamos esses tempos, é muito importante não fazer julgamentos preconceituosos 
que, muitas vezes, aparecem em comparações, pois a existência humana é fruto de 
uma construção histórica, que precisa ser contada novamente, por meio da evolução 
da espécie, para que os novos seres humanos possam se desenvolver.
Sobre a sociedade nesse período:
A sociedade paleolítica caracterizou-se pela busca de subsistência, ou 
seja, o homem procurava tudo o que era necessário para sustentar a 
vida por meio da caça, da pesca, da coleta de frutos, sementes e raízes, 
e da confecção e utilização de objetos de pedra lascada, ossos e dentes 
de animais. Por isso, o Período Paleolítico é também chamado de Ida-
de da Pedra Lascada (PALEOLÍTICO, c2009-2021).
Todo esse desenvolvimento foi motivado pelas necessidades básicas hu-
manas em relação à fome e à proteção. A partir de desafios que eram impostos no 
caminho dos seres humanos, a criatividade, que é única da nossa espécie, ajudava 
a vencê-los e proporcionar o desenvolvimento nesses momentos.
Com base nisso, os hominídeos evoluíram. É importante ressaltar que di-
ferenciar o gênero homo e não homo na árvore evolutiva é absolutamente arbi-
trário. São utilizados critérios artificiais para criar os limites entre os grupos, uma 
vez que o que ocorre é um continuum entreeles (GAVAN, 1977).
A seguir, apresentaremos algumas espécies que antecederam o homo sa-
piens (atual espécie humana).
3.1 AUSTRALOPITHECUS
Espécie que viveu há cerca de 3,2 milhões de anos na África Oriental. Com 
o fóssil de Lucy como seu maior defensor, essa espécie media cerca de 1,20 metro 
de altura e pesava em torno de 30 quilos. Sua alimentação era à base de frutos, 
vegetais e raízes. Possuíam uma organização em grupos e eram bípedes, fato que 
possibilitou maior defesa e a coleta de alimentos mais facilmente.
20
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
FIGURA 8 – LUCY, FÓSSIL E POSSÍVEL FORMA DE QUANDO VIVEU
FONTE: <https://bit.ly/3eNAifC>. Acesso em: 5 maio 2020.
O fóssil da Lucy foi encontrado na Etiópia, em 1974. Cerca de 40% de sua ossada 
estava fossilizada, algo quase impossível se pensarmos que ela viveu há mais de 3 milhões de 
anos. Seu nome foi dado em homenagem a música da banda Beatles “Lucy in the Sky with 
Diamonds”. Para conhecer um pouco mais sobre a Lucy, acesse o dossiê: https://bit.ly/3hrUfKS.
NOTA
3.2 HOMO HABILIS
É o homem habilidoso, nome atribuído devido a sua facilidade em utili-
zar e criar ferramentas. Esses hominídeos viveram entre 2,5 e desapareceram por 
volta de 1,5 milhão de anos atrás.
Algumas características desse hominídeo são (HOMO HABILIS, 2020): 
entre as espécies pertencentes ao gênero Homo, essa é uma das mais antigas e 
menos parecidas com os humanos atuais. Os homens mediam cerca de 1,57 metro 
de altura e tinham um peso aproximado de 55 quilos e as mulheres, cerca de 1,20 
metro de altura com 32 quilos.
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
21
FIGURA 9 – HOMO HABILIS
FONTE: <https://bit.ly/3hpPMbz>. Acesso em: 6 maio 2020.
Apesar de conseguir utilizar ferramentas, a caça não era muito a sua espe-
cialidade – pesquisas indicam que era carniceiro, aproveitando-se de animais já 
mortos e disputando alimentos com abutres e hienas
3.3 HOMO ERECTUS
Espécie de hominídeo que viveu há aproximadamente 1,3 milhão de anos 
nos continentes africanos, asiático e europeu. Recebeu esse nome devido a sua 
postura ereta, muito parecida com a do homem atual.
A espécie é considerada a mais antiga a ter deixado a África. Sua mi-
gração em direção à Ásia teria ocorrido há no mínimo 1,8 milhões de 
anos, tendo seus fósseis encontrados na Ilha de Java. Subsequente-
mente, teria rumado à Europa, atingindo o Cáucaso (região que leva o 
nome da cadeia de montanhas entre este continente e o asiático) (POU-
GH; JANIS; HAISHER, 2003; NEVES; PILÓ, 2008; GROVES, 2009 apud 
TICHAUER, 2009, p. 23).
Segundo pesquisas, foi o primeiro hominídeo a conseguir dominar o fogo, 
o que proporcionou a ele caçar com maior poder, cozinhar alimentos e, com isso, 
melhorar a qualidade destes, possibilitando a sua migração para lugares mais 
frios, como a Europa.
O fato de cozinhar os alimentos também proporcionou maior inserção de 
proteínas e consequentemente um desenvolvimento intelectual. Além do fogo, o 
Homo Erectus organizava abrigos e vestimentas para auxiliar em sua sobrevivência.
22
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
FIGURA 10 – HOMO ERECTUS
FONTE: <https://bit.ly/3okXyF1>. Acesso em: 6 maio 2020.
Sua altura girava em torno de 1,70 metro e seu peso era de, aproximada-
mente, 77 quilos. Um diferencial era do tamanho do cérebro em comparação ao 
Homo Habilis, que era cerca de 50% maior.
3.4 HOMO NEANDERTHALENSIS
Descendente direto do Homo Erectus, esses hominídeos viveram 
basicamente na Europa na região de Neander. Segundo Tichauer (2009, p. 27):
Ao longo do tempo, o aprimoramento de adaptações culturais do Homo 
heidelbergensis, como os supramencionados, além do desenvolvimento 
de uma nova indústria lítica, por volta de 250 mil anos, permitira a estes 
hominídeos permanecer na Europa e suportar o frio, o que culminou no 
desenvolvimento de cérebros maiores até que os de homens modernos 
(em média 1.500 cc), baixa estatura, queixo pouco acentuado, fêmures 
e tíbias levemente arqueados, arcadas supraciliares salientes, além de 
grandes seios da face e nariz enorme. Tratava-se de uma nova espécie: 
o Homo neanderthalensis, conhecidos popularmente como “Homem das 
Cavernas” ou simplesmente “Homem de Neandertal”.
Ele tinha algumas características desenvolvidas devido ao contato pro-
longado com ambientes frios. Media em torno de 1,60 metro de altura. Uma das 
principais características que podemos citar era o início de desenvolvimento de 
alguma espiritualidade, pois fazia oferendas com flores aos seus mortos.
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
23
FIGURA 11 – HOMO NEANDERTHALENSIS
FONTE: <https://bit.ly/3w7cCcc>. Acesso em: 6 maio 2020.
Esta espécie chegou a viver na mesma época que o homem moderno, mas 
por motivos desconhecidos ele foi extinto.
3.5 HOMO SAPIENS
Nos últimos 100 mil anos, aparece o Homo Sapiens, que nada mais é do que o 
homem moderno, ou seja, a espécie que somos atualmente. Como resultado de um 
processo de evolução, o Homo Sapiens traz várias características de seus antepassa-
dos: “No entanto, a partir deste momento, tais características foram modificadas 
de maneira abrupta. Tal mudança explosiva é denominada Revolução Criativa do 
Paleolítico Superior e se caracteriza, antes de tudo, pela injeção de uma de uma 
criatividade ilimitada em todos os setores da vida” (TICHAUER, 2009, p. 29).
A partir desse momento, aspectos unicamente humanos apareceram como 
a capacidade de se expressar através da arte, posteriormente escrita, sociedades 
organizadas, tecnologias digitais. Apesar de alguns autores tratarem o momen-
to em que vivemos como uma nova era, a era da tecnologia, citando que somos 
Homo digitalis, Homo cyborg ou qualquer outra denominação que possa aparecer, 
ainda na comunidade científica somos considerados Homo sapiens.
Finalizando essa rápida explicação sobre alguns hominídeos que habita-
ram a Terra, queremos abrir um parêntese para falar do período de transição cha-
mado Mesolítico, que muitos consideram na divisão oficial do período anterior 
ao surgimento da escrita.
24
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Marcado pelo fim da última glaciação, esse período além da transição do Pa-
leolítico para o Neolítico, marcou a transição de uma economia por diversas vezes nô-
made, caçadora e coletora para uma economia sedentária com produção de alimentos.
Segundo estudos, também foi nesse período que houve a migração para 
o continente americano (veremos mais adiante) e a arte e as crenças foram mais 
acessadas como genuinamente humanas.
Sugerimos os seguintes documentários sobre o desenvolvimento humano 
nesse período: 
• Faz uma explanação sobre como o ser humano possivelmente conseguiu dominar 
a linguagem. É importantíssimo, nesse momento, pois há muitas evidências do sur-
gimento, bem como pesquisas arqueológicas e paleontológicas dessa temática: As 
Origens da Linguagem. Documentary on Demand. 2012. Disponível em: https://bit.
ly/3wjcPcv. Acesso em: 16 jul. 2020. 
• Bem voltado a pinturas rupestres e sua importância para aquelas sociedades que as 
fizeram, confira: Lascaux, a Pré-História da Arte. Forza, 2011. Disponível em: https://bit.
ly/3waF5xP. Acesso em: 16 jul. 2020.
NOTA
4 O PERÍODO NEOLÍTICO
Período que tem início por volta de 12 mil anos atrás, quando o ser humano 
conseguiu mais avanços em relação ao domínio com a natureza. Conhecido tam-
bém como o “período da pedra polida”, trouxe alguns avanços (HEUER, 2007):
• domínio da natureza pelo homem;
• cultivo de alimentos;
• domesticação de animais;
• sedentarização;
• aumento populacional;
• divisão maior do trabalho envolvendo sexos e idade;
• surgimento das primeiras aldeias;
Isso tudo proporcionou mudanças profundas no jeito de viver desses 
seres humanos, pois, como não eram mais sedentários e aprenderam a cultivar 
alimentos e a domesticar animais, teoricamente, não precisariam se arriscar em 
caçadas perigosas e, além disso, teriam comida de maneira mais fácil. “A produ-
ção de um excedente agrícola, somado à atividade criadora, serviu para atender 
às necessidadesda comunidade em períodos mais duros” (PINSKY, 2001, p. 32).
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
25
Como tinham o necessário para sobreviver, os grupos humanos tinham 
tempo para fazer outras coisas, como construir casas, aperfeiçoar instrumentos e 
iniciar pequenas organizações sociais.
Foi o momento em que começaram a surgir pequenas aldeias, que pro-
porcionaram, além de segurança para os povos que ali viviam, uma organização 
social em que havia, normalmente, um líder escolhido por seus moradores e fun-
ções definidas para homens, mulheres e crianças.
FIGURA 12 – OCUPAÇÕES DOS POVOS NEOLÍTICOS
FONTE: <https://bit.ly/3yb6Nwg>. Acesso em: 16 jul. 2020.
Ao final desse período, há uma subdivisão chamada de Idade dos Metais 
(entre 5 e 4 mil anos a.C.), quando os seres humanos conseguiram obter o domí-
nio sobre os metais e, consequentemente, potencializar seus instrumentos para a 
agricultura, armas e utensílios para o cotidiano.
Durante esse período, as pequenas aldeias de agricultores transforma-
ram-se em núcleos urbanos, submetidas à autoridade política de um 
chefe. As primeiras cidades nasceram no Oriente Médio. Biblos, no atual 
Líbano, é considerada a cidade mais antiga do mundo. Há quase 7.000 
anos, surgiu uma das primeiras cidades – Çatal Huyuk, no centro-sul da 
Turquia. Essa cidade foi habitada por mais de 700 anos e lá eram cultiva-
dos trigo, cevada, ervilha (IDADE DOS METAIS, c2009-2021).
Esse momento foi muito importante para a história da humanidade, pois 
os povos conseguiam estocar alimentos e, consequentemente, ter garantias de 
sobrevivência em épocas nas quais o alimento não era suficiente.
26
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Ressaltamos novamente que esse movimento da história não é linear, pois 
citamos comunidades que as pesquisas dizem que foram pioneiras nesses movimentos, 
porém, na Amazônia, há povos como os Nukak e Achê que têm uma mobilidade constan-
te, ainda em um modo de vida comparável às organizações sociais desse período.
ATENCAO
5 A DISPERSÃO DOS SERES HUMANOS PELA TERRA 
Estudos mais recentes apontam o continente africano como o local onde 
o ser humano surgiu há aproximadamente 7 milhões de anos. Para Souza (2011):
O comportamento migratório poderia já estar presente em Homo habi-
lis, mas seguramente implantou-se com os primeiros homens arcaicos 
e intensificou-se com Homo sapiens, cuja mobilidade fez a espécie per-
correr distâncias cada vez maiores e seguir caminhos já conhecidos. 
Esse próprio comportamento levou a desafios frequentes, por obrigar 
a espécie humana a enfrentar mudanças nas pressões e interações am-
bientais (SOUZA, 2011, p. 69).
Assim, podemos entender que, a partir do homo habilis, um movimento 
migratório se iniciou. Com a descoberta e o domínio do fogo, maiores distâncias 
puderam ser percorridas, bem como enfrentamento de animais perigosos e tem-
peraturas baixas puderam ser superadas com mais facilidade.
FIGURA 13 – POSSÍVEL PROCESSO DE MIGRAÇÃO DOS POVOS PELA TERRA
FONTE: <https://bit.ly/33H0lyK>. Acesso em: 7 maio 2020.
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
27
O movimento migratório envolveu a ida ao continente asiático e uma dis-
persão maior entre grupos que foram para Europa e povos que se dissemina-
ram para Ásia, chegando a Austrália. Esse movimento ainda gera muitas dúvidas 
quanto à datação, mas pesquisas recentes aproximam os primeiros grupos des-
bravadores de 120 mil a 100 mil anos antes do tempo presente.
5.1 A OCUPAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO E SUAS 
TEORIAS
Esse é um assunto responsável por gerar inúmeras discussões entre os pesqui-
sadores. Desde o século XX, várias pesquisas tentam evidenciar aspectos únicos, mas 
o que se sabe exatamente, até hoje, é que as migrações ocorreram de formas diferentes.
Há três principais teorias que sustentam o processo de migração do ser 
humano ao continente americano:
• A Teoria de Clóvis: cita que o ser humano teria feito sua migração para o con-
tinente americano por meio do Estreito de Bering, que, segundo pesquisado-
res, estava congelado nesse período, devido à glaciação que afetou fortemente 
o planeta e congelou os mais de 1.600 km do Estreito. Contudo, essa travessia 
não se deu de uma hora para outra, sendo estimado que os grupos humanos 
tenham levado uma média de 20 mil anos para fazer a travessia, embora esse 
tempo, muitas vezes, coloque em xeque a teoria, uma vez que as pessoas não 
possuíam tecnologia para ficarem expostas a um frio tão intenso.
FIGURA 14 – ESTREITO DE BERING
FONTE: <https://bit.ly/3tGzj5i>. Acesso em: 8 maio 2020.
28
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
O Essa travessia ocorreu por volta de 15 e 12 mil anos antes do presente. 
Pesquisas mais recentes apontam vestígios humanos com datas superiores 
as citadas, colocando novamente a teoria em xeque. Por volta de 11 mil 
anos atrás, eles chegariam à América do Sul. 
Em nenhum momento, discordamos da Teoria de Clóvis, até porque não exis-
tem estudos que a refutem totalmente – apenas foram realizadas algumas pontuações per-
tinentes a estudos futuros.
NOTA
• Teoria Malaio-Polinésia ou Teoria da chegada pelo mar: os primeiros seres 
humanos teriam vindo por meio de pequenas embarcações, aproveitando que 
o oceano estava abaixo do normal, devido à última glaciação. Isso resultou 
em um aumento de ilhas, pelas quais os seres humanos faziam essa travessia 
e puderam chegar ao continente americano. Essa teoria surgiu por artefatos 
descobertos em alguns pontos do continente (inclusive na Lagoa Santa, Minas 
Gerais), datados de até 14.500 anos atrás. Além disso, os restos humanos en-
contrados nesses sítios assemelham-se aos dos povos da Oceania e da África.
FIGURA 15 – FLUXOS MIGRATÓRIOS PELO MAR PARA A AMÉRICA
FONTE: <https://bit.ly/3bqOl9b>. Acesso em: 8 maio 2020.
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
29
• Teoria Australiana ou Teoria das diversas ondas migratórias para a América: 
une as duas teorias citadas anteriormente, porém com datas anteriores. O pes-
quisador brasileiro Walter Neves é um dos grandes defensores dessa teoria.
FIGURA 16 – VÁRIAS ROTAS DO SER HUMANO PARA A AMÉRICA
FONTE: <https://bit.ly/3bqOl9b>. Acesso em: 8 maio 2020.
O Um pouco mais ousada, essa teoria defende que os seres humanos teriam 
chegado ao continente americano por volta de 35 mil anos atrás. Um dos 
principais argumentos são os traços negroides encontrados em fósseis 
como o da Luzia. Basicamente, isso deveria ter acontecido antes de as 
populações asiáticas terem sofrido o processo de mongolização.
Mongoloides nada mais são do que os traços das pessoas que vivem na Ásia e 
em algumas regiões da Rússia, considerados “amarelos”.
INTERESSA
NTE
POVOS MOGOLOIDES
FONTE: <https://bit.ly/3hmzFeV>. Acesso em: 12 maio 2020.
30
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Atualmente, podemos afirmar que a chegada do homem ao continente americano se deu 
em períodos anteriores às datas que a Teoria de Clóvis e a Malaio-Polinésia citam. No Bra-
sil, temos o sítio arqueológico de Santa Eliana, no Mato Grosso, que tem datado vestígios 
de ocupações humanos com 25 mil anos.
6 NIÈDE GUIDON E SUAS DESCOBERTAS NA REGIÃO DE SÃO 
RAIMUNDO NONATO
É importante falar das pesquisas desenvolvidas pela Niède Guidon, pesqui-
sadora brasileira que afirma que a ocupação humana na América tem por volta de 
100 mil anos, porém, essa discussão gera bastante polêmica na comunidade científi-
ca. Funari (2002) corrobora com alguns questionamentos, falando que acreditar na 
Teoria de Clóvis poderia reduzir o ser humano a um animal comum, como masto-
dontes ou camelos. É importante refletir que tecnologias para resistir ao frio naquele 
momento eram complexas, sendo que o nível de água dos oceanos havia baixado 
devido à glaciação, facilitando a navegação pelas ilhas no Pacífico (FUNARI, 2002).
FIGURA 17 – NIÈDE GUIDON
FONTE: <https://bit.ly/3bpCSGT>. Acesso em: 13 maio 2020.
Nascida em São Paulo em 1933, Niède Guidon formou-se em História Na-
tural (1958) pela Universidade de São Paulo (USP) e, após começar a trabalhar noMuseu Paulista da USP, conseguiu ser contemplada com uma bolsa de estudos 
para arqueologia pré-histórica na Universidade de Paris.
Retornou ao Brasil por um período, voltando aos trabalhos no Museu, e, 
em 1971, iniciou o seu estudo de doutorado novamente na França (Universidade 
de Paris) sob orientação do professor André Leroi-Gourhan (1911-1986). Seus es-
tudos tinham como foco a região de São Raimundo Nonato, localizada na Serra 
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
31
da Capivara (Piauí), mais especificamente, as pinturas rupestres encontradas na 
região, cuja tese foi intitulada de Les peintures rupestres de Varzea Grande, Piauí, 
Brésil, ou seja, “As pinturas rupestres de Várzea Grande, Piauí, Brasil”.
FIGURA 18 – PINTURA RUPESTRE LOCALIZADA NA REGIÃO DA SERRA DA CAPIVARA
FONTE: <https://bit.ly/3ydfk1u>. Acesso em: 14 maio 2020.
Niède descobriu sobre estas pinturas rupestres através de turistas que vi-
sitavam o museu, em que trabalhava:
Ao observarem a exposição disseram que na cidade onde viviam, no 
Estado do Piauí, também havia “pinturas e desenhos de índios”. Niè-
de anotou o nome da cidade: São Raimundo Nonato, e em 1970, já 
estabilizada na França, fez uma viagem ao Brasil para acompanhar 
a antropóloga Vilma Chiara numa pesquisa etnográfica sobre a tribo 
Krahô no Estado de Tocantins, e assim aproveitaram para visitar as 
tais pinturas da Serra da Capivara (GAUDÊNCIO, 2018, p. 79).
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2007) 
defende que:
São Raimundo Nonato passou por uma grande mudança na sua histó-
ria, pois neste período a arqueóloga Niéde Guidon teve contato com os 
vestígios arqueológicos de milhares de anos atrás. Assim começaram as 
pesquisas no que hoje é o Parque Nacional Serra da Capivara e a região de 
São Raimundo Nonato transformou-se no berço do Homem americano.
A partir das pesquisas realizadas nesse território, surgiram alguns estudos 
que vieram contrariar o que muitos pesquisadores falavam sobre a não presença 
de comunidades humanas na região nordeste do Brasil nas datas evidenciadas. 
Piveta (2008), em entrevista realizada com a pesquisadora, fala que:
Naquele tempo, todos os pesquisadores diziam que não havia mate-
rial arqueológico muito antigo no Nordeste, uma região seca e desfa-
vorável à presença humana. Niède teve uma grande surpresa quando 
saiu o resultado de uma datação feita na França que estimou em 18 mil 
anos a idade de um carvão (resquício possivelmente de uma fogueira 
humana) encontrado em Pedra Furada. “Chamei o laboratório e disse: 
‘Vocês misturaram os carvões. Nessa região não tem nada antigo’. Aí a 
32
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
chefe do laboratório me respondeu: ‘A datação é do seu carvão. Volte lá 
e amplie sua pesquisa porque tem alguma coisa diferente ali'”, relem-
brou Niède. Nos 10 anos seguintes, a equipe da arqueóloga escavou 
750 m² até bater na rocha de base, a quase 8 metros de profundidade.
Esses indícios encontrados por Niède encontravam (e encontram) forte 
resistência na comunidade científica, visto que a ocupação humana na região 
nordeste acima de 10 mil anos é vista como muito difícil. Isso se dá realmente 
porque as teorias mais aclamadas colocariam a migração para a América em da-
tas parecidas, mas vindas de outros locais, como o Estreito de Bering e por ilhas 
desembarcando na parte oeste do continente americano, fato que proporcionaria 
outros milhares de anos para acesso nessa região.
A partir das escavações do grupo de Niède, Gaudêncio (2008) ainda colo-
ca que os primeiros resultados foram impressionantes: 
Durante as escavações no Boqueirão Pedra Furada em 1981, Niède re-
cebeu a notícia dos laboratórios franceses que suas amostras apresen-
tavam resultados de 18 mil anos BP, algo até então inédito, fazendo 
com que ampliassem as escavações, até chegar na rocha de base, a qua-
se 8 metros de profundidade. Ademais, foram encontrados artefatos 
como instrumentos cortantes e pontiagudos (facas, raspadores, perfu-
radores feitos de quartzo e quartzito) achados nos solos arqueológicos 
junto às fogueiras, e destas foram extraídos os carvões de lenha com 
um lado queimado, caracterizando assim, resquícios possivelmente 
provenientes de fogueiras humanas (GAUDÊNCIO, 2008, p. 80).
FIGURA 19 – BOQUEIRÃO DA PEDRA FURADA – PIAUÍ
FONTE: <https://bit.ly/3oeSm5u>. Acesso em: 14 maio 2020.
Esses resultados vão contra pesquisas norte-americanas que contestam 
veementemente essas datações. Niède e seu grupo vão além, afirmando que a 
presença humana na América já existia por volta de 100 mil anos atrás, números 
que divergem (e muito) dos apresentados por outros grupos de pesquisa.
Para Niède, uma via possível para ocupações humanas no nordeste brasi-
leiro ocorreu devido a uma:
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
33
travessia por via marítima, há cerca de 100 mil anos. A pesquisadora 
acredita que o Homo sapiens chegou à América vindo da África por 
via oceânica, atravessando o Atlântico. Este percurso pode ter sido fei-
to pela costa Oeste da África, utilizando acorrente oceânica Benguela 
e depois a corrente equatorial do Golfo da Guiné, seguindo até a costa 
nordestina brasileira, atravessando o Atlântico de ilha em ilha, já que o 
mar estava 140 metros mais abaixo do nível de hoje, havendo naquele 
período um número maior de ilhas. Porém, Guidon não exclui a hi-
pótese de existirem outros caminhos para a América, vindos da Ásia, 
ilhas Malásia, Indonésia e Oceania (GAUDÊNCIO, 2008, p. 82).
Atualmente, na região, tem-se o registro de aproximadamente 1.300 sítios 
arqueológicos e muitas deixas para estudos posteriores. O local é considerado um 
museu a céu aberto.
Estudos recentes já descobriram que grupos humanos podem ter vivido 
há mais de 100 mil anos na América, devido a alguns registros que ainda neces-
sitam de muito estudo e levantamento de provas. Todavia, com certeza, deve-se 
defender o apoio às pesquisas realizadas, pois, somente com trabalho sério, será 
possível descobrir como foi a ocupação do continente americano.
Portanto, possuímos várias dúvidas sobre muitos aspectos desse longo 
período anterior à história da escrita. Muitas, talvez, nunca sejam sanadas, en-
quanto outras tantas pesquisas e estudos sérios poderão auxiliar o ser humano a 
conhecer um pouco melhor as suas origens. 
34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O período em que as sociedades ágrafas se desenvolvem na Terra vai de apro-
ximadamente 7 milhões de anos atrás até por volta de 4 mil anos.
• Para facilitar o estudo, os pesquisadores dividem esse período em quatro par-
tes: paleolítico, mesolítico, neolítico e Idade dos Metais.
• Paleolítico é o período da pedra lascada, que abrange desde o surgimento do 
ser humano até por volta de 100 mil anos atrás.
• Mesolítico é um período de transição caracterizado por grandes mudanças 
climáticas.
• Neolítico é o período da pedra polida, em que a agricultura e a domesticação 
de animais surgiram e foram aprimoradas.
• Idade dos metais é o período em que os seres humanos já tinham domínio 
sobre alguns metais, como ferro e bronze, e, a partir disso, várias ferramentas 
e armas puderam ser criadas, facilitando a vida das comunidades humanas.
• Os seres humanos apareceram pela primeira vez no continente africano.
• Acredita-se que, com o domínio do fogo e o fortalecimento dos grupos com 
ferramentas melhores, o ser humano pôde fazer seu processo migratório, 
indo, primeiramente, para os continentes asiático e europeu, e, posteriormen-
te, Oceania e América.
• Há muitas divergências sobre a chegada do ser humano à América – é certo, 
porém, que não foi apenas de uma maneira.
• Teoria de Clóvis fala que os primeiros grupos humanos passaram a pé pelo 
estreito de Bering, que, segundo estudos, estava congelado.
• Teoria Malaio-Polinésia aborda onde os primeiros seres humanos teriam mi-
grado para a América de barcos, passando de ilhas em ilhas.
• Teoria Australiana fala que os seres humanos vieram de ambas as formas,

Outros materiais