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FATORES QUE INFLUENCIAM O INGRESSO NA faculdade

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 KÁTIA REGINA HILLESHEIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM O INGRESSO NA 
UNIVERSIDADE: CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PEDAGOGIA 
NAS FUNÇÕES LABORAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí 
2014 
2 
 
 
 
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC 
Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE 
Curso de Mestrado Acadêmico em Educação 
 
 
KÁTIA REGINA HILLESHEIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM O INGRESSO NA 
UNIVERSIDADE: CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PEDAGOGIA 
NAS FUNÇÕES LABORAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajai (SC) 
2014 
Dissertação apresentada ao colegiado do Programa 
de Pós-Graduação em Educação como requisito à 
obtenção do grau de Mestre em Educação. Área de 
concentração: Educação. Linha de Pesquisa: Práticas 
Docentes e Formação Profissional. Grupo de 
Pesquisa: Educação e Trabalho. 
Orientadora: Profª. Dra. Tânia Regina Raitz. 
 
3 
 
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC 
Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE 
Curso de Mestrado Acadêmico em Educação 
 
 CERTIFICADO DE APROVAÇÃO 
 
KÁTIA REGINA HILLESHEIM 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM O INGRESSO NA UNIVERSIDADE: 
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PEDAGOGIA NAS FUNÇÕES 
LABORAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajai, 28 de julho de 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao colegiado do Programa 
de Pós-Graduação em Educação como requisito à 
obtenção do grau de Mestre em Educação. Área de 
concentração: Educação. Linha de Pesquisa: Práticas 
Docentes e Formação Profissional. Grupo de 
Pesquisa: Educação e Trabalho. 
Orientadora: Profª. Dra. Tânia Regina Raitz. 
 
Membros da Comissão: 
 
 Orientadora: _______________________________ 
 Profª. Drª. Tânia Regina Raitz 
 
Membro Externo: __________________________________ 
 Profª. Drª. Nara Vieira Ramos 
 
Membro representante do colegiado: ________________________________ 
 Profª. Drª. Cássia Ferri 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A minha avó, Dindinha Maria Vargas (in memorian), fonte de inspiração para a vida, 
sabedoria que não se aprende na escola. Sempre estivesses aqui. 
Saudade nunca morre. 
5 
 
NÃO HÁ NO MUNDO EXAGERO MAIS BELO QUE A GRATIDÃO 
Jean De La Bruyere 
 
Deus... Porque é Pai, entendes perfeitamente porque eu te busquei infinitamente mais 
vezes nos momentos de aflição do que nos momentos felizes. Porque é Pai, compreendes 
quão grande é minha gratidão e como me faltam palavras para expressar o sentimento de 
chegar até aqui. Porque é Pai, Tu sabes... 
A professora e orientadora Tânia Raitz. Sou fã. Conhecimento, sabedoria, 
disponibilidade, paciência e força. Com doçura e mão firme, acreditou, apostou, incentivou e 
corrigiu os rumos de cada etapa do trabalho. Eu não teria conseguido sem tua presença. 
Quando eu crescer, quero ser como você! Orientadora em meu mestrado e amiga para a vida 
inteira. “Gosto e preciso de ti, mas quero logo explicar, não gosto porque preciso. Preciso sim, 
por gostar”. (Mário Lago) Gratidão eterna! 
Ao meu PAI, sem o qual nada disso existiria. Foi por mim, mas foi por ti. Cada 
alegria em teus olhos, a satisfação por meu progresso, o orgulho, a determinação e esforço em 
custear cada centavo que fosse destinado ao estudo sempre. Saber que o prazer que tenho em 
estudar é reconhecido por ti como uma benção, é uma das minhas maiores riquezas. De todas 
as coisas materiais que me deste, (e foram muitas) esse Mestrado é, sem dúvida alguma, o 
presente mais valioso que eu recebi. Presente mais valioso que esse só a tua VIDA e os teus 
exemplos! Obrigada por existir e ser MEU PAI. 
A minha MÃE. A Professora! Segui teus passos, Mãe! Na infância, eu te observava 
pelos corredores da escola, linda, no salto. Sempre me parecia tão feliz junto aos colegas. 
Sempre elogiada por sua pontualidade, pelo serviço impecável e comprometimento. Eu 
lembro tanto das pastinhas da secretaria alinhavadas com lã vermelha. Um capricho, uma 
dedicação. Estava definido, era assim que eu queria ser, igualzinha à minha MÃE! Pedra 
preciosa, força na caminhada, pilar de sustentação, exemplo de mulher guerreira, mediadora, 
apoio e amor incondicional. Obrigada por ser Professora, Pedagoga e MINHA MÃE. 
Aos meus FILHOS. Se em um único dia vocês não estiveram aqui, eu também não 
estive. Sabemos da ausência física e emocional. Não quero pedir perdão por isso. Seria como 
dizer que fiz algo de que acredito estar errada e vocês nem acreditariam, porque me conhecem 
demais. Prefiro a pretensão. Que sirva de inspiração para as buscas de vocês. Não há como 
conseguir o que se deseja sem abdicar de muitas coisas, ou ao menos algumas por algum 
tempo. O que vem fácil pode ir à mesma velocidade. Nossas escolhas implicam renúncias. Se 
http://pensador.uol.com.br/autor/jean_de_la_bruyere/
http://pensador.uol.com.br/autor/mario_lago/
6 
 
existe amor maior do que eu sinto por vocês, eu desconheço! De todas as facetas das mulheres 
em que sou a mais feliz delas é a MÃE! Obrigada por isso! 
Ao Edgar. “[...]É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, 
nas festas agendadas no calendário, de vez em quando.[...] Difícil é permanecer ao seu lado 
quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, 
do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao 
seu encontro.” Tantos pedidos de socorro não verbalizados, mas atendidos. Tanto colo, tantas 
lágrimas enxugadas, tanto bolo com chá na madrugada fria, tanto fim de semana na clausura 
científica... Cedeste... inclusive o quarto, quando eu descobri nele meu melhor espaço de 
rendimento. Eu disse que também agradeceria por isso, lembra? Obrigada!! 
Às minhas irmãs Fabiana e Karoliny e às sobrinhas que amo sem nem saber como 
explicar e demais familiares cujo convívio ficou comprometido durante a elaboração da 
dissertação. Saibam que jamais me afastei em pensamento. Agora presto contas e espero que 
me desculpem. Amo vocês!!! 
À Maria Odete, por tantas comidinhas preparadas e enviadas para que eu tivesse os 
melhores “intervalos” na produção. Uma mulher admirável, incansável e sensacional. 
À prima Márcia (in memorian), alguns dias antes da minha defesa foi tua partida. Que 
bom que em vida, quase sempre ainda temos uma segunda oportunidade. Assim, na versão 
final eu posso deixar o registro. Obrigada por tantas palavras motivadoras em meio a tua dor. 
Por ter se interessado tanto por minha pesquisa, por perguntar cada detalhe e se alegrar em 
cada etapa. Não tive dúvida alguma da tua presença ilustre no grande dia! Olha por mim! 
Professoras Doutoras da banca: Nara Vieira Ramos, por suas contribuições, 
apontamentos e disponibilidade; e Cássia Ferri, suas contribuições vêm desde o tempo das 
disciplinas, período no qual, além de aprender muito, passei a admirá-la pela profissional e 
pessoa ímpar que é. 
À coordenadora do PPGE Profª. Drª. Valeria Silva Ferreira e a todos os docentes, 
por fomentar o espírito científico. 
Às “meninas” da secretaria, Núbia, Mariana e Tânia, que, de maneira competente e 
carinhosamente, sempre atenderam prontamente. Não tem como esquecer competência e 
generosidade. 
Às amigas Ana e Marianna, pela amizade, pela convivência, por compartilhar 
experiências, pelo apoio, risadas e incentivo que ajudaram a amenizar as dificuldadesdessa 
jornada. Sei que é para sempre. Aos demais colegas do grupo de Mestrado, pela troca de 
conhecimentos e convivência. 
7 
 
À amiga Marianna Corrêa cabe um agradecimento à parte. Horas dedicadas a mim e 
a minha produção. Trocou, acompanhou, acolheu, socorreu, mas, acima de tudo, ensinou. 
Reafirmou em mim a certeza de que existem pessoas que não se cansam de dizer sim. 
Ao amigo e meu diretor Perci Freitas, por despertar a Docente de Ensino Superiorior 
que hoje sou. Por me incentivar ao mestrado, mais que isso, me direcionar sem me dar a 
chance de dizer não. Por me apresentar a minha orientadora. Palavras nunca expressariam 
minha gratidão. 
Aos amigos Luca e Léo. Vocês são meus irmãos. Pela presença diária, preocupação, 
força. Por ouvir, atender, secar lágrimas e dar colo até virtualmente. Nós nos escolhemos. Que 
benção! 
Ao amigo Pe. Rogério Groh (in memorian), muitos anos antes de eu começar, tu já 
havias dito que eu chegaria. Suas palavras foram lembradas em todo esse percurso. 
Colegas de trabalho da FMP, eu adoraria citar o nome de todos. Como não é 
possível, vou mencionar alguns que são representativos dos demais por atitudes específicas 
relacionadas à dissertação: Edinalda, Sueli, Rose, Carolina, Maria Fernanda e Osana. 
Vocês sabem! 
Alunos da FMP. Vocês são sempre um dos maiores objetivos pelo aperfeiçoamento. 
Bem mais que isso, incentivadores diários. Meus motivadores nas “redes sociais” e no 
ambiente presencial de convívio. 
Àqueles que gentilmente cederam seus tempos respondendo questionários e 
concedendo entrevistas, contribuindo para que eu pudesse melhor compreender o tema de 
pesquisa. 
 E a todos os que de alguma maneira contribuíram para a presente pesquisa, que 
acompanharam torcendo, incentivando, motivando, de perto, à distância e iluminaram esse 
percurso. Eu cheguei! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Querer libertar: eis a verdadeira doutrina da vontade e da liberdade. [...] Não-mais-querer e 
não-mais-estimar e não-mais-criar! Ai, que esse grande cansaço fique sempre longe de mim! 
Também no conhecer sinto somente o prazer de gerar e de vir-a-ser de minha vontade; se há 
inocência em meu conhecimento, isso acontece porque há nele vontade de gerar.” 
(NIETZSCHE, in. Vontade de Potência) 
 
9 
 
RESUMO 
 
O presente estudo teve como objetivo analisar os principais fatores que influenciam o ingresso 
de estudantes universitários no curso de Pedagogia da Faculdade Municipal de Palhoça, 
localizada em Palhoça/SC, e as percepções deles acerca da formação para suas funções 
laborais. A realidade encontrada em cada novo semestre frequentado nesta faculdade revela 
que muitos jovens que buscam Pedagogia não têm como fim a docência. Especificamente das 
observações, dos depoimentos e das conversas informais observou-se a necessidade de 
investigar, como um primeiro movimento da pesquisa, o perfil dos estudantes do referido 
curso, suas aspirações e quais as contribuições encontradas no decorrer da formação para 
atuar no mercado de trabalho. Portanto, como pesquisadora da linha de Pesquisa Práticas 
Docentes e Formação Profissional e do Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho, do PPGE, da 
Universidade do Vale do Itajaí, surgiram vários questionamentos, um deles se apresentou 
como o problema central desta dissertação: quais os principais fatores que influenciam o 
ingresso de estudantes universitários no curso de Pedagogia da Faculdade Municipal de 
Palhoça e quais as suas percepções sobre as contribuições do curso para suas funções 
laborais? O mundo do trabalho está em constantes transformações desde a década de 90, do 
século XX, com foco na reestruturação produtiva, avanço da tecnologia, mundialização dos 
mercados, entre outras constatações de grande relevância quando falamos de inserção 
profissional. A sociedade passa por momentos de profundas mudanças em que as relações de 
trabalho são vivenciadas diferentemente de outras épocas, logo, afetam sobremaneira a 
educação. As questões referentes ao trabalho e à educação estão totalmente entrelaçadas, 
transcorrendo toda a história da humanidade. Desta forma, a presente pesquisa torna-se 
significativa, pois traz questões importantes sobre o tema da “transição da universidade ao 
mercado de trabalho” ou da trajetória de estudantes universitários e suas funções laborais. A 
pesquisa é de abordagem qualitativa, entretanto vale-se de dados quantitativos, sendo que, 
num primeiro momento, utilizou-se como instrumental um questionário aplicado a 201 
(duzentos e um) estudantes do curso de Pedagogia da mencionada Faculdade. Este serviu 
como uma enquete com a finalidade inicial de caracterizar o perfil de tais estudantes. Num 
segundo momento, foram entrevistados 08 (oito) sujeitos por meio de entrevistas orais 
individuais com o uso de gravador, teve o propósito de aprofundamento dos objetivos 
propostos. Desta maneira, é possível inferir sobre um nível da realidade que não pode ser 
mensurada, envolvendo os significados, motivos, valores e aspirações desses futuros 
pedagogos. Na atualidade, novos processos no mundo do trabalho passam a exigir ainda mais 
novas atitudes e posturas na sociedade e na profissão, uma nova ética que corresponde a ter 
responsabilidade, buscar informações, ter e produzir conhecimentos, análise crítica e 
reflexiva. Por conseguinte, o mergulho nesse universo em busca de novas descobertas trouxe 
alguns resultados, quais sejam: primordialmente, a opção pelo curso se deu por ocasião e não 
deliberação. A necessidade de um curso superior para melhorar a qualificação em aspectos 
gerais se configura como o maior objetivo de busca dos sujeitos da pesquisa. Os entrevistados 
não deixam dúvidas da utilização de conhecimentos construídos e informações adquiridas no 
curso em suas funções laborais, ainda que estas não estejam relacionadas com a área de 
formação. 
 
Palavras-chave: Estudantes de Pedagogia; Funções laborais; Inserção profissional. 
 
10 
 
 
ABSTRACT 
 
This study analyzes the main factors that influence the enrollment of university students on 
the Pedagogy course of the Faculdade Municipal de Palhoça, in the town of Palhoça/SC, and 
their perceptions about the training for their jobs. The reality found in each new semester 
enrolled in the Faculty reveals that many of the young people who take the Pedagogy course 
do not intend to work as teachers. Based on observations, interviews and informal 
conversations, we saw a need to investigate, at the outset of the research, the profile of 
students on the course in question, their aspirations, and the contributions found during the 
training to work in the job market. Therefore, as a researcher in the line of research 
Educational Practice and Vocational Training of the Research Group Education and Labor of 
the PPGE of the University of Vale do Itajaí, several questions emerged, one of which forms 
the central problem of this thesis: Which are the main factors that influence university 
students to enroll in the Pedagogy course of the Faculdade Municipal de Palhoça, and which 
are their perceptions of the contributions of the course to their job functions? The working 
world has been undergoing constant change since the 1990s, focusing on productive 
restructuring, advances in technology, and globalization of markets, among other changes of 
great importance when it comes to employability. Society is going through a period of 
profound change in which labor relations are experienced differently from other eras. This, in 
turn, is having a profound effect on education. Issues surrounding work and education have 
been closely linked since the beginning of human history. This research is therefore 
significant, as it brings important issues on the topic of "transition from university to the labor 
market",the career paths of students, and their work functions. The research uses a qualitative 
approach, although quantitative data were used. First, a questionnaire was administered to 201 
(two hundred and one) Pedagogy students from the Faculdade Municipal de Palhoça. The 
initial purpose of this survey was to characterize the profile of these students. In the second 
step, we interviewed eight (08) students through individual oral interviews with a tape 
recorder, to explore the proposed objectives in greater depth. Thus, it is possible to infer a 
level of reality that cannot be measured, involving the meanings, motives, values and 
aspirations of these future educators. Nowadays, new processes in the working world will 
demand even more new attitudes and positions in society and in the profession, and a new 
ethic that requires taking responsibility, seeking information, having and producing 
knowledge, and critical and reflective analysis. Therefore, this dip into this universe in search 
of new discoveries brought some results, in particular, that the decision to take the course was 
largely by chance, and not by deliberation. The need for a graduation course to improve the 
qualification in general aspects is the main objective of this research. The students that took 
part in the interview left no doubt as to the use of the knowledge built, and information 
acquired on the course, in their jobs, although those jobs may not be directly related to the 
area of training. 
 
Keywords: Pedagogy Students; Labor functions; Employability. 
 
11 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação 
ANPAE - Associação Nacional de Política e Administração da Educação 
ANPED - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação 
CEEP - Comissão de Especialistas de Ensino de Pedagogia. 
CP - Conselho Pleno. 
DCN- Diretrizes Curriculares Nacionais 
DCNP- Diretrizes Curriculares Nacionais Pedagogia 
 EJA – Educação de Jovens e Adultos 
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
FMP – Faculdade Municipal de Palhoça 
ForumDir- Fórum Nacional de Diretores de Faculdades 
IES – Instituição de Ensino Superior 
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MEC – Ministério da Educação e Cultura 
PMP – Prefeitura Municipal de Palhoça 
RH – Recursos Humanos 
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso 
TRALS- Transições acadêmicas e Laborais 
ONG – Organização Não Governamental 
UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina 
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 
 
 
12 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Da aplicação do questionário ................................................................................. 62 
Gráfico 2 – Tempo de curso ..................................................................................................... 66 
Gráfico 3 – Cidade que reside .................................................................................................. 67 
Gráfico 4 – Ensino Fundamental .............................................................................................. 67 
Gráfico 5 – Ensino Médio ........................................................................................................ 68 
Gráfico 6 – Com relação à escolha pelo curso de Pedagogia ................................................... 69 
Gráfico 7 – Quanto à satisfação com o conteúdo desenvolvido no curso ................................ 70 
Gráfico 8 – Quanto à área de atuação atual. ............................................................................. 71 
Gráfico 9 – Quanto às pretensões de atuação profissionais futuras. ........................................ 72 
Gráfico 10 – Quanto à idade ..................................................................................................... 73 
 
13 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Quanto à situação de trabalho ................................................................................ 65 
Quadro 2 – Sexo dos entrevistados........................................................................................... 66 
Quadro 3 – Quanto a ter frequentado um curso de pré-vestibular ............................................ 68 
Quadro 4 – Síntese das informações gerais dos participantes da entrevista ............................. 74 
 
14 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1- Espaços de atuação do pedagogo ............................................................................. 55 
 
15 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17 
1 TRANSFORMAÇÕES NA ÁREA DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO E DO MUNDO 
DO TRABALHO .................................................................................................................... 21 
1.1 Estudos que se aproximam da temática ......................................................................... 21 
1.2 Referencial teórico ............................................................................................................ 28 
1.2.1 Ensino Superior: características e especificidades ......................................................... 28 
1.2.2. Trabalho, educação, emprego e as mudanças no cenário atual .................................... 32 
1.2.3 Transições universitárias e o mercado de trabalho: realidade, desafios e perspectivas 37 
1.2.4 Contextualização do cenário da pedagogia: breve histórico .......................................... 43 
1.2.5 Os campos de atuação do profissional pedagogo e as práticas educativas ................... 49 
2 CAMINHO METODOLÓGICO: PERCURSO DA PESQUISA ................................... 59 
2.1 Caracterização e cuidados éticos do estudo ................................................................... 59 
2.2 Instrumentos de coletas das informações ....................................................................... 61 
2.3 Participantes do estudo: caracterização do perfil dos estudantes de pedagogia ........ 64 
2.4 Entrevistas: caracterização do perfil dos estudantes pedagogos (as) .......................... 74 
2.4.1 Estudante (E1) ................................................................................................................. 75 
2.4.2 Estudante (E2) ................................................................................................................. 75 
2.4.3 Estudante (E3) ................................................................................................................. 76 
2.4.4 Estudante (E4) ................................................................................................................. 76 
2.4.5 Estudante (E5) ................................................................................................................. 77 
2.4.6 Estudante (E6) ................................................................................................................. 77 
2.4.7 Estudante (E7) ................................................................................................................. 78 
2.4.8 Estudante (E8) ................................................................................................................. 78 
3 FATORES DE INGRESSO, CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PEDAGOGIA E 
PERCEPÇÕES DAS FUNÇÕES LABORAIS .................................................................... 79 
3.1 A escolha pelo curso de Pedagogia e os fatores que influenciaram o ingresso............ 79 
3.2 As contribuições do curso de Pedagogia nas funções laborais ..................................... 83 
3.3 As relações estabelecidas entre educação e trabalho ..................................................... 86 
3.4 Expectativas futuras em relação ao curso, profissão e campos de atuação dos 
pedagogos................................................................................................................................ 91 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A FORMAÇÃO QUE TRANSFORMA O TRABALHADOR 
MODIFICA TAMBÉM, COM O TEMPO, O SEU ‘TRABALHAR’. .................................... 95 
16 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 99 
APÊNDICE A - AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA .............. 107 
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE PERFIL DOS ESTUDANTES DE PEDAGOGIA
 ................................................................................................................................................ 108 
APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA ............................................................... 111 
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......... 113 
 
17 
 
INTRODUÇÃO 
 
Trabalhar e conviver durante anos com jovens em relações de orientação profissional, 
docência e nas mais diversas atividades conduziu-me a naturalmente desenvolver interesse 
por seus anseios, dúvidas, aflições, conversas, preferências, particularidades e, inclusive, 
companhia. Isso por si só me parecia suficiente para discorrer tranquilamente sobre os mais 
diversificados aspectos que os circundam. No entanto, ao iniciar a construção desta pesquisa, 
percebi o quão frágil pode ser nossa experiência diante da complexidade de temas que 
representam a vida. 
Como professora, tinha e tenho um discurso acerca da minha prática pedagógica, 
elaborado pela apropriação de conhecimentos adquiridos, relacionando-os às experiências 
concretas que foram me dando pistas orientadoras para a ação. Mas tendo a reflexão como 
ferramenta, o processo de desconstrução e reconstrução da ação se dá sobre qualquer 
atividade. O desenvolvimento pessoal e profissional de um professor é um processo 
complexo. A estrutura do meu processo delineou-se mais claramente, por vezes, em situações 
contraditórias e a definição do referente tema de pesquisa não se deu de forma diferente. 
Trabalho há 19 (dezenove) anos na educação, iniciando minha experiência no Ensino 
Superior em 2007, sendo professora substituta. Todavia, em 2009, quando ingressei por meio 
de processo seletivo como docente do Curso de Pedagogia na Faculdade Municipal de 
Palhoça, é que as mudanças significativas me conduziram à busca pelo Mestrado e por tema 
de pesquisa que irei apresentar ao leitor. 
Desde então, observações informais demonstravam que determinados alunos de início 
não tinham interesse em exercer a docência. A busca para certas inquietações do porquê não 
pretendiam a docência levou-me a mergulhar neste universo. Esse processo envolveu 
trabalhar as concepções, muitas vezes ambíguas, expressas em frases cheias de confrontos, em 
que aparecem incompreensões, descrenças, ao lado de perspectivas e compromissos futuros. 
Assim, entendo que, ao pesquisar, assumimos um papel em um contexto que não 
conhecemos. É, portanto, algo singular e plural, dado que toda descoberta é um 
desdobramento de outras descobertas. Ela possibilita ao sujeito sair de si, perceber-se e 
produzir uma razão nova, subvertendo o já mencionado. Foi assim que percebi, nesse 
desenrolar a respeito dos meus conceitos, que meus discursos construídos sobre o curso de 
Pedagogia ou minha própria prática docente precisavam de desconstrução, ou melhor, de 
conflito. Talvez e muito honestamente esses tenham sido, senão as principais, as primeiras 
origens da escolha do presente tema. 
18 
 
 A relevância desta pesquisa e dos estudos aqui exibidos contribuiu para um debate que 
se considera importante no que tange aos estudantes universitários, seus anseios, perspectivas 
e profissionalização, sobretudo os estudantes trabalhadores. Atenta-se igualmente para a 
discussão sobre a formação do pedagogo e sua profissionalização, elegendo-se a atuação em 
espaços não escolares como uma prática de grande significado para o suporte e o 
desenvolvimento de projetos de educação social, como complemento da educação formal. As 
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos de Pedagogia são exemplo, assim 
como a tentativa de orientar e propor princípios norteadores em torno da formação, 
profissionalização docente e área de atuação do Pedagogo. Elas definem a extinção das 
habilitações, ao mesmo tempo em que dão indicativos sobre o espaço de atuação, dos novos 
eixos curriculares, atividades e competências que precisam ser trabalhadas no curso de 
Pedagogia. 
Sendo assim, fez-se necessário investigar a conexão que se estabelece entre educação 
e trabalho pelos estudantes universitários e analisar atentamente se as expectativas desses 
alunos foram correspondidas no curso, estabelecendo as relações necessárias e de direito que 
o projeto de Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), de 15 de maio de 2006, 
instituiu em suas Diretrizes para o curso de Pedagogia, licenciatura. Criam-se, assim, duas 
habilitações: a licenciatura em Pedagogia para o exercício da docência em educação Infantil e 
séries iniciais e define os objetivos de formação dos licenciados, os referenciais curriculares, 
inclusive o estágio e a duração de no mínimo 3.200 horas, pelo menos 300 horas de estágio 
supervisionado. 
Diante dos objetivos propostos pela presente pesquisa e das hipóteses levantadas de 
que mesmo aqueles estudantes que não pretendem atuar como docentes frequentam o curso de 
Pedagogia porque este traz contribuições extremamente relevantes em suas funções laborais, 
houve necessidade de ir além, investigar em quais espaços não escolares um profissional 
formado em Pedagogia poderia estar atuando, fora a sala de aula, e quais os fatores de escolha 
de tal curso, já que alguns dos seus alunos estavam atuando em outra situação de trabalho. O 
mundo está em constante mudança na área da educação e do trabalho, o que nos leva a novos 
processos de ensino e aprendizagem. Para tanto, como cita Paulo Freire (1996, p. 50), “[...] 
ensinar exige consciência do inacabamento”. Foi preciso, então, partir de constatações 
simples, porém de grande importância. A sociedade passa por momentos de profundas 
transformações em que as relações de trabalho são vivenciadas diferentemente de outras 
épocas, logo, afetam sobremaneira a educação. As questões referentes ao trabalho e à 
educação estão totalmente entrelaçadas, transcorrendo toda a história da humanidade. 
19 
 
Portanto, na atualidade, novos processos no mundo do trabalho passam a exigir ainda mais 
novas atitudes e posturas perante a sociedade e a profissão, uma nova ética: de 
responsabilidade, de conhecimento, de crítica e de criação. 
Deste modo, na discussão que se insere a formação ou profissionalização do 
pedagogo, Libâneo (2010, p. 38) diz que “o curso de Pedagogia deve formar o pedagogo 
stricto sensu, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para 
atender demandas socioeducativas de tipo formal e não formal”. Para além desses aspectos, o 
autor ainda ressalta que a atuação deve se dar também na “ampliação das formas de lazer, 
mudanças nos ritmos de vida, presença dos meios de comunicação e informação, mudanças 
profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental” (p. 38). Portanto, devem-
se considerar outros espaços que são recorrentes e desafiantes. Já Lopes, Trindade e Cadinha 
(2011, p. 20) contribuem para esta discussão salientando: “O pedagogo é um estudioso das 
ações educativas que ocorrem em todas as vidas sociais, culturais e intelectuais do sujeito 
inserido em uma sociedade na qual ele contribui para o seu desenvolvimento.” Entretanto, 
sabemos que há muita polêmica e controvérsias acerca dos campos de atuação do pedagogo. 
Neste sentido, não se pode ficar demasiadamente preocupado com os campos de atuação e 
perder de vista a formação. Isto representa que, onde quer queesteja o profissional Pedagogo, 
ali estará um licenciado, ou seja, um professor ou docente. A função que ocupa não modifica 
a origem de sua formação. 
Frente ao que foi exposto e que está de acordo com o objeto do presente estudo, 
formulamos o problema central desta investigação: quais os principais fatores que influenciam 
o ingresso de estudantes universitários no curso de Pedagogia da Faculdade Municipal de 
Palhoça e quais suas percepções sobre as contribuições do curso para suas funções laborais, já 
que atuam em outras situações de trabalho que não a docência? Nesse sentido, este estudo, 
que tem como preocupação contribuir para ampliar e produzir conhecimento acerca da 
transição dos estudantes universitários ao mercado de trabalho, bem como promover reflexões 
a respeito da atuação profissional do pedagogo, teve como objetivo principal analisar os 
fatores que influenciam a escolha ou ingresso no curso de Pedagogia e as percepções dos 
estudantes sobre a sua formação para as funções laborais em situações para além da docência. 
No primeiro capítulo foram apresentados os pressupostos teóricos sobre o ensino 
superior e o estudante universitário, as transformações na área de atuação do pedagogo e o 
cenário atual do curso de Pedagogia. Foi discutido também a respeito das novas exigências no 
cenário atual do trabalho, educação e emprego, em que a profissionalização vem a ser um 
norteador no mundo do trabalho com novas atitudes e comportamentos, passando pelo debate 
20 
 
das transições. Da mesma forma, exibem-se as investigações que se aproximam do objeto de 
estudo, percorrendo pesquisas já existentes como uma maneira de sintetizar as contribuições e 
lacunas na revisão da literatura sobre a temática estudada. 
No segundo capítulo da dissertação, expõe-se o caminho metodológico e os 
procedimentos que contribuíram para o percurso do estudo. Estabeleceu-se assim, a partir de 
tal busca, a perspectiva atual de alguns autores. Esses compreendem que os métodos 
qualitativos e quantitativos podem ser complementares e a opção por uma ou outra abordagem 
depende diretamente das necessidades, finalidades e dos objetivos da pesquisa realizada. 
Neste contexto, optou-se, numa primeira etapa, pelo questionário de perfil por utilizar os dois 
aspectos, numa segunda etapa, investiu-se na entrevista semiestruturada com 8 (oito) sujeitos, 
um de cada fase do curso de Pedagogia. 
 No terceiro capítulo emergem os resultados da pesquisa em que categorias eleitas 
deram visibilidade aos objetivos que se propôs neste estudo, a análise de conteúdo traz acerca 
da escolha pelo curso de Pedagogia e fatores que influenciaram o ingresso, as percepções dos 
alunos (as) sobre as contribuições do curso de pedagogia nas funções laborais, as relações 
estabelecidas entre educação e trabalho e as expectativas futuras quanto ao curso, profissão e 
campos de atuação dos pedagogos. 
Nas considerações finais, elabora-se uma síntese dos resultados encontrados, fazem-se 
inevitáveis retrospectivas e idealizações. Afinal, como já disse o bom poeta Mario Quintana: 
“Sonhar é acordar-se para dentro”. 
 
 
 
 
 
 
http://pensador.uol.com.br/autor/mario_quintana/
21 
 
1 TRANSFORMAÇÕES NA ÁREA DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO E DO MUNDO 
DO TRABALHO 
 
 
As opções teóricas apresentadas neste capítulo objetivaram integrar alguns aspectos 
considerados relevantes para contextualizar e problematizar o objeto de estudo, bem como 
fundamentar o tema escolhido para a presente pesquisa. Desde o início desta investigação 
foram lidos e analisados artigos, dissertações e teses, que totalizaram 106 (cento e seis) 
trabalhos produzidos nas últimas duas décadas. Tais estudos apresentam-se subdivididos em 
temas como: Mercado de Trabalho, Transições Acadêmicas, Ensino Superior no Brasil, 
Desvio Ocupacional, Curso de Pedagogia – realidade e movimentos. 
A cada tema necessário ao entendimento da referida pesquisa elege-se para 
aprofundamento os trabalhos mais específicos por meio de avaliação via resumo. Todas as 
leituras foram consideradas relevantes para o contexto e construção da revisão e estudos. 
Contudo, por se tratar de um tema bastante específico de uma realidade em particular, não se 
encontrou nenhuma obra que tratasse essencialmente dos estudantes do curso de Pedagogia e 
suas percepções sobre as contribuições do referido curso para suas funções laborais em outras 
áreas. Cinco pesquisas encontradas apresentaram maior similaridade. Uma tese, duas 
dissertações, uma comunicação e uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Entidades 
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP). 
Desta maneira, o item 1.1 discorrerá sobre as principais temáticas encontradas na 
revisão de literatura. No item 1.2 será feito o levantamento dos principais pressupostos 
teóricos que cercam a temática. Espera-se, com isso, que se tenha mais clareza em relação à 
problemática do estudo e assim embasar de forma mais consistente a análise dos dados. 
 
1.1 Estudos que se aproximam da temática 
 
Estamos vivendo em uma sociedade que nos surpreende por sua evolução ágil, 
transitória, de progresso e de transformação. A sociedade vem superando barreiras, quebrando 
antigos padrões de comportamento, estipulando novas regras. Perante esse fenômeno, é 
imprescindível que o profissional obtenha novas capacitações para enfrentar as ameaças 
ocasionadas por um mercado muito competitivo e pelo ambiente externo. 
No Brasil, muitos estudos que investigam o mercado de trabalho trazem como sujeitos 
os estudantes trabalhadores. Além disso, estão associados aos estudos referentes à formação 
sua importância e as transições acadêmicas para as atividades laborais. Ainda que com 
22 
 
objetivos diferentes se encontrem produções que relacionam os temas anteriormente citados 
entre si. A dissertação de Régnier (1998) a respeito de “qualificações e competências” é um 
bom exemplo de produção que investiga os mais variados aspectos do mercado de trabalho. 
Dentre eles, as oportunidades e os desafios que se estabelecem: o espaço da mulher, avanço 
tecnológico e as transformações na forma de emprego. Esta pesquisadora comenta que as 
concepções de emprego, trabalho e segurança social, vistas quase como sinônimas, mudaram 
muito nos últimos tempos, foram evoluindo simultaneamente às condições de produção e às 
configurações sociais. Desta forma, mudaram igualmente as realidades que se escondem por 
trás de tais noções. 
Diversos são os fatores que, interagindo colaboraram para a construção desta nova 
realidade do trabalho. A ampliação das inovações tecnológicas e organizacionais, as 
transformações econômicas, as políticas públicas, o crescimento da participação feminina e 
um individualismo crescente na busca desenfreada das sociedades contemporâneas. As 
relações de trabalho caracterizadas por contratos formais, em que fazer “carreira” e não 
romper com seu vínculo eram os maiores objetivos que assumiram outras configurações. 
Sistematicamente a atualização do conhecimento torna-se essencial, uma vez que a evolução 
da tecnologia se deu de maneira muito rápida e, como consequência, os processos produtivos 
tiveram que se adaptar às transformações. O forte impacto desses elementos pode ser 
observado na nova estrutura do mercado de trabalho. 
As relações trabalhistas bem mais informais, mudanças nas exigências e nos requisitos 
para contratação, novas habilidades e competências, deslocamentos setoriais, assim como a 
crescente terceirização, fato que fragiliza as garantias trabalhistas e pode desmotivar a busca 
por formação, visto que trabalhadores com baixa qualificação substituem outros melhores 
qualificados. Conforme Régnier (2006, p. 67), “entretanto, isso não significa que os 
benefícios sociais da ‘democratização’ da educação possam ser mitigados.” A autora destaca 
que reduzir tal vantagem é potencializar suaimportância a serviço único da economia, quando 
essa está para o exercício da cidadania, da vida social, política, entre outras finalidades. 
 Estudos realizados por Alves e Soares (1997) trouxeram dados de pesquisa sobre o 
aumento da demanda por trabalhadores mais escolarizados nos processos seletivos. Nesses 
estudos, outros dados chamam muito a atenção, como o fato de que a procura pelo 
mencionado perfil de trabalhador possa estar diretamente relacionada ao interesse por 
indivíduos mais educados e competentes e não necessariamente só produtivos no sentido 
técnico. Ou seja, as organizações estavam buscando, além de qualificações técnicas, também 
comportamentais. Assim sendo, as empresas, que antes valorizavam pessoas para a execução 
23 
 
de tarefas, com objetivos específicos organizacionais, passam a uma visão mais ampla, 
valorizando os profissionais com características individuais. 
 Considerando-se que esses estudos se realizaram há cerca de dezessete anos, podemos 
notar que, entre passos à frente e alguns retornos, muitas mudanças ocorreram no mercado de 
trabalho em duas décadas. No entanto, Lima (2013) e Zandonade (2013) - na 36ª Reunião 
Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) – 
trazem discussões muito semelhantes sobre a concepção das competências exigidas pelo 
mercado de trabalho na atualidade. Utilizam-se dos estudos acerca do tema desenvolvidos por 
Zarifian (2003), em que o autor discorre que competência como construção social só é 
realizável em empresas nas quais o trabalhador realmente participe no planejamento e na 
efetivação do seu trabalho. Ou seja, as organizações que conseguem êxito em atenuar a 
divisão do trabalho, possibilitando que o maior número de pessoas passe a compreender seu 
trabalho como parte absolutamente necessária à engrenagem de um todo, e não fragmentação 
‘faça o seu que eu faço o meu’, estarão trabalhando igualmente sobre a perspectiva de 
aproximação das relações hierárquicas que tenderão a ser mais horizontalizadas. 
 O que se pode afirmar em análise da pesquisa de Lima (2013) e Zandonade (2013), 
ainda que não de modo definitivo, é que a aplicação do conceito de perfil do trabalhador, ou 
melhor dizendo, de desenvolvimento profissional baseado na noção de competências, não é a 
superação do trabalho alienado, fragmentado, individualizado. Todavia, ainda que mais na 
ordem do discurso do que na prática, configura-se a expansão do conhecimento gradativo e a 
perspectiva de implantação de produção integral, onde a consolidação das ações conjuntas e 
do conhecimento compartilhado estimulam essas possibilidades. 
 Ingressar em um curso superior, concluir, pegar o diploma, encontrar um bom 
emprego, trabalhar por algumas décadas, se aposentar e curtir a vida. Parecem etapas 
estanques, ciclo após ciclo que deve ser concluído e, após o êxito de cada um, o prêmio. Por 
fim, o prêmio maior, uma aposentadoria digna. A realidade não acontece dessa forma para a 
maioria esmagadora. Para alguns, de modo bem superficial, as etapas se seguem de maneira 
linear, mas não sem que sejam atingidas por processos de incertezas, ansiedades ou dúvidas. 
 Muitas pesquisas são realizadas sobre as “transições”. O que se sabe é que os 
estudos efetuados por grupos do mundo inteiro trazem diferentes conceitos para o termo 
“transição”, dependendo do contexto da pesquisa. A pesquisa de Benoit (2004) busca discutir 
o conceito de transição de Marx e mostrar como, para ele, tal conceito é incompatível com 
uma teoria de transição detalhada do futuro. Como afirma o autor, a Marx interessava 
descobrir a lei dos fenômenos da investigação à qual se ocupava. Por isso, investigou a lei que 
24 
 
rege os fenômenos do capital e do capitalismo. Porém, como dizia ainda o mesmo autor: para 
Marx é importante não só a lei que rege os fenômenos estudados, “[...] para ele, o mais 
importante é a lei de sua modificação, de seu desenvolvimento, isto é, a transição de uma 
forma para outra” (BENOIT, 2004, p. 3). Marx fez avaliações com tom irônico acerca das 
avaliações que recebeu sobre “O Capital
1
”, a respeito de não prestar receitas para a cozinha do 
futuro e de que se limitaria à mera análise crítica do dado. 
 Já para o Grup de Recerca sobre Transicions Académiques i Laborals (TRALS, 2002) 
que desenvolve pioneiramente na Europa estudos e investigações sobre as “Transições 
Acadêmicas e Laborais”, da Universidade de Barcelona – Espanha, as transições agrupam três 
outros conceitos: de mudança, de processo e de trajetória. É interessante perceber no estudo 
que o processo é compreendido como método, procedimento e a trajetória como caminho que 
permite diferentes saídas ou vias aos que transitam. Dessa maneira, é possível definir o 
conceito de transição como um processo de transformação descontínua na trajetória de vida. 
 Devido à heterogeneidade de objetivos investigativos que cercam esse tema de 
pesquisa, principalmente no que concerne às transições, as problemáticas que nortearam a 
escolha dos trabalhos de referência também apresentaram heterogeneidade. Afinal, transições 
de toda ordem são aqui consideradas relevantes. Busca-se compreender quais os fatores que 
levam os estudantes a escolherem o curso de Pedagogia. Não se pode fazer uma análise de tal 
fenômeno sem estudar os aspectos fundamentais da transição no que se toca à entrada para o 
Ensino Superior. Faz-se necessário entender igualmente o processo de adaptação desse 
estudante e seu desenvolvimento, já que se procura investigar como o curso contribui para 
suas funções laborais. Ou seja, a transição de apenas trabalhador para trabalhador/estudante 
ou, em algum momento do curso, de estudante para estudante/trabalhador. Ainda que não 
fosse o foco da pesquisa, uma vez que esta não investiga os egressos do curso, é importante 
pesquisar a respeito do tema para melhor compreensão sobre perspectivas dos alunos do 
Ensino Superior. 
 Nesse aspecto, acredita-se oportuno integrar as análises das pesquisas realizadas, 
devido à longa extensão de estudos encontrados no Brasil sobre o acadêmico na Educação 
Superior e os temas que os circundam. “As experiências na universidade durante o primeiro 
ano são de extrema importância para garantir a permanência no Ensino Superior e para o bom 
resultado acadêmico dos estudantes (PASCARELLA; TERENZINI, 2005; REASON; 
TERENZINI; DOMINGO, 2006).” A maneira como os estudantes convivem e se integram ao 
 
1
 O capital, livro I, p. 18, ed. Abril Cultural; MEW, 23, p. 25. 
25 
 
contexto do Ensino Superior interfere no aproveitamento das oportunidades oferecidas pela 
universidade, tanto para seu desenvolvimento psicossocial, como para sua formação 
profissional. Os estudantes que logo no início da vida acadêmica conseguem se integrar 
possuem mais chances de obter sucesso em aproveitamento de seus cursos. 
 Segundo a pesquisa realizada para tese de doutorado por Bardagi (2007), passadas as 
primeiras sensações, que normalmente estão relacionadas à vitória por passar em um 
vestibular ou mesmo por estar ingressando em um curso superior por outra forma de processo 
seletivo, a alegria da entrada (transição) para um novo ciclo, vêm outros sentimentos. A falta 
de um maior conhecimento a respeito do que é a universidade e o que esperar dela, tanto em 
termos acadêmicos quanto pessoais, é um fator que pode concorrer para as dificuldades de 
adaptação. 
 Na perspectiva da permanência no curso, Armbrust (1995), por meio de 
acompanhamento da trajetória de estudantes de enfermagem durante o período de entrada e 
conclusão, analisa fatores internos, ou seja, institucionais e extrainstitucionais que 
influenciam para a continuidade ou a evasão. Cita fatores externos, como a não valorização da 
profissão, como um dos fatores de desmotivação, e entre os internos, o custo das 
mensalidades, já quese trata de estudo realizado em universidade privada. 
 A pesquisa de Schleich (2006) aponta uma escala de satisfação com a experiência 
acadêmica de estudantes do Ensino Superior. É inovador para a área das ciências humanas, 
por se tratar de uma pesquisa com método estatístico em aplicabilidade de investigação e 
análise dos dados e resultados. Sendo que as pesquisas qualitativas ainda são mais utilizadas 
nessa área. Schleich traz dados estatísticos que aqui não serão apresentados, porém sim os 
fatores na escala que aparecem como relevantes: 1) Satisfação com o Curso; 2) Oportunidade 
de Desenvolvimento; 3) Satisfação com a Instituição. E em subgrupos ou demais dimensões, 
dentro dos temas macros, aparecem outros como: a importância da relação entre colegas e 
oportunidade de desenvolvimento associados ao crescimento pessoal e profissional. Observa-
se que os resultados apontam para um olhar positivo dos estudantes para o Ensino Superior. 
 Soares (1987), em pesquisa realizada na Universidade Federal de Santa Catarina, com 
o objetivo de estudar a questão da re-escolha profissional, mostra dados importantes. A 
população inicial escolhida para a pesquisa foram os candidatos inscritos no vestibular/ 97 da 
UFSC, que declararam já ter iniciado algum curso superior anteriormente, num total de 4.424 
candidatos. Após tal etapa, foram selecionados apenas os alunos aprovados, dentre esses do 
primeiro grupo. A pesquisadora constatou que 91,6% abandonaram ou ainda estavam 
cursando outro curso superior na ocasião do ingresso. Assim, observa a insatisfação e a 
26 
 
insegurança com a escolha do primeiro curso. Os elementos levantados serviram de referência 
para aprofundar a análise sobre fenômenos associados à evasão e para a caracterização de 
perfil dos universitários. Entretanto, chama a atenção a variedade de fatores que aparecem 
relacionados aos motivos aos quais os estudantes fazem nova escolha. Soares (1987) afirma 
que, em sua essência, as razões continuam desconhecidas. Algumas delas podem ser: a troca 
de universidade particular para pública, ou ainda, de uma cidade para outra; a busca pela 1ª 
opção não conseguida no primeiro vestibular; decepção com o curso/professor; colisão de 
horários entre o curso e a atividade profissional; mudança de interesses pessoais; falta de 
aptidões para a profissão escolhida ou mesmo desejo de experimentar um novo curso. O que 
fica evidente é a necessidade de grupos de orientação. Não somente de efetivo 
acompanhamento e esclarecimento durante o Ensino Médio, mas durante o Curso Superior. 
Alguns deslocamentos que aparecem na pesquisa talvez não fossem necessários, caso o 
estudante recebesse acompanhamento de equipe multidisciplinar. 
 A insegurança com que a maioria dos estudantes, neste caso não se trata aqui apenas 
de jovens, entra em um curso superior é bastante grande. Refere-se aos estudantes de maneira 
geral, pois a abordagem que quer se dar é de insegurança com relação ao significado do curso, 
ao desconhecimento do currículo, das habilitações, dos campos de atuação, das relações com 
o mercado de trabalho, das possibilidades, entre tantas outras informações. Existe o curso da 
moda, o curso necessário, o curso com menor índice e, portanto, mais fácil para o ingresso, há 
aquele que ‘parece’ ser o que mais o estudante se identifica, que exige menos cálculo, o que 
exige mais escrita, leitura e por aí vai. São os ‘achismos’ do senso comum que acabam por 
provocar facilmente estragos nem sempre reversíveis e frustrações profissionais. 
 Gomes (2014) e Palazzo (2014), em estudo intitulado: Professores de menos, 
licenciados demais?, exploraram dados estatísticos educacionais e populacionais do Brasil, 
com os objetivos de verificar a atratividade das licenciaturas e comparar com o perfil básico 
dos professores da educação básica. Entre outros resultados mostrados pela pesquisa, os 
possíveis desvios ocupacionais de concluintes de vários cursos levam à hipótese de 
credencialismo. Ou seja, se esses formados não estão ingressando nas profissões do 
magistério, estariam utilizando os diplomas das licenciaturas apenas como credenciais para 
ascensão ocupacional ou um possível aumento de remuneração. 
 Libâneo (2010), em seu artigo, resultado de pesquisas e estudos sobre o curso de 
Pedagogia, as licenciaturas e a LDB, aborda questões instigantes e pertinentes. Fala sobre os 
vários desacordos existentes entre os educadores em relação a muitos aspectos, em especial a 
dois mais específicos, que cita o curso como bacharelado ou como licenciatura e a base 
27 
 
curricular assentada na docência ou na pedagogia. Salienta que o debate reabre a discussão 
sobre a conveniência ou não de se formar especialistas para atuar nas escolas. Propõe uma 
análise ampliada da problemática da formação de pedagogos a partir do projeto de Resolução 
do CNE para as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Pedagogia. 
Libâneo afirma que, devido aos problemas com as ambivalências e desalinhos da 
legislação recente acerca da formação de educadores, a Resolução evolui pouco no 
clareamento das dúvidas dos educadores das instituições formadoras do país. Esclarece que 
esta é vaga e pouco explícita justamente no que se refere aos temas mais polêmicos. Mantém 
a docência como base do curso e a equivalência do curso de Pedagogia ao curso de 
licenciatura, não se diferenciando, portanto, das propostas da Comissão de Especialistas e do 
ForumDir, ao mesmo tempo que institui o grau de bacharel e prevê cursos de formação de 
especialistas, sem especificar o que são tais cursos e de que maneira serão realizados. O autor 
constata que o projeto de Resolução do CNE é claro num ponto: a pedagogia é entendida 
como curso de formação de professores e, como tal, uma licenciatura, e o pedagogo é o 
profissional que ensina na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 
 Quanto aos debates a respeito do curso de Pedagogia e das diretrizes, Soares (2013) 
elabora um estudo documental valioso chamado: “Projetos De Formação Do Pedagogo Em 
Disputa No Processo De Construção Das Diretrizes Curriculares Nacionais Para O Curso De 
Pedagogia”. A pesquisa teve intenção de reconstruir parte do processo histórico de elaboração 
das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. O Conselho Nacional de 
Educação (CNE) procurou padronizar o curso de Pedagogia em torno da formação para a 
docência para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, ao publicar o 
Projeto de Resolução (BRASIL, 2005), em março de 2005. Intelectuais envolvidos no 
processo resistiram ao movimento do CNE e às entidades representativas da área educacional 
por meio de publicações e pesquisas com o objetivo de dialogar com o estado e impedir esta 
restrição. 
 Nesse contexto, Saviani (2008) aponta que as posições podem ser ainda mais variadas, 
na tentativa de definir o que se entende por pedagogia, mas alerta que todas as definições 
trazem um ponto em comum, que é a referência explícita à educação. Constata que as variadas 
interpretações sobre a pedagogia fazem referência à educação, porém nem todos a veem como 
ciência, aqui já reside um grande descompasso de interesses. 
 Pela instituição de decretos e pareceres, o movimento da reforma educacional dos anos 
90 intencionava eliminar o curso de Pedagogia transformando-o em Curso Normal Superior, 
restringindo-o à formação de professores para atuação na Educação Infantil e Anos Iniciais do 
28 
 
Ensino Fundamental. Intelectuais e entidades da área educacional apresentam argumentos e 
posicionamentos a fim de opor-se a esta proposta do CNE. 
 A análise das propostas de formação do pedagogo apresentadas pelas entidades acabou 
por revelar que os projetos não mostravam, em sua maioria, posicionamentos claros em 
relação às atividades profissionais do pedagogo, ao campo epistemológico da pedagogia e 
sobrea base de formação deste profissional. Tais ambiguidades internas às propostas entre os 
projetos defendidos dificultaram a elaboração de uma DCNP com coerência. A Resolução 
CNE/ CP n° 01/2006 (BRASIL, 2006b) é apoiada por alguns e criticada por outros. Existe 
uma disputa evidente. A docência é hierarquizada pelas DCNP e seu significado autêntico é 
deturpado: para o CNE a docência é sinônima de gestão e pesquisa. Nesse sentido, o 
significado das atividades de gestão e pesquisa também fica adulterado. 
 O documento aprovado não é considerado uma conquista por certos pesquisadores, 
pois é ambíguo, entretanto, possibilita a continuidade de cursos sólidos porque dão conta das 
adequações. Porém, a amplitude de interesses faz afirmar quão prejudicial é este documento à 
educação brasileira. Na trajetória dessa investigação, fez-se necessário incorporar a ideia de 
percurso, para que a aceitação do ‘sempre inconcluso’, de estar faltando algo, transformasse-
se em motivação ao esforço da busca. Assim, destaca-se a seguir o referencial teórico com o 
intuito de embasar essa pesquisa. 
 
 1.2 Referencial teórico 
 
Os tópicos subsequentes apresentam os pressupostos teóricos os quais estão 
relacionados com o Ensino Superior, suas características e particularidades. A temática do 
trabalho, educação e emprego e as mudanças no cenário atual são trazidas, num primeiro 
momento, como discussão que perpassa a profissionalização do pedagogo. Em seguida, 
mostra-se um movimento que ocorre na perspectiva das transições universitárias e do 
trabalho, esse passando por uma breve contextualização do cenário que se insere a Pedagogia 
atualmente e os contrapontos entre os educadores no que concerne aos dois aspectos mais 
pontuais: o curso como licenciatura ou como bacharelado, finalizando o capítulo com um 
esboço de estudos já realizados sobre os campos de atuação do profissional pedagogo e das 
Práticas Educativas. 
 
1.2.1 Ensino Superior: características e especificidades 
 
29 
 
 
 O Brasil vem passando por um processo de expansão do Ensino Superior desde a 
década de 80. Desta forma, ampliou-se a oferta de faculdades e universidades e o número de 
alunos que ingressam em cursos de formação superior aumenta em larga escala. “[...] o 
crescimento assustador dos estabelecimentos privados de ensino superior ofereceram ao 
trabalhador a oportunidade de conquistar o diploma de 3º grau” (SAMPAIO; CARDOSO, 
2003, p. 08). A percepção do governo e iniciativa privada de que a necessidade por mão de 
obra qualificada passava por formação impulsionou tal movimento que se deu no âmbito das 
políticas públicas e institucionais. 
 Na mesma via das transformações econômicas, sociais e tecnológicas que exigem 
profissionais mais preparados e qualificados ao mercado de trabalho, estão os estudantes 
universitários. O perfil desses também se modificou muito. Hoje encontramos estudantes de 
camadas médias que optam por cursos mais concorridos, que exigem não apenas um turno na 
instituição e se dedicam exclusivamente aos estudos. No entanto, encontramos também outros 
que, provenientes das classes mais baixas ou de famílias abastadas, dedicam horas de seu dia 
ao trabalho remunerado e escolhem um curso superior noturno. A realidade das salas de aula 
dos cursos universitários é, em grande parte, de constituição de um público cada vez mais 
eclético. Estudantes de várias camadas sociais, de diferentes idades, trabalhadores ou não, 
interagem e buscam os referidos espaços por variados motivos e com objetivos por vezes 
semelhantes ou muito diferentes. 
 Neste panorama, alunos e instituições têm novos desafios a cumprir. As instituições de 
Ensino Superior, no esforço de tentar observar a multiplicidade de fatores que impulsionam o 
ingresso no curso e as diferentes origens e experiências dos estudantes, atentando para as 
formas como vivenciam essas experiências, estariam contribuindo sobremaneira para que o 
período universitário se desse com menor possibilidade de evasão e de conflitos relacionados 
à adaptação e escolha de tal curso. O aluno, por sua vez, sendo o centro desse processo, 
deverá responsabilizar-se por interagir nesse ambiente, procurar os recursos que lhe são 
oferecidos e indagar-se constantemente sobre sua própria participação e contribuições do 
curso para que alcance seus objetivos. Todavia, a lógica acadêmica tradicional dificulta mais 
que contribui. 
 
A universidade tradicional tem sido caracterizada institucionalmente por uma cultura 
acadêmica baseada predominantemente na compartimentação disciplinar, na 
fragmentação feudal do poder, centrada em territórios de base disciplinar e num 
30 
 
individualismo competitivo que resiste a uma coordenação docente e obstaculariza 
posturas solidárias (FORMOSINHO, 2011, p.141) 
 
 
 Numa observação mais ampla, percebe-se que essa estrutura atual potencializa 
conflitos. Com base na especialização disciplinar, o que frequentemente acontece é a 
promoção do saber individualizado, fragmentando práticas e desfavorecendo o trabalho 
colaborativo, uma das características tão exigidas pelo mercado de trabalho e que poderia ser 
privilegiada. A razão de ser da universidade está, em primeira instância, no aprofundamento 
do saber. É necessário então que se fomente a pesquisa para autonomia profissional e coletiva, 
para resolução de problemas que se traduzam em competências e em comportamentos 
relevantes para a vida dos estudantes e para suas atividades laborais. Desse modo, 
Formosinho (2011, p. 141) corrobora, “[...] a universidade pode contribuir também para 
promover as profissões e não apenas os profissionais [...]”. Esse reflexo se daria em contextos 
coletivos em larga escala, sendo que dois objetos passariam a ser alvo de preocupação 
equivalente, o curso e os estudantes desse curso, profissionais em questão. Considerando 
então, 
 
[...] qualquer atividade universitária deveria estar atingindo três aspectos sobre 
os quais se projeta o sentido da formação: o desenvolvimento pessoal, o 
desenvolvimento de conhecimentos e competências específicas e uma visão mais 
ampla do mercado de trabalho a fim de agir nele com mais autonomia. 
(ZABALZA, 2004, p.45). 
 
Em sua obra a respeito do ensino universitário, Zabalza (2004) ressalta a dificuldade 
de trabalhar o tema em questão. Cita fatores como a falta de tempo para a realização de tais 
debates, já que hoje o perfil dos estudantes é, em grande escala, de trabalhadores e dos 
docentes, profissionais com atividades em duas ou mais instituições. O desencontro dispersa 
possibilidades. As opções para recuperar a distância que separa a formação para o 
desenvolvimento pessoal, para o conhecimento e para competências específicas serão cada 
vez maiores se não for planejada uma forte recuperação do compromisso ético que implica o 
trabalho docente. 
Zabalza (2004) caracteriza o trabalho realizado dentro das universidades como 
‘trabalho formativo’
2
. Nessa linha de reflexão, entende-se que o compromisso das instituições 
 
2
 Para Zabalza (2004, p. 52-53), é necessário que o trabalho formativo esteja vinculado a todo “o ciclo vital das 
pessoas. Reforça-se, assim, a ideia de que a formação transcende a etapa universitária e os conteúdos 
convencionais da formação acadêmica, constituindo um processo intimamente ligado à realização pessoal e 
profissional dos indivíduos”. 
31 
 
perante seus estudantes está em utilizar o conhecimento e a informação para aguçar nos 
sujeitos a criticidade, a curiosidade, a sensibilidade diante da realidade social e a necessidade 
de pesquisa e de envolvimento coletivo. Tal prática será tão mais eficaz quanto for o 
envolvimento dos estudantes. Estes, conscientes de que a mudança ocorre em função da 
qualidade e do esforço em buscar aperfeiçoamento, aliado ao envolvimento com o grupo e 
aproveitamento máximodos recursos disponibilizados pela instituição, estarão tirando maior 
proveito de seu processo de formação. 
As relações que se estabelecem nas universidades são de extrema importância para o 
fortalecimento ou mudança de posturas, considerando o que se encontra em bibliografias, de 
que o Ensino Superior ocupa um dos níveis de ensino mais importantes para a vida do jovem 
e para a sua inserção no mercado de trabalho. Eis mais um excelente motivo para que as 
universidades se comprometam com os processos formativos, com o envolvimento de todos e 
o desenvolvimento voltado para a ética e a responsabilidade social e profissional. 
 As mudanças das configurações do Ensino Superior podem ser observadas em várias 
partes do mundo. Isso modifica a estrutura do ensino universitário, exigindo que este esteja 
mais articulado com as exigências do mercado de trabalho e da produção, preocupado com o 
relacionamento com a sociedade em seu entorno. Esse processo é dinâmico. A alteração no 
perfil dos estudantes pressiona as instituições para mudanças e tais práticas têm atraído cada 
vez mais jovens trabalhadores, mesmo aqueles que já atingiram a maturidade e que depositam 
no curso superior a expectativa do caminho para a estabilidade no emprego. O mercado de 
trabalho, cada vez mais seletivo e exigente, pressiona a juventude e mesmo os que já 
passaram desta etapa a buscar especialização. Compreende-se, contudo, que as 
instituições de Ensino Superior podem fazer alterações internas que venham a colaborar com 
a nova configuração social. Mas sua autonomia é limitada por diversos fatores
3
. 
 
 
Enfim, não adianta teorizar ou prescrever o que a universidade deve fazer ou nível 
de qualidade que deve alcançar. A consideração não se completa caso não seja 
introduzida, ao mesmo tempo, a ideia de que a universidade é uma instância limitada 
e dependente. Além disso, no melhor dos caos, ela é ‘capaz’ de fazer somente o que 
está a seu alcance, partindo dos conhecimentos reais em que se articula (ZABALZA, 
2004, p. 11). 
 
 
 
3
 Conforme o autor, é importante sinalizar que “[...] a influência é, na maioria das vezes, indireta, por meio da 
própria legislação e da orientação normativa (que presumivelmente visa adaptar a estrutura dos cursos ao 
desenvolvimento atual da ciência e da cultura, assim como as demandas da sociedade e do mercado de trabalho)” 
(ZABALZA, 2004, p. 11). 
 
32 
 
As limitações a que Zabalza (2004) menciona não devem servir para que em nome 
disso não se façam movimentos diferenciados. As articulações internas podem e devem ser 
realizadas dentro de cada perfil institucional, desde que as leis sejam sempre cumpridas. 
 Percebe-se que a nova configuração do Ensino Superior, seja com relação ao público- 
alvo ou às novas exigências impostas pela sociedade, constitui desafio para educadores e 
alunos. Postura alguma dará conta de resolver todos os problemas educacionais que se 
instalam nesse nível de ensino, mas que é consequência da precariedade do sistema nacional 
de ensino desde a base. No entanto, o desafio está posto e só existem duas alternativas, 
ignorá-lo ou enfrentá-lo. 
 
 
1.2.2. Trabalho, educação, emprego e as mudanças no cenário atual 
 
 
Nesse tópico pretende-se abordar alguns dos significados atribuídos ao trabalho, educação 
e emprego e as mudanças socioeconômicas influenciam diretamente sobre os mesmos. 
Segundo Teixeira (2000, p. 185), “o experiente percebeu que muito se aprende na 
universidade da vida, com seus currículos personalizados, onde a gente se matricula ao nascer 
e se diploma ao morrer. O problema, admite, é que a experiência é o pior professor: ela aplica 
o teste antes da lição”. Ainda nos tempos atuais (referindo-se ao trabalho), é bastante 
corriqueiro ouvir como resposta para a pergunta feita às crianças, jovens e até adultos: - O que 
sua mãe faz? - Nada. Ela fica em casa !!! Nessa perspectiva, uma dona de casa que realiza 
muitas atividades durante um dia não trabalha; uma pessoa que realiza tarefas informais para 
sobreviver, como artesanato, prestação de serviços, não trabalha. Esse é um olhar bastante 
comum acerca do trabalho. Todavia, o conceito de trabalho, em sua essência, não se resume à 
questão produtiva, por isso: 
 
No senso comum e nos próprios meios de comunicação, observa-se que os termos 
‘emprego e trabalho’ são empregados, muitas vezes, de maneira associada, mas essa 
ligação pressupõe também significados diferentes. Pensando na história da 
humanidade, o trabalho é mais antigo que o emprego, o trabalho por si só existe 
desde o momento em que o homem começou a transformar a natureza e o ambiente 
em seu entorno, desde a fabricação de ferramentas e utensílios. (RAITZ, 2003, p.56) 
 
 
Como explica Raitz (2003), atribuir o mesmo significado às palavras trabalho e 
emprego é bastante comum. O trabalho surge no momento em que o homem começa a 
33 
 
transformar a natureza e o ambiente ao redor com o auxílio da forma artesanal. Com a 
Revolução Industrial, apresenta-se a relação capitalista com a necessidade de organizar 
grupos de pessoas, processos, instrumentos, que estabelece a relação de venda e compra da 
força de trabalho, criando-se, a partir daí, a ideia do emprego, o qual sempre sugeriu relação 
estável, e mais ou menos duradoura, entre a empresa e o empregado. Desde então, as noções 
de trabalho e de emprego foram se confundindo e tornando-se cada vez mais complexas. 
O emprego se configurou, ao longo do tempo, como relação estável, porque existe um 
contrato com vínculo, carteira assinada e, sendo assim, uma condição aparentemente mais 
confortável pelos benefícios do FGTS, 13º salário, férias e outros tantos. Mas o significado do 
emprego atualmente vai além da estabilidade financeira e econômica: 
 
[...] o emprego assegura [...] o estabelecimento de relações sociais, uma organização 
do tempo e do espaço e uma identidade. A importância que lhe é conferida 
decorre, assim, da sua função integradora. Ele permite a integração econômica e a 
participação na esfera do consumo; ele permite a integração social e cívica pelas 
relações sociais que potencia, pelo estatuto que confere e pelo acesso que assegura 
aos direitos e às garantias sociais. (ALVES, 2007, p.3) 
 
 
Porém, outras reflexões se apresentam, de um lado, as novas gerações, que preferem 
regras menos rígidas, horários mais flexíveis, maior liberdade para expressão e criação, maior 
possibilidade de interação e menos subordinação. De outro, que vêm de encontro a alguns 
anseios dessa geração, estão os interesses das organizações. Atualmente, muitas não estão 
mais dispostas a manter o custo de um corpo permanente de empregados para realizar grande 
parte dos serviços de que necessitam, pois não têm condições de fazer isso, trabalhos nem 
precisam ser realizados continuamente ou no interior das empresas, precisam sim é de 
prestadores eventuais de tais tarefas. 
Com o passar dos tempos, o confortável emprego sofreu fortes alterações, em que as 
condições de estabilidade até então oferecidas perderam forças, resultado da globalização e 
das renovações tecnológicas, as quais acirraram a competitividade, eliminaram postos de 
trabalho, níveis hierárquicos e deixaram milhões de pessoas desempregadas. A mudança não é 
a novidade no mundo. A novidade do cenário atual é a velocidade da mudança. Uma das 
mudanças que se pode observar é que, até alguns anos, grande parte das pessoas que se 
formava em um curso de graduação, por exemplo, entrava no mercado de trabalho e não 
retornava ao mundo acadêmico. Não sentia necessidade de fazer outro tipo de formação, 
especialização. 
34 
 
A formação recebida, ou titulação, era suficiente para a garantia da estabilidade desde 
que esse profissional atendesse às exigências do empregador que normalmente estavam 
relacionadas ao cumprimento de horas,de tarefas específicas a sua função, de produtividade, 
de bom relacionamento e de idoneidade. Uma das principais características do mercado de 
trabalho é que este é volátil, mutante, dinâmico e não mais estático. Uma das maneiras de 
sobreviver nesse mercado passou a ser então a atualização. Estudar, voltar a pesquisar, 
retomar a carreira acadêmica, buscar conhecimento em áreas relacionadas para ampliar 
qualificação constituiu uma opção aos que haviam se afastado por anos. 
Dentre as transformações relacionadas ao cenário atual de trabalho e emprego, está a 
da ressignificação da formação. A consciência incorporada de que a graduação é apenas a 
primeira formação, que um profissional deverá estudar durante todo o tempo de sua atuação 
no mercado e de que trabalho e estudo são indissociáveis. 
Frigotto (1988) denuncia o discurso da qualificação como um ajuste global do campo 
educativo conduzido para uma concepção produtivista, com o intuito de desenvolver em cada 
pessoa um “banco ou reserva de competências” que garanta, de tal modo, a empregabilidade. 
Dessa forma, o papel econômico atribuído à educação passa a ser a empregabilidade ou a 
formação para o desemprego. O que existe de comprometedor nessa questão da 
“empregabilidade” é também o fato de que o desemprego acaba por ficar como 
responsabilidade apenas individual. Ou seja, os sujeitos buscam desenfreadamente ampliar 
seus currículos para acrescentar qualificações na tentativa de atender às exigências ditadas 
pelo mercado de trabalho. Difunde-se o entendimento de que é preciso voltar-se para o "faça 
você mesmo". 
O Estado não pode se eximir por meio do discurso de que existe oferta, tanto de 
trabalho quanto de formação, e que cada cidadão precisa buscar por aperfeiçoamento, 
simplificando discussões políticas, econômicas e sociais mais complexas e abrangentes. A 
empregabilidade passa pela construção social: não bastam habilidades, se não houver 
oportunidade. Importante lembrar igualmente a importância de as organizações formais 
criarem as oportunidades de formação e qualificação no local de trabalho, para 
desenvolverem, também, o emprego de seus trabalhadores. 
Entretanto, às transformações no mundo do trabalho, discussões sobre formação, 
currículo, competência, atualização, entre outras, continuam pertinentes independentemente 
de quem seja a responsabilidade de se manter no mercado competitivo. Um tema bem 
discutido, e com mais ênfase no decorrer da última década, é o aprofundamento de estudos em 
uma área específica como diferencial. No entanto, é então que consiste um dos grandes 
35 
 
desafios contemporâneos, é essencial que se estabeleça conexão, relação dessa área de 
conhecimento com as demais áreas. Portanto, entende-se que é muito importante que um 
profissional de qualquer área adquira forte base de cultura geral, nenhum conhecimento é 
isolado. Durante algum tempo, a discussão que permeou o mercado de trabalho oscilava entre 
a formação especialista
4
 ou generalista
5
. Tal questão, influenciada pela velocidade das 
mudanças, não tem mais propósito. 
Atualmente surgem novos termos no mercado de trabalho, sobretudo utilizados por 
gestores do mundo corporativo, como o profissional “multiespecialista”
6
, que não é aquele 
capaz de fazer tudo, mas o que está disposto e com a atitude de aprender. Isso nos conduz ao 
pensamento da necessidade de preparar pessoas para ter autonomia, aptas em criar 
alternativas. É como se os profissionais da atualidade tivessem que estar sempre preparados, 
com toda a disposição e disponibilidade para fazer “a viagem”. E essa viagem é, claro, exige 
alguns pré-requisitos, como falar a língua local, capacidade de adaptação ao clima, 
alimentação, costumes, conhecimento sobre a localização, e, principalmente, atitude para 
aprender aquilo que não sabe. Na visão corporativa, a formação permanente é uma atitude, 
não um lugar. 
A tese do surgimento de competências também se destaca, na última década, nas 
análises acerca das mudanças no mundo do trabalho. Nas discussões internacionais a respeito 
das novas qualificações requeridas no mundo do trabalho, tem-se a orientação no conceito de 
“competências”, o qual está articulado à definição do relatório da Organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (UNESCO), Delors (1996)
7
. Zarifian (2001, 
apud CARLETTO, 2006, p. 28) propõe uma “definição que integre várias dimensões, assim a 
competência é o tomar iniciativa e o assumir responsabilidade do indivíduo diante de 
situações profissionais com as quais se depara”. Necessário, portanto, que o profissional 
desenvolva competências técnicas e humanas, visando crescimento, aperfeiçoamento e 
eficácia nos resultados, tendo como premissa que o ser humano tem um poderoso potencial. 
 
4. Significado do termo Especialista no Dicionário Aurélio : Que ou quem se dedica exclusivamente ao estudo 
ou à prática de uma ciência, uma arte, uma profissão. http://www.dicionariodoaurelio.com/Especialista.html 
acesso em: 03/07/2013. 
5 Significado do termo Generalista no Dicionário on-line de Português: generalista s m+f (lat generale) 1 Pessoa 
não especializada, que só tem conhecimentos gerais. http://www.dicio.com.br/generalista/ acesso em: 
03/07/2013. 
6 Para o professor titular do departamento de filosofia e ciências da religião da PUC-SP, Mario Sergio Cortella, 
multiespecialista é um profissional que possui formações diferentes, sempre atualizadas e que aprendeu a casar o 
conhecimento com as competências necessárias em seu cotidiano. 
7 No relatório da UNESCO intitulado, Educação – um tesouro a descobrir, Jacques Delors relata sobre Educação 
para o século XXI “educar para o desenvolvimento humano” relaciona-se aos “quatro pilares da Educação:” 
“aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos e aprender a ser” (DELORS, 1996, p. 77). 
http://www.dicionariodoaurelio.com/Especialista.html
http://www.dicio.com.br/generalista/
36 
 
Um pensamento de Marx8 sobre as escolas politécnicas colabora com essa reflexão e se torna 
inspiradora no resgate das características da noção de politecnia de um indivíduo mais integral, 
 
A indústria moderna, com as catástrofes que lhe são próprias, torna questão de vida 
e morte reconhecer como lei geral e social da produção a variação dos trabalhos e 
em consequência a maior versatilidade possível do trabalhador [...]: substituir o 
indivíduo parcial, mero fragmento humano que repete sempre uma operação parcial, 
pelo indivíduo integralmente desenvolvido para o qual as diferentes funções sociais 
não passariam de formas diferentes sucessivas de sua atividade. As escolas 
politécnicas e agronômicas são fatores desse processo de transformação que se 
desenvolvem espontaneamente na base da indústria moderna; [...] (MARX, 1983, 
p.69). 
 
 
Para além do pensamento marxista, a noção de competência na atualidade está 
realmente forte e instituída. O que parece ser absolutamente necessário é a recuperação dos 
critérios e perspectivas dos conceitos que a solidificam. O fatalismo da noção competitiva 
parece tomar todo o espaço de outros aspectos essenciais do conceito. A aprendizagem 
vivencial e espontânea, pela qual se aprende na prática e nas relações e trocas com o outro, 
perde um pouco o sentido e a importância na medida em que toda formação visa ao 
desenvolvimento de uma competência intencional e comprovada por titulações. É de 
conhecimento amplo que a educação, em qualquer instância, no mundo corporativo ou não, 
precisa ser organizada de acordo com a intenção que se tem. Nos tempos atuais, a velocidade 
das mudanças é tão grande que aprender apenas na escola da vida não basta. Tal como não 
basta aprender apenas nos cursos. Mas o que se ressalta é a necessidade de que haja uma 
convergência entre a aprendizagem intencional e a vivencial, de maneira que se possam 
propulsionar

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