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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL A REDE DO TURISMO NO NORTE DE MINAS: PLANEJAMENTO, REGIONALIZAÇÃO, TERRITORIALIDADES E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NOS CAMINHOS DOS GERAIS. HEBERT CANELA SALGADO MONTES CLAROS 2007 ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL A REDE DO TURISMO NO NORTE DE MINAS: PLANEJAMENTO, REGIONALIZAÇÃO, TERRITORIALIDADES E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NOS CAMINHOS DOS GERAIS. HEBERT CANELA SALGADO UNIMONTES 2007 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, como requisito para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª. Dra. Simone Narciso Lessa iii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL Dissertação intitulada “A Rede do Turismo no Norte de Minas: planejamento, regionalização, territorialidades e desenvolvimento social nos caminhos dos Gerais”, de autoria do Mestrando Hebert Canela Salgado aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores Banca Examinadora constituída, em 22 de junho de 2007, pelos professores: ____________________________________________________________ Profª. Drª. Simone Narciso Lessa (PPGDS/Unimontes) - Orientadora ____________________________________________________________ Profª. Drª. Maria Geralda de Almeida (UFG) - Examinadora ____________________________________________________________ Prof. Dr. João Batista de Almeida Costa (PPGDS/Unimontes) - Examinador _____________________________________________________________ Drª. Maria Helena de Souza Ide - Coordenadora do PPGDS MONTES CLAROS 2007 iv Catalogação Biblioteca Central Prof. Antonio Jorge Salgado, Hebert Canela. S164r A rede do turismo no Norte de Minas [manuscrito]: planejamento, regionalização, territorialidades e desenvolvimento social nos caminhos dos gerais / Herbert Canela Salgado. – 2007. 227 f.: il. Bibliografia: f. 218-227. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, 2007. Orientação: Prof. Dra. Simone Narciso Lessa. 1. Turismo – Norte de Minas. 2. Turismo – Desenvolvimento social. 3. Turismo – Planejamento. 4. Redes de turismo. I. Universidade Estadual de Montes Claros. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. II. Título. CDD 380.14598151 v SALGADO, Hebert Canela. A Rede do Turismo no Norte de Minas: Planejamento, Regionalização, Territorialidades e Desenvolvimento Social nos Caminhos dos Gerais. 2006. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Social) – Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES RESUMO Esta Dissertação de Mestrado constitui ao mesmo tempo um retorno reflexivo ao conhecimento acumulado sobre o turismo e os fundamentos de minhas pesquisas anteriores, ou seja, o primeiro balanço dos trabalhos que venho fazendo sobre o desenvolvimento do turismo no Norte de Minas. O autor aprofunda suas reflexões sobre a formação da rede do turismo norte-mineiro, como campo de possibilidades para o desenvolvimento regional. O embasamento teórico-metodológico apóia-se em obras de referência voltadas à análise sócio-cultural geografizada do turismo. O objetivo geral deste trabalho é refletir como a expressão contemporânea do turismo que passa a se estabelecer no Norte de Minas, pode se articular por meio de redes solidárias, em condições paralelas, a fim de garantir o desenvolvimento regional com base em uma lógica diferenciada que não seja a do capital. A dissertação apresenta como área de concentração: Desenvolvimento Social: Poder, Processos Socioeconômicos e Ordenamento Territorial. A linha de pesquisa é: Processos Socioeconômicos e Ordenamento Territorial. O método científico que conduz o trabalho se volta para a Dialética Histórico-Estrutural considerado apropriado para o manejo da realidade, sendo esta natural e social. No mesmo sentido, a construção do campo metodológico, encontra no Sistema Turismo – SISTUR, proposto pelo professor Mario Carlos Beni, um conceito amplo e rico que se configura como uma ferramenta importante desta investigação. A estratégia metodológica de investigação compreende a convergência de movimentos reflexivos investigativos e participativos de processos que integram a pesquisa, além da pesquisa bibliográfica. Propõe-se uma metodologia de abordagem qualitativa. O problema aqui investigado questiona como o Turismo, a partir de suas contradições, pode fomentar o Desenvolvimento Social no Norte de Minas. Quanto às respostas ao problema apresentado, pressupomos que se por um lado o turismo provoca impactos ambientais, sociais e econômicos de maneira cada vez mais intensa e marcante para os espaços e culturas, por outro se percebe uma evolução dos seus modelos sustentáveis de base local, na medida em que, são adaptados às realidades locais onde ocorre. PALAVRAS-CHAVE: Turismo; Norte de Minas; Redes; Planejamento, Desenvolvimento Social. vi SALGADO, Hebert Canela. The Net of the Tourism in the North of Minas Gerais: Planning, Region, Territorialities and Social Development in the Ways of the Gerais. 2006. Master degree dissertation (Mestrado in Social Development) – Montes Claros State University – UNIMONTES. ABSTRACT This master degree dissertation constitutes at the same time a reflexive return to the accumulated knowledge about the tourism and the background of my previous researches, in other words, the first evaluation of the works that I have done so far about the development of the tourism in the north of Minas Gerais. The author intensify his reflections about the formation of the tourism net in the north of Minas, as a field of possibilities for the regional development. The theoric-methodologic background supports itself in Works with a reference turned to the geographic social-cultural analysis of the touism. The general purpose of this work is reflect as a tourism contemporary expression that pass and establish itself in the north of Minas Gerais, and articulate by solid means, in parallel conditions, in order to ensure the regional development based in a different logic besides the capital one. The dissertation presents as a concentration area: Social Development: Power, Social-econimic processes and territorial ordering. The research line is: Social-economic processes and Territorial ordering. The scientific method that leads this work turns itself to the Historic-structural dialectic considered proper to handling the reality, even natural and social. In the same direction, the construction of the methodological field, finds in the Sistema Turismo – SISTUR, proposed by professor Mario Carlos Beni, a large and rich concept that set itself as a important tool of this investigation. The investigation methodological strategy comprehends the convergence of invesigative-reflexive movements and cooperative processes that compose the research, besides the bibliographic research. Its proposed a qualitative approach methodology. The problem investigated question how the Tourism, from itscontradictions, can promote social development in the north of Minas Gerais. Regarding the answers to the presented problem, we foresee that in a point of view the tourism generates an increscent intense and expressive environmental, social and economical impact to the space and culture, and in another hand it can be perceived an evolution of the tenable models of local base, when it is adapted to the local realities where it occurs. KEY WORDS: Tourism; North of Minas Gerais; Netting; Planning, Social Development. vii “O Turismo é uma Universidade em que o aluno nunca se gradua, é um Templo onde o suplicante cultua mas nunca vislumbra a imagem de sua veneração, é uma Viagem com destino sempre á frente mas jamais atingido. Haverá sempre discípulos, sempre contempladores, sempre errantes aventureiros.” Lord Curzon (1859-1925) Governador-geral da Índia In Beni(2001) viii Dedico este trabalho, à minha família Canela e Salgado, pela beleza dos laços, da rede e fortaleza que é, nas pessoas de Vovô Paulo Canela, valente, e Vovô Tereziano Salgado, persistente, além de Vovó Ana e Vovó Tereza pelo carinho ao meu Pai, minha força, José Adilson Salgado, a minha linda Mãe, anjo de minha guarda, Antonina Eliana da Glória Canela Salgado, ao meu irmão, meu companheiro desde pequeno, Rodrigo Canela Salgado, ao meu amor, Jéssica Luiza de Albuquerque, linda, pela, dedicação e compreensão, e sua família, Dinha, Mônica, Bárbara, Ronaldo, Pedro e demais, aos meus amigos, tão distantes nesses tempos de batalhas individuais e, tão perto sempre, Magela, Hugo, Tulhão, Willhão, Igão, Rabelo, Pablin, Marlon, Chicão, Bil, Abdias, Marcelo Braga, Ayrtin, suas famílias e demais amigos que trilham comigo; ao amigo Eduardo Gomes pelo exemplo de dedicação à causas coletivas maiores, em especial, a tio João dos Reis Canela, pelo exemplo de dedicação e sucesso na vida Acadêmica; a Madrinha Olívia e Padrinho Joel (saudades) (in memorian) aos Povos do Cerrado! ix SUMÁRIO PÁGINA RESUMO................................................................................................................ v ABSTRACT........................................................................................................... Vi EPÍGRFE............................................................................................................... vii DEDICATÓRIA.................................................................................................... viii LISTA DE SIGLAS............................................................................................... xi LISTA DE TABELAS........................................................................................... xvi LISTA DE FIGURAS............................................................................................ xvii LISTA DE QUADROS......................................................................................... xxi AGRADECIMENTOS.......................................................................................... xxii INTRODUÇÃO .................................................................................................... 01 CAPÍTULO PRIMEIRO: A HISTORIA DAS VIAGENS E O SURGIMENTO DO TURISMO.......................................................................... 21 1.1. Os antecedentes das Viagens e as raízes do Turismo....................................... 21 1.2. O Desenvolvimento do Turismo Moderno: séculos XIX e XX....................... 30 1.3. O Conceito de Turismo: múltiplos olhares em sua historia ............................. 37 1.4. Os Paradigmas do Turismo.............................................................................. 46 CAPÍTULO SEGUNDO: PLANEJAMENTO TURÍSTICO: OS SISTEMAS, AS REDES E A GESTÃO SOCIAL DO TURISMO................... 53 2.1. Planejamento Turístico e Sistemas: nota introdutória para o planejamento em redes.................................................................................................................. 53 2.2. Redes: morfologia e conectividade no turismo contemporâneo............... 69 2.3. Turismo no Brasil: breves entendimentos............................................... 80 2.4. Planejamento Turístico de Minas Gerais: das políticas públicas à Rede de Circuitos................................................................................................................ 87 2.5. O papel das redes na gestão social do turismo: capital social e desenvolvimento regional...................................................................................... 98 x CAPÍTULO TERCEIRO: A REDE DO TURISMO NO NORTE DE MINAS: OLHARES........................................................................................... 105 3.1. Turismo no Sertão Mineiro: viagens antigas, história recente................. 105 3.2. Turismo no Norte de Minas: entraves e perspectivas na ótica do SISTUR................................................................................................................ 115 3.2.1. O Norte de Minas como o lugar dos lugares para o turismo sustentável..... 115 3.3. Turismo Regional: novo contexto, novos caminhos....................................... 149 3.3.1. Projeto Proturismo ...................................................................................... 152 3.3.2. Programa Turismo Solidário........................................................................ 165 3.3.3. O Movimento Catrumano e a Expedição Caminhos dos Gerais ................ 171 3.3.4. Encontro de Integração e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável do Médio São Francisco ..................................................................... 182 3.4. A rede norte-mineira de Turismo: a autenticidade em evolução e o paradigma do desenvolvimento regional 190 3.4.1. A Rede do Turismo no norte de minas: interfaces 190 3.4.2.Circuitos Turísticos: um aporte para a rede regional de turismo no Norte de Minas 200 4.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS 205 4.1. Turismo e desenvolvimento regional : velhos caminhos, novas possibilidades 205 4.2 Por uma Epistemologia do Turismo: a outra face da moeda. 208 4.3. Redes de Turismo: um caminho para o desenvolvimento social no Norte de Minas? 211 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 218 xi LISTAS DE SIGLAS ABAV Associação Brasileira das Agências de Viagens ABA Associação Brasileira de Antropologia ACI Associação Comercial e Industrial ADENE Agência de Desenvolvimento do Nordeste ADETUR/MG Agência de Desenvolvimento do Turismo de Minas Gerais AIEST Associação Internacional de Experts Científicos de Turismo AMAMS Associação dos Municípios da Área Mineira da ADENE APA Área de Proteção Ambiental APL Arranjo Produtivo Local de Turismo ASCOM Assessoria de Comunicação BA Bahia BC Banco Central BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais BELOTUR Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento BNB Banco do Nordeste do Brasil BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRA Brasil CAA Centro de Agricultura Alternativa CDL Câmara de Dirigentes Logístas CE Ceará CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica CET Conselho Estadual de Turismo CODEMA Conselho Municipal de Desenvolvimento AmbientalCOMTUR Conselho Municipal de Turismo CST Conta Satélite de Turismo DENOX Departamento Nacional de Obras contra a seca DER Departamento de Estradas de Rodagem DHE Dialética Histórico Estrutural DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de transportes xii Embratur Instituto Brasileiro de Turismo EPL Espeleogrupo Peter Lund ES Espírito Santo ET‟s Escolas Técnicas FASTUR Fundo de Assistência ao Turismo FIP Faculdades Integradas Pitágoras FSM Faculdade São Mateus FSM Fórum Social Mundial FUNGETUR Fundo Geral de Turismo GT‟s Grupos de Trabalho HIDROMINAS Águas Mineiras do Estado de Minas Gerais S.A IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços IDENE Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais IDH Índice de Desenvolvimento Humano IEF/MG Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais IEPHA/MG Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais IES Instituições de Ensino Superior IGA Instituto de Geociências Aplicadas IGS Instituto Grande Sertão IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IPHAM Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ISS Internacional Space Station IUOTO União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens IVC Instituto Vale do Cricaré KDF Nationalistischen Gemeinschaft Kraft durch Freude MEC Ministério da Educação xiii MESONORTE Mesorregião do Norte de Minas MG Minas Gerais MI Ministério da Integração Nacional MICT Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo MMA Ministério do Meio Ambiente MS Mato Grosso do Sul MT Mato Grosso MTUR Ministério do Turismo OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMT Organização Mundial de Turismo ONG‟s Organizações Não-Governamentais ONU Organização das Nações Unidas Orgs. Organizadores OSCIP Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OVIVE Organização Vida Verde PARNA Parque Nacional PDITs Plano de Desenvolvimento Integrado do Desenvolvimento Sustentável PEA População Economicamente Ativa PIB Produto Interno Bruto PLANITUR/MG Plano Integrado para o desenvolvimento do turismo em Minas Gerais PMMC Prefeitura Municipal de Montes Claros PNE Programa Nacional de Ecoturismo PNMT Programa Nacional de Municipalização do Turismo PNRT Programa Nacional de Regionalização do Turismo PNT Plano Nacional de Turismo PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPGDS Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social PRODETUR/NE Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste PROMINAS Companhia Mineira de Promoções PROTURISMO Programa de Levantamento de Desenvolvimento do Potencial Turístico Regional xiv PRSF Programa de Revitalização da Bacia do São Francisco PTS Programa Turismo Solidário PUC Pontifícia Universidade Católica SEBRAE/MG Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SESC Serviço Social do Comércio SETUR Secretaria de Estado e Turismo SISTUR Sistema Turismo SP São Paulo SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste SUT Superintendência de Turismo TURMINAS Empresa Mineira de Turismo UFBA Universidade Estadual da Bahia UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFPR Universidade Federal do Paraná UNEB Universidade Estadual da Bahia UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes Universidade Estadual de Montes Claros USP Universidade de São Paulo WTTC World Travel and Tourism Council WWF World Wild Foundation xv LISTAS DE TABELAS N° TABELAS PÁGINA 1 Movimento de Turistas a partir de 1950 42 2 Articulação e Planejamento 186 3 Ordenamento, Normatização, Monitoramento e Controle 187 4 Comunicação e Informação 187 5 Infra-estrutura de apoio ao turismo e serviços turísticos 187 6 Qualificação 188 7 Marketing 188 xvi LISTAS DE FIGURAS N° FIGURA PÁGINA 1 Sistema Turismo – Sistur 66 2 Representação do Sistema Turismo participando de várias redes 67 3 Representação primária da rede 70 4 Rede Geográfica do Norte de Minas 71 5 Rede de Redes 74 6 Estrutura Verticalizada e a Rede 76 7 Mesorregião Jequitinhonha / Mucuri 79 8 Durante um dos GT‟s de Turismo 79 9 Plenária de apresentação das Deliberações 79 10 Pólos Turísticos do Prodetur 83 11 Pólos Turísticos Regionais 84 12 Pólo Turístico Caminhos do Norte de Minas 84 13 Pólo Turístico Vale Mineiro do São Francisco 85 14 Pólo Turístico Vale do Jequitinhonha 85 15 Regiões Turísticas do Brasil 88 15.1 Regiões Geográficas Minas Gerais 91 16 Regiões Turísticas de Minas Gerais 95 17 Redes Dendríticas de localidades Centrais 96 18 Circuito Turístico Serra do Cabral e Cachoeiras 97 19 Traçado da Ferrovia Central do Brasil 111 20 Formigas no Circuito Comercial: as origens de uma centralidade regional 113 21 Norte de Minas: localização geográfica 115 21.1 Rede Ferroviária de Minas Gerais 125 21.2 Rede Rodoviária de Minas Gerais 126 22 Rotas Aéreas da Cia. Total Linhas Aéreas 129 23 Rotas Aéreas da Cia. Ocean Air 129 24 Espaço aéreo-portuários em Minas Gerais 129 25 Aeroportos com pista asfaltada no Estado 130 26 Rede Hidrográfica de Minas Gerais 131 xvii 26.1 Rio São Francisco 131 27 Cachoeira do Bananal 132 28 Cachoeira do Serrado 132 29 Parque Estadual Caminhos dos Geraes 134 30 Parque Estadual da Lapa Grande 134 31 Cara de Índio 135 32 Parque Estadual Veredas do Peruaçu 135 33 Norte de Minas 137 34 Águas de Santa Bárbara Resort 138 35 Pousa Vila de Santa Bárbara 138 36 Casa Flat do Residencial Pedra do Sonho 139 37 Pedra do Sonho Resort Hotel 139 38 Sesc Laces Pousada Januária 139 39 Oficina de Artesanato em Botumirim 157 40 Experiência em Trekking na Campina - Botumirim 157 41 Pesquisa em Cânion 157 42 Cachoeira das Quatro Oitavas 157 43 Reunião com moradores de Botumirim 158 44 Exposição Fotográfica em Montes Claros 158 45 Oficina de Rappel e Montanhismo 158 46 Festa do Val em Grão Mogol 158 47 Banner do Projeto Proturismo 158 48 Proposta de Regionalização do Turismo 160 49 Circuito Turístico Serra Geral 160 50 Circuito Turístico da Cachaça 160 51 Circuito Turístico Águas do Velho Chico 161 52 Circuito Turístico São Francisco Peruaçu 161 53 Circuito Turístico Serra Geral dos Bandeirantes 162 54 Circuito Turístico Vale Verde 162 55 Circuito Turístico Serras do Rio Pardo 163 56 Circuito Turístico Grande Sertão 163 57 Circuito Turístico Grutas e Veredas 164 58 Circuito Turístico Grutas II 164 xviii 59 Território de Experiência Piloto do Turismo Solidário 169 60 Habitantes de Grão Mogol 170 61 Consultores Visitam Receptivo Familiar 170 62 Crianças Brincando em Chapada do Norte 170 63 Receptivo Familiar 170 64 Manifestação Cultural em Chapada do Norte 170 65 Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol 170 66 Banner do Movimento Catrumano 179 67 Banner da I Expedição Caminhos dos Geraes 179 68 Banner da II Expedição Caminhos dos Geraes 179 69 Lançamento Oficial da Expedição Caminhos dos Geraes na Prefeitura Municipal de Montes Claros 179 70 Café Catrumano – Largada da Expedição em Montes Claros 179 71 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em Cordisburgo-MG 180 72 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em Cordisburgo-MG 180 73 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em Monte Claros 18074 Roteiro Pedais do Sertão 180 75 Parque Estadual Veredas do Peruaçu 180 76 Carro de Boi em São Romão-MG 180 77 Flor Nativa do Cerrado 181 78 Igreja de Santo Antonio de Itacambira 181 79 Debate com Expedicionários na chegada 181 80 Representantes dos roteiros em debate 181 81 Apresentação Cultural na Chegada da Expedição 181 82 Recepção na chegada dos Expedicionários 181 83 Rede de Roteiros da II Expedição Caminhos dos Geraes 182 84 GT‟s articulação e planejamento 190 85 GT Infra-estrutura 190 86 Apresentação do ambiente interno por Ana Tereza (SETUR Januária) e Hamilton dos Reis Sales (CEFET) 190 xix 87 Apresentação do ambiente externo por Cássio Alexandre da Silva (IGS) 190 88 Circuito Turístico Serra do Cabral e Cachoeiras 194 89 Circuito Turístico Urucuia Grande Sertão 194 90 Circuito Turístico Velho Chico 195 91 Pólo Turístico Vale do Jequitinhonha 195 xx LISTAS DE QUADROS N° QUADROS PÁGINA 1 Subsistema Ecológico 141 2 Subsistema Social 144 3 Subsistema Cultural 146 4 Subsistema Econômico 148 5 Forças e Fraquezas (ambiente interno) 184 6 Oportunidade e Ameaças (ambiente externo) 185 7 Instituições que poderão contribuir com as ações 189 xxi AGRADECIMENTOS A Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes na pessoa do Magnífico Reitor Paulo César de Almeida e na pessoa do Vice Reitor João dos Reis Canela a quem explicito meu sincero orgulho pela vida acadêmica construída. Ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS – na pessoa da atual Coordenadora Professora Drª. Maria Helena de Souza Ide, pela responsabilidade ideológica e competência administrativa, fico honrado de participar dessa construção, dessa história. À Minha Orientadora Professora Doutora Simone Narciso Lessa, meu oráculo na academia, por acreditar no meu potencial desde o começo, saudando-me com permanentes ensinamentos, pela orientação, pelos “puchões de orelha”, paciência, amizade, respeito e exemplo de dedicação com causas coletivas maiores, bem como sinônimo de responsabilidade com a arte da docência. O meu muito obrigado e parabéns pela magnífica conduta. Ao Professor Dr. João Batista de Almeida Costa, caro Joba Costa, pela batalha coletiva, pelo SONHO CATRUMANO, pelos ensinamentos, especialmente por ter aceitado o convite para a minha banca de qualificação, pela amizade, pelo exemplo de Pesquisador e Sonhador Sertanejo que é. Na sua pessoa aproveito para cumprimentar e agradecer a todo o Sertão norte-mineiro, sua magia, seu povo, nossas raízes, por nos permitir viver aqui. Aos demais Docentes do PPGDS, Professor Dr. Herberth Toledo Martins, Professora Drª. Luciene Rodrigues, Professor Dr. Gilmar Ribeiro, Professor Dr. Elton Xavier, Professor Dr. Antônio Dimas, Professora Drª Sarah Jane, ao Professor Ms. Roney Sideaux, Professor Dr. João Valdir, Professor Dr. Luis Antônio. Ao Professor Dr. Rômulo Carvalho, por ter fundamental participação na minha história acadêmica e por ter aceitado o convite para participar da minha banca de qualificação, xxii contribuído de maneira tão significativa, somando positivamente no meu trabalho. Muito Obrigado! Ao amigo, colega e professor Cássio Alexandre da Silva pelo Norte na vida acadêmica, reflexões, embates e debates, exemplo de batalha e vida docente, obrigado pelas boas energias. Instinto coletivo sempre amigo! Parabéns por sua vitória! Grande abraço a toda sua família. Aos funcionários da Secretaria do PPGDS, Luquinha, Cláudio, Madalena, Laiza, Fernanda e Vanessa pela amizade, atenção e profissionalismo. Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS na pessoa do grande colega Flávio José, Gladiador e, à colega Maria Cristina Barroso (in memorian) a quem também dedico este trabalho. Vida e Paz! À Faculdade Pitágoras de Turismo e Hotelaria na pessoa do Coordenador Clinton Xavier Rocha, e dos funcionários amigos, Zezin, Getúlio, Gêras, Adilson, Inácio, Cristina, Francis e Karin e dos Professores Geraldo Matos Guedes, Dalton Caldeira Rocha, Cibele Athayde Ribeiro Rebello, Cláudio Xavier da Silva, Carmem Alberta de Gasperazzo, Caius Marcelus Reis Silveira, Antônio Trajano de Moraes Neto, Ana Cristina M. Prates, Amaro Sérgio Marques, quem aproveito para parabenizar pelo êxito no PPGDS, Ivanilson Soares Dias, Janaina de Angelis Santos Vieira, José Joaquim R. Vieira, Kênia Torres Corrêa Ribeiro, Laurindo Mekie Pereira, Lindon Jonhson D. da Silva, Marcelo Silva Vieira, Marcelo Soares Gomes, Márcia Genoveva Rafael Versiani, Marillé Pata, Marta Verônica Vasconcelos Leite, Murilo Cássio Xavier Fael, Rafael Silva Gontijo, Roberto Soares Toledo, Rogério Martins F. de Souza, Rosane Bastos, Vânia Silva Vilas Bôas, Wanessa Pereira F. Quadros e, Nely Rachel a quem aproveito para agradecer pela atenção dispensada no somatório deste trabalho amenizando meus desentendimentos com a língua portuguesa. Aos Formandos 2004 do Curso de Turismo e Hotelaria das Faculdades Integradas Pitágoras meu apreço e saudade, bem como demais turismólogos amigos que por ali passaram. Gustavo Gauto, Pablo Fabian, Olavo Guimarães Neto, Thiago André Veloso de Oliveira, Juliano Rezende dos Santos, Juliano Fagundes, Marcellus Tolentino xxiii Mendes, Alberdam Freitas Nobre, Rafael Alexandre Lopes Versiani, Ana Paula Lima Santos, Ana Paula Lopes Oliveira, Hugo Roda da Cruz Barbosa, Jaqueline Pimenta, Lélia Aparecida Mendes Lacerda, Raphael Recenvindo Silva Bento, Anna Costa Gonçalves, Cleonice Ribeiro de Castro, Adriana Tadeu de Oliveira Lopes, Alessandra Lopes de Almeida, Ângela Gama dias de Oliveira, Denize Mota de Andrade, Inael de Almeida Murta Júnior, Janaína Canela Maia, Josiane Cavalcante Silva, Silvia Rosana Braga Xavier, Aniuska Drumond Lemos David, Laziane Gomes de Morais Rennó, Bertha Ribeiro Athayde, Clarice Maria Narciso Miranda, Maria Teresa Durães Alves de Meira, Onofre Gomes Versiani Neto, Rosembergh José Barbosa Júnior, Grazielle Seabra Durães, Gisele Corbelino Rocha, Isabela Cristina Silva Lopes, Maria Alice Navarro Sapori, Maria José A. Lopes, Renata Caroline Dias Machado, Rosiane Resende Rodrigues Garoia, Walquíria de Fátima Arruda, Karen Torres Corrêa Lafetá de Almeida quem aproveito para parabenizar pelo êxito no PPGDS. Aos Docentes e amigos do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros meus sinceros agradecimentos. Aos Colegas do Curso de Geografia da Unimontes, nas pessoas de Leonardo Quaresma, Simoney, Luis Andrey e Manoel, fortes na batalha sempre e, em especial para o grande gafanhoto irmão Lucas Higino. À amiga Professora Drª. Jussara Guimarães, pela amizade e complacência. Parabéns pelo sucesso! Saúde, sempre! A Prefeitura Municipal de Montes Claros na pessoa do Sr. Prefeito Athos Avelino Pereira e do Vice-Prefeito Sued Botelho pela confiança e apoio. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na pessoa do Secretário Paulo F. Ribeiro, pela confiança, grande incentivador, guerreiro ninja exemplo, da batalha por causas coletivas maiores; e, na pessoa da Gerente Municipal de Meio Ambiente Srª. Anildes Lopes pela compreensão e apoio. xxiv A todos os amigos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, “loucos por natureza” e companheiros de batalha, em especial ao colega e grande amigo Thiago Neves Silva e à colega e amiga Lídia Praça. Aos Gestores dos Circuitos Turísticos Lago de Irapé, Velho Chico, Urucuia Grande Sertão, Serra do Cabral e Cachoeiras e Serra Geral do Norte de Minas, nas pessoas de Márcia, Niviane, Rômulo, Ana Paula e Auridiná. Ao Ministério do Turismo do Brasil na pessoa do Excelentíssimo SenhorWalfrido dos Mares Guia, então Ministro do Turismo. Ao Governo do Estado de Minas Gerais na pessoa do Excelentíssimo Senhor Aécio Neves Governador do Estado de Minas Gerais e ao Excelentíssimo Senhor Antonio Augusto Junho Anastásia. À Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais – SETUR-MG na pessoa da atual Secretária de Turismo Érika Drumond. Ainda, à Superintendente de Fomento e Desenvolvimento do Turismo da referida Secretaria, Jussara Rocha parceira. A todas as Prefeituras Municipais do Norte de Minas, Noroeste, aqui representados pela Associação dos Municípios da Área Mineira da SUDENE, na pessoa do Presidente Sr. Walmir Moraes e da Secretária Executiva Beatriz Morais, às prefeituras municipais dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, na pessoa de Maria do Carmo F. Silva, idealista e batalhadora dessas bandas que tive o prazer de conhecer durante a construção do Plano Mesovales, aqui representando a Agência Mesovales, bem como prefeituras municipais do Vale do Cricaré na pessoa do Sr. José Fernandes Magnago de Jesus, companheiro na árdua batalha pelo desenvolvimento do turismo, representando a Faculdade São Mateus e o Instituto Vale do Cricaré. Ao Instituto Estadual de Florestas na pessoa do seu Diretor-Geral Humberto Candeias Cavalcanti grande parceiro, do Diretor de Pesca e Biodiversidade, Pai dos Parques e amigo, Célio Murilo de Carvalho Valle, do Supervisor Regional do Alto Médio São Francisco, amigo Rinaldo José de Souza, à Gerente da Regional Norte, amiga Marli Vitorino de Oliveira Ferreira e ao Gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, guerreiro amigo Jarbas Alcântara nas pessoas dos quais cumprimento todos os amigos do Instituto. xxv À Fundação Cultural Genival Tourinho e a TV Geraes nas pessoas dos amigos Afonso Mendes, Sônia Zuba, Ellen Parella, Nando Ribeiro e Maria Ribeiro pelos quais cumprimentos aos demais. Ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas – Regional Norte) nas pessoas do Gestor Regional Norte Cláudio Luiz de Souza Oliveira, dos analistas Wiviany Freitas Mendes, Armírio Duque de Oliveira Neto cujas informações muito somaram às minhas reflexões. Aos amigos do Instituto Grande Sertão, IGS, por continuarem acreditando no sonho que é o IGS e aos amigos do Espeleogrupo Peter Lund por também continuarem com o sonho CAVERNAR. A todos os meus primos e primas que torceram juntos Janaína, Nayara, Eduardo, Júlio, Felipe, Alisson, Luciana, Giovane, João Henrique, Luiza Ludimila, Maria Helena, Ana Paula, Renata, Juliana, Marcelo, Mariana, Samuel, Samir, Murilo, Danilo, Daniel, Bruno, Diogo, Fabrício, Tatiane Aos meus tios e tias pela atenção, respeito e boas energias, Geni, Célio, Nazaré, Elcio, Paulo, Aparecida, João, Olívia, Consuelo, Antonieta, Salviana, Adejair, Marisa, Juldázio, Carlos, Ademar, Paulo, Laurinda, Nivaldo, Ao amigo Walisson Klayton pela motivação, confiança e amizade. Aos amigos Arley Ronam e Thiago Veloso pela amizade e galhos quebrados. Aos grandes catrumanos amigos João Rodrigues, Dário Teixeira Contrim e Wanderlino Arruda. Aos amigos Fábio Borges e Telma Borges pelas boas energias de sempre, amizade e apoio. xxvi Ao cumpadre artista bocaiuvense Sergio Fabiano Ferreira, à cumadre paulista maestrina docente e amiga Luciana Lemos, ao quilombolinha Uirá, menino das fogueiras do sertão, uma família parte de mim. Ao grande sertanejo galático, amigo Túlio Ferreira Rangel na pessoa de quem reconheço a responsabilidade de representar todos os meus amigos do grande planeta mundo chamado Bocaiúva. Aos grandes amigos artistas Ney Antunes, Luis André Nascimento mentes de minha mente, elos de minha passagem terrena mais do que pensante. Aproveito para agradecer às amigas Rejane e Stephanie Pirfo, grande artista. Ainda, ao todos os amigos do ClubArt, em especial ao amigo Sinval Júnior, à amiga Érica Dias e ao amigo artista Felipe Barros. Aos comparsas Danilo, Cadú, Sergio, Dudú e Junior, e todos os demais amigos que de alguma maneira estiveram na torcida para o sucesso de meus trabalhos. Ainda, à Nanda, Sergin e Pequena, Amandinha, Larissa, Aos parceiros desse belo mundo sonoro Du, Flavin, Virgílio, Igor, Junin, André, Juliano, Bruno, Fabiana, Daniel, Rafael, Igor, e todos aqueles que me entorpecem com música boa pra suportar o lado guerra, sucesso a todos. Rock n‟ Roll e Pequi. Aos inimigos pelos ensinamentos, respeito e gargalhadas. A todos disseminadores de conhecimento. Às boas energias do mundo que abrem os olhos e a mente. Aos meus antepassados, vetores de minha essência. Todos vocês, direta ou indiretamente me ajudam a construir algo que ainda não sei o que será. Obrigado! 1 INTRODUÇÃO O turismo, em meio às contradições de seu processo histórico e geográfico de desenvolvimento, ora suscita seu caráter fetichista, massificante, agressivo e produtor de dependência, ora se evidencia a partir de complexas redes onde ganham destaque processos socioculturais inovadores, democráticos, inclusivos, emancipadores e sustentáveis. O desenvolvimento do fenômeno turismo em várias regiões do mundo tem apontado para importantes reflexões sobre a condição dos lugares e das pessoas que participam direta ou indiretamente de seu processo constitutivo enquanto atividade socioeconômica e culturalmente geografizada. Dentre os apontamentos que percorrem o debate atual sobre o turismo mundial, brasileiro e regional, destacam-se a formação da rede de turismo, a preservação da biodiversidade, a integração sul-americana, a prevenção e combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, a construção de políticas públicas participativas, a adoção de parcerias público-privadas, o fortalecimento de alianças comunitárias, dentre outros. Pode-se afirmar que cinco eixos-base aglutinam todo o pensar sobre a condição atual do turismo no mundo, sendo eles: o desenvolvimento econômico, a preservação da biodiversidade, a diversidade cultural, as condições para a paz e o desenvolvimento social. O estudo do fenômeno turismo tem sido analisado, via de regra, apenas do ponto de vista das concepções desenvolvimentistas e, mais recentemente, baseado nas variadas matizes do pensamento ecológico que o definem como um caminho prudente para o desenvolvimento sustentável dos lugares. Contudo, o leque de possibilidades reflexivas geradas a partir de suas dinâmicas faz do turismo um campo complexo de entendimento que, até então, vai além de nossas percepções. O fenômeno gerado a partir de sua expansão tem fomentado estudos, pesquisas, debates e principalmente análises de vários setores da sociedade, tanto dos órgãos oficiais, setores produtivos, sociedade e principalmente academias, “deixando de ser uma preocupação teórica secundária”, Aqui no norte, as redes são assim ... coisas que a gente sente, coisas que a gente vê, coisas que a gente vive, é o Sertão...uma rede só. Hebert Canela Salgado 2 Moesch (2000, p.09). Ainda, afirma que “a produção do saber turístico de modo geral, e de modo específico no Brasil, tem se constituído num conjunto de iniciativas, prioritariamente, do setor privado/empresarial e menos na academia, sejam universidades e/ou faculdades, públicas ou privadas”. Moesch (2000, p.13). O Turismo, como muitos estudiosos têm apontado, nasce e se desenvolve com o sistema capitalista, acompanhando seus avanços, percalços, contradições e reestruturações. É a partir da década de 1960, que suas faces se fundem como atividade de lazer, fomentando o deslocamento de milhões de pessoas, configurando-se em fenômeno econômico de grande expressão internacional. Contudo, suas origens remontam o histórico das viagens no mundo que, alimentadas por antigos desejos, sonhos e devaneios da humanidade, garantiram consistência e importância aofenômeno aqui em destaque. Em termos geográficos, uma diferença fundamental entre o turismo e as outras formas de lazer, como aquelas praticadas em casa (por exemplo, ver televisão) ou dentro de um perímetro urbano (por exemplo, freqüentar a piscina do clube local), é o componente “viagem”. Alguns autores empregam um critério de distância mínima para a viagem, mas em geral se considera o turismo como uma atividade que inclua no mínimo um pernoite fora do local de residência permanente. E ocorre que esses atributos de viagem e estada em turismo, por sua vez, originam diversas demandas por serviços que podem ser prestados por diferentes setores da indústria do turismo, razão pela qual também em termos econômicos e comerciais o turismo pode se diferenciar de outros tipos de atividades de lazer. Pearce (2003, p.25) De acordo com a Organização Mundial de Turismo - OMT 1 - organismo especializado das Nações Unidas e a principal organização internacional no campo -, o turismo constitui uma das principais atividades econômicas do planeta, responde por um em cada dez postos de trabalho no mundo e movimentou 3,5 trilhões de dólares em 2003, o que corresponde a 10% do Produto Interno Bruto - PIB mundial. Em 2002, 715 milhões de pessoas viajaram de um país para o outro, movimentando 474 bilhões de dólares em todo o mundo. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagens – ABAV 2 , a atividade turística é responsável por 5% de toda a riqueza do País, e por 10% do consumo de famílias, nesse contexto aponta que 100 mil novos empregos foram 1 Organização Mundial de Turismo (OMT) funciona como um fórum global para questões de políticas turísticas e como fonte de conhecimento prático sobre o turismo, com sede em Madri, Espanha contou em 2006 com membros 145 países (membros efetivos), sete territórios (membros associados) e mais de 400 profissionais (membros afiliados). Disponível em <http//: www.world-tourism.org>, visitado em 06 Mai. de 2006. 2 A ABAV é uma entidade civil sem fins lucrativos, criada em dezembro de 1953 com a finalidade de congregar e representar os interesses dos Agentes de Viagens. Disponível em < http://www.abav.com.br/AABAV.asp > visitado em 05 Nov 2006. 3 criados nos dois últimos anos no Brasil para um total de 1,4 milhões de novas vagas. Nora (2006, p.19-20). Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE o turismo impacta diretamente 53 setores da economia. Seu desenvolvimento, especialmente contemporâneo, tem suscitado a necessidade de compreensão de suas dinâmicas e principalmente, a busca de sua espisteme, muitas vezes controversa, e nesse sentido o desvendamento da especificidade do conhecimento turístico, a fim de assegurar uma melhor condução e assimilação dos seus reflexos na pós-modernidade. “Analisar as diversas interpretações deste fenômeno no transcorrer do tempo permite a formulação de problemas que visam desvelar a espisteme subjacente” Moesch (2000, p.10). Nesse contexto, ressalta-se a importância de se compreender o turismo para além de um processo econômico, entendendo que sua essência o denuncia antes de tudo como um fenômeno sócio-cultural-geografizado. Em sua compreensão Moesch (2000, p.09), aponta o turismo como, uma combinação complexa de inter-relacionamentos entre produção e serviços, em cuja composição integram-se uma prática social com base cultural, com herança histórica, a um meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais. O somatório desta dinâmica sociocultural gera um fenômeno, recheado de objetividade/subjetividade, consumido por milhões de pessoas, com síntese: o produto turístico. Ao chamar a atenção para a existência de um “produto turístico”, Moesch (2000, p.09) desperta a afirmação de Rabahy 3 (1990, p.25 apud Nascimento 1997, p.09), quando considera que o turismo constitui “uma atividade econômica que se encontra inteiramente relacionada a fatores de natureza socioeconômica, tais como: nível e distribuição de renda, tamanho da população, condições de acesso e proximidade do mercado.” O autor parece deixar de lado seu aspecto humanístico. Contudo, salientamos que o turismo é um processo fundamentalmente humano, que está além de suas funções econômicas. A ressignificação do turismo depende de novas reflexões filosóficas e novas expressões ideológicas capazes de aprofundar seus questionamentos. Dessa maneira, as reflexões sobre a natureza do turismo, não devem se voltar para a simplificação de sua 3 RABAHY, Wilson. Planejamento do Turismo. S. R. 2. Ed. Loyola, 1990. 167p. 4 complexidade, mas para a assimilação da mesma de maneira mais simples, em face de reconhecê-lo como fenômeno sociocultural capaz de, permitir novos modos de sensibilidade humana,de relação com o outro que coincidam com os desejos, o gosto de viver, à vontade de conhecer o mundo, com a instauração de dispositivos capazes de desterritorializar, criando novas relações, sentidos e representações na busca da transversalidade entre os grupos humanos. Moesch (2000, p.15) As categorias que expressam a sua estrutura vão além do tempo, espaço ou consumo. O fenômeno também ocorre na dimensão comunicacional, econômica, tecnológica, ideológica, imaginária, prazerosa e subjetiva. A reconstrução de novos conceitos incita a busca de novas categorias historicizadas, portanto, requerentes de uma abrangência de análise social, movida por condições objetivas e subjetivas. A intensa ocupação do espaço e seus reflexos, tanto no meio natural quanto na formação social, têm gerado novas realidades, ora positivas, ora negativas. Diante disto, a dinâmica de um espaço geográfico qualquer precisa ser compreendida à luz dos processos sociais que a engendram, sem, entretanto, esquecer as características naturais que ofereçam as bases para o desenvolvimento local. A adoção do paradigma de formação sócio-espacial como referencial teórico manifesta uma preocupação com análises globalizantes que levam ao reconhecimento dos vários níveis na construção de diferentes realidades, sendo o primeiro nível – os alicerces – dominado pela presença do quadro natural como definidor, em menor ou maior escala, da vida humana. Pereira, et all (2002, p.61) Sendo turismólogo, com atuação na área e, apresentando meu trabalho no Mestrado em Desenvolvimento Social considero que esta pesquisa ganha importância por seu pioneirismo. Esta Dissertação de Mestrado constitui ao mesmo tempo um retorno reflexivo ao conhecimento acumulado sobre o turismo e os fundamentos de minhas pesquisas anteriores, ou seja, o primeiro balanço dos trabalhos que venho fazendo sobre o desenvolvimento do turismo na região Norte-Mineira. Na tentativa de integrar alguns pensamentos do turismo, da geografia, da história, da antropologia, da sociologia e da economia, bem como têm caminhado os estudos sobre o turismo, este autor aprofunda suas reflexões sobre campos teóricos relativos ao: turismo, a região, ao espaço, a geografia, ao desenvolvimento, e sobre as redes, vasculhando suas complexidades, principalmente, quando pensa esse campo como escopo para o desenvolvimento da 5 pesquisa sobre a formatação da Rede do Turismo no Norte de Minas e conseqüente espaço de possibilidades para o desenvolvimento regional. O embasamento teórico-metodológico apóia-se em obras de referência voltadas à análise sócio-espacial do turismo, no caso desta pesquisa, obras que percorrem investigações sobre: Viagem, História, Turismo, Geografia, Espaço, Fluxos, Redes, Territorialidades, Planejamento, Estado, Participação, Economia, Globalização, Sociologia, Capital Social, Solidariedade, Antropologia, Identidade, Cultura, Meio Ambiente, Sustentabilidade, Desenvolvimento,dentre outras categorias de análise. O objetivo geral deste trabalho é compreender como a expressão contemporânea do Turismo, que passa a se estabelecer no Norte de Minas, pode se articular por meio de redes solidárias, em condições paralelas, a fim de garantir o desenvolvimento regional com base em uma lógica diferenciada que não seja a do capital. Contudo, os objetivos específicos do trabalho vão além da reflexão teórica sobre o turismo, planejamento, regionalização, territorialidades, solidariedade e redes, na tentativa de refletir sobre o desenvolvimento do Norte de Minas pela ótica do Turismo. Pretende-se, ao final de todas as ramificações teóricas e interfaces analíticas, que esta dissertação possa torna-se um canal de entendimento e assimilação das possibilidades de desenvolvimento social regional por meio do desenvolvimento do turismo em bases locais, sustentado por ações intermunicipais e interinstitucionais, mas acima de tudo, sustentado pela participação da sociedade civil na construção de políticas públicas para um turismo de caráter inclusivo e raízes de base local. Como já foi tratado em Silva e Salgado (2005, p.29), nesse contexto pretendemos refletir os “entraves e perspectivas” para o desenvolvimento turístico regional, avaliando sua condição, suas potencialidades, nivelando conhecimentos, ações, projetos, estudos existentes na região que oportunizem entendimentos locais da temática, fortalecendo ações e projetos desenvolvidos local e regionalmente, a partir de programas de sucesso fomentados pela Organização Mundial de Turismo - OMT, pelo Ministério do Turismo - MTUR, pela Secretaria de Estado de Turismo - SETUR, pelo Fórum Estadual de Turismo de Minas Gerais - FET, todas as outras instâncias e autarquias, pela Academia e toda a sociedade, na Região Norte Mineira. A essa proposição soma-se um olhar crítico diante da lógica do capital impregnada em grande parte das políticas públicas para o turismo, e identificando outras dinâmicas, a partir de 6 uma rede regional de turismo que se evidencia ao longo dos anos, sustentadas por micro-redes de solidariedade e reciprocidade, aqui consideradas de extrema importância para a manutenção de valores regionais, cultura, identidade, e para o desenvolvimento turístico do Norte de Minas a partir de bases locais. A dissertação apresenta como área de concentração: Desenvolvimento Social: Poder, Processos Socioeconômicos e Ordenamento Territorial em que participa da identificação das diferentes instâncias de poder, a análise das condições de trabalho e seus arranjos produtivos, a relação entre desenvolvimento e ordenamento geopolítico, os instrumentos do ordenamento territorial e territorialização, o planejamento e o ordenamento sócio-territorial. A linha de pesquisa é: Processos Sócioeconômicos e Ordenamento Territorial onde são tratados os processos de regionalização, o papel das técnicas e da racionalidade instrumental e, do campo teórico do ordenamento territorial. O método 4 científico que conduz o trabalho se volta para a Dialética Histórico- Estrutural considerado apropriado para o manejo da realidade, sendo esta natural e social. A Dialética Histórico Estrutural (DHE) tem como marca reconhecer no mesmo patamar de relevância, condições objetivas e subjetivas das estruturas históricas, que são formas de acontecer, partindo-se da crença científica comum de que a realidade social é pelo menos regular (Demo, 1980, p.94). A realidade natural, ao contrário é determinada dentro de um esquema rígido de causa e efeito, independente da vontade humana. A realidade social não é determinada, mas condicionada, o que permite atribuir-lhe maneiras típicas, tendências, regulares de seu acontecer. Moesch (2000, p.50). Em sua compreensão, Moesch (2000, p.50) afirma que a dialética constitui um “processo epistemológico crítico essencial, cujo campo de pertinências se situa não na teoria como formulação analítica das soluções, mas no nível pré-teórico dos problemas que fundamentam possibilidades de teorização”, como as que são objeto na análise do turismo. Na mesma direção, Demo (1980, p.94) aponta que “o processo histórico gera tendências contraditórias, cujas confrontações geram mudança e movimento”, conforme tem ocorrido com o turismo ao longo de sua história contraditória, dinâmica e mutável. Para Moesch, “a origem das transformações se encontra assim, no interior dos próprios 4 O funcionalismo e a fenomenologia, enquanto importantes vertentes teóricas da ciência, têm sido trabalhados na tentativa de se buscar aproximações teóricas, construções intelectuais, reflexões sobre o turismo. Contudo, as duas teorias, têm se mostrado insuficientes para dar conta do fenômeno. “O funcionalismo tem no espanhol Fernandez Fuster um dos seus próceres. Com a obra consagrada, bíblia na maioria dos cursos de turismo, o texto dos anos 1970 raramente é analisado para além de seu processo discursivo. A fenomenologia é uma proposta mais recente, aplicada ao campo epistemológico do turismo só na década de 1990 e, ao tentar avançar em torno de uma teoria do turismo, também deixa a desejar”. Moesch (2000, p.19) 7 processos históricos. Buscar conhecer, quer dizer, „reproduzir intelectualmente‟, é buscar esta realidade múltipla, dinâmica e contraditória, em pleno processo de constituição”. (2000, p.50). Dessa maneira, no caso do Turismo, a compreensão de que as estruturas são históricas, e nesse sentido se movem natural e socialmente, compõe um contexto permeado por dicotomias que se completam dialeticamente, indissociáveis, em um todo que nunca captamos plenamente. Na Sociologia e na a Antropologia, para apreender uma estrutura, é preciso que se abra mão da história. Nesse sentido, considerar que a estrutura é histórica seria um equívoco. Assim sendo, faz-se necessário que se coloque a estrutura em suspensão e apreendam-se suas dinâmicas e dicotomias considerando-as processuais, dinâmicas e, conseqüentemente, históricas. A categoria essencial para a DHE é a contradição. A contradição se apresenta na realidade objetiva, estabelecendo- se como uma interação entre aspectos opostos – interiores / exteriores, essenciais / não- essenciais, fundamentais / não-fundamentais, principais / acessórias. A DHE determina o papel e a importância na formação material e ressalta que é ela a origem do movimento e do desenvolvimento. O termo estrutural estaria indicando a existência de um todo único, em polarização, e dessa maneira, identificado com as raízes mais profundas do problema – a sua “essência”, o seu fundamento. Não se pode negar que mesmo um fenômeno tão dinâmico como uma revolução se faz dentro de estruturas históricas, mas estas estruturas não apagam o dinamismo, antes são a sua forma. E é isto que torna a dinâmica algo estrutural. Não é processo destruir o homem para compreendê-lo, se ao lado da análise, colocamos a síntese. Demo (1980, 202 apud Moesch 2000, p.50-51). (...) A estrutura, portanto, quer dizer a circunstância dada, ou coagulada como dado que delimita a capacidade de intervenção subjetiva, podendo ser chamada de condição objetiva. A DHE considera que a história é movida por formas necessárias, independentes da vontade humana, desencadeadoras de transformações: o histórico é estrutural, como conteúdos novos, dentro de formas invariantes. Toda a formação social, movida por conflitos estruturais, produz, necessariamente, uma nova história. Moesch (2000, p.50-51) A definição e especificação de um método nos estudos sobre turismo, especialmente frente a um objeto ainda não investigado como no caso do turismo do Norte de Minas, 8 destaca a necessidade de uma investigação multidisciplinar cuja base investigativa destorce em meio às contradições a fim de ancorar novas reflexões metodológicas. Imprimir nesse trabalhouma reflexão dialética-histórica-estrutural e ao mesmo tempo compatibilizar com uma visão sistêmica, fragmentada, sem quaisquer perspectivas de concepção de análise da evolução histórica a exemplo do Sistur proposto pelo professor Mário Carlos Beni sugere no mínimo um possível antagonismo. Especialmente quando se trabalha com o universo das significações, aspirações e crenças conforme anuncia a pesquisa qualitativa pretendida que aproxima as reflexões do método fenomenológico. De acordo com a Organização Mundial de Turismo a metodologia turística pode ser definida conforme aponta Dencker (1998, p.24), como o “conjunto de métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas para ter um conhecimento científico, técnico ou prático dos fatos turísticos”. Contudo, as investigações acerca do turismo têm se pautado por métodos de outras áreas do conhecimento, a exemplo da Geografia, da Sociologia e da Antropologia, especialmente pelas indagações acerca de sua condição de ciência ou fenômeno. O turismo é um fenômeno social, fenômeno porque empiricamente observável e social porque diz respeito ao homem em sociedade e dentro de um processo histórico. Proponho que, à ciência que o estuda se dê o nome de turismologia, ou turismosofia, para estabelecer diferenças inteligíveis entre o fenômeno e a pesquisa a seu respeito. Barretto (2004, p.85) As complexidades e contradições do turismo flutuam entre os universos quantitativos e qualitativos, especialmente quando é anunciado sob transição no que diz respeito ao seu formato que se inicia como turismo de massa e em processo evolutivo passa a destacar novos segmentos ligados à auto-sustentabilidade, preservação socioambiental, dentre outros. Muitos autores o destacam com fenômeno social, cultural, econômico, ecológico e político. No caso desse trabalho o entendemos como um fenômeno sociocultural geografizado. É preciso um profundo conhecimento do fenômeno que se constitui numa atividade econômica, sim. Contudo, de perfil essencialmente humanista. Faz-se necessário “mostrar como o turismo vem se firmando como ciência humana e social, ainda que seus efeitos econômicos sejam os que mais se destacam, merecendo não só a atenção maior de pesquisadores e empreendedores, como também maior e melhor tratamento estatístico” Beni (2001, p.41). 9 Diferentes correntes de pensamento e plataformas distintas de abordagens destacam uma divisão relativa aos aspectos metodológicos da pesquisa em turismo. Kuhn (1990) 5 apud Rejowski (1999) destaca três formas de se considerar os aspectos metodológicos de estudos em turismo: uma visão reducionista com foco de estudo nos elementos, uma visão holística que considera todas as partes como inseparáveis e, visão sistêmica que vê o turismo como um sistema, observando as peculiaridades do todo e as propriedades específicas das partes. O desafio aqui é estabelecer um referencial de interfaces entre as diferentes visões na busca de atingir uma totalidade compreensiva acerca do turismo. Resolver questões relativas ao método de pesquisa em turismo traz a luz de nossas reflexões, importantes apontamentos que até justificariam possíveis contradições. Sobretudo, cabe ressaltar que em meio às contradições e complexidades de um recente campo do saber surgem episódios capazes de emoldurar aos poucos novas possibilidades acadêmicas sem, no entanto, comprometerem o alvo da pesquisa bem como seus resultados. Pesam então os entendidos que destacam o conhecimento científico como um processo contínuo, que evolui na história e para a história a partir de diferentes visões de mundo. Ainda, como área de estudo recente e ciência não consolidada a pesquisa em turismo se mostra cada vez mais sólida onde pesam as primeiras correntes científicas e uma número ainda pequeno de trabalhos e publicações. Nesse caso, ganha destaque a questão da disciplinaridade na condução de seus rumos à construção de um ramo do saber. A interdisciplinaridade constitui um aspecto fundamental na análise do Turismo, cujas variáveis e métodos de análise, embora “emprestados” de ciências já consolidadas apresentam “objeto de estudo próprio, situado além de todas elas, algo novo, isto é, no conceito moderno de ciência da expressão do homem no mundo global, competitivo, e que quer se transcender rumo a uma nova visão de valores universalistas” Beni (2001, p.42). Conforme aponta Moesch (2000, p.14), “a interdisciplinaridade aponta um método investigativo fecundo sob o ponto de vista epistemológico, desde que superados os nichos particularistas existentes nas universidades, nos quais os clássicos campos do saber são criteriosamente delimitados”. 5 KUHN, Thomas S. A estruturação das revoluções científicas. 3 ed. São Paulo: Perspectiva SA, 1990. p. 57-76. 10 O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS, da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, de onde emana esta dissertação de mestrado sobre “A Rede do Turismo no Norte de Minas(...)”, se articula com a compreensão dos processos sociais que conjugam as estruturas macro-sociais e as instâncias sociais regionais e, dessa maneira, tem fomentado a formação de pesquisadores voltados, em sua maioria, para a compreensão interdisciplinar de problemas regionais, podendo ter o cenário Norte Mineiro como lócus de estudos e pesquisas. Nesse contexto, onde: o desenvolvimento regional das últimas décadas não foi acompanhado de um significativo desenvolvimento social, uma vez centrado na implantação e ampliação da infra-estrutura regional voltada para o sistema produtivo industrial e industrializado, a realidade regional apresenta-se como objeto empírico privilegiado, propiciando, desta maneira, que o conhecimento produzido dê suporte ao desenvolvimento sócio- econômico regional 6 . (UNIMONTES, PPGDS, 2006) Diante da complexidade do fenômeno turismo e sua importância já percebida a partir de algumas experiências de sucesso no mundo e no Brasil, o debate que o cerca deve participar dessa proposta de construção de conhecimento. De acordo com os objetivos do Programa, almeja-se: propiciar uma maior integração entre as várias áreas das Ciências Humanas e Sociais na Unimontes ao se criar esse espaço de atuação multidisciplinar, visando uma evolução para a constituição de relações interdisciplinares entre elas e os vários campos do conhecimento, no entanto, organizados de forma a permitir a centralidade do Desenvolvimento Social enquanto balizador dos projetos e pesquisas a serem desenvolvidos no Mestrado. (UNIMONTES, PPGDS, 2006). Na tentativa de superação do entendimento estrábico, que quase sempre aponta o turismo como um setor menor da economia, nota-se que: essa busca de variáveis explicativas e métodos de análise caracteriza a multi e a interdisciplinaridade. Por sua vez, a incorporação e a transformação dessas variáveis e métodos permitem aplicações interativas e operacionais na observação, descoberta e interpretação singulares percebidas no objeto de estudo do Turismo, traduzindo-se no que constitui a transdisciplinaridade 7 . Beni (2001, p.42). No mesmo sentido, a construção do campo metodológico, encontra no Sistema Turismo – SISTUR, proposto pelo professor Mario Carlos Beni, um conceito amplo e 6 Contextualização institucional e regional da proposta do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS), da Unimontes. Disponível em < http://www.ppgds.unimontes.br/>, visitado em 26 de Nov. de 2006 7 Segundo Nicolescu (2001, p.50-53) a Pluridisciplinaridade e a Interdisciplinaridade preocupam-se com o método, ou seja, com a pesquisa disciplinar enquanto que a Transdisciplinaridade tem por finalidade a compreensão e atuação no mundo. Disponível em <http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/Eixo4/E4_156.htm> visitado em 02 Dez. 2006. 11 rico que se configura como uma ferramenta importante desta investigação. Esse conceito se constitui num dos modernos recursos de instrumentalização e operacionalização das pesquisas sobre o Turismo possibilitando trabalhar o microcosmo sem perder a perspectiva holística. Moesch (2000, p.14) afirma que “relativizando as definições econômicas e técnicas, o pesquisador aponta as perspectivas holísticas como as mais apropriadas na apreensão do fenômeno turístico. Cita alguns elementos importantes no estudo, como a viagem e o deslocamento, a permanência fora do domicílio, a temporalidade e o sujeito, objeto do turismo”. A estratégia metodológica de investigação compreende movimentos reflexivos investigativos e participativos de processos que integram a pesquisa. Trata-se de movimentos reflexivos sistemáticos e críticos a fim de pesquisar e compreender aspectos da atividade turística como matriz de conhecimento, na constante busca de superação, lançando novas reflexões e estabelecendo ressignificações às categorias que participam do arcabouço científico do turismo a partir de seu referencial teórico e, dessa maneira, reconstruindo a realidade onde ocorre. Partindo do pressuposto de que a realidade do Turismo vai além do que aparenta à primeira vista e de que, nesse sentido, não esgotaremos a dinâmica de sua realidade, propomos uma metodologia de abordagem qualitativa. De acordo com Moesch, “a pesquisa qualitativa preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalha com o universo de significações, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (2000, p.62). Aponta, ainda, que desenvolver uma discussão desta natureza, assentada numa abordagem interdisciplinar, privilegiando dificuldades do campo do turismo, exige uma metodologia capaz de investigar “não apenas que a parte está no todo, mas que também, o todo está na parte, cada parte conservando a singularidade e a individualidade pois, de algum modo, contém o todo”. A pesquisa qualitativa é uma reação contra o paradigma estrutural quase sempre associado a modelos quantitativos de análise, com algumas exceções, tais como o modelo marxista que, embora estrutural, se apóia com veemência nos dados históricos, específicos e únicos em sua qualidade reconstrutiva do passado. Há que considerar que esta reação não representa um repúdio cabal às macro-análises e, sim, o reconhecimento de que a sociedade é constituída de microprocessos que, em seu conjunto, configuram as estruturas maciças, aparentemente invariantes, atuando e conformando inexoravelmente a ação individual. Haguette (1995, p.20) apud Moesch (2000, p.62). 12 Nesse caso, falar de micro-processos nos permite pensar na condição das micro-redes do turismo regional que carregam em suas dinâmicas laços históricos de solidariedade e reciprocidade ao delinearem o nosso “turismo da roça” que, ao longo dos anos, configurou no Norte de Minas uma lógica diferenciada para o tipo de turismo que acompanhou até então sua construção sócio-cultural e que, incrivelmente, conseguiu, por muito tempo, não se curvar aos modelos convencionais de turismo que surgiram. Até porque, as viagens desencadeadas nos caminhos dos gerais ao longo da história do Norte de Minas, que podem ser consideradas „de turismo‟, ocorreram, até então, por dinâmicas naturais das pessoas e localidades que se contrastam nas bandas de cá. A estratégia metodológica é construída a partir da pesquisa bibliográfica, da pesquisa de campo e de entrevistas que, em algum momento, se convergiram, permitindo reflexões que positivaram o pensar que percorre este trabalho. Compõe a linha mestra da pesquisa a análise sociológica, antropológica e geográfica do Turismo. A compreensão do turismo, enquanto fenômeno sociocultural geografizado, deve estar além do trato puramente geográfico-economicista - quase sempre dado ao tema -, e nesse sentido considerando que os homens são partes do espaço, não apenas porque viajam, mas, principalmente, porque vivem e nele se transformam. O espaço, por sua vez, é viajado e às vezes transformado. Nas ciências sociais, o debate sobre o fenômeno turismo nasce em meio à controvérsia sobre a natureza do turismo como pseudo-acontecimento ou como evento autêntico. É na década de 1960 que surgem os primeiros trabalhos sobre turismo na perspectiva da sociologia e da antropologia 8 . Nesta última, “o artigo pioneiro, tratando do turismo de fim de semana em uma vila mexicana, foi escrito por Theron Nuñez em 1963”. Banducci e Barreto (2001, p.24). Na geografia, as primeiras incursões sobre o tema se iniciaram um pouco mais cedo, de acordo com a expressão “geografia do turismo” empregada pela primeira vez em 1905 por J. Strander, conforme afirmação de Rodrigues (2001, p.40). De qualquer maneira, salientamos que a contribuição da antropologia à ciência geográfica no sentido de compreender os processos sociais e, nesse sentido, validar o entendimento do turismo a partir de uma Geografia Cultural, em 8 O Professor Álvaro Banducci, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, tem sido um dos responsáveis pela introdução dos estudos sobre a temática nos eventos de Antropologia, como fez na IV Reunião de Antropologia do Mercosul promovida pela Associação Brasileira de Antropologia – ABA. Silva (2002, p.123-124) 13 muito, vem a somar no processo de compreensão das dinâmicas que emergem com o fenômeno turismo que aos poucos espraia suas lógicas pelo Norte de Minas. O desaparecimento da geografia cultural que parecia assim programado para o início dos anos 1970 não aconteceu. A uniformização das técnicas e da vida material nunca foi tão marcante como hoje. (...). O contexto obriga, pois, os geógrafos a não negligenciarem as dimensões culturais dos fatos que observam. Ele orienta sua curiosidade numa nova direção: as técnicas tornaram-se demasiadamente uniformes para deter a atenção; são as representações negligenciadas até então, que merecem ser estudadas. (...). 9 Claval (2001, p.49-50) Depreende-se de Claval que o processo de reconstrução e renovação da geografia cultural, que se inicia a partir de 1970 e se manifesta de maneira mais regular na França, espraia-se por vários lugares com o mesmo entendimento de que “os lugares não têm somente uma forma e uma cor, uma racionalidade funcional e econômica.” Na verdade, estão “carregados de sentido para aqueles que os habitam ou que os freqüentam”. Dessa maneira, mesmo que a geografia cultural não renuncie aos aspectos materiais da cultura, passa a se prender às paisagens, descrever as paixões, os gostos das pessoas, toma uma dimensão etnográfica e, “volta-se para as conseqüências dos discursos que as diferentes culturas proferem sobre o mundo e sobre a natureza. Questiona-se sobre as mudanças de atitude em relação à cultura, à natureza das identidades e do vínculo territorial, aos aléns aos quais os homens se referem e que lhes servem de modelos”. (2001, p.58) Parafraseando Yves Lacoste (1997, p.34), Ouriques (2005, p.88) questiona se “a geografia serve, antes de mais nada, para fazer turismo”, na mesma direção, afirma que geógrafos e outros profissionais têm colocado seus conhecimentos à disposição da indústria do turismo, catalogando tudo o que for passível de ser utilizado para a expansão dessa atividade, considerando-os “arqueólogos do capital” que transformam a geografia em uma ciência do e para o capital. Entendemos que a dificuldade de superar a racionalidade econômica ainda impera sobre a grande maioria dos estudos sobre o turismo que, no matiz da esfera econômica, analisam as paisagens, o patrimônio histórico,a natureza, as populações tradicionais e comunidades como produtos turísticos intrínsecos. 9 A reflexão conduz Claval (2001, p.51) a pontuar que “a freqüentação dos etnógrafos e dos sociólogos ensinou a alterar a análise dos gêneros de vida no sentido de aplicá-la a sociedades mais complexas. No lugar de considerar o emprego do tempo e os deslocamentos dos indivíduos como unidades indissociáveis, por que não dividi-los em segmentos menores?”. 14 Contudo, salientamos que este trabalho emana da necessidade de produções científicas sobre turismo que não pactuem com análise substancialmente pró-capitalista, entendendo que os problemas conseqüentes do turismo - nessa pesquisa entendido como um fenômeno sócio-cultural geografizado - no mesmo nível de sua complexidade é especialmente de ordem institucional e cultural, principalmente, quando se tem como recorte o Norte de Minas. De qualquer maneira, um olhar geográfico a partir da Teoria das Redes se mostra interessante, entendendo que o desenvolvimento social do Norte de Minas encontrará no turismo uma possibilidade de conexão, a medida em que se compreenda a importância do desenvolvimento do turismo regional a partir de bases locais e micro-redes de solidariedade. Buscamos, neste trabalho, estabelecer contato com o campo da “Sociologia do Turismo”. Para tanto recorremos à compreensão de Weber (1991, p.03) apud Dias (2003, p.14), de que a Sociologia significa “uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos”. No mesmo contexto, Durkheim (1973, p.391-392) apud Dias (2003, p.13), compreende que o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais, que “apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõem”. Em suas reflexões, Moesch (2001, p.15) afirma que “fazer turismo, tanto para quem o produz como por quem o consome, é uma forma de apropriação de poder. Consumir o outro, o diferente, o exótico, o distante, supostamente gera experiências prazerosas”. Hobhouse (1924) apud Dias (2003, p.17) aponta que “o assunto da Sociologia é a interação dos espíritos humanos”. Queremos entender, portanto, as condições e relações sociais estabelecidas a partir do Turismo. Os estudos sobre Antropologia e Turismo ainda são recentes e tímidos, e boa parcela deles tem-se concentrado em questões como a violência nas cidades, segurança pública e turismo, situações que envolvem direitos humanos e inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais nos circuitos turísticos, e mais recentemente participam dos debates e produções as situações de conflito entre os turistas e os residentes das localidades visitadas. Essa postura, emergente de uma cultura de mercado capitalista, desconhece a essência do fenômeno turístico, o qual exerce uma pressão crescente sobre a produção da subjetividade social, o ecossistema, o modo estético, a herança cultural, existentes nas localidades visitadas, gerando agenciamentos possíveis de ressignificação com a realidade, por meio da relação entre visitantes e visitados. Moesch (2000, p.14). 15 Este entendimento deve se dar por meio da participação de toda a sociedade, solidificado a partir de um debate aberto entre academia, governos e sociedade, especialmente na produção de conhecimento sobre os processos sociais partícipes do fenômeno turismo, e na construção de políticas públicas que fomentem a formação de fóruns e conselhos municipais e regionais de turismo, consórcios de turismo, fortalecendo parcerias intermunicipais e interinstitucionais, em todas as suas esferas, especialmente entre órgãos ligados ao turismo, meio ambiente, cultura e desenvolvimento social, consolidando assim redes de sustentabilidade do fenômeno. Cabe ressaltar que nesta pesquisa almejamos analisar princípios de enfoque participativo com ênfase no intercâmbio de experiências no sentido de encontrar ferramentas metodológicas, visualização e problematização acerca da atividade turística no Norte de Minas. O problema aqui investigado questiona como o Turismo, a partir de suas contradições, pode fomentar o Desenvolvimento Social no Norte de Minas. Quanto às respostas ao problema apresentado, pressupomos que, se por um lado, o turismo provoca impactos ambientais, sociais e econômicos de maneira cada vez mais intensa e marcante para os espaços, por outro, se percebe uma evolução de seus modelos sustentáveis, à medida que são adaptados às realidades dos mesmos espaços onde ocorre e, sob essas bases. O Turismo tem funcionado como alavanca nos processos de valorização de identidades, resgate e preservação cultural, preservação ambiental, minimização de situações de vulnerabilidade social, fortalecimento de redes solidárias, fomento ao capital social, dentre outros. As informações, diretrizes, diagnósticos e proposições que serão evidenciados neste trabalho ganham força por meio das Políticas Públicas Federais desenvolvidas pelo Ministério do Turismo (MTUR), pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (SETUR) de acordo com o planejamento estratégico do turismo para o Estado, e pelas ações que vem sendo desencadeadas no âmbito do Turismo pelas Gestões Municipais, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e setor privado e sociedade civil interessada, que têm assimilado a importância do desenvolvimento do turismo regional, bem como trabalhos já desenvolvidos por alguns pesquisadores sobre o tema. A pesquisa salienta que a atividade turística no Norte de Minas, apesar de sua condição incipiente, tem participado de importantes articulações, seja na criação de circuitos turísticos ou no diagnóstico de suas potencialidades. Como exemplo, temos os trabalhos 16 realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE- MG) que há alguns anos vêm formatando inventários turísticos dos municípios da região e mais recentemente, em parceria com o Ministério do Turismo e Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (IDENE), validando iniciativas de real importância para a região a partir do Programa Turismo Solidário – PTS. Ainda, nos despertam a atenção os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Grande Sertão (IGS) e pelo Espeleogrupo Peter Lund (EPL) que, a partir dos Projetos PROTURISMO e CAVERNAR, propõem respectivamente a formação de circuitos turísticos de menor escala e manutenção do patrimônio espeleológico regional, considerando aspectos geográficos naturais e relações histórico-culturais entre os municípios do Norte de Minas. Também ganham destaque os trabalhos desencadeados por Instituições de Ensino Superior, como é o caso das Faculdades Integradas Pitágoras de Turismo e Hotelaria (FIP) que têm participado de importantes momentos na consolidação de parceiras, pesquisas e ações práticas no sentido de construir elos na cadeia produtiva do turismo, e da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) ao assimilar a necessidade do debate e pesquisa sobre o turismo regional e participar a temática do processo de elaboração do Diagnóstico para a Agenda de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião do Norte de Minas – AGENDA MESONORTE. 10 Parte dos diagnósticos que resultarão em reflexões ao fim deste trabalho foi feita durante as duas edições da expedição Caminhos dos Gerais, iniciativa da Prefeitura Municipal de Montes Claros, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), cujo objetivo se volta à promoção e articulação intermunicipal na região. Este autor esteve primeiramente participando como convidado e na segunda edição participando como um dos coordenadores do processo. Na oportunidade a descentralização
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