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A rede do turismo no Norte de Minas_2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
 
 
 
A REDE DO TURISMO NO NORTE DE MINAS: 
PLANEJAMENTO, REGIONALIZAÇÃO, TERRITORIALIDADES E 
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NOS CAMINHOS DOS GERAIS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEBERT CANELA SALGADO 
 
 
 
MONTES CLAROS 
2007 
 ii 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REDE DO TURISMO NO NORTE DE MINAS: 
PLANEJAMENTO, REGIONALIZAÇÃO, TERRITORIALIDADES E 
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NOS CAMINHOS DOS GERAIS. 
 
 
 
HEBERT CANELA SALGADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIMONTES 
 2007 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em 
Desenvolvimento Social da Universidade 
Estadual de Montes Claros - Unimontes, como 
requisito para obtenção do título de Mestre. 
 
Orientadora: Profª. Dra. Simone Narciso Lessa 
 iii 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS 
PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
 
 
Dissertação intitulada “A Rede do Turismo no Norte de Minas: planejamento, 
regionalização, territorialidades e desenvolvimento social nos caminhos dos Gerais”, de 
autoria do Mestrando Hebert Canela Salgado aprovada pela banca examinadora 
constituída pelos seguintes professores 
 
 
 
Banca Examinadora constituída, em 22 de junho de 2007, pelos professores: 
____________________________________________________________ 
 
Profª. Drª. Simone Narciso Lessa (PPGDS/Unimontes) - Orientadora 
 
 
____________________________________________________________ 
 
Profª. Drª. Maria Geralda de Almeida (UFG) - Examinadora 
 
 
____________________________________________________________ 
 
Prof. Dr. João Batista de Almeida Costa (PPGDS/Unimontes) - Examinador 
 
 
_____________________________________________________________ 
 
Drª. Maria Helena de Souza Ide - Coordenadora do PPGDS 
 
 
 
 
 
 
MONTES CLAROS 
2007 
 
 
 
 
 iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação Biblioteca Central Prof. Antonio Jorge 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Salgado, Hebert Canela. 
S164r A rede do turismo no Norte de Minas [manuscrito]: planejamento, regionalização, 
territorialidades e desenvolvimento social nos caminhos dos gerais / Herbert Canela 
Salgado. – 2007. 
 227 f.: il. 
 
 Bibliografia: f. 218-227. 
 
 Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento 
Social, Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, 2007. 
 Orientação: Prof. Dra. Simone Narciso Lessa. 
 
 1. Turismo – Norte de Minas. 2. Turismo – Desenvolvimento social. 3. Turismo – 
Planejamento. 4. Redes de turismo. I. Universidade Estadual de Montes Claros. 
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. II. Título. 
 
 
 CDD 380.14598151 
 
 
 v 
SALGADO, Hebert Canela. A Rede do Turismo no Norte de Minas: 
Planejamento, Regionalização, Territorialidades e Desenvolvimento Social nos 
Caminhos dos Gerais. 2006. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Social) – 
Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES 
 
 
RESUMO 
 
 
Esta Dissertação de Mestrado constitui ao mesmo tempo um retorno reflexivo ao 
conhecimento acumulado sobre o turismo e os fundamentos de minhas pesquisas 
anteriores, ou seja, o primeiro balanço dos trabalhos que venho fazendo sobre o 
desenvolvimento do turismo no Norte de Minas. O autor aprofunda suas reflexões sobre 
a formação da rede do turismo norte-mineiro, como campo de possibilidades para o 
desenvolvimento regional. O embasamento teórico-metodológico apóia-se em obras de 
referência voltadas à análise sócio-cultural geografizada do turismo. O objetivo geral 
deste trabalho é refletir como a expressão contemporânea do turismo que passa a se 
estabelecer no Norte de Minas, pode se articular por meio de redes solidárias, em 
condições paralelas, a fim de garantir o desenvolvimento regional com base em uma 
lógica diferenciada que não seja a do capital. A dissertação apresenta como área de 
concentração: Desenvolvimento Social: Poder, Processos Socioeconômicos e Ordenamento 
Territorial. A linha de pesquisa é: Processos Socioeconômicos e Ordenamento 
Territorial. O método científico que conduz o trabalho se volta para a Dialética 
Histórico-Estrutural considerado apropriado para o manejo da realidade, sendo esta 
natural e social. No mesmo sentido, a construção do campo metodológico, encontra no 
Sistema Turismo – SISTUR, proposto pelo professor Mario Carlos Beni, um conceito 
amplo e rico que se configura como uma ferramenta importante desta investigação. A 
estratégia metodológica de investigação compreende a convergência de movimentos 
reflexivos investigativos e participativos de processos que integram a pesquisa, além da 
pesquisa bibliográfica. Propõe-se uma metodologia de abordagem qualitativa. O 
problema aqui investigado questiona como o Turismo, a partir de suas contradições, 
pode fomentar o Desenvolvimento Social no Norte de Minas. Quanto às respostas ao 
problema apresentado, pressupomos que se por um lado o turismo provoca impactos 
ambientais, sociais e econômicos de maneira cada vez mais intensa e marcante para os 
espaços e culturas, por outro se percebe uma evolução dos seus modelos sustentáveis de 
base local, na medida em que, são adaptados às realidades locais onde ocorre. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Turismo; Norte de Minas; Redes; Planejamento, 
Desenvolvimento Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
SALGADO, Hebert Canela. The Net of the Tourism in the North of Minas Gerais: 
Planning, Region, Territorialities and Social Development in the Ways of the 
Gerais. 2006. Master degree dissertation (Mestrado in Social Development) – 
Montes Claros State University – UNIMONTES. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This master degree dissertation constitutes at the same time a reflexive return to the 
accumulated knowledge about the tourism and the background of my previous 
researches, in other words, the first evaluation of the works that I have done so far about 
the development of the tourism in the north of Minas Gerais. The author intensify his 
reflections about the formation of the tourism net in the north of Minas, as a field of 
possibilities for the regional development. The theoric-methodologic background 
supports itself in Works with a reference turned to the geographic social-cultural 
analysis of the touism. The general purpose of this work is reflect as a tourism 
contemporary expression that pass and establish itself in the north of Minas Gerais, and 
articulate by solid means, in parallel conditions, in order to ensure the regional 
development based in a different logic besides the capital one. The dissertation presents 
as a concentration area: Social Development: Power, Social-econimic processes and territorial 
ordering. The research line is: Social-economic processes and Territorial ordering. The 
scientific method that leads this work turns itself to the Historic-structural dialectic 
considered proper to handling the reality, even natural and social. In the same direction, 
the construction of the methodological field, finds in the Sistema Turismo – SISTUR, 
proposed by professor Mario Carlos Beni, a large and rich concept that set itself as a 
important tool of this investigation. The investigation methodological strategy 
comprehends the convergence of invesigative-reflexive movements and cooperative 
processes that compose the research, besides the bibliographic research. Its proposed a 
qualitative approach methodology. The problem investigated question how the Tourism, 
from itscontradictions, can promote social development in the north of Minas Gerais. 
Regarding the answers to the presented problem, we foresee that in a point of view the 
tourism generates an increscent intense and expressive environmental, social and 
economical impact to the space and culture, and in another hand it can be perceived an 
evolution of the tenable models of local base, when it is adapted to the local realities 
where it occurs. 
 
KEY WORDS: Tourism; North of Minas Gerais; Netting; Planning, Social 
Development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O Turismo é uma Universidade em que o aluno nunca se 
gradua, é um Templo onde o suplicante cultua mas nunca 
vislumbra a imagem de sua veneração, é uma Viagem com 
destino sempre á frente mas jamais atingido. Haverá 
sempre discípulos, sempre contempladores, sempre errantes 
aventureiros.” 
Lord Curzon (1859-1925) 
Governador-geral da Índia 
In Beni(2001) 
 viii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, 
 
 à minha família Canela e Salgado, 
pela beleza dos laços, da rede e fortaleza que é, 
nas pessoas de Vovô Paulo Canela, valente, e Vovô Tereziano Salgado, persistente, além 
de Vovó Ana e Vovó Tereza pelo carinho 
ao meu Pai, minha força, José Adilson Salgado, 
a minha linda Mãe, anjo de minha guarda, Antonina Eliana da Glória Canela Salgado, 
ao meu irmão, meu companheiro desde pequeno, Rodrigo Canela Salgado, 
ao meu amor, Jéssica Luiza de Albuquerque, linda, pela, dedicação e compreensão, e sua 
família, Dinha, Mônica, Bárbara, Ronaldo, Pedro e demais, 
aos meus amigos, tão distantes nesses tempos de batalhas individuais e, tão perto sempre, 
Magela, Hugo, Tulhão, Willhão, Igão, Rabelo, Pablin, Marlon, Chicão, Bil, Abdias, 
Marcelo Braga, Ayrtin, suas famílias e demais amigos que trilham comigo; 
ao amigo Eduardo Gomes pelo exemplo de dedicação à causas coletivas maiores, 
em especial, a tio João dos Reis Canela, pelo exemplo de dedicação e sucesso na vida 
Acadêmica; 
a Madrinha Olívia e Padrinho Joel (saudades) (in memorian) 
aos Povos do Cerrado! 
 
 ix 
SUMÁRIO 
 
 
PÁGINA 
RESUMO................................................................................................................ v 
ABSTRACT........................................................................................................... Vi 
EPÍGRFE............................................................................................................... vii 
DEDICATÓRIA.................................................................................................... viii 
LISTA DE SIGLAS............................................................................................... xi 
LISTA DE TABELAS........................................................................................... xvi 
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ xvii 
LISTA DE QUADROS......................................................................................... xxi 
AGRADECIMENTOS.......................................................................................... xxii 
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 01 
CAPÍTULO PRIMEIRO: A HISTORIA DAS VIAGENS E O 
SURGIMENTO DO TURISMO.......................................................................... 
21 
 
1.1. Os antecedentes das Viagens e as raízes do Turismo....................................... 21 
1.2. O Desenvolvimento do Turismo Moderno: séculos XIX e XX....................... 30 
1.3. O Conceito de Turismo: múltiplos olhares em sua historia ............................. 37 
1.4. Os Paradigmas do Turismo.............................................................................. 46 
 
CAPÍTULO SEGUNDO: PLANEJAMENTO TURÍSTICO: OS 
SISTEMAS, AS REDES E A GESTÃO SOCIAL DO TURISMO................... 
 
53 
 
2.1. Planejamento Turístico e Sistemas: nota introdutória para o planejamento 
em redes.................................................................................................................. 
 
53 
2.2. Redes: morfologia e conectividade no turismo contemporâneo............... 69 
2.3. Turismo no Brasil: breves entendimentos............................................... 80 
2.4. Planejamento Turístico de Minas Gerais: das políticas públicas à Rede de 
Circuitos................................................................................................................ 
 
87 
2.5. O papel das redes na gestão social do turismo: capital social e 
desenvolvimento regional...................................................................................... 
 
98 
 
 x 
CAPÍTULO TERCEIRO: A REDE DO TURISMO NO NORTE DE 
MINAS: OLHARES........................................................................................... 
 
105 
 
3.1. Turismo no Sertão Mineiro: viagens antigas, história recente................. 105 
3.2. Turismo no Norte de Minas: entraves e perspectivas na ótica do 
SISTUR................................................................................................................ 
 
115 
3.2.1. O Norte de Minas como o lugar dos lugares para o turismo sustentável..... 115 
3.3. Turismo Regional: novo contexto, novos caminhos....................................... 149 
3.3.1. Projeto Proturismo ...................................................................................... 152 
3.3.2. Programa Turismo Solidário........................................................................ 165 
3.3.3. O Movimento Catrumano e a Expedição Caminhos dos Gerais ................ 171 
3.3.4. Encontro de Integração e Planejamento para o Desenvolvimento 
Sustentável do Médio São Francisco ..................................................................... 
182 
3.4. A rede norte-mineira de Turismo: a autenticidade em evolução e o 
paradigma do desenvolvimento regional 
190 
3.4.1. A Rede do Turismo no norte de minas: interfaces 190 
3.4.2.Circuitos Turísticos: um aporte para a rede regional de turismo no Norte 
de Minas 
200 
 
4.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS 205 
4.1. Turismo e desenvolvimento regional : velhos caminhos, novas 
possibilidades 
205 
4.2 Por uma Epistemologia do Turismo: a outra face da moeda. 208 
4.3. Redes de Turismo: um caminho para o desenvolvimento social no Norte de 
Minas? 
211 
 
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 218 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xi 
LISTAS DE SIGLAS 
 
 
ABAV Associação Brasileira das Agências de Viagens 
ABA Associação Brasileira de Antropologia 
ACI Associação Comercial e Industrial 
ADENE Agência de Desenvolvimento do Nordeste 
ADETUR/MG Agência de Desenvolvimento do Turismo de Minas Gerais 
AIEST Associação Internacional de Experts Científicos de Turismo 
AMAMS Associação dos Municípios da Área Mineira da ADENE 
APA Área de Proteção Ambiental 
APL Arranjo Produtivo Local de Turismo 
ASCOM Assessoria de Comunicação 
BA Bahia 
BC Banco Central 
BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais 
BELOTUR Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A 
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento 
BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento 
BNB Banco do Nordeste do Brasil 
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
BRA Brasil 
CAA Centro de Agricultura Alternativa 
CDL Câmara de Dirigentes Logístas 
CE Ceará 
CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica 
CET Conselho Estadual de Turismo 
CODEMA Conselho Municipal de Desenvolvimento AmbientalCOMTUR Conselho Municipal de Turismo 
CST Conta Satélite de Turismo 
DENOX Departamento Nacional de Obras contra a seca 
DER Departamento de Estradas de Rodagem 
DHE Dialética Histórico Estrutural 
DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de transportes 
 xii 
Embratur Instituto Brasileiro de Turismo 
EPL Espeleogrupo Peter Lund 
ES Espírito Santo 
ET‟s Escolas Técnicas 
FASTUR Fundo de Assistência ao Turismo 
FIP Faculdades Integradas Pitágoras 
FSM Faculdade São Mateus 
FSM Fórum Social Mundial 
FUNGETUR Fundo Geral de Turismo 
GT‟s Grupos de Trabalho 
HIDROMINAS Águas Mineiras do Estado de Minas Gerais S.A 
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de 
Serviços 
IDENE Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas 
Gerais 
IDH Índice de Desenvolvimento Humano 
IEF/MG Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais 
IEPHA/MG Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas 
Gerais 
IES Instituições de Ensino Superior 
IGA Instituto de Geociências Aplicadas 
IGS Instituto Grande Sertão 
IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
IPHAM Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
ISS Internacional Space Station 
IUOTO União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens 
IVC Instituto Vale do Cricaré 
KDF Nationalistischen Gemeinschaft Kraft durch Freude 
MEC Ministério da Educação 
 xiii 
MESONORTE Mesorregião do Norte de Minas 
MG Minas Gerais 
MI Ministério da Integração Nacional 
MICT Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo 
MMA Ministério do Meio Ambiente 
MS Mato Grosso do Sul 
MT Mato Grosso 
MTUR Ministério do Turismo 
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
OMT Organização Mundial de Turismo 
ONG‟s Organizações Não-Governamentais 
ONU Organização das Nações Unidas 
Orgs. Organizadores 
OSCIP Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
OVIVE Organização Vida Verde 
PARNA Parque Nacional 
PDITs Plano de Desenvolvimento Integrado do Desenvolvimento 
Sustentável 
PEA População Economicamente Ativa 
PIB Produto Interno Bruto 
PLANITUR/MG Plano Integrado para o desenvolvimento do turismo em Minas 
Gerais 
PMMC Prefeitura Municipal de Montes Claros 
PNE Programa Nacional de Ecoturismo 
PNMT Programa Nacional de Municipalização do Turismo 
PNRT Programa Nacional de Regionalização do Turismo 
PNT Plano Nacional de Turismo 
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PPGDS Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social 
PRODETUR/NE Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste 
PROMINAS Companhia Mineira de Promoções 
PROTURISMO Programa de Levantamento de Desenvolvimento do Potencial 
Turístico Regional 
 xiv 
PRSF Programa de Revitalização da Bacia do São Francisco 
PTS Programa Turismo Solidário 
PUC Pontifícia Universidade Católica 
SEBRAE/MG Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de 
Minas Gerais 
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento 
Sustentável 
SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente 
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
SESC Serviço Social do Comércio 
SETUR Secretaria de Estado e Turismo 
SISTUR Sistema Turismo 
SP São Paulo 
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste 
SUT Superintendência de Turismo 
TURMINAS Empresa Mineira de Turismo 
UFBA Universidade Estadual da Bahia 
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais 
UFPR Universidade Federal do Paraná 
UNEB Universidade Estadual da Bahia 
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros 
Unimontes Universidade Estadual de Montes Claros 
USP Universidade de São Paulo 
WTTC World Travel and Tourism Council 
WWF World Wild Foundation 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xv 
LISTAS DE TABELAS 
 
 
N° TABELAS PÁGINA 
1 Movimento de Turistas a partir de 1950 42 
2 Articulação e Planejamento 186 
3 Ordenamento, Normatização, Monitoramento e 
Controle 
187 
4 Comunicação e Informação 187 
5 Infra-estrutura de apoio ao turismo e serviços 
turísticos 
187 
6 Qualificação 188 
7 Marketing 188 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xvi 
LISTAS DE FIGURAS 
 
N° FIGURA PÁGINA 
1 Sistema Turismo – Sistur 66 
2 Representação do Sistema Turismo participando de várias redes 67 
3 Representação primária da rede 70 
4 Rede Geográfica do Norte de Minas 71 
5 Rede de Redes 74 
6 Estrutura Verticalizada e a Rede 76 
7 Mesorregião Jequitinhonha / Mucuri 79 
8 Durante um dos GT‟s de Turismo 79 
9 Plenária de apresentação das Deliberações 79 
10 Pólos Turísticos do Prodetur 83 
11 Pólos Turísticos Regionais 84 
12 Pólo Turístico Caminhos do Norte de Minas 84 
13 Pólo Turístico Vale Mineiro do São Francisco 85 
14 Pólo Turístico Vale do Jequitinhonha 85 
15 Regiões Turísticas do Brasil 88 
15.1 Regiões Geográficas Minas Gerais 91 
16 Regiões Turísticas de Minas Gerais 95 
17 Redes Dendríticas de localidades Centrais 96 
18 Circuito Turístico Serra do Cabral e Cachoeiras 97 
19 Traçado da Ferrovia Central do Brasil 111 
20 Formigas no Circuito Comercial: as origens de uma 
centralidade regional 
113 
21 Norte de Minas: localização geográfica 115 
21.1 Rede Ferroviária de Minas Gerais 125 
21.2 Rede Rodoviária de Minas Gerais 126 
22 Rotas Aéreas da Cia. Total Linhas Aéreas 129 
23 Rotas Aéreas da Cia. Ocean Air 129 
24 Espaço aéreo-portuários em Minas Gerais 129 
25 Aeroportos com pista asfaltada no Estado 130 
26 Rede Hidrográfica de Minas Gerais 131 
 xvii 
26.1 Rio São Francisco 131 
27 Cachoeira do Bananal 132 
28 Cachoeira do Serrado 132 
29 Parque Estadual Caminhos dos Geraes 134 
30 Parque Estadual da Lapa Grande 134 
31 Cara de Índio 135 
32 Parque Estadual Veredas do Peruaçu 135 
33 Norte de Minas 137 
34 Águas de Santa Bárbara Resort 138 
35 Pousa Vila de Santa Bárbara 138 
36 Casa Flat do Residencial Pedra do Sonho 139 
37 Pedra do Sonho Resort Hotel 139 
38 Sesc Laces Pousada Januária 139 
39 Oficina de Artesanato em Botumirim 157 
40 Experiência em Trekking na Campina - Botumirim 157 
41 Pesquisa em Cânion 157 
42 Cachoeira das Quatro Oitavas 157 
43 Reunião com moradores de Botumirim 158 
44 Exposição Fotográfica em Montes Claros 158 
45 Oficina de Rappel e Montanhismo 158 
46 Festa do Val em Grão Mogol 158 
47 Banner do Projeto Proturismo 158 
48 Proposta de Regionalização do Turismo 160 
49 Circuito Turístico Serra Geral 160 
50 Circuito Turístico da Cachaça 160 
51 Circuito Turístico Águas do Velho Chico 161 
52 Circuito Turístico São Francisco Peruaçu 161 
53 Circuito Turístico Serra Geral dos Bandeirantes 162 
54 Circuito Turístico Vale Verde 162 
55 Circuito Turístico Serras do Rio Pardo 163 
56 Circuito Turístico Grande Sertão 163 
57 Circuito Turístico Grutas e Veredas 164 
58 Circuito Turístico Grutas II 164 
 xviii 
59 Território de Experiência Piloto do Turismo Solidário 169 
60 Habitantes de Grão Mogol 170 
61 Consultores Visitam Receptivo Familiar 170 
62 Crianças Brincando em Chapada do Norte 170 
63 Receptivo Familiar 170 
64 Manifestação Cultural em Chapada do Norte 170 
65 Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol 170 
66 Banner do Movimento Catrumano 179 
67 Banner da I Expedição Caminhos dos Geraes 179 
68 Banner da II Expedição Caminhos dos Geraes 179 
69 Lançamento Oficial da Expedição Caminhos dos Geraes na 
Prefeitura Municipal de Montes Claros 
179 
70 Café Catrumano – Largada da Expedição em Montes Claros 179 
71 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em 
Cordisburgo-MG 
180 
72 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em 
Cordisburgo-MG 
180 
73 Largada da II Expedição Caminhos dos Geraes em Monte 
Claros 
18074 Roteiro Pedais do Sertão 180 
75 Parque Estadual Veredas do Peruaçu 180 
76 Carro de Boi em São Romão-MG 180 
77 Flor Nativa do Cerrado 181 
78 Igreja de Santo Antonio de Itacambira 181 
79 Debate com Expedicionários na chegada 181 
80 Representantes dos roteiros em debate 181 
81 Apresentação Cultural na Chegada da Expedição 181 
82 Recepção na chegada dos Expedicionários 181 
83 Rede de Roteiros da II Expedição Caminhos dos Geraes 182 
84 GT‟s articulação e planejamento 190 
85 GT Infra-estrutura 190 
86 Apresentação do ambiente interno por Ana Tereza (SETUR 
Januária) e Hamilton dos Reis Sales (CEFET) 
190 
 xix 
87 Apresentação do ambiente externo por Cássio Alexandre da 
Silva (IGS) 
190 
88 Circuito Turístico Serra do Cabral e Cachoeiras 194 
89 Circuito Turístico Urucuia Grande Sertão 194 
90 Circuito Turístico Velho Chico 195 
91 Pólo Turístico Vale do Jequitinhonha 195 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xx 
LISTAS DE QUADROS 
 
N° QUADROS PÁGINA 
1 Subsistema Ecológico 141 
2 Subsistema Social 144 
3 Subsistema Cultural 146 
4 Subsistema Econômico 148 
5 Forças e Fraquezas (ambiente interno) 184 
6 Oportunidade e Ameaças (ambiente externo) 185 
7 Instituições que poderão contribuir com as ações 189 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xxi 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes na pessoa do Magnífico Reitor 
Paulo César de Almeida e na pessoa do Vice Reitor João dos Reis Canela a quem 
explicito meu sincero orgulho pela vida acadêmica construída. 
 
Ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS – na pessoa da 
atual Coordenadora Professora Drª. Maria Helena de Souza Ide, pela responsabilidade 
ideológica e competência administrativa, fico honrado de participar dessa construção, 
dessa história. 
 
À Minha Orientadora Professora Doutora Simone Narciso Lessa, meu oráculo na 
academia, por acreditar no meu potencial desde o começo, saudando-me com 
permanentes ensinamentos, pela orientação, pelos “puchões de orelha”, paciência, 
amizade, respeito e exemplo de dedicação com causas coletivas maiores, bem como 
sinônimo de responsabilidade com a arte da docência. O meu muito obrigado e parabéns 
pela magnífica conduta. 
 
Ao Professor Dr. João Batista de Almeida Costa, caro Joba Costa, pela batalha coletiva, 
pelo SONHO CATRUMANO, pelos ensinamentos, especialmente por ter aceitado o 
convite para a minha banca de qualificação, pela amizade, pelo exemplo de Pesquisador 
e Sonhador Sertanejo que é. Na sua pessoa aproveito para cumprimentar e agradecer a 
todo o Sertão norte-mineiro, sua magia, seu povo, nossas raízes, por nos permitir viver 
aqui. 
 
Aos demais Docentes do PPGDS, Professor Dr. Herberth Toledo Martins, Professora 
Drª. Luciene Rodrigues, Professor Dr. Gilmar Ribeiro, Professor Dr. Elton Xavier, 
Professor Dr. Antônio Dimas, Professora Drª Sarah Jane, ao Professor Ms. Roney 
Sideaux, Professor Dr. João Valdir, Professor Dr. Luis Antônio. 
 
 
 
Ao Professor Dr. Rômulo Carvalho, por ter fundamental participação na minha história 
acadêmica e por ter aceitado o convite para participar da minha banca de qualificação, 
 xxii 
contribuído de maneira tão significativa, somando positivamente no meu trabalho. 
Muito Obrigado! 
 
Ao amigo, colega e professor Cássio Alexandre da Silva pelo Norte na vida acadêmica, 
reflexões, embates e debates, exemplo de batalha e vida docente, obrigado pelas boas 
energias. Instinto coletivo sempre amigo! Parabéns por sua vitória! Grande abraço a 
toda sua família. 
 
Aos funcionários da Secretaria do PPGDS, Luquinha, Cláudio, Madalena, Laiza, 
Fernanda e Vanessa pela amizade, atenção e profissionalismo. 
 
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS na 
pessoa do grande colega Flávio José, Gladiador e, à colega Maria Cristina Barroso (in 
memorian) a quem também dedico este trabalho. Vida e Paz! 
 
À Faculdade Pitágoras de Turismo e Hotelaria na pessoa do Coordenador Clinton 
Xavier Rocha, e dos funcionários amigos, Zezin, Getúlio, Gêras, Adilson, Inácio, 
Cristina, Francis e Karin e dos Professores Geraldo Matos Guedes, Dalton Caldeira 
Rocha, Cibele Athayde Ribeiro Rebello, Cláudio Xavier da Silva, Carmem Alberta de 
Gasperazzo, Caius Marcelus Reis Silveira, Antônio Trajano de Moraes Neto, Ana 
Cristina M. Prates, Amaro Sérgio Marques, quem aproveito para parabenizar pelo êxito 
no PPGDS, Ivanilson Soares Dias, Janaina de Angelis Santos Vieira, José Joaquim R. 
Vieira, Kênia Torres Corrêa Ribeiro, Laurindo Mekie Pereira, Lindon Jonhson D. da 
Silva, Marcelo Silva Vieira, Marcelo Soares Gomes, Márcia Genoveva Rafael Versiani, 
Marillé Pata, Marta Verônica Vasconcelos Leite, Murilo Cássio Xavier Fael, Rafael 
Silva Gontijo, Roberto Soares Toledo, Rogério Martins F. de Souza, Rosane Bastos, 
Vânia Silva Vilas Bôas, Wanessa Pereira F. Quadros e, Nely Rachel a quem aproveito 
para agradecer pela atenção dispensada no somatório deste trabalho amenizando meus 
desentendimentos com a língua portuguesa. 
 
Aos Formandos 2004 do Curso de Turismo e Hotelaria das Faculdades Integradas 
Pitágoras meu apreço e saudade, bem como demais turismólogos amigos que por ali 
passaram. Gustavo Gauto, Pablo Fabian, Olavo Guimarães Neto, Thiago André Veloso 
de Oliveira, Juliano Rezende dos Santos, Juliano Fagundes, Marcellus Tolentino 
 xxiii 
Mendes, Alberdam Freitas Nobre, Rafael Alexandre Lopes Versiani, Ana Paula Lima 
Santos, Ana Paula Lopes Oliveira, Hugo Roda da Cruz Barbosa, Jaqueline Pimenta, 
Lélia Aparecida Mendes Lacerda, Raphael Recenvindo Silva Bento, Anna Costa 
Gonçalves, Cleonice Ribeiro de Castro, Adriana Tadeu de Oliveira Lopes, Alessandra 
Lopes de Almeida, Ângela Gama dias de Oliveira, Denize Mota de Andrade, Inael de 
Almeida Murta Júnior, Janaína Canela Maia, Josiane Cavalcante Silva, Silvia Rosana 
Braga Xavier, Aniuska Drumond Lemos David, Laziane Gomes de Morais Rennó, 
Bertha Ribeiro Athayde, Clarice Maria Narciso Miranda, Maria Teresa Durães Alves de 
Meira, Onofre Gomes Versiani Neto, Rosembergh José Barbosa Júnior, Grazielle 
Seabra Durães, Gisele Corbelino Rocha, Isabela Cristina Silva Lopes, Maria Alice 
Navarro Sapori, Maria José A. Lopes, Renata Caroline Dias Machado, Rosiane Resende 
Rodrigues Garoia, Walquíria de Fátima Arruda, Karen Torres Corrêa Lafetá de Almeida 
quem aproveito para parabenizar pelo êxito no PPGDS. 
 
Aos Docentes e amigos do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de 
Montes Claros meus sinceros agradecimentos. 
 
Aos Colegas do Curso de Geografia da Unimontes, nas pessoas de Leonardo Quaresma, 
Simoney, Luis Andrey e Manoel, fortes na batalha sempre e, em especial para o grande 
gafanhoto irmão Lucas Higino. 
 
À amiga Professora Drª. Jussara Guimarães, pela amizade e complacência. Parabéns 
pelo sucesso! Saúde, sempre! 
 
A Prefeitura Municipal de Montes Claros na pessoa do Sr. Prefeito Athos Avelino 
Pereira e do Vice-Prefeito Sued Botelho pela confiança e apoio. 
 
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na pessoa do Secretário Paulo F. Ribeiro, 
pela confiança, grande incentivador, guerreiro ninja exemplo, da batalha por causas 
coletivas maiores; e, na pessoa da Gerente Municipal de Meio Ambiente Srª. Anildes 
Lopes pela compreensão e apoio. 
 
 xxiv 
A todos os amigos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, “loucos por natureza” e 
companheiros de batalha, em especial ao colega e grande amigo Thiago Neves Silva e à 
colega e amiga Lídia Praça. 
 
Aos Gestores dos Circuitos Turísticos Lago de Irapé, Velho Chico, Urucuia Grande 
Sertão, Serra do Cabral e Cachoeiras e Serra Geral do Norte de Minas, nas pessoas de 
Márcia, Niviane, Rômulo, Ana Paula e Auridiná. 
 
Ao Ministério do Turismo do Brasil na pessoa do Excelentíssimo SenhorWalfrido dos 
Mares Guia, então Ministro do Turismo. 
 
Ao Governo do Estado de Minas Gerais na pessoa do Excelentíssimo Senhor Aécio 
Neves Governador do Estado de Minas Gerais e ao Excelentíssimo Senhor Antonio 
Augusto Junho Anastásia. À Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais – 
SETUR-MG na pessoa da atual Secretária de Turismo Érika Drumond. Ainda, à 
Superintendente de Fomento e Desenvolvimento do Turismo da referida Secretaria, 
Jussara Rocha parceira. 
 
A todas as Prefeituras Municipais do Norte de Minas, Noroeste, aqui representados pela 
Associação dos Municípios da Área Mineira da SUDENE, na pessoa do Presidente Sr. 
Walmir Moraes e da Secretária Executiva Beatriz Morais, às prefeituras municipais dos 
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, na pessoa de Maria do Carmo F. Silva, idealista e 
batalhadora dessas bandas que tive o prazer de conhecer durante a construção do Plano 
Mesovales, aqui representando a Agência Mesovales, bem como prefeituras municipais 
do Vale do Cricaré na pessoa do Sr. José Fernandes Magnago de Jesus, companheiro na 
árdua batalha pelo desenvolvimento do turismo, representando a Faculdade São Mateus 
e o Instituto Vale do Cricaré. 
Ao Instituto Estadual de Florestas na pessoa do seu Diretor-Geral Humberto Candeias 
Cavalcanti grande parceiro, do Diretor de Pesca e Biodiversidade, Pai dos Parques e 
amigo, Célio Murilo de Carvalho Valle, do Supervisor Regional do Alto Médio São 
Francisco, amigo Rinaldo José de Souza, à Gerente da Regional Norte, amiga Marli 
Vitorino de Oliveira Ferreira e ao Gerente de Prevenção e Combate a Incêndios 
Florestais do IEF, guerreiro amigo Jarbas Alcântara nas pessoas dos quais cumprimento 
todos os amigos do Instituto. 
 xxv 
 
À Fundação Cultural Genival Tourinho e a TV Geraes nas pessoas dos amigos Afonso 
Mendes, Sônia Zuba, Ellen Parella, Nando Ribeiro e Maria Ribeiro pelos quais 
cumprimentos aos demais. 
 
Ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas – 
Regional Norte) nas pessoas do Gestor Regional Norte Cláudio Luiz de Souza Oliveira, 
dos analistas Wiviany Freitas Mendes, Armírio Duque de Oliveira Neto cujas 
informações muito somaram às minhas reflexões. 
 
Aos amigos do Instituto Grande Sertão, IGS, por continuarem acreditando no sonho que 
é o IGS e aos amigos do Espeleogrupo Peter Lund por também continuarem com o 
sonho CAVERNAR. 
 
A todos os meus primos e primas que torceram juntos Janaína, Nayara, Eduardo, Júlio, 
Felipe, Alisson, Luciana, Giovane, João Henrique, Luiza Ludimila, Maria Helena, Ana 
Paula, Renata, Juliana, Marcelo, Mariana, Samuel, Samir, Murilo, Danilo, Daniel, 
Bruno, Diogo, Fabrício, Tatiane 
 
Aos meus tios e tias pela atenção, respeito e boas energias, Geni, Célio, Nazaré, Elcio, 
Paulo, Aparecida, João, Olívia, Consuelo, Antonieta, Salviana, Adejair, Marisa, 
Juldázio, Carlos, Ademar, Paulo, Laurinda, Nivaldo, 
 
Ao amigo Walisson Klayton pela motivação, confiança e amizade. 
 
Aos amigos Arley Ronam e Thiago Veloso pela amizade e galhos quebrados. 
 
Aos grandes catrumanos amigos João Rodrigues, Dário Teixeira Contrim e Wanderlino 
Arruda. 
 
Aos amigos Fábio Borges e Telma Borges pelas boas energias de sempre, amizade e 
apoio. 
 
 xxvi 
Ao cumpadre artista bocaiuvense Sergio Fabiano Ferreira, à cumadre paulista maestrina 
docente e amiga Luciana Lemos, ao quilombolinha Uirá, menino das fogueiras do 
sertão, uma família parte de mim. 
 
Ao grande sertanejo galático, amigo Túlio Ferreira Rangel na pessoa de quem 
reconheço a responsabilidade de representar todos os meus amigos do grande planeta 
mundo chamado Bocaiúva. 
 
Aos grandes amigos artistas Ney Antunes, Luis André Nascimento mentes de minha 
mente, elos de minha passagem terrena mais do que pensante. Aproveito para agradecer 
às amigas Rejane e Stephanie Pirfo, grande artista. Ainda, ao todos os amigos do 
ClubArt, em especial ao amigo Sinval Júnior, à amiga Érica Dias e ao amigo artista 
Felipe Barros. 
 
Aos comparsas Danilo, Cadú, Sergio, Dudú e Junior, e todos os demais amigos que de 
alguma maneira estiveram na torcida para o sucesso de meus trabalhos. Ainda, à Nanda, 
Sergin e Pequena, Amandinha, Larissa, 
 
Aos parceiros desse belo mundo sonoro Du, Flavin, Virgílio, Igor, Junin, André, 
Juliano, Bruno, Fabiana, Daniel, Rafael, Igor, e todos aqueles que me entorpecem com 
música boa pra suportar o lado guerra, sucesso a todos. Rock n‟ Roll e Pequi. 
 
Aos inimigos pelos ensinamentos, respeito e gargalhadas. 
 
A todos disseminadores de conhecimento. 
 
Às boas energias do mundo que abrem os olhos e a mente. 
 
Aos meus antepassados, vetores de minha essência. 
 
Todos vocês, direta ou indiretamente me ajudam a construir algo que ainda não sei o 
que será. Obrigado! 
 1 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
O turismo, em meio às contradições de seu processo histórico e geográfico de 
desenvolvimento, ora suscita seu caráter fetichista, massificante, agressivo e produtor de 
dependência, ora se evidencia a partir de complexas redes onde ganham destaque 
processos socioculturais inovadores, democráticos, inclusivos, emancipadores e 
sustentáveis. O desenvolvimento do fenômeno turismo em várias regiões do mundo tem 
apontado para importantes reflexões sobre a condição dos lugares e das pessoas que 
participam direta ou indiretamente de seu processo constitutivo enquanto atividade 
socioeconômica e culturalmente geografizada. 
Dentre os apontamentos que percorrem o debate atual sobre o turismo mundial, 
brasileiro e regional, destacam-se a formação da rede de turismo, a preservação da 
biodiversidade, a integração sul-americana, a prevenção e combate à exploração sexual 
de crianças e adolescentes, a construção de políticas públicas participativas, a adoção de 
parcerias público-privadas, o fortalecimento de alianças comunitárias, dentre outros. 
Pode-se afirmar que cinco eixos-base aglutinam todo o pensar sobre a condição atual do 
turismo no mundo, sendo eles: o desenvolvimento econômico, a preservação da 
biodiversidade, a diversidade cultural, as condições para a paz e o desenvolvimento 
social. 
O estudo do fenômeno turismo tem sido analisado, via de regra, apenas do ponto de 
vista das concepções desenvolvimentistas e, mais recentemente, baseado nas variadas 
matizes do pensamento ecológico que o definem como um caminho prudente para o 
desenvolvimento sustentável dos lugares. Contudo, o leque de possibilidades reflexivas 
geradas a partir de suas dinâmicas faz do turismo um campo complexo de entendimento 
que, até então, vai além de nossas percepções. O fenômeno gerado a partir de sua 
expansão tem fomentado estudos, pesquisas, debates e principalmente análises de vários 
setores da sociedade, tanto dos órgãos oficiais, setores produtivos, sociedade e 
principalmente academias, “deixando de ser uma preocupação teórica secundária”, 
Aqui no norte, as redes são assim ... 
coisas que a gente sente, 
coisas que a gente vê, 
coisas que a gente vive, 
é o Sertão...uma rede só. 
 
 Hebert Canela Salgado 
 
 2 
Moesch (2000, p.09). Ainda, afirma que “a produção do saber turístico de modo geral, e 
de modo específico no Brasil, tem se constituído num conjunto de iniciativas, 
prioritariamente, do setor privado/empresarial e menos na academia, sejam 
universidades e/ou faculdades, públicas ou privadas”. Moesch (2000, p.13). 
O Turismo, como muitos estudiosos têm apontado, nasce e se desenvolve com o sistema 
capitalista, acompanhando seus avanços, percalços, contradições e reestruturações. É a 
partir da década de 1960, que suas faces se fundem como atividade de lazer, 
fomentando o deslocamento de milhões de pessoas, configurando-se em fenômeno 
econômico de grande expressão internacional. Contudo, suas origens remontam o 
histórico das viagens no mundo que, alimentadas por antigos desejos, sonhos e 
devaneios da humanidade, garantiram consistência e importância aofenômeno aqui em 
destaque. 
Em termos geográficos, uma diferença fundamental entre o turismo e as outras formas 
de lazer, como aquelas praticadas em casa (por exemplo, ver televisão) ou dentro de um 
perímetro urbano (por exemplo, freqüentar a piscina do clube local), é o componente 
“viagem”. Alguns autores empregam um critério de distância mínima para a viagem, 
mas em geral se considera o turismo como uma atividade que inclua no mínimo um 
pernoite fora do local de residência permanente. E ocorre que esses atributos de viagem 
e estada em turismo, por sua vez, originam diversas demandas por serviços que podem 
ser prestados por diferentes setores da indústria do turismo, razão pela qual também em 
termos econômicos e comerciais o turismo pode se diferenciar de outros tipos de 
atividades de lazer. Pearce (2003, p.25) 
De acordo com a Organização Mundial de Turismo - OMT
1
 - organismo especializado 
das Nações Unidas e a principal organização internacional no campo -, o turismo 
constitui uma das principais atividades econômicas do planeta, responde por um em 
cada dez postos de trabalho no mundo e movimentou 3,5 trilhões de dólares em 2003, o 
que corresponde a 10% do Produto Interno Bruto - PIB mundial. Em 2002, 715 milhões 
de pessoas viajaram de um país para o outro, movimentando 474 bilhões de dólares em 
todo o mundo. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagens – 
ABAV
2
, a atividade turística é responsável por 5% de toda a riqueza do País, e por 10% 
do consumo de famílias, nesse contexto aponta que 100 mil novos empregos foram 
 
1
 Organização Mundial de Turismo (OMT) funciona como um fórum global para questões de políticas 
turísticas e como fonte de conhecimento prático sobre o turismo, com sede em Madri, Espanha contou em 
2006 com membros 145 países (membros efetivos), sete territórios (membros associados) e mais de 400 
profissionais (membros afiliados). Disponível em <http//: www.world-tourism.org>, visitado em 06 Mai. 
de 2006. 
2
 A ABAV é uma entidade civil sem fins lucrativos, criada em dezembro de 1953 com a finalidade de 
congregar e representar os interesses dos Agentes de Viagens. Disponível em < 
http://www.abav.com.br/AABAV.asp > visitado em 05 Nov 2006. 
 3 
criados nos dois últimos anos no Brasil para um total de 1,4 milhões de novas vagas. 
Nora (2006, p.19-20). Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
- IBGE o turismo impacta diretamente 53 setores da economia. 
Seu desenvolvimento, especialmente contemporâneo, tem suscitado a necessidade de 
compreensão de suas dinâmicas e principalmente, a busca de sua espisteme, muitas 
vezes controversa, e nesse sentido o desvendamento da especificidade do conhecimento 
turístico, a fim de assegurar uma melhor condução e assimilação dos seus reflexos na 
pós-modernidade. “Analisar as diversas interpretações deste fenômeno no transcorrer do 
tempo permite a formulação de problemas que visam desvelar a espisteme subjacente” 
Moesch (2000, p.10). Nesse contexto, ressalta-se a importância de se compreender o 
turismo para além de um processo econômico, entendendo que sua essência o denuncia 
antes de tudo como um fenômeno sócio-cultural-geografizado. Em sua compreensão 
Moesch (2000, p.09), aponta o turismo como, 
 
uma combinação complexa de inter-relacionamentos entre produção e 
serviços, em cuja composição integram-se uma prática social com base 
cultural, com herança histórica, a um meio ambiente diverso, cartografia 
natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações 
interculturais. O somatório desta dinâmica sociocultural gera um fenômeno, 
recheado de objetividade/subjetividade, consumido por milhões de pessoas, 
com síntese: o produto turístico. 
Ao chamar a atenção para a existência de um “produto turístico”, Moesch (2000, p.09) 
desperta a afirmação de Rabahy
3
 (1990, p.25 apud Nascimento 1997, p.09), quando 
considera que o turismo constitui “uma atividade econômica que se encontra 
inteiramente relacionada a fatores de natureza socioeconômica, tais como: nível e 
distribuição de renda, tamanho da população, condições de acesso e proximidade do 
mercado.” O autor parece deixar de lado seu aspecto humanístico. Contudo, salientamos 
que o turismo é um processo fundamentalmente humano, que está além de suas funções 
econômicas. 
A ressignificação do turismo depende de novas reflexões filosóficas e novas expressões 
ideológicas capazes de aprofundar seus questionamentos. Dessa maneira, as reflexões 
sobre a natureza do turismo, não devem se voltar para a simplificação de sua 
 
3
 RABAHY, Wilson. Planejamento do Turismo. S. R. 2. Ed. Loyola, 1990. 167p. 
 4 
complexidade, mas para a assimilação da mesma de maneira mais simples, em face de 
reconhecê-lo como fenômeno sociocultural capaz de, 
permitir novos modos de sensibilidade humana,de relação com o outro que coincidam 
com os desejos, o gosto de viver, à vontade de conhecer o mundo, com a instauração de 
dispositivos capazes de desterritorializar, criando novas relações, sentidos e 
representações na busca da transversalidade entre os grupos humanos. Moesch (2000, 
p.15) 
 
As categorias que expressam a sua estrutura vão além do tempo, espaço ou consumo. O 
fenômeno também ocorre na dimensão comunicacional, econômica, tecnológica, 
ideológica, imaginária, prazerosa e subjetiva. A reconstrução de novos conceitos incita a 
busca de novas categorias historicizadas, portanto, requerentes de uma abrangência de 
análise social, movida por condições objetivas e subjetivas. A intensa ocupação do 
espaço e seus reflexos, tanto no meio natural quanto na formação social, têm gerado 
novas realidades, ora positivas, ora negativas. 
Diante disto, a dinâmica de um espaço geográfico qualquer precisa ser compreendida à 
luz dos processos sociais que a engendram, sem, entretanto, esquecer as características 
naturais que ofereçam as bases para o desenvolvimento local. A adoção do paradigma 
de formação sócio-espacial como referencial teórico manifesta uma preocupação com 
análises globalizantes que levam ao reconhecimento dos vários níveis na construção de 
diferentes realidades, sendo o primeiro nível – os alicerces – dominado pela presença do 
quadro natural como definidor, em menor ou maior escala, da vida humana. Pereira, et 
all (2002, p.61) 
 
Sendo turismólogo, com atuação na área e, apresentando meu trabalho no Mestrado em 
Desenvolvimento Social considero que esta pesquisa ganha importância por seu 
pioneirismo. Esta Dissertação de Mestrado constitui ao mesmo tempo um retorno 
reflexivo ao conhecimento acumulado sobre o turismo e os fundamentos de minhas 
pesquisas anteriores, ou seja, o primeiro balanço dos trabalhos que venho fazendo sobre 
o desenvolvimento do turismo na região Norte-Mineira. Na tentativa de integrar alguns 
pensamentos do turismo, da geografia, da história, da antropologia, da sociologia e da 
economia, bem como têm caminhado os estudos sobre o turismo, este autor aprofunda 
suas reflexões sobre campos teóricos relativos ao: turismo, a região, ao espaço, a 
geografia, ao desenvolvimento, e sobre as redes, vasculhando suas complexidades, 
principalmente, quando pensa esse campo como escopo para o desenvolvimento da 
 5 
pesquisa sobre a formatação da Rede do Turismo no Norte de Minas e conseqüente 
espaço de possibilidades para o desenvolvimento regional. 
O embasamento teórico-metodológico apóia-se em obras de referência voltadas à 
análise sócio-espacial do turismo, no caso desta pesquisa, obras que percorrem 
investigações sobre: Viagem, História, Turismo, Geografia, Espaço, Fluxos, Redes, 
Territorialidades, Planejamento, Estado, Participação, Economia, Globalização, 
Sociologia, Capital Social, Solidariedade, Antropologia, Identidade, Cultura, Meio 
Ambiente, Sustentabilidade, Desenvolvimento,dentre outras categorias de análise. 
O objetivo geral deste trabalho é compreender como a expressão contemporânea do 
Turismo, que passa a se estabelecer no Norte de Minas, pode se articular por meio de 
redes solidárias, em condições paralelas, a fim de garantir o desenvolvimento regional 
com base em uma lógica diferenciada que não seja a do capital. Contudo, os objetivos 
específicos do trabalho vão além da reflexão teórica sobre o turismo, planejamento, 
regionalização, territorialidades, solidariedade e redes, na tentativa de refletir sobre o 
desenvolvimento do Norte de Minas pela ótica do Turismo. Pretende-se, ao final de 
todas as ramificações teóricas e interfaces analíticas, que esta dissertação possa torna-se 
um canal de entendimento e assimilação das possibilidades de desenvolvimento social 
regional por meio do desenvolvimento do turismo em bases locais, sustentado por ações 
intermunicipais e interinstitucionais, mas acima de tudo, sustentado pela participação da 
sociedade civil na construção de políticas públicas para um turismo de caráter inclusivo 
e raízes de base local. 
Como já foi tratado em Silva e Salgado (2005, p.29), nesse contexto pretendemos 
refletir os “entraves e perspectivas” para o desenvolvimento turístico regional, 
avaliando sua condição, suas potencialidades, nivelando conhecimentos, ações, projetos, 
estudos existentes na região que oportunizem entendimentos locais da temática, 
fortalecendo ações e projetos desenvolvidos local e regionalmente, a partir de 
programas de sucesso fomentados pela Organização Mundial de Turismo - OMT, pelo 
Ministério do Turismo - MTUR, pela Secretaria de Estado de Turismo - SETUR, pelo 
Fórum Estadual de Turismo de Minas Gerais - FET, todas as outras instâncias e 
autarquias, pela Academia e toda a sociedade, na Região Norte Mineira. A essa 
proposição soma-se um olhar crítico diante da lógica do capital impregnada em grande 
parte das políticas públicas para o turismo, e identificando outras dinâmicas, a partir de 
 6 
uma rede regional de turismo que se evidencia ao longo dos anos, sustentadas por 
micro-redes de solidariedade e reciprocidade, aqui consideradas de extrema importância 
para a manutenção de valores regionais, cultura, identidade, e para o desenvolvimento 
turístico do Norte de Minas a partir de bases locais. 
A dissertação apresenta como área de concentração: Desenvolvimento Social: Poder, 
Processos Socioeconômicos e Ordenamento Territorial em que participa da 
identificação das diferentes instâncias de poder, a análise das condições de trabalho e 
seus arranjos produtivos, a relação entre desenvolvimento e ordenamento geopolítico, 
os instrumentos do ordenamento territorial e territorialização, o planejamento e o 
ordenamento sócio-territorial. A linha de pesquisa é: Processos Sócioeconômicos e 
Ordenamento Territorial onde são tratados os processos de regionalização, o papel das 
técnicas e da racionalidade instrumental e, do campo teórico do ordenamento territorial. 
O método
4
 científico que conduz o trabalho se volta para a Dialética Histórico-
Estrutural considerado apropriado para o manejo da realidade, sendo esta natural e 
social. 
A Dialética Histórico Estrutural (DHE) tem como marca reconhecer no mesmo patamar 
de relevância, condições objetivas e subjetivas das estruturas históricas, que são formas 
de acontecer, partindo-se da crença científica comum de que a realidade social é pelo 
menos regular (Demo, 1980, p.94). A realidade natural, ao contrário é determinada 
dentro de um esquema rígido de causa e efeito, independente da vontade humana. A 
realidade social não é determinada, mas condicionada, o que permite atribuir-lhe 
maneiras típicas, tendências, regulares de seu acontecer. Moesch (2000, p.50). 
Em sua compreensão, Moesch (2000, p.50) afirma que a dialética constitui um 
“processo epistemológico crítico essencial, cujo campo de pertinências se situa não na 
teoria como formulação analítica das soluções, mas no nível pré-teórico dos problemas 
que fundamentam possibilidades de teorização”, como as que são objeto na análise do 
turismo. Na mesma direção, Demo (1980, p.94) aponta que “o processo histórico gera 
tendências contraditórias, cujas confrontações geram mudança e movimento”, conforme 
tem ocorrido com o turismo ao longo de sua história contraditória, dinâmica e mutável. 
Para Moesch, “a origem das transformações se encontra assim, no interior dos próprios 
 
4
 O funcionalismo e a fenomenologia, enquanto importantes vertentes teóricas da ciência, têm sido 
trabalhados na tentativa de se buscar aproximações teóricas, construções intelectuais, reflexões sobre o 
turismo. Contudo, as duas teorias, têm se mostrado insuficientes para dar conta do fenômeno. “O 
funcionalismo tem no espanhol Fernandez Fuster um dos seus próceres. Com a obra consagrada, bíblia na 
maioria dos cursos de turismo, o texto dos anos 1970 raramente é analisado para além de seu processo 
discursivo. A fenomenologia é uma proposta mais recente, aplicada ao campo epistemológico do turismo 
só na década de 1990 e, ao tentar avançar em torno de uma teoria do turismo, também deixa a desejar”. 
Moesch (2000, p.19) 
 7 
processos históricos. Buscar conhecer, quer dizer, „reproduzir intelectualmente‟, é 
buscar esta realidade múltipla, dinâmica e contraditória, em pleno processo de 
constituição”. (2000, p.50). 
Dessa maneira, no caso do Turismo, a compreensão de que as estruturas são históricas, 
e nesse sentido se movem natural e socialmente, compõe um contexto permeado por 
dicotomias que se completam dialeticamente, indissociáveis, em um todo que nunca 
captamos plenamente. Na Sociologia e na a Antropologia, para apreender uma estrutura, 
é preciso que se abra mão da história. Nesse sentido, considerar que a estrutura é 
histórica seria um equívoco. Assim sendo, faz-se necessário que se coloque a estrutura 
em suspensão e apreendam-se suas dinâmicas e dicotomias considerando-as 
processuais, dinâmicas e, conseqüentemente, históricas. A categoria essencial para a 
DHE é a contradição. A contradição se apresenta na realidade objetiva, estabelecendo-
se como uma interação entre aspectos opostos – interiores / exteriores, essenciais / não-
essenciais, fundamentais / não-fundamentais, principais / acessórias. A DHE determina 
o papel e a importância na formação material e ressalta que é ela a origem do 
movimento e do desenvolvimento. 
O termo estrutural estaria indicando a existência de um todo único, em polarização, e 
dessa maneira, identificado com as raízes mais profundas do problema – a sua 
“essência”, o seu fundamento. 
 
Não se pode negar que mesmo um fenômeno tão dinâmico como uma revolução se faz 
dentro de estruturas históricas, mas estas estruturas não apagam o dinamismo, antes são 
a sua forma. E é isto que torna a dinâmica algo estrutural. Não é processo destruir o 
homem para compreendê-lo, se ao lado da análise, colocamos a síntese. Demo (1980, 
202 apud Moesch 2000, p.50-51). 
(...) 
A estrutura, portanto, quer dizer a circunstância dada, ou coagulada como dado que 
delimita a capacidade de intervenção subjetiva, podendo ser chamada de condição 
objetiva. A DHE considera que a história é movida por formas necessárias, 
independentes da vontade humana, desencadeadoras de transformações: o histórico é 
estrutural, como conteúdos novos, dentro de formas invariantes. Toda a formação 
social, movida por conflitos estruturais, produz, necessariamente, uma nova história. 
Moesch (2000, p.50-51) 
 
A definição e especificação de um método nos estudos sobre turismo, especialmente 
frente a um objeto ainda não investigado como no caso do turismo do Norte de Minas, 
 8 
destaca a necessidade de uma investigação multidisciplinar cuja base investigativa 
destorce em meio às contradições a fim de ancorar novas reflexões metodológicas. 
Imprimir nesse trabalhouma reflexão dialética-histórica-estrutural e ao mesmo tempo 
compatibilizar com uma visão sistêmica, fragmentada, sem quaisquer perspectivas de 
concepção de análise da evolução histórica a exemplo do Sistur proposto pelo professor 
Mário Carlos Beni sugere no mínimo um possível antagonismo. Especialmente quando 
se trabalha com o universo das significações, aspirações e crenças conforme anuncia a 
pesquisa qualitativa pretendida que aproxima as reflexões do método fenomenológico. 
 
De acordo com a Organização Mundial de Turismo a metodologia turística pode ser 
definida conforme aponta Dencker (1998, p.24), como o “conjunto de métodos 
empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas para ter um 
conhecimento científico, técnico ou prático dos fatos turísticos”. Contudo, as 
investigações acerca do turismo têm se pautado por métodos de outras áreas do 
conhecimento, a exemplo da Geografia, da Sociologia e da Antropologia, especialmente 
pelas indagações acerca de sua condição de ciência ou fenômeno. 
 
O turismo é um fenômeno social, fenômeno porque empiricamente 
observável e social porque diz respeito ao homem em sociedade e dentro de 
um processo histórico. Proponho que, à ciência que o estuda se dê o nome 
de turismologia, ou turismosofia, para estabelecer diferenças inteligíveis 
entre o fenômeno e a pesquisa a seu respeito. Barretto (2004, p.85) 
 
 
As complexidades e contradições do turismo flutuam entre os universos quantitativos e 
qualitativos, especialmente quando é anunciado sob transição no que diz respeito ao seu 
formato que se inicia como turismo de massa e em processo evolutivo passa a destacar 
novos segmentos ligados à auto-sustentabilidade, preservação socioambiental, dentre 
outros. Muitos autores o destacam com fenômeno social, cultural, econômico, ecológico 
e político. No caso desse trabalho o entendemos como um fenômeno sociocultural 
geografizado. É preciso um profundo conhecimento do fenômeno que se constitui numa 
atividade econômica, sim. Contudo, de perfil essencialmente humanista. Faz-se 
necessário “mostrar como o turismo vem se firmando como ciência humana e social, 
ainda que seus efeitos econômicos sejam os que mais se destacam, merecendo não só a 
atenção maior de pesquisadores e empreendedores, como também maior e melhor 
tratamento estatístico” Beni (2001, p.41). 
 
 9 
Diferentes correntes de pensamento e plataformas distintas de abordagens destacam 
uma divisão relativa aos aspectos metodológicos da pesquisa em turismo. Kuhn (1990)
5
 
apud Rejowski (1999) destaca três formas de se considerar os aspectos metodológicos 
de estudos em turismo: uma visão reducionista com foco de estudo nos elementos, uma 
visão holística que considera todas as partes como inseparáveis e, visão sistêmica que 
vê o turismo como um sistema, observando as peculiaridades do todo e as propriedades 
específicas das partes. O desafio aqui é estabelecer um referencial de interfaces entre as 
diferentes visões na busca de atingir uma totalidade compreensiva acerca do turismo. 
Resolver questões relativas ao método de pesquisa em turismo traz a luz de nossas 
reflexões, importantes apontamentos que até justificariam possíveis contradições. 
Sobretudo, cabe ressaltar que em meio às contradições e complexidades de um recente 
campo do saber surgem episódios capazes de emoldurar aos poucos novas 
possibilidades acadêmicas sem, no entanto, comprometerem o alvo da pesquisa bem 
como seus resultados. Pesam então os entendidos que destacam o conhecimento 
científico como um processo contínuo, que evolui na história e para a história a partir de 
diferentes visões de mundo. Ainda, como área de estudo recente e ciência não 
consolidada a pesquisa em turismo se mostra cada vez mais sólida onde pesam as 
primeiras correntes científicas e uma número ainda pequeno de trabalhos e publicações. 
Nesse caso, ganha destaque a questão da disciplinaridade na condução de seus rumos à 
construção de um ramo do saber. 
A interdisciplinaridade constitui um aspecto fundamental na análise do Turismo, cujas 
variáveis e métodos de análise, embora “emprestados” de ciências já consolidadas 
apresentam “objeto de estudo próprio, situado além de todas elas, algo novo, isto é, no 
conceito moderno de ciência da expressão do homem no mundo global, competitivo, e 
que quer se transcender rumo a uma nova visão de valores universalistas” Beni (2001, 
p.42). Conforme aponta Moesch (2000, p.14), “a interdisciplinaridade aponta um 
método investigativo fecundo sob o ponto de vista epistemológico, desde que superados 
os nichos particularistas existentes nas universidades, nos quais os clássicos campos do 
saber são criteriosamente delimitados”. 
 
5
 KUHN, Thomas S. A estruturação das revoluções científicas. 3 ed. São Paulo: Perspectiva SA, 1990. p. 
57-76. 
 10 
O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS, da Universidade 
Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, de onde emana esta dissertação de 
mestrado sobre “A Rede do Turismo no Norte de Minas(...)”, se articula com a 
compreensão dos processos sociais que conjugam as estruturas macro-sociais e as 
instâncias sociais regionais e, dessa maneira, tem fomentado a formação de 
pesquisadores voltados, em sua maioria, para a compreensão interdisciplinar de 
problemas regionais, podendo ter o cenário Norte Mineiro como lócus de estudos e 
pesquisas. Nesse contexto, onde: 
o desenvolvimento regional das últimas décadas não foi acompanhado de um 
significativo desenvolvimento social, uma vez centrado na implantação e ampliação da 
infra-estrutura regional voltada para o sistema produtivo industrial e industrializado, a 
realidade regional apresenta-se como objeto empírico privilegiado, propiciando, desta 
maneira, que o conhecimento produzido dê suporte ao desenvolvimento sócio-
econômico regional
6
. (UNIMONTES, PPGDS, 2006) 
Diante da complexidade do fenômeno turismo e sua importância já percebida a partir de 
algumas experiências de sucesso no mundo e no Brasil, o debate que o cerca deve 
participar dessa proposta de construção de conhecimento. De acordo com os objetivos 
do Programa, almeja-se: 
propiciar uma maior integração entre as várias áreas das Ciências Humanas e Sociais na 
Unimontes ao se criar esse espaço de atuação multidisciplinar, visando uma evolução 
para a constituição de relações interdisciplinares entre elas e os vários campos do 
conhecimento, no entanto, organizados de forma a permitir a centralidade do 
Desenvolvimento Social enquanto balizador dos projetos e pesquisas a serem 
desenvolvidos no Mestrado. (UNIMONTES, PPGDS, 2006). 
Na tentativa de superação do entendimento estrábico, que quase sempre aponta o 
turismo como um setor menor da economia, nota-se que: 
essa busca de variáveis explicativas e métodos de análise caracteriza a multi e a 
interdisciplinaridade. Por sua vez, a incorporação e a transformação dessas variáveis e 
métodos permitem aplicações interativas e operacionais na observação, descoberta e 
interpretação singulares percebidas no objeto de estudo do Turismo, traduzindo-se no 
que constitui a transdisciplinaridade
7
. Beni (2001, p.42). 
No mesmo sentido, a construção do campo metodológico, encontra no Sistema 
Turismo – SISTUR, proposto pelo professor Mario Carlos Beni, um conceito amplo e 
 
6
 Contextualização institucional e regional da proposta do Programa de Pós-Graduação em 
Desenvolvimento Social (PPGDS), da Unimontes. Disponível em < http://www.ppgds.unimontes.br/>, 
visitado em 26 de Nov. de 2006 
7
 Segundo Nicolescu (2001, p.50-53) a Pluridisciplinaridade e a Interdisciplinaridade preocupam-se com 
o método, ou seja, com a pesquisa disciplinar enquanto que a Transdisciplinaridade tem por finalidade a 
compreensão e atuação no mundo. Disponível em <http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/Eixo4/E4_156.htm> visitado em 02 Dez. 2006. 
 11 
rico que se configura como uma ferramenta importante desta investigação. Esse 
conceito se constitui num dos modernos recursos de instrumentalização e 
operacionalização das pesquisas sobre o Turismo possibilitando trabalhar o microcosmo 
sem perder a perspectiva holística. Moesch (2000, p.14) afirma que “relativizando as 
definições econômicas e técnicas, o pesquisador aponta as perspectivas holísticas como 
as mais apropriadas na apreensão do fenômeno turístico. Cita alguns elementos 
importantes no estudo, como a viagem e o deslocamento, a permanência fora do 
domicílio, a temporalidade e o sujeito, objeto do turismo”. 
A estratégia metodológica de investigação compreende movimentos reflexivos 
investigativos e participativos de processos que integram a pesquisa. Trata-se de 
movimentos reflexivos sistemáticos e críticos a fim de pesquisar e compreender 
aspectos da atividade turística como matriz de conhecimento, na constante busca de 
superação, lançando novas reflexões e estabelecendo ressignificações às categorias que 
participam do arcabouço científico do turismo a partir de seu referencial teórico e, dessa 
maneira, reconstruindo a realidade onde ocorre. 
Partindo do pressuposto de que a realidade do Turismo vai além do que aparenta à 
primeira vista e de que, nesse sentido, não esgotaremos a dinâmica de sua realidade, 
propomos uma metodologia de abordagem qualitativa. De acordo com Moesch, “a 
pesquisa qualitativa preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser 
quantificado, trabalha com o universo de significações, motivos, aspirações, crenças, 
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos 
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de 
variáveis” (2000, p.62). Aponta, ainda, que desenvolver uma discussão desta natureza, 
assentada numa abordagem interdisciplinar, privilegiando dificuldades do campo do 
turismo, exige uma metodologia capaz de investigar “não apenas que a parte está no 
todo, mas que também, o todo está na parte, cada parte conservando a singularidade e a 
individualidade pois, de algum modo, contém o todo”. 
A pesquisa qualitativa é uma reação contra o paradigma estrutural quase sempre 
associado a modelos quantitativos de análise, com algumas exceções, tais como o 
modelo marxista que, embora estrutural, se apóia com veemência nos dados históricos, 
específicos e únicos em sua qualidade reconstrutiva do passado. Há que considerar que 
esta reação não representa um repúdio cabal às macro-análises e, sim, o reconhecimento 
de que a sociedade é constituída de microprocessos que, em seu conjunto, configuram 
as estruturas maciças, aparentemente invariantes, atuando e conformando 
inexoravelmente a ação individual. Haguette (1995, p.20) apud Moesch (2000, p.62). 
 12 
Nesse caso, falar de micro-processos nos permite pensar na condição das micro-redes 
do turismo regional que carregam em suas dinâmicas laços históricos de solidariedade e 
reciprocidade ao delinearem o nosso “turismo da roça” que, ao longo dos anos, 
configurou no Norte de Minas uma lógica diferenciada para o tipo de turismo que 
acompanhou até então sua construção sócio-cultural e que, incrivelmente, conseguiu, 
por muito tempo, não se curvar aos modelos convencionais de turismo que surgiram. 
Até porque, as viagens desencadeadas nos caminhos dos gerais ao longo da história do 
Norte de Minas, que podem ser consideradas „de turismo‟, ocorreram, até então, por 
dinâmicas naturais das pessoas e localidades que se contrastam nas bandas de cá. 
A estratégia metodológica é construída a partir da pesquisa bibliográfica, da pesquisa 
de campo e de entrevistas que, em algum momento, se convergiram, permitindo 
reflexões que positivaram o pensar que percorre este trabalho. Compõe a linha mestra 
da pesquisa a análise sociológica, antropológica e geográfica do Turismo. A 
compreensão do turismo, enquanto fenômeno sociocultural geografizado, deve estar 
além do trato puramente geográfico-economicista - quase sempre dado ao tema -, e 
nesse sentido considerando que os homens são partes do espaço, não apenas porque 
viajam, mas, principalmente, porque vivem e nele se transformam. O espaço, por sua 
vez, é viajado e às vezes transformado. 
Nas ciências sociais, o debate sobre o fenômeno turismo nasce em meio à controvérsia 
sobre a natureza do turismo como pseudo-acontecimento ou como evento autêntico. É 
na década de 1960 que surgem os primeiros trabalhos sobre turismo na perspectiva da 
sociologia e da antropologia
8
. Nesta última, “o artigo pioneiro, tratando do turismo de 
fim de semana em uma vila mexicana, foi escrito por Theron Nuñez em 1963”. 
Banducci e Barreto (2001, p.24). Na geografia, as primeiras incursões sobre o tema se 
iniciaram um pouco mais cedo, de acordo com a expressão “geografia do turismo” 
empregada pela primeira vez em 1905 por J. Strander, conforme afirmação de 
Rodrigues (2001, p.40). De qualquer maneira, salientamos que a contribuição da 
antropologia à ciência geográfica no sentido de compreender os processos sociais e, 
nesse sentido, validar o entendimento do turismo a partir de uma Geografia Cultural, em 
 
8
 O Professor Álvaro Banducci, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, tem sido um dos 
responsáveis pela introdução dos estudos sobre a temática nos eventos de Antropologia, como fez na IV 
Reunião de Antropologia do Mercosul promovida pela Associação Brasileira de Antropologia – ABA. 
Silva (2002, p.123-124) 
 13 
muito, vem a somar no processo de compreensão das dinâmicas que emergem com o 
fenômeno turismo que aos poucos espraia suas lógicas pelo Norte de Minas. 
O desaparecimento da geografia cultural que parecia assim programado para o início 
dos anos 1970 não aconteceu. A uniformização das técnicas e da vida material nunca foi 
tão marcante como hoje. (...). O contexto obriga, pois, os geógrafos a não 
negligenciarem as dimensões culturais dos fatos que observam. Ele orienta sua 
curiosidade numa nova direção: as técnicas tornaram-se demasiadamente uniformes 
para deter a atenção; são as representações negligenciadas até então, que merecem ser 
estudadas. (...). 
9
 Claval (2001, p.49-50) 
Depreende-se de Claval que o processo de reconstrução e renovação da geografia 
cultural, que se inicia a partir de 1970 e se manifesta de maneira mais regular na França, 
espraia-se por vários lugares com o mesmo entendimento de que “os lugares não têm 
somente uma forma e uma cor, uma racionalidade funcional e econômica.” Na verdade, 
estão “carregados de sentido para aqueles que os habitam ou que os freqüentam”. Dessa 
maneira, mesmo que a geografia cultural não renuncie aos aspectos materiais da cultura, 
passa a se prender às paisagens, descrever as paixões, os gostos das pessoas, toma uma 
dimensão etnográfica e, “volta-se para as conseqüências dos discursos que as diferentes 
culturas proferem sobre o mundo e sobre a natureza. Questiona-se sobre as mudanças de 
atitude em relação à cultura, à natureza das identidades e do vínculo territorial, aos aléns 
aos quais os homens se referem e que lhes servem de modelos”. (2001, p.58) 
Parafraseando Yves Lacoste (1997, p.34), Ouriques (2005, p.88) questiona se “a 
geografia serve, antes de mais nada, para fazer turismo”, na mesma direção, afirma que 
geógrafos e outros profissionais têm colocado seus conhecimentos à disposição da 
indústria do turismo, catalogando tudo o que for passível de ser utilizado para a 
expansão dessa atividade, considerando-os “arqueólogos do capital” que transformam a 
geografia em uma ciência do e para o capital. Entendemos que a dificuldade de superar 
a racionalidade econômica ainda impera sobre a grande maioria dos estudos sobre o 
turismo que, no matiz da esfera econômica, analisam as paisagens, o patrimônio 
histórico,a natureza, as populações tradicionais e comunidades como produtos 
turísticos intrínsecos. 
 
9
 A reflexão conduz Claval (2001, p.51) a pontuar que “a freqüentação dos etnógrafos e dos sociólogos 
ensinou a alterar a análise dos gêneros de vida no sentido de aplicá-la a sociedades mais complexas. No 
lugar de considerar o emprego do tempo e os deslocamentos dos indivíduos como unidades 
indissociáveis, por que não dividi-los em segmentos menores?”. 
 
 14 
Contudo, salientamos que este trabalho emana da necessidade de produções científicas 
sobre turismo que não pactuem com análise substancialmente pró-capitalista, 
entendendo que os problemas conseqüentes do turismo - nessa pesquisa entendido como 
um fenômeno sócio-cultural geografizado - no mesmo nível de sua complexidade é 
especialmente de ordem institucional e cultural, principalmente, quando se tem como 
recorte o Norte de Minas. De qualquer maneira, um olhar geográfico a partir da Teoria 
das Redes se mostra interessante, entendendo que o desenvolvimento social do Norte de 
Minas encontrará no turismo uma possibilidade de conexão, a medida em que se 
compreenda a importância do desenvolvimento do turismo regional a partir de bases 
locais e micro-redes de solidariedade. 
Buscamos, neste trabalho, estabelecer contato com o campo da “Sociologia do 
Turismo”. Para tanto recorremos à compreensão de Weber (1991, p.03) apud Dias 
(2003, p.14), de que a Sociologia significa “uma ciência que pretende compreender 
interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus 
efeitos”. No mesmo contexto, Durkheim (1973, p.391-392) apud Dias (2003, p.13), 
compreende que o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais, que “apresentam 
características muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores 
ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõem”. 
Em suas reflexões, Moesch (2001, p.15) afirma que “fazer turismo, tanto para quem o 
produz como por quem o consome, é uma forma de apropriação de poder. Consumir o 
outro, o diferente, o exótico, o distante, supostamente gera experiências prazerosas”. 
Hobhouse (1924) apud Dias (2003, p.17) aponta que “o assunto da Sociologia é a 
interação dos espíritos humanos”. Queremos entender, portanto, as condições e relações 
sociais estabelecidas a partir do Turismo. Os estudos sobre Antropologia e Turismo 
ainda são recentes e tímidos, e boa parcela deles tem-se concentrado em questões como 
a violência nas cidades, segurança pública e turismo, situações que envolvem direitos 
humanos e inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais nos circuitos 
turísticos, e mais recentemente participam dos debates e produções as situações de 
conflito entre os turistas e os residentes das localidades visitadas. 
Essa postura, emergente de uma cultura de mercado capitalista, desconhece a essência 
do fenômeno turístico, o qual exerce uma pressão crescente sobre a produção da 
subjetividade social, o ecossistema, o modo estético, a herança cultural, existentes nas 
localidades visitadas, gerando agenciamentos possíveis de ressignificação com a 
realidade, por meio da relação entre visitantes e visitados. Moesch (2000, p.14). 
 15 
Este entendimento deve se dar por meio da participação de toda a sociedade, 
solidificado a partir de um debate aberto entre academia, governos e sociedade, 
especialmente na produção de conhecimento sobre os processos sociais partícipes do 
fenômeno turismo, e na construção de políticas públicas que fomentem a formação de 
fóruns e conselhos municipais e regionais de turismo, consórcios de turismo, 
fortalecendo parcerias intermunicipais e interinstitucionais, em todas as suas esferas, 
especialmente entre órgãos ligados ao turismo, meio ambiente, cultura e 
desenvolvimento social, consolidando assim redes de sustentabilidade do fenômeno. 
Cabe ressaltar que nesta pesquisa almejamos analisar princípios de enfoque 
participativo com ênfase no intercâmbio de experiências no sentido de encontrar 
ferramentas metodológicas, visualização e problematização acerca da atividade turística 
no Norte de Minas. O problema aqui investigado questiona como o Turismo, a partir de 
suas contradições, pode fomentar o Desenvolvimento Social no Norte de Minas. Quanto 
às respostas ao problema apresentado, pressupomos que, se por um lado, o turismo 
provoca impactos ambientais, sociais e econômicos de maneira cada vez mais intensa e 
marcante para os espaços, por outro, se percebe uma evolução de seus modelos 
sustentáveis, à medida que são adaptados às realidades dos mesmos espaços onde ocorre 
e, sob essas bases. O Turismo tem funcionado como alavanca nos processos de 
valorização de identidades, resgate e preservação cultural, preservação ambiental, 
minimização de situações de vulnerabilidade social, fortalecimento de redes solidárias, 
fomento ao capital social, dentre outros. 
As informações, diretrizes, diagnósticos e proposições que serão evidenciados neste 
trabalho ganham força por meio das Políticas Públicas Federais desenvolvidas pelo 
Ministério do Turismo (MTUR), pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais 
(SETUR) de acordo com o planejamento estratégico do turismo para o Estado, e pelas 
ações que vem sendo desencadeadas no âmbito do Turismo pelas Gestões Municipais, 
Organizações Não-Governamentais (ONGs) e setor privado e sociedade civil 
interessada, que têm assimilado a importância do desenvolvimento do turismo regional, 
bem como trabalhos já desenvolvidos por alguns pesquisadores sobre o tema. 
A pesquisa salienta que a atividade turística no Norte de Minas, apesar de sua condição 
incipiente, tem participado de importantes articulações, seja na criação de circuitos 
turísticos ou no diagnóstico de suas potencialidades. Como exemplo, temos os trabalhos 
 16 
realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-
MG) que há alguns anos vêm formatando inventários turísticos dos municípios da 
região e mais recentemente, em parceria com o Ministério do Turismo e Instituto de 
Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (IDENE), validando iniciativas de real 
importância para a região a partir do Programa Turismo Solidário – PTS. 
Ainda, nos despertam a atenção os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Grande Sertão 
(IGS) e pelo Espeleogrupo Peter Lund (EPL) que, a partir dos Projetos PROTURISMO 
e CAVERNAR, propõem respectivamente a formação de circuitos turísticos de menor 
escala e manutenção do patrimônio espeleológico regional, considerando aspectos 
geográficos naturais e relações histórico-culturais entre os municípios do Norte de 
Minas. Também ganham destaque os trabalhos desencadeados por Instituições de 
Ensino Superior, como é o caso das Faculdades Integradas Pitágoras de Turismo e 
Hotelaria (FIP) que têm participado de importantes momentos na consolidação de 
parceiras, pesquisas e ações práticas no sentido de construir elos na cadeia produtiva do 
turismo, e da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) ao assimilar a 
necessidade do debate e pesquisa sobre o turismo regional e participar a temática do 
processo de elaboração do Diagnóstico para a Agenda de Desenvolvimento Integrado e 
Sustentável da Mesorregião do Norte de Minas – AGENDA MESONORTE.
10
 
Parte dos diagnósticos que resultarão em reflexões ao fim deste trabalho foi feita 
durante as duas edições da expedição Caminhos dos Gerais, iniciativa da Prefeitura 
Municipal de Montes Claros, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente 
e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), cujo objetivo se volta à promoção e 
articulação intermunicipal na região. Este autor esteve primeiramente participando 
como convidado e na segunda edição participando como um dos coordenadores do 
processo. Na oportunidade a descentralização

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