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Apostila - Introdução à Psicopedagogia e Inclusão Social

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INTRODUÇÃO À 
PSICOPEDAGOGIA E 
INCLUSÃO SOCIAL
PROF.A DRA. ADRIANA PASQUINI
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância: 
Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani/
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira/
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim/ 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta / 
Heber Acuña Berger/ 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes/
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
UNIDADE
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ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA ........................................................................................................................... 5
O CAMPO DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO ..................................................................................................... 10
OS COMPROMISSOS TÉCNICOS E ÉTICOS DA ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ............................................... 15
CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO .............................................................................................................. 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 20
A PSICOPEDAGOGIA 
INSTITUCIONAL E CLÍNICA 
E O CAMPO DE ATUAÇÃO 
PROFISSIONAL
PROF.A DRA. ADRIANA PASQUINI 
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a).
Nesta disciplina você estudará os princípios e fundamentos da Psicopedagogia 
Institucional e Clínica. A temática está dividida em 4 unidades, e você terá oportunidade de se 
apropriar dos principais aspectos históricos e de atuação que envolvem esta área de saber que está 
em fase de ascensão social.
Mas, por que ascensão social?
A sociedade está, cada vez mais, reconhecendo o espaço e o valor que a Psicopedagogia 
está ocupando para a contribuição dos processos de ensino e da aprendizagem na atualidade. 
Podemos fazer uma reflexão sobre os vários fatores que influenciaram para esse avanço exponencial. 
Entre eles é pertinente citar, além dos questões endógenas à criança, como as deficiências e os 
distúrbios neurológicos de aprendizagem, àquelas de ordem política e social, como por exemplo: 
a obrigatoriedade da escolarização da criança, a antecipação da alfabetização e da aprendizagem 
da matemática sem que a criança esteja em condições maturacionais adequadas, não estando 
pronta para a aprendizagem, as questões pedagógicas de modo sistêmico educacional e de modo 
individual do profissional da educação que não atende à formação da diversidade, negligenciando 
as especificidades do aluno e tornando-o responsável pela sua não-aprendizagem.
Essas questões intrínsecas e extrínsecas aos alunos exigem a presença de um profissional 
que possa atuar pontualmente para que a aprendizagem aconteça. Este novo profissional será 
você, após a conclusão desta especialização. 
Você pode estar se perguntando: mas, afinal, o que é psicopedagogia? Qual é o objeto de 
estudo? Qual é seu campo de atuação? Quem são seus fundadores? Como eu farei na prática? 
Esses e outros questionamentos serão respondidos durante o decorrer desta disciplina que 
apresenta os seguintes objetivos:
• Definir Psicopedagogia e seus aspectos históricos;
• Caracterizar o campo de atuação do psicopedagogo.
• Discutir o código de ética do psicopedagogo.
Durante o curso você terá outras disciplinas que remeterão aos conceitos trabalhados 
aqui. Por isso, desejamos que tenha um excelente estudo e aproveite cada um dos conteúdos 
trabalhados nesta disciplina.
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ENSINO A DISTÂNCIA
DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA
Há décadas profissionais da Psicologia e da Pedagogia têm-se preocupado com a questão 
da aprendizagem e o desenvolvimento humano, na tentativa de diminuir os altos índices de 
fracasso escolar. Ela é desenvolvida impulsionada pela necessidade de solucionar problemas que 
não recebiam respostas positivas nos métodos tradicionais utilizados. A lacuna que estava aberta 
é então preenchida e o processo da aprendizagem escolar passa a ser alvo de um novo campo de 
estudo. 
A psicopedagogia é interdisciplinar, pois ao começar um trabalho, deverá buscar 
informações em outras áreas, como por exemplo, na psicologia e na neurologia.
Historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre pedagogia e 
psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com ‘distúrbios 
de aprendizagem’, consideradas inaptas dentro do sistema educacional 
convencional [...] no momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas que 
vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e das contribuições da psicologia, 
sociologia, antropologia, linguística, epistemologia, o campo da psicopedagogia 
passa por uma reformulação. De uma perspectiva puramente clínica e individual 
busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e 
uma atuação de natureza mais preventiva. (BOSSA, 2007, p. 20).
Foi devido às necessidades do atendimento de crianças com distúrbio de aprendizagem 
que a psicopedagogia surgiu. Na década de 1960 temos a expansão da psicopedagogia. Devido aos 
fatores do fracasso escolar e do desenvolvimento físico e psicológico do aluno, os psicopedagogos 
se prendem a um conceito de que os indivíduos que apresentam qualquer tipo de dificuldades no 
âmbito escolar são vistos como pessoas com disfunções psiconeurológicas.
Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção organicista e 
linear, com conotação nitidamente patolizante, que encarava os indivíduos com 
dificuldades na escola como portadores de disfunções, mentais e/ou psicológicos 
(SCOZ, 1994, p. 23).
Os primeiros cursos de especialização em psicopedagogia no Brasil ocorreram ao final 
da década de 1970, com o objetivo de complementar a formação de psicólogos e educadores 
que buscavam soluções para os problemas encontrados em seus alunos ou clientes. O primeiro 
registro do curso de psicopedagogia ocorreu no ano de 1954 oferecido pelo Centro de Pesquisa e 
Orientação Educacional (CPOE), com isso criou-se o Departamento de Educação Especial para 
crianças excepcionais.
Então no ano de 1967, temos a criação de um curso com duração de dois anos paraprofessores especializados no atendimento psicopedagógico das clínicas de leitura, oferecido pela 
CPOE.
A Psicopedagogia vem consolidando a sua identidade e campo de atuação próprios, 
que vem progressivamente sendo organizados e estruturados, especialmente pelas produções 
científicas que referenciam o campo do conhecimento e pela Associação Brasileira de 
Psicopedagogia (ABPp).
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Fundada em 12 de novembro de 1980, a Associação Brasileira de 
Psicopedagogia (ABPp) agrega psicopedagogos brasileiros com a 
finalidade de propiciar-lhes o desenvolvimento, a divulgação e o 
aprimoramento desta área do conhecimento.
Acesse o site: www.abpp.com.br 
e fique por dentro!
Segundo a ABPp, a Psicopedagogia encontra-se em fase de organização de um corpo 
teórico específico, visando à integração das ciências multidisciplinares (ciências pedagógicas, 
psicológicas, fonoaudiológicas, neuropsicológicas e psicolinguística) afim de uma compreensão 
mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana.
Segundo Bossa (2007), os primeiros traços da Psicopedagogia aconteceram na França 
no início do século XIX atrelados à Medicina, Psicologia e Psicanálise, para ação terapêutica em 
crianças que tinham lentidão ou dificuldades para aprender. As ideias francesas influenciaram 
a ação psicopedagógica argentina, de grandes nomes como Sara Paín, Alícia Fernandez e Jorge 
Visca. Foi a Psicopedagogia argentina, que influenciou a práxis brasileira.
Até os anos 1980, a psicopedagogia tratava os sintomas apresentados pelos alunos com 
problemas de aprendizagem, cabia a ela remediar as dificuldades no intuito de levar o sujeito ao 
domínio dos conteúdos e habilidades escolares. Nesta época ainda não possuía um corpo teórico 
próprio.
Professor Jorge Visca
Nasceu em Baradero, província de Buenos Aires, em 1935.
Graduou-se em Ciências da Educação, em 1966, na Universidad 
Nacional de Buenos Aires. Foi psicólogo social, formado pela Es-
cuela Privada de Enrique Pichon-Rivière, em 1971.
Foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal 
e o criador da Epistemologia Convergente, que propunha uma ativi-
dade clínica voltada para a integração de três frentes de estudo da 
psicologia: Escola de Genebra (Psicogenética, de Piaget), Escola 
Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social (Enrique Pichon Rivière).
Fundou centros psicopedagógicos em Buenos Aires, Rio de Janei-
ro, São Paulo e Curitiba.
Escreveu seu primeiro livro Clínica Psicopedagógica em 1985, tra-
duzido para a Língua Portuguesa em 1987.
Faleceu em 2000.
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Entre os anos 1980 e 1990, seu objeto de estudo passa ser o processo de aprendizagem e a 
preocupação em sua ressignificação. Os primeiros grupos de estudos psicopedagógicos no Brasil 
surgiram por volta da década de 1960. Iniciaram-se os cursos na área de Psicopedagogia, mas que 
ganham força apenas na década de 1990 e a partir daí vem se firmando no mundo do trabalho e 
se estabelecendo como profissão (YAEGASHI, 1992).
A Associação Brasileira de Psicopedagogia, em 1996 aprovou em Assembleia Geral no 
III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, o Código de Ética que assinala, dentre outras coisas, 
que a Psicopedagogia é um campo de atuação em saúde e educação que lida com o processo 
de aprendizagem humana, é de natureza interdisciplinar e o trabalho pode ser na clínica ou 
instituição, de caráter preventivo e/ou remediativo e cabe ao psicopedagogo por direito e não 
por obrigação, seguir o código de ética (ABPp, 2017). O código de ética será analisado no último 
tópico desta unidade.
A Psicopedagogia por ser a área que estuda a aprendizagem humana e suas complexidades 
não se detém apenas em investigar somente o processo da construção do conhecimento, mas 
também todos os indivíduos envolvidos nesse processo, como instituição de ensino, educando, 
família e comunidade. 
Para Bossa (2007), a psicopedagogia deve se ocupar do estudo da aprendizagem humana 
e, portanto, preocupar-se inicialmente com o processo de aprendizagem (como se aprende, 
como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por diversos fatores, como 
se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las). Seu 
objeto de estudo é, portanto, um sujeito a ser estudado por outro sujeito, por meio de um trabalho 
clínico ou preventivo.
Você sabia que dar uma definição à palavra psicopedagogia é bastante difícil por ainda ser 
um campo em processo de construção? Por esse motivo, que recorremos a autores que defendem 
a psicopedagogia e muito têm contribuído para seu avanço. Sendo assim, apresentamos aqui, 
alguns importantes nomes que definem a Psicopedagogia, seu objeto de estudo e como se dá uma 
pratica Psicopedagógica.
Segundo Scoz (1991, p. 2), a “Psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo 
de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação profissional, deve englobar vários campos 
do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”. 
Kiguel (1990) explica que a psicopedagogia é um novo campo de conhecimento que: 
[...] surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia. [...] visando à integração 
das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e 
psicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da 
aprendizagem humana.
Esta compreensão do sentido da aprendizagem, a partir de distintos níveis de 
interpretação da realidade, é uma tarefa difícil, pois a síntese não se dá a nível 
teórico e sim a nível do fenômeno (KIGUEL, 1990, p. 25).
Por “esse fenômeno” entende-se a não-aprendizagem. A psicopedagogia entra nessa seara, 
afirmando que devemos pensar nesta “não-aprendizagem” como algo simples e pontual, mas sim 
como amplo e multifatorial. Entendimento de fenômeno que deve extrapolar a aparência e chegar 
na essência de sua gênese. Weiss (1992), em seu ponto de vista, relata que a Psicopedagogia busca 
a melhoria das relações com a aprendizagem.
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Golbert (1985, p. 13), por sua vez, descreve que:
[...] o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois 
enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto 
de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto 
educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de 
desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do 
aprender, num sentido amplo. Não deve se restringir a uma só agência como a 
escola, mas ir também a família e à comunidade.
Bossa (2007) corrobora com os autores mencionados e conclui que essa é a área 
do conhecimento que estuda a aprendizagem humana, objetivando facilitar o processo de 
aprendizagem não apenas no ambiente escolar, mas em todos os âmbitos: cognitivo, afetivo, 
social; não só na infância, mas durante toda a vida. Cabe a Psicopedagogia estudar ainda como se 
aprende; como se produzem as alterações na aprendizagem e como estas podem ser reconhecidas, 
tratadas e prevenidas.
Tais considerações são complementares e, em relação ao objeto de estudo da 
psicopedagogia, sugere que há um consenso entre os autores quanto ao fato de, esta área de 
conhecimento e atuação, ocupar-se de estudos sobre aprendizagem humana. Muitos concordam 
que a aprendizagem resulta de uma visão plena do desenvolvimento do homem, e é em razão 
desta que se dá a práxis de Psicopedagogia.
Você sabia que a Psicopedagogia tem um símbolo? E que a sua explicação representa com 
fidedignidade a proposta do trabalho psicopedagógico?
Apresentamos a você o texto na íntegra da apresentação do símbolo à comunidade 
psicopedagógica.
Prezado Psicopedagogo
É com imensasatisfação que apresentamos o Símbolo da Psico-
pedagogia eleito por maioria de votos no VIII Congresso Brasileiro 
de Psicopedagogia realizado em São Paulo de 9 a 11 de julho de 
2009.
A Diretoria Executiva da ABPp, por quase uma década tem se mo-
bilizado de diferentes formas para que fosse criado e adotado um 
símbolo que representasse a atividade profissional do Psicopeda-
gogo. A ideia foi encampada pelo Conselho Nacional da ABPp que, 
após vários estudos e sugestões trazidas pelas Seções e Núcleos 
se propôs a fazer um trabalho reflexivo com o grupo de conselhei-
ras, para que as ideias pudessem ser gestadas a partir dos con-
ceitos que norteiam a identidade da Psicopedagogia, a fim de que 
a escolha pudesse ser a que melhor se adaptasse aos objetivos 
propostos.
Assim, ao se definir e conceber o símbolo da profissão, buscamos 
produzir uma síntese das consciências particulares, estabelecen-
do, consequentemente, através daquela concepção a consciência 
coletiva do segmento profissional.
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Inspirado nos valores éticos inerentes à nossa profissão e nos prin-
cípios e significados da simbologia, o símbolo deveria traduzir toda 
a grandeza da Psicopedagogia. Nossa proposta para sua criação 
tinha como objetivo estabelecer o vínculo com nossa história e, 
resgatar seu real significado que, hoje mais do que nunca, perma-
nece através da legitimidade que a sociedade lhe atribui.
Como resultado de todo este processo, a proposta de se partir da 
simbologia da Fita de Möbius foi aprovada.
Por que Fita de Möbius?
Em 1858, o matemático e astrônomo alemão Auguste Ferdinand 
Möbius ao pesquisar o desenvolvimento de uma Teoria dos Polie-
dros, descobriu uma curiosa superfície que ficou conhecida com 
seu nome, a Fita de Möbius. É uma fita simples que tem duas su-
perfícies distintas (uma interna e outra externa) limitadas por duas 
margens. Trata-se de uma superfície de duas dimensões com um 
lado apenas. Assim, se caminharmos continuamente ao longo da 
fita, atravessamos ora uma, ora outra dimensão.
O que encanta nesta fita é a sua extraordinária simplicidade aliada 
a um resultado complexo – transformando o finito em infinito.
Estas ideias foram passadas para dois design-gráficos que apre-
sentaram algumas propostas, as quais foram apresentadas para 
no VIII Congresso Brasileiro de Psicopedagogia para que os con-
gressistas votassem.
O significado do Símbolo eleito foi descrito da seguinte forma:
Fita de Möbius com 3 voltas. Representa o olhar do Psicopedagogo. 
As voltas estão dispostas de forma a representar a aprendizagem 
do indivíduo. O círculo central representa o indivíduo em processo 
para a aquisição de conhecimento, chegando ao fim com mudanças 
perceptíveis (círculo vermelho). 
Esse símbolo foi assim representado com o propósito de caracte-
rizar nossa área de atuação, representando o Psicopedagogo com 
suas características próprias. Esperamos que nosso Símbolo seja 
amplamente divulgado! 
Um forte abraço 
Quézia Bombonatto
Presidente Nacional da (ABPp) – Gestões 2008-2010 / 2011-2013
Atualmente a presidente eleita para gestão 2017-2019 é a Psicopedagoga Luciana de 
Barros Almeida do Estado de Goiás.
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O CAMPO DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Você verá que o campo de atuação do psicopedagogo não diz respeito somente ao espaço 
físico em que acontece “[...] mas também e em especial ao espaço etimológico que lhe cabe, ou 
seja, ao lugar deste campo de atividade e ao modo de abordar o seu objeto de estudo” (BOSSA, 
2007, p. 32).
Mas o que seria essa forma de “abordar o seu objeto de estudo”? São características 
distintas de atuação que pode ter caráter preventivo, clínico e teórico; e pode acontecer em dois 
espaços: o institucional e o clínico. 
Jorge Visca (1991) alerta que usar o termo clínica se referindo ao atendimento em 
consultório é um grande equívoco, porque psicopedagogia clínica,
[...] não significa isto de forma nenhuma. Na escola se faz clínica, na 
comunidade se faz clínica... no sentido de perceber o sujeito como ele é. 
Diagnosticar este sujeito, trabalhar com este sujeito mesmo que seja um grupo ou 
uma comunidade, aceitando este sujeito como ele é. Eu acho que o consultório é 
um laboratório de pesquisa, mas agora acredito que o objetivo do psicopedagogo 
seja trabalhar com a sociedade em geral. Pesquisar a forma de aprendizagem que 
existe na sociedade em geral (VISCA, 1991, p. 16-17, grifo nosso). 
O trabalho clínico se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua 
modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem do outro sujeito, implícita 
no não aprender. Nesse processo em que o investigador e o objeto-sujeito de estudo se interagem 
constantemente, a própria alteração torna-se alvo de estudo da psicopedagogia. Isso significa 
que, nesta modalidade de trabalho, deve o profissional compreender o que o sujeito aprende, 
como aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito 
de forma a favorecer a aprendizagem.
Bossa (2007) corrobora com esta análise e discute a configuração clínica da prática 
psicopedagógica. Para a autora, a partir do instante que compreendemos a dimensão única e 
particular de cada indivíduo que atendemos bem como as formas de intervenção e atitudes 
profissionais que assumimos diante de cada caso, reconhecemos uma metodologia de trabalho 
clínico, quer realizamos na instituição, quer no espaço clínico.
É preciso ter bem claro que quando falamos de Psicopedagogia 
Clínica não estamos nos referindo ao espaço de consultório, e sim, 
ao método de trabalho.
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA ≠ ESPAÇO CLÍNICO
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O TRABALHO PREVENTIVO DO PSICOPEDAGOGO
O trabalho preventivo do psicopedagogo tem sua ocupação principal na orientação do 
processo de ensino e de aprendizagem.
A instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é objeto de estudo da 
psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica 
institucional que interferem no processo de aprendizagem (BOSSA, 2007).
Na sua função preventiva, cabe ao profissional: 
- detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; 
- participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de 
favorecer processos de integração e troca; 
- promover orientações metodológicas de acordo com as características dos 
indivíduos e grupos; 
- realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto 
na forma individual quanto em grupo (BOSSA, 2007, p. 33).
De acordo com Scoz (1991), a grande questão das escolas é encontrar caminhos que 
possibilitem ao professor a revisão de sua própria prática descobrindo alternativas possíveis 
para melhorar sua ação. O psicopedagogo pode entre outras atividades: orientar estudos, mediar 
a apropriação dos conteúdos, atender crianças e professores e assim, contribuir muito para a 
constituição de um novo olhar, visto que existe na escola um espaço de trabalho que não vem 
sendo utilizado, o que se torna necessário um empenho de toda equipe escolar atuar e buscar 
diminuir os índices de fracasso escolar.
Isso só será possível se o profissional da educação tiver acesso às informações das 
várias ciências como a Pedagogia, a Psicologia, a Sociologia, a Psicolinguística, de 
forma a atingir um conhecimento profundo vinculado à realidade educacional 
que, possibilite uma visão global do aluno (SCOZ, 1991, p. 3).
No contexto escolar é primordial compreender a necessidade do trabalho psicopedagógico, 
que torna possível uma consistente abordagem e uma posterior intervenção, tendo um olhar 
singular para o educando e a escola. Ao exploraras dinâmicas que ocorrem no interior da 
instituição e a relação entre educando, educador e família, o trabalho do psicopedagogo pode 
fazer diferença nos processos de aprendizagem. 
O psicopedagogo pode atuar de forma preventiva nas instituições educacionais percebendo 
as dificuldades de aprendizagem que já se apresentarem instaladas, atuando no diagnóstico e nas 
terapias psicopedagógicas. 
Com esse empenho o profissional da psicopedagogia tem assumido diariamente contornos 
diferenciados, pois ele consegue olhar e compreender a história da criança e suas multifacetas 
do desenvolvimento. Para Vygotsky (1998), a aprendizagem da criança começa muito antes da 
aprendizagem escolar que nunca parte do zero. Toda aprendizagem da criança na escola tem uma 
pré-história. Partindo-se do pressuposto que a criança, ao chegar à unidade educadora (escola), já 
possui uma vasta bagagem informativa proveniente do meio em que vive, é papel dos educadores 
orientarem e conduzirem o conhecimento a partir de uma prática vivenciada e correlacionada à 
realidade da criança. 
Como já mencionados, a existência da psicopedagogia parte da demanda dos problemas 
de aprendizagem. Por isso, é necessário estudar os “processos de aprendizagem”. Esse assunto 
você verá nas unidades 2 e 3 desta disciplina.
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De acordo com Weiss (2008), no mundo atual, as crianças vão cada vez mais cedo para 
as instituições de educação, cabendo aqui o objeto de estudo da psicopedagogia na função 
preventiva, trabalhar com o ser humano em desenvolvimento enquanto educável. Entretanto, 
a psicopedagogia atua de forma ampla tanto na escola, quanto na família e na comunidade, 
ela esclarece sobre as etapas da evolução ligada aos processos de aprendizagens e as condições 
determinantes destas dificuldades. 
É bastante significativo o número de alunos que apresentam dificuldades na leitura, na 
ortografia, na escrita e mesmo no pensamento, exigindo uma abordagem terapêutica. Dado a 
esse fato, fica implícita a necessidade de ação preventiva do psicopedagogo, que vai atuar como 
parte integrante da vida escolar desse aluno, o psicopedagogo, é capaz de colaborar para que este 
estabeleça com o ato de aprender uma relação prazerosa e desafiadora, superando seus limites 
(WEISS, 2008).
O psicopedagogo deverá ser um profissional sensível, com domínio teórico buscando uma 
permanente atualização e equilíbrio emocional. Ter percepção crítica, inclusive para reconhecer 
os limites de sua atuação. Saber executar, acolher e ver o sujeito para além de, valorizando a 
autonomia já construída resgatando o desejo de aprender e os vínculos positivos (SCOZ, 1991).
O TRABALHO CLÍNICO DO PSICOPEDAGOGO
Você pode questionar: na atuação clínica não fazemos também o trabalho preventivo?
A resposta para esta pergunta é sim. O trabalho clínico não deixa de ser um trabalho 
preventivo, pois quando atendemos uma criança tratando de um diagnóstico já instalado estamos 
alterando as estruturas cognitivas e emocionais prevenindo o aparecimento de outros problemas.
Paín (1986) destaca que o atendimento terapêutico se inicia no primeiro contato para 
o diagnóstico. Você verá no decorrer deste curso que o atendimento geralmente é realizado em 
duas etapas: o diagnóstico e o tratamento. Mas, é possível observar mudanças na criança a partir 
do primeiro contato, pois para ela não há distinção entre esses procedimentos. Podemos inferir, 
pela nossa prática, que um dos motivos que pode levar a essa mudança na criança se dá pelo 
simples fato de ela receber um olhar diferenciado.
[...] o tratamento começa com a primeira entrevista diagnóstica, já que o 
enfrentamento do paciente com sua própria realidade, realidade esta que 
provavelmente nunca precisou se organizar em forma de discurso, o obriga a 
uma série de aproximações, avanços e retrocessos mobilizados de um conjunto 
de sentimentos contraditórios [...] (PAÍN, 1986, p. 72).
Em nossa prática, percebemos que muitas crianças que estão passando por momentos 
difíceis na escola, são encaminhadas para a avaliação psicopedagógica e durante o processo 
(que geralmente leva entre dez a doze sessões distribuídas em um pouco mais de 2 meses de 
atendimento) algumas questões são resolvidas. A subjetividade do indivíduo em relação à 
sintomatologia do problema é um campo fértil para trabalhar com o olhar psicopedagógico.
O profissional ao dar atenção aos sinais e sintomas que a criança apresenta, inicia um 
trabalho nomeado por Sara Paín (1986) de “técnica da condução do processo psicológico da 
aprendizagem”. Você verá essa técnica com mais profundidade em outra disciplina desta 
especialização. Para esse momento, o que é muito importante saber é que apesar de chamar 
“condução do processo psicológico”, essa técnica tem enfoque estritamente voltado para a 
aprendizagem. O diferencial do tratamento psicopedagógico terapêutico é que o olhar do 
profissional se volta em construir situações de ensino que possibilitem a aprendizagem, 
interessando em principal, não por aquilo que a criança não sabe ou não-aprende, mas sim, pelos 
fatores que determinam esse não-aprender no sujeito e pela significação que a atividade cognitiva 
tem para ele.
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As crianças manifestam esses sinais e sintomas de diversas maneiras, entre elas podemos 
chamar a atenção para a comunicação em si e pelos movimentos corporais, tais como: movimentos 
repetidos com as mãos (como apertar ou torcer), expressões faciais como os olhos, boca e testa; 
movimentos de corpo de retração ou expansão diante de certas atividades, o desinteresse e ou 
a apatia (de forma generalizada ou focalizada), e ainda a motivação exacerbada somente para 
determinadas atividades.
Ao observar esses sintomas e sinais correlacionados às respostas cognitivas que a criança 
oferece diante das atividades e ao seu histórico de vida, o psicopedagogo consegue, já no primeiro 
contato, iniciar um processo que chamamos de levantamento de hipóteses diagnósticas. Esse 
levantamento de hipótese direciona algumas de suas atividades avaliativas para identificar com 
maior clareza o fenômeno apresentado, confirmando ou excluindo as hipóteses iniciais. Por esse 
motivo que o tratamento psicopedagógico inicia-se desde o primeiro contato com a criança.
O trabalho clínico terapêutico do psicopedagogo consiste em entender o sintoma, 
relacioná-lo à não-aprendizagem, e eliminá-lo. Este é objetivo principal do tratamento, logo 
diagnóstico e tratamento estão dialeticamente ligados e se apresentam fazendo parte da unidade 
do sujeito. 
Para o atendimento terapêutico trabalhamos com um conceito próprio da psicopedagogia 
que se chama enquadramento, que você entenderá melhor na próxima unidade quando vamos 
discutir a “matriz de pensamento diagnóstica” de Jorge Visca (1991). Essa concepção de enquadre 
e de unicidade permite que se direcione todo o trabalho clínico para eliminar de forma mais 
assertiva os obstáculos de aprendizagem. No entanto, só é possível realizar um bom enquadre 
e um bom tratamento terapêutico quando o profissional busca atingir os objetivos básicos do 
tratamento psicopedagógico, a saber:
1) conseguir uma aprendizagem que seja uma realização para o sujeito;
2) obter uma aprendizagem independente por parte do sujeito;
3) propiciar uma correta autovalorização (PAÍN, 1986, p. 81).
Em outras palavras, a psicopedagogia trabalha para que a criança goste de aprender, 
estabeleça um vínculo positivo com a aprendizagem, consiga aprender de forma autônoma e 
ainda melhore seu autoconceito e sua autoestima. 
A Psicopedagogia no Brasil - Contribuições a partir da prática
Este livro é, é uma das obras mais importantes da produção acadê-
mica da pesquisadora. É praticamente, uma literatura obrigatória 
para quem está mergulhandona formação psicopedagógica.
Nadia Bossa é Neurocientista, Doutora em Psicologia pela USP e 
Mestre em Psicologia da Educação, Psicóloga, Neuropsicóloga e 
Psicopedagoga. Coordena o CEAPP – Centro de Estudos e Atendi-
mento Psicoterápico e Psicopedagógico.
A autora, de forma clara e precisa, explica o conjunto de práticas 
institucionalizadas de intervenção no campo da aprendizagem, 
que envolve a Psicopedagogia, quer no âmbito da prevenção, quer 
no diagnóstico e no tratamento das dificuldades de aprendizagem.
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O campo de atuação da psicopedagogia é focado no estudo do processo de aprendizagem, 
o diagnóstico, o prognóstico e as indicações para tratamento dos seus obstáculos (epistêmico, 
epistemofílico e funcional – que você verá na unidade 3 desta disciplina). O psicopedagogo, 
quando solicitado, é o responsável por detectar e tratar os possíveis obstáculos no processo de 
aprendizagem; trabalhar o processo de aprendizagem.
Pois bem, nesse trabalho de ensinar e aprender, o psicopedagogo recorre a 
critérios diagnósticos no sentido de compreender a falha na aprendizagem – 
daí o caráter clínico da psicopedagogia, ainda que seu objetivo seja a prevenção 
dos problemas de aprendizagem. É clinico porque envolve sempre um processo 
diagnóstico ou de uma investigação que precede o plano de trabalho. Esse 
diagnóstico consiste na busca de um saber-fazer (BOSSA, 2007, p. 31).
Para esse trabalho é necessário que o psicopedagogo consiga fazer uma confluência 
entre as dimensões do sujeito sem que perca a sua unicidade. É compreender a sua subjetividade 
enquanto ser humano e sua atividade específica humana que é a relação social, quer no espaço 
educacional ou na família. Para o psicopedagogo é um desafio que, para ser superado, exige que 
esteja em constante processo de aprendizagem e estudos. 
A psicopedagogia clínica em seu caráter terapêutico demanda o conhecimento e 
integração de várias ciências: entre elas: a psicanálise, a psicologia social, a epistemologia genética, 
a linguística, a pedagogia e os fundamentos da neuropsicologia. Bossa (2007) nos explica sobre 
cada uma dessas áreas que envolvem o saber psicopedagógico clínico:
A psicanálise encarrega-se do mundo inconsciente, das representações 
profundas, operantes por meio da dinâmica psíquica que se expressa por 
sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta a face desejante do homem;
A psicologia social encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde 
às relações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e 
econômicas específicas e que contextuam toda a aprendizagem;
A epistemologia e a psicologia genética encarregam-se de analisar e descrever o 
processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros 
e com os objetos;
A linguística traz a compreensão da linguagem como um dos meios que 
caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código 
disponível a todos os membros de uma sociedade, e a fala como fenômeno 
subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica;
“The Potter” é uma animação que fará você refletir sobre várias 
questões que envolvem os processos de ensino e aprendizagem, e 
porque não dizer, o trabalho psicopedagógico.
Destacamos entre as questões centrais: a importância do querer 
aprender, e a importância da mediação do ser mais desenvolvido 
no processo de ensinar.
Assista ao vídeo e pense a respeito sobre o aprender a aprender 
para você enquanto psicopedagogo!
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI>.
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A pedagogia contribui com as diversas abordagens do processo ensino-
aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina;
Os fundamentos na neuropsicologia possibilitam a compreensão dos 
mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais, 
indicando-os a que não correspondem, do ponto de vista orgânico, todas as 
evoluções ocorridas no plano psíquico (BOSSA, 2007, p. 28-29).
Você deve estar pensando sobre a complexidade do saber psicopedagógico. Realmente, 
esses conhecimentos específicos são muito importantes para o desempenho do psicopedagogo. 
Por isso chamamos sua atenção para a necessidade de estudar e sempre que possível produzir 
teoricamente, outro campo de atuação da psicopedagogia, que você verá no próximo tópico.
O TRABALHO TEÓRICO DO PSICOPEDAGOGO
Você percebeu, e continuará a perceber, que desde o início dessa disciplina estamos 
enfatizando sobre a importância de estudar e se fundamentar. O código de ética do psicopedagogo, 
que você verá no próximo tópico, destina um capítulo sobre as produções científicas, reforçando 
também não só a importância de se fundamentar, mas a necessidade da produção intelectual.
O trabalho teórico da psicopedagogia diz respeito à produção intelectual vinculada à 
área, o que contribui para dar corpo ao conhecimento científico.
A elaboração teórica visa criar um corpo teórico da psicopedagogia, com 
processo de investigação e diagnóstico que lhe sejam específicos, por meio de 
estudos das questões educacionais e da saúde no que concerne ao processo 
de aprendizagem. Implica, desta maneira, uma reflexão constante sobre a 
pertinência da aplicação das diversas teorias ao campo da psicopedagogia, por 
meio de avaliação prática resultante desses pressupostos. Esse trabalho consiste 
em uma leitura e releitura do processo de aprendizagem e do processo de não-
aprendizagem, bem como da aplicabilidade e dos conceitos teóricos, resultando 
em novos contornos e significados, proporcionando práticas mais consistentes 
(BOSSA, 2007, p. 33, grifo nosso).
Veja que destacamos duas expressões. A primeira é “leitura e releitura”, pois queremos 
voltar sua atenção para a quase obrigação de estarmos em ininterruptas consultas ao aporte 
teórico. A releitura pode ressignificar a prática e elucidar alguns casos atuais que no momento da 
primeira leitura não estava relacionado à sua prática. A segunda expressão destacada é “processo 
de aprendizagem e processo de não-aprendizagem”. Esse destaque diz respeito à necessidade de 
produção de forma igual para os sucessos e insucessos da aprendizagem. Cada produção chega ao 
profissional como uma oportunidade de construir uma prática nova e ou reconstruir uma prática 
antiga com novos pressupostos, como novas estratégias que outros profissionais obtiveram êxito.
OS COMPROMISSOS TÉCNICOS E ÉTICOS DA ATUAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA
Você está vendo nesta disciplina e verá durante toda a formação nesta especialização 
que a psicopedagogia tem um corpo próprio e um modus operandi específico de trabalho a ser 
desenvolvido. Entretanto, a subjetividade humana e as variações de formação que existem pela 
extensão territorial nacional, fazem com que esse modo de operar se modifique de acordo com as 
particularidades dos profissionais. 
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Cada psicopedagogo conforme for estudando e consolidando sua experiência vai 
construindo sua forma de trabalhar. Para garantir que as práticas individuais não deformem e nem 
se desviem da estrutura coletiva de uma área de conhecimento é necessário que se estabeleçam 
alguns princípios norteadores para exercer a função.
Por esta razão ímpar, o Conselho Nacional da ABPp aprovou em 1992 o Código de Ética 
do Psicopedagogo. Esse documento tem o propósito de consolidar parâmetros e orientar os 
profissionais da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e valores relacionados à 
boa conduta profissional, estabelecendo diretrizes para o exercício da Psicopedagogia bem como 
para os relacionamentos internos e externos à associação.
Em 1996, esse documento sofreu suaprimeira alteração, sendo aprovada em 19 de julho 
de 1996; e, por último, estando vigente até o momento passou por uma nova reformulação sendo 
aprovado em Assembleia Geral em 5 de novembro de 2011. A revisão do Código de Ética é prevista 
para que se mantenha atualizada e em consonância com as expectativas da classe profissional e 
da sociedade.
Consideramos de extrema importância que você faça a leitura na íntegra do documento.
CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO
Capítulo I – Dos princípios
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do 
processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto 
sócio histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais 
teóricos.
Parágrafo 1º
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com 
a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as 
suas dificuldades.
Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da 
aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico.
Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e 
recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção.
Artigo 3º
A atividade psicopedagógica tem como objetivos:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social;
b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem;
c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia;
d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.
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Artigo 4º
O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a organização, 
a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões 
psicopedagógicas.
Capítulo II – Da formação
Artigo 5º
A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso de pós-
graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos 
de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com a 
legislação em vigor.
Capítulo III – Do exercício das atividades psicopedagógicas
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados e/
ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os profissionais com 
direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. 
É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável 
processo terapêutico pessoal.
Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-
lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética.
Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus responsáveis 
legais e o profissional, a fim de que:
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições 
socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido;
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.
Artigo 7º
O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional, protegendo a 
confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não 
revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu 
atendimento.
Parágrafo 1º
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas e/ou 
instituições, comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento.
Parágrafo 2º
O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no 
exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade judicial.
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Artigo 8º
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante 
concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal.
Artigo 9º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo acesso não será 
franqueado a pessoas estranhas ao caso.
Artigo 10º
O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os componentes de 
diferentes categorias profissionais, observando para esse fim, o seguinte:
a) trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas;
b) reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-
os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.
Capítulo IV – Das responsabilidades
Artigo 11º
São deveres do psicopedagogo:
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da 
aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica 
e pela cooperação com outros profissionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da 
competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao 
cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e 
estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a 
manutenção do conceito público.
Capítulo V – Dos instrumentos
Artigo 12º
São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto de estudo – a 
aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação profissional e competência técnica, sendo 
vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos.
Capítulo VI – Das publicações científicas
Artigo 13º
Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas:
a) as discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não ao seu 
autor;
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b) em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores e 
seguir normas científicas vigentes de publicação. Em nenhum caso o psicopedagogo se valerá da 
posição hierárquica para fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua 
orientação;
c) em todo trabalho científico devem ser indicadas as referências bibliográficas utilizadas, 
bem como esclarecidas as ideias, descobertas e as ilustrações extraídas de cada autor, de acordo 
com normas e técnicas científicas vigentes.
Capítulo VII – Da publicidade profissional
Artigo 14º
Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e 
honestidade.
Capítulo VIII- Dos honorários
Artigo 15º
O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como parâmetros básicos 
as condições socioeconômicas da região, a natureza da assistência prestada e o tempo despendido.
Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética
Artigo 16º
Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética.
Parágrafo único - Constitui infração ética:
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógicas;
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psicopedagógica;
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços psicopedagógicos 
que não tenha efetivamente realizado;
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por terceiros, ou solicitar 
que outros profissionais assinem seusprocedimentos.
Artigo 17º
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp zelar, orientar pela fiel observância dos princípios 
éticos da classe e advertir infrações se necessário.
Artigo 18º
O presente Código de Ética poderá ser alterado por proposta do Conselho Nacional da 
ABPp, devendo ser aprovado em Assembleia Geral.
Capítulo X – Das disposições gerais
Artigo 19º
O Código de Ética tem seu cumprimento recomendado pelos Conselhos Nacional e 
Estaduais da ABPp.
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O presente Código de Ética foi elaborado pelo Conselho Nacional da ABPp do 
biênio 1991/1992, reformulado pelo Conselho Nacional do biênio 1995/1996, passa por nova 
reformulação feita pelas Comissões de Ética triênios 2008/2010 e 2011/2013, submetida para 
discussão e aprovado em Assembleia Geral em 05 de novembro de 2011.
Você parou para pensar na importância desse código para seu exercício profissional?
O Código de Ética do Psicopedagogo foi desenvolvido pela necessidade e por uma 
exigência da categoria. Barone (1991) faz uma crítica à necessidade de formalizar a profissão. 
Em seu texto “Considerações a respeito do estabelecimento da ética do psicopedagogo” a autora 
revela a necessidade desse trabalho estar ancorados em alguns princípios que possam orientar a 
prática para que não se perca a essência de seus fundamentos teóricos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade foi escrita a fim de que você inicie sua formação em Psicopedagogia. 
Aqui foram tratados dos primeiros conceitos e pressupostos que envolvem a profissão que você 
escolheu para se especializar.
A atuação psicopedagógica é gratificante aos profissionais que acreditam na capacidade 
de aprender do ser humano e estão dispostos a eliminar os obstáculos que impedem esse 
desenvolvimento pleno.
Nas próximas unidades você verá como o saber e fazer psicopedagógico fazem diferença 
na vida das crianças que necessitam e recebem o atendimento adequado.
UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 22
O SABER E O FAZER PSICOPEDAGÓGICO ............................................................................................................. 23
A EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE DE JORGE VISCA ........................................................................................ 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 37
O SABER E O FAZER 
PSICOPEDAGÓGICO À LUZ 
DA EPISTEMOLOGIA 
CONVERGENTE DE 
JORGE VISCA
PROF.A DRA. ADRIANA PASQUINI 
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INTRODUÇÃO
Você está adentrando no universo da psicopedagogia. Uma área de conhecimento que 
desperta paixões pela extensão de sua atuação. Esperamos que você esteja gostando da leitura e 
esteja se envolvendo tanto quanto nós estamos ao preparar esta disciplina.
A formação em psicopedagogia transforma os indivíduos da mesma forma que a 
psicopedagogia pode transformar a criança. Você terá a oportunidade de pensar melhor a 
respeito com o estudo de caso desta disciplina. Ele vai despertar sua reflexão sobre o saber e o 
fazer psicopedagógico.
Nesta unidade, você estudará dois tópicos essenciais para sua futura prática profissional: 
o primeiro diz respeito ao saber psicopedagógico e as ciências correlatas; e, o segundo, à 
Epistemologia Convergente de Jorge Visca. 
A escrita fundamentada em fontes primárias do próprio criador da teoria, permite que 
você tenha acesso à estruturação original, sem as interferências dos intérpretes e psicopedagogos 
contemporâneos. Não é que a dinâmica evolucionista própria das demandas da sociedade não 
seja benéfica, mas o que se considera é o compromisso de oferecer a você a gênese do postulado.
Encerramos a unidade convidando você a se deleitar assistindo a um vídeo em que o 
próprio Professor Jorge Visca apresenta uma visão geral da Epistemologia Convergente. Este 
vídeo foi produzido após sua morte e contem gravações antigas de sua contribuição para os 
processos de aprendizagem de muitas crianças, nas palavras e idioma dele:
“Para una persona, el aprendizaje abre camino de la vida, del mundo, de las posibilidades, 
hasta de ser feliz.”
Traduzindo:
“Para uma pessoa, a aprendizagem, abre o caminho da vida, do mundo, das possibilidades, 
até de ser feliz” (Jorge Visca 1935-2000).
Bons estudos!
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O SABER E O FAZER PSICOPEDAGÓGICO
Você conheceu na unidade anterior o professor argentino Jorge Pedro Luiz Visca, natural 
de Baradero, província de Buenos Aires, nascido em 1935 e falecido aos 65 anos em 2000.
O professor Jorge Visca foi um dos responsáveis pela difusão da Psicopedagogia no Brasil 
e no mundo. Desenvolveu a Epistemologia Convergente, modelo formulado para a atuação 
psicopedagógica. Esse modelo contribui para compreender o processo de aprendizagem da 
criança e diagnosticar seus obstáculos que interferiam para a não-aprendizagem, o processo 
corretor dessa condição, bem como os aspectos preventivos.
A epistemologia convergente é um postulado que segundo seu criador, propõe uma 
conceituação da aprendizagem e suas dificuldades por meio da integração, assimilação recíproca 
e contribuição de três áreas da psicologia, a saber:
• A psicanalítica de Freud;
• A psicogenética de Piaget;
• A psicologia social de Pichon Rivière.
Você estudará que a Epistemologia Convergente, a qual partindo da contribuição dessas 
três linhas da psicologia, possibilita entender e intervir nas dificuldades de aprendizagem. A 
relação de reciprocidade entre elas permite ao psicopedagogo olhar o aprendiz em situação de 
aprender, considerando suas condições para raciocinar, para desejar aprender, o vínculo afetivo 
despendido para situações de aprendizagem, a forma de aprender e a comunicação com o outro.
Visca (1987, 1991, 2014) tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem e 
este pressuposto teórico, fundamentado nestas três áreas, propõe um esquema evolutivo da 
aprendizagem, que vai além do cognitivo, afetivo e das carências sociais de formas isoladas. Ao 
contrário, propõe uma visão integrada, visto que por essa interação é possível entender o indivíduo 
como uma unidade, pois, o conhecimento da psicanálise se encarrega de observar o mundo 
inconsciente do sujeito, sua dinâmica e seus vínculos com a aprendizagem. O conhecimento da 
psicogenética de Piaget auxilia o estabelecimento dos processos construtivos do conhecimento 
da criança e como ela os opera cognitivamente diante dos desafios do ensino. Pela terceira área 
dessa fusão, o conhecimento da psicologia social, encarrega-se da análise da constituição do 
sujeito em relação à família e outros grupos e instituições que estão ligadas à aprendizagem e seu 
processo de desenvolvimento.
Você sabia que todo modelo teórico se constrói sobre alguns pontos de partida que são 
aceitos como verdadeiros denominados axiomas?
Mas, o que são axiomas?
Axiomas por definição significa que são verdades inquestionáveis universalmente válidas. 
Muitas vezes, a palavra axioma pode ser empregada como princípios na construção de uma 
teoria ou, também, como base para uma argumentação. Assim, os três axiomas da Epistemologia 
Convergente são:
• Interacionismo: entende que a aprendizagem acontece a partir das interações do sujeito 
com o meio. A aprendizagem é entendida como um processo intrapsíquico e a educação como 
processo interpsíquico.
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• Estruturalismo: entende que a aprendizagem não é função isolada, que se produz na 
relação entre a intensidade e a frequência do estímulo, mas decorre do compromisso total da 
personalidade, acontecendo somente na relação com o meio externo.
• Construtivismo: entende que aprendizagem é uma construção paulatina configurada 
na relação com o meio.
Você sabe que a aprendizagem de algo novo é um processo que ocorre em dois estágios 
psicológicos: interpsíquico e intrapsíquico e por esse motivo que nos estudos da psicopedagogia 
é valorizado o olhar para a criança envolvendo as análises das relações coletivas e das relações 
individuais.
Visca (1997), em seu livro La Psicopedagogia, descreve que o indivíduo é um organismo 
que aprende e da mesma forma, o grupo, a instituição e a comunidade também aprende. O autor 
apresenta dois esquemas sobre este assunto: o nível de integração coletiva para a aprendizagem 
de um grupo e o nível individual.
O autor ressalta que a formação em grupo não significa um agregado de pessoas e sim na 
constituição de um organismo sistêmico que interfere na aprendizagem coletiva e no do indivíduo 
em específico. Observe os esquemas e analise.
Figura 1 - Níveis e integração Coletiva. Fonte: Visca (1997, p. 52).
As integrações coletivas influenciam o processo de aprendizagem da criança e também se 
constituem em processos de aprendizagem intragrupal no sentido de que o comportamento da 
totalidade vai se consolidando pelo grupo. 
Você já percebeu que em determinados grupos você obtém resultados diferentes 
do que em outros. Se você é docente, pode compreender esse esquema com mais clareza. As 
formas institucionalizadas que os grupos formam podem tanto contribuir para os processos de 
aprendizagem quanto dificultar. 
Quando falamos da importância de olhar para o indivíduo como um organismo sistêmico 
que está inserido em um organismo sistêmico macro, estamos nos referindo a este esquema 
proposto por Visca (1997):
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Figura 2 - Nível de Integração Individual. Fonte: Adaptado de Visca (1997, p. 52).
Esta análise deve ter como foco a aprendizagem da criança podendo ser observada 
cada uma dessas áreas ao mesmo tempo e individualmente e dialeticamente imbricadas com o 
desenvolvimento da aprendizagem da criança.
A EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE DE JORGE VISCA
A epistemologia convergente está organizada em cinco unidades temáticas, a saber: 
enquadramento, contrato, diagnóstico, gnosiologia e processo corretor. A teoria está presente em 
todas as obras de Jorge Visca, mas em especial, na obra que convidamos você para ler, em que o 
autor sistematiza em sua totalidade a epistemologia convergente.
Clínica Psicopedagógica - Epistemologia convergente
Este livro teve sua primeira edição em 1985 em Buenos Aires e 
foi traduzido para Língua Portuguesa em 1987. Desde então ele 
se configura no principal referencial teórico para orientar a prática 
psicopedagógica.
O importante de se apropriar desta literatura é que você terá aces-
so à fonte primária, isto é, você lerá o próprio autor que criou a 
Epistemologia Convergente
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Esse referencial teórico é o suporte de todo psicopedagogo e será usado, como referencial 
teórico principal, para fundamentar a escrita deste tópico. Nesta disciplina, vamos seguir a 
ordem que o livro apresenta, mas o autor deixa claro que esta sequência não é determinada por 
prioridades ou por razões lógicas.
O ENQUADRAMENTO
De acordo com Jorge Visca (1987), enquadramento, em seu significado mais amplo, 
é caracterizado por conter um marco, ou seja, delimita a situação. Isto é, uma definição das 
variáveis que compõem o processo psicopedagógico, tornando-as constantes, ou em outras 
palavras “enquadradas”. É realizado na entrevista contratual com os pais, para o qual são utilizadas 
algumas constantes tais como: tempo, lugar, frequência, duração e caixa de trabalho.
• Tempo (50 minutos);
• Lugar;
• Frequência;
• Duração do tratamento: de tempo não limitado, limitado em função do tempo mesmo 
ou em função de um déficit.
• Caixa de trabalho: conjunto de objetos reais, selecionado a partir do diagnóstico.
• Interrupções regradas: são as condutas permitidas ou esperadas, feriados, férias, entre 
outros.
• Honorários: valores e sistema de remuneração.
Sobre os graus de afastamento do enquadre, Visca (1987) utiliza o instrumento conceitual 
elaborado por Pichon de Rivière, a qual ele denomina como “Cone Invertido”, e que serve para 
avaliar a conduta do sujeito assim como a do Psicopedagogo.
O cone invertido recebe este nome pela sua representação gráfica e possui seis vetores 
de análise: os da esquerda: Pertença, Cooperação e Pertinência e os da direita: Comunicação, 
Aprendizagem e Telê.
Figura 3 - Graus de afastamento do enquadramento. Fonte: Visca (1987, p. 38).
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Para entender os vetores da esquerda: 
• Pertença: sentimento de sentir-se parte, de estar na situação, podendo ser positiva ou 
negativa.
• Cooperação: consiste nas ações com o outro.
• Pertinência: eficácia com que se realizam as ações.
Esses três vetores são cumulativos, ou seja, não terá “pertinência” se não houver a 
“cooperação”, e esta não existirá se não houver a “pertença”. Eles dizem respeito ao resultado de 
uma mudança qualitativa que é indicada, durante o tratamento, pela observação dos vetores da 
direita.
Para entender os vetores da direita:
• Comunicação: caracterizada como o processo de troca de informação, pode ser a nível 
manifesto (elementos estudados pela teoria da comunicação) e a nível latente (subjacentes a 
comunicação manifesta, analisados em função da teoria psicanalítica). 
• Aprendizagem: apreensão instrumental da realidade, no sentido lato para Pichon 
equivalente ao câmbio ou mudança (conceito localizado no vértice do cone). São as pequenas 
aprendizagens que o sujeito faz. (Para Piaget, aprendizagem no sentido estrito, ou seja, são as 
aprendizagens particulares, quando as aprendizagens se integram a algum esquema (estrutura). 
Esta é a aprendizagem lato (ampla ou equivalente).
• Telê: palavra de origem grega, significando a distância afetiva (positiva ou negativa) que 
o sujeito pode viver.
Esses vetores são cumulativos e servem de indicadores para saber se a Pertença já evoluiu 
para a Cooperação e desta para a Pertinência. Os vetores da direita são indicadores dos primeiros, 
são observáveis através das constantes de enquadramento e apontam as resistências à mudança 
pelo paciente.
Você entendeu a relação? O grau de pertença (negativo ou positivo) pode ser estimado de 
acordo com a comunicação, a aprendizagem e a telê, da mesma forma que a cooperação (tanto 
positiva quanto negativa) pode ser analisada em função dos mesmos vetores da direita, bem 
como a avaliação da pertinência:
Figura 4 - Relação integrada entre os vetores. Fonte: Visca (1987, p. 39).
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A posição do cone invertido e o fato de se encontrar aberto em sua parte superior levaram 
o autor, Pichon Rivière, a chama-lo de “o funil” porque como dizia ele, era o meio pelo qual se 
acedia a uma nova situação.
A pertença, a cooperação e a pertinência podem ser positivas ou negativas. 
Entre as formas ou graus positivos e negativos e a transformação de pertença em 
cooperação e desta para pertinência é verificada por um contínuo.
Figura 5 - “O Funil”. Fonte: Visca (1987, p. 39).
Com a prática psicopedagógica você vai compreender que o cone invertido é um esquema 
muito útil para analisarmos o grau de resistência ou de propensãoà mudança. Visca (1987, p. 43) 
nos alerta para a evidência e sutileza dos indicadores em relação às resistências ou propensão às 
mudanças: “Um e outro são diferentes e, muito frequentemente, um indicador evidente também 
o é de resistências mínimas, enquanto outro sutil revela resistências máximas”.
O CONTRATO
Quando Jorge Visca publicou a primeira edição de sua teoria, em 1985, ele definia o 
contrato “[...] como um acordo verbal entre duas ou mais pessoas: psicopedagogo e paciente ou 
psicopedagogo, paciente e seus pais” (VISCA, 1987, p. 44).
Atualmente, a prática é realizar um contrato formal, por escrito e, em duas vias, uma para 
o contratante e a outra para o contratado.
O contrato é uma forma de assegurar as constantes realizadas no acordo, dando segurança 
para os envolvidos. Cada psicopedagogo adapta o modelo de contrato para sua realidade. Se 
você já estivesse atendendo, como faria o seu contrato? Já pensou sobre isso? Você pode fazer 
este exercício de duas maneiras, uma pensando como contratada (o que poderia oferecer de 
diferencial); e, outra como contratante. Vamos lá?
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Figura 6 - Modelo de contrato. Fonte: A autora.
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O DIAGNÓSTICO
Neste tópico, você estudará uma das essências do trabalho psicopedagógico: o diagnóstico. 
Para Visca (1987), esta unidade da epistemologia convergente pode ser estudada pela ótica de três 
níveis de abordagem: o metacientífico, o científico e o técnico. Em outras palavras, o primeiro, diz 
respeito à filosofia do conhecimento psicopedagógico; o segundo, ao objeto da psicopedagogia 
que é a aprendizagem; e, o terceiro, como determinar a ação exploratória. Como exposto no 
material da primeira unidade, cabe ressaltar que estes três níveis de análise são complementares 
e se realimentam reciprocamente.
Visca (1987, 1991) aborda esses três conhecimentos em função da “matriz do pensamento 
diagnóstico”, e do “processo diagnóstico”.
A primeira é um instrumento conceitual que, encontrando-se a meio caminho 
entre o corpo legal e o caso particular, serve de veículo e elemento facilitador 
dos processos ascendentes e descendentes que todo especialista deve realizar 
durante sua tarefa diagnóstica. O segundo, poder-se ia dizer, é o manual de 
instruções de acordo com o qual opero. Deve orientar em função de princípios, 
mas, de maneira alguma, deve substituir o discernimento, a criatividade e a 
espontaneidade.
Veja que o autor, de forma singular, revela os caminhos e ainda abre o espaço para a 
subjetividade do profissional para se adequar diante de cada um dos passos de acordo com suas 
condições.
A MATRIZ DE PENSAMENTO DIAGNÓSTICO
A Matriz do Pensamento Diagnóstico nos ajuda a organizar as informações que obtemos 
sobre o sujeito em particular, tanto no aspecto normal como no patológico. Possui três partes: 1) 
o diagnóstico propriamente dito; 2) o prognóstico; 3) as indicações.
1) O diagnóstico propriamente dito - Significa descrição e indicação e consta de cinco 
itens:
 • 1.1 Descrição e localização contextual – hábito psicossocial do sujeito, seu 
meio, de forma dinâmica e institucional (alunos e professores), contexto do sujeito. 
 • 1.2 Sintomatologia – descrição do que está acontecendo com o sujeito a partir 
do sintoma apresentado;
 • 1.3 Descrição e explicação a-histórica ou sistemática – análise das causas 
internas do sujeito (intrapsíquicas), contemporâneas ao sintoma e à interação entre as 
mesmas, causas que podem provocar um sintoma. Visca (1987) descreve que do ponto de vista 
psicopedagógico, as causas podem ser três: a afetividade, as funções e o estágio de pensamento;
 • 1.4 Descrição e explicação histórica – estuda a cadeia de causas, como se 
relacionar os fatos, numa concepção dialética. Aqui conhecemos a história do sujeito por meio da 
entrevista de anamnese, que proporciona o entendimento e interação dos hábitos psicossociais, 
sócio dinâmicos e institucionais;
 • 1.5 Desvios – são os afastamentos da conduta deficitária em relação ao ponto de 
referência, como: idade, estágio do pensamento formal. O importante é individualizar o sintoma 
em função de diferentes parâmetros ou pontos de referência. 
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REFLITA
Você se lembra dos axiomas? Estudado no início do tópico 2? 
Nestes itens da matriz de pensamento diagnóstico conseguimos 
visualizar a fundamentação do Interacionismo, Estruturalismo e do 
construtivismo. 
Você consegue identificá-los?
Releia os pontos de 1 a 4 e tente relacionar:
1.1 e 1.2 – Se fundamentam no princípio interacionista.
1.3 – Se fundamenta no princípio estruturalista.
1.4 – Se fundamenta no princípio construtivista.
Ainda sobre o diagnóstico propriamente dito, ao nos explicar as possíveis causas 
a-históricas, Visca (1987) descreve os obstáculos que dificultam a aprendizagem, classificando-os 
em três categorias: o obstáculo epistêmico, o obstáculo epistemofílico; e, o obstáculo funcional. 
Por uma questão didática, achamos que seria pertinente você estudar os obstáculos na próxima 
unidade, para que as suas características fiquem mais próximas de outras condições que 
consideramos que impedem a aprendizagem facilitando assim, a comparação e diferenciação 
entre elas.
2) O prognóstico – é uma hipótese sobre o estado futuro, que o fenômeno atual poderá 
adotar, condicionados aos seguintes itens:
 • 2.1 Sem agentes corretores – sem a incidência de nenhuma variável terapêutica; 
 • 2.2 Com agentes corretores ideais – imagina-se qual será a evolução do sujeito 
em função de tudo que idealmente poderia ser feito com ele;
 • 2.3 Com agentes corretores possíveis – os que o sujeito e a família realmente 
podem assumir tanto por fatores objetivos quanto subjetivos.
3) A indicação – fecham a matriz de pensamento diagnóstico e estão divididas em duas 
grandes categorias:
 • 3.1 Indicações gerais – referem-se ao encaminhamento a outros profissionais 
(neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, e outros profissionais);
 • 3.2 Indicações específicas - vinculadas direta ou indiretamente à aprendizagem 
(o tratamento em si).
Você deve ter percebido que a matriz de pensamento diagnóstico é um instrumento de 
muito valor para o exercício da psicopedagogia. Ele organiza as informações específicas que 
precisamos obter durante o processo diagnóstico. A importância deste instrumento conceitual é 
que ele facilita a representação do objeto de estudo em qualquer um dos estados que se manifeste, 
garantindo a unicidade e particularidade de cada caso.
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O PROCESSO DIAGNÓSTICO
A teoria de Visca (1987) postulou que o processo diagnóstico consiste no conjunto de 
passos em função dos quais vamos obter uma imagem do sujeito, tendo em vista seu aprendizado. É 
por meio dele que realizamos o diagnóstico, prognóstico e as indicações da matriz de pensamento 
diagnóstico que você estudou no item anterior.
Visca (1987) propõe que o processo diagnóstico se inicie desde o primeiro contato, com 
os pais ou com o próprio sujeito e termine somente com a devolução. A seguir temos o Esquema 
Sequencial para o processo diagnóstico elaborado pelo autor e que consta de cinco passos, com 
uma ordem distinta.
Veja o quadro a seguir:
Ações do Psicopedagogo Procedimentos internos do Psicopedagogo
1 EOCA Primeiro sistema de hipóteses 
Linhas de investigação
2 Testes Escolha dos instrumentos 
Segundo sistema de hipótese
Linhas de Investigação
3 AnamneseVerificação e Decantação do segundo sistema de hipóteses
Formulação do Terceiro Sistema de hipóteses
4 Elaboração do informe Elaboração de uma imagem do sujeito, que articula 
aprendizagem com os aspectos energéticos e estruturais, 
a-históricos e históricos que o condicionam
5 Devolução para o sujeito e 
os pais ou responsáveis
Devolução para o sujeito e os pais ou responsáveis
Quadro 1 - Sequência do processo diagnóstico. Fonte: Visca (1987, 1991).
A Epistemologia Convergente é uma proposta diferente da convencional em alguns 
aspectos. A diferença consiste em dois aspectos que retira a criança do papel secundário no 
processo e a colocam como protagonista. O primeiro diz respeito à sequência propriamente dita.
Na proposta tradicional a anamnese (entrevista com os pais) é a primeira etapa a ser 
realizada, e na proposta de Visca a primeira etapa é realizada com a criança pela Entrevista 
Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA). O segundo aspecto, se refere à devolutiva do 
diagnóstico, que na sequência tradicional é realizada para os pais, e na epistemologia convergente, 
é realizada para os pais e também para a criança.
A alteração da ordem da EOCA se justifica por diversos motivos, entre eles: não formar 
uma hipótese anterior ao contato com a criança, não ser influenciado pela hipótese levantada 
pelos pais, deixando assim, desenvolver a investigação por uma realidade imediata e sem 
interferências. Quando a anamnese antecede o contato com a criança, os pais, de intensidade 
e intenção variadas, tentam impor suas impressões impedindo que o psicopedagogo chegue ao 
paciente livre de informações para descobri-lo tal como ele é.
Um outro aspecto que esta alteração da ordem contribui refere-se a: “[...] criar um sistema 
de hipóteses que submeta a sucessivos decantamentos”. (VISCA, 1991, p. 39).
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“O primeiro na ordem da gênese é o último na ordem da análise” 
(Aristóteles).
Visca (1991, p. 39) declara que a ordem dos passos do processo 
também foi inspirada neste princípio que Piaget toma de Aristóte-
les.
O que você pensa a respeito dessa reflexão?
A GNOSIOLOGIA
Gnosiologia tem como sinônimo epistemologia e é parte da Filosofia que trata 
dos fundamentos do conhecimento. A epistemologia convergente trata da gnosiologia da 
aprendizagem, é preciso que você se aproprie da definição de aprendizagem de acordo com Jorge 
Visca.
Para o autor desta teoria, a aprendizagem é entendida como o processo de produção e 
estabilização de conduta, “[...] nem toda conduta é aprendizagem, embora toda aprendizagem é 
conduta” (VISCA, 1991, p. 75).
Você deve estar se perguntando, mas afinal, o que é conduta para a epistemologia 
convergente?
Conduta é a resposta dada a um estímulo estranho (é a reação ao objeto). A conduta 
aprendida é a mais econômica do ser humano, porque o sujeito resolve a situação com o menor 
esforço possível.
Nós, seres humanos, do nosso nascimento até a morte, vivemos em constante esquema 
evolutivo de aprendizagem. Este esquema postula:
1. a existência de quatro grandes níveis: protoaprendizagem, deuteroaprendizagem, 
aprendizagem assistemática, aprendizagem sistemática.
2. que a aprendizagem se dá em função de aspectos energéticos e estruturais e 
pela tematização dos esquemas de ação.
3. que o processo geral e as aprendizagens particulares respondem a princípios 
estruturais, construtivistas e interacionais. (VISCA, 1987, p. 75).
Nesta relação com o meio podemos pensar o Esquema Evolutivo da Aprendizagem, em 
quatro níveis:
Protoaprendizagem – primeiro nível de aprendizagem construído a partir das interações 
do bebê com a mãe, bem como com todo o meio, porém, neste momento, o objeto de estímulo 
é a mãe. A amamentação tem um amplo significado, pode ser considerada a maior fonte de 
aprendizagens quer positiva ou negativa, pois ao oferecer o seio como fonte de alimento para o 
bebê, a mãe oferece seu colo, suas carícias, afagos, mimos, etc. Os cuidados maternos levam a 
pelo menos, quatro resultados: alimentação, afetividade, cognição e aprendizagem.
Deuteroaprendizagem – esse segundo nível de aprendizagem acontece quando o 
sujeito alcançou o nível da Protoaprendizagem e estabelece interação com o meio familiar, neste 
momento, não mais só com a mãe, mas com todos os familiares.
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Aprendizagem assistemática – com o alcance da Deuteroaprendizagem, a criança interage 
além do grupo familiar, agora também com a comunidade delimitada vertical e horizontalmente. 
Verticalmente porque o contato com a comunidade não se dá em níveis mais complexos da 
cultura e Horizontalmente, porque só conhece os lugares mais próximos de sua casa. Nesse nível 
o sujeito vive em comunidade, porém, sem entrar em contato com as instituições educativas.
Aprendizagem sistemática – é o quarto nível do esquema evolutivo da aprendizagem, 
quando o sujeito se torna capaz de relacionar-se com as instituições educativas, ou seja, a 
aprendizagem aqui parte da educação escolar. A instituição educativa tem a finalidade de mediar 
os objetos e situações as quais a sociedade considera importante, partindo da aprendizagem da 
leitura, escrita e cálculo, passando para os conhecimentos geográficos, históricos, biológicos, 
sociais, noções matemáticas mais complexas, que permitem o desenvolvimento de conhecimentos, 
atitudes e destrezas em relação à realidade e, finalmente, constroem o nível de formação técnica, 
científica ou artística e seu aperfeiçoamento.
O esquema evolutivo da aprendizagem citado acima seria o desenvolvimento normal 
e também o ponto de partida para a identificação dos estados patológicos. É partindo de um 
paradigma de normalidade que podemos pensar num modelo de anormalidade.
De acordo com Visca (1987, 1991), o esquema dos estados patológicos de aprendizagem 
é uma classificação e recebe o nome de modelo nosográfico. 
Apresenta-se aqui a ideia geral da Nosografia da Epistemologia Convergente: Nível 
Semiológico, Patogênico e Etiológico e a relação de ubiquidade entre eles. Auxilia no entendimento 
de algo que não é doença, mas que pode começar em um determinado momento a produzir 
uma doença. A patogenia pode ser trabalhada e desaparecer, mas quando não trabalhada 
adequadamente se transforma em uma situação patológica.
Para você entender melhor cada um dos estados patológicos de aprendizagem:
Semiológico – também entendido como nível dos sintomas. Este nível é caracterizado 
por sintomas objetivos e subjetivos. Os sintomas objetivos são observáveis e podem ser agrupados 
em duas grandes categorias: os de aprendizagem assistemática e de aprendizagem sistemática. 
Patogênico - são as estruturas e mecanismos que provocam a sintomatologia.
Etiológico – é a causa primeira, ou seja, são as causas históricas.
O estado semiológico, que são os sintomas, se divide em dois grandes grupos – Sintoma 
de Aprendizagem Assistemática e o sintoma de Aprendizagem Sistemática. 
O sintoma da aprendizagem assistemática consiste na dificuldade para que apareça 
ou se estabilize uma conduta (a conduta é aprendida quando se produz e estabiliza). Como 
aprendizagem assistemática não depende do que é aprendido no meio escolar, portanto, as 
possibilidades são muitas, de acordo com cada cultura e evoluem no contexto histórico. Assim 
podemos citar critérios para identificar a dinâmica e a estrutura da dificuldade de aprendizagem:
• Parada Global – neste nível o sintoma não necessita de uma só estrutura subjacente, 
mas pode aparecer sobre diferentes estruturas. Exemplo: podemos ter dor de cabeça hoje pela 
alimentação, pela gripe, pela tensão, ou seja, os motivos podem ser múltiplos.
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