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CENTRO EDUCA MAIS JOSÉLIA ALMEIDA RAMOS 2° ANO / ESTUDANTE: ESTUDANTE: 2 2 UNIDADE I – LINGUAGEM VISUAL ........................................................................................................................................ 4 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO PLÁSTICA ................................................................................................... 4 1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 4 1.2 FIGURA E FUNDO ..................................................................................................................................................... 4 1.3 LUZ E SOMBRA ......................................................................................................................................................... 8 1.4 PERSPECTIVA ......................................................................................................................................................... 10 UNIDADE II - HISTÓRIA DA ARTE ......................................................................................................................................... 15 2 IDADE MÉDIA .................................................................................................................................................................. 15 2.1 ARTE PALEOCRISTRÃ .......................................................................................................................................... 16 2.2 BIZANTINA ............................................................................................................................................................. 17 2.3 ROMÂNICA ............................................................................................................................................................. 18 2.4 GÓTICA.............................................................................................................................................................................19 3 HISTÓRIA DA ARTE ........................................................................................................................................................ 21 3.1 RENASCIMENTO .................................................................................................................................................... 21 3.2 MANEIRISMO................................................................................................................... ........................................26 3.3 BARROCO ................................................................................................................................................................ 30 3.4 BARROCO NO BRASIL .......................................................................................................................................... 33 4 TEATRO ............................................................................................................................................................................ 36 4.1 IDADE MÉDIA ......................................................................................................................................................... 37 4.2 RENASCIMENTO .................................................................................................................................................... 39 4.3 BARROCO ................................................................................................................................................................ 41 3 Caro aluno, Essa apostila é resultado de uma pesquisa feita com o intuito de complementar o seu conhecimento com conteúdos de Linguagem Visual e de História da Arte. O material aqui exposto foi pesquisado, em várias fontes (vide referências), organizado, diagramado e revisado para facilitar o estudo e leitura. Como você pode notar pelo sumário o material para esse primeiro módulo, além de conter noções básicas da linguagem visual, segue estritamente uma ordem cronológica dos estilos artísticos (de acordo com o que é cobrado nos exames seletivos para ingresso em cursos superiores), descrevendo suas principais características formais, estéticas, simbólicas e históricas, procurando contextualizar as obras, assim como citar os artistas que mais se destacaram em determinado momento, dada a relevância e significado de sua proposta artística na História da Arte. As imagens das principais obras que caracterizam os períodos e estilos artísticos acompanham o texto de maneira que sirvam de referência visual e recurso didático, embora estejam impressas em preto-e-branco. Agradeço a oportunidade de estar compartilhando este material com você e bons estudos. São Luís – MA Fevereiro de 2010 4 4 UNIDADE I – LINGUAGEM VISUAL 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO PLÁSTICA 1.1 INTRODUÇÃO Chamamos de composição plástica ao arranjo, em um espaço (tela, papel, mural etc), dos elementos básicos da linguagem visual seguindo determinados fundamentos. Quando observamos uma composição, distinguimos várias formas, cada uma delas tendo sentido e importância diferentes ao configurar um conjunto artístico. Por isso, em qualquer estilo das artes visuais, a composição é sempre um fator primordial. A organização ordenada e inteligente das partes de uma imagem constitui os Princípios da Composição Plástica. Os elementos básicos da linguagem visual funcionam como unidades que configuram a imagem, representados isoladamente ou interagindo. Os elementos básicos por si só não constituem uma mensagem visual, sendo necessário que sejam aplicados seguindo determinados princípios, pois os elementos são compostos segundo fundamentos estabelecidos. Tais fundamentos não se originaram por acaso ou foram criados arbitrariamente, mas foram observados, analisados e experimentados por artistas e pelos psicólogos gestaltistas1. Convém salientar, que não existe regras absolutas. 1.2 FIGURA E FUNDO fundo. A figura, em uma imagem, para ser percebida imediatamente, deve ser colocada em destaque do Na relação figura-fundo as formas (figuras) podem ser: positivas, negativas ou ambíguas. Exemplos: Forma positiva Forma Negativa Forma Ambígua Forma positiva - é a forma completa com todos os detalhes, é apenas a silhueta, o contorno de uma forma. São as figuras formadas em torno de um espaço negativo ou vazio. Forma negativa - constitui a parte transparente de uma obra, figuras “ocas”; são as formas que rodeiam um espaço positivo. Forma ambígua - quando não há contraste suficiente entre a figura e o fundo, estes dois elementos tendem a se confundir e nos dão uma dupla interpretação. 1 A Psicologia da forma, Psicologia da Gestalt, Gestaltismo ou simplesmente Gestalt é uma teoria da psicologia que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração, organização e lei interna. 5 Alguns artistas se especializaram na produção de composições que utilizam o conceito de formas ambíguas. As figuras representadas podem sugerir dupla interpretação, usando e abusando dos efeitos de ilusão de ótica, ou ainda, num olhar mais atento, apresentar imagens subliminares, como a do exemplo da imagem ao lado. Neste quadro de Salvador Dali, um dos nomes mais expressivos do surrealismo, você vê dois mercadores de escravos e alguns negros. Um deles está de joelhos, como se pedindo clemência, diante de um dos mercadores. Esta imagem mostra subliminarmente, dentro da arcada, o busto de um idoso, que seria Voltaire,que era contra a abolição da escravatura. Dali se utilizou da arte para criticar a escravidão. Experimente olhar a imagem, com os olhos meio fechados: O arco entre as colunas é a cabeça; as cabeças dos dois mercadores formam os dois olhos de Voltaire. Um outro tipo de figura que pode confundir a percepção de espaço e forma são as figuras impossíveis, perfeitamente representáveis através do desenho ou da pintura, entretanto, não possíveis de serem concretizadas em três dimensões. Ou seja, não podem ser materializados. Exemplos: Tridente Triângulo de Penrose Em uma composição plástica, o espectador pode observar com atenção todo o espaço em que a obra foi desenvolvida e também a maneira como os elementos foram organizados pelo criador da obra. Assim, o espaço em uma obra de arte é a nossa configuração de uma superfície delimitada por duas dimensões, portanto, é sempre uma área específica bidimensional. O Mercado dos Escravos com Busto de Voltaire invisível. Salvador Dali, 1940. 6 6 Na configuração de uma composição plástica é o que não é imagem, o fundo. Serve como uma medida relativa para analisarmos as áreas que ficam dentro da imagem. É toda a área que rodeia a figura representada, ou seja, o fundo, e também pode ser positivo (cheio) ou negativo (vazio). Veja: Nu Sentado, François Boucher, 1738 espaço negativo 7 Perceber e identificar os espaços de uma composição consiste, basicamente, na abstração especifica da forma do objeto representado e observá-lo como um “bloco” uniforme diferenciando dos seus espaços circundantes. Essa observação possibilita ao artista desenhar com mais precisão. Numa composição mais complexa podemos analisar os espaços negativos isolando cada elemento da cena (Só uma pessoa, só uma árvore, só os prédios etc). Os espaços negativos participam da mancha gráfica tanto quanto os positivos. Uma boa silhueta por exemplo tem espaços negativos bem definidos. Eles também podem indicar movimento e direções. Na imagem da direita por exemplo temos espaços negativos mais perpendiculares, resultando numa pose mais estática. Nas outras verificamos que os espaços já estão mais inclinados, aumentando o movimento da pose. Atividade prática De acordo com o que você aprendeu, desenhe numa folha de papel sulfite, tamanho A4 (21 x 29,7 cm) o que se pede: 1) uma figura em forma positiva; 2) uma figura em forma negativa; 3) uma figura em forma ambígua. Escola: Aluno(a): nº Turma: Trabalho de Arte - Data: / / Figura e fundo (exemplo de título do trabalho) Obs.: utilize sempre nos seus trabalhos práticos essa estrutura, conforme a ilustração ao lado. 8 8 1.3 LUZ E SOMBRA A luz e a sombra, numa composição plástica é representada pelos tons. O tom é a quantidade relativa de luz existente em um ambiente ou numa imagem, definindo sua obscuridade ou claridade, ausência ou presença de luz. A luz natural emitida pelo sol, a luz branca, é refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez, têm uma característica de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim, podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas, o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor, textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o claro e escuro consistem numa escala tonal. Esta escala tonal pode ser aplicada para obtermos vários efeitos sendo um dos principais a perspectiva causada pelo jogo de luz e sombra, chamada de perspectiva tonal. Escala tonal de valores; contraste entre tons diferentes; utilização do tom para efeito de luz e sombra na esfera Degradê é um tipo de escala tonal onde os tons mudam gradativamente, de forma sutil. Escala tonal em degradê Dentro da linguagem visual o elemento básico de tom se torna essencial para uma representação imagética reconhecida pela percepção humana. Obs.: apesar de ser uma dimensão da cor, o tom não depende dela. Como podemos perceber na figura abaixo, o tom pode ser representado também em escalas de cinza. A luz e a sombra são os elementos básicos para produzir o efeito de Volume nos objetos. 9 Num desenho em duas dimensões, a luz e a sombra são elementos que definem e caracterizam o volume do objeto. O volume é, em conjunto com a forma, outro dos aspectos que distingue os objetos que nos rodeiam. Este depende da luz que recebe, e por consequência das sombras que este produz. A definição correta do volume dum objeto se consegue através da valorização exata das intensidades das suas sombras. Podemos definir dois tipos de sombras, as próprias e as projetadas. As sombras próprias são as que originam o objeto em si próprio e as projetadas são aquelas que ele produz nas superfícies vizinhas. Também se deve ter em consideração os reflexos produzidos pela luz, que projetam as superfícies ou objetos vizinhos já que estas aclaram a sombra própria. Entre a luz e a sombra há uma zona de transição ou de “meia sombra” que pode variar em extensão dependendo da intensidade da luz. No exemplo acima, distinguimos dois objetos com a mesma forma, tamanho e proporção, no entanto um representa um círculo e o outro, uma esfera. O círculo passou a ser um elemento bidimensional, a parecer um elemento tridimensional, com volume. A diferença entre os dois objetos é conseguida neste caso pelo efeito da luz e da sombra. Atividade Prática Utilizando folha de papel sulfite branca, lápis grafite (6B, de preferência) e régua, produza: 1) um desenho de criação ou memória (representando objeto, pessoa, casa etc) empregando os princípios de luz e sombra; 2) um desenho de observação empregando os princípios de luz e sombra (observe com atenção um objeto em sua casa e tente desenhá-lo procurando captar os efeitos de luz e sombra que ele apresenta); 3) uma escola tonal de valores; 4) uma escala tonal em degradê. 10 10 1.4 PERSPECTIVA Perspectiva é um termo de significado amplo que possui diversas acepções, ainda que elas sejam bastante relacionadas umas com as outras. Vem do latim spec, que significa visão e perspicere (ver através de). Nas artes pictóricas ela é o principal artifício usado para o efeito de profundidade, podendo ser intensificado pelos efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da imagem. No campo da Física Ótica a perspectiva é um aspecto da percepção visual do espaço e dos objetos nele contidos pelo olho humano. Depende de um determinado ponto de vista e das condições do observador. A perspectiva, neste caso, corresponde a como o ser humano apreende visualmente seu ambiente, sendo confundida com a ilusão de ótica. Por exemplo, as linhas paralelas de uma estrada, relativamente a um observador nela situado, parecerão afunilar-se e tenderão a se encontrar na linha do horizonte. A perspectiva gráfica é um campo da Geometria Descritiva, muito adotado nas artes visuais. É a representação dos objetos, em um plano bidimensional (como o papel), da forma como eles aparecem a nossa vista, com três dimensões. Conhecida desde a Antigüidade, divide-se em várias categorias e foi desenvolvida pelos artistas do Renascimento. A representação do espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da perspectiva, vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos pela Matemática e pela Física Ótica para iludir o olhar. A ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras principais nas composições de artes visuais. Há, portanto dois tipos básicos de perspectiva gráfica. São eles: • Perspectiva linear • Perspectiva tonal ou atmosférica (aérea) Eucalíptos na Estrada de Mirinzal – MA. Foto: Magno Anchieta, 2007. Anchieta, 2007. Sem título. Carlos Ribeiro.Óleo sobre tela (detalhe). 11 1.4.1 Perspectiva linear É a projeção feita através de linhas, que podem ser paralelas ou convergentes à um ou mais pontos de fuga. Nesse caso, temos dois tipos de perspectiva linear: • Perspectiva paralela ou cilíndrica; • Perspectiva cônica. Perspectiva paralela ou cilíndrica. Perspectiva cônica. 1.4.1.1 Perspectiva Paralela A Perspectiva Paralela ocorre quando o observador está situado no infinito e, portanto, as retas projetantes são paralelas umas às outras, ou seja, não se cruzam. São divididas em: a) Axonométrica • Isométrica • Dimétrica • Trimétrica Tipos de Projeções em Perspectiva Linear Paralelas Cônicas Axonométrica Oblíqua 1 Ponto de Fuga Isométrica Cavaleira 2 Pontos de Fuga Dimétrica Militar 3 Pontos de Fuga Trimétrica 12 12 b) Oblíqua • Cavaleira • Militar 1.4.1.2 Perspectiva Cônica A Perspectiva Cônica – tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de fuga localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade. O desenho em perspectiva cônica reproduz o efeito que temos quando observamos o ambiente físico – as imagens se apresentam cada vez menores à medida que aumenta a distância de quem observa. Ao observarmos a foto de uma rua, paisagem, edifício, etc, podemos perceber que todas as linhas convergem para um ponto na profundidade do espaço. Esse ponto é denominado ponto de fuga. Modificando-se a posição do observador ou a altura dos olhos modifica-se também a perspectiva. O ponto de fuga localiza-se na altura dos olhos do observador, ou seja, na linha do horizonte (com exceção da perspectiva com 3 ou mais pontos de fuga). Os principais elementos para se criar uma projeção em perspectiva cônica são: Linha do horizonte; Um ou mais pontos de fuga; Linhas de convergência ou projetantes. a) Perspectiva cônica com 1 ponto de fuga É também chamado de perspectiva frontal e seu único ponto de fuga fica situado na linha do horizonte, podendo ser central ou não. 13 Exemplos de desenhos em perspectiva cônica com 1 ponto de fuga b) Perspectiva cônica com 2 pontos de fuga Também chamada de perspectiva angular lateral, seus dois pontos de fuga situam-se na linha do horizonte. A perspectiva de um ponto é a ideal se acontecer de você estar olhando diretamente para a frente de algo, mas que se o assunto é voltado para o lado? Então você precisa de dois pontos na perspectiva! Nesse tipo de perspectiva cada linha, exceto as verticais irão convergir para um dos dois pontos de fuga. Toma-se como partida a altura (geralmente a linha vertical maior) do objeto a ser representado. PF 1 Linha do Horizonte PF 2 Exemplos de desenhos em perspectiva cônica com dois pontos de fuga (LH) PF 14 14 c) Perspectiva cônica com 3 pontos de fuga É conhecida também como perspectiva linear aérea (não confundir com perspectiva tonal ou atmosférica). Seu desenho cria o efeito de quem está vendo o objeto representado do alto ou de baixo. No desenho de perspectiva com três pontos, cada linha converge eventualmente em ângulo reto no para um terceiro ponto. Isto pode parecer distorcido se os pontos de fuga estiverem próximos, mas se eles estiverem longe o suficiente, a perspectiva de três pontos é a forma mais exata do desenho do mundo ao seu redor em três dimensões. Exemplos de desenhos utilizando a perspectiva cônica com 3 pontos de fuga Nas artes plásticas e em especial, no desenho artístico a perspectiva linear cônica é a mais utilizada. 1.4.2 Perspectiva Tonal ou Atmosférica Também conhecida como perspectiva aérea2 usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme a distância que se quer representar. Exemplos de desenhos utilizando a perspectiva tonal. 2 Originalmente chamada de Perspectiva Aerial. PF1 PF2 (LH) PF3 Idade Média 1. Introdução: Durante a idade medieval (séculos V-XIV) a arte se caracterizou pela integração da pintura, escultura e arquitetura. Nesse período, a igreja católica exerceu forte controle sobre a produção científica e cultural concretizando uma ligação entre a produção artísticacom o cristianismo. Isto proporcionou a predominância dos temas religiosos nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura e no teatro. O imaginário dessa época esteve sempre voltado para o teocentrismo (Deus como centro de tudo). As artes que mais se destacaram na Idade Média foram as artes plásticas: arquitetura, pintura e escultura. Desenvolvendo-se a arte Paleocristã e Bizantina. Suas principais realizações foram as igrejas, podendo-se distinguir, nelas, dois estilos básicos: o românicoe gótico. 2.1 ARTE PALEOCRISTÃ Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e espalhavam seu estilo por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começaram a criar uma arte simples e simbólica executada por pessoas que não eram grandes artistas. Surge a arte cristã primitiva, também conhecida como paleocristã. Os romanos testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma nova era e uma nova filosofia. Com o surgimento de um "novo reino" espiritual, o poder romano viu-se extremamente abalado e teve início um período de perseguição não só a Jesus, mas também a todos aqueles que aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos seus princípios. Esta perseguição marcou a primeira fase da arte paleocristã: a fase catacumbária, que recebe este nome devido às catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde acredita-se que os primeiros cristãos secretamente celebravam seus cultos. Nesses locais, a pintura é simbólica. Para entender melhor a simbologia: Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por um peixe, pois a palavra peixe, em grego ictus (ίχθύς), forma as iniciais da frase: “Iesus Christos Theou Uios Soter” que quer dizer "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador". Outra forma de simbolizá-lo é o desenho do pastor com ovelhas "Jesus Cristo é o Bom Pastor" e também, o cordeiro "Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus". Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões. Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos: Honório e Arcádio. Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital , e Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, com a capital Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul). O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões, principalmente de povos 15 Artes Visuais O Bom Pastor – pintura paleocristã 16 bárbaros, até que, em 476 d.C., foi completamente dominado (esta data, 476 d.C., marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média). Já o Império Romano do Oriente (onde se desenvolveu a arte bizantina), apesar das dificuldades financeiras, dos ataques bárbaros e das pestes, conseguiu se manter até 1453, quando a sua capital Constantinopla foi totalmente dominada pelos muçulmanos (esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna). Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico conhecido por Idade Média. Na Idade Média a arte tem suas raízes na época conhecida como Paleocristã, trazendo modificações no comportamento humano, com o Cristianismo a arte se voltou para a valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo e a medida de todas as coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados. Exercício de fixação 1. O que caracterizava a arte paleocristã? 2. Ondeos primeiros cristãos realizavam suas pinturas? 3. Quais eram os principais símbolos representados nas pinturas dos primeiros cristãos? O que eles significavam? 4. O que significa as iniciais da palavra PEIXE (em grego ICTUS) para os cristãos? 5. Após a oficialização do Cristianismo, em que tipo de construção arquitetônica os cristãos passaram a se reunir? 2.2 ARTE BIZANTINA O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano nos primeiros séculos de nossa era. Por volta do século IV, começou a invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino a transferir a capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de misericórdia para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte cristã - Arte Bizantina. Graças a sua localização (Constantinopla) a arte bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo e rico tanto na técnicaquanto na cor. A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das suas funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros executores. O regime era teocrático e o imperador possuía poderes administrativos e espirituais; era o representante de Deus, tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça e, não raro, encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus. O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, porexemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa Igreja de Santa Sofia - Istambul 16 espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado devido à associação com o maior bem existente na terra: o ouro. A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente decorados. A arte bizantina teve seu grande apogeu cultural no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano. Porém, logo sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia. Constituía na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o clero. A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da arte bizantina. E essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos. 1. Estilo Romântico: Arquitetura: A construção da época foi fundamentalmente religiosa, pois somente a Igreja cristãe as ordens religiosas possuíam fundos suficientes ou pelo menos a organização eficientepara arrecadá-los e financiar o erguimento de capelas, de igrejas e de mosteiros. Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos arcosde volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilovoltado para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas, quase sem reboco, e existiampoucas e pequenas janelas deixando seus interiores geralmente sombrios. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma ideia de construções “pesadas”, voltadas para a defesa. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. As igrejas deveriam ser fortes e resistentes parabarrarem a entrada das “forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras. No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja estrutura era semelhante às construções dos antigos romanos. As características mais significativas da arquitetura românica são: Abóbadas em substituição ao telhado das basílicas; Pilares maciços que sustentavam as paredes espessas; Interior da Igreja de Santa Sofia – Istambul, Turquia 17 Aberturas raras e estreitas usadas como janelas; Torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e Arcos que são formados por 180 graus. A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu. Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas. Pintura e Escultura: Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se, sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do afresco, queoriginalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida. Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da pintura românica foram à deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o 18 22 22 18 20 22 J cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza. Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais. Mosaicos da coroação de Maria, em Santa Maria Maior - Jacopo Torriti Mosaicos são pequenas pedras coloridas que colocadas lado a lado, vão formando o desenho. Usado desde a Antiguidade, veio do Oriente a técnica bizantina que utilizava o azul e dourado, para representar o próprio céu. No Ocidente foi utilizado principalmente nas igrejas. Estilo Gótico: O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século XIII ao XV) e floresceu nos mais diversos países europeus, em inúmeras catedrais, que até hoje causam admiração pela beleza, elegância, delicadeza e engenharia perfeita. As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também foram muitos usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas apareciam em grande quantidade. As torres 19 eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados. Características gerais do estilo gótico: Verticalismo. Arco quebrado ou ogival. Abóbada de arcos cruzados. O vitral. 24 24 18 20 24 J Renascimento 1. Introdução: O Renascimento foi uma época ou movimento de renovação das artes e ciências europeias, entre os séculos XIV a XVI, marcado pela valorização da Antiguidade Clássica. O Renascimento Italiano se espalhou pela Europa, trazendo novos artistas que nacionalizaram as ideias italianas. Querubim Criaçãode Adão - Michelangelo 21 2. História: O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização europeia que se desenvolveu entre 1300 e 1650, sobretudo no século XVI. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem dúvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média. Ou seja, a partir do Renascimento, o ser humano passou a ser o grande foco das preocupações da vida e do imaginário dos artistas. O retrato, por exemplo, tornou-se um dos gêneros mais populares da pintura, utilizado, na ausência da fotografia, para o registro de pessoas e famílias nobres e burguesas. Dentro desse universo de figurações, o auto retrato se estabelece como um subgênero repleto de peculiaridades. Nele, o artista se retrata e se expressa, numa tentativa de leitura e transmissão de suas características físicas e sua interioridade emocional. Ali também, na maneira como utiliza cores e pinceladas, no modo como desenha suas próprias formas e lhes atribui volumes e texturas, o artista constrói seus próprios comentários sobre a natureza e os atributos da arte. 3. Características Gerais: Valorização da cultura greco-romana: para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contráriodos homens medievais; 22 26 26 18 20 26 J As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico; Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo); A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo; Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo. Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos. 4. Principais Representantes do Renascimento Italiano: Giotto di Bondone (1266-1337): pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final. Michelangelo Buonarroti (1475-1564): destacou-se em arquitetura, pintura e escultura. Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo Final é a mais conhecida). Rafael Sanzio (1483-1520): pintou várias “Madonas” (representações da Virgem Maria com o menino Jesus). Leonardo da Vinci (1452-1519): pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia. Sandro Botticelli (1445-1510): pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos. Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera. Tintoretto (1518-1594): importante pintor veneziano da fase final do Renascimento. Obras principais: Paraíso e Última Ceia. Veronese (1528-1588): nascido em Verona, foi um importante pintor maneirista do Renascimento Italiano. Obras principais: A batalha de Lepanto e São Jerônimo no Deserto. 23 5. Pintura Renascentista: Duas grandes novidades marcam a pintura renascentista: a utilização da perspectiva, através da qual os artistas conseguem reproduzir em suas obras, espaços reais sobre uma superfície plana, dando a noção de profundidade e de volume, ajudados pelo jogo de cores que permitem destacar na obra os elementos mais importantes e obscurecer os elementos secundários, a variação de cores frias e quentes e o manejo da luz permitem criar distâncias e volumes que parecem ser copiados da realidade: e a utilização da tinta à óleo, que possibilitará a pintura sobre tela com uma qualidade maior, dando maior ênfase à realidade e maior durabilidade às obras. Outra característica da arte do Renascimento, em especial da pintura, foi o surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo. 6. Arquitetura Renascentista: Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer ponto em que se coloque. Os arquitetos renascentistas perceberam que a origem de construção clássica estava na geometria euclidiana, que usava como 24 28 28 18 20 28 J base de suas obras o quadrado, aplicando-se a perspectiva, com o intuito de se obter uma construção harmônica. A pesar de racional e antropocêntrica, a arte renascentista continuou cristã, porém as novas igrejas adotaram um novo estilo, caracterizado pela funcionalidade e portanto pela racionalidade, representada pelo plano centralizado, ou a cruz grega. Os palácios também foram construídos de forma plana tendo como base o quadrado, um corpo sólido e normalmente com um pátio central, quadrangular, que tem a função de fazer chegar a luz às janelas internas. 7. Escultura Renascentista: Pode-se dizer que a escultura é a forma de expressão que melhor representa o renascimento, no sentido humanista. Utilizando-se da perspectiva e da proporção geométrica, destacam-se as figuras humanas, que até então estavam relegadas a segundo plano, acopladas Às paredes ou capitéis. No renascimento a escultura ganha independência e a obra, colocada acima de uma base, pode ser apreciada de todos os ângulos. Dois elementos se destacam: a expressão corporal que garante o equilíbrio, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas; e as expressões das figuras, refletindo seus sentimentos. Mesmo contrariando amoral cristã da época, o nu volta a ser utilizado refletindo o naturalismo. Encontramos várias obras retratando elemento mitológicos, como o Baco, de Michelangelo, assim como o busto ou as tumbas de mecenas, reis e papas. Ao abrir o mundo à intervenção do homem, o Renascimento sugeriu uma mudança da posição a ser ocupada pelo homem no mundo. Ao longo dos séculos posteriores ao Renascimento, os valores por ele empreendidos vigoraram ainda por diversos campos da arte, da cultura e da ciência. Graças a essa preocupação em revelar o mundo, o Renascimento suscitou valores e questões que ainda se fizeram presentes em outros movimentos concebidos ao logo da história ocidental. 25 1.1 MANEIRISMO Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos. Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em decadência.Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento. Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do universo. Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias. Arquitetura A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração. Principais características Nas igrejas: Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista. Villa Capra (La Rotonda). Andrea Palladio - 1551 - Veneza 26 Nos ricos palácios e casas de campo: Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento. A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação. Principais artistas: Bartolomeo Ammanati (1511-1592), autor de vários projetos arquitetônicos por toda a Itália, tais como: a construção do túmulo do conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta del Popolo, a fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens. Giorgio Vasari (1511-1574) é conhecido por sua obra literária Le Vite (As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias, publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua vida em Florença, dedicado à arquitetura. Andréa Palladio (1508-1580) - o interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio tenha sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais importantes desse período. A obra de Palladio foi uma referência obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do barroco. Pintura É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte. Principais características: Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente. Alegoria do Amor - Bronzino 27 20 Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções absolutamente impróprias para os seres humanos. Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes. A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis. Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo. Principais artistas: Tintoretto (1518-1594): pintor veneziano, cujo apelido deriva-se da profissão de seu pai, um tintureiro. Seu nome de batismo era Jacopo Robusti. Além de obras religiosas, também pintou cenas mitológicas e retratos. Foi um desenhista formidável que se destacou por empregar em suas telas vívidos exageros de luz e movimento. Agnolo Bronzino (1503-1572), mais conhecido por Bronzino ou Il Bronzino, seu nome era Agnolo Tori também chamado com os nomes de Ângelo di Cosimo di Mariano ou Agnolo Bronzino. Pintor italiano predominantemente palaciano, um dos maiores representantes do maneirismo, Bronzino apóia-se no uso de cores irreais, muitas vezes contrastantes. Seu quadro alegórico Triunfo de Vênus é um evidente precursor do barroco. Girolamo Francesco Maria Mazzola (1503-1540), mais conhecido por Parmigianino (que significa "pequeno parmesão") ou ainda Parmigiano, foi um proeminente pintor italiano do maneirismo, tendo atuado em Florença, Roma e Bolonha, além da cidade natal. Apesar de se conhecer pouco da sua educação, sabe-se que sofreu influências de Correggio e Rafael, como o demonstram as suas pinturas dos primeiros anos (frescos na Igreja de S. João Evangelista de Parma). A partir de 1527, afirmou o seu estilo pessoal com obras como a Madonna de S. Petrónio de Gamba, a Sagrada Família (Louvre), Sta. Catarina (Museu do Capitólio), Virgem (Palácio de Pitti) e Madona do colo longo, que é uma das obras- primas do Maneirismo. Foi também um gravador excepcional, considerado o pai da água-forte italiana. El Greco (1541-1614): Considerado o maior pintor maneirista, fundiu as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o colorido da pintura veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta, na Grécia, com o nome de Domenikos Theotocopoulus, acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de Santa Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes, no ano de 1567 emigrou para Veneza, onde começou a trabalhar no ateliê de Ticiano, com quem realizou algumas obras. Depois de alguns anos de permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade de Toledo, onde trabalhou praticamente com exclusividade para a corte de Filipe II, para os conventos locais e para a nobreza toledana. Entre suas obras mais importantes estão Cristo na Cruz, O Enterro do Conde de Orgaz, a meio caminho entre o retrato e a espiritualidade mística; Homem com a Mão no Peito, OSonho de Filipe II e O Martírio de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsão da corte. Cristo na Cruz – El Greco (1590) 28 29 Escultura Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista. Principais características: A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos. O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto. Principais artistas: Bartolomeo Ammanati (1511-1592), além de arquiteto realizou trabalhos de escultura em várias cidades italianas. Decorou o palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, que incumbiu-o da construção de sua villa na Porta del Popolo. No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria. Giambologna (1529-1608), de origem flamenga, deu seus primeiros passos como escultor na oficina do francês Jacques Dubroecq. Poucos anos depois mudou-se para Roma, onde se supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas obras. Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Medici. O Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as obras mais importantes desse período. Participou também de um concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma de suas mais célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande conhecedor da técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas de bronze. Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo está para o renascimento. Exercício de fixação 1. Defina a arte maneirista. 2. Cite suas principais características na pintura, na escultura e na arquitetura. 3. Quem foram os artistas que mais se destacaram na arte maneirista? 4. Alguns autores consideram o maneirismo como a fase de decadência do renascimento, enquanto outros atribuem um valor particular a essa tendência como um estilo próprio e importante na história da arte. Por que? O rapto das Sabinas - Giambologna 22 Barroco 1. História: O Barroco surgiu na Itália no final do século XVI, como uma nova expressão artística que se contrapunha ao Renascimento. O Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola imperfeita ou mau gosto) pode ser considerado como uma forma de arte emocional e sensual, ao mesmo tempo em que se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação. A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores-portugueses-e-espanhóis. As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria. Essa grandiosidade é explicada pela situação histórica, marcada pela reação da Igreja Católica ao movimento protestante e ao mesmo tempo pelo desenvolvimento do regime absolutista. Dessa maneira temos uma arte diretamente comprometida com essa nova realidade, servindo como elemento de propaganda de seus valores, ser explicadas pelo fato de o barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista. Nascido em Roma a partir das formas do cinquecento renascentista, logo se diversificou em vários estilos paralelos, à medida que cada país europeu o adotava e o adaptava às suas próprias características. Enquanto na Itália o barroco apresentou elementos mais "pesados", nos países Protestantes o estilo encontrou componentes mais amenos. Durante esse período as artes plásticas tiveram um desenvolvimento integrado; a arquitetura, principalmente das Igrejas, incorporou os ornamentos da estatuária e da pintura. 30 30 31 2. Características Gerais: Emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio. Busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas; Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura; Violentos-contrastes-de-luz-e-sombra; Pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida. 3. Escultura Barroca: A escultura barroca teve um importante papel no complemento da arquitetura, tanto na decoração interior como exterior, reforçando a emotividade e a grandiosidade das igrejas. Destaca-se principalmente as obras de Bernini, arquiteto e escultor que dedicou sua obra exclusivamente a projeção da Igreja Católica, na Itália. A principal característica de suas obras é o realismo, tendo-se a impressão de que estão vivas-e-que- poderiam-se- movimentar. As esculturas em mármore procuraram destacar as expressões faciais e as características individuais, cabelos, músculos, lábios, enfim as características específicas destoam nestas obras que procuram glorificar a religiosidade. Multiplicavam-se anjos e arcanjos, santos e virgens, deuses pagãos e heróis míticos, agitando-se nas águas das fontes e surgindo de seus nichos nas fachadas, quando não sustentavam uma viga ou faziam parte dos altares. Suas características principais incluem: o predomínio das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do dourado; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento. 4. Arquitetura Barroca: Na arquitetura barroca, a expressão típica são as Igrejas, construídas em grande quantidade durante o movimento de Contra-Reforma. Rejeitando a simetria do renascimento, destacam o dinamismo e a imponência, reforçados pela emotividade conseguida através de meandros, elementos contorcidos e espirais, produzindo diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no desenho dos interiores. Quanto à arquitetura sacra, compõe-se de variados elementos que pretendem dar o efeito de intensa emoção e grandeza. O teto elevado e elaborado com elementos de escultura dá uma dimensão do infinito; as janelas permitem a penetração da luz de modo a destacar as principais esculturas; as colunas transmitem uma impressão de poder e de movimento. 5. Arquitetura Barroca: As obras pictóricas barrocas tornaram-se instrumentos da Igreja, como meio de propaganda e ação. Isto não significa uma pinturaapenas de santos e anjos, mas de um conjunto de elementos que definem a grandeza de Deus e de suas criações. Os temasfavoritos devem ser procurados na Bíblia ou na mitologia greco- romana. Características da pintura barroca: Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista. Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que- visava-a-intensificar-a-sensação-de-profundidade. Realista, abrangendo todas as camadas sociais. 32 32 33 6. Barroco no Brasil: O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo característicaspróprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento. O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG). Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da Bahia, o barroco destacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco. DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS 1. (UFTM) Leia a definição de renascença 1. Ato ou efeito de renascer; renascimento 2. Qualquer movimento caracterizadopela ideia de renovação, de restauração; retorno 3. Nova vida, nova existência. (Dicionário Houaiss da língua portuguesa) O termo “renascença” é utilizado para caracterizar a arte, no mundo ocidental,entre os séculos XIV e XVI. A escolha do termo pode ser explicada a) pelo fato de a produção artística ocidental nascer, de fato, neste período. b) pela revalorização de ideais estéticos vigentes na Antiguidade Clássica. c) pela renovação da pintura, fruto da difusão dos ideais protestantes. d) pelo contato com a arte africana, descoberta graças às viagens marítimas. e) pelo fim da política do mecenato, que financiava a recuperação das obras dearte. 2. Bernini foi um dos principais escultores do estilo barroco. Seu traço se tornou referência para uma série de artistas que o sucederam e se afastaram muito das características renascentistas. Veja a comparação entre o Davi de Bernini e o de Michelangelo: Bernini Michelangelo Disponível em: http://bit.ly/2gy0CvC. Acessado em: 14/12/2015. A obra de Bernini se distancia do padrão desenvolvido por Michelangelo porvalorizar mais a(o) a) futilidade e a decoração. b) rigidez e o racionalismo. c) movimento e a emoção. d) mitologia e a simetria. d) ciência e a arte. 3- (Enem 2011) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobrea natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmoa expressão e o sentimento. (SEVCENKO, N. O Renascimento, Campinas, Unicamp, 1984). 34 http://bit.ly/2gy0CvC 34 O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística,marcada pela constante relação entre a) fé e misticismo. b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião. 4- (PUC MG) O Renascimento, enquanto fenômeno cultural observado na Europa Ocidental no início da Idade Moderna encontra-se inserido no processo de transição do feudalismo para o capitalismo, expressando o pensamento e a visão de mundos próprios de uma sociedade mercantil e, portanto, mais aberta. Manifestando-se principalmente através das artes e da filosofia, o movimento renascentista tinha como eixo a) a sabedoria popular e o domínio da maioria, como mecanismo de combate ao poder aristocrático e de oposição aos novos segmentos sociais em ascensão. b) a oposição a todas as religiões organizadas, pois os princípios religiosos impediam a liberdade de opinião e tornavam o homem alienado. A igualdade jurídica de todos os indivíduos, suprimindo-se os privilégios de classe e equiparando os direitos e obrigações dos cidadãos. c) a liberdade de trabalho inerente a qualquer pessoa, como instrumento capaz de possibilitar a criação e o crescimento do ser humano, sendo necessário abolir as corporações de ofício. d) a valorização do homem por sua razão e por suas criações, difundindo a confiança nas potencialidades humanas e superando o misticismo dominante no período medieval. e) o Racionalismo e o Geocentrismo (convicção de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência; concepção de que a Terra é o centro do universo). 35 41 Teatro 42 Idade Média 1. História do Teatro Medieval: O teatro é uma das mais antigas expressões artísticas do Homem, que sempre lhe dedicou espaços arquitetônicos notáveis, principalmente na Época Clássica e, depois, no Renascimento, até aos nossos dias. Pode ter nascido já no III milénio a. C., no Antigo Egito, com as celebrações em torno dos momentos marcantes da figura do faraó, principalmente naquilo que o divinizava ou fazia dele senhor das suas terras e súbditos. Esta sacralidade vigorará na Antiguidade Clássica, quando se representavam as façanhas dos deuses, como Dioniso, ou tragédias e episódios da criação do Homem e domundo. Recorde-se que o termo teatro para os Gregos, como para os Romanos, designava o espaço cénico e o espaço da assistência, o conjunto arquitetônico onde se desenrolariam géneros como o drama ou tragédia, a comédia, os enredos, etc. A tragédia foi o género que mais cedo ganhou notoriedade, porque era considerado também o único representável, como renovação do indivíduo através da morte ou do sofrimento. Os maiores autores de tragédias foram os atenieneses do século V a. C. Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Fatalista, heroico, musical também, convidativo à meditação e à filosofia, para Ésquilo era o coro o principal elemento cénico na obra teatral. Sófocles surgiu já como um tragediógrafo mais próximo do ideal do cidadão, conciliando poesia, política, ideais de cidadania e espírito atlético, numa versão mais humanizada da tragédia. Ambos os autores se mantiveram sempre dentro do cânone da tragédia, o que já não fez Eurípides, mais revolucionário e vanguardista, pois pretendia, por exemplo, desagrilhoar o indivíduo da religião e das instituições. Veio depois a comédia, com Aristófanes, por exemplo, mas como instrumento de sátira e crítica do mundo, de idealismo político e vivencial. Depoisdo século IV, surgiria a "nova comédia", com Filémon e Menandro, mais trivial e Teatro 37 divertida, como fariam os Romanos com o grande Plauto, um criador de géneros cómicos, mas sempre crítico e reflexivo. Na Índia, onde o teatro engloba também a dança, a expressão corporal e o canto, a representação servia principalmente para relatar epopeias e histórias das origens, num esplendor de expressões e sentimentos. A canção e a dança eram também importantes no teatro da China antiga. O argumento tinha pouca importância, valendo mais as cenas em si, com o seu movimento. No Japão, é de realçar o teatro de marionetes, frequente a partir do século XVIII. No Ocidente, entretanto, com a queda do Império Romano, também o teatro desapareceu até perto do ano mil, altura em que surgiram os jograis itinerantes com as suas canções e enredos cómicos e satíricos. Mas o teatroreligioso foi aquele que mais marcou a Idade Média, tendo tido a sua origem nos dramas litúrgicos em Latim, que eram talvez representados nas escolas catedralícias ou monásticas por mestres e estudantes. Os clérigos, nas grandes festas religiosas, representavam estes dramas nos santuários, o que é assinalado desde o século XI na Alemanha, França e Inglaterra. O século XI trará as línguas vulgares e o profano ao teatro medieval, nos adros das igrejas com atores laicos a representar. Estamos no tempo dos mistérios (temas do Antigo ou Novo Testamentos), dos milagres (das vidas de santos), dos autos, das moralidades (os temas mais recorrentes eram a morte, o desejo e a fé), dramas onde muitas vezes surgiram temas escatológicos e milenaristas (por exemplo, o Jogo do Anticristo, da Baviera do século XI, ou Esposo, drama francês do século XII). Recordem-se nomes como os do francês do século XV, Arnoul Gréban (o seu Mistério da Paixão demorava quatro dias a representar e tinha mais 35 000 versos!), ou de Duzentos, o também francês Rutebeuf, com o seu Milagre de Teófilo. A Idade Média também tinha "teatro" cómico, com as farsas. Em Portugal, surgiu, em finais do século XV e meados da centúria seguinte, o teatro de Gil Vicente, de gosto medieval mas, de certa forma, de temática profana já renascentista. 38 44 Renascimento 1. Introdução: Durante a idade média, na Europa, o teatro tinha um papel muito importante para a igreja católica. A produção e a apresentação de peças religiosas atingiram seu auge no século 14. Mas a situação se transformou no século 15, com a decadência do teatro ligado à religião, devido ao impacto do renascimento. O homem, e não Deus, passa a protagonizar a cena. Não foi por acaso que a figura do bobo da corte se tornou popular durante o renascimento, embora o personagem tivesse nascido na antigüidade. Depois de terpassado sem destaque durante a idade média, o bobo ganhou espaço no teatro renascentista, articulando as dúvidas e incertezas de um momento de grandetransformação ideológica. 2. A Commedia dell'Arte: Surgiu na Itália, ainda durante a idade média. Eram espetáculos teatrais populares, apresentados nas ruas, sem texto fixo. Caracterizavam-se também pela utilização de máscaras e pela presença de personagens como Arlequim, Pierrot, Colombina, Polichinelo, Pantaleão, Briguela. Ao lado, "Pierrot, Arlequim e Colombina", por Di Cavalcanti (1922). Provavelmente você já ouviu falar de alguns desses personagens, que fazem parte inclusive do carnaval brasileiro. O sucesso dessa comédia popular instigou a curiosidade dos príncipes e intelectuais. O apelo a todos os sentidos, por meio da música, dança e mímica explica a aceitação que o gênero ganhou entre o público. Das ruas, a comédia passou aos palácios, onde se aperfeiçoou e enriqueceu. Com a "Commedia dell'Arte", a Itália viu nascer os primeiros atores profissionais em companhias organizadas. 3. A Base da Comédia Atual: O tema das peças tinha diversas fontes: comédias antigas, pastorais, contos, peças populares, eruditas etc. Muitas vezes falava de um casal apaixonado que precisava fugir 39 para se casar, pois o pai da mocinha opunha-se ao enlace. Os criados cômicos eram os personagens mais conhecidos. Em geral era uma dupla, um inteligente e ardiloso e o outro, meio idiota. As peças tinham três atos, precedidos de um prólogo, e muita rixa, acessos deloucura, duelos, aparições, pancadaria, disfarces, raptos, enganos e desenganos. A estrutura, basicamente, sobreviveu e chegou até as comédias dos dias de hoje. 4. Molière: O comediógrafo francês mais importante foi Molière, cujo nome real é Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), considerado o patrono dos atores franceses. Além de escritor, foi encenador e ator. Sua obra tem forte influência da "Commedia dell'Arte". Durante 12 anos, Jean-Baptiste excursionou como ator pelo interior da França, iniciando também sua carreira de autor. Em 1643, fundou a companhia de teatro (Trupe) e em 1645 adotou o pseudônimo Molière. A companhia faliu, e Molière foi parar na prisão, por causa de dívidas. Fundou depois outra companhia com a ajuda do mecenas (patrocinador) Príncipe Conti. Em 1658, em Paris, representou no museu do Louvre, diante da Corte de Luís 14. Produzindo numa época em que a tragédia era mais respeitada, por ser considerada "a única forma digna de homens sérios", Molière procurou elevar a comédia à mesma categoria. Segundo suas próprias palavras: "Talvez não se exagerasse considerando a comédia mais difícil que a tragédia. Porque, afinal, acho bem mais fácil apoiar-se nos grandes sentimentos, desafiar em versos a Fortuna, acusar o Destino e injuriar os Deuses do que apreender o ridículo dos homens e tornar divertidos no teatro os defeitos humanos". ("Crítica da Escola de Mulheres") 40 46 Também é considerado o primeiro diretor teatral, da forma como concebemos hoje: ensaiando longamente os espetáculos, atento aos menores detalhes. Criou textos que ressaltavam suas qualidades. Para explorar os melhores talentos de sua trupe, adaptava os papéis aos atores. Suas principais peças foram "As Preciosas Ridículas", "Escola de Maridos", "Escola de Mulheres", "A Crítica da Escola de Mulheres", "Tartufo", "Don Juan", "O Misantropo", "Georges Dandin", "O Avarento" e "O Doente Imaginário". 5. A Comédia Francesa: Originalmente, a "Comédie-Française" foi a Sociedade dos Comediantes Franceses. A designação serviu para diferenciá-la da Sociedade dos Comediantes Italianos e da Comédia Italiana. Foi fundada por Luís XIV, em 1680, para juntar duas companhias parisienses, a do Hôtel de Bourgogne e a do Teatro Guénégaud - no caso desta, surgida após a morte de Molière, com atores de sua companhia. A "Comédie-Française" ou "Théâtre-Française" é o único teatro, atualmente, a ser gerido por uma sociedade ao mesmo tempo artística, comercial e estatal (o governo francês participa com 80% do orçamento) e um dos únicos com uma companhia permanente de atores. Barroco 1. História do Teatro Barroco: O Barroco foi um movimento cultural e filosófico da história da cultura ocidental que teve início em Itália e decorreu, aproximadamente, entremeados do século XVI e meados do século XVIII. Assiste-se neste movimento à exaltação dos sentimentos e da religiosidade expressos de forma intensa, dramática e emocional. Na Espanha o modelo teatral barroco surge, em 1625, com Calderon de la Barca. Este autor foi nomeado dramaturgo oficial da corte, onde desenvolveu uma vasta obra e diversos géneros teatrais, entre os quais as zarzuelas, um género de teatro tradicional espanhol muito apreciado pelo público. Deste autor destacam-se as obras O grande teatro do mundo e A vida é sonho. Lope de Vega surge, também nesta época, como o fundador da comédia espanhola, tendo desenvolvido uma vastíssima obra de referência mundial. Na França, Luís XIV instituiu um regime de apoio financeiro aos artistas, tendo prestigiado as artes, entre as quais o teatro. Fundou em1680 a companhia estatal designada por Commédie Française que, ainda hoje, desenvolve a sua atividade teatral. 41 Na dramaturgia, apoiou escritores que são uma referência universal, destacando-se Corneille, Racine e Molière. As salas de espetáculo inserem-se no estilo designado por teatro à italiana. Eram construídas em forma de ferradura e orientavam-se perpendicularmente ao palco. O público assistia sentado na plateia e também em camarotes e frisas que circundavam a cena. Geralmente nas cúpulas das salas podiam apreciar-se pinturas de artistas reconhecidos. A maquinaria existente nestes teatros permitia realizar espetáculos complexos e de grande exigência técnica. Os teatros à italiana são património cultural e foram remodelados ao longo das épocas estando hoje apetrechadoscom novos recursos tecnológicos que se associam aos dispositivos originais (verdadeiras caixas de mágica), proporcionando grandes montagens de teatro, ópera e dança. Em Portugal. O Teatro Nacional de S. Carlos é representativo deste estilo arquitectónico, tendo sido inaugurado pela rainha D. Maria I, em 1793, na cidade de Lisboa. Desde a sua inauguração, este teatro tem apresentado grandes produções nacionais e internacionais da ópera e do bailado. 42 48 REFERÊNCIAS ARANHA Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992. ARNHEIN, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo, EDUSP, 1980. BATTISTONE, Filho Diulio. Pequena História da Arte. São Paulo: Papirus. 1989. CALABRIA, Carla Paula Brondi, MARTINS, Raquel Valle. Arte História e Produção, Arte Ocidental, São Paulo: FTD, 1997. CAVALCANTE, Carlos. Historia das Artes: Pré–história/ Antiguidade/ Idade Média/ Renascença na Itália. Rio de Janeiro: vol. 1. 2º ed. Editora Civilização Brasileira, 1968. DONDIS, Donis A. ASintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1973. EVERARD, Upjohn. História da Arte. São Paulo: Difel, 1983. FORTES, Raimunda (org.). Leitura Visual: uma experiência interdisciplinar no estudo das artes plásticas. São Luís, 2001. GOMBRICH, E. H. AHistória da Arte. Rio do Janeiro, Guanabara/Koogan, 1993. HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1994. HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. 1ed. São Paulo: Martins Fontes, 1982. MARTINS, Simone R. & IMBROISI, Margaret H. História da Arte. Disponível em <http://www.historiadaarte.com.br/>. Acesso em 24 Abril 2010. OSTROWER, Fayga Perla. Universos da arte. 2ª ed. Rio de Janeiro, Campus, 1983. PEDROSA, Israel. Da cor a cor inexistente. 5ª ed., Rio de Janeiro: Cristiano Editorial, 1989. PORTAL: Arte – Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Arte>. Acesso em 24 Abril 2010. PROENÇA, Graça. História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Ática, 1999. http://www.historiadaarte.com.br/ 3 ROTEIRO PARA LEITURA DE OBRA DE ARTE Catalogação da obra Título: Autor: Data de realização: O que estou vendo? Descreva a imagem que você vê: Algum outro sentido é estimulado por esta obra (olfato, audição,tato)? É uma obra bi ou tridimensional? Esta é uma obra figurativa ou abstrata? No caso de ser figurativa: O que está representado nela? Qual é o seu tema? Esta é uma obra figurativa do tipo naturalista ou que faz uso da deformação? No caso de ter uma abordagem deformativa, tende ao idealismo ou ao expressionismo? ELEMENTOS VISUAIS 1- SUPORTE a) Que tipo de trabalho é este (pintura, escultura, gravura, desenho, assemblage, etc.)? b) Que tipo de suporte é utilizado (material)? c) Qual o material usado (tinta a óleo, aquarela, etc.)? 4 2- COR Que cores predominam na obra? Existe nesta obra mais harmonia cromática por contraste ou por analogia? O espaço é luminoso ou escuro? 3- LINHAS Que linhas predominam nesta obra? (retas, curvas, mistas) São linhas dinâmicas ou estáticas? São linhas curtas ou longas? Há linhas de contorno? É, no caso de ser uma pintura, uma obra pictórica ou linear? 4- FORMA No caso de ser uma obra bidimensional, ela nos dá a ilusão de ser tridimensional? Que recursos utiliza para tal (perspectiva, luz e sombra)? Que formas predominam? As formas são simétricas ou assimétricas? 5-TEXTURA O artista pode dar uma qualidade tátil a uma superfície, iludindo o espectador, dando- lhe a impressão de que está diante de um material qualquer (terra, pelos, tecidos, etc.). Isto acontece com esta obra? Que textura(s) ela te sugere? 5 6- RITMO Você observa alguma variação (ordenada ou não, cíclica ou não) de ritmo nesta obra? Alguns exemplos de variação de ritmo: Claro /escuro De cores (alternadas ou não) De linhas De formas Dentre os elementos visuais vistos acima, qual (ou quais) você identifica como predominantes nesta obra? Que elementos o artista explora mais? Agora escreva, em poucas palavras, a sua impressão sobre esta obra. O que essa composição (de cores, ritmo, linhas, texturas e formas) que você identificou no questionário acima, te fez pensar ou sentir? Que sentimentos, sensações ou pensamentos esta obra te desperta? Agora você vai fazer uma releitura da obra observada. Uma releitura é uma nova leitura, com uma nova (a sua, no caso) visão ou interpretação. Você vai se inspirar nesta obra e vai criar uma outra obra visual, baseando-se nela. Cuidado, isto não deve ser uma cópia, mas uma visão e expressão pessoal sobre a obra vista. Bom trabalho! 059ea125e68e9a3b9dcae0293500f4f2f66b68f5c8742ddd249ea7e36642f098.pdf 585931166c8640cafd6f40f43b51649c8617e287063a64bfbd1aa1468382b64a.pdf
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