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introdução - elementos primarios

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ARQUITETURA 
E URBANISMO 
Gabriel Lima Giambastiani 
Introdução à arquitetura: 
elementos primários, 
forma e espaço
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os elementos primários na ordem do seu desenvolvimento.
  Determinar as formas compositivas e suas variações a partir das figuras 
primárias.
  Reconhecer os elementos compositivos do espaço.
Introdução
A arquitetura sempre esteve ligada à geometria, seja no processo de 
representação — utilizando a geometria descritiva —, seja no processo 
criativo, no qual formas básicas são combinadas para gerar o espaço 
arquitetônico. Ao longo da história, é possível observar uma preferência 
por composições em que sejam identificáveis as formas primitivas que as 
geraram, aumentando a importância do conhecimento sobre o assunto 
por parte dos projetistas. 
Neste capítulo, você identificará os elementos primários na compo-
sição arquitetônica e como eles podem ser combinados em projetos. 
Também estudará sobre o conceito de forma, quais são as figuras primi-
tivas bidimensionais, bem como os sólidos primários e platônicos, com 
exemplos de diversos períodos da história.
1 Elementos primários conforme seu 
desenvolvimento
A defi nição de arquitetura feita por Le Corbusier é amplamente conhecida, que 
defi ne a profi ssão como “[…] o jogo sábio, correto e magnífi co dos volumes 
dispostos sob a luz” (LE CORBUSIER, 2007, p. 102). Menos conhecida — como 
é comum com frases célebres — é a justifi cativa que o mestre suíço apresenta 
após o aforismo: “[…] nossos olhos foram feitos para ver formas na luz; sombra 
e luz revelam as formas: cubos, cones, esferas, cilindros e pirâmides são as 
grandes formas primárias que a luz revela bem” (LE CORBUSIER, 2007, p. 102).
Para Le Corbusier (2007), a arquitetura trata da manipulação de formas de 
modo que sejam percebidas da maneira mais clara possível por quem as observa. 
Ainda no mesmo livro, o autor expande sua apologia à combinação de formas 
simples como a base da arquitetura de qualidade ao elogiar as construções romanas 
em um capítulo chamado “A lição de Roma”, cuja ilustração você pode ver na 
Figura 1. “A luz toca as formas puras e as retribui com juros. Massas simples 
desenvolvem superfícies imensas que se apresentam com uma variedade carac-
terística, de acordo com o tipo de questão que se apresenta: cúpulas, abóbadas, 
cilindros, prismas retangulares ou pirâmides” (LE CORBUSIER, 2007, p. 200).
Figura 1. “A lição de Roma” (Le Corbusier).
Fonte: Le Corbusier (2007, p. 200).
Ao entender a forma como parte essencial da arquitetura, é preciso ter uma 
definição clara do que é a forma exatamente. Le Corbusier (2007) exalta o 
uso de formas puras nas composições sem, no entanto, definir o que é forma. 
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço2
Nesse sentido, Edmund Bacon (1967, p. 16) apresenta a forma, especificamente 
a forma arquitetônica, como “[...] o ponto de contato entre massa e espaço”. 
Bacon (1967) vai ao encontro de Le Corbusier (2007) ao afirmar que a “[...] 
clareza e o vigor com que a relação entre massa e espaço é resolvida” seria uma 
das características inerentes à arquitetura de excelência (BACON, 1967, p. 16).
Francis Ching (2013, p. 34) traz exemplos concretos para a sua definição do 
termo; para ele, a forma pode referir-se tanto à “[...] aparência externa passível 
de ser reconhecida”, como a cubos, cadeiras e, até mesmo, um corpo humano 
quanto a “[...] uma condição particular na qual algo atua ou se manifesta, 
como quando falamos de água na forma de gelo ou de vapor” (CHING, 2013, 
p. 34) . Para isso, o autor enumera quatro propriedades — formato, tamanho, 
cor e textura — que ajudam a especificar a forma de um objeto (Quadro 1).
 Fonte: Adaptado de Ching (2013). 
Formato O contorno característico ou a 
configuração da superfície de 
uma forma específica. Formato é o 
principal aspecto por meio do qual 
identificamos e classificamos as formas.
Tamanho As dimensões físicas de comprimento, 
largura e profundidade de uma 
forma. Embora essas dimensões 
determinem as proporções de uma 
forma, sua escala é determinada 
por seu tamanho relativo a outras 
formas de seu contexto.
Cor Um fenômeno de luz e percepção 
visual que pode ser descrito em termos 
da percepção que um indivíduo tem 
de matiz, saturação e valor tonal. A 
cor é o atributo que mais distingue 
uma forma de seu ambiente. Também 
afeta o peso visual de uma forma.
Textura Qualidade visual e tátil conferida a 
uma superfície pelo tamanho, pelo 
formato, pela disposição e pela 
proporção das partes. A textura 
também determina o grau em que 
as superfícies de uma forma refletem 
ou absorvem a luz incidente.
 Quadro 1. As quatro propriedades que determinam a forma de um objeto 
3Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
No entanto, as formas também podem ser percebidas e diferenciadas em 
relação a outras formas. Você já deve ter visto alguma imagem de ilusão de 
óptica, na qual a percepção do tamanho de um objeto é distorcida pela presença 
de outros elementos gráficos. A Figura 2 traz um exemplo clássico desse tipo 
de distorção. É possível observar como as linhas horizontais parecem estar 
inclinadas pelo posicionamento estratégico dos quadrados pretos e brancos. 
Ao olhar com atenção, no entanto, percebe-se que elas são paralelas.
Figura 2. Ilusão de óptica.
Fonte: OpenClipart-Vectors/Pixabay.com.
No exemplo da Figura 2, a geometria das linhas não é alterada, mas, pa-
radoxalmente, a sua forma é, ou seja, a maneira como nossos olhos percebem 
uma figura em relação a outras pode transformar a forma. Le Corbusier (2007), 
Bacon (1967) e Ching (2013) afirmam que a forma só existe na percepção 
humana. Para tratar das relações entre formas, Ching (2013) estabeleceu três 
propriedades que ditam a maneira como as formas são percebidas (Quadro 2).
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço4
 Fonte: Adaptado de Ching (2013). 
Posição A localização de uma forma 
em relação ao seu ambiente 
ou ao campo visual dentro 
do qual ela é vista.
Orientação A direção de uma forma em 
relação ao plano do solo, 
aos pontos cardeais, a outras 
formas ou ao observador.
Inércia visual O grau de concentração e 
estabilidade de uma forma. A 
inércia visual de uma forma 
depende de sua geometria, 
bem como de sua orientação 
em relação ao plano do 
solo, à força da gravidade 
e à nossa linha de visão.
 Quadro 2. Padrão e composição de formas 
As formas primitivas, ou figuras primárias, são um conjunto de figuras 
geométricas que podem ser facilmente reconhecíveis pelos seres humanos, 
e às quais as pessoas tendem a reduzir todas as formas mais complexas. Em 
outras palavras, quando você vê uma garrafa, seu cérebro tende a interpretar 
aquela forma como um agrupamento de cilindros, por exemplo. Esse processo 
cognitivo é parte da psicologia da Gestalt, explicada por Ching (2013, p. 38) 
da seguinte maneira:
[...] a psicologia gestaltística afirma que a mente simplifica o meio visual a 
fim de compreendê-lo. Dada qualquer composição de formas, temos a ten-
dência a reduzir o tema, em nosso campo visual, aos formatos mais simples 
e regulares. Quanto mais simples e regular for um formato, mais fácil será 
percebê-lo e compreendê-lo.
As figuras primitivas, puras ou regulares são definidas de modo geométrico 
como aqueles polígonos que “[...] têm seus vértices igualmente espaçados em 
um círculo de modo que suas arestas sejam do mesmo tamanho” (POTTMANN 
et al., 2007, p. 79). Dessa maneira, as figuras primitivas mais conhecidas são o 
triângulo equilátero, o quadrado e o pentágono, embora todos os polígonos que 
5Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
obedeçam às regras já citadas, independentemente do número de arestas, são 
considerados regulares. A Figura 3 demonstra diferentes figuras primitivas.
Figura 3. Círculo, triângulo, quadrado, pentágono e
hexágono.
Fonte: Ching (2013, p. 38).
2 Formas compositivas e suas variações a partir 
das figuras primárias
Conta-se que o navio de Aristipo de Cirene naufragou próximo à cidade de 
Rodes e, ao chegar à praia, o filósofo encontrou algumas figuras regula-
res desenhadas na areia; vendo aquilo, gritou para os outros sobreviventes: 
“Animem-se! Vejo sinais de humanidade” (VITRUVIUS, 2006, p. 167).
Os principais exemplos das figuras primitivas, aquelas cujas arestas po-
dem ser posicionadas de maneira equidistante em um círculo, são o próprio 
círculo, o triângulo e o quadrado. Para autores como Le Corbusier (2007) e 
Bacon (1967), é na articulação das formas primárias que está a chave para a 
produção de projetos arquitetônicos de excelência. 
Círculo
O círculo é a epítome da forma ideal, uma vez que qualquer ponto que seja 
posicionado sobre sua aresta se encontrará exatamente à mesma distância do 
centro da fi gura do que outro ponto qualquer posicionado sobre essa mesma 
linha. Talvez por essa característica, essa forma é comumente associada a 
divindades e outros fenômenos de difícil explicação:
[...] o círculo é relacionado com o divino: um simples círculo representa a 
eternidade desde a antiguidade, visto que ele não tem nem início nem fim. 
Um texto antigo diz que Deus é um círculo cujo centro está em todo lugar 
mas cuja circunferência não está em lugar nenhum (MUNARI, 2012, p. 5).
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço6
Embora Munari (2012) associe o círculo ao divino, afastando-o das cons-
truções, as quais ele associa ao quadrado, existem grandes possibilidades 
compositivas utilizando essa figura geométrica. Ching (2013) trata o círculo 
como uma figura centralizadora e introvertida, uma forma adequada para 
programas que demandem centralidade. Ao combinar o círculo com formas 
retas ou angulares, é possível, ainda segundo Ching (2013, p. 39), “[...] induzir 
no círculo um movimento de rotação aparente”. A Figura 4a traz exemplos de 
composições com círculos e seções de círculos.
Na arquitetura moderna, tornou-se comum a prática da combinação de 
formas puras. Um dos exemplos mais interessantes desse tipo de composição é 
o Edifício da Assembleia Legislativa de Chandigarh, projetado por Le Corbusier 
(CHING; JARZOMBEK; PRAKASH, 2019), que insere um círculo dentro de 
um quadrado para o programa especial do edifício (Figura 4b).
Figura 4. (a) Composições com círculos e seções de círculos; (b) planta baixa da Assembleia 
Legislativa de Chandigarh (Le Corbusier).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 39); (b) Ching, Jarzombek e Prakash (2019, p. 758).
(a) (b)
Quadrado
Chama-se quadrado o polígono formado por quatro arestas de mesma dimen-
são. Trata-se de uma fi gura intuitiva que pode ser desenhada e identifi cada 
facilmente. Munari (2012, p. 5) afi rma que “[...] o quadrado é fortemente 
ligado com o homem e suas construções, arquitetura, estruturas harmônicas, 
7Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
escritas e outras expressões” que demandem estabilidade. Para Ching (2013), 
o quadrado é a representação simbólica do puro e do racional, uma fi gura 
estática e neutra. O autor defende que todos os retângulos, mesmo aqueles 
cujas arestas tenham dimensões diferentes, são derivações do quadrado, 
confi gurando apenas “[...] desvios de uma norma pelo aumento de altura ou 
da largura” (CHING, 2013, p. 41).
A rotação do quadrado altera a percepção de sua forma, que pode variar 
de estática, quando repousa sobre uma das arestas, à dinâmica, com sensação 
de movimento, quando está apoiado sobre um dos vértices com rotação que 
faça com que suas diagonais fiquem não horizontais e verticais (Figura 5a). 
Na arquitetura, abundam os exemplos de composições utilizando combinações 
de quadrados. Na arquitetura moderna, arquitetos como Mies van der Rohe, 
Bakema e Louis Kahn ficaram conhecidos por criarem composições pela 
combinação de figuras geométricas puras, em especial, o quadrado. Na Figura 
5b, é possível observar a elevação da Casa del Fascio, do arquiteto italiano 
Giuseppe Terragni, com uma composição utilizando a repetição de quadrados.
Figura 5. (a) Rotações de quadrados; (b) elevação da Casa del Fascio (Giuseppe Terragni).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 41); (b) Alonso Pereira (2010, p. 270).
(a) (b)
Triângulo
A terceira fi gura pura mais comum em composições arquitetônicas é o triângulo, 
que está presente na arquitetura desde tempos imemoráveis, sendo possível 
encontrá-lo na arquitetura egípcia produzida por volta do ano 2.500 a.C. Esse 
fato deve-se à estabilidade da fi gura quando apoiada sobre uma de suas arestas, 
como é possível ver na Figura 6a, que traz um corte da Pirâmide de Quéops.
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço8
Ching (2013) postula que o triângulo é sinônimo de estabilidade, e esse 
é o motivo para a sua presença massiva na arquitetura da Antiguidade. Essa 
estabilidade só é possível quando ele está apoiado sobre uma das arestas, caso 
contrário, existe um equilíbrio precário ou, até mesmo, a tendência aparente 
de cair sobre um dos lados. A Figura 6b demonstra como é verdadeira a 
percepção apontada por Ching (2013).
Figura 6. (a) Pirâmide de Quéops (Egito); (b) rotação de um triângulo.
Fonte: (a) e (b) Ching (2013, p. 40).
(a) (b)
3 Elementos compositivos do espaço
As fi guras primitivas são percebidas de diferentes maneiras dependendo de 
sua inclinação, posição em relação a outras fi guras e repetição. Na arquitetura, 
no entanto, é raro o trabalho ser feito exclusivamente com um plano único. O 
trabalho do arquiteto consiste, de forma primária, em arranjar objetos tridi-
mensionais em um espaço também tridimensional de modo a gerar artefatos 
que sejam ao mesmo tempo úteis e belos.
Em “A lição de Roma”, texto de Le Corbusier (2007), o autor fala em como a 
luz, ao tocar os sólidos simples, gera superfícies imensas que variam de acordo 
com o tipo de sólido. A seguir, o suíço apresenta sua seleção de sólidos primiti-
vos: cúpulas e abóbadas, que podemos simplificar como semiesferas; cilindros; 
prismas retangulares, entre eles os cubos e paralelepípedos; e as pirâmides.
9Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
Ching (2013), por sua vez, classifica como formas primárias as esferas, os 
cilindros, os cones, as pirâmides e os cubos. A justificativa de Ching (2013, p. 
58) para elencar essas formas como as primárias deve-se ao fato de que estas 
podem ser “[...] ampliadas ou postas em rotação de modo a gerarem formas vo-
lumétricas ou sólidos distintos”. Além disso, ao explicar a origem desses sólidos, 
o autor defende que sua origem e natureza geométrica são atributos relevantes:
[...] os círculos geram esferas e cilindros; os triângulos geram cones e pirâ-
mides; e os quadrados geram cubos. Nesse contexto, o termo sólido não se 
refere à firmeza da substância, mas a um corpo ou uma figura geométrica 
tridimensional (CHING, 2013, p. 58).
Uma abordagem mais científica é apresentada por Pottmann et al., em 
Architectural geometry (2007, p. 80), em que os autores apresentam os sólidos 
platônicos como aqueles em que “[...] o mesmo número de faces encontra cada 
vértice”. Com essa definição mais restrita, existiriam apenas cinco sólidos 
platônicos: o tetraedro, com quatro faces; o cubo, com seis faces; o octaedro, 
com oito faces; o dodecaedro, com doze faces; e o icosaedro, com vinte faces. Na 
Figura 7, é possível visualizar essas figuras e como elas podem ser planificadas.
Figura 7. Sólidos platônicos e suas planificações.
Fonte: Adaptada de Pottmann et al. (2007).
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço10
Para a aplicação na arquitetura, utilizaremos a definição de Ching (2013), 
uma vez que os sólidos apresentados por esse autor são os mais comumente 
encontrados nas volumetrias de obras de arquitetura. 
Esfera
A característica defi nidora da esfera, e o que a torna uma forma única entre os 
sólidos geométricos,
é o fato de que, assim como acontece com o círculo, todos 
os pontos posicionados sobre sua superfície estarão equidistantes do centro 
da esfera. Essa fi gura é formada, segundo Ching (2013), pela revolução de um 
semicírculo em torno do seu diâmetro, constituindo uma forma centralizadora 
e extremamente concentrada.
De um ponto de vista pictórico, as esferas são os únicos sólidos que são 
percebidos com a mesma forma independentemente do ângulo de vista, inexis-
tindo distorções por pontos de vista distintos. Desse modo, a esfera sempre é 
percebida como um círculo. A Figura 8a mostra como se dá essa percepção. Na 
arquitetura, os exemplos de uso de esferas variam desde as cúpulas e abóbadas, 
citadas por Le Corbusier (2007), até os projetos em que esferas completas 
são utilizadas. O caso mais emblemático do uso de esferas é o Cenotáfio 
de Newton, projeto teórico realizado pelo arquiteto francês Étienne-Louis 
Boullée em 1784 (Figura 8b).
Figura 8. (a) Esfera e sua percepção: um círculo; (b) cenotáfio para Newton (Etienne-Louis 
Boullée).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 44); (b) Boullée (2020a, 2020b).
(a) (b)
11Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
Cilindro
A exemplo da esfera, o cilindro também é considerado um sólido de revolução. 
No entanto, sua geração se dá pela revolução de um retângulo sobre um de 
seus lados, gerando uma forma que é centralizada em relação ao seu eixo de 
revolução. Ching (2013) apresenta o cilindro como estável, quando repousa 
sobre uma das faces circulares, e instável, quando seu eixo central for incli-
nado. Sua percepção visual é bastante interessante, uma vez que, ao olhar 
um cilindro perpendicularmente ao seu eixo de rotação, o que é visto é um 
retângulo, enquanto que, ao olhar paralelamente a esse eixo, ele é percebido 
como um círculo. A Figura 9a demonstra esse efeito.
Existem muitos exemplos do uso do cilindro como elemento compositivo 
na arquitetura. Alguns projetos de torres podem ser descritos como cilindros 
alongados; alguns templos da Antiguidade também utilizavam o cilindro como 
forma geradora. Na Grécia, esse tipo de templo recebeu o nome de Tholos e, 
até hoje, é possível encontrar ruínas que demonstram sua geometria, como a 
que pode ser vista na Figura 9b, do Tholos de Delphi.
Figura 9. (a) Cilindro e sua percepção: um círculo e um retângulo; (b) Tholos de Delphi.
Fonte: (a) Ching (2013, p. 44); (b) furud/Pixabay.com.
(a) (b)
Cone
Último dos sólidos de revolução, o cone é gerado pela revolução de um triângulo 
retângulo sobre um de seus catetos. A exemplo do cilindro, segundo Ching 
(2013), esse sólido é bastante estável quando apoiado sobre a base circular, 
mas ganha instabilidade quando é inclinado ou invertido, deixando seu vértice 
como apoio, gerando um estado precário de equilíbrio.
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço12
Sua percepção visual varia de acordo com o ponto de vista: se olhado 
paralelamente ao eixo de revolução, o cone é percebido como um círculo; no 
entanto, ao olhar perpendicularmente a esse eixo, a figura percebida é um 
triângulo, como atesta a Figura 10a. Na arquitetura, não é comum encontrar 
cones usados de maneira isolada, mas a sua combinação com outros elementos. 
Um exemplo dessa combinação é a Catedral Metropolitana de Brasília (Figura 
10b), projetada por Oscar Niemeyer. Nesse exemplo, é possível identificar a 
interseção de dois cones invertidos, um com a base maior do que o outro.
Figura 10. (a) O cone e sua percepção: um triângulo e um círculo; (b) Catedral Metropolitana 
de Brasília (Oscar Niemeyer).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 45); (b) Thorge/Pixabay.com.
(b)(a)
Pirâmide
Esse interessante sólido é formado por uma base quadrada a partir da qual 
faces triangulares se encontram em um vértice central. Suas propriedades de 
estabilidade são semelhantes às do cone, com a exceção de que a pirâmide, ao 
contrário do cone, possui faces laterais planas, podendo, portanto, repousar 
sobre estas com considerável estabilidade. Visualmente, as pirâmides são 
percebidas como triângulos ao serem observadas por sua lateral e, como um 
quadrado, quando observadas de modo perpendicular à sua base. A Figura 11a 
demonstra como a sua percepção assemelha-se à do cone, com a diferença de 
que a sua base quadrada confere um aspecto mais duro e angular.
As pirâmides estão presentes na arquitetura há milênios e, em razão de sua 
estabilidade, foram uma das primeiras formas a permitir construções em grande 
escala, como as pirâmides egípcias. Na arquitetura do século XX, foram ressigni-
ficadas em projetos como a ampliação do Museu do Louvre, em Paris (Figura 11b).
13Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
Figura 11. (a) Pirâmide e sua percepção: um triângulo e um quadrado; (b) Pirâmide do 
Louvre (I. M. Pei).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 45); (b) 139904/Pixabay.com.
(b)(a)
Cubo
Esse sólido, com o qual todos estamos acostumados a trabalhar e manipular, 
é formado por seis quadrados iguais dispostos de modo que todos os ângulos 
entre as faces sejam retos. Segundo Ching (2013), é uma forma estática devido 
à igualdade de suas dimensões, que carece de movimento e direção aparentes.
Sua percepção visual pode ser transformada de acordo com o ponto de vista, 
mas sua forma é tão estável e estática que se mantém, segundo Ching (2013), 
claramente reconhecível, independentemente do ângulo de visualização. A 
figura percebida ao olhar para um cubo será um quadrado quando o observador 
se posicionar perpendicularmente ao objeto, como demonstra a Figura 12a.
O cubo e suas variações dimensionais — os paralelepípedos — são as 
formas mais encontradas em projetos de arquitetura ao longo da história. Os 
prismas de base retangular formam a base da arquitetura ocidental desde a 
Antiguidade. Para ilustrar esse uso, a Figura 12b traz um projeto inusitado 
realizado na Holanda, projetado por Piet Blom, em 1984 — as Casas Cubo.
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço14
Figura 12. (a) O cubo e sua percepção: um quadrado; (b) Casas Cubo (Piet Blom).
Fonte: (a) Ching (2013, p. 45); (b) Broesis/Pixabay.com.
(b)(a)
O conhecimento das formas geométricas, suas propriedades e maneiras 
de percepção são parte essencial da formação dos arquitetos. Esses conceitos 
consagrados de arquitetura corroboram para que os profissionais possam 
manipular corretamente as formas geométricas puras e gerar projetos com 
nível de qualidade excepcional. 
ALONSO PEREIRA, J. R. Introdução à história da arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2010.
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BOULLÉE, E.-L. Mausoléu para Newton: corte, durante o dia com efeito interior noturno. 
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-for-newton-etienne-louis-boullee-exterior-elevation. Acesso em: 23 abr. 2020a.
15Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço
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CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 
CHING, F. D. K.; JARZOMBEK, M.; PRAKASH, V. História global da arquitetura. 3. ed. Porto 
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LE CORBUSIER. Toward an architecture. Los Angeles: Getty Publications, 2007.
MUNARI, B. Square, circle, triangle. Nova York: Princeton Architectural Press, 2016.
POTTMANN, H. et al. Architectural geometry. Exton, PA: Bentley Institute Press, 2007.
VITRUVIUS. Ten books on architecture: The Project Gutenberg. 2006. Disponível em: 
https://www.gutenberg.org/files/20239/20239-h/20239-h.htm. Acesso em: 22 abr. 2020.
Introdução à arquitetura: elementos primários, forma e espaço16

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