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ARTESANATO 
E CULTURA 
BRASILEIRA
Vanessa Guerini Scopell
Conceito de cultura
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os conceitos e os fundamentos de cultura.
  Relacionar o desenvolvimento da arquitetura às culturas locais.
  Reconhecer o papel da cultura na arquitetura mundial e na arquitetura 
brasileira.
Introdução
Cultura significa um complexo de itens que engloba o conhecimento, a 
arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões 
desenvolvidos e adquiridos pelo ser humano não somente em família, 
como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.
Neste capítulo, você estudará sobre o conceito de cultura, enten-
dendo os fundamentos desse tema e sua relação com a arquitetura. Além 
disso, você compreenderá qual o papel das edificações arquitetônicas na 
promoção da cultura local, mundial e também na arquitetura brasileira.
Conceitos e fundamentos de cultura
A cultura é um tema constante na sociedade, seja relacionada às artes, à política, 
à gastronomia, ou a qualquer outra área, pois identidades vão se formando e 
culturas vão sendo inseridas e incorporadas na vida social. Assim, pode-se 
entender que a cultura está presente em diversos contextos, assumindo sentidos 
diferentes. “No campo das ciências sociais podemos afi rmar resumidamente 
que simboliza tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um 
determinado grupo e que lhe confere uma identidade dentro do grupo a que 
pertence [...]” (MORGADO, 2014, documento on-line). Desse modo, é possível 
afi rmar que a cultura é um conjunto de códigos, os quais regulam a ação das 
pessoas. Morgado (2014, documento on-line) acrescenta, ainda, que a cultura 
pode ser compreendida como:
O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se 
preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos 
em sociedade. Como ações sociais seguem um padrão determinado no espaço. 
Compreendem as crenças, valores, instituições, regras morais que permeiam e 
identificam uma sociedade. Explica e dá sentido à cosmologia social. É a identi-
dade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.
Segundo Canedo (2009), a palavra cultura vem da raiz semântica colore e 
apresenta diversos significados, entre eles, cultivar, proteger, honrar e habitar. 
Até o século XVI, esse termo tinha o sentido de “ter cuidado com alguma 
coisa”. O conceito de cultura vem sendo estudado há bastante tempo, porém 
foi somente por meio da antropologia, a partir do século XIX, que as pesquisas 
sobre o tema passaram a ganhar mais importância. 
Taylor (1873, p. 13) foi um dos primeiros estudiosos que teceu uma ex-
plicação sobre cultura, alegando que o termo se refere a: “[...] todo complexo 
que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras 
capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da 
sociedade [...]”. Geertz (1989, p. 11) acredita que: “[...] o homem é um animal 
amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu [...]”. Portanto, se-
gundo o autor, a cultura é a própria condição de existência dos seres humanos, 
produto das ações por um processo contínuo, por meio do qual os indivíduos 
dão sentido às suas ações. Ela ocorre na mediação das relações dos indivíduos 
entre si, na produção de sentidos e significados. 
Para Rodrigues (2019), é a cultura que regula a vida em sociedade e a 
comunicação, por isso, ela é parte da vida humana. Assim, a área da sociologia 
entende que a cultura pode ser identificada como os aspectos que o ser humano 
aprende por meio do contato social ao longo da sua convivência na sociedade. 
Segundo Rodrigues (2019, documento on-line): 
Esses aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste 
grupo de convívio específico, refletem especificamente a realidade social 
desses sujeitos. Características como a linguagem, modo de se vestir em 
ocasiões específicas são algumas características que podem ser determinadas 
por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a 
comunicação entre aqueles que dela fazem parte.
O autor ainda destaca que a cultura possui aspectos que são tangíveis, 
ou seja, que são físicos e podem ser tocados, como, por exemplo, os símbo-
los e objetos que fazem parte do contexto de uma sociedade, ao passo que 
também possui aspectos que são intangíveis, como, por exemplo, as normas 
que regulam os comportamentos, as ideias, as crenças, entre outros. “Esses 
Conceito de cultura2
aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram, 
dando forma a relações e estabelecendo valores e normas [...]” (RODRIGUES, 
2019, documento on-line).
Os aspectos intangíveis são importantes na formação das culturas, pois reforçam 
características que são desejáveis ou não na convivência em sociedade. Assim, 
esses valores e o conjunto de regras têm por objetivo regular os comportamentos 
e as ações dos indivíduos que fazem parte de determinados grupos.
Canedo (2009, documento on-line) acrescenta que a cultura pode apresentar 
três concepções principais, são elas: “1) modos de vida que caracterizam 
uma coletividade; 2) obras e práticas da arte, da atividade intelectual e do 
entretenimento; e 3) fator de desenvolvimento humano”. 
A cultura relacionada aos modos de vida que caracterizam uma coletivi-
dade refere-se a um sistema de significados e signos criados por um grupo. 
Esse viés da cultura é produzido por meio das interações sociais, em que, à 
medida que os sujeitos vão vivendo e experienciando novos aprendizados, 
vão construindo valores e identidades. Chauí (1995, p. 81) ainda acrescenta 
que todos os seres humanos são produtores de cultura, ou seja, são “[...] seres 
e sujeitos culturais [...]”.
Já a concepção que se refere à cultura como as obras e as práticas de arte, 
de entretenimentos e de atividade intelectual, segundo Canedo (2009), é uma 
visão mais limitada da cultura, pois está ligada às atividades econômicas e não 
efetivamente a uma produção cultural sem interesses. “Vista sob esse ângulo, 
a cultura é tida como fator de propulsão ou de resistência ao desenvolvimento 
econômico [...]” (CANEDO, 2009, documento on-line). Nesse caso, essa definição 
do termo não está voltada para uma produção cultural do dia a dia, mas sim para 
um circuito organizado. “É uma produção elaborada com a intenção explícita 
de construir determinados sentidos e de alcançar algum tipo de público, através 
de meios específicos de expressão [...]” (BOTELHO, 2001, documento on-line).
De acordo com Canedo (2009, documento on-line):
Na relação entre cultura e mercado, acontecem dois processos distintos: 
a mercantilização da cultura, quando as atividades culturais passam a 
ser concebidas visando à distribuição em massa e, consequentemente, a 
3Conceito de cultura
Já a terceira dimensão da cultura relaciona o termo ao desenvolvimento 
social. Por meio dessa visão, a cultura se configura como fundamental para 
estimular atividades e pesquisas, incitar interesses, aprofundar debates, 
entre outros. Segundo Canclini (1987, p. 25), é possível ver a cultura “[...] 
como parte da socialização das classes e grupos nas formações e concep-
ções políticas e no estilo que a sociedade adota em diferentes linhas de 
desenvolvimento [...]”. 
Morgado (2014) ressalta que as culturas são normalmente transmitidas de 
geração para geração, pois educa-se através das técnicas, dos conhecimentos 
e do modo de viver de cada sociedade. Portanto, cada povo, à medida que 
aprende sobre rituais, festas, culinárias, história, entre outros temas, repassa 
esse conhecimento aos seus próximos, transmitindo o patrimônio cultural 
que recebeu. Assim, Kluckhohn (1949, p. 43) afirma que a cultura é “[...] a 
vida total de um povo, a herança social que o indivíduo adquire de seu grupo. 
Ou pode ser considerada parte do ambiente que o próprio homem criou [...]”. 
Malinowski(1975, p. 12) complementa que a cultura compreende todos os 
“[...] bens, processos técnicos, hábitos e valores herdados [...]”. Desse modo, 
segundo Morgado (2014, documento on-line):
[...] a cultura é também chamada de herança social. Nas sociedades em que não 
há escolas a transmissão cultural se dá através da família ou da convivência 
com o grupo adulto. Nesse caso, a educação é assistemática. Já nas sociedades 
em que a escola se faz presente essas se encarregam de completar a trans-
missão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais, nesse caso, 
a educação é sistemática, isto é, obedece a um sistema, a uma organização 
previamente planejada. 
É imprescindível evidenciar que não há uma cultura superior ou inferior, 
mas sim diferentes tipos de manifestações culturais que ocorrem em virtude 
de crenças, contexto histórico, realidades e vivência de cada povo. 
geração de lucro comercial; e a culturalização da mercadoria, que ocorre 
através da atribuição de valor simbólico a objetos do uso cotidiano. Até 
mesmo as características culturais de um determinado local ou povo 
podem ser transformadas em bens vendáveis para o turismo ou como 
lócus para a produção audiovisual.
Conceito de cultura4
Arquitetura e culturas locais
As culturas fazem parte da sociedade e são capazes de formar identidades. 
Existem culturas extremamente tradicionais, que estão presentes na vida social 
há muito tempo, e existem culturas que vão se transformando, surgindo e aos 
poucos se consolidando na sociedade atual. Por isso, a cultura também é vista 
como um processo dinâmico que sofre infl uências dos contextos. Conforme 
Morgado (2014, documento on-line): 
Podemos assim afirmar que a cultura é passível de mudanças. Porém essas 
mudanças não afetam a sua essência uma vez que na construção de uma iden-
tidade cultural de um grupo social deve-se ter um reconhecimento coletivo 
dos padrões de comportamento e costumes. A cultura seria parte de uma 
memória coletiva da sociedade impossível de se desenvolver individualmente.
Assim, as culturas locais referem-se às manifestações de determinados 
e específicos grupos, com seus costumes e crenças. Essas manifestações 
culturais locais se diferem tanto pelo povo que apresenta diferentes tradições 
como pelas condições de solo e clima de cada local. Com isso, percebe-se 
que as culturas locais estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento das 
arquiteturas, isso porque cada comunidade, além de viver em locais diferentes 
do território, desenvolve suas técnicas e espaços de convivência levando em 
consideração as condições, os contextos e os materiais.
A cultura, segundo Tavares e Costa (2013, p. 82), pode ser compreendida como:
[...] um fenômeno social de características simbólico-cognitivas, criado e 
produzido pelo homem dentro de sua sociedade, como resultado do acúmulo 
de suas ações, significados e conhecimentos, refletindo a época em que está 
inserido, e o contexto intelectual específico de cada um. 
Já a arquitetura contempla, além dela, por si só, “[...] uma pluralidade 
de valores: econômicos, sociais, técnicos, funcionais, artísticos, espaciais e 
decorativos [...]” (ZEVI, 1996, p. 26).
Com isso, pode-se afirmar que a cultura local é um fenômeno produzido 
pelo homem, considerando o espaço físico onde vive, e, assim, a arquitetura, 
também é uma produção social criada especificamente para atender às ne-
cessidades de cada região, sendo uma extensão do que a comunidade deseja 
e precisa. Como afirma Harvey (2000, p. 159):
5Conceito de cultura
Do mesmo modo como produzimos coletivamente as nossas cidades, também 
produzimos coletivamente a nós mesmos. Projetos que prefigurem a cidade 
que queremos são, portanto, projetos sobre (nossas) possibilidades humanas, 
sobre quem queremos vir a ser – ou, talvez de modo mais pertinente, em quem 
não queremos nos transformar.
Por isso, pode-se afirmar que uma das formas de compreender a cultura de 
uma cidade ou de uma região é observar sua arquitetura, os materiais utilizados, 
seus espaços abertos e como as pessoas utilizam esses locais. Nesse sentido, a 
própria arquitetura é uma forte manifestação cultural tangível, que pode ser to-
cada, explorada e vivenciada. Além disso, o reconhecimento dessas arquiteturas 
permite o entendimento da evolução e do desenvolvimento das construções. 
O Brasil, com seu vasto território, possui diversas manifestações culturais 
locais relacionadas à arquitetura que podem ser mais facilmente compreendidas 
pelas cinco regiões do país. Isso pode ser identificado por meio das casas em 
palafita, facilmente encontradas na região Norte do país, nas casas de madeira 
e pedra, encontradas na região Sul, e até mesmo nas casas de pau a pique, 
situadas na região Nordeste. 
As casas em palafita são um exemplo de manifestação cultural local, pois 
são exemplos de uma das primeiras técnicas construtivas utilizadas nessa região. 
Esse tipo de arquitetura foi desenvolvido dessa maneira em virtude das cheias 
dos rios. Por isso, as residências foram elevadas com o suporte de troncos ou 
pilares de madeira, para garantir a proteção desses locais (Figura 1). 
Figura 1. Casas em palafita.
Fonte: Jose L. Stephens/Shutterstock.com.
Conceito de cultura6
Já em virtude do clima nordestino, as comunidades locais desenvolveram, 
nessa região, as casas de pau a pique ou taipa de pilão, ambas tendo como 
base o barro como material principal (Figura 2). O barro é um ótimo elemento 
para manter os locais mais frescos, além disso, é fácil de ser encontrado nessa 
área. Portanto, as primeiras manifestações arquitetônicas dessa região do país 
apresentam construções baseadas nessas duas técnicas, relacionadas à cultura 
e às características locais.
Figura 2. Casas de pau a pique. 
Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com.
Na região Sul, o desenvolvimento da arquitetura vinculou-se à cultura 
dos imigrantes europeus, basicamente italianos e alemães. Foram eles que 
trouxeram para essa região técnicas construtivas que utilizavam basicamente a 
madeira e a pedra para erguer as primeiras edificações. Esse tipo de arquitetura 
e os materiais utilizados têm a ver com a sua disponibilidade na região e com 
o conhecimento dos europeus a respeito deles, visto que estes influenciaram 
diretamente a cultura dessa região do Brasil.
Ainda hoje, esses tipos de arquiteturas representativas fazem parte das 
cidades e podem ser facilmente identificadas nessas regiões (ver Figura 3). 
Mesmo sofrendo algumas alterações ao passar dos anos, e a fim de atender 
a novas necessidades, existem elementos culturais que continuam presentes. 
7Conceito de cultura
Figura 3. Casa de imigrantes. 
Fonte: Oliveira (2016, documento on-line).
Assim, à medida que as culturas locais vão se desenvolvendo, desenvolve-se 
também a arquitetura dessas regiões. Conforme o clima, as crenças, as tradições 
e os materiais disponíveis, cada comunidade vai configurando seus espaços, 
construindo a partir de suas necessidades e, assim, vinculando as edificações 
às suas características locais. Nesse sentido, pode-se afirmar que a arquitetura 
tem um caráter representativo das culturas locais, pois, a partir desse tipo de 
manifestação, é possível compreender as peculiaridades de cada área.
A cultura na arquitetura mundial
e na arquitetura brasileira 
Pode-se dizer que a arquitetura é um produto da cultura, mas que também a 
arquitetura é capaz de produzir cultura. Ou seja, cada sociedade, por meio de 
suas capacidades e hábitos, acaba inspirando e desenvolvendo sua própria 
arquitetura. Essa produção, baseada nas referências, nas necessidades, nas 
tradições e nos materiais locais, quando fi nalizada, torna-se um produto de 
cultura, de identifi cação e reconhecimento cultural. 
Conceito de cultura8
À medida que técnicas, materiais e vivências evoluem, essas arquiteturas 
também vão se desenvolvendo, sendo sempre reflexos de culturas. Cada local 
e povo tem suas crenças, tradições e hábitos, e isso influencia diretamentenas arquiteturas criadas, isso porque, muito além de a arquitetura representar 
construções robustas, ela está voltada à criação de espaços onde as pessoas 
possam usufruir da melhor maneira, atendendo às suas necessidades. Nesse 
sentido, a conexão entre cultura e arquitetura é natural e permite a diversidade 
de estilos que são encontrados no Brasil e no mundo.
No decorrer da história e no desenvolvimento das sociedades, a arquitetura 
passou a ser marcada por diferentes estilos, conceitos, princípios e diretrizes. 
Ou seja, as manifestações de arquitetura sempre levaram em consideração as 
tradições de cada parte do mundo. Assim, cada região do mundo apresenta 
estilos e características arquitetônicas que estão interligadas às culturas locais. 
Um exemplo dessa relação são as casas da Inglaterra construídas durante o 
reinado da Rainha Vitória, no século XIX (Figura 4). Essa tipologia acabou 
sendo difundida em todo o país, em virtude da expansão e do desenvolvimento 
econômico do Império Britânico. Além disso, no mundo, algumas arquiteturas 
se destacam por estarem evidentemente ligadas às culturas dos povos, como 
as destacadas nas seções a seguir.
Figura 4. Casas inglesas. 
Fonte: robertsenk/Shutterstock.com.
9Conceito de cultura
Arquitetura japonesa
A arquitetura desenvolvida no Japão é conhecida por seus distintos telhados e 
sua simplicidade. Seus espaços internos mais limpos, fl uidos, claros, arejados 
e com poucos móveis representam o minimalismo, a clareza e a despretensão, 
típicos da cultura japonesa. Esse povo consegue demonstrar por meio da sua 
arquitetura a sua cultura de equilíbrio, contrária às distrações desnecessárias 
e ao apego a bens materiais. 
Atualmente, é possível encontrar esses princípios e elementos culturais 
relacionados à arquitetura, principalmente por meio do uso de mobiliários 
esguios, aberturas de grandes vãos, que permitem a iluminação e a ventilação 
natural, bem como da integração das construções com a natureza (Figura 5).
Figura 5. Casa japonesa. 
Fonte: Mname/Shutterstock.com.
Arquiteturas islâmica e árabe
As culturas islâmica e árabe também conseguem ser fortemente representadas 
pelos elementos de suas edifi cações. Esse povo é criador de formas, desenhos e 
elementos artísticos muito detalhados. Assim, é possível perceber essa aptidão 
à arte e aos efeitos no uso de cúpulas, colunas e arcos nas edifi cações. Além 
disso, os espaços contam com decoração de arabescos e mosaicos. Outro 
elemento presente na arquitetura dessas culturas são os muxarabis (Figura 6). 
Conceito de cultura10
Figura 6. Exemplo de casa islâmica. 
Fonte: Meesiri/Shutterstock.com.
O que são muxarabis?
Com origem árabe-islâmica, o muxarabi é uma solução arquitetônica para projetos 
que buscam iluminação e ventilação naturais. O elemento agrega estética única à 
construção, seja pelo seu design exótico vazado ou pela sombra que derrama sobre 
o ambiente. Assim, atualmente, ele é utilizado em diversas culturas e regiões do 
mundo, pois, além de ter função de iluminação e ventilação, é um elemento estético 
que compõem muito bem os espaços.
Fonte: Bonafé (2019, documento on-line).
Arquitetura nórdica
A região europeia onde se encontram os países Finlândia, Suécia e Noruega 
apresenta rigorosos invernos, com temperaturas negativas. Em virtude dessa 
característica climática, a arquitetura é inspirada no que é útil, prático e essen-
cial. O material mais utilizado é a madeira, e a parte interna das residências 
apresenta tons claros, para benefi ciar a iluminação dos cômodos, principalmente 
nas épocas mais frias, em que o sol é raro (Figura 7). 
11Conceito de cultura
Figura 7. Arquitetura nórdica.
Fonte: Alvov/Shutterstock.com.
Arquitetura italiana
A cultura italiana também foi desenvolvida e é representada na arquitetura. 
O visual rústico e, ao mesmo tempo, ornamentado tem relação com a cultura 
italiana e o jeito de seu povo. Ambientes muito aconchegantes, com tons neutros 
e marrons, móveis confortáveis e objetos de família também são elementos que 
demonstram o calor do povo italiano e sua afeição pela reunião das famílias. 
Essa tradição insere-se na arquitetura, pois a maioria das casas italianas contém 
grandes cozinhas, visto que esse povo tem uma relação muito afetuosa com a 
culinária e esse espaço é o principal local de encontro e socialização. 
Além disso, a cultura italiana preza pelo restauro de edificações antigas. 
Por meio da manutenção dessas edificações, é possível se apropriar delas, 
mantendo as características tradicionais e sendo possível seu uso em meio 
à contemporaneidade. A valorização dessa ambiência antiga e da adaptação 
desses locais às novas necessidades, sem perder as características, é típica das 
cidades italianas (Figura 8).
Conceito de cultura12
Figura 8. Arquitetura italiana.
Fonte: Jag_cz/Shutterstock.com.
Arquitetura grega
Outra arquitetura mundial infl uenciada pela cultura é a arquitetura dos gregos, 
representada com muitos detalhes, equilíbrio, simetria e monumentalidade. 
A cultura grega é marcada pela preocupação com a estética, evidenciada nos 
seus templos, além do descobrimento da matemática e das proporções ideais, 
também utilizadas nos projetos de arquitetura não apenas da Grécia, mas de 
todo o mundo (Figura 9). 
Figura 9. Arquitetura grega.
Fonte: Juli112/Shutterstock.com.
13Conceito de cultura
Já no Brasil a cultura relacionada à arquitetura se destaca tanto pelas cons-
truções dos indígenas, que são os nativos dessa terra, como também pela 
influência dos portugueses. O povo indígena manifesta sua cultura na arquitetura 
por meio do uso de materiais naturais, da simplicidade e dos espaços abertos 
de convivência, que servem para a realização de rituais e festas (Figura 10).
Figura 10. Ocas indígenas.
Fonte: Giorgio Caracciolo/Shutterstock.com.
Com a vinda dos portugueses e suas tradições, começaram a surgir as casas 
de campo, onde as famílias mais abastadas iam passar seus fins de semana, 
hábito este relacionado à cultura desses imigrantes. Ainda, trouxeram ao Brasil 
o uso de detalhes nas edificações, como muito decoração nas partes internas, 
uso de azulejos pintados, entre outros elementos. 
A partir da segunda metade do século XIX, surgiu, no Brasil, uma linguagem 
que somava as produções arquitetônicas dos anos anteriores, denominada ecle-
tismo. Essa arquitetura, que teve influência das escolas europeias, apresentava 
edificações com características de simetria, hierarquização e a busca pela 
grandiosidade, misturando os estilos do barroco e do neoclássico. Esse tipo 
de arquitetura demonstrava a nova realidade brasileira, com possibilidade de 
novos serviços, estruturações urbanas, entre outros.
Por meio desses exemplos, é possível perceber que a arquitetura faz parte de 
culturas, bem como é uma importante representação destas. Através das imagens 
de edificações e cidades de cada região, pode-se reconhecer características, 
relacioná-las a tradições e costumes e compreender um pouco mais de cada local. 
Conceito de cultura14
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15Conceito de cultura

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