efeiciencia alimentar raça nelore

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
DO TRIÂNGULO MINEIRO - Campus Uberaba 
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA 
 
ERIK KENNEDY DE CARVALHO FONSECA 
 
 
 
 
 
Estudo genético quantitativo de características relacionadas à eficiência alimentar 
na raça Nelore 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBERABA, MG 
2023 
 
 
ERIK KENNEDY DE CARVALHO FONSECA 
 
 
Estudo genético quantitativo de características relacionadas à eficiência alimentar na raça Nelore. 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus 
Uberaba, como requisito parcial para conclusão 
do Curso de Bacharelado em Zootecnia 
 
Orientador: Prof. Dr. Sandro Henrique 
Antunes Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBERABA, MG 
2023 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Referência do IFTM – 
 Campus Uberaba-MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonseca, Erik Kennedy de Carvalho 
F733e Estudo genético quantitativo de características relacionadas à eficiência 
 alimentar na raça Nelore / Erik Kennedy de Carvalho Fonseca– 2023. 
 27 f. il. 
 
 Orientador: Prof. Dr. Sandro Henrique Antunes Ribeiro 
 Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Zootecnia) - Instituto 
 Federal do Triângulo Mineiro - Campus Uberaba-MG, 2023. 
 
 1. Critérios de seleção. 2. Consumo alimentar residual. 3. Ganho de peso. 
 4. Melhoramento genético. 5. Nelore. I. Ribeiro, Sandro Henrique Antunes. II. 
 Título. 
 
 
 
 CDD 636.2 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
ERIK KENNEDY DE CARVALHO FONSECA 
 
Estudo genético quantitativo de características relacionadas à eficiência alimentar na raça 
Nelore. 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Triangulo Mineiro, Campus 
Uberaba, como exigência parcial para obtenção 
do diploma de Bacharel em Zootecnia, sob 
orientação do Prof. Dr. Sandro Henrique 
Antunes Ribeiro. 
Aprovado em 06 de junho de 2023. 
 
 
 
Prof. Dr. Sandro Henrique Antunes Ribeiro (Orientador) 
 
Prof. Dr. Dawson José Guimarães Faria IFTM Campus Uberaba 
 
Zootecnista MSc. Rodrigo Furtado Machado Guimarães - IFTM Campus Uberaba 
UBERABA, MG 
2023 
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§ 3º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020, a partir de documento original.
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AGRADECIMENTOS 
À Deus, por ter me dado força e paciência para enfrentar os desafios desta jornada. 
A minha família, Ana Carvalho, Elaine, Geraldo, Luís Fernando, Carlos, Joana, José Inacio, 
Robson, Ronan e demais, que nos momentos difíceis foram meu alicerce e o motivo principal 
para continuar lutando. Obrigado pelas suas orações. 
A minha avó Lucinda (in memorian) pelos ensinamentos sobre a vida, e lá de cima tem sido o 
meu ponto de apoio. 
Ao Instituto Federal do Triângulo Mineiro, instituição maravilhosa, que me acolheu como se 
fosse minha casa e ao seu corpo docente, em especial ao meu orientador Sandro Ribeiro pelos 
ensinamentos e paciência em compartilhar conhecimentos desta imensa área de atuação. 
Também aos professores Dawson José, Flavio Moreno e ao zootecnista Rodrigo Guimarães, 
que contribuíram para construção do meu pensamento crítico. 
Aos colaboradores do Instituto, que ao longo de anos não mediram esforços para me ajudar, em 
especial a Marta Moura Costa e Patrícia Bianchini no CGAE e aos membros da Biblioteca. 
Aos amigos que conquistei ao longo dos anos, que me acompanharam nos bons e maus 
momentos. Em especial ao “trio de ouro” Lo-Ruama, Milenna e Iasmyn e a todos outros que de 
forma direta e indireta, positivamente ou negativamente, contribuíram com a minha formação 
acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Combati o bom combate, terminei a corrida, 
mantive a FÉ. 
(A Bíblia - II Timoteo 4:7) 
 
 
 
RESUMO 
 
O cálculo dos méritos genéticos é primordial na seleção de animais superiores e melhoradores 
de rebanho, uma vez que diferentes animais ganhando o mesmo peso apresentam consumo 
alimentar diferente e, consequentemente, têm um custo de alimentação menor para os mais 
eficientes. Os dados para o estudo foram extraídos dos arquivos coletados na propriedade 
Rancho da Matinha, no município de Uberaba, Minas Gerais. Os dados foram obtidos nos anos 
de 2014, 2015 e 2016 em ambos os sexos na raça Nelore , sendo esses dados referentes 813 
animais, sendo 421 machos e 392 fêmeas. Os critérios de seleção utilizados demonstram que 
Consumo Alimentar Residual (CAR) e Indice de Conversão Alimentar (ICA) são 
correlacionados geneticamente e através de ranqueamento de Spearman, e embora ambos 
exijam a utilização de equipamentos para sua mensuração podem ser utilizados de forma isolada 
nos índices de seleção e nos programas de melhoramento. O critério Ganho de Peso Diário 
(GPD) não está correlacionado com os demais, porém esse fato se dá pelo fato de CAR ser 
selecionado com base em um ganho de peso único para os animais. Ano/época e sexo 
apresentaram diferenças significativas nos critérios genéticos ligados a eficiência alimentar 
GPD e ICA. Sexo e ano/época não foi significativo para o parâmetro CAR, e embora seja uma 
característica de herdabilidade alta o comportamento dos dados e explicadopelo alto nível 
genético dos animais em teste, precocidade e anos de seleção buscando animais superiores. A 
utilização do critério CAR traz ganhos genéticos em eficiência alimentar de bovinos da raça 
Nelore no rebanho avaliado. O CAR foi melhor devido a maior herdabilidade, alta correlação 
com ICA e baixa ou nula com GPD. Isso resulta em melhor eficiência alimentar sem elevar o 
peso adulto dos animais testados. 
 
 
Palavras-chave: Critérios de seleção, Consumo alimentar residual, Ganho de peso, 
Melhoramento genético, Nelore, Objetivo de seleção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The calculation of genetic merits is paramount in the selection of superior animals and herd 
improvers, as different animals gaining the same weight have different feed consumption and, 
consequently, lower feeding costs for the more efficient ones. The data for the study were 
extracted from the records collected at Rancho da Matinha farm, in the municipality of Uberaba, 
Minas Gerais. The data were obtained in the years 2014, 2015, and 2016 for both sexes in the 
Nelore breed, with a total of 813 animals, including 421 males and 392 females. The selection 
criteria used demonstrate that Residual Feed Intake (RFI) and Feed Conversion Ratio (FCR) 
are genetically correlated, as well as through Spearman's ranking. Although both require the 
use of equipment for measurement, they can be used separately in selection indexes and 
improvement programs. The criterion Daily Weight Gain (DWG) is not correlated with the 
others, but this is due to the fact that RFI is selected based on a single weight gain for the 
animals. Year/season and sex showed significant differences in the genetic criteria related to 
feed efficiency (DWG and FCR). Sex and year/season were not significant for the RFI 
parameter, and although it is a highly heritable characteristic, the behavior of the data is 
explained by the high genetic level of the animals under test, precocity, and years of selection 
for superior animals. The use of the RFI criterion brings genetic gains in feed efficiency for 
Nelore cattle in the evaluated herd. RFI was improved due to its higher heritability, high 
correlation with FCR, and low or null correlation with DWG. This results in improved feed 
efficiency without increasing the adult weight of the tested animals. 
 
 
Keywords: Genetic improvement, Selection criteria, Nelore, Residual feed intake, Selection 
objective, Weight gain. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Desvio padrão, máximo, mínimo e média dos parâmetros Índice de conversão 
alimentar (ICA, kg MS.kg ganho-1), Ganho de peso médio diário (GPD, kg.dia-1) 
e Consumo alimentar residual (CAR, kg).............................................................. 15 
Tabela 2 - Media e desvio padrão do índice de conversão alimentar sobre sexo, lote e ano/época 
avaliados. ............................................................................................................... 16 
Tabela 3 - Média e desvio padrão do ganho de peso diário sobre sexo, lote e ano/época....... 18 
Tabela 4 - Média e desvio padrão do consumo alimentar residual - CAR sobre sexo, lote e 
ano/época ............................................................................................................... 19 
Tabela 5 - Correlação de Spearman entre CAR, GPD e ICA. (p-valor) ................................. 20 
Tabela 6 - Estimativa de Herdabilidade, Variância Genética (σ2 G), Variância Ambiental (σ2 
E) e Fração total devido ao ambiente, para CAR, ICA e GPD .............................. 21 
Tabela 7 - Correlação genética entre os critérios de seleção ICA, GPD e CAR.(p-valor) ...... 21 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 
2. MATERIAIS E METODOS ............................................................................................. 12 
2.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL E MANEJO......................................................................... 12 
2.2. CÁLCULO DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL (CAR), GANHO DE PESO 
DIÁRIO (GPD) E INDICE DE CONVERSÃO ALIMENTAR (ICA) ....................................... 13 
2.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS E GENÉTICAS .............................................................. 13 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 15 
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 22 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 22 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
A pecuária de corte brasileira apresenta soberania no mercado internacional de 
carnes, consagrando-se como o maior produtor e exportador de carne bovina e um dos 
principais segmentos no PIB do agronegócio nacional (ABIEC, 2022). Com produção de 
carne ultrapassando 11 mil toneladas de equivalente de carcaça, aumento expressivo nas 
exportações e faturamento de R$243,18 bilhões anualmente (ABIEC, 2022). Dentre os 
fatores que contribuem para este contexto está o tamanho do rebanho e a aplicação de 
melhores técnicas de manejo e seleção e utilização de animais geneticamente superiores. 
Entretanto, ainda segundo a ABIEC (2022), apesar da produção ser elevada, a 
produtividade do setor ainda é considerada baixa comparado com a de outros países 
causada pelos índices zootécnicos ruins. Este fato, aliado ao aumento progressivo do 
consumo per capita e flutuabilidade dos preços no mundo, torna a eficiência produtiva e 
econômica vital ao sistema. Os zebuínos têm grande importância e mérito na genética 
brasileira sendo selecionados para diferentes programas de melhoramento e provas de 
eficiência, com destaque à raça Nelore . 
A raça Nelore, introduzida no Brasil via importação até em 1962, ocupa cerca 
de 80% do rebanho comercial nacional (OLIVEIRA; MAGNABOSCO; BORGES, 
2002), tanto como raça pura como nos cruzamentos. Esta contribuição expressiva se dá 
principalmente devido a rusticidade, adaptabilidade da raça ao clima tropical, eficiência 
em pastos de baixo valor nutricional, habilidade materna, entre outros. Com o passar dos 
anos houve avanços nos índices de seleção envolvendo a raça, bem como o 
desenvolvimento de técnicas visando melhorar o bem-estar e sanidade animal, o que 
promoveu o desenvolvimento da raça junto com o país. A predição e estimativa de 
parâmetros genéticos propicia avaliação e quantificação de características afetadas pela 
genética e pelo ambiente e que apresentem peso econômico (FARIA et al., 2017). 
O melhoramento genético animal tem como função otimizar o sistema 
produtivo, garantindo uma melhor rentabilidade, produtividade e sustentabilidade, 
contribuindo para a entrega de melhores produtos tanto para o mercado consumidor 
interno como para o mercado exportador. Através de avanços tecnológicos no 
melhoramento genético dos bovinos de corte houve o incremento em produtividade na 
ordem de mais de 500% nos últimos 50 anos. (FAO, 2019) O cálculo dos méritos 
genéticos para características ligadas a eficiência alimentar é primordial na seleção de 
animais superiores e melhoradores de rebanho, uma vez que diferentes animais ganhando 
12 
 
o mesmo peso apresentam consumo alimentar diferente, e consequentemente animais 
mais eficientes tem um custo de produção menor. 
Dentre os parâmetros genéticos e ambientais utilizados na seleção de animais 
superiores destacam-se os ligados à eficiência alimentar, como o Consumo Alimentar 
Residual – CAR e Indice de Conversão Alimentar - ICA, que apesar da exigência em 
equipamentos sofisticados fornecem informações importantes na busca de animais mais 
eficientes. Tais parâmetros permitem a predição de valoresgenéticos através de índices 
como a herdabilidade, correlações genéticas e os efeitos ambientais a estes ligados, 
levando a tomada de decisão mais assertiva sobre a estratégia para melhorar a genética 
do rebanho. Outro critério já amplamente utilizado é o ganho de peso médio diário - GPD, 
de fácil mensuração, fornece informações confiáveis. 
O objetivo com este trabalho é estimar e avaliar os parâmetros genéticos de 
características relacionadas à eficiência alimentar, assim como, seus efeitos no processo 
de seleção na raça da Nelore, gerando subsídios que auxilie na escolha da melhor 
estratégia de melhoramento para essas características na raça. 
2. MATERIAIS E METODOS 
2.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL E MANEJO 
Os dados para esse estudo foram extraídos dos arquivos coletados das provas de 
ganho de peso na propriedade Rancho da Matinha, localizado nas proximidades da 
rodovia BR-050 km 153.5, no município de Uberaba, Minas Gerais. A atividade principal 
é a criação e melhoramento genético de bovinos de corte da raça Nelore. Situado no 
Triangulo mineiro, o Rancho da Matinha tem latitude 19º40’30,7’’ S e longitude 
47º59’55,4’’ W, com temperatura média anual em torno de 23ºC e precipitação 
pluviométrica média de 2181m. 
Os dados foram obtidos de 813 animais em provas de ganho de peso dos anos de 
2014, 2015 e 2016 em ambos os sexos na raça Nelore, sendo 421 machos e 392 fêmeas. 
Esses animais foram confinados no período de 70 dias com um período de adaptação de 
20 dias totalizando 90 dias de prova. Os animais foram pesados no início e término da 
prova e em intervalos de 14 dias sem a realização de jejum, A dieta foi fornecida em 
forma de dieta total, visando ganhos médios diários de 1,2 kg/animal/dia. O fornecimento 
de água foi ad libidum. A formulação da ração foi baseada em 60% de volumoso (silagem 
13 
 
de milho) e 40% de concentrado, atendendo as recomendações do NRC (1996) para os 
ganhos esperados. O arraçoamento ocorreu três vezes ao dia em cochos especiais do Grow 
Safe Systems, sistema que mensura o consumo alimentar individual e permite avaliar 
parâmetros como os deste estudo. 
2.2. CÁLCULO DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL (CAR), GANHO DE 
PESO DIÁRIO (GPD) E INDICE DE CONVERSÃO ALIMENTAR (ICA) 
 As variáveis avaliadas como critérios de seleção neste estudo serão consumo 
alimentar residual – CAR, ganho de peso diário – GPD e índice de conversão alimentar -
ICA, utilizados para alcançar o objetivo de seleção de eficiência alimentar de bovinos da 
raça nelore. 
O consumo alimentar residual, proposto por KOCH et al., (1963), trata-se de um 
parâmetro de eficiência alimentar que permite a seleção de animais de acordo com a 
capacidade do animal em converter os alimentos em produto, ou seja, animais mais 
eficientes são aqueles que consomem uma quantidade menor de alimento para converter 
no mesmo ganho de carcaça, com isso reduzindo o custo com nutrição. Por tal fator são 
mais desejáveis animais que apresentem valores negativos para CAR. 
O consumo alimentar residual foi calculado como a diferença entre o consumo de 
matéria seca (CMS) observado e o consumo de matéria seca estimado, obtido a partir de 
uma equação de regressão, considerando o ganho médio diário e o peso vivo metabólico 
como covariáveis. 
𝐶𝐴𝑅 =  𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜  −  𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜 (𝑓 (𝑃𝑉,  𝐺𝑃𝑉)) 
O ganho de peso diário -GPD foi calculado pela divisão entre o ganho de peso vivo 
entre as pesagens pelo número de dias entre as pesagens, de 14 dias. Posteriormente foi 
retirado a média dos ganhos durante a prova o que compôs o ganho médio de peso. O 
índice de conversão alimentar foi calculado pela divisão entre o consumo alimentar 
observado total, fornecido pelo Grow Safe Systems, e GPD. 
2.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS E GENÉTICAS 
Para as análises estáticas deste estudo foram considerados somente filhos de 
machos com mais de 5 filhos e fêmeas com mais 2 filhos para melhorar a consistência e 
confiabilidade dos dados, isso reduziu o número de animais de 813 para 359. Os fatores 
14 
 
ambientais utilizados foram o sexo dos animais, sendo que os grupos eram compostos por 
machos e fêmeas de idades semelhantes, lote de entrada, sendo 2 ao longo de cada ano e 
ano/época, separados de acordo a ordem de entrada na prova de ganho. 
 Na realização da estatística descritiva e das frequências e consistência dos dados 
foram utilizados os procedimentos do programa SAS. As estimativas de componentes de 
covariância relativas aos efeitos genético, fenotípico e ambiente foram obtidos pelo 
método da máxima verossimilhança restrita com algoritmo livre de derivadas, utilizando-
se do aplicativo MTDFREML, de Boldman et al (1995), sob modelo animal. Foi realizado 
a correlação de ranqueamento de Spearman e a correlação de valor genético dos animais 
utilizando o Software R, versão 4.3.0 e com o auxílio da ferramenta “Rcmdr”, com p-
valor bilateral emparelhado. 
Nesse programa, um algoritmo simplex foi utilizado para localizar o mínimo de 
–2logA, em que A representa a função de verossimilhança depois de atingido o critério 
de convergência (10 -9). O modelo para características em notação matricial é o seguinte: 
𝑌 = 𝑋𝑏 + 𝑍𝑢 + 𝑒 
Em que: 
Y = vetor de observações das variáveis dependentes 
b = vetor de efeitos fixos 
u = vetor dos efeitos genéticos aditivos de cada um dos indivíduos 
e = vetor de efeitos aleatórios residuais. 
X e Z são matrizes de incidência relacionadas, respectivamente, aos efeitos fixos e 
animal. 
Assume-se, neste modelo, que; 
𝑉 |
𝑢
𝑒
|   = |
𝑔11𝐴 0
0 𝐼𝜎𝑒
2| 
Em que: 
g11 = variância genética aditiva 
A = matriz de parentesco 
15 
 
Melhor Estimador Linear não Viesado (BLUE) das funções estimáveis de b e o Melhor 
Preditor Linear não Viesado (BLUP) de u e pe serão obtidos pelas soluções das seguintes 
equações do modelo misto (MME): 
|�̂�
�̂�
| = |
𝑋′𝑋 𝑋′𝑍
𝑍′𝑋 𝑍′𝑍 + 𝐴−1𝛼1
|
−1
∗ |𝑋
′𝑌
𝑍′𝑌
|  
Onde: 𝛼1 =
𝜎𝑒
2
𝜎𝑎
2 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A média do ICA foi de 7,53 kg de consumo de matéria seca para cada kg de ganho 
de peso, com desvio padrão de 1,54. O GPD foi de 1,18 kg.dia -1 com desvio padrão de 
0,25. O CAR variou de -2,74 kg.dia-1 para o animal mais eficiente, e 2,10 kg.dia-1 para o 
animal menos eficiente. (Tabela 1). 
Tabela 1. Número (n), Média, Desvio padrão, máximo e mínimo das variáveis Índice de 
conversão alimentar (ICA, Kg MS.kg ganho-1), Ganho de peso médio diário 
(GPD, kg.dia-1) e Consumo alimentar residual (CAR, kg). 
Variável 
Estudada 
N Média Desvio padrão Máximo Mínimo 
ICA 
359 
7,53 1,54 4,21 11,38 
GPD 1,18 0,25 2,03 0,45 
CAR 0,01 0,75 2,10 -2,74 
Todos os parâmetros avaliados foram significativos (p<0,05) para índice de 
conversão alimentar (ICA) (Tabela 2). No parâmetro sexo as fêmeas foram superiores aos 
machos com 6,88 contra 8,08 kg.ms/kg GPD-1, devido principalmente as características 
de precocidade sexual superior aos machos, sendo tal característica alvo de seleção a 
vários anos pelo Rancho da Matinha. A baixa idade dos animais contribui para uma 
16 
 
melhor expressão fenotípica das fêmeas, visto que os machos apresentam melhor 
desempenho após a maturidade sexual. Silva et al, (2019) avaliando fêmeas 
contemporâneas da raça Nelore com idade de 9 a 12 meses em provas de ganho encontrou 
ICA semelhante (6,50 kg MS/kg GPD-1), principalmente nas fêmeas mais eficientes para 
CAR. 
Tabela 2. Categorias, Número (n), média e desvio padrão para o índice de conversão 
alimentar em relação aos efeitos fixos de sexo, lote e ano/época. 
Fatores 
ambientais 
Categorias n Média Dp p 
Sexo 
Macho 197 8,08 1,29 
<0,0001 
Fêmea 162 6,88 1,57 
Lote 
1 190 7,37 1,56 
0,0315 
2 169 7,72 1,51 
Ano/época 
2014-1 48 8,86 1,21 
<0,001 
2014-2 45 8,04 1,82 
2015-1 63 8,07 1,15 
2015-2 59 5,82 0,78 
2016-1 86 7,64 1,23 
2016-2 58 7,05 1,25 
 
Este desempenhodos animais pode estar ligado com o efeito ambiental, uma vez 
que estes animais são submetidos ao mesmo tratamento do início ao fim do confinamento, 
sendo assim, desde que minimize as alterações promovidas por ambiente e fatores 
aleatórios, toda e qualquer alteração tendem a se dar pelos efeitos genéticos. A média de 
7,53 kg MS/kg de ganho corrobora com outros autores como NKRUMAH et al. (2004); 
ARHTUR et al. (2001); SOBRINHO et al. (2011) e MAGNANI et al. (2010) que 
obtiveram 7,27; 7,25; 7,62 e 9,5 kg MS/kg ganho respectivamente. Embora tenha obtido 
17 
 
ganhos genéticos ao longo dos anos na raça os dados semelhantes são justificados pelo 
uso de animais geneticamente superiores nas provas de ganho, com a intenção de 
selecionar futuros reprodutores em tais provas. 
Outro ponto importante referente a ICA, trata-se de que animais que entraram em 
avaliação no segundo semestre do ano, 2014-2, 2015-2 e 2016-2 apresentaram consumo 
de 8,04; 5,82 e 7,05 respectivamente, com valores melhores que aqueles de primeiro 
semestre, com 8,86; 8,07 e 7,64. A explicação para este fato está ligada com a ordem de 
nascimento, ou seja, os animais que nasceram no início da estação de monta e atingiram 
o peso inicial para entrar na prova precocemente. Isso evidencia a habilidade materna das 
fêmeas Nelore, que imprime grande influência no desenvolvimento do produto até o 
sobreano. Shiotsuki et al, (2009) avaliando associação genética em fêmeas precoces de 
Nelore , observaram que a seleção para habilidade materna traz ganhos consideráveis na 
seleção de animais precoces. 
No que se refere a sexo, este foi significativo (p<0,05) para ganho de peso diário 
(GPD), o que evidencia as diferenças fisiológicas entre machos e fêmeas. Para o 
parâmetro lote não houve diferença significativa a 5% de probabilidade (Tabela 3). O 
sexo influencia o ganho de peso dos animais, principalmente após a puberdade, onde 
machos apresentam um desenvolvimento muscular maior que as fêmeas, porém a 
deposição de gordura e acabamento de carcaça é inferior. Borges (2019) avaliando fêmeas 
Nelore com 18 meses de vida concluiu que a seleção de animais com melhor eficiência 
alimentar culmina com uma melhor deposição de gordura intramuscular e acabamento de 
carcaça. 
 
18 
 
 
Tabela 3. Categorias, Número (n), média e desvio padrão para o ganho de peso diário em 
relação aos efeitos fixos de sexo, lote e ano/época. 
Fatores ambientais Categorias N Média dp P 
Sexo 
Macho 197 1,20 0,22 
0,003 
Fêmea 162 1,15 0,28 
Lote 
1 190 1,20 0,25 
0,0885 
2 169 1,14 0,25 
Ano/época 
2014-1 48 1,10 0,16 
<0,001 
2014-2 45 0,93 0,26 
2015-1 63 1,13 0,18 
2015-2 59 1,35 0,20 
2016-1 86 1,31 0,23 
2016-2 58 1,11 0,22 
O GPD apresenta valores menores, porém condizentes com os encontrados por 
SNELLING et al. (2010) e LANCASTER et al. (2005) que avaliando bovinos de corte 
encontrou média de ganho de 1,59 kg/dia, já ARTHUR et al. (2001) obteve média de 1,52 
kg/dia. Em contrapartida, MAGNANI et al. (2010) e SOBRINHO et al. (2011), obtiveram 
respectivamente 0,73 kg/dia e 0,83 kg/dia. Estas diferenças entre os autores são 
justificadas por se tratar de um critério alvo de seleção e a dieta ter sido formulada 
pensando em ganhos médios reais de 1,2 kg.dia-1. 
O parâmetro lote foi significativo para CAR, já sexo e ano/época não 
apresentaram diferenças (p>0,05) (Tabela 4). Com valores de mínimo e máximo variando 
entre 2,10 a -2,74 e desvio-padrão de 0,75 mostra que mesmo em planteis de animais 
superiores à média nacional existe grande variação genética entre os animais de menor e 
maior eficiência dentro do rebanho. 
19 
 
Tabela 4. Categorias, Número (n), média e desvio padrão para o consumo alimentar 
residual em relação aos efeitos fixos de sexo, lote e ano/época. 
Fatores ambientais Categorias n Média dp p 
Sexo 
Macho 197 0,03 0,79 
0,2926 
Fêmea 162 -0,03 0,69 
Lote 
1 190 -0,09 0,70 
0,0088 
2 169 0,12 0,78 
Ano/época 
2014-1 48 -0,08 0,68 
0,6957 
2014-2 45 0,13 0,57 
2015-1 63 0,10 0,73 
2015-2 59 -0,08 0,53 
2016-1 86 0,04 0,88 
2016-2 58 -0,10 0,88 
O uso do CAR deve ser pautado na escolha de animais mais eficientes e 
consequentemente na redução dos custos de produção. Aldrighi et al. (2019) avaliaram 
que animais de CAR negativo consumiram 7% menos alimento que animais medianos e 
13% menos alimento que animais CAR positivo. Com isso, atingindo o mesmo peso de 
abate os animais CAR negativo tiveram um custo produtivo menor que animais CAR 
positivo. A alimentação animal é o fator mais oneroso ao produtor, respondendo em 
alguns casos a mais de 70% do custo de produção e baixa conversão de alimento em 
produto (ICBC, 2021). Em contrapartida Oliveira (2014) avaliando bovinos da raça 
Nelore em prova de ganho no confinamento e posteriormente submetido em sistema a 
pasto, concluiu que, embora CAR seja uma boa medida de seleção para reduzir consumo, 
em animais recriados a pasto sofrem uma reclassificação de ranking quanto a eficiência 
alimentar, ou seja, em pastejo o desempenho baseado em CAR, tende a ser afetado. 
20 
 
Para a correlação dos critérios CAR – GPD a correlação foi baixa (0,0121) sendo 
não significativa (Tabela 5). Esse comportamento deve-se ao fato de que o critério CAR 
trata-se de eficiência de consumo para o mesmo ganho de peso, ou seja, animais 
consumindo menos para ter o mesmo ganho. Arthur&Herd (2008) explicam a 
independência de CAR com outras características ligadas a eficiência, e seus resultados 
sugerem que existe uma fraca relação de CAR com ingestão de matéria seca. 
Tabela 5. Correlação de ranqueamento Spearman entre Consumo Alimentar Residual, 
Ganho Peso Diário e Indice de Conversão Alimentar . (p-valor) 
 CAR GPD ICA 
CAR 1 0,0121 (0.7996) 0,6325 (<0.0001) 
GPD 1 -0,5647 (<0.0001) 
ICA 1 
A correlação de ranqueamento de Spearman para os critérios ICA- CAR foi de 
0,6325, sendo a relação é significativa (p<0,05), ou seja, dentro do TOP 100 animais 
testados e ranqueados para ICA, 63 também estarão no TOP 100 para CAR. Existe 
correlação significativa (p<0,05) alta e negativa (-0,5647) para ganho de peso diário e 
índice de conversão alimentar, com isso animais selecionados pelo maior ganho de peso 
tendem a ser selecionados para melhor conversão alimentar. 
A herdabilidade da característica CAR foi considerada média (0,27) enquanto a 
herdabilidade de ICA e GPD são baixas, com 0,14 e 0,18 respectivamente. (Tabela 6) 
Schuchmann (2021), avaliando mais de 4840 animais da raça Nelore com 13,5 ± 4,15 
meses de idade em 39 fazendas e em 4 regiões brasileiras, encontrou herdabilidade para 
CAR e IMS (Ingestão de matéria seca) de 0,24 e 0,30 respectivamente, o que corrobora 
com Polizel et al. (2018) que avaliando 2058 animais da raça Nelore independente do 
sexo estimaram herdabilidade em 0,28. 
Os valores estão inferiores aos encontrado por Assis (2018) que avaliando Nelore 
em prova de ganho de peso com diferentes durações estimou herdabilidade de CAR entre 
0,4 e 0,5. Embora CAR esteja sendo aplicado mais veementemente nos moldes atuais de 
produção a medida mimetiza a seleção natural de animais, promovendo a permanência 
no rebanho de animais cada vez mais eficientes. 
21 
 
A variância genética de CAR, juntamente com a herdabilidade de 0,27 mostra que 
o critério CAR tem grande potencial de seleção de produtos geneticamente superiores, 
que respondem melhor a seleção (Tabela 6). O ICA apresenta variância genética de 
0,2272 e herdabilidade de 0,14, o que pode ser explicado pela influência do meio no 
parâmetro ICA, assim como em GPD, no qual a fração ambiente foi mais expressiva que 
a herdabilidade das características. Isso pode ser interferência dos ambientes permanentes 
e temporários sobre o consumo, bem-estar e sanidade animal durante os testes de ganho. 
Tabela 6. Estimativa de Herdabilidade, Variância Genética (σ2 G), Variância Ambiental(σ2 E) e Fração total devido ao ambiente, para Consumo Alimentar Residual, 
Ganho Peso Diário e Indice de Conversão Alimentar. 
 HERDABILIDADE σ2 G σ2E FRAÇÃO 
AMBIENTE 
CAR 0,27 0,1546 0,4165 0,73 
ICA 0,14 0,2272 1,3507 0,86 
GPD 0,18 0,079 0,0372 0,82 
A correlação genética entre GPD - CAR, foi de 0,0003, não sendo significativa 
(p>0,05) (Tabela 7). O fato é explicado pelo mecanismo que CAR é aplicado, sendo que 
se busca animais que, tendo o mesmo ganho de peso apresente um consumo de alimento 
menor, expressando assim, melhor eficiência alimentar. A correlação genética de CAR 
– ICA foi alta, positiva e significativa. Embora ambos os critérios tenham a exigência em 
equipamentos sofisticados de mensuração a correlação genética entre eles é interessante, 
pois esta correlação leva a utilização de um critério frente a utilização de ambos. 
Tabela 7. Correlação genética entre os critérios de seleção Indice de Conversão 
Alimentar, Ganho Peso Diário e Consumo Alimentar Residual.(p-valor) 
 ICA GPD CAR 
ICA 1 -0,6183(<0.0001) 0,6077 (<0.0001) 
GPD 1 0,0003 (0,9953) 
CAR 1 
22 
 
4. CONCLUSÃO 
Dentre os critérios avaliados, o CAR proporcionará maiores ganhos genéticos na 
eficiência alimentar de bovinos da raça Nelore no rebanho avaliado, devido apresentar 
maior valor de herdabilidade, alta correlação genética com ICA e baixa ou nula com GPD. 
Esta última correlação demonstra que a melhora na eficiência alimentar não resultará em 
peso adulto elevado. 
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