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Aula de Filosofia - Humanismo

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O HUMANISMO RENASCENTISTA 
Para os latinos, humanitas equivale ao que gregos chamam de Paidéia, ou seja, educação e formação integrais do homem. Seu ponto culminante foi o séc XV. Por humanismo, entende-se uma tendência geral, a partir de Francisco Petrarca, que marca o início de um novo período na história da cultura e do pensamento. Nasce em meio ao grande fervor em torno dos clássicos gregos e latinos e da redescoberta de sua literatura. 
Significado filosófico do Humanismo: 
Para Kristeller, “os humanistas não foram verdadeiros reformadores do pensamento filosófico poruqe, em absoluto, não foram filosóficos”. O humanismo limitou-se a um programa cultural e pedagógico no campo da literatura. “O humanismo não representaria em absoluto a soma total da ciência do Renascimento italiano” (Real/ Antiseri, pág. 19).
Tradição aristotélica: foi retomada na Itália, Paris e Oxford. Continua os métodos próprios da Escolástica (leitura e comentário de textos), acrescentando o retorno aos textos gregos de Aristóteles, deixando de lado as traduções latinas medievais. 
Eugênio Garin: reivindica uma valência filosófica para o humanismo, justificando a ausência de uma construção filosófica sistemática nesse período, dizendo que a filosofia pode ser também outro tipo de “especulação não sistemática, aberta, problemática e pragmática”. A Filosofia nessa época é substituída por pesquisas concretas e precisas, na direção das ciências morais (ética, política, economia, estética, lógica e retórica) e das ciências da natureza. Trata-se para Garin de um novo modo de pensar cuja característica é o sentido da história e da dimensão histórica. Ocorre um distanciamento tanto da física de Aristóteles como dos cosmos de Ptolomeu. 
Esssência do Humanismo: não deve ser vista naquilo que ele conheceu do passado, mas sim no modo como o conheceu, na atitude peculiar que adotou diante dele (do passado). E a peculiaridade dessa atitude está numa consciência histórica bem definida. Os humanistas redescobriram os clássicos porque os restituíram ao seu tempo e ao seu mundo procurando, por exemplo, explicar Aristóteles no âmbito dos problemas e dos conhecimentos da Atenas do séc. IV a.C. A descoberta do mundo antigo não está separada a descoberta do homem. Trata-se de uma coisa só! Significa memória, sentido da criação humana, da obra terrena e da responsabilidade. 
Para Garin, “o Humanismo foi uma exaltação da vida civil e das problemáticas a ela ligadas, porque estava vinculado à liberdade política daquele momento” (Reale, p. 23). A aquisição do sentido da história significa aquisição do sentido de sua própria individualidade e originalidade. “Só se pode compreender o passado do homem quando se compreende a sua diversidade em relação ao presente e, portanto, quando se compreende a ‘peculiaridade’ e a ‘especificidade’ do presente. Humanismo, portanto, “é um novo sentido do homem e de seus problemas”. 
A grande mudança do pensamento humanista não se deve apenas a uma mudança política, mas também à descoberta e às traduções de Hermes Tresmigesto e dos profetas-magos, de Platão, de Plotino e de toda a tradição platônica. 
Significado historiográfico do Renascimento: 
Renascimento = nascimento de uma nova cultura oposta à medieval; é a síntese do novo espírito que se criou na Itália com a própria antiguidade e que inaugura à época moderna” (p.25). É o renascimento “para uma forma de vida mais elevada, de uma renovação daquilo que o homem tem de mais peculiar e que faz com que ele seja plenamente ele mesmo. 
Não se trata de trazer à vida uma civilização morta, mas sim de uma nova vida. Na Itália, a ideia é de um renascimento do espírito nacional unido a fé (Renascimento Religioso). Fenômeno espiritual de “regeneração” e “reforma”. Retorno aos antigos significa revivescência das origens, retorno aos princípios, ao autêntico. Na imitação dos antigos, os homens se encontram, se recria, e se regeneram a si próprios. Humanismo e Renascimento são duas faces do mesmo fenômeno. 
Determinações cronológicas 
Sécs. XV e XVI, tendo seus prelúdios no séc. XIV, principalmente com a figura de Francisco Petrarca (1304-1374). Epílogo: primeiras décadas do séc. XVII com Campanella. 
Séc XV: prevalece o pensamento sobre o homem. Séc. XVI: o pensamento sobre o homem se amplia e abrange a natureza. 
Tese mais aceita hoje: o Renascimento representa uma época diversa tanto da época medieval como da época moderna. 
Os fundadores do Pensamento teológico e filosófico renascentista: Hermes Tresmigesto, Zoroastro e Orfeu 
1. Hermes Tresmigesto: figura mítica que nunca existiu. Indica o deus Toth dos antigos egípcios, considerado inventor do alfabeto e da escrita; profeta e intérprete da sabedoria divina e do logos divino. Para os gregos, ele tinha analogias com o deus Hermes (equivale ao deus Mercúrio dos romanos) e o qualificaram com o adjetivo de “tresmigesto” que significa “três vezes grande”. Muitos autores se escondem sob a máscara do deus egípcio, embora sejam escassos os elementos egípcios. Trata-se de uma das últimas tentativas de ressurgimento do paganismo. A Hermes é atribuído o Corpus Hermeticum (conjunto de escritos que se colocam sob seu nome). Tais escritos falam da imagem de Deus conhecido como o incorpóreo, de transcendência e de infinitude, também como mônada (entidades imateriais) e uno, princípio e raiz de todas as coisas. A imagem da luz é a que melhor o expressa. Deus é totalmente outro de tudo aquilo que existe, sem forma e sem figura, portanto, privado de essência e inefável. Por outro lado, Deus é Bem e pai de todas as coisas, causa de tudo. O intelecto demiúrgico (consubstancial ao logos) se faz presente no homem através do intelecto (presença divina no homem. 
2. Zoroastro: “Oráculos caldeus”. Seu autor seria Juliano, o Teurgo, filho de Juliano, dito “o caldeu” que viveu na época de Marco Aurélio, ou seja, no séc. II d.C. Além de se vincular à sabedoria egípcia, os Oráculos se vinculam também à sabedoria babilônica. O culto caldeu do Sol e do fogo desempenha papel fundamental nesses escritos. Teurgia é a sabedoria e a arte da magia utilizadas para fins mítico-religiosos. Esses fins são a libertação da alma em relação ao corpóreo e à fatalidade à ele ligada e a conjunção com o divino. Para os renascentistas, o autor dos Oráculos caldeus é Zoroastro. Zoroastro (Zaratustra): reformador religioso iraniano do séc. VII/VI a.C. que não tem nada a ver com os Oráculos Caldeus. 
3. Poeta místico da Trácia a quem era ligada o movimento religioso mistérico chamado órfico. Muitos documentos órficos são falsificações do período helenístico-imperial. Em relação aos outros dois documentos (Corpus hermeticum e Oráculos Caldeus), o orfismo representa uma tradição mais antiga que influenciou Pitágoras e Platão. Na genealogia dos profetas Orfeu foi sucessor de Hermes Tresmigesto e muito próximo a ele. Pitágoras era ligado diretamente a Orfeu. Havia uma coxexão estreita entre Hermes, Orfeu e Platão que são a base do platonismo renascentista que se apresenta diferente do platonismo medieval. 
Problemas políticos e religiosos do Renascimento: 
1. Religião 
a) Erasmo de Roterdã: monge holandês, adversário da filosofia aristotélica-escolástica. Dedica-se aos problemas metafísicos, físicos e dialéticos. Responde às ilusões das filosofias profanas por um apelo à releitura dos Evangelhos. Defende a vida humana de um ponto de vista moral. Para ele, a filosofia é o conhecer-se a si mesmo ao modo de Socrátes e dos antigos; é o conhecimento sapiencial de vida e, sobretudo, é sabedoria e prática de vida cristã. A sabedoria cristã pode ser alcançada atráves dos silogismos. Em sua obra “Elogio da Loucura” (1509), questiona o racionalismo estéril da escolástica aristotélica, defendendo um saber intuitivo e natural. Erasmo identifica e define a loucura que manifesta a pior parte do homem e, por outro lado, a loucura da cruz, apresentando diferentes graus de loucura. Às vezes, ele a condena e outras vezes ele a exalta. Ele quer arrancar as máscaras que encobrem a loucura, levando-nosa ver a comédia da vida e a face dos que se escondem atrás de máscaras mas, ao mesmo tempo ele quer que todos aceitem as coisas como elas são. A loucura é assim reveladora da verdade. O ponto culminante da loucura é a fé e o cume dos cumes é a felicidade celeste. Em sua filosofia, denuncia as paixões humanas como a vaidade, a crueldade, a mentira, o gosto pelo luxo, a ambição e as honras, criticando os tiranos cuja alma foi corrompida e todos que se deixaram corromper: tiranos, militares, nobres, cortesãos, monges, pregadores, teólogos, cardeais, bispos, e até o papa bem como o povo em geral. Propõe uma reflexão sobre o poder secular, contrapondo-se às ideias de Maquiavel, pois, ao contrário deste, não é a necessidade que dita as regras da política, mas as virtudes cristãs do princípe. Os princípios devem encarnar o ideal de bondade, humildade e sacrifício, sendo fonte de inspiração para o povo. Erasmo une a sabedoria antiga aos textos cristãos. Critica monarcas de seu tempo que fizeram da guerra uma necessidade, condenando as hipocrisias da diplomacia e desvela as verdadeiras razões da guerra que, para ele, nascem das fraquezas humanas dos reis como o desejo de glória, a cólera e a cobiça.
b) Lutero (1483-1546): Monge agostiniano que estudou teologia em Wittenberg. Critica a corrupção da Igreja de Roma e propõe uma Reforma. Condenado por Roma, é protegido peli Imperador Frederico da Alemanha. Iniciador do mundo moderno. Desconfia das possibilidades de a natureza humana salvar-se por si só, sem a graça divina. Por isso, ele despreza a investigação racional que queira examinar os problemas do homem com base no logos, na pura razão. Em seu livro, De Servo Arbítrio (1525), nega a liberdade individual, fazendo com que outros reformistas, inclusive Erasmo, se afastem dele. Condenado pelo Imperador Carlos V que o condena na Dieta de Worms, mas muitos nobres alemães aderem à Reforma, por motivos políticos como o de preservar sua autonomia política, evitando a influência da Igreja. Alguns o acham mais próximo da teologia medieval agostiniana do que da modernidade. Defende que a fé é suficiente para que o indivíduo compreenda a mensagem divina dos textos sagrados, não necessitando da intermediação da Igreja, dos teólogos nem da doutrina dos concílios. Assim, defende o individualismo contra a autoridade externa, contra o saber adquirido, contra as instituições tradicionais, todos colocados por ele sob suspeita. Combate a visão aristotélico-tomista, as provas da existência de Deus, o racionalismo. Baseia-se na doutrina de Santo Agostinho da luz natural que cada indivíduo possui em si e que lhe permite entender e aceitar a Revelação. Inspira-se também em São Paulo: “o justo viverá pela fé”. O critério de validade da interpretação das escrituras é assim a regra da fé. Recusa a autoridade institucional da Igreja (Papa e concílios) e valoriza a consciência individual como dotada de autonomia e autoridade, no lugar da Igreja e da Tradição. Dá grande ênfase à consciência individual. Suas relações com o movimento humanista se podem perceber na renovação religiosa que ele empreende na Reforma Protestante e em sua insistência no retorno às origens, às fontes e os princípios, o que os humanistas vão realizar através do retorno aos clássicos. Com isso, ele acaba por eliminar o valor da tradição e rompe com a tradição cultural humanista, dado que a razão humana não é nada diante de Deus. A salvação depende de fé, é um dom de Deus e só é possível pela graça divina. Rejeita assim a doutrina ética aristotélica de que a virtude é adquirida. O esforço humano não desempenha nenhum papel na salvação que é ação gratuita de Deus. Contradição com o espírito crítico do homem de fé como leitor da bíblia e seu intérprete pelas próprias luzes. 
A TEOLOGIA DE LUTERO:
1. Doutrina da Justificação: a doutrina tradicional da Igreja ensina que os homens se salvam pela fé e pelas obras. Estas últimas são dispensáveis para a salvação. Para Lutero, o homem por si só, não pode fazer nada. Tudo nele é concupiscência. Por isso sua salvação depende do amor divino que é gratuito. A fé não precisa de obras para se justificar. Nesse ponto, ele ataca as indulgências pela base. Ainda, para Lutero, só as Escrituras constituem a autoridade infalível que necessitamos. Descarta assim, a tradição, o Papa e os concílios. Não há necessidade de um intermediário especial entre o homem e Deus, entre o homem e a palavra de Deus. Os fatos e as práticas pregadas por Lutero nos estados protestantes vão contrariar a liberdade de fé que ele havia incialmente pregado. 
c) Ulrich Zuínglio (1484-1531), Discípulo de Erasmo. Era ativo defensor das teses de Lutero. Discordava de algumas ideias teológicas (os sacramentos para ele possuem um valor somente simbólico) e possui cultura humanista com fortes elementos de racionalismo além de um claro nacionalismo helvético (Zurique/Suíça). 
Elementos humanistas: noção de pecado cuja raiz é o egoísmo e a conversão como iluminação da mente. Para ele, os eleitos são aqueles que têm fé e estes podem ser claramente reconhecidos. Os fiéis são todos iguais e a comunidade de fiéis é também uma comunidade política (concepção teocrática com todas as ambiguidades). Zuínglio morre em 1531 combatendo as tropas católicas. 
d) Calvino: Realizou um governo teocrático baseado na Reforma, em Genebra. Para ele a doutrina da eleição liberta o homem de todas as angústias e preocupações para que ele se coloque inteiramente ao serviço de Deus. Insiste mais que Lutero na predestinação e amplia o sentido da onipotência do querer divino, subordinado a Deus as vontades e as decisões do homem. 
Max Weber: da posição protestante, deriva o espírito do capitalismo. Os protestantes viram na produção de riquezas e no sucesso a ela ligado quase um sinal tangível da predestinação e, assim, um incentivo ao empenho profissional. 
A REFORMA CATÓLICA: reação da Igreja Católica à Reforma Protestante com a condenação dos erros do protestantismo e a formulação positiva do dogma católica, instituição da Inquisição romana (1542) e compilação do Índex dos livros proibidos. 
Concílio de Trento/ Formação de Jesuítas: 
- toma uma posição clara acerca das teses protestantes
- promove a renovação da disciplina da Igreja (formação do clero) 
- retomada do pensamento escolástico, com a colocação da Suma Teológica de Santo Tomás ao lado da bíblia como pilares do pensamento católico
2) A POLÍTICA RENASCENTISTA 
a) Nicolau Maquiavel (1469-1527): Pensador político mais original e influente dessa época 
Tenta responder aos problemas políticos dos principados italianos, procurando meios de reestabelecer a estabilidade e a independência das cidades da Península, ensinando como monarcas podem governar e se manter no poder. Autor de “O Príncipe” (1513, publicado em 1532, antes sob o pseudônimo Sant´Andrea) em que aconselha Lorenzo de Médici na arte de governar e manter o poder político. Situa-se no contexto social após a república teocrática do monge Savonarola que governou Florença. Rompe radicalmente com o pensamento cristão que subordinava a política à moral. Analisa historicamente as situações em que os governantes tomaram e perderam o poder, ao longo da história, para extrair lições válidas para os príncipes. Sua maior contribuição foi a separação entre a política e a moral. É necessário se ater a “verdade efetiva das coisas”, sem se perder na busca de como as coisas deveriam ser (rejeição de subordinação à metafísica). Opera , em sua obra, a separação entre o ser e o dever-ser. “Um príncipe

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