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3. Reforma Protestante e Contrarreforma Católica

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3. Reforma Protestante e 
Contrarreforma Católica 
nos séculos XV e XVI 
3.1 A reforma protestante 
3.1.1 Causas da Reforma Protestante 
• Necessidade e aspiração de reforma nos órgãos centrais 
da Igreja: cúria romana, cardeais e bispos corruptos e 
papas mais envolvidos em lutas políticas que em sua 
missão espiritual. 
• Ignorância, laxismo e superstição entre o povo cristão e o 
baixo clero. 
• Vacuidade e sutileza do pensamento dos teólogos. 
 
• Baixesas e grosserias nos pregadores. 
 
• Artistas e literatos entregues à indiferença, imoralidade e 
descrença. 
• Críticos ao interno da Igreja não eram ouvidos: 
 
oBernardino de Siena (1380-1444) 
oJoão de Capistrano (1386-1456) 
oGirolamo Savonarola (1452—1498) 
• Ruptura do princípio de autoridade: 
 
oAristóteles, na Filosofia 
oAgostinho e Tomás de Aquino, na Teologia 
oPtolomeu, nas ciências 
oO papa e o imperador, na política 
• Causas religiosas, ideológicas, políticas e sociais nos povos 
teutônicos: 
 
Anseio de libertação do papado e do Império (Sacro 
Império Romano) e do predomínio dos povos latinos e 
da cúria romana. 
3.1.2 Principais representantes: Martinho 
Lutero, João Calvino e Ulrico Zuínglio. 
Precursores das reformas religiosas 
• John Wycliffe (1328-1384) foi professor da Universidade de Oxford, 
teólogo e reformador religioso inglês. Declarado herético pelo Concílio de 
Constança (1414–1418) tendo seus restos mortais sido exumados e 
queimados. 
• John Huss (1369—1415) Iniciou seu movimento religioso baseado nas 
ideias de John Wycliffe. O seus seguidores ficam conhecidos como os 
Hussitas. Foi excomungado em 1410 e condenado pelo Concílio de 
Constança Foi queimado vivo em 1415. 
• Erasmo de Roterdã (1466—1536) 
 
oOrdenado padre em 1492, pediu e obteve dispensa dos 
ofícios sacros e do hábito. Mas nem por isso se 
enfraqueceram os seus interesses religiosos. 
 
• Antecipou algumas posições de Lutero: 
 
oEm muitas de suas posições teóricas. 
ona crítica à Igreja e ao clero renascentista (de forma 
atenuada e com grande fineza). 
 
• Foi acusado de ter preparado o terreno para o 
protestantismo. 
• Assumiu uma ambígua posição de neutralidade: 
 
oNão se alinhou com Lutero, escrevendo contra ele "Sobre 
o livre-arbítrio". 
 
oMas também não se alinhou ao lado de Roma. 
 
• Principais obras: 
 
o O manual do soldado cristão (1504) 
o Provérbios (1508) 
o Elogio da loucura (1511) 
o Sobre o livre-arbítrio (1524) 
o Edições de muitos Padres da Igreja 
o Edição crítica do texto grego do Novo Testamento (1514-1516), com relativa tradução. 
 
 
• Desprezo pela filosofia escolástica 
 
Erasmo era adversário da filosofia entendida como 
construção de tipo aristotélico-escolástico, centrando-se 
sobre os problemas metafísicos, físicos e dialéticos. 
• Para Erasmo, a filosofia é o conhecer-se a si mesmo ao modo 
de Sócrates e dos antigos: 
 
oé conhecimento sapiencial de vida 
 
oé sabedoria e prática de vida cristã. 
• A sabedoria cristã: 
 
oNão há necessidade de complicados silogismos 
oAlcançada em poucos livros: os Evangelhos e as 
Epístolas de São Paulo 
• A grande reforma religiosa: 
oSacudir dos ombros tudo aquilo que o poder eclesiástico e as 
disputas dos escolásticos acrescentaram à simplicidade das 
verdades evangélicas, confundindo-as e complicando-as. 
oO caminho que Cristo indicou é o mais simples: fé sincera, 
caridade não hipócrita e esperança que não se envergonha. 
• Exemplo dos grandes santos: viver com liberdade de 
espírito a genuína doutrina evangélica. 
 
• E a mesma coisa pode ser encontrada nas origens no 
monaquismo e na primitiva vida cristã. 
• É preciso retornar às origens (sentido que vai além da 
mera operação técnica e erudita): 
 
oEdição crítica e a tradução do Novo Testamento 
oEdição dos antigos Padres: Cipriano, Arnóbio, Ireneu, 
Ambrósio, Agostinho e outros. 
• O conceito erasmiano de "loucura" 
 
É no "Elogio da loucura" (Moriae Encomium, id est, 
Stulticiae laudatio) que encontramos o espírito filosófico 
erasmiano em sua manifestação mais peculiar. 
 
• O que é essa "loucura"? 
 
Não deve ser entendida como doença mental. 
• Apresentada em uma extensa gama: 
 
• que vai do extremo negativo (a pior parte do homem) 
• ao extremo oposto (fé em Cristo, que é a loucura da 
Cruz). 
• Entre os dois extremos, vários graus de "loucura": 
• Denuncia a loucura: 
ocom a intenção da condenação (abuso de eclesiásticos...) 
ocom a intenção de exaltar o seu valor transcendental (fé) 
opara mostrar a ilusão humana (elemento indispensável do 
viver) 
• A "loucura" é como uma vassoura mágica, que varre tudo o que se 
antepõe à compreensão das verdades mais profundas e severas da vida. 
• A "loucura" erasmiana arranca os véus, fazendo-nos ver a comédia da 
vida e a verdadeira face daqueles que se escondem sob máscaras. 
• Ao mesmo tempo, mostra o sentido do palco, das máscaras e dos 
atores, procurando de certa forma fazer com que se aceitem todas as 
coisas assim como elas são. 
• O ponto culminante da "loucura" está na fé: 
 
oA dissipação que fazem de seus bens 
oo desconhecimento das ofensas 
o a resignação aos enganos 
o a não distinção entre amigos e inimigos 
o ... 
• O cume dos cumes da "loucura" é a felicidade celeste: 
 
às vezes, é dado aos piedosos perceberem, já aqui nesta 
terra, o seu sabor e o seu perfume, pelo menos por um 
breve momento. 
Martinho Lutero (1483-1546) 
 
• Do ponto de vista da unidade da fé, a Idade Média 
termina com Lutero, iniciando-se com ele uma 
importante fase do mundo moderno. 
• Dentre os numerosos escritos de Lutero, podemos recordar: 
 
oComentário à epístola aos Romanos (1515-1516) 
oNoventa e cinco Teses sobre as indulgências (1517) 
oVinte e oito teses relativas à Disputa de Heidelberg (1518) 
oGrandes escritos de 1520: 
oO cativeiro babilônio da Igreja 
oA liberdade do cristão 
oServo arbítrio, contra Erasmo, em 1525. 
• Papel de Lutero do ponto de vista histórico: 
 
oA Reforma religiosa logo se entrelaçaram elementos sociais e 
políticos que mudaram a fisionomia da Europa. 
 
o Importância primordial em termos de história das religiões e do 
pensamento teológico. 
• Papel de Lutero do ponto de vista da história da Filosofia: 
 
 
o Verbalizou a instância de renovação que os filósofos da época fizeram valer, seja 
por algumas valências teóricas (sobretudo de caráter antropológico e teológico) 
intrínsecas ao seu pensamento religioso. 
 
o Consequências que o novo tipo de religiosidade por ele suscitado exerceu sobre 
os pensadores da época (por exemplo, sobre Hegel e Kierkegaard) e da época 
contemporânea (por exemplo, certas correntes do existencialismo e a nova 
teologia). 
 
• A posição negativa de Lutero em relação aos filósofos: 
oA desconfiança nas possibilidades de a natureza 
humana salvar-se por si só, sem a graça divina, leva 
Lutero a não dar valor à investigação racional 
autônoma. 
oA filosofia é vã sofisticação, fruto da soberba humana 
que quer basear-se em suas próprias forças e não na fé. 
(p. ex. Aristóteles) 
o O único filósofo não envolvido completamente nessa 
condenação foi Ockham por separar e contrapor fé e 
razão. Sob certos aspectos ele abriu caminho para a 
posição de Lutero. 
 
• As relações de Lutero com o movimento humanista: 
 
oDá voz ao desejo de renovação religiosa, anseio de 
renascimento para uma nova vida e necessidade de 
regeneração que constituem as próprias raízes do 
Renascimento. A Reforma protestante foi um dos 
resultados desse movimento espiritual. 
oLutero retoma e leva às últimas consequências o 
princípio do "retorno às origens", retorno às fontes e 
aos princípios. O retorno ao Evangelho significa 
também a eliminação da tradição (incrustação, 
construção artificiosa e peso sufocante). 
 
oComo pensamento e como teoria o humanismo érejeitado em bloco. A teologia luterana nega qualquer 
valor às "humanae litterae" e à especulação filosófica. 
• Elementos básicos da teologia de Lutero 
oA doutrina da justificação radical do homem 
unicamente pela fé; 
oA doutrina da infalibilidade da Escritura, considerada 
como a única fonte de verdade; 
oA doutrina do sacerdócio universal e a decorrente 
doutrina do livre-exame das Escrituras. 
• Todas as outras proposições teológicas de Lutero nada 
mais são do que corolários ou consequências que derivam 
desses princípios. 
o1) A doutrina tradicional da Igreja era e é a de que o 
homem se salva pela fé e pelas obras (a fé só é 
verdadeira quando se prolonga e se expressa 
concretamente nas obras; as obras são testemunhos 
autênticos de vida cristã, quando são inspiradas e 
movidas pela fé, impregnando-se dela). Portanto, as 
obras são indispensáveis. 
• Razões porque Lutero contestou o valor das obras: 
oRazões de caráter psicológico e existencial: 
 Durante muito tempo, Lutero sentiu-se profundamente frustrado e 
incapaz de merecer a salvação através de suas próprias obras, que 
lhe pareciam sempre inadequadas, e, consequentemente, a angústia 
diante da problematicidade da salvação eterna o atormentou 
incessantemente. A solução adotada libertou-o completa e 
radicalmente dessa angústia. 
oRazões doutrinais: 
 
 Depois do pecado de Adão, o homem decaiu a tal ponto que, 
por si só, não pode fazer absolutamente nada. Tudo aquilo que 
deriva do homem é "concupiscência"(egoísmo, amor por si 
próprio). 
 
 Sendo assim, a salvação do homem não pode deixar de 
depender do amor divino, que é dom absolutamente gratuito. 
 A fé consiste em compreender isso e em entregar-se totalmente 
ao amor de Deus. E precisamente como ato de total confiança 
em Deus que a fé nos transforma e regenera. 
 
 Essa doutrina pressupõe toda a questão das "indulgências", 
ligada justamente à teologia das “ obras”. Lutero não apenas 
corrigiu os abusos ligados à pregação das indulgências, mas 
também cortou pela base o seu próprio fundamento 
doutrinário. 
 
o2) Tudo o que nós sabemos de Deus e da relação homem-
Deus nos é dito pelo próprio Deus na Escritura. Só a Escritura 
constitui a autoridade infalível de que necessitamos: o Papa, os 
bispos, os concílios e toda a tradição não somente não 
beneficiam, mas até obstaculizam a compreensão do texto 
sacro. 
• 3) O terceiro ponto básico do luteranismo pode ser muito bem explicado, 
além da lógica interna da nova doutrina (não há necessidade de um 
intermediário especial entre o homem e Deus, entre o homem e a Palavra de 
Deus), também pela situação histórica que se viera criando no fim da Idade 
Média e durante o Renascimento: o clero se havia mundanizado, não se 
vendo mais uma distinção efetiva entre padres e leigos. 
• Conotações pessimistas e irracionalistas do pensamento 
de Lutero 
 
oEm "O servo arbítrio", escrito contra Erasmo, a "dignidade do 
homem" tão cara aos humanistas italianos e da qual Erasmo 
havia sido defensor, em ampla medida é inteiramente 
subvertida. O homem só pode se salvar se compreender que 
não pode em absoluto ser o artífice de seu próprio destino: 
com efeito, sua salvação não depende dele, mas de Deus. 
• Lutero compara a vontade humana a um cavalo que se encontra 
entre dois cavaleiros, Deus e o Demônio: tendo Deus sobre o 
dorso, quer andar e vai aonde Deus quiser, tendo no dorso o 
Demônio anda e vai aonde quer o Demônio. 
 
• Ela não possui sequer a faculdade de escolher entre os dois 
cavaleiros: são eles que disputam entre si o direito de cavalgá-la 
(predeterminação da sorte do homem). 
 
oNatureza e graça ficam radicalmente separadas, assim como 
razão e fé. 
 
oQuando age de acordo com a sua natureza o homem outra 
coisa não pode fazer senão pecar; e, quando pensa de acordo 
com o seu intelecto, outra coisa não pode fazer senão errar. As 
virtudes e o pensamento dos antigos são vícios e erros. 
oNenhum esforço humano pode salvar o homem, mas 
somente a graça e a misericórdia de Deus. Essa é a 
única certeza que, segundo Lutero, nos dá a paz. 
U1rich Zuínglio (1484-1531) 
• Inicialmente foi discípulo de Erasmo de quem conservou 
profundamente a mentalidade humanista. 
 
• Aprendeu o grego e o hebraico. 
 
• Estudou a Escritura e os pensadores antigos, como Platão e 
Aristóteles, Cícero e Sêneca. 
• No início de sua evolução espiritual compartilhou a convicção de 
Ficino e Pico sobre a revelação estendida universalmente, mesmo 
fora da Bíblia. 
 
• Em 1519, começou a sua atividade de pregador luterano, quando 
ainda era sacerdote, como cura da catedral de Zurique, na Suíça. 
• Ativo defensor das teses fundamentais de Lutero: 
oa Escritura é a única fonte de verdade; 
oo Papa e os concílios não possuem uma autoridade que vá 
além da autoridade das Escrituras; 
oa salvação ocorre pela fé e não pelas obras; 
oo homem é predestinado. 
• Separavam Zuínglio de Lutero: 
oAlgumas ideias teológicas como os sacramentos que dava um 
valor quase que simbólico. 
oA cultura humanista com fortes elementos de racionalismo. 
oUm marcado nacionalismo helvético privilegiando os 
habitantes de Zurique como se eles fossem os eleitos por 
excelência. 
• Doutrina do pecado: reafirma que ele tem a sua raiz no amor por si próprio 
(egoísmo). 
o Tudo aquilo que o homem faz enquanto homem é determinado por esse amor por si 
próprio, sendo, portanto, pecado. 
o A conversão é uma iluminação da mente: que passa a reputar sem valor todas as suas 
obras, inclusive as que costumava considerar boas. 
o Homem novo (mente) 
o O velho corpo permanece e com ele a doença. 
• Deus é concebido em sentido ontológico: 
ocomo Aquele que é por sua própria natureza. 
ocomo fonte daquilo que existe. 
oo ser das coisas nada mais é do que o ser de Deus: o ser das 
coisas Deus tirou de sua própria essência. 
• Doutrina da Predestinação: 
o se insere em um contexto determinista (um dos aspectos da 
providência) 
oSinal seguro de reconhecimento dos eleitos: consiste em ter fé. 
• Concepção política teocrática: 
 
oEnquanto eleitos, os fiéis são todos iguais. 
oA comunidade dos fiéis se constitui também como 
comunidade política. 
João Calvino (1509-1564) 
 
• Formação inicial humanista. 
 
• O seu destino esteve ligado à cidade de Genebra, onde atuou a partir de 1536, 
mas sobretudo entre 1541 e 1564. 
 
• Procurou realizar um governo teocrático inspirado na Reforma, muito rígido em 
relação à vida religiosa e moral dos cidadãos e em relação aos dissidentes 
(excomunhões e pena de morte). 
 
 
• A doutrina de Calvino encontra-se sobretudo na "Instituição da 
religião cristã" (numerosas edições a partir de 1536). 
• Doutrina: 
 
oA salvação está somente na Palavra de Deus, revelada na 
Sagrada Escritura. 
oQualquer representação de Deus que não derive da Bíblia, mas 
sim da sabedoria humana é um vão produto de fantasia, um 
mero ídolo. 
oA inteligência e vontade humana foram irreparavelmente 
comprometidas pelo pecado de Adão (enfraqueceu os dons 
naturais do homem e eliminou completamente os dons 
sobrenaturais), de modo que a inteligência deforma o 
verdadeiro e a vontade tende para o mal. 
oA salvação, que ocorre unicamente pela fé, é obra do poder de 
Deus e não ação nossa, através do livre-arbítrio. 
o Insiste na predestinação e na senhoria da onipotência do 
querer divino a ponto de subordinar quase inteiramente a ele 
as decisões do homem. 
oSubstitui o determinismo de tipo estóico, que é de caráter 
naturalista e panteísta, por uma forma de determinismo teísta e 
transcendentalista tão extrema quanto aquela. 
o"Providência" e "predestinação" constituem os dois conceitos 
cardeais do calvinismo. 
oA Providência é o prosseguimento do ato de criação: "Deus 
(. .. ), pelo seu conselho secreto, governa totalmente todo o 
real, a tal ponto que nada acontece semque ele próprio o 
tenha determinado em conformidade com a sua sabedoria e o 
seu querer." (Calvino) 
oA predestinação é "o eterno conselho de Deus, pelo qual ele 
determinou aquilo que queria fazer de cada homem. Com 
efeito, Deus não os criou a todos em iguais condições, mas 
ordena uns para a vida eterna e outros para a eterna danação. 
Assim, conforme o fim para o qual o homem foi criado, nós 
dizemos que ele foi predestinado para a morte ou para a vida". 
(Calvino) 
oCausa de tal decisão de Deus: a livre vontade do próprio 
Deus "não podendo ser pensada nenhuma lei e nenhuma 
norma melhor e mais justa do que a sua vontade". A própria 
culpa de Adão inscreve-se em um admirável e superior 
desígnio providencial. 
• Segundo Max Weber, foi da posição protestante que derivou o 
espírito do capitalismo. 
oLutero foi o primeiro que traduziu o conceito de "trabalho" 
pelo termo "Beruf", que significa vocação no sentido de 
profissão (atividades agrícolas e artesanais). 
oPara os calvinistas "Beruf" se estende a todas as atividades 
produtoras de riquezas. 
• Os calvinistas viram na produção de riquezas e no sucesso a ela 
ligado quase que um sinal tangível da predestinação e, portanto, 
um notável incentivo ao empenho profissional, segundo Max 
Weber. 
• Outros reformadores menores: 
 
o Philipp Melanchton (1497-1560) 
o Miguel Servet(1511-1553) 
o Lelio Sozzini (1525-1563) e seu sobrinho Fausto Sozzini (1539-1604). 
o Sebastião Franck (1499-1542) 
o Valentim Weigel (1533-1588) 
o Jacó Böhme (1575-1624) 
3.2 A Contrarreforma 
3.3.1 Os conceitos de Contrarreforma e Reforma católica 
• O conceito de "Contrarreforma": 
oTermo cunhado, em 1776, pelo jurista Johann Stephan Pütter 
(1725–1807), no qual está implícita uma conotação negativa 
("contra" = "anti"), ou seja, a ideia de conservação. 
oe reação, como que um retrocesso em relação às posições da 
Reforma protestante. 
 
• O conceito de "Reforma católica": 
oUm complexo movimento voltado para a regeneração da 
Igreja no interior dela mesma que tem suas raízes no fim da 
Idade Média desdobrando-se ao longo da época renascentista. 
oHoje o termo "Reforma católica" é acolhido de modo quase 
unânime. 
oOs estudos mostram que a "Contrarreforma" não teria sido 
possível sem a existência de tais forças de regeneração próprias 
da catolicidade. 
• Segundo Humbert Jedin: 
 
o A premissa para a Contrarreforma foi a Reforma católica, que deu à Igreja a força para se 
defender das inovações. 
 
o A Reforma católica é a reflexão sobre si mesma realizada pela Igreja tendo em vista o ideal de 
vida católica que pode ser alcançado através de uma renovação interna. 
 
o A Contrarreforma é a autoafirmação da Igreja na luta contra o protestantismo. 
 
o Reforma católica baseia-se na auto-reforma dos seus membros na 
tardia Idade Média (cresceu sob o estímulo da apostasia). 
 
oChegou à vitória através da conquista do papado, a organização e a 
concretização do Concílio de Trento. 
 
oA reforma católica é a alma da Igreja retomada em seu vigor, ao 
passo que a Contrarreforma é o seu corpo. 
o O ponto em que reforma católica e contrarreforma se interligam é o 
papado. 
 
o A ruptura religiosa subtraiu à Igreja forças preciosas, aniquilando-as, mas 
também despertou aquelas forças que ainda existiam, aumentando-as e 
fazendo com que lutassem até o fim. 
• A contrarreforma: 
 
oAspecto doutrinário: condenação de doutrinas do 
protestantismo e na formulação positiva do dogma católico. 
oAspecto de viva militância: sobretudo a de Inácio de Loyola e 
da Companhia de Jesus por ele fundada (reconhecida 
oficialmente pela Igreja em 1540). 
oMedidas restritivas e constritivas: 
 
 A instituição da Inquisição romana em 1542. 
 
 A compilação do Index dos livros proibidos. 
 
3.3.2 O Concílio de Trento 
 
• Foi o décimo-nono concílio, realizado de 1545 a 1563, com 
interrupções de 1548 a 1551 e de 1552 a 1561. 
• A importância desse concílio está no fato de que: 
 
oTomou uma clara posição doutrinária acerca das teses dos 
protestantes. 
oPromoveu a renovação da disciplina da Igreja, tão invocada 
pelos cristãos há muito tempo, dando precisas indicações 
sobre a formação e o comportamento do clero. 
• A Igreja readquire a plena consciência de ser Igreja, de "cuidado 
com as almas" e de missão, propondo-se a si mesma como 
objetivo preciso o seguinte: "Salus animarum suprema lex 
esto" (A lei suprema é a salvação das almas). 
• Segundo Jedin "Estamos diante de uma reviravolta que, na 
história da Igreja, tem o mesmo significado que as descobertas de 
Copérnico e Galileu têm para a imagem do mundo elaborada 
pelas ciências naturais." 
• Os documentos do concílio: 
 
oFazem uso de termos e conceitos tomistas e escolásticos com 
parcimônia e cautela. 
oUtilizam como método e critério o da fé da Igreja e não o de 
escolas teológicas em particular. 
o Eles respondem sobretudo às questões de fundo suscitadas pelos protestantes: 
 
 A justificação pela fé, 
 A questão das obras, 
 A predestinação, 
 A questão dos sacramentos, 
 O valor da tradição. 
• Justificação pela fé: 
oLer texto do concílio. 
• Sacramentos: 
oespecialmente reafirmam a doutrina da transubstanciação eucarística, 
segundo a qual, a substância do pão e do vinho se transforma em carne e 
sangue de Cristo (Para Lutero trata-se de consubstanciação: presença de 
Cristo mas com a permanência do pão e do vinho. Para Zuínglio e 
Calvino a eucaristia tem um valor apenas simbólico). 
 
3.3.3 Principais representantes: Tomás de Vio Caetano, 
Francisco de Vitória e Francisco Suarez 
• Lutero foi um duro adversário, não apenas de Aristóteles, mas também 
do pensamento tomista e escolástico em geral pela tentativa de 
conciliação, negadas por ele, entre: 
 
o a fé e a razão, 
o a natureza e a graça, 
o o humano e o divino. 
• Com o Concílio de Trento houve uma retomada do pensamento 
escolástico (Segunda Escolástica), do qual, aliás, houvera uma 
revivescência ao longo do século XV e no início do século XVI tendo como 
principal representante: 
• Tomás de Vio (1468-1534), dominicano, conhecido como cardeal Caetano. 
• O primeiro a introduzir como texto base de teologia, ao invés das 
tradicionais Sentenças, de Pedro Lombardo, a Summa Theologica de santo 
Tomás (posteriormente referência tanto para os dominicanos como para os 
jesuítas). 
 
 
• A longo do século XVII, os comentários a Aristóteles foram substituídos 
pelos "Cursus philosophici", amplamente inspirados no tomismo e 
destinados a ter ampla difusão e repercussão. 
• O florescimento mais notável da "segunda escolástica" ocorreu na Espanha. 
• Representantes principais: 
o Francisco de Vitória (1483-1546) 
 Domenicano, lecionou em Paris e, de 1526 à sua morte em Salamnca. 
 Obra principal: “Relectiones Teologicae” 
 Sua contribuição mais importante é no campo do direito, 
especialmente direito internacional do qual é considerado fundador. 
• Francisco Suarez (1548-1617), chamado "Doctor eximius". 
oObras principais: 
 Disputationes metaphysicae (1597) 
 De legibus (1612). 
oA ontologia de Suarez influenciou o pensamento moderno, 
especialmente o de Wolff. 
 
• A escolástica seguiu seu caminho nos seminários e nas faculdades 
teológicas, paralelamente ao desenvolvimento do pensamento 
moderno que enveredou por caminhos inteiramente diferentes, 
em consequência da revolução científica.

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