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Extrativismo_na_Amaz_nia

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1
 
Utilização do Potencial Extrativista das Florestas Amazônicas: 
Soluções Encontradas pelo Homem na Amazônia1 
 
Jean C. L. Dubois 
 
 
 
No tratamento deste tema importante para a definição de diretrizes para as políticas de 
desenvolvimento da Amazônia, gostaria de envolver, de um lado, os respectivos atores principais 
do extrativismo: as comunidades indígenas, as outras comunidades tradicionais (seringueiros, 
ribeirinhos), os colonos oriundos de outras regiões do Brasil e, finalmente os “intermediários”. 
Por outro lado, as atividades extrativistas propiciaram a acumulação de conhecimentos que 
possibilitaram uma evolução no sentido de praticar um manejo mais intensivo dos recursos 
naturais renováveis, abrindo novas alternativas, entre as quais se destacam os castanhais silvestres e 
os açaizais da Amazônia oriental, que se situam no interface entre o extrativismo e sistemas 
florestais e agroflorestais de produção. 
 
Na Amazônia, poucos povos indígenas vivem exclusivamente do extrativismo, ou seja da 
caça, da pesca e da colheita de produtos encontrados nas florestas e ecossistemas não florestais da 
Região. São, no caso, comunidades indígenas tipicamente nómadas. De fato, as comunidades 
nativas, na sua grande maioria, praticam, também, a agricultura, de forma nômade ou 
progressivamente sendentarizada e, geralmente, em pequena escala. Trata-se de uma agricultura de 
corte e queima, com uso agrícola da terra por períodos curtos, separados por longos períodos de 
pousio florestal, mais conhecido como “capoeira de longa duração”. 
 
O nomadismo, como modelo exclusivo de estilo de vida, exige grandes extensões de terra, 
para possibilitar o que poderiamos chamar de “rodízio geográfico” do uso da terra e dos recursos 
florestais (vegetais e animais). Este rodízio é necessário para assegurar a manutenção dos estoques 
de caça e de pesca. Ele preenche, também, um papel importante no processo da recuperação das 
áreas utilizadas para fins de produção agrícola temporária. 
 
Já bem antes da chegada do branco, várias comunidades indígenas começaram a 
sedentarizar-se, pelo menos de maneira relativa. Desenvolveram formas mais seguras de vida, 
apoiadas em sistemas mais intensivos de manejo dos recursos florestais. Entre estes sistemas, 
devemos destacar a formação e manutenção dos castanhais silvestres, os quais são de origem 
antrópica. Surgiram, então, sistemas que se situam no interface entre o puro extrativismo nómade 
e sistemas mais sofisticados de produção. 
 
Comparando os sistemas tradicionais de uso dos recursos naturais renováveis, praticados 
pelos índios na grande Hiléia Amazônica, podemos observar uma sequência, coerente e racional, 
que tem como ponto de partida o arquétipo primordial de agricultura migratória com capoeiras 
de longa duração, não melhoradas ou quase que não melhoradas, substituidas, gradativamente, por 
formas mais avançadas de agricultura semi-sedentarizada, com capoeiras enriquecidas e manejadas 
pelo homem. Esta sequência abrange várias etapas que vamos ilustrar com uns exemplos: 
 
1 Conteúdo de palestra apresentada no Depto de Fitotecnia, na UFRuralRJ. Seropédica, 15 de outubro 1996 
 2
 
Entre o curso médio do rio Putumaio (Amazônia peruana) e o curso médio do rio 
Caqueta (Amazônia colombiana), vivem várias comunidades indígenas. As mais 
nómades, os Matsé, permanecem um tempo muito curto no mesmo lugar (menos de 4 
anos). Suas capoeiras são integralmente espontâneas e, em matéria de fruteiras, os Matsé 
plantam nos seus roçados, espécies que frutificam no mesmo ano: o mamoeiro (Carica 
papaya) e variedades precoces de pupunha (Bactris gasipaes) que são desconhecidas nas 
comunidades um tanto mais sedentarizadas. 
 
Os Secoia se deslocam em média a cada quatro anos; eles enriquecem suas roças com 
goiaba (Psidium guayava) e outras fruteiras que frutificam a partir do segundo ou terceiro 
ano. Estas fruteira permanecem e crescem junto com as pioneiras que vão formar a 
capoeira: trata-se de uma capoeira já um pouco melhorada. Os Secoia visitam 
periodicamente suas capoeiras para caçar e colher frutos das espécies perenes que tinham 
sido plantadas na roça. Alias, estas mesmas fruteiras ataem a caça! 
 
Os Witoto e os Bora, já bem mais sedentarizados, plantam fruteiras que demoram 
mais tempo para dar frutos, por exemplo: o umari (Poraqueiba spp.) e o abacate (Persea 
americana). Por outro lado, eles praticam um sistema de pousio florestal rotativo. Este 
sistema apoia-se numa distribuição espacial racional das roças e das capoeiras no entorno 
da aldeia. As capoeiras apresentam uma distribuição regular no espaço e por classes de 
idade. Este sistema é praticado, de fato, por um grande número de comunidades 
indígenas e caboclas em toda a Amazônia. 
 
 
A densidade demográfica, na Amazônia brasileira, fora dos centros urbanos, manteve-se 
baixa até a chegada das grandes levas de gente oriunda de fora da região, gente essa, seduzida pela 
idéia de fazer fortuna com a colheita de borracha silvestre e da castanheira-do-Brasil. A borracha e 
a castanha-do-Brasil foram os dois primeiros recursos florestais não-madeireiros que foram 
explorados em grande escala na região. A mão-de-obra requerida para trabalhar nos seringais 
silvestres foi recrutada principalmente do Nordeste brasileiro. Parte do contingente veio de outros 
recantos do país bem como de outros países, tais como os Estados Unidos e vários países da 
Europa. Em poucas dezenas de anos, a contar de 1840, pelo menos 500.000 pessoas se 
embrenharam nas matas para sangrar as seringueiras. 
 
 
Atividades extrativistas 
 
1. RECURSOS MADEIREIROS 
 
A colheita ou a exploração de madeira na mata ou em capoeiras velhas é feita: (i) para 
satisfazer necessidades locais de subsistência (por ex.: lenha, madeira roliça para pequenas 
construções) ou de apoio à produção (estacas para pimenta-do-reino, moirões utilizados na 
formação de cercas nas pastagens), ou (ii) para aumentar a renda dos donos ou dos ocupantes da 
terra, pela venda de madeira às indústrias florestais da região. Esta segunda possibilidade depende 
muito da existência de uma forte demanda local por madeiras. Em fronteiras de colonização 
recém abertas em regiões de matas nativas, a oferta de madeira excede a demanda e os preços pagos 
 3
são baixíssimos. Em áreas com desmatamento já muito avançado, é a demanda de madeira por 
parte das indústrias que excede à oferta, e os donos da terra conseguem preços mais equitativos. 
 
2. RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS 
 
2.1. A caça e a pesca 
 
Antes da chegada do branco, a caça e a pesca eram fartas em quase toda a Amazônia. A 
fartura da pesca dependia principalmente da qualidade da água dos rios, sendo os rios de agua clara 
os menos piscosos. Hoje em dia, é mais e mais difícil encontrar áreas ricas em caça ou rios 
piscosos. Muitas espécies da fauna silvestre foram dizimadas, principalmente animais de maior 
porte tais como jacarés, antas, onças. Por outro lado, se não fosse os esforços de profissionais do 
Pará e do Amazonas é bem provável que hoje não teriamos mais tartarugas amazônicas na região. 
 
A destruição da fauna nativa tem impactos negativos sobre o equilíbrio dos ecossistemas 
onde vivem. Por exemplo, tudo indica que a eliminação, nessas últimas décadas, do jacaré-açu 
(Melanosuchus niger), da tartaruga amazônica (Podocnemis expansa) e do peixe-boi (Trichechus 
inunguis), tiveram conseqüências negativas sobre o ciclo natural dos ecossistemas aquáticos da 
região. A forte diminuição dos estoques de peixes frugívoros, tais como o tambaqui, está 
interferindo com a composição florística das matas inundadas e inundáveis, sendo a distribuição 
de sementes por peixes uma estratégia frequentemente encontradada nestes ecossistemas. 
 
Uma outra atividade extrativista apoiada em recursos de fauna deve ser considerada: a 
exploração dos estoques nativios de peixes ornamentais. Em 1985, o mercadode peixes 
ornamentais amazônicos comercializados já alcançava um valor equivalente a ca. US$ 600,000. A 
maior parte desses peixes são capturados na hinterlândia de Manaus. 
 
As principais espécies animais envolvidas nas atividades extrativistas na Amazônia 
brasileira, são enumeradas nos 3 quadros que seguem. 
 
 
Quadro 1 Animais mais procurados pelos 
caçadores tradicionais, na Amazônia 
 
A. Mamíferos 
 
Nome vernacular Nome científico 
anta Tapirus terrestris 
capivara Hydrochoerus capibara 
capoeiro Mazama sp. 
cutía Dasyprocta sp. 
macacos várias spp. de vários gêneros 
paca Cuniculus paca 
peixe-boi Trichechus inunguis 
porco do mato ou caititu Tayassu tajacu 
preguiça Bradypus sp. 
queixada Tayassu albirostris 
tamandua-bandeira Myrmecophaga tridactyla 
tatú Dasypus novemcinctus 
viado Odocoileus virginianus 
 
 4
 
B. Aves 
 
Nome vernacular Nome científico 
coró-coró (= tarã) spp. da Família tresquiornitídeos 
inhambuaçu (= tinamu) Tinamus spp. 
inhambuguaçu Crypturellus obsoletus 
inhambú-relógio Crypturellus strigulosus 
jaburu (= jabiru, yabiru) Mycteria sp. ou Jabiru sp. 
mutum Crax spp. 
pato espécies da Família dos anatídeos 
 
 
C. Peixes, tartarugas e répteis 
 
Nome vernacular 
bagre spp. da Família pimelodídeos 
branquinha Anodus spp. 
curimatã Prochilodus nigricans 
jabuti Geochelone spp. 
jacaré várias spp. da Família aligatorídeos 
jacaré-açu Melanosuchus niger 
jaraqui Semaprochilodus spp. 
mapará Hypophtalmus spp. 
pescada Plagioscion spp. 
piranhas Serrasalmus spp. 
pirarucu Arapaima gigas 
tambaqui (= pirapitanga) Colossoma macropomum 
tartaruga-do-Amazonas Podocnemis expansa 
tracaja Podocnemis unifilis 
tucunaré Chicla ocellaris 
surubim sppp. da família pimelodídeos 
 
 
2.2.Os recursos vegetais não-madeireiros 
 
O Quadro 4 caracteriza as principais espécies perenes de interesse para atividades 
extrativistas de recursos não-madeireiros, de maior interesse para a sobrevivência e a subsistência 
do homem na Amazônia ou, ainda, para fins de comercialização. Trata-se de recursos não-
madeireiros de florestas da Amazônia (incluindo capoeiras e formações afins tais como beira de 
mata e beiras de florestas ciliares). 
 
Entre os cientistas pioneiros que reuniram informações sobre plantas úteis da Amazônia 
brasileira, destacam-se (i) Paul Le Cointe, cuja obra “Árvores e Plantas Úteis da Amazônia” foi 
publicado em 1934, em Belém, PA., (ii) Paul B. Cavalcante, do Museu Paraense Emílio Goeldi 
(“Frutas comestíveis da Amazônia”), (iii) Clay J.W e Ch. R. Clement (1993), (iv) o livro, muito 
bem ilustrado, publicado pelo Tratado de Cooperação Amazônico (1996) e (v) autores de 
publicações mais curtas, tais como B.B. Calzavara, Hans Müller (EMBRAPA-CPATU), Rubens 
R. Lima, Charles Clement e Sydney A. Ferreira (INPA), Venturieri G.A. As referências sobre 
algumas publicações de maior relevo, desses autores, se encontram na Bibliografia, no final do 
presente documento. Muitas informações úteis se encontram também na grande obra de M. Pio 
Corrêa (re-edição de 1984). 
 5
O extrativismo de recursos florestais não-madeireiro, enquanto feito para satisfazer apenas 
as necessidades de subsistência de populações locais de relativamente baixa densidade demográfica 
não ocasionou riscos de depredação ou de erosão genética. Pelo contrário, quando começaram a 
aumentar demandas especializadas a nível de mercados organizados, iniciou-se, em alguns casos, 
um processo de extinção de espécies ou, pelo menos o desaparecimento de parte do património 
genético das espécies mais procuradas. Basta lembrar os efeitos negativos da exploração 
indiscriminada, sem reposição do recurso-base, de valiosas espécies nativas tais como o cedro 
(Cedrela odorata), pau-rosa (Aniba duckei), ucuúba-da-várzea (Virola surinamensis), mogno 
(Swietenia macrophylla)e, localmente, o açaí (Euterpe oleracea). 
 
Quadro 4.-. Recursos florestais vegetais não madeireiros 
de economia extrativista da Amazônia 
(ordem alfabêtico) 
 
Nome da espécie e da Família e 
nome vernacular 
tipo de planta Principais usos não-madeireiros 
Acrocomia sclerocarpa. Arecaceae. 
(mucajá = macaúba = bocaíuva)) 
palmeira; porte 
médio a grande 
óleo (das sementes) para culinária; frutos maduros 
comestíveis (alimentação humana; rações para 
animais) 
Anacardium giganteum. Anacardia-
ceae. (cajui) 
árvore grande Pseudofruto para refresco; castanha comestível 
depois de assada 
Anacardium negrense. Anacardia-
ceae. (cajutim = caiu-tim) 
árvore mediana os frutos maduros são.comest´veis ; uma vez 
torrados podem ser aramzxenados 
Aniba duckei, A rosaeo-dora. 
Lauraceae. (pau rosa) 
árvores; porte médio 
a grande 
madeira e folhas ricas em óleos essenciais (linalol) 
utilizados em perfumaria 
Astrocaryum spp. 
Palmae (=Arecaceae) 
(tucumã; murumurú) 
palmeira; porte 
médio a grande 
óleo e sabão (das sementes); frutos para alimentar 
gente, animais domésticos e silvestres; cobertura de 
casas; fibras para rede de dormir e de pescar; 
pequenas peças p/ artesanato 
Attalea speciosa (syn.=Orbignya 
phalerata. Areacaceae 
babaçu 
palmeira de grande 
porte 
aproveitamento em grande escala das amendoas 
(óleo, sabão; alimentação humana); folhas 
queimadas como adubo; artesanato; cobertura de 
casa; carvão vegetal (do fruto inteiro ou sua “casca”) 
Bactris gasipaes. Arecaceae 
(pupunha) 
palmeira de grande 
porte; cultivada 
alimentação humana (frutos; palmito); óleo; rações 
para animais (frutos; folhas jovens 
Bactris maraja. Arecaceae 
(marajá) 
palmeira pequena frutos para sobrevivência na mata 
 
 
Nome da espécie e da Família e 
nome vernacular 
tipo de planta Principais usos não-madeireiros 
Bertholettia excelsa. Lecythidaceae 
(castanheira-do-Brasil) 
árvore de grande 
porte; emergente 
nozes (castanhas) para alimentação humana 
(subsistência e comercialização, em grande escala); 
alimentação de animais silvestres; casca com 
propriedades medicinais 
Borojoa sorbilis Rubiaceae 
(puruí grande) 
árvore pequena frutos grandes com polpa semeelhane a do 
tamarindo, usada para refrescos 
Carapa guianensis. Meliaceae 
(andiroba) 
árvore de porte 
médio a grande 
o óleo das sementes é utilizado em massagens e 
como repelente ou matéria prima para sabonete 
 6
Caryocar villosum. Caryocaracaea 
(piquia) 
árvore de grande 
porte 
as sementes (nozes) são comestíveis; o mesocarpo é 
usado como “manteiga” 
Caryodendron amazonicum. 
Euphorbiaceae. (castanha-de-porco) 
 
árvore de porte 
médio a grande 
sementes maduras subsituem o amendoim. 
Cassia leiandra. Leg. cesalp. 
(marimari) 
árvore pequena a 
mediana 
fruto com polpa sucosa. agridoce 
Copaifera spp.. Leguminosae 
copaíba 
árvore de grande 
porte 
a resina extraída do fuste é medicinal; este óleo de 
copaíba tem um bom mercado 
Couepia bracteosa. Chrysobalana-
ceae. pajurá) 
árvore mediana o mesocarpa é comido no estado natural 
Couepia edulis. Chrysobalanaceae 
(castanha-de-cutia) 
árvore grande amêndoas, produzidas em grande quantidade, 
comidas cruas ou assadas 
Couepia longipendula. Chrysobala-
naceae. (castanha-de-galinha) 
árvore de porte 
médio a grande 
as castanhas de pajurá se comem como as da 
castanheira-do-Brasil 
Couepia subcordata. Chrysobalana-
ceae. (umarirana = marirana) 
pequena árvore frutos consumidos ao natural; não são saborosos! 
Couma guianensis. Apocynaceae 
(sorva) 
árvore mediana frutos saborosos 
Couma macrocarpa Apocynaceae 
(sorva grande) 
árvore mediana a 
grande 
frutos saborosos 
Couma utilis. Apocynaceae 
(sorvinha) 
árvore de porte 
pequeno a grande 
frutos comestíveis; látex branco aproveitado no 
fábrico de goma de mascar e para calefatar canoas. 
Crescentia cujete. Bignoniacea árvore pequena, de 
copa larga e baixa 
cultivada em toda a Amazônia; da casca do fruto se 
faz acuia; a polpa é purgativa 
Derris spp., Lonchocarpus spp., 
Tephrosia toxicaria, Clathrotopis spp. 
Leguminosae (timbó) 
arbustos; cipós substancia ictiotóxica das raizesutilizada na pesca; 
algumas espécies produzem rotenone (inseticida) 
Desmoncus spp. Arecaceae 
(jacitara) 
palmeira-cipó substituto potencial para o vime-da-Índia (rattan); 
vários usos artesanais tradicionais 
Dipteryx odorata. Leguminosae 
(cumaru) 
árvore de grande 
porte 
a cumarina, extraída das sementes, é usada em 
perfumaria 
Duckesia verrucosa. Humiriaceae 
(uxicuruá) 
árvore bastante 
grande 
fruto: como o do uxi 
Endopleura uchi. Humiriaceae 
(uxi) 
árvore bastante 
grande 
mesocarpo carnoso-farináceo, oleoso: comestível; é 
consumido ao natural geralmente com farinha de 
mandioca 
Erisma japura. Vochysiaceae 
(japurá) 
árvore de grande 
porte 
a amêndoa do fruto é comestível crua, assad ou 
cozida 
Euterpe oleracea. Arecaceae 
açaí; açaí-de-touceira 
linda palmeira esguia 
de várzea 
todas as partes da palmeira tem uso; os principais: o 
vinho de açaí e o palmito. 
Euterpe precatoria. Areacaceae 
açaí; açaí solteiro 
linda palmeira esguia 
de terra firmea 
usos principais: palmito, palha para cobrir casas; 
palmito 
Genipa americana. Rubiaceae 
(jenipapo) 
árvore mediana a 
garnde 
frutos para licores, sorvetes e refrescos, 
comercializados 
Gigantochloa spp. Bambusae 
taquara gigante 
bambus gigantes 
(o seu potencial para 
celulose e papel 
deveria ser estudado) 
amplamente utilizados por comunidades da 
Amazônia Ocidental (Perú, Colombia), em 
construção rural 
 
 7
 
Nome da espécie e da Família e 
nome vernacular 
tipo de planta Principais usos não-madeireiros 
Gnetum spp Gnetaceae 
(ituá) 
cipós lenhosos frutos (amêndoas) comestíveis , assadas: farinha de 
ituá; fibras do caule usado para cordas 
Heteropsis spp. & Philodendron imbe 
Araceae. (cipó-titica; imbé) 
cipós para artesanato tradicional; substituto potencial do 
rattan 
Humiria balsamifera Humiriaceae 
(umiri) (ca. 14 variedades!) 
árvore mediana a 
grande 
resina balsámica medicinal; frutos comestíveis 
Hymenaea courbaril. Leg. cesalp. 
(jutaí-açu, jatoba grande) 
árvore grande resina = copal; seiva medicinal; polpa farinácea 
dos frutos apreciada pelas crianças 
Inga cinnamomea. Leg. momosoi-
deae. (ingá-açu) 
árvore mediana frutos com polpa branca, adocicada, 
comercializados nas cidades 
Inga edulis. Leg. mimosoideae 
(ingá-cipó) 
árvore pequena a 
mediana 
frutos com polpa branca, adocicada, 
comercializados nas cidades 
Ischnosiphon spp & Thalia spp 
Maranthaceae. (arumã) 
cipós para artesanato tradicional 
Jessenia bataua. Arecaceae 
(patauá)) 
palmeira de grande 
porte 
óleo das sementes é da qualiadade do óleo da 
azeitona; refrescos feitos dos frutos; fibras para 
ustensílios de caça e para paneiros 
Lecythis pisonis. Lecythidaceae 
(castanha sapucaia) 
árvore de grande 
porte 
excelentes castanhas, comidas principalmente pelos 
morcegos, araras e macacos 
Manicara saccifera. Arecaceae 
(bussu ou ubussu) 
palmeira do sub-
bosque em amta de 
várzea 
palha reputada como a de melhor qualidade para 
cobertura de casa 
Mauritia armata. Areacaceae 
(caraná) 
palmeira de porte 
médio 
fruto para refresco 
Mauritia flexuosa. Arecaceae 
(miriti, buriti, muriti) 
palmeira de grande 
porte 
alimento e resfresco na alimentação humana 
(frutos; inflorescências jovens); palmito; sagu 
extraído do fuste; açucar extraído da seiva por 
cristalização; materiais para artesanato 
Maximiliana laevigata. Areacaceae 
(inajá = anajá) 
palmeira mediana a polpa dos frutos é comestível; consumida in 
natura ou em mingau; óleo semelhante ao do 
babaçu 
Mouriri grandiflora. Melastomata-
ceae. (camutim) 
arbusto ou pequena 
árvore 
frutos comestíveis e utilizados na pesca 
Myrciaria dubia. Myrtaceae 
(caçari ou “camucamu”) 
arbusto ou árvore 
pequena, de várzea 
a fruta seria a mais rica em vitamina C do mundo ! 
Oenocarpus spp. . Arecaceae 
(bacaba; bacabinha) 
palmeiras grandes ou 
pequenas 
soft, vitamin-rich drinks from fruits; oil; 
Pachira aquatica. Bombacaceae 
(mamorana) 
pequena árvore as sementes cozidas ou assadas são comestíveis 
Parahancornia amapa. Apocynaceae 
(mamapá) 
árvore grande fruto doce; sobretudo um alimento de 
sobrevivência na floresta; o leite branco da casca é 
remédio com a fraqueza e é objeto de comercio na 
região 
Parinari montana. Chrysobalanaceae 
(pajurá-da-mata = pajurá grande) 
árvore grande mesocarpo e amêndoas comestíveis 
Paullinia cupana var. sorbilis. 
Sapindaceae. (guaraná) 
cipó arbustivo sementes beneficiados usadas como estimulante das 
energias 
Platonia insignis. Guttiferae 
(bacuri) 
árvore de porte 
médio a grande 
a polpa do fruto é usada em sorvetes, doces; já 
industrializada no Pará 
Poraqueiba paraensis. Icacinaceae 
(umari) 
árvore pequena 
amediana 
frutos consumodos ao natural; a amêndoa póde 
fornecer óleo 
 8
Pouraqueiba sericea. Icacinaceae 
(mari preto) 
árvore pequena a 
mediana 
frutos consumidos ao natural 
Poupartia amazonica. Anacardiaceae 
(jacaiacá = cedrorana) 
árvore mediana a 
grande 
Frutos para refrescos, aperitivo e sorvetes 
Pourouma cecropiaefolia Moraceae 
(mapati) = imbaúba mansa) 
árvore pequena a 
mediana 
fruta do tipo “uva”; sugar a polpa, atirando-se fora 
as cascvas e sementes! 
 
 
Nome da espécie e da Família e 
nome vernacular 
tipo de planta Principais usos não-madeireiros 
Pouteria pariri. Sapotaceae 
(pariri) 
árvore grande frutos grandes, perfumados, para refrescos 
Pouteria ucuqui. Sapotaceae 
(ucuqui) 
árvore bastante 
grande 
frutos muito apreciados; polpa usada em minggaus 
a base de tapioca ou farinha 
Protium spp.. Burseraceae 
(breu branco; breu) 
árvore de porte 
médio a grande 
a resina extraída da casca é usada para calefatar 
barcos e canoas; frutos muito procurados pelas 
aves. 
Quararibea cordata Bombacaceae 
(sapota = sapota-do-Solimões) 
árvore grande ou 
mediana 
polpa do fruto consumido no natural ou como 
refersco 
Rheedia spp. Guttiferae. 
(bacuripari) 
árvores pequenas a polpa do fruto é excellente 
Sacoglottis guianensis. Humiriacaea 
(achuá = uachuá = paruru) 
árvore mediana fruto comestível, in natura, quando bem mmaduro 
Spondias mombim Anacardiaceae 
(taperebá) 
árvore mediana a 
grande 
fruto muito apreciado(in natura; picolés, sorvete, 
geleias, “batidas” 
Talisia esculenta. Sapindaceae 
(pitomba) 
árvore pequena a 
mediana 
o arilo, envolvendo a semente, é comestível e 
comercializado 
Theobroma bicolor. Sterculiuaceae 
(cacau do Peru) 
árvore pequena ou 
arbusto 
polpa para refrescos; sementes comidas depois de 
assadas 
Theobroma cacao. Sterculiaceae 
(cacau) 
árvore pequena matéria prima principal na produção de chocolate; 
polpa comestível, energetizante; 
Theobroma grandiflorum. 
Sterculiaceae. (cupuaçu) 
árvore de porte 
pequeno a grande 
polpa congelada comercializada para refrescos, 
sorvetes, etc.; caroços usados localmente para fazer 
e vender chocolate caseiro 
Theobroma speciosum. Sterculiaceae 
(cacauí) 
árvore mediana polpa deliciosa, in natura ou em sorvete; sementes 
para chocolate 
Theobroma subincanum. 
Sterculiaceae. (cupuí) 
árvore medina a alta polpa do fruto para refresco; muito apreciado pelos 
amcacos e outros animais trepadores 
 
 
Saindo do extrativismo para 
o manejo dos recursos 
 
1. Recursos madeireiros 
 
Quando os madeireiros ou seus intermediários (ou “toreiros”) pagam um bom preço para 
as madeiras em pé , o pequeno produtor começa a ter interesse em plantar espécies madeireiras nas 
suas lavouras brancas temporárias e seus consórcios agroflorestais permanentes. Em Rondônia e 
no sul do Pará -duas regiões onde o mogno foi explorado de forma sistemática e indiscriminada- 
podem ver um número crescente de pequenos agricultores plantando mogno nos seus consórcios 
 9
agroflorestais, a razão de ca. 50 a 100 árvores por hectare. Em áreas onde a demanda por madeira 
por parte das indústrias é forte, os agricultores começam a monstrar interesse a conservar e 
valorizar rebrotações de tocos de espécies madeireiras comerciais ocorrendonos seus roçados ou, 
ainda, plantar árvores em linhas simples ou duplas para materializar os limites da propriedade ou 
das distintas unidades de produção existentes na propriedade. 
 
Por outro lado, a produção de madeira pode ser feita feita pelo sistema taunguia. Este 
sistema consiste em utilizar uma lavoura branca (roçados temporários, com cultivos de ciclo 
curto) para o plantio de espécies madeireiras. Uma vez concluido o ciclo de uso agrícola , as 
mudas das espécies madeireiras já alcançam um bom desenvolvimento vertical, e a área fica 
ocupada por um povoamento exclusivamente florestal. Fora da Amazônia, o sistema taunguia é 
bastante utilizado para baratear a formação de povoamentos de eucaliptos e teca (Tectona grandis). 
Na Amazônia este sistema esta sendo utilizado, por enquanto em menos escala, por exemplo na 
formação de seringais. ). O taunguia foi utilizado, na região de Belém, para formar monocultivos 
de morototó (Didymopanax morotoni) para abastecer uma fábrica de fósforos, hoje fechada. Nas 
imediações de Vila Estrema (entre Porto Velho e Rio Branco), um grupo de produtores, ligados a 
uma cooperativa local, está formando povoamentos de teca em áreas com cultivos temporários de 
mandioca e de abacaxi. 
 
Existe uma terceira alternativa para intensificar a produção de madeiras comerciais na terra 
de pequenos agricultores : o enriquecimento das capoeiras. As roças temporárias, na Amazônia, 
são estabelecidas em florestas nativas ou em capoeiras, depois de derrubadas e queimadas. Entre 
dois ciclo de produção agrícola, a terra mantida em pousio (= período de descanço da terra). Ao 
abandonar a roça, a área é invadida por espécies florestais pioneiras e assiste-se à formação de uma 
capoeira. A capoeira é mantida por um período variável de tempo, em seguida é cortada e 
queimada para dar lugar a um novo curto período de uso agrícola. Quando se trata de capoeiras de 
longa duração, o agricultor pode tirar delas um maior proveito, inclusive com fins de 
capitalização, seja dando uma certa assistência à ocorrência natural de espécies madeireiras de 
crescimento rápido ou, ainda, plantando essas espécies na lavoura branca, ou seja na fase que 
antecede a formação da capoeira. Como a capoeira se destina a ser novamente derrubada e 
queimada, as espécies escolhidas para a valorização da capoeira, devem ser de crescimento o 
suficientemente rápido para possibilitar a formação , no respectivo período de tempo, de toras de 
diâmetro comercial. Várias especies florestais da Amazônia possuem essas características, tais 
como : Schizolobium amazonicum (parica-grande, pinho cuiabano, bandarra), Ceiba pentandra 
(samaúma), Bagassa guianensis (tatajuba, garrote), etc. A capoeira pode ser melhorada também 
mediante introdução de espéies perenes não madeiraveis, porém úteis para os agricultores, tais 
como : mamão, pupunha, cupuaçú, e outras fruteiras precoces. 
 
 
2 Os castanhais silvestres 
 
Os casatanhais silvestres são "florestas" onde as castanheiras ocorrem em grande número e, 
geralmente, na forma de árvores adultas de grande porte, dominantes ou emergentes. A 
castanheira-do- brasil precisa de muita luz para germinar e crescer. Portanto, em florestas ainda 
não tocadas pelo homem, a regeneração natural desta espécie é quase impossível e só se dá em 
clareiras abertas pelo homem ou pela caída de árvores velhas. 
Os castanhais silvestres nasceram, de fato, com a ajuda dos índios e da cutia. Os índios 
plantavam castanhas nos seus roçados abertos na mata ou, pelo menos, localizavam suas roças 
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perto de castanheiras adultas, em idade de frutificar, para facilitar, com a ajuda da cutia, a 
regeneração da castanheira nessas clareiras cultivadas. Essa estratégia, empregada por diversas 
comunidades indígenas, foi descrita em uma publicação de H.dos Santos Pereira (1994), que relata 
os resultados de um estudo de campo realizado em área de índios Kokama, na região de Tefé, no 
Amazonas. Os índios localizam suas roças, na mata, de maneira que haja uma boa distribuição 
espacial de castanheiras na sua periferia. Em seguida, marcam-os limites definitivos da roça e, 
então, fazem a derruba. As árvores altas mais próximas às castanheiras são derrubadas de modo 
que caiam com suas copas longe dos pés das castanheiras. O objetivo dessa técnica é evitar que 
estas sofram demais no dia da queimada, visto que a castanheira-do-Brasil é muito sensível ao fogo. 
Na região de Marabá (Pará), existem castanhais silvestres que, aparentemente, foram objeto 
de intervenções muito mais intensivas por parte dos índios. Além da castanheira, os andares 
emergentes e dominantes da mata são constituidos, também, por outras espécies que produzem 
frutos procurados pelo homem, pela fauna e pelos aves, como por exemplo: maçarandubas, 
tatajubas, caju-açu, breus-sucurubas, breus brancos, etc. Nos andares dominados, observam-se 
ainda outras espécies frutíferas como cupuaçu, cupuí e duas espécies de bacuripari. Uma boa parte 
da vegetação de sub-bosque é formada por espécies medicinais, principalmente da família das 
piperáceas ( a família da pimenta-do-reino). Esta composição parece indicar que os índios que 
moravam nesta área sabiam manejar os recursos naturais, no intuito de favorecer a formação de 
florestas capazes de melhorar sua própria subsistência, bem como de facilitar a caça. É importante 
anotar que estes castanhais silvestres da região de Marabá, formados pelos índios para fins de 
melhorar sua subsistência, apresentam, hoje, um alto valor econômico, considerando o grande 
volume de madeiras comerciais ali encontradas ! 
Os castanhais silvestres são, portanto, um modelo tradicional de uso das terras amazônicas 
que, com pequenos ajustes, pode se integrar no cenário de um desenvolvimento socio-econômico 
sustentável de maior importância para a região. Esta perspectiva deveria ser contemplada no 
quadro do planejamento do programa de desenvolvimento de todas as regiões de ocorrência de 
castanhais silvestres. Por exemplo, entre outros, no Amapá, onde existem grandes extensões de 
castanhais. Talvez mais de 500.000 hectares, com maior concentração nos cursos superiores dos 
rios Cajari e Maracá. 
 
3. O manejo dos açaizais nativos 
 
Nas florestas densas e pouco alteradas pelo homem, existentes no passado, na Amazônia 
Oriental, em terras baixas inundáveis , a ocorrência do açaí (Euterpe oleracea) era bastante 
limitada, em razão das características ecológicas desta palmeira. A regeneração natural do açaizeiro 
se dá exclusivamente em áreas bastante iluminadas. Os povoamentos com forte dominância de 
açaizeiros são de origem secundária: nasceram , na forma de “manchas”, em clareiras abertas pela 
exploração de recursos madeireiros (virola, andiroba, macacaúba-da-várzea, etc.) ou, ainda, em 
menor escala, em áreas cultivadas abandonadas. 
 
A introdução da navegação a vapor no rio Amazonas e seus principais tributários 
deslanchou um processo crescente de exploração que afetou, inicialmente, as margens dos rios, 
principalmente as madeiras de lei das florestas de várzea. Mais recentemente, a exploração dos 
recursos madeireiros das florestas de várzea concentrou-se principalmente em madeiras comerciais 
mais leves, tais como a ucuúba e a andiroba. Hoje, na grande maioria das florestas de várzea, os 
potenciais madeireiros de explorabilidade imediata encontram-se praticamente esgotados, pelo 
menos nas áreas que não apresentam problemas sérios de acessibilidade. As áreas exploradas são 
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ocupadas, atualmente, por açaizais espontâneos ou, localmente, por pastagens. Os açaizais 
ocupam, atualmente, grandes extensões, por exemplo, na Amazônia Oriental. Os ribeirinhos 
quando assentados não muito longe das cidades, querem uniformizar o máximo possível seus 
açaizais, ou seja: eliminar do povoamento tudo que não for açaizeiro. O povoamento resultante é 
praticamente um monocultivo. Esses açaizais manejados na forma de um povoamento mono-
específico, geram rendimentos elevados de frutase de palmito. Porém, o rendimento da produção 
apresenta seríos riscos : (i) quando os intermediários constatam que o ribeirinho depende quase 
que exclusivamente do açaí (frutos e\ou palmitos), ele vai rebaixar o preço pago ao ribeirinho; (ii) 
o manejo de monocultivos aumenta a probabilidade de ataques de pragas e doenças; e (iii) a 
uniformização dos açaizais elimina muitas espécies vegetais, entre as quais algumas que preenchem 
um papel fundamental na alimentação dos peixes. Uma proporção significativa dos peixes 
amazônicos mais procurados para alimentação humana, tais como o tambaqui, são peixes que 
comem frutos ou sementes de plantas da várzea, principalmente frutos ou sementes de árvores, 
arbustos e palmeiras. A uniformização exagerada praticada atualmente nos açaizais manejados não 
deixará de causar problemas na manutenção das populações desses .peixes. Para os ribeirinhos a 
tentação de uniformizar o tanto quanto possível, seus açaizais é muito forte, principalmente na 
proximidade das cidades, devido à maior facilidade de vender os frutos desta palmeira. Perto de 
Belém, por exemplo na ilha Combu, a renda familiar dos ribeirinhos, gerada principalmente pela 
venda dos frutos do açaizeiro, pode alcançar e, eventualmente ultrapassar US$ 4,000 por ano, por 
família. 
Convem, portanto, manter um adequado grau de diversidade na composição dos açaizais 
manejados. A ucuúba-da-várzea (Virola surinamensis), além de fornecer uma excelente madeira 
para compensados, oferece também outros serviços: extrai-se das sementes uma gordura que pode 
ser utilizada para fazer velas; por outro lado, os frutos são muito procurados pelo tambaqui. 
Outras espécies madeiráveis podem ser mantidas em consórcio nos açaizais, principalmente o pau-
mulato (Calicophyllum spruceanum), a andiroba (Carapa guianensis), a macacaúba-da-várzea 
(Platymiscium ulei), a jacareúba (Calophyllum brasiensis) e a sumaúma (Ceiba pentandra). Na 
sombra leve dos açaizeiros, dever-se-ia reintroduzir a palmeira bussu (Manicaria saccifera) que 
fornece a palha de melhor qualidade da Amazônia, para cobertura de casa. Esta palha alcança bons 
preços nas cidades. Atualmente, a exploração desta palha é conduzida sem o cuidado necessário 
para assegurar a recuparação das palmeiras exploradas e o bussu pode ser considerado uma 
espéccies já ameaçada de extinção. 
 
Os colonos 
 
Os colonos que vieram para a Amazônia, em busca de terra, chegaram sem terem nenhum 
conhecimento dos recursos naturais da região. Suas atividades extrativistas são, em geral, 
limitadas. Eles asseguram sua subsistência na prática de cultivos de ciclo curto e buscam novas 
alternativas -a pecuária e a formação de consórcios agroflorestais comerciais- para aumentar a sua 
renda.. Hoje, os componentes mais empregados na formação de consórcios agroflorestais na 
Amazônia são a palmeira chamada pupunha (Bactris gasipaes), o cupuaçú (Theobroma 
grandiflorum) e a castanheira-do-Brasil (Bertholettia excelsa). Um número cresecente de pequenos 
produtores estão plantando o mogno (Swietenia macrophylla) nos consórcios agroflorestais. O 
mogno é suscetível ao ataque da broca do broto terminal e requer, portanto, de poda corretiva 
 12
depois de cada ataque, até o mogno alcançar uma altura superior a 13 metros. Essa altura 
possibilitará o aproveitamento de tres toras por pé de mogno. 
 
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