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Trabalho do Açaí

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ENGENHARIA AGRÍCOLA 2016
PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE A CULTURA DO AÇAÍ
DAGNER RANGEL
FELIPE FLORES
RAÍ OLIVEIRA
SAULO MARINHO
TOMÉ AÇU
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ENGENHARIA AGRÍCOLA 2016
PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE A CULTURA DO AÇAÍ
Revisão bibliográfica sobre a cultura do açaí desenvolvida com o objetivo de obtenção de média avaliativa para a segunda NAP da disciplina de Processamento de Produtos Agrícola.
TOMÉ AÇU
2021
Sumário
ASPECTO AGRONÔMICO DO AÇAÍ	4
CADEIA PRODUTIVA DO AÇAÍ	4
TIPOS DE PRODUÇÃO	4
CULTIVO	5
COLHEITA	6
PÓS COLHEITA	6
MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS	7
1. ASPECTO AGRONÔMICO DO AÇAÍ 
Segundo Jones, 1995, “O açaizeiro pertence à família Arecaceae, que engloba, aproximadamente, 200 gêneros e cerca de 2600 espécies, cuja distribuição é predominantemente tropical e subtropical”. No entanto, na região amazônica está família representa 39 gêneros do quais o número de espécies estimado recai entre 150 e 180 (kahn, 1997).
No sistema de Classificação de Cronquist (1981) o açaizeiro está ordenado na seguinte sequência hierárquica:
 Divisão: Magnoliophyta 
 Classe: Liliopsida 
 Subclasse: Arecidae
 Ordem: Arecales 
 Família: Arecaceae 
 Subfamília: Arecoidae 
 Gênero: Euterpe
 Espécie: Euterpe oleraceaMart. q
Khan, 1986, ainda afirma que “Dentro das espécies nativas do Brasil as mais importantes, do ponto de vista agroindustrial são E. oleracea, E. edulis e, bem secundariamente, E. precatória”
Como caraterística de uma espécie amazônica, o açaí pode ser implantado em tipos climáticos ocorrentes na região ((Afi, Ami e Awi, segundo classificação de Köppen). O açaizeiro é encontrado na natureza em solos várzea e igapó e terra firme, no entanto, apresenta predominância em solos de várzea baixa. O sistema radicular é do tipo fasciculado, relativamente denso, com raízes emergindo do estipe da planta adulta até a altura de 40 cm acima da superfície do solo, apresentando, nessa situação, coloração avermelhada e aproximadamente 1 cm de diâmetro (EMBRAPA, s/d).
2. CADEIA PRODUTIVA DO AÇAÍ
2.1. TIPOS DE PRODUÇÃO	
O açaí consumido pelo mercado regional paraense em sua maioria é oriundo de dois modelos de produção do fruto. A produção cultivada, utilizando técnicas de manejo da cultura, preparo de área e adubação específica para o desenvolvimento do açaizeiro, o açaí de terra firme, e a produção advinda do extrativismo, situação na qual o fruto é extraído da planta desenvolvida em condições naturais em meio florestal, comumente encontradas em áreas de várzeas ou igapós, característica encontrada nas regiões ribeirinhas no estado do Pará. De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 31,81% das áreas destinadas ao desenvolvimento de culturas anuais no estado do Pará é destinada ao açaí, no mesmo ano, a produção do fruto em todo o estado foi de 1.320,150 toneladas (IBGE, 2019). A maior parte dessas áreas são caracterizadas pelo modelo de extrativismo, tornando assim, a comercialização do açaí uma atividade em grande parte ao consumo interno, ou seja, municipal ou estadual, além de se caracterizar como principal fonte de renda para famílias residentes nas regiões ribeirinhas, nas quais atuam como extrativistas, atravessadores ou comercializadores do fruto ou do vinho processado para o consumidor final (ARAÚJO ,2017).
Se por um lado a maior parte do açaí advindo de extrativismo é voltado ao consumo regional, desde a década de 1990, devido a crescente procura por parte do mercado externo pelo fruto houve significativo aumento da quantidade de áreas cultivadas em terra firme, de acordo com Nogueira (2016) tal aumento se deu pela inserção do produtor agrícola familiar na cadeia produtiva do açaí, com intuito de atender a procura e o padrão de exigência do mercado externo, aplicando técnicas de manejo não utilizadas no extrativismo. A perspectiva de aumento da procura pelo açaí por parte do mercado interno brasileiro e internacional devido a “descoberta” do fruto como um “superalimento”, traz a possibilidade de que haja ainda mais o aumento da produção de açaí em terra firme, principalmente tendo o agricultor familiar como protagonista nesse crescimento (TAGORE, 2017).
3. CULTIVO
A expansão do consumo de açaí graças ao aumento da visibilidade comercial e mercado, estabelece um novo contexto de extração e produção do fruto na região amazônica, trate de aplicar técnicas de manejo diferentes, reunindo práticas agrícolas modernas. O emprego das novas técnicas de cultivo fez com que a fronteira de produção em igapó e várzea se expandisse ruma a áreas de terra firme, sendo uma palmeira que capaz de adaptar-se a esse tipo de solo, além de apresentar solos com umidade e condições edafoclimáticas ideais para o plantio de açaí (ROGEZ, 2010). 
O fruto açaí também pode ser encontrado em outros estados do norte do país, como Maranhão, Amapá, Acre, Roraima e Rondônia sobre o solo de várzea, terra firme e igapó do gigantesco estuário amazônico o qual compõe parte significativa da economia dos estados através de uma larga escala da cadeia produtiva do açaí e a diversifica finalidades atípicas que para o comercio e o consumo, mas o Pará é quem detém a grande massa de produção do açaí (ROGES, 2010).
4. COLHEITA 
A técnica empregada na colheita do açaí, na sua grande maioria é realizada de modo rústico e manual, o ribeirinho usa a técnica de subir na palmeira, com a péconha (objeto que auxilia a subir na palmeira, geralmente feito com a própria folha do fruto) e uma faca para cortar o cacho, de diâmetro fino, que pode chegar até 30 metros de altura. Pode se dizer, que a colheita é feita por verdadeiros escaladores, o quais quando habilidosos são capazes de passar de um estipe para o outro na mesma touceira, sem que desçam ao solo, evitando a contaminação do fruto, a média de cachos é de 3 a 5 em uma única escalada. A colheita é realizada o ano todo sendo divido em safras altas e safras baixas, a melhor época é na última metade do segundo semestre com colheitas de duas a três vezes maiores que na época chuvosa e de melhor qualidade. 
Diante disso, com a intensificação e racionalização do cultivo do açaí, frente a onerosa e difícil operação de colheita, busca-se substancialmente melhorar a operacionalização da colheita com o emprego de equipamentos utilizado na colheita de cachos da pupunheira (Bactris gasipaes). O equipamento consiste de uma vara de alumínio, com 6 m de comprimento, que contém uma lâmina para o corte, um recipiente para a recepção do cacho e uma roldana que permite a descida e a subida do recipiente, em uma das extremidades (EMBRAPA, s/d).
5. PÓS COLHEITA 
A comercialização em Belém e em outros pontos de vendas em feiras livres do açaí in natura, envolve uma logística de produção que perpassa pela colheita, armazenamento, transporte e vai até os pontos de vendas, pois se deve considerar que a qualidade do fruto, é naturalmente importante para garantir a rentabilidade comercial. O armazenamento do fruto, se dá preferencialmente, com o acondicionamento em caixas plásticas, pela melhor conservação que esta proporciona. Também são utilizados cestos feitos com fibras vegetais. Os cestos apresentam boa ventilação, que favorece a conservação do fruto com capacidade que varia de 14 kg ou 28 kg do fruto. As caixas é outra forma de armazenar o açaí, evitam o contato direto dos frutos com o solo ou com qualquer agente contaminante, como combustível e produtos químicos. Um ponto importante para ressaltar, que o processo de transporte regional do fruto pode ser rodoviário ou hidroviário. No rodoviário,é feito em caminhões quando o açaí é produzido em terra firme, já hidroviário, feito com embarcações de porte pequeno para produção das regiões de várzea e igapó (HOMMA; NOGUEIRA; MENEZES; CARVALHO; NICOLI; MATOS, 2006).
6. MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS
A cultura do açaí bem como outras palmeiras apresenta os insetos como principais pragas, sendo estes: moscas brancas, pulgões, mariposas, gafanhotos, besouros e outros. Alguns desses insetos aparecem com mais freqüência no açaizeiro, insetos esses foram relatados em experimentos da Embrapa Amazônia e aqui serão citadas duas dessas pragas.
Um dos principais insetos que atacam o açaizeiro e outras palmeiras são os besouros chamados de “Bicudos”, sendo eles: (Rhynchophorus palmarum e Dynamis borassi, coleóptera: Curculionidae), esses besouros atacam a palmeira mais freqüentemente em tempos chuvosos, e atacam em pontos específicos da planta adulta, sendo no estipe e quase sempre na coroa foliar, causando danos a planta e podendo levá-la a morte. O controle dessas pragas pode ser preventivo ou comportamental, onde o controle preventivo consiste na aplicação da solução de piche mais nematicida na parte em que o cacho for cortado, e o controle comportamental consiste na disposição de armadilhas para a captura desses besouros, contendo iscas atrativas em pontos estratégicos do plantio, iscas essas que podem ser cana-de-açúcar e feromônios .
Além de variados besouros, o pulgão também é uma das pragas freqüentes no açaizeiro, os pulgões são insetos minúsculos e de coloração preta que ataca as palmeiras em variados pontos, como nas folhas em desenvolvimento, nas bainhas foliares, nos frutos e também nas inflorescências, o pulgão assim como os besouros bicudos, também ataca preferencialmente em tempos chuvosos, mas também pode atacar em qualquer época do ano, o pulgão é característico por sugar a seiva da planta e por favorecer o aparecimento de fungos. O controle que tem sido empregado para a praga do pulgão consiste na aplicação da mistura de óleo mineral com inseticida por meio de pulverização.
Quando se é mencionado sobre doenças no açaizeiro, é mais comum que o aparecimento delas seja na fase em que as plantas ainda estão em viveiro e que sejam causadas por fungos, dentre essas doenças estão a do carvão (Curvularia sp.), da helmintosporiose (Drechslera sp.) e a que é apontada como mais freqüente, antracnose (Colletotrichum gloeosporoides), essas doenças estão diretamente ligadas com as condições de manejo, tomando assim como base o controle para a doença mais freqüente (Antracnose), que deve manter uma adubação regularizada para que as plantas estejam resistentes, sendo importante fornecer espaçamento adequado entre as plantas no viveiro e no campo para que ocorra uma boa ventilação, evitar também a umidade em excesso, e como alternativa caso as práticas citadas não resolvam, são as aplicações de fungicidas. (NASCIMENTO, 2005)
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, D. do. N. As perspectivas de competitividade dos batedores artesanais de açaí com selo ‘açaí bom’. Anais... 1º SIMPÓSIO SOBER NORTE, Belém – Pará, 22 e 23 de Junho de 2017.
CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering plants. New York: Columbia University Press,1981. 1262p.
EMBRAPA. Cultivo do Açaizeiro para Produção de Frutos. Disponível em:< https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Producaodefrutos+Circ_tec_26_000gbz56rpu02wx5ok01dx9lcobm2bes.pdf>.Acesso em: 01 abr. 2021.
EMPRAPA. Sistema de produção do açaí: colheita e pós-colheita. Disponível em:,<https://sistemasdeproduçap.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/acai/siatemadeproduçãoacai/paginas/colheita,html>.Acesso em: 01 abr. 2021.
HOMMA, A. K. O. Sistema de Produção do Açaí. Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção, 4 - 2ª, versão eletrônica, dez., 2005.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Pesquisa Agrícola Municipal de 2019. Pará: IBGE 2019
JONES, D.L. Palms: throughout the world. Washington: Smithsonian Institution. 1995. 410p.
KAHN, F. Les palmiers de l”eldorado. Paris: Éditions de l”Oprstom. 252p. 1997. 
KHAN, F. Ecology of economically important palms in peruvian Amazonia. In: BALICK, M.J., ed. The palm- tree of life: biology, utilization and conservation. Advances in Economical Botany, New York, v.6, p.42-49, 1986.
MENEZE, S E. M. da S.; TORRES, A. T.; SRUR, A. U. S. Valor nutricional da polpa de açaí (Euterpe oleracea Mart) liofilizada. Acta Amazônica, vol. 38(2), pp. 311-316, 2008.
Nascimento, W.M.O. & Silva, W.R. 2005. Comportamento fisiológico de sementes de açaí (Euterpe oleracea Mart.) submetidas à desidratação. Revista Brasileira de Fruticultura. 27 (3): 349-351.
NOGUEIRA, A. K. M.; SANTANA, A. C. De. Benefícios socioeconômicos da adoção de novas tecnologias no cultivo do açaí no Estado do Pará. Revista Ceres, Viçosa, v. 63, n. 1, p. 1–7, jan./fev., 2016.
NOGUEIRA, O. L. ; HOMMA, A. K. O. Importância do manejo de recursos extrativos em aumentar o carrying capacity: O caso de açaizeiros (Euterpe oleracea Mart.) no estuário amazônico. Poematropic, Belém, v. 2, pp. 31-35, 1998.
ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém: EDUFPA, 2000.
TAGORE, M. P. B. O aumento da demanda do açaí e as alterações sociais, ambientais e econômicas: o caso das várzeas de Abaetetuba, Pará. 2017. f 156.
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