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Monografia da Disciplina de Ecologia Humana

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Universidade Federal Rural do Semiárido
Departamento de Ciências Animais
Curso: Ecologia
Disciplina: Ecologia Humana 2014.1
Docente: Cristina Baldauf
Discente: Isadora Benevides de Castro
MONOGRAFIA DA DISCIPLINA DE ECOLOGIA HUMANA
Módulo I – As origens da espécie humana, a evolução das agriculturas e sociedades.
Para compreendermos a evolução humana podemos contar com diversas ciências como a genética, a biologia, a antropologia física e a arqueologia.
Existem muitas controvérsias e histórias contraditórias sobre a evolução humana. Algumas teorias apresentam a evolução humana baseada em estudos, mas de acordo com a Teoria Evolucionista, o homem é resultado de uma série de mudanças lentas. Os seres humanos e todos os outros seres vivos tiveram origem a partir de seres mais simples, que ao longo do tempo foram se modificando.
Um dos maiores contribuintes para esse processo de estudo sobre a evolução humana foi Charles Darwin, com a sua ideia sobre a seleção natural, onde ele além de afirmar que as plantas e animais existentes hoje derivaram de organismos simples, também observou que os seres vivos sofrem diversas modificações genéticas que podem ser repassadas de geração pra geração. Essa teoria foi formada na segunda metade do século XIX. Teoria esta que tem sido aperfeiçoada por diversos pesquisadores com o passar do tempo. Inicialmente essa ideia de seleção natural não foi impactante para o mundo animal, mas quando direcionado para humanos causou indignação entre a comunidade científica e a religião, mais precisamente quando Darwin afirmou que o homem e o macaco teriam um mesmo ancestral comum há alguns milhões de anos atrás. De acordo com tais teorias e estudos, a evolução humana se deu da seguinte forma e na seguinte ordem: Australopithecus (Considerado o ancestral mais antigo do ser humano, viveu na África há aproximadamente 3 milhões de anos) > Homo habilis (O inventor das primeiras ferramentas e viveu aproximadamente há 2 milhões de anos) > Homo erectus (Era um hábil caçador, pois utilizava alguns instrumentos feitos de pedra; viveu há aproximadamente 1 milhão de anos) > Homo sapiens neanderthalensis (Era um já era artesão habilidoso, viveu há aproximadamente 200 mil anos) > Homo sapiens sapiens (Já tinha uma noção de morte e preocupações espirituais; viveu há aproximadamente 100 mil anos).
Uma das versões para a origem da agricultura é que no período pré-histórico, há aproximadamente doze mil anos atrás, povos conhecidos como caçador-coletores observaram, em um longo processo, determinados grãos que, coletados no intuito de alimentação, poderiam ser novamente enterrados, ou seja, semeados com a finalidade de produção de plantas novas e idênticas as que lhe deram origem. Esta simples prática permitiu que a oferta de alimentos para esses povos aumentasse. Então, após essa prática deu-se início ao plantio para prover as necessidades alimentícias desses povos. As plantas estariam sendo cultivadas bem próximas umas das outras, facilitando o melhoramento dos alimentos e sua recolha. Com essa mudança de hábito, foram sendo substituídas às perigosas e frequentes busca por alimentos, os povos caçador-coletores começaram a fazer seleções, onde eram escolhidos os grãos de acordo com o interesse dos primeiros agricultores, entre esses interesses podemos destacar a produtividade, o tamanho, o sabor dentre as principais características escolhidas. A partir dessas seleções se deu início ao cultivo de plantas domesticadas, dentre as plantas que seriam domesticadas estavam incluídas a cevada e o trigo.
O começo da agricultura direcionada de acordo com os interesses dos povos é um marco de separação entre o período neolítico e o seu período anterior, denominado de pedra lascada. Período este que antecedeu a escrita, por conta disso é que existem tantas dúvidas e versões sobre a agricultura e seus primórdios, mas pode-se admitir que a agricultura surgiu em várias regiões do mundo, como as várzeas fluviais e nos vales onde habitavam as civilizações muito antigas. No período neolítico haviam áreas agrícolas localizadas em vales nos rios Nilo do Egito, nos rios Eufrates e Tigre na Mesopotâmia que hoje é o Iraque e nos rios Azul e Amarelo na China. Existem registros de cultivo em no mínimo três regiões distintas do planeta em épocas também distintas: na Mesopotâmia, na América Central e na China e Índia em suas bacias hidrográficas.
Devido ao advento da agricultura permitiu a humanidade se aglomerar em locais específicos com uma grande densidade populacional, o que não poderia ocorrer por povos que se sustentavam somente da caça e por coleta. Com isso, houve uma mudança, onde a economia de coleta e caça passou a coexistir com o advento da economia agrícola. Algumas culturas ocorriam devido à deliberação do plantio enquanto outros alimentos ainda eram obtidos diretamente da natureza.
Módulo II – Sociedade industrial e conhecimento tradicional.
Pode-se dizer que a indústria é a atividade de combinar recursos para atingir um determinado objetivo, uma atividade que exige um grande esforço, mas que tem algum retorno benéfico. Em consequência disso, é possível afirmar que todas as sociedades, passadas ou presentes, apresentam características industriais. O que nos permite qualificar uma sociedade como industrial é a predominância de atividade exercida por ele. Este fenômeno de intensificação da atividade industrial, que recebe o nome de industrialização, surge historicamente nas sociedades europeias do século XVIII, a partir de onde se expande para outros locais e chega até os dias de hoje. Diversos fatores levaram a agricultura convencional como principal forma de utilização, tais como: Melhoria na Alimentação: expansão mundial das áreas agrícolas; Industrialização: principal fator para o crescimento populacional. Mecanização da agricultura e o uso de fertilizantes permitiram ampliar a produtividade do solo, enquanto a expansão das indústrias ofereceu uma nova fonte de sustento para a população; 
Apesar de o aumento populacional ter sido maior nas áreas industrializadas da Europa e Estados Unidos, o continente asiático continuou sendo o mais populoso do planeta;
Na agricultura convencional, conjunto de práticas e técnicas realizadas a partir do marco chamado de Revolução Verde, cuja finalidade é expandir a produção agrícola de modo que pudesse acompanhar o crescimento da população. Os sistemas sustentáveis precisavam produzir alimentos para terem uma agricultura bem sucedida assim satisfazendo a demanda de alimentos.
Na sistemática da agricultura convencional temos a substituição do trabalho humano por máquinas como na aragem, e ajuda de animais específicos. Essa agricultura é praticada com base nos meios necessários para o aumento de produção que podemos destacar da seguinte forma, o uso de máquinas e implementos para o preparo do solo (trator, arado, grade), uso de espécies ou variedades adaptadas ou modificadas para a produção em todas as ocasiões e necessidades possíveis, e o uso de inseticidas para controle de pragas e doença nas plantas. A agricultura convencional se opõe à orgânica. O cultivo agrícola vai desde a remoção da vegetação nativa (desmatamento) até a colheita da plantação. 
Populações tradicionais caracterizam-se por sua cultura que está intimamente dependendo das relações de produto e de sobrevivência. O modo de vida está relacionado com a sua dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais renováveis. O conhecimento sobre a natureza reflete na elaboração de estratégias para o manejo dos recursos naturais, conhecimento este que é repassado de geração em geração de forma oral. A noção territorial ou de espaço onde o grupo habitará é estrategicamente pensada de forma que potencialize a economia e a reprodução durante várias gerações (mesmo que alguns membros individuais possam deslocar-se para outros centros urbanos e retornem para a terra dos seus antepassados). A relação com o mercado é intensa a partir do momento que as atividades de subsistência se relacionamcom a produção de mercadorias, de forma mais desenvolvida ou não. As comunidades tradicionais dão muita importância a mitos e rituais associados à caça à pesca e atividades extrativistas.
As populações tradicionais, através da educação ambiental, devem ser engajadas em outras duas atividades fundamentais para a proteção do meio ambiente: o Monitoramento Ambiental e a Fiscalização. Quanto ao Monitoramento Ambiental, às pessoas que moram no local, desde que capacitadas, são as mais indicadas para acompanhar o que está acontecendo com o meio no qual vivem. Cumpre depois aos especialistas sistematizar e interpretar tais dados. As populações tradicionais também devem tomar consciência de que o meio onde moram deve ser fiscalizado por eles próprios, uma vez que eles vivem de tais recursos naturais. Experiências muito positivas já estão sendo feitas nas Reservas Extrativistas da Amazônia.
Para obtermos informações sobre o conhecimento tradicional associado às comunidades tradicionais precisamos da autorização dos mesmos e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que analisará os devidos fins dessas informações, caso direcionado para a Bioprospecção precisamos também da autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN e para ter acesso ao patrimônio genético o IBAMA, através da deliberação nº 40/2003. Essas autorizações geram benefícios aos portadores não monetários como o direito a participações em pesquisas, treinamentos, projetos de conservação e o uso sustentável; podendo até o retorno de benefícios não monetários em pesquisas científicas. Já aos monetários o principal benefício é o percentual sobre o lucro bruto ou líquido (Ex: royalties). A Medida Provisória também concede direito às propriedades industriais, desde que indiquem a origem do material ou do conhecimento tradicional associado (Art. 31 da MP). Está sujeito a multas aqueles que não cumprirem com o estabelecido no contrato obtido pelo CGEN, exemplo de sanções administrativas o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado sem autorização, o não acontecimento da repartição de benefícios, como também deixar de expor a origem do conhecimento tradicional associado em publicações ou divulgações.
Módulo III – Pesquisa em Ecologia Humana e Etnoecologia
A manutenção da diversidade biológica tornou-se, nos anos recentes, um dos objetivos mais importantes da conservação. O manejo tradicional é um tema relativamente recente nos estudos sobre grupos tradicionais não indígenas. Esse tema vem atraindo um número crescente de pesquisadores que contribuem para um novo enfoque nas teorias conservacionistas clássicas. Após longos estudos sobre os hábitats e espécies de flora e fauna, esses pesquisadores são capazes de propor tipos de manejos. Os estudos de etnomanejo indicam que ao associar o conhecimento tradicional sobre o tema, pode-se conseguir uma conservação da natureza mais eficaz e socialmente justa, garantindo a sustentabilidade do ecossistema manejado.
Inferimos relações lógicas que se estabelecem entre o todo e suas partes, que configuram o sistema taxionômico ou a Etnotaxionomia. O pesquisador procura inferir as categorias êmicas (que corresponde à classificação proveniente do entendimento da comunidade) e éticas (esta categoria corresponde à classificação proposta pela comunidade científica). A Etnozoologia refere-se ao conhecimento construído a partir da relação humana com os animais. Já a Etnobotânica expandiu-se para estudar as populações tradicionais e as sociedades industriais, também para entender o conceito desenvolvido pelas sociedades para o mundo vegetal; esse estudo abrange tanto a maneira pela qual um grupo social classifica as plantas como também sua forma de uso.
	A abordagem metodológica a ser utilizada para os estudos etnoecológicos supracitados segue uma série de etapas: Definir uma pergunta como objetivo principal; selecionar um método e local apropriado; fazer coleta e análise dos dados;
Dentro dessas etapas devemos delimitar o tamanho da área de amostragem e manter a heterogeneidade populacional. Para amostragens probabilísticas todos os elementos devem ter a mesma chance de serem amostrados. Podem-se enfrentar problemas nas amostragens como a disposição dos entrevistados em participar, as limitações meteorológicas, as limitações do tempo e do pesquisador etc.
CONCLUSÃO:
O conhecimento tradicional e o conhecimento científico são paradoxalmente complementares. Isto significa, grosso modo, que não devem ser classificados simplesmente como certos ou errados, mas, devem ser integrados para uma melhor visão da natureza como um todo. 
REFERÊNCIAS:
· IBAMA. Reservas extrativistas. Populações tradicionais. (http://www.ibama.gov.br/resex/pop.htm) Acesso em: 04/08/2014.
· MAZOYER Marcel & ROUDART Laurence. História das agriculturas no mundo, do neolítico à quase contemporânea.
· PROBIO – MMA. Biodiversidade e Comunidades Tradicionais no Brasil. São Paulo, 1999.

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