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ROBÓTICA INDUSTRIAL W BA 07 61 _v 1. 0 22 Bruno Henrique Oliveira Mulina Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Robótica Industrial 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Paulo Broniera Jr Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Mulina, Bruno Henrique Oliveira M957r Robótica industrial/ Bruno Henrique Oliveira Mulina, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 157 p. ISBN 978-85-522-1583-7 1. Sensores em robótica. 2. Conceitos fundamentais sobre robótica. I. Mulina, Bruno Henrique Oliveira. II. Título. CDD 004 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Visão geral dos manipuladores robóticos e suas aplicações na automação 7 Descrição matemática de manipuladores: sistemas de coordenadas em robótica 28 Modelagem cinemática direta e inversa 50 Modelagem dinâmica 73 Geração de trajetórias. Órgãos terminais 96 Sensores em robótica. Controle de robôs 119 Simulação e programação de robôs. Aplicações industriais 145 ROBÓTICA INDUSTRIAL 55 5 Apresentação da disciplina Ao estudar sobre robótica, devemos compreender sobre as partes que compõem um robô, como se comportam e de que modo elas se relacionam, de modo que ele realize a atividade para a qual foi projetado de forma correta e mais eficiente possível. Por esse motivo, ao longo da disciplina serão apresentados os fundamentos da robótica industrial, definindo os conceitos sobre automação, robotização e mecanização, com ênfase nos manipuladores robóticos industriais. Apresentaremos um pouco sobre a história da robotização industrial e as vantagens e desvantagens apresentadas por esse processo. Uma vez compreendida a história e as motivações no desenvolvimento dos robôs, serão destacados os componentes eletromecânicos dos robôs, responsáveis pelo movimento, sensoriamento e atuação do manipulador, destacando suas características, vantagens e desvantagens. Distinguiremos sobre os órgãos terminais dos manipuladores, mostrando os mais indicados para cada tipo de atividade. Serão estudados os sistemas de coordenadas e as matrizes de transformação, dedicadas à calcular a mudança de posição e orientação de uma coordenada. Compreendido como descrever o espaço que circunda o manipulador, desenvolveremos os modelos de cinemática direta e inversa, por meios diretos e a partir dos parâmetros de Denavit–Hartenberg para diferentes tipos de manipuladores. Esses modelos serão de grande importância nas técnicas de determinação das trajetórias que o manipulador deve seguir para realizar sua tarefa de modo mais eficiente. Além dos modelos cinéticos, que determinam as coordenadas de cada elemento do manipulador, seremos apresentados à modelagem dinâmica, que permitirá identificar o esforço sobre as juntas. 66 Conhecido o comportamento físico, estudaremos sobre a parte lógica responsável pelo funcionamento do manipulador. Conheceremos os modos e níveis de controle de um manipulador e os modos em que eles podem ser programados, e poderemos distinguir a melhor abordagem para cada caso. Para auxiliar o estudo dos manipuladores, serão apresentados os simuladores, destacando como são desenvolvidos, e as aplicações nas quais eles são mais indicados. 77 7 Visão geral dos manipuladores robóticos e suas aplicações na automação Autor: Bruno Henrique Oliveira Mulina Objetivos • Compreender os conceitos fundamentais sobre robótica. • Compreender sobre terminologias básicas de manipuladores robóticos. • Distinguir os componentes presentes em um manipulador robótico. 88 1. Introdução à robótica Com o adjunto da automação industrial presente na sociedade atual, cada vez mais o trabalho realizado por humanos é substituido pelo de robôs. Diante das vantagens oferecidas, essas máquinas vêm se desenvolvendo e realizando atividades antes feitas apenas por pessoas. Por esse motivo, o conhecimento em robótica é cada vez mais necessário em diversas áreas, desde a industrial até o ramo da medicina. Nesta leitura teremos uma introdução à robótica, compreendendo de forma suscinta sobre seu desenvolvimento e sua relação com as atividades humanas. Para isso serão apresentados conceitos de robótica e as partes integrantes de um manipulador robótico. 2. O que é robótica O estudo da robótica compreende diversos conhecimentos nas áreas da engenharia e da computação, já que agrega conhecimentos tanto de hardware (parte física) quanto de software (programação), a fim de que a máquina execute as atividades para as quais foi projetada com velocidade, precisão e repetibilidade. Um robô pode ser projetado para operar em diferentes áreas, quase sempre buscando suprir alguma incapacidade humana, seja por necessidades técnicas (qualidade e velocidade requeridas na produção industrial), seja para operação em ambientes insalubres (usinas nucleares, submarinos-robôs) ou mesmo para aprimorar alguma capacidade humana (realização de processos cirúrgicos mais precisos). O termo robô tem origem na palavra robotnik, que representa servo ou alguém submetido a trabalho forçado. Ao longo da História, os robôs foram objeto de fascinação ou medo por parte da população. É engraçado perceber que, devido às idéias difundidas pela ficção científica já nos primórdios da robótica, foram criadas leis a fim de gerir o comportamento dos robôs (as leis da robótica, de Asimov). 99 9 PARA SABER MAIS Com o desenvolvimento atual da robótica e da inteligência artificial, acontecer algo semelhante ao ocorrido em filmes como O Exterminador do Futuro pode não estar tão longe de ocorrer. Na década de 1960, Isaac Asimov já escrevia em suas histórias acerca das capacidades sobre-humanas apresentadas pelos robôs. Entre suas obras mais famosas estão a trilogia Fundação, Eu, Robô, O Fim da Eternidade e contos como O Homem Bicentenário. Por conta disso, ele propôs as três leis básicas da robótica, criando regras para a boa convivência entre homens e máquinas. Caso tenha interesse, leia ou assista às obras de Asimov para ter noção dos finais nos quais a humanidade tem ao construir robôs cada vez mais eficientes e inteligentes. Com o passar do tempo, o conceito sobre robô mudou de algo que realiza um trabalho imposto para uma ferramenta reprogramável e multifuncional, desenvolvida para movimentação de materiais e manipulação de ferramentas a fim de que se permita realizar uma variada gama de tarefas (ROMANO; DUTRA, 2002). O conceito moderno de robô industrial foi criado por Joseph Engelberger, em 1962, ano em que desenvolveu o primeiro protótipo de robô para aplicações industriais, chamado de Unimate, instalado na Ford Motor Company. Atualmente os robôs estão em laboratórios, instalações depesquisa, hospitais e em indústrias de diversos setores. Somente no ano de 2017 foram comercializados 381 mil robôs, representando um aumento de 30% com relação a 2016 (VALENTE, 2018). 1010 3. Automação industrial e robótica Na indústria atual, os termos robótica e automação estão intimamente relacionados, sendo difícil limitar as competências de cada um. A palavra automação vem do latim automatus, que significa “que se move sozinho”. Assim, a automação é um processo realizado a partir de ações automáticas, a fim de reduzir a interferência humana. Ao compreender o que é automação, é possível perceber a necessidade intrínseca à automação do uso de máquinas. Quando se refere ao uso de máquinas na indústria, é comum a confusão entre mecanização e automação. Mecanização é a substituição da mão de obra humana pelo uso de ferramentas, ou máquinas, de modo a aumentar a produção e/ou promover melhores condições de trabalho. Já a automação promove a interação entre sistemas na operação e controle da produção, permitindo um certo grau de inteligência na execução do processo. Neste contexto, pode-se dizer que a robótica é um meio de automação. A aplicação da robótica na automação é tão importante que se pode distinguir os tipos de automação com base no uso dos robôs. Os três tipos de automação são: fixa, programável e flexível, descritas a seguir com base em Rosário (2009). • Automação fixa: baseada no desenvolvimento de máquinas especificas para a realização de uma atividade. Comum na industria automobilística. É aplicada para volumes elevados de produção. Possui elevado valor inicial, mas os custos se dissolvem no volume de produção. • Automação programável: a automação é realizada por meio de um equipamento multitarefas, sendo adaptado conforme a necessidade. É aplicada para prototipação ou desenvolvimento de equipamentos dedicados. 1111 11 • Automação flexível: é um modelo híbrido entre automação fixa e programável. Também conhecida como manufatura integrada ao computador, é indicada para volumes de produção medianos e permite a confecção de produtos diferentes de maneira simultânea. 4. Manipuladores robóticos Um manipulador robótico pode ser definido como um dispositivo eletromecânico, controlado por meio de uma programação cuja finalidade é fornecer uma operação semelhante a um manipulador humano (VAN ELS, 1994). Por esse motivo, a maioria dos manipuladores são antropomórficos (com estrutura semelhante ao corpo humano), sendo possível identificar cada parte equivalente do corpo humano, como mostra a Figura 1. Desse modo, é possível observar um manipulador robótico como um robô composto de um braço articulado preso a uma superfície fixa e que mova um dispositivo de atuação dentro de uma área delimitada. Do mesmo modo em que ocorre no corpo humano, o manipulador pode perceber e interagir com o ambiente por meio de sensores, auxiliando sua movimentação e realização de suas atividades. Figura 1 – Equivalência morfológica entre o corpo humano e um manipulador robótico Fonte: adaptada de Filip_Krstic/iStock.com e PhonlamaiPhoto/iStock.com. 1212 4.1 Terminologias de um manipulador robótico Antes de continuar o estudo sobre os manipuladores, é necessário conhecer algumas terminologias usadas. Isso é importante para facilitar e agilizar a aprendizagem. Esses termos, além de serem usados durante todo o estudo, são de suma importância à aplicação da robótica nas diferentes áreas. 4.1.1 Espaço ou volume de trabalho Espaço no qual o manipulador é capaz de realizar sua atividade. É obtido a partir da análise de todos os movimentos possíveis, por meio de todas as combinações admissíveis de movimento de cada junta, a partir da chamada estrutura cinemática dos manipuladores. O estudo do espaço de trabalho é de extrema importância na escolha de um manipulador, pois permite prever se atingirá os locais necessários ao trabalho. A figura 2 mostra exemplos de volume de trabalho manipulador cartesiano (possui somente juntas prismáticas). Figura 2 – Vistas dos espaços de trabalho para um manipulador cilíndrico Fonte: elaborada pelo autor. 1313 13 4.1.2 Eixos de movimento É o eixo onde ocorre o movimento de cada uma das juntas. Ele é obtido traçando uma linha imaginária que contenha a junta a ser estudada e a direção do movimento que ela permite. Esse movimento pode ser tanto de translação (linear) quanto de rotação (torção). Por exemplo, uma junta rotativa, apresentada na figura 3, permite que ocorra um movimento relativo de rotação sobre um dos eixos delas, assim como ocorre com uma dobradiça de porta. Nesse caso, um eixo imaginário no sentido de onde ocorre a rotação define o eixo de movimento. Figura 3 – Junta rotativa e seu eixo de movimento Fonte: elaborada pelo autor. Os eixos de movimento podem ser divididos em duas classes: eixo do corpo e eixo da extremidade do robô. Os eixos do corpo do robô são responsáveis por mover o elemento efetuador para a posição desejada. São denominados eixo de cintura, ombro e cotovelo (wrist, shoulder e elbow). Já os eixos da extremidade do robô permitem orientar seu órgão terminal para a realização das ações, orientando de forma precisa o elemento efetuador a fim de executar a tarefa, e são denominados rolamento, arfagem e guinada (roll, pitch e yaw). Deve-se ter cuidado ao utilizar as expressões “mover sobre o eixo” e “mover em torno do eixo”. Mover sobre o eixo significa que o movimento ocorre na direção daquele eixo, sofrendo translação. Já a expressão mover em torno do eixo destaca que ocorre uma rotação cujo eixo de movimento foi aquele eixo citado. 1414 4.1.3 Graus de liberdade Os graus de liberdade (GL) são as possibilidades de movimentos relativos do braço no espaço, de acordo com os eixos de movimento das juntas presentes no manipulador. De modo geral, os GL são definidos pela somatória dos graus de liberdade de todas as juntas. Não é possivel dizer que o número de graus de liberdade é o mesmo que o número de juntas, já que alguns tipos de junta podem conter um ou dois graus de liberdade, como, por exemplo, rotacionar e se deslocar simultaneamente. Independente da quantidade de gruas de liberdade, são necessários 3GDL para posicionar os objetos, e mais 3 GDL são necessários para orientá-lo. Por exemplo, um manipulador composto de uma junta rotacional (somente rotaciona em um eixo) possui um 1 GL. Se o manipulador possuir duas juntas rotacionais em eixos diferentes, como apresentadas na figura 4, ele terá dois graus de liberdade, pois pode executar dois movimentos diferentes. Quanto mais juntas o robô possuir, maior o número de graus de liberdade e maior capacidade de realizar mais movimentos. Porém, essa maior gama de movimentos torma mais difícil de controlar o manipulador. Figura 4 – Manipulador robótico. a) 1 GL. b) 2 GL Fonte: elaborada pelo autor. 1515 15 4.1.4 Cadeias cinemáticas Uma cadeia cinemática são os possíveis caminhos a serem percorridos ao longo das partes do manipulador, desde a base até o ponto onde se realiza as atividades. Uma cadeia pode ser aberta (ou serial) quando existe apenas um caminho a ser percorrido. Já uma cadeia fechada (ou paralela) apresenta mais de um caminho entre a base e a terminação do robô, apresentando elos paralelos ao longo do caminho. Existe também cadeias semifechadas (ou híbridas), que são aquelas que apresentam os dois tipos de cadeia. A figura 5 mostra exemplos de robôs com tipos de cadeia diferentes. Figura 5 – Tipos de cadeia cinéticas. a) aberta. b) fechada. c) semifechada Fonte: kynny/iStock.com. Fonte: kynny/iStock.com. Fonte: suprun/iStock.com. O estudo sobre as cadeias cinéticas é importante, pois avalia a capacidade de carga do robô, ou seja, a carga máxima aplicada sem que sua precisão seja afetada. Manipuladores em cadeia aberta possuem menor capacidade de carga em comparação aos de cadeias fechadas. 4.2 Elementos de um manipulador robótico Um manipuladorrobótico é um conjunto de elementos rígidos (elos) conectados por articulações (juntas), como mostra a Figura 6. Na extremidade está presente o punho, de modo a movimentar o órgão terminador. Os sensores permitem ao manipulador conhecer 1616 melhor sobre o espaço ao redor. Para promover os movimentos ao manipulador, estão presentes os atuadores, conectados às unidades de potência, que são geridas pelos controladores. Figura 6 – Esquema de um manipulador robótico mostrando a relação de elos e juntas Fonte: Vertulo (2016). 4.2.1 Juntas As juntas são os elementos responsáveis por permitir a movimentação das partes rígidas. Deve-se ter em mente que as juntas não promovem o movimento, apenas permitem a movimentação dos elos conforme seus eixos de movimento. Dependendo do tipo de movimento que elas permitem, as juntas podem ser classificadas como se segue e visualizadas na figura 7: • Prismática, linear ou deslizante: permite o movimento linear dos elos. Composta de duas hastes que deslizam entre si, sem permitir a rotação sobre o eixo de movimento. Possui 1 GL. • Rotacional: permite o movimento de rotação em torno de um eixo de rotação. Pode ser do tipo torcional, quando o eixo de rotação coincide com os eixos dos elos, rotacional, quando o eixo de rotação é perpendicular ao eixo dos elos, e revolvente, 1717 17 • o movimento ocorre no mesmo eixo de um dos elos, porém o segundo elo é fixado de forma perpendicular à outra extremidade da junta. Possui 1 GL. • Esférica ou bola-encaixe: permite a rotação dos elos em torno de três eixos de movimento. Possui 3 GL. • Parafuso: permite o movimento rotacional, mas durante sua rotação promove deslocamento linear. Possui 1 GL. • Planar: composta de duas juntas prismáticas com eixos de movimento perpendiculares. Possui 2 GL. • Cilindríca: a combinação de uma junta rotacional com uma prismática. Possui 2 GL. Figura 7 – Tipos de juntas robóticas Fonte: Carrara (2015). 4.2.2 Elo São as partes rígidas, estruturais do manipulador, que conecta duas juntas. Deve ser feito de material com resistência mecânica elevada, já que fornece apoio às juntas e deve suportar as cargas mecânicas sofridas pelo manipulador. A fim de normalização, o elo disposto em uma junta que esteja mais próximo da base (segundo a cinemática no manipulador) é definido como elo de entrada, enquanto aquele mais próximo do órgão terminal é o elo de saída. 1818 4.2.3 Punho O punho é um conjunto de juntas responsáveis por posicionar e apontar o órgão terminal para que possa realizar sua tarefa. Enquanto o braço do manipulador tem a função de mover sua extremidade, onde está localizado o punho, até o ponto desejado, resta ao punho orientar de forma correta o elemento efetuador. 4.2.4 Órgão terminador ou elemento efetuador É um dispositivo conectado na extremidade do manipulador, responsável pela apreensão, transporte ou manipulação de peças de trabalho, podendo ser visto como a interface do manipulador com o ambiente de trabalho. O manipulador tem por função posicionar o órgão terminador de forma precisa, de modo que ele realize a ação para a qual foi destinado. Um órgão terminador pode ser do tipo garra, cuja função é apenas de pegar um objeto, transportar e soltá-lo, ou ferramenta, responsável pela executação do trabalho sobre a peça, como, por exemplo, uma ferramenta para soldagem. A figura 8 mostra dois tipos de elementos efetuadores diferentes. Figura 8 – Manipuladores com diferentes órgãos terminadores a) Garra. b) Ferramenta Fonte: iLexx/iStock.com. Fonte: PhonlamaiPhoto/iStock.com. 1919 19 ASSIMILE Mesmo sendo apresentado como componente do manipulador, o órgão não é exatamente parte do manipulador robótico. O manipulador, por definição, é o conjunto de elementos que servem para posicionar o órgão. Outro detalhe é que o manipulador tem sua estrutura constante, enquanto o órgão pode ser substituído conforme a necessidade. 4.2.5 Sensores Sensores são os elementos responsáveis por informar aos controladores sobre as condições de operação do manipulador, sendo capazes de converter um tipo de unidade em outra. Por exemplo, um sensor converte a posição de uma junta em tensão. São usados para medir posição, força, consumo de energia, entre uma variedade de outras unidades. Recentemente, a visão computacional tem ganhado espaço como ferramenta de sensoriamento devido ao volume de informação fornecido, além da ausência de interação entre sensor e manipulador. 4.2.6 Atuadores Responsáveis pela movimentação das partes rígidas do manipulador. São representados pelos motores elétricos, pistões hidráulicos e pneumáticos, entre outros. Podem utilizar como fonte de energia a eletricidade ou serem de funcionamento hidráulico ou pneumático. A escolha sobre cada tipo recai em características como volume ocupado, torque aplicado, tempo de resposta, controle e precisão na atuação. 4.2.7 Controladores Realizam o controle e processamento dos comandos necessários ao funcionamento do manipulador. Composto de sistemas eletrônicos 2020 como Controladores Lógico Programáveis (CLP), permitem avaliar as condições de operação do manipulador e definir a melhor abordagem para realização das tarefas. Por meio de algoritmos, um controlador busca o máximo desempenho do manipulador na realização da tarefa. Atualmente, os controladores são desenvolvidos com base em softwares, o que lhes agrega também flexibilidade com relação às necessidades. 4.2.8 Unidade de potência Fornecem a energia necessária aos atuadores. As unidades de potência são responsáveis por converter os comandos oriundos dos controladores em energia para a realização das atividades. Devem ser compatíveis aos atuadores usados, já que existem diferentes tipos de atuadores e métodos de ativação dos mesmos. É comumente denominada como driver, já que é sua reponsabilidade compatibilizar as informações a serem trocadas entre atuadores e controladores. 4.3. Aplicações dos manipuladores robóticos Diante das vantagens do uso de manipuladores robóticos (precisão, repetibilidade, não sofrem com fadiga ou limitados pelo ambiente), os mesmos estão cada vez mais sendo aplicados em outros ambientes que não são industriais. Veremos alguns exemplos das aplicações. 4.3.1 Robôs na indústria automotiva Os processos de soldagem são umas das bases nos processos de fabricação. Mesmo sendo amplamente estudada, a soldagem ainda depende da experiência do soldador. Com o uso dos robôs soldadores, a soldagem é mais eficiente, rápida e segura, mantendo a qualidade na produção constante. Além disso, o custo para substituir um robô em uma dada tarefa é menos onerosa que a substiuição de um empregado. A indústria automobilistica foi a primeira a aplicar os robôs para realizar soldas de forma massiva. Com isso houve a redução no 2121 21 retrabalho devido às soldas mal executadas, além de permitir a soldagem em condições anteriormente inviáveis devido às dificuldades apresentadas. Na indústria automotiva atual, a soldagem dos componentes dos carros é feita por meio de estações de soldagem exclusivamente compostas por robôs. Os robôs também são responsáveis por outros setores da indústria, como na pintura e transporte de peças. No setor de pintura, permitem uma uniformidade no processo, garantindo a qualidade. Uma vez que robôs movimentam as peças ao longo da indústria, existe um menor desgaste físico dos funcionários. Por esses motivos a presença dos robôs reduzem gastos e o desperdício. Por conta da uniformidade no processo, os gastos relativos à perda de matéria-prima e retrabalho praticamente são nulos. Por conta da repetibilidade nos processos de fabricação, é possível gastar menos material, limitando a consumir apenas a quantidade necessária de insumos em cada processo. Mas, mesmo com todas as vantagens, a automação não deve ser considerada como única ferramenta de trabalho na indústria automotiva. Por exemplo, a Tesla,uma montadora de veiculos elétricos, sofreu com problemas devido à automatização excessiva na linha de produção, já que havia repassado aos robôs funções tanto nas fases de soldagem e pintura, como é comum nas montadoras, quanto nas etapas de montagem final (Infomoney, 2018). 4.3.2 Robôs na medicina A medicina encontrou na robótica ferramentas que permitem desde cirurgias menos invasivas até telecirurgias. Somente no Brasil, em 2018, foram operadas mais de 9 mil pacientes (ParanáPortal, 2018), sendo realizadas por robôs cirurgiões semelhantes ao apresentado na Figura 9. 2222 Estes robôs não realizam procedimentos sozinhos, sendo operados de modo remoto por um cirurgião, a partir de uma estação de controle. Figura 9 – Robô cirurgião Da Vinci Fonte: 3alexd/iStock.com. Em cirurgias de alto risco, o uso de manipuladores robóticos permite ao médico um grau de precisão até pouco tempo difícil de ser alcançado. Por meio de controles, o médico envia comandos ao robô que efetivamente está realizando a cirurgia. Isso minimiza os efeitos de fadiga ou nervosismo do médico, o que pode tornar a recuperação do paciente mais rápida e com menor chance de sequelas. Esse tipo de controle permite, inclusive, cirurgias a distância. Por meio da telemedicina, o paciente e a equipe médica podem estar em um lugar enquanto o médico, situado distante, envia comandos a um robô para que o mesmo realize os procedimentos. 4.3.3 Robôs espaciais Transportar um astronauta para o espaço é caro e complexo. Agora considere ele ter que trabalhar em atividades difíceis e perigosas, como a manutenção de componentes em uma estação espacial? Para reduzir esses riscos, um braço robótico é responsável por grande 2323 23 parte das operações externas à estação, sendo controlado a distância. Com isso, o astronauta não é exposto a riscos desnecessários. Além desse tipo de robótica, devemos lembrar das sondas enviadas ao espaço, como as para exploração e pesquisa de Marte, onde diversos veículos robóticos já pousaram e cumpriram suas missões. Diante de todas as informações apresentadas nesta leitura, é possível perceber a importância da robótica sob diversos aspectos. A robótica foi aplicada como ferramenta para melhorar a qualidade na produção, permitindo a uniformidade nos processos envolvidos, já que sempre realiza a atividade conforme foi programada, sem influências psicológias ou fadiga. Com isso, os custos de produção podem ser reduzidos, já que o processo não será onerado por problemas pessoais ou de cansaço. Outro detalhe importante desta leitura é a compreensão inicial de certos termos envolvidos na robótica. Isto facilitará o desenvolvimento das demais leituras, agora são conhecidos detalhes como a estrutura de um manipulador robótico, seus elementos construtivos e como eles se relacionam. TEORIA EM PRÁTICA Falar sobre os benefícios da aplicação da robótica em diversos setores é fácil e simples, já que traz produtos de melhor qualidade a menores preços. Mas infelizmente nem tudo é perfeito na robótica. Com a robotização ocorre um efeito negativo sobre os operários, já que sofrem o risco de serem substituídos. Desse modo, procure justificar as vantagens do uso dos robôs aos funcionários, destacando os beneficios das novas áreas criadas na empresa por conta da presença dos robôs industriais. 2424 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Entre as diferenças básicas entre robótica e automação na indústria, podemos dizer que: a. A automação é um tipo de robótica, já que ambas envolvem a realização de atividades com reduzida participação humana. b. Mesmo a robótica sendo um tipo de automação, ela se dedica à aplicação unicamente de máquinas dedicadas à realização de atividades únicas. c. A robótica, por envolver processos que reduzem a interferência humana na produção, é considerada um tipo de automação. d. A automação e a robótica são a mesma coisa na indústria. e. A robótica se preocupa com a utlização de máquinas na indústria, enquanto a automação se dedica ao gerenciamento dos processos. 2. Com relação aos elementos de um manipulador robótico, é INCORRETO: a. Os elos promovem suporte mecânico para que o manipulador possa realizar suas atividades. b. As juntas e os atuadores são elementos distintos, mas que podem atuar de forma semelhante. c. O punho não altera a posição da extremidade do manipulador robótico. truck Destacar 2525 25 d. O elemento efetuador não faz parte do manipulador robótico. e. Um controlador age juntamente com os atuadores, forncendo a energia necessária para a movimentação dos elos. 3. Com relação à definição atual sobre os robôs industriais, é correto afirmar que: a. Define-se robô como algo que atua de forma autônoma, sem vontade própria (sem inteligência), já que a palavra de origem significa o mesmo. b. Define-se robô como uma ferramenta cuja função pode ser reconfigurada conforme a necessidade. c. Define-se robô como uma máquina capaz de realizar várias funções pré-programadas, desde que ele tenha sido desenvolvido para tais funções. d. Define-se robô como uma máquina com alta produtividade, desenvolvida para uso específico. e. Define-se robô como uma ferramenta para reduzir a necessidade do homem na realização das etapas de produção. Referências bibliográficas ASIMOV, I. Fundação. v. 1. Trad. de Fabio Fernandes. São Paulo, SP: Aleph, 2009. ______. Fundação e Império. v. 2. Trad. de Fabio Fernandes. São Paulo, SP: Aleph, 2009. ______. Segunda Fundação. v. 3. Trad. de Marcelo Barbão. São Paulo, SP: Aleph, 2009. ______. Eu, Robô. Trad. de Aline Storto Pereira. São Paulo, SP: Aleph, 2009. truck Destacar truck Destacar 2626 ______. O Homem Bicentenário. São Paulo, SP: Hemus, 1980. CARRARA, V. Introdução à robótica industrial. São José dos Campos: INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2015. ELON Musk admite que errou: o excesso de automação causou problemas para a Tesla. Publicado em 16/04/2018. Gazeta do povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/elon-musk- admite-que-errou-o-excesso-de-automacao-causou-problemas-para-a-tesla- 7d06fsqzi043om8v68uvilegp/. Acesso em: 27 ago. 2019. ROMANO, V.; DUTRA, M. Introdução à robótica industrial. Robótica Industrial: Aplicação na Indústria de Manufatura e de Processo. São Paulo: Edgard Blücher, 2002, p. 1-19. ROSÁRIO, J. M. Automação Industrial. São Paulo: Baraúna, 2009. TECNOLOGIA na medicina: especialistas realizaram 9 mil cirurgias robóticas no Brasil em 2018. Publicado em 23/04/2019. Paranáportal. Disponível em: https:// paranaportal.uol.com.br/geral/tecnologia-na-medicina-especialistas-realizaram-9- mil-cirurgias-roboticas-no-brasil-em-2018/. Acesso em: 27 ago. 2019. VALENTE, J. Vendas mundiais de robôs industriais batem recorde. Publicado em 23/06/2018. Agência Brasil. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/ economia/noticia/2018-06/vendas-mundiais-de-robos-industriais-batem-recorde. Acesso em: 3 set. 2019. VERTULO, R. C. Robôs de Classe. Publicado em 23/03/2016. Laboratório de eletrônica. Disponível em: http://labdeeletronica.com.br/robos-de-classe/. Acesso em: 25 ago. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: De forma suscinta, a Robótica é parte integrante da automação exatamente por permitir a realização das atividades com pouca ou nenhuma interferência humana por meio de máquinas e ferramentas. Com isso, estão erradas as letras A, D e E. No caso da B, o erro está em dizer que a automação cuida unicamente dos processos. No caso da letra B, o erro está em considerar as maquinas dedicadas à realização de uma atividade. Pela definição, os robôs industriais devem ser reprogramáveis e multifuncionais. https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/elon-musk-admite-que-errou-o-excesso-de-autom https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/elon-musk-admite-que-errou-o-excesso-de-autom https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/elon-musk-admite-que-errou-o-excesso-de-automhttps://paranaportal.uol.com.br/geral/tecnologia-na-medicina-especialistas-realizaram-9-mil-cirurgia https://paranaportal.uol.com.br/geral/tecnologia-na-medicina-especialistas-realizaram-9-mil-cirurgia https://paranaportal.uol.com.br/geral/tecnologia-na-medicina-especialistas-realizaram-9-mil-cirurgia http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-06/vendas-mundiais-de-robos-industriais-batem- http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-06/vendas-mundiais-de-robos-industriais-batem- http://labdeeletronica.com.br/robos-de-classe/ truck Destacar truck Destacar 2727 27 Questão 2 – Resposta: E Resolução: A alternativa E deve ser assinalada. Está incorreta porque o elemento responsável pelo fornecimento de energia aos atuadores são as unidades de potência (ou drivers). Os controladores são responsáveis por processar as ações a serem realizadas pelos atuadores para atingirem os objetivos para os quais foram alocados. Questão 3 – Resposta: B Resolução: Um robô industrial é um manipulador multifuncional projetado para realizar atividades por meio de movimentos variáveis e pode ser reconfigurado conforme a necessidade. A letra A cita a definição original, porém antiga sobre robôs industriais, enquanto as letras C, D destacam o robô como uma ferramenta de uso específico e dedicado, sem possibilidades de mudanças. O erro na letra E está na definição que não se refere em nenhum momento à relação entre robôs e atividades humanas. truck Destacar truck Destacar 2828 Descrição matemática de manipuladores: sistemas de coordenadas em robótica Autor: Bruno Henrique Oliveira Mulina Objetivos • Compreender sobre sistemas de coordenadas: cartesianas, polares e cilindrícas. • Compreender sobre as relações de transformação de coordenadas. • Introduzir a matriz de transformação homogênea. 2929 29 1. Introdução aos sistemas de coordenadas Na Física, é comum usarmos o termo referencial para definir de que ponto estamos olhando o problema. Podemos também definir o termo referencial como um ponto fixo no espaço, a partir do qual as coisas se aproximam ou afastam. Por exemplo, se estamos olhando para um carro enquanto estamos parados em uma calçada, vemos que os prédios estão parados enquanto o carro se move. Já se estivermos dentro do carro, ele está parado em relação a nós e os prédios se movem. Compreender esse conceito será muito importante para analisarmos os sistemas de coordenadas e a cinematica (a movimentação) do manipulador robótico. Nesta leitura veremos como uma mesma posição no espaço pode ser descrita de diversas formas, conforme o sistema de coordenadas aplicado. Veremos a importância de caracterizar corretamente um ponto no espaço e como isso é feito. Além disso, compreenderemos sobre as transformações ocorridas com um objeto ao se deslocar no espaço e a introdução sobre as matrizes homogêneas de transformação. 2. Sistemas de coordenadas e transformações Como já foi apresentado, um manipulador mecânico é constituido de elos, conectados por juntas e cada junta fornece um conjunto de graus de liberdade. O conhecimento completo das variáveis articulares (graus de liberdade e tamanho dos elos) de um robô determina o posicionamento de sua ferramenta no sistema de coordenadas de trabalho. Vimos também que, de um modo geral, um manipulador precisa de três primeiros graus de liberdade para posicionamento do seu elemento terminal no espaço e de outros três, inclusos no punho, para a orientação da sua ferramenta para a execução da tarefa. Já pensou por que são necessários no mínimo três graus para cada uma das tarefas (posicionamento e orientação)? 3030 Antes de mais nada, para localizar um corpo em um espaço precisamos definir uma coordenada fixa, um referencial do qual todas as medidas serão iniciadas, e de que modo mediremos as distâncias entre o corpo e esse referencial. Definido o referencial, deve-se compreender que qualquer posição no espaço é definida por meio de três vetores ortogonais. Para compreender a importância de definir esses dados corretamente, pense que estamos em uma sala, como na Figura 1, e queremos descrever a posição do objeto P nessa sala. Para isso, primeiramente devemos definir de onde realizaremos as medidas. Vamos considerar que mediremos a partir do ponto O. Podemos dizer que o ponto p está a 3 metros de distância do ponto P na direção da largura, 2 metros na direção do comprimento e 1 metro na direção da altura. Mas para que direções ficam a largura da sala e o comprimento? Figura 1 – Localização espacial do ponto P em uma sala Fonte: elaborada pelo autor. Além disso, de que outras formas é possível localizar o ponto P? Somente por meio das coordenadas citadas antes? Para responder a essas perguntas, estudaremos os sistemas de coordenadas. Um sistema de coordenadas é definido por meio de um conjunto de vetores direcionais unitários, capazes de descrever um espaço de n-dimensional. Essa descrição deve ser realizada por meio de vetores ortogonais, de modo que um vetor não seja resultado de outras dois já 3131 31 existentes. Caso não lembre, um vetor ortogonal é aquele que forma um ângulo de 90º com outro. De modo simples, um sistema de coordenadas é o conjunto de direções, no qual se deve seguir para identificar um ponto no espaço. Para descrever uma posição, é comum aplicar um sistema de coordenadas de duas dimensões (também conhecido como plano) onde utilizamos dois eixos (ou vetores direcionais unitários) ortogonais para definir o espaço, ou três dimensões (definindo um volume), sendo necessário três eixos ortogonais. Os sistemas de coordenadas mais comuns para representar uma posição no espaço são os sistemas cartesiano, polar, cilíndrico e esférico. 2.1 Sistema de coordenadas cartesiano Este sistema, também conhecido como sistema ortogonal, já que seus vetores direcionais possuem direções sempre afastadas de 90º, é o mais amplamente utilizado para determinar a posição de um ponto (objeto) no espaço de duas ou três dimensões, já que é o sistema em que se baseiam as observações cotidianas e no qual as dimenções de um objeto são definidas por meio da altura, largura e profundidade. Para localizar um ponto plano cartesiano, utiliza-se dois eixos coordenados, no caso do plano, comumente chamados de x e y, ou três eixos, no caso dos planos, conhecidos como x, y, e z, dispostos perpendicularmente um ao outro. A Figura 2 destaca como são os vetores cartesianos no plano (duas dimensões, como em uma folha de papel) e no espaço (três dimensões, como em um cubo). Figura 2 – Sistema de coordenadas cartesiano Fonte: elaborada pelo autor. 3232 Para compreender a direção dos três eixos no sistema cartesiano, utilizareamos a regra da mão direita. Feche a mão, mantendo apenas o polegar, indicador e dedo médio abertos. Tente colocar esses dedos apontando para direções diferentes (o polegar para cima, o indicador para frente e o médio para o lado). Desse modo o eixo z passará pelo dedo polegar, o eixo x passará pelo indicador e o eixo y passará pelo dedo médio. Tenha essa configuração em mente pois será de grande valia. 2.2 Sistema de coordenadas polar O sistema de coordenadas polares é um sistema bidimensional onde as coordenadas são descritas a partir da combinação entre o módulo do vetor entre o ponto e a origem do sistema, e o ângulo formado entre o eixo x do plano cartesiano e este vetor. A Figura 3 destaca as coordenadas polares dispostas em um plano cartesiano, cujo ponto P apresenta as coordenadas P = [r; q]. Figura 3 – Sistema de coordenadas polares Fonte: elaborada pelo autor. Como as coordenadas polares envolvem a rotação dos pontos com relação à origem, o sistema de coordenadas localizado no ponto também sofre rotação, representado pelos vetores x’ e y’. Conhecendo as coordenadas polares, as coordenadas cartesiandas são obtidas por meio do conjunto de equações: 3333 33 Do mesmo modo, para converter as coordenadascartesianas em polares: 2.3 Sistema de coordenadas cilindríco O sistema de coordenadas cilindrícas é a expansão do sistema de coordenadas polares para espaço tridimensional. Para facilitar a compreensão, pense que o volume formado por esse tipo de coordenada é semelhante a uma lata. Nesse sistema, uma posição no espaço é determinada a partir de suas coordenadas polares (raio e ângulo) no plano xy e uma distância, ou altura, do eixo z. A Figura 4 mostra a disposição dos vetores unitários nesse sistema de coordenadas. No sistema cilindríco, o ponto P tem as coordenadas P = [r, q, z]. Figura 4 – Sistema de coordenadas cilíndricas Fonte: elaborada pelo autor. 3434 Assim como ocorre com as coordenadas polares, a rotação ocorrida no eixo para posicionar o ponto P na coordenada desejada também rotaciona os eixos ortogonais, gerando o sistema de coordenadas x’, y’ e z’. A transformação entre as coordenadas cilindríca e cartesiana é basicamente a mesma que a ocorrida entre coordenadas polares e cartesianas. Para a nova dimensão apresentada, a medida é realizada por meio de um eixo com a mesma direção do eixo z do sistema cartesiano, então não é necessaria qualquer transformação. Para converter de cilindríca para cartesiana, temos: De cartesiana para cilindrica, a transformação realizada é: 2.4 Sistema de coordenadas esférico O sistema esférico de coordenadas é um sistema que também descende do sistema polar e permite a localização de um ponto qualquer em um espaço cujo volume possui formato esférico. Para isso, uma posição é descrita por meio do módulo do vetor que liga a origem do sistema ao ponto de interesse e os angulos formados por esse vetor nos planos xy e yz. A Figura 5 destaca os vetores esféricos e suas orientações. As coordenadas do ponto P são P = [r, q, j] . 3535 35 Figura 5 – Sistema de coordenadas esféricas Fonte: elaborada pelo autor. Vamos omitir as transformações desse sistema de coordenadas por ora, já que a grande maioria das juntas utilizadas em manipuladores são rotacionais ou prismáticas – então daremos mais foco a esses tipos de juntas. 3. Definições e notações Inicialmente, um corpo rígido é, por definição, um corpo cuja posição é invariante no tempo para um conjunto de medidas. Além disso, sua forma e dimensões são constantes. Isso quer dizer que, se utilizarmos este corpo como referencial, independente de sua posição no espaço, sempre será possivel defini-lo como o “centro” do espaço que estamos estudando. De forma prática, qualquer movimento realizado ou deformação ocorrida são tão pequenos que podem ser desprezados. É importante deixar claro uma informação: um corpo rígido não necessariamente é algo estático no espaço. Isso quer dizer que ele pode estar se movendo no espaço quando visto de outro referencial. Por esse motivo, deve-se ter em mente que existem diversos sistemas de coordenadas a serem aplicadas no estudo de um manipulador robótico. 3636 Por exemplo, podemos definir um sistema de coordenadas na base do manipulador, outro na ferramenta e, em alguns casos, até na atividade a ser realizada pelo manipulador. Isso será importante para compreender as descrições e transformações. Por exemplo, a Figura 6 mostra um conjunto de referenciais aplicados em um manipulador robótico. Figura 6 – Sistemas de coordenadas em um manipulador robótico Fonte: adaptada de Nerthuz/iStock.com. Para facilitar a distinção sobre as diferentes entidades usadas nesta aula, utilizaremos formas diferentes de representá-las. As entidades que estudaremos podem ser vetoriais ou matriciais, escalares ou de referência. Uma entidade vetorial (ou matricial) será aplicada na descrição de operações ou transformações, como, por exemplo, descrever um movimento. As entidades escalares serão aquelas que descrevem, na maioria dos casos, uma medida espacial. E, finalmente, como o nome mesmo diz, descrevem as caracteristicas do corpo rígido ou o centro do espaço a ser estudado. Para representar uma entidade vetorial ou matricial, utilizaremos a notação utilizando a letra maiúscula. Assim, ao deparar com a notação A se refere a um vetor ou matriz. Caso o vetor possua o acento circunflexo, como em Â, ele representa uma das direções principais do sistema de coordenadas que está sendo usada, cuja representação será feita por meio de uma letra entre chaves, como em {A}. 3737 37 No caso de medidas (entidades escalares), usaremos a notação com letras minúsculas, como em a. Assim, se quiser representar uma distância ou uma orientação, deve ser feita dessa forma. Então, a partir de agora, as notações A e a são completamentes diferentes. Aproveitando, uma informação importante: a posição de um ponto é uma unidade vetorial! Por isso, não confunda: a descrição de um ponto é feita com a letra maiúscula! A última notação se refere ao sistema de coordenadas utilizado. Ela deve ser apresentada subscrita e/ou sobrescrita à entidade que se deseja destacar. Por exemplo, se queremos referenciar o vetor V, que tem como sistemas de coordenadas {B}, representamos então como VB ou VB. 4. Descrição espacial Uma descrição é a forma de representar a entidade na qual estamos estudando. Por exemplo, uma descrição pode representar uma posição, orientação ou um sistema de referências. A definição correta das entidades e a adoção de uma conveção única se fazem necessárias para evitar análises dúbias que afetariam o estudo, por exemplo, da movimentação do manipulador dentro de um espaço de trabalho. Para compreender de forma mais simples, vamos considerar um sistema de coordenadas geral, no qual toda a análise se baseia, e um sistema de coordenadas específico, localizado no ponto onde desejamos estudar. É obvio que tanto o sistema geral e o específico devem ser do mesmo tipo, como, por exemplo, ambos deverão ser cartesianos. Utilizaremos ao longo da Leitura o sistema cartesiano, devido à simplicidade na compreensão das operações aplicadas e também por ser o sistema de coordenadas inerente ao nosso cotidiano. Todas os estudos realizados no sistema tridimensional podem ser estendidos para o sistema bidimensional, bastando apenas considerar as descrições sobre o eixo inexistente com valor nulo. 3838 Uma descrição de posição define uma coordenada no espaço. Essa descrição é feita por meio de um vetor, com origem no centro do sistema de coordenadas adotado até a posição que desejamos. Esse vetor pode ser compreendido como as distâncias percorridas desde a origem até aquela posição desejada, em cada direção do sistema, ou como foram realizadas as translações entre a origem e a posição atual. Essa compreensão é importante para que se perceba que a descrição de posição é um vetor onde cada coordenada representa a distância sobre cada cada um dos eixos. Por exemplo, utilizando um sistema de coordenadas cartesiano {C}, se a descrição de um ponto fosse dada como PC = [2;5;1], isso significaria que o ponto P está, com relação à origem do sistema de coordenadas {C}, distante 2 unidades de comprimento da origem na direção î , 5 unidades na direção ĵ e 1 unidade na direção k̂ , como mostra a Figura 7. Figura 7 – Descrição de posição Fonte: elaborada pelo autor. A descrição de orientação apresenta a direção na qual o ponto acena com relação ao sistema de coordenadas. De forma mais formal, a descrição de orientação descreve diferença entre a orientação do sistema de coordenadas geral e a orientação do sistema de coordenadas específico afixado no objeto. 3939 39 De modo a exemplificar a importância dessa descrição, imagine que o elemento terminal de um manipulador é uma broca. Ela pode estar posicionada de forma correta, porém com orientações diferentes, uma perpendicular à superfície e outra levemente tombada. Imagine que o manipulador no qual a ferramenta está presa fará um movimento vertical para a furação. Caso a broca esteja na perpendicular, o furo será realizado corretamente, enquanto a broca tombadamuito provavelmente se quebrará durante a atividade. Para descrever a orientação de um objeto no espaço, deve-se relacionar os sistemas envolvidos (o geral e o específico), como, por exemplo, um sistema {B}, posicionado na ferramenta do manipulador, com relação à {A}, na base dos mesmos. Para isso, é necessário coincidir a origem de ambos sistemas de coordenadas, e a orientação de ambos sistemas é definida por uma matriz de rotação ABR transformação dos eixos de coordenadas do sistema {B} com relação a {A}. ASSIMILE Devemos ter em mente sempre a regra da mão direita para compreender as transformações, sejam de translação ou de rotação. As operações envolvendo rotação sempre se baseiam em manter um dos eixos (ou dedos) fixo e giro dos outros dois dedos. Cada par de dedo representa um plano (xy, yz e zx). A regra da mão direita também é aplicada na matemática por meio do produto vetorial, e na Física, no estudo de campos eletromagnéticos. Desse modo, é de suma importância saber usá-la. 4040 Agora veremos como ocorrem as transformações de posição e orientação de um ponto. Utilizaremos o sistema cartesiano, já que é o de mais facil compreensão. As operações aqui apresentadas também podem ser estendidas aos outros sistemas de coordenadas, guardadas suas devidas mudanças. 4.1 Translação de um ponto no espaço cartesiano As translações permitem deslocar ponto ao espaço, mas sem alterar sua orientação do objeto. Desse modo, podemos dizer que a translação ocorre percorrendo os eixos ortogonais do sistema de coordenadas geral (normalmente localizado na base). A translação é dada pela soma dos valores desejados a cada eixo ortogonal. Dese modo, pode-se dizer que o ponto teve suas coordenadas transformadas, que distinguiremos do ponto original por meio de um apóstrofo. Assim, o ponto P, ao ser transformado, passa a ser o ponto P’: Onde P’ é descrição de posição do ponto transladado (x + Δx, y + Δy, z + Δz), T é a matriz de translação (Δx, Δy, Δz), e P é a descrição de posição do ponto a ser transladado. (x, y, z). Lembre-se de que no caso de sistemas bidimensionais basta considerar uma das coordenadas nula. A Figura 8 mostra graficamente a transformação de translação. Figura 8 – Transformação de translação Fonte: elaborada pelo autor. 4141 41 Por exemplo, se o ponto P possuir coordenadas P = [1; 2; 3] e for aplicada a matriz de translação T = [8; 4; 1], o ponto P’ estará localizado nas coordenadas P’ = [9; 6; 4]. 4.2 Rotação de um ponto no espaço cartesiano A rotação de um ponto promove a mudança em sua orientação com relação a um ponto ou eixo de referência. Ela ocorre por meio da soma de um ângulo à orientação já existente no ponto (se analisarmos por meio de coordenadas polares), como mostra a Figura 9, onde o ponto P foi rotacionado com relação à origem do sistema. Figura 9 – Rotação de um ponto no sistema cartesiano Fonte: elaborada pelo autor. Utilizando as conversões entre os planos cartesianos e polar, encontramos uma matriz de rotação no sistema cartesiano, como: Matricialmente, temos: Imagine que o vetor que une a origem do sistema ao ponto P é um elo do manipulador. Por meio da transformação do sistema polar 4242 em cartesiano, o tamanho do elo pode ser calculado como . Como o elo foi apenas rotacionado, seu tamanho é constante. Então podemos, por meio das relações trigonométricas, encontrar a posição da extremidade desse elo com base na coordenada original e na transformação sofrida, por meio das relações: Onde f é a orientação original do ponto e θ é a transformação de rotação desejada na orientação do ponto. Para simplificar, é comum representar as operações apenas pelas letras si, para representar ( )isen q , e ci para o ( )cos iq . Então, considerando f como θ1 e θ como θ2, temos: 4.3 Rotação de um ponto no espaço tridimensional cartesiano Para facilitar o estudo da rotação no espaço, considere que uma rotação no espaço é o mesmo que a soma da rotação sobre os três eixos. Com isso, podemos as seguintes relações: • Ao girar sobre o eixo x, o dedo indicador é rotacionado de modo que o polegar e o médio se movam sobre um mesmo plano (plano yz). • Ao girar sobre o eixo y, o dedo médio é rotacionado de modo que o polegar e o indicador se movam sobre um mesmo plano (plano xz). • Ao girar sobre o eixo x, o polegar é rotacionado de modo que o indicador e o médio se movam sobre um mesmo plano (plano xy). Para definir qual sentido é positivo na rotação, seguimos a regra da mão direita. As rotações ocorrem da seguinte forma: 4343 43 • Para o eixo x: a rotação ocorre de y para z (médio para polegar). • Para o eixo y: a rotação ocorre de z para x (polegar para indicador). • Para o eixo z: a rotação ocorre de x para y (indicador para médio). PARA SABER MAIS Além da representação “graus”, existem outras formas para descrever o deslocamento angular. Uma forma bastante comum é a representação em radianos, onde a volta completa (360º) é igual a 2π radianos. A diferença no uso de uma ou outra representação está no significado. Quando se deseja apenas saber qual porção de uma volta foi percorrida, usa-se “grau”. Agora, se deseja representar uma unidade de comprimento, uma medida de tamanho, utiliza-se radianos. Por isso, em problemas como ( ) ( )f x x sen x= ⋅ SEMPRE deve utilizar o valor de x em radianos e não em graus. Por isso, cuidado ao usar programas ou calculadoras! Cheque se ela está operando em modo grad (graus) ou radianos! 5. Representação matricial e coordenadas homogêneas Vimos que um ponto no espaço está corretamente definido quando conhecemos sua orientação e sua posição. Também vimos as transformações de translação e rotação a serem aplicadas em uma coordenada. Para calcular ambas as transformações, é possível aplicar uma matriz de transformação homogênea. Por meio dessa matriz é possível aplicar ambas as transformações (e outras duas que serão omitidas por não serem necessárias para o estudo dos manipuladores). 4444 Para a translação, a matriz de transformação homogênea tridimensional é dada por: Lembre-se de que, no caso de transformações bidimensionais, basta zerar uma das coordenadas. Caso não se lembre, a solução desse tipo de matriz é feita conforme: Como exemplo, para i = 1 temos o cálculo dos parâmetros relacionados a x, ou seja: No caso de rotação, lembre-se de que a rotação ocorre em três eixo distintos, ou seja, para a rotação em torno do eixo z temos: Para rotação no eixo x: 4545 45 Para rotação no eixo y: 6. Sistema de coordenadas da ferramenta Oriundo dos movimentos realizadas pelos aviões, o sistema de coordenadas da ferramenta é definido como rolamento (Roll) f, mergulo ou arfagem (Pich) θ e guinada (Yaw) ψ, e se devem à rotação do sistema de coordenadas presente do elemento final com relação à base do manipulador. Observando sob o ponto de vista do manipulador, as três rotações ocorrem: movimento de rotação no sentido horário e antihorário (rolamento), movimento para cima e para baixo (arfagem) e movimento para a esquerda e para a direita (guinada). 7. Ângulos de Euler Ao promover a rotação nos eixos, a fim de que se atinja uma determinada direção, é possível escolher qualquer ordem na transformação dos eixos. Isso quer dizer que, para representar a direção um sistema de coordenadas qualquer, é necessário um conjunto de rotações em cada um dos eixos do sistema de coordenadas de referência. Porém, algumas sequências de movimentos são mais eficientes que outras, o que resulta na obtenção das coordenadas desejadas de forma mais fácil. A combinação dos ângulos aplicados para essas sequências é chamada de Ângulos de Euler. Existem diversas possibilidades de conjuntos de ângulos de Euler, conforme a seqüência de rotação escolhida. Por exemplo, a sequência Z-X-Z nos informa que, ao realizar 4646 o deslocamento angular, devemos seguir a sequência: gira-se o sistema {C} ao longo do eixo z, depois aplica-se a rotaçãono eixo x e, por fim, novamente ao eixo z. Aplicando as transformadas homogêneas de rotação, é possível obter os fatores que convertem a direção de um sistema coordenadas em outro. TEORIA EM PRÁTICA Ao participar de uma palestra sobre manipuladores robóticos, uma pessoa que estava sentada ao seu lado questionou o palestrante sobre a motivação pela qual a maioria dos robôs industriais possuem 6 GL. Após um breve momento, o palestrante responde que, no caso de menos graus de liberdade, poderiam existir posições nas quais o manipulador não atingiria a coordenada desejada ou a orientação correta da ferramenta. Sem entender o motivo, a pessoa pergunta se você poderia explicar o motivo da resposta. Qual seria uma explicação para que ele compreenda? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A fim de estudar o modelo de um manipulador, algumas considerações devem ser feitas. A primeira é a definição de um corpo rígido e um sistema de coordenada relacionado a ele. Então, por definição, um corpo rígido é: a. Um ponto no espaço no qual sua posição é constante independente do ponto de vista, resultando em uma posição que possa ser usada de referência para qualquer análise do manipulador robótico. 4747 47 b. Um ponto no espaço que é usado como referência para as medidas realizadas em um dado momento, podendo suas coordenadas variarem com relação a outros corpos rígidos. c. É um corpo indeformável com dimensões e propriedades físicas constantes, onde é possível posicionar as juntas e os elos de um manipulador. d. É um sistema de coordenadas invariante no tempo, que serve como referência para outros sistemas. e. É um sólido usado como referência de medidas em um manipulador robótico. 2. A coordenada cartesiana (-5; 2; 0), ao sofrer uma transformação de rotação de π/3 radianos sobre o eixo x, seguida de uma transformação de translação de (0; -3; 1), passa a assumir a posição: a. (5; 2; 1). b. (-4,23; -3,33; -1). c. (-1,23; 3,33; 0). d. (-4,23; -6,33; 1). e. (1,23; -3,33; -4,33). 3. Entre os ângulos de Euler, uma das combinações é a sequência Z-X-Z. Isso quer dizer que: a. A primeira transformação de rotação altera as coordenadas no plano Z. 4848 b. A segunda transformação de rotação altera as coordenadas no plano XZ. c. A terceira transformação de rotação altera as coordenadas no plano XY. d. A primeira transformação de rotação altera as coordenadas no plano Y. e. O eixo Y sofre duas rotações, já que é o eixo entre os planos ZX e XZ. Referências bibliográficas CRAIG, J. J. Introduction to robotics: mechanics and control. 3. ed. Upper Saddie River: Person Education, 2005. MIRANDA, R. Cinemática y Dinámica de Robots Manipuladores. Mexico: Alfaomega, 2016. ROSÁRIO, João Mauricio. Robótica Industrial I Modelagem, Utilização e Programação. São Paulo: Baraúna, 2010. PAZOS, F. Automação de sistemas e robótica. Rio de Janeiro: Axcel Books do Brasil, 2008. SALANT, M. A. Introdução a robótica. São Paulo: Makron Books, 2008. SANTOS, V. M. F. Robótica industrial: apontamentos teóricos, exercícios para aulas praticas, problemas de exame resolvidos. 1. ed. São Paulo: Aveiro, 2004. Gabarito Questão 1 – Resposta: B Resolução: A definição cita o corpo rígido como uma referência para o espaço que estamos medindo. Como o espaço a ser estudado pode mudar, o corpo rígido a ser considerado também pode mudar. Além disso, ele possui posição constante com relação ao espaço estudado, não havendo nenhuma restrição do modo em 4949 49 que este ponto se relaciona com outros fora desse espaço. Por esse motivo, as alternativas A e D não estão completamente corretas. As alternativas C e E estão completamente erradas, já que a definição de corpo rígido não tem relação ao tipo de material usado ou à geometria, ou mesmo à rigidez do material empregado. Questão 2 – Resposta: D Resolução: Segundo a matriz de transformação da rotação, temos: Agora a transformação de translação: Deste modo, a resposta correta é (-4,23; -6,33; 1). Questão 3 – Resposta: C Resolução: Os ângulos de Euler indicam em qual eixo será aplicado uma transformação de rotação. Então, a primeira transformação ocorre no eixo Z. Isso quer dizer que manteremos o eixo Z na mesma direção e rotacionaremos os demais eixos. Com isso, as coordenadas sobre o plano XY são afetadas. A lógica se mantém para as transformações de rotação ocorridas nos demais eixos. Então, a única alternativa que relaciona as transformações seguindo essa lógica é a alternativa C. 5050 Modelagem cinemática direta e inversa Autor: Bruno Henrique Oliveira Mulina Objetivos • Calcular como deve ser a movimentação das juntas para que o manipulador atinja as coordenadas desejadas. • Calcular as coordenadas da ferramenta a partir da movimentação do manipulador. • Compreender os métodos existentes para cálculo da cinemática inversa. 5151 51 1. Introdução à cinemática dos manipuladores Ao operar um manipulador robótico, é de interesse saber a série de comandos necessários para a execução das tarefas. A movimentação de um manipulador é feita de acordo com uma série de transformações de translação e rotação promovidas pelas juntas presentes. Diante disso, o operador pode possuir o interesse em descobrir as posições atingidas pelo manipulador de acordo com os deslocamentos promovidos pelas juntas. Pode ser de interesse também compreender de que forma as juntas deve operar a fim de que se atinja uma posição e uma orientação correta da ferramenta. Em ambos os casos, deve compreender o comportamento das juntas e de que forma cada tipo promove a mudança nas coordenadas do elemento final do manipulador. Conhecendo como cada junta se comporta e as dimensões dos elos, é possível construir um modelo matemático que relacione as transformações obtidas pelas juntas e as coordenadas a serem atingidas pela ferramenta. Esse é papel do estudo sobre a cinemática dos manipuladores. A cinemática consiste basicamente no estudo dos movimentos (transformações), sem levar em conta elementos físicos que influênciam no movimento do manipulador, como carga, força de ação e reação. Nesta leitura iremos compreender como determinar a posição final do manipulador com base nas dimensões dos elos e posições das juntas e seu inverso, ou seja, determinar as posições das juntas para atingir uma determinada posição. 2. Revisão sobre juntas Relembrando, quem promove o movimento são as juntas. Elas são responsáveis por permitir a movimentação para os elos. Os principais tipos de juntas são: 5252 • Prismática ou linear ou deslizante (tipo L): permite o movimento linear dos elos, movendo em linha reta. • Torcional (tipo T): o eixo de rotação coincide com a direção dos eixos dos elos. • Rotacional (tipo R): o eixo de rotação é perpendicular ao eixo dos elos. • Revolvente (tipo V), o movimento ocorre no mesmo eixo de um dos elos, porém o eixo de saida da junta é perpendicular. A figura 1 mostra os esquemas e os eixos coordenados de cada tipo de junta, respectivamente, prismática, rotacional, torcional e revolvente. Estes eixos serão necessários para o estudo da cinemática do manipulador. Figura 1 – Esquemas das principais juntas Fonte: elaborada pelo autor. 3. Introdução à cinemática direta e inversa Imagine a situação: deseja-se programar um manipulador para que seu elemento final se mova da posição A para a posição B. No caso de manipuladores simples, com poucos graus de liberdade, essa movimentação pode ser calculada por meio das transformações de translação e rotação aplicadas a cada junta. Agora, com o aumento da complexidade dos manipuladores, fazer esses cálculos pode representar um grande trabalho. 5353 53 Por meio de cálculos envolvendo geometria, trigonometria e cálculo vetorial, é possivel estimar um modelo de movimentação do manipulador a partir de sua cadeia de elos e juntas. De posse desse modelo, para saber onde o elemento final do manipulador está localizado, deve-seconhecer o deslocamento promovido pelas juntas a cada instante. Ou seja, deve-se conhecer o ângulo apresentado por cada junta rotativa ou a extensão das juntas prismáticas. O inverso também é verdade, onde, definida a posição e orientação da ferramenta, é possível calcular os deslocamentos de cada junta a fim de que o manipulador posicione o elemento final corretamente. O equacionamento que permite calcular a posição do elemento final com base nos deslocamentos das juntas é conhecido como cinemática direta, enquanto o cálculo da atuação das juntas para atingir uma determinada condição da ferramenta é chamada de cinemática inversa. É válido perceber a relação entre os sistemas de coordenadas aplicados nas diferentes cinemáticas. No caso da cinemática direta, as variáveis de saída serão variáveis no sistema cartesiano, enquanto na cinemática inversa a entrada é cartesiana. Como a dimensão do elo é sempre fixa, podemos dizer que a cinemática dependerá das variáveis de junta, ou seja, o deslocamento angular das juntas rotativas e o deslocamento linear das juntas prismáticas. Uma condição importante para a cinemática é a posição zero, ou posição home, do manipulador. Essa posição é definida quando todas as variáveis de junta estão na posição zero. Isso ocorre quando todas as juntas prismáticas estão recolhidas e as juntas rotacionais estão orientadas do mesmo modo que o referencial. 4. Métodos para calcular a cinemática direta Serão apresentados agora os conceitos e técnicas para a definição do modelo direto do manipulador. Lembre-se de que este modelo fornecerá as coordenadas das juntas do manipulador com base nos tipos e deslocamentos das mesmas e da geometria dos elos. 5454 4.1 Modelagem geométrica do manipulador Este método consiste em obter a posição final do manipulador sem o uso da matriz de transformação, aplicando unicamente o estudo geométrico do manipulador. Por meio do estudo do comportamento das juntas e dos elos conectados são obtidas as equações trigonométricas que regem cada segmento do manipulador, e conectando cada uma dessas equações são obtidas as coordenadas do elemento final. Por exemplo, analisando o manipulador representado na figura 2, ele é composto de duas juntas rotativas com os eixos de rotação na direção z. Seguindo a nomenclatura, este é um manipulador RR. Além disso, ele possui dois movimentos eixos de movimento, possuindo então dois graus de liberdade. Assim, o manipulador executa seus movimentos apenas sobre o plano xy. Figura 2 – Manipulador RR 2 GL Fonte: adaptada de Tera Vector/iStock.com. Para calcular a posição do manipulador, consideraremos a sequência direta do manipulador (acompanhando os componentes do manipulador, inciando na base em sentido à ferramenta). Para o elo L1, a posição final, px1 e py1, é dada por: X Y 5555 55 4.1 Modelagem geométrica do manipulador Este método consiste em obter a posição final do manipulador sem o uso da matriz de transformação, aplicando unicamente o estudo geométrico do manipulador. Por meio do estudo do comportamento das juntas e dos elos conectados são obtidas as equações trigonométricas que regem cada segmento do manipulador, e conectando cada uma dessas equações são obtidas as coordenadas do elemento final. Por exemplo, analisando o manipulador representado na figura 2, ele é composto de duas juntas rotativas com os eixos de rotação na direção z. Seguindo a nomenclatura, este é um manipulador RR. Além disso, ele possui dois movimentos eixos de movimento, possuindo então dois graus de liberdade. Assim, o manipulador executa seus movimentos apenas sobre o plano xy. Figura 2 – Manipulador RR 2 GL Fonte: adaptada de Tera Vector/iStock.com. Para calcular a posição do manipulador, consideraremos a sequência direta do manipulador (acompanhando os componentes do manipulador, inciando na base em sentido à ferramenta). Para o elo L1, a posição final, px1 e py1, é dada por: X Y A partir da posição final do elo L1, inicia-se o estudo da coordenada da extremidade de L2, que coincide com a do manipulador e é dada por: Para o exemplo anterior, o desenvolvimento da cinemática direta foi simples, pois o manipulador está disposto em apenas um plano (formado pelos vetores x̂ e ŷ ). Ao estudar um manipulador com três graus de liberdade, como da Figura 2, composto de uma junta rotativa na base, a primeira junta pivotante e a terceira rotativa, temos três eixos de movimento. O método para definir a cinemática é semelhante, porém agora temos que ter o cuidado de identificar os eixos de movimento de cada junta. No exemplo, a junta da base tem o eixo de movimento na direção z, enquanto as juntas 2 e 3 têm seus eixos de movimento sobre o eixo xy (ele varia conforme o deslocamento da junta da base). Figura 3 – Manipulador RRR de 3 GL Fonte: adaptada de PhonlamaiPhoto/iStock.com. Ao analisar a geometria do manipulador, vemos que a junta 2 possui uma posição constante, já que o movimento da junta 1 não afeta sua coordenada. Então, as coordenadas px1, py1 e pz1 da junta 1 são: 5656 A junta 2 promove a elevação ou o abaixamento do elo 2, enquanto a junta 1 move este elo ao longo do plano xy. Para calcular as coordenadas px2 e py2, devemos levar em consideração que a junta 2, ao promover o movimento, muda sua projeção no plano xy. Então as coordenadas do ponto px2, py2 e pz2 são: A junta 3 promove a elevação ou abaixamento do elo 3, alterando as coordenadas px3, py3 e pz3. Além disso, por conta da junta 1, as coordenadas px3 e py3 são alteradas. Então: É importante lembrar que uma posição pode ser atingida de diversas formas por meio da cinemática direta. Quanto maior o número de graus de liberdade, maior o número de configurações das juntas para que o manipulador atinja a posição desejada. 4.2 Modelo de Denavit-Hartenberg Para facilitar a análise de um manipulador, o modelo de Denavit- Hartenberg, ou parâmetros D-H, estuda o comportamento do manipulador conforme a sequência dos elos conectados a partir de uma cadeia aberta. Para aplicar o modelo de Denavit-Hartenberg, antes temos que adotar por convenção: • Cada junta tem apenas um grau de liberdade. 5757 57 • Se a junta possuir mais de um grau de liberdade, como no caso da junta cilindríca, são adicionados elos imaginários de comprimento nulo, a fim de que a junta seja sempre analisada como um conjunto de juntas no mesmo ponto com distintos graus de liberdade. • Os elos são corpos rigídos, isto é, são usados como referenciais. • Cada sistema de coordenadas é definido por um par elo-junta. • A contagem dos elos inicia-se em 0, considerando a base do manipulador. Os demais elos recebem numeração 1, 2, ... n, até a base do órgão terminador (a ferramenta). • As juntas são numeradas de 1 a n a partir da base do manipulador. • Cada elo é visto como um corpo rígido, sendo considerando um referencial para um sistema de coordenadas próprio. Desse modo, cada sistema é definido pelo par junta i-1 e elo i (junta 0 – elo 1, junta 1 – elo 2, ...). • Deve ser destacado o eixo de movimento de cada junta. • Determinar a origem de cada sistema de coordenadas (posicionado nos elos), localizado entre a interseção do eixo da junta i e i+1. • Determina-se uma normal entre as juntas i e i+1. • O eixo x do sistema de coordenadas é determinado no sentido da junta i para a i+, na direção do eixo normal. • O eixo z é posicionado ao longo do eixo de movimento da junta i+1. • O eixo y é escolhido conforme regra da mão direita. 5858 Após definidos os sistemas de coordenadas de cada junta, são obtidos os seguintes parâmetros: • O comprimento il entre os eixos das juntas conectadas a cada elo, medido ao longo do eixo 1x ( basicamente o comprimento do elo). Alguns autores definem esse parâmetro como ia . • O ângulo ia entre os eixos z da junta i ( 1iz − ) e da junta i+1( iz ), conforme a regra da mão direita, em torno do eixo ix (o ângulo entre os elos). Algunsautores utilizam a representação it para destacar que este ângulo pode ser visto como a torção do eixo x. • A distância id entre a origem do sistema de coordenadas medida na direção do eixo 1iz − . • O ângulo q, medido entre os eixos x do sistema i ( 1ix − ) e i+1 ( ix ), medido ao longo do eixo z do sistema i ( 1iz − ). ASSIMILE Dentre as medidas definidas, os parâmetros l e α são constantes relacionadas à geometria do manipulador, enquando d e θ são variáveis relacionadas aos tipos das juntas aplicadas. O fator d varia quando existe uma junta prismática, enquanto o θ varia com uma junta rotacional. Não é possível definir os sistemas de coordenadas da base e do elemento terminal conforme as regras ditas anteriormente, por esse motivo são aplicados valores padrão. Para a base, os parametros D-H aplicados são: 5959 59 Já para o elemento terminal, podemos escolher qualquer ponto, desde que o eixo nx intercepte o eixo 1nz − em um ângulo de 90º, tornando 0na = . Caso a última junta for rotacional, é escolhido o eixo nx paralelo à 1nx − , para 0nq = . O eixo nx em juntas prismáticas é escolhido a fim de que 0nd = , com a origem do sistema terminal coincidindo com a origem do sistema da junta i. Para compreender os parametros D-H, vamos analisar o trecho de um manipulador na Figura 4. Figura 4 – Trecho de um manipulador robótico Fonte: adaptada de Santos (2004). Primeiro, identificaremos se as juntas possuem mais de um grau de liberdade. No caso da Figura 5, todas as juntas apresentam apenas 1 GL. Por exemplo, uma junta cilíndrica, na verdade, é uma junta rotacional e uma junta prismática conectadas por um elo de dimensão nula. Segundo, vamos nomear as juntas e elos. Considerando que a base do manipulador está à esquerda, teremos as juntas i-1 e i. Além disso, marcaremos as direções de movimento das juntas (eixo z de cada junta). Terceiro, vamos identificar o eixo x dos sistemas. Nesse caso, a direção x é dada na direção da junta i-1 para a i. No caso da junta i+1, consideramos que existem outros elos após esta junta. O eixo y, como dito, é definido a partir da regra da mão direita. A figura 5 destaca o desenvolvimento das três primeiras etapas do processo (nomeação das juntas e definição dos eixos). 6060 Figura 5 – Identificação das juntas e dos eixos x, y e z de cada sistema de coordenadas Fonte: adaptada de Santos (2004). Quarto, uma vez obtidos os eixos, são calculados os parâmetros D-H, onde o parâmetro l é obtido pela distância entre a origem dos dois sistemas de coordenadas ao longo do eixo x, e a o ângulo entre a junta i-1 e i em torno do eixo x. Além disso, os parâmetros referentes ao deslocamento das juntas a (para juntas prismáticas) e q (para juntas rotacionais), como destaca a figura 6. Figura 6 – Medida dos parâmetros D-H das juntas Fonte: adaptada de Santos (2004). Desse modo, os parametros D-H para esse trecho do manipulador são: 1il l− = , 1 0ia − = , 1 0id − = e 1iq q− = . 6161 61 4.2.1 Matriz de transformação baseada nos parâmetros de Denavit-Hartenberg Dado dois sistemas de coordenadas {i-1} e {i}, é possível determinar uma transformação 1i iT − (transformação do sistema {i} com relação à {i-1} baseada na matriz de transformação homogênea, de modo a descrever a posição e orientação do sistema {i} com relação a {i-1}. Essa transformação pode ser descrita a partir dos parâmetros D-H e de acordo com uma sequência de quatro transformações intermediárias: uma rotação em torno do eixo z, uma translação no eixo z, uma translação no eixo x e uma rotação no eixo x: A sequência a ser aplicada deverá ser essa, já que a mudança na sequência de transformações cria uma transformação diferente, que pode resultar em coordenadas diferentes. Desenvolvendo o produto das transformações, tem-se a matriz de transformação 1i iT − igual a: Finalmente, a matriz de transformação completa que relaciona o sistema da base com o sistema do órgão terminal é dada por: Como exemplo, será obtida a a matriz de transformação para o manipulador VVL da figura 7. 6262 Figura 7 – Manipulador robótico Fonte: elaborada pelo autor. Seguindo o roteiro para determinar os parametros D-H, vamos marcar os eixos dos sistemas de coordenadas de cada junta para que seja possível determinar os parâmetros , , ,i i i il da q . Então temos a Tabela 1 apresentando os parâmetros D-H obtidos, a partir da análise apresentada na figura 8. Figura 8 – Manipulador robótico e seus eixos para definição dos parâmetros D-H Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1 – Parâmetros D-H para o manipulador da Figura 8 i ii a1 d1 qi 1 0 -90º d1 q1 2 0 90º d2 q2 3 0 0 d3 0 6363 63 Lembrando que a obteção dos valores mostrados na Tabela 1 seguem os procedimentos descritos anteriormente, por meio do estudo dos eixos e dos movimentos promovidos por cada junta da figura 8. Vale lembrar que quando i = 1 significa a ligação entre a junta 0 (base) e a junta 1, e assim sucessivamente. Para a transformação 12T , tem-se a matriz de transformação: Calculando todas as matrizes, e realizando a multiplicação de todas as transformações promovidas pelas juntas da figura 8, tem-se: Então, para saber as coordenadas do elemento terminal do manipulador, basta inserir na matriz os dados referentes ao comprimento dos elos e o deslocamento referente a cada junta. 5. Cinemática inversa O problema referente à cinemática inversa consiste basicamente em determinar o conjunto de deslocamento das juntas a fim que o órgão terminal atinja a posição desejada. Além disso, a cinemática inversa é importante para o desenvolvimento da modelagem dinâmica do manipulador, além do cálculo das trajetórias. Nesse caso, deve-se conhecer inicialmente a matriz de transformação do elemento terminal em relação à base e a partir dai desenvolver uma técnica para obter as variaveis de junta necessárias. 6464 Como já dito anteriormente, uma determinada posição pode ser atingida a partir de diferentes formas. Isso permite afirmar que existe uma multiplicidade de soluções para o problema de função inversa. Para destacar as soluções possíveis e válidas, algumas condições devem ser vistas, como a posição de interesse deve estar contida no volume de trabalho do manipulador, ou seja, deve ser um ponto tangível e levar em consideração as limitações de cada junta (limites de movimento de cada junta). Além disso, deve-se levar em consideração a presença de obstáculos e possível análise dinâmica (estudo das forças) envolvidas no movimento. Existem diversos métodos de cálculo da cinemática inversa, mas todas envolvem um custo de desenvolvimento muito maior que o dispendido na cinemática direta. Devido às capacidades computacionais existentes hoje, uma das formas para o desenvolvimento da cinemática inversa é o uso de métodos de otimização multivariável. Uma otimização é um método matemático iterativo, isso é, repetitivo, que busca reduzir a diferença entre o valor de uma função (podendo ser, no nosso caso, a coordenada desejada) e o valor atual, a partir da análise de resultados obtidos por meio de pseudo tentativa e erro. PARA SABER MAIS Os métodos de otimização são aplicados em praticamente todas as áreas da engenharia. Em muitos casos, a solução de um problema por meio de rotinas de otimização é mais ágil e eficiente que o desenvolvimento de um método específico para cada problema. Um exemplo da aplicação de rotinas de otimização é o método da bisseção, aplicado para obter as raízes de funções. Por meio desse método, o valor da variável x na qual a f(x)=0 é obtido por meio da minimização (redução) da diferença entre o valor da função em um ponto qualquer e o valor da função, quando x é uma raiz. 6565 65 Os métodos de otimização trazem a vantagem de serem um método genérico, ou seja, funcionam bem para quase todos os casos. Por isso são amplamente usados em softwares de projeto assistido por computador, buscando o melhor resultado
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