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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PSICOSSOMÁTICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE PSICOSSOMÁTICA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I INTRODUÇÃO 1 A DOENÇA E O PROCESSO DE CURA: ALGUNS PARADIGMAS E CONCEITOS 1.1 O PARADIGMA PRIMITIVO 1.2 O PARADIGMA GREGO 1.3 O PARADIGMA CARTESIANO 1.4 O PARADIGMA ROMÂNTICO 1.5 O PARADIGMA BIOMÉDICO 2 O DESENVOLVIMENTO DA PSICOSSOMÁTICA COMO UM CONCEITO – PARTE I MÓDULO II 3 O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PSICOSSOMÁTICA II (CONTINUAÇÃO) 4 A PSICOSSOMÁTICA NOS DIAS ATUAIS 5 PSICOSSOMÁTICA: UMA DEFINIÇÃO 6 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA DIMENSÃO SOCIAL NA PSICOSSOMÁTICA 7 REFERENCIAIS TEÓRICOS EM PSICOSSOMÁTICA 8 ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOSSOMÁTICA 10 A FORMAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA PSICOSSOMÁTICA E REFLEXÕES SOBRE A ÁREA DE ATUAÇÃO EM PSICOSSOMÁTICA MÓDULO III 11 PSICOSSOMÁTICA: PESQUISAS E EVIDÊNCIAS CLÍNICAS 11.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES X ASPECTOS PSICOLÓGICOS 11.2 ARTRITE REUMATOIDE X ASPECTOS PSICOLÓGICOS 11.3 CÂNCER X ASPECTOS PSICOLÓGICOS 11.4 EVIDÊNCIAS CLÍNICAS X PSICOSSOMÁTICA AN02FREV001/REV 4.0 4 MÓDULO IV 12 ALGUMAS CONDIÇÕES CLÍNICAS E A PSICOSSOMÁTICA 12.1 SÍNDROME GERAL DE ADAPTAÇÃO 12.2 ESTRESSE E PROCESSO DE AVALIAÇÃO 12.3 SÍNDROME DA FADIGA 12.4 DISTÚRBIOS DO SONO 12.5 DEPRESSÃO 12.6 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS – LER 12.7 DIABETES 12.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PSICONEUROIMUNOLOGIA 12.9 TRATAMENTOS ALTERNATIVOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I INTRODUÇÃO É bem provável que seus avôs e avós, pais e até mesmo você tenha aprendido na escola que o corpo humano se divide em cabeça, tronco e membros. Esta é uma divisão essencialmente anatômica que já chegou aos extremos em muitas práticas científicas. Parodiando, pode-se dizer que enquanto a Medicina acaba, muitas vezes, tratando do ser humano como se este fosse apenas uma “máquina”, com alguma “peça” com defeito quando doente e em perfeito estado quando saudável, a Psicologia pode olhar para este mesmo indivíduo como se ele existisse apenas em espírito (psiquismo), não levando em consideração o funcionamento do seu corpo. A abordagem psicossomática tem por intuito mostrar que o ser humano reage como um todo complexo, sendo que as dimensões psicológicas, sociais e biológicas funcionam e se influenciam mutuamente. Assim, esta complexa e profunda inter-relação é inerente para a compreensão dos processos de saúde e doença de qualquer pessoa. Contudo é importante lembrar que cada indivíduo possui características humanas que contêm aspectos muito especiais e que se diferenciam em termos de funcionamento e modos de reação, o que caracteriza cada um de nós como um ser único. Antes de avançar o tema, é importante clarificar o que se pressupõe por dimensões biológicas, psicológicas e sociais: a) A dimensão biológica refere-se às características que foram herdadas ou adquiridas durante a vida. Inclui os órgãos e sistemas do corpo humano, o metabolismo, além das resistências e a vulnerabilidade do organismo. AN02FREV001/REV 4.0 6 b) A dimensão psicológica lida com os aspectos afetivos, emocionais e intelectuais, além dos processos conscientes e inconscientes que influenciam a personalidade, a vida mental e a forma de se relacionar com as pessoas e com o mundo. c) A dimensão social corresponde à incorporação e influência dos valores, das crenças, da família, do trabalho, dos grupos aos quais pertence, das expectativas das pessoas com as quais convive, do meio ambiente, da localização geográfica, entre outros elementos que acompanham o indivíduo desde o seu nascimento e percorre toda a sua vida. Frente a essas dimensões, o organismo reage às situações da vida e em virtude da integração desses aspectos, o corpo humano reage a impactos e tensões. No corpo de cada pessoa está a marca de sua história de vida. Todo o processo biopsicossocial funciona a partir de impactos internos e externos ao organismo. Por sermos seres únicos com as dimensões biológicas, psicológicas e sociais totalmente ligadas, muitas vezes, uma doença atinge os três setores, desencadeando problemas nas três áreas. Entretanto, a maioria das pessoas não se dá conta desta inter-relação, atribuindo o problema a somente um aspecto. As respostas humanas estão vinculadas, ocorrendo simultaneamente em todo o organismo. Por exemplo: caso levemos um susto (reação psicológica), no mesmo instante a respiração se altera, a pressão arterial pode elevar-se, o pulso acelera, há palidez ou rubor facial, aumento da produção de suor, entre outras alterações fisiológicas (reações biológicas) e, muitas vezes, precisamos de outras pessoas para nos dar apoio (reação social). Nesse contexto, os seres humanos, com suas manifestações biopsicossociais, podem ser entendidos de forma mais abrangente nos quesitos saúde e doença, ou seja, de forma mais completa. Em coerência com a definição da Organização Mundial da Saúde, que define como saudável o indivíduo que possui “o completo bem-estar biológico, psicológico e social e não apenas ausência de doença”. AN02FREV001/REV 4.0 7 A fim de entender melhor essas dimensões de saúde e doença, apresentaremos nos próximos itens alguns mitos e paradigmas com intuito de levar ao estudante algumas noções a respeito da doença e de processos de cura até chegar ao conceito de psicossomática. 1 A DOENÇA E O PROCESSO DE CURA: ALGUNS PARADIGMAS E CONCEITOS Há inúmeros mitos e paradigmas que influenciam a maneira como o ser humano relaciona-se com a saúde e a doença, e como lida com elas. Esta relação origina-se desde o surgimento do homem e vem se desenvolvendo à medida que a sua consciência se amplia. O indivíduo do século XXI ainda apela para os deuses no momento de dor, bem como busca um significado para o seu sofrimento. Mesmo com o avanço da ciência e da tecnologia, os mistérios da vida e da morte permanecem. Conceitos religiosos e científicos mesclam-se e determinam as atitudes das pessoas frente à saúde e à doença. Os mitos dão ao sujeito a possibilidade de moldar a sua percepção do mundo e dos fenômenos, visto que florescem durante a busca do significado da vida e, por meio deles, passa-se a ter uma compreensão mais racional sobre o mundo. Como nos lembra Campbell (1990, p.6), “[...] mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano. Eles nos relacionam com a natureza e com o mundo natural.” Assim, a prática científica da cura reflete a moral, a ética, os mitos e o nível de desenvolvimento psicológico da cultura. 1.1 O PARADIGMA PRIMITIVO Conforme aponta Ramos (2006), primordialmente o homem era subjugado ao poder das forças ditas naturais, que a sua mente não conseguia assimilar. Desta AN02FREV001/REV 4.0 8 maneira, igualou-se aos poderes divinos, encontrando um apaziguamento temporário para suas angústias frente ao inesperado. Na maioria das religiões arcaicas, a natureza era vista como transcendente e, este fato, levou ao desenvolvimento de uma medicina em que a consideração pelo espiritual e pela busca de um significado maior para a saúdee a doença eram essenciais. Nesse sentido, se a vida tinha de ser vivida de acordo com a ordem natural do espírito, como nos propõe Maureci (1986), era esperado que o procedimento terapêutico em vigor tivesse o mesmo enfoque. O curador era, portanto, considerado o mediador entre as forças cósmicas e o doente, uma espécie de extensão entre o primitivo e o universo. Eis aqui a importância da figura do xamã, considerado o único apto a intervir nas forças ocultas em prol da saúde do enfermo. Contudo, ressalta-se que a cura nunca era atribuída a ele, mas sim ao mundo espiritual. Seu status consistia em sua habilidade de levar o doente ao transe e, posteriormente, ao êxtase. FIGURA 1 - O XAMÃ FONTE: Disponível em: <http://www.xamanismo.com.br/Universo/SubUniverso1186617496>. Acesso em: 08 jan. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 9 O “método” de cura xamânica fundamentava-se em ouvir o relato do paciente, com o intuito de descobrir qual tinha sido o erro cometido por ele, e não para descobrir o sintoma. A enfermidade era vista como uma consequência da violação de um tabu ou uma ofensa aos deuses. Para atingir a cura, o doente deveria restabelecer sua ligação com o divino via arrependimento e sacrifício. Assim, rituais, oferendas e sacrifícios eram utilizados para aplacar a ira dos deuses. Ramos (2006) traz como exemplo os índios tucanos da Amazônia. Na linguagem destes, a doença é chamada de doré, palavra derivada do termo doréri, que significa enviado, mandado. Para esta tribo indígena, a doença tem uma causa sobrenatural, enviada por um agente oculto, como forma de punição àqueles que não estiveram de acordo com as regras morais da tribo. Além disso, assinala a autora, doréri significa “transformar-se em alguma coisa por meio da imaginação”, o que nesta ótica mostra que doença e transformação são conceitos atrelados. Deste modo, a enfermidade, que pode ter sido causada por muitas transgressões dentro desta visão, também tem a finalidade de levar o indivíduo à transformação. Ressalta-se que tanto o xamã, quanto o pajé (uma mescla de feiticeiro, sacerdote e profeta entre as tribos indígenas brasileiras), eram profundos conhecedores das propriedades medicinais das ervas, das músicas que levavam ao transe e da terapia verbal (já que a palavra exercia grande poder em uma cultura não letrada). Solié (1976) descreve que em todas as civilizações que se seguiram à sociedade primitiva houve a continuidade de uma linha de pensamento que ligasse os efeitos da espiritualidade na saúde. Culturas hindus, egípcias, chinesas, babilônicas, caldeias, persas, gregas, entre outras, conceberam a influência dos mitos oriundos do cosmo de maneira semelhante, mostrando que em todas elas há a ligação entre o empírico, ou seja, a parte prática e a crença espiritual. Dessa forma, tanto as práticas terapêuticas quanto as concepções de vida, saúde e morte eram atreladas às crenças dos rituais religiosos. Para exemplificar, podemos citar algumas evidências históricas: a) A civilização assírio-babilônica em III a.C. Com suas curas ritualísticas e mágicas coexistiam com procedimentos baseados na mitologia, metafísica e astronomia. AN02FREV001/REV 4.0 10 b) O Egito Antigo, onde emergiram princípios associados às crenças religiosas que levavam em consideração o raciocínio baseado em sistemas físico-matemáticos na compreensão dos sintomas e na escolha terapêutica. c) Papiros encontrados no século XX, datados de 1500 a.C, que esboçavam o corpo humano com suas propriedades, doenças e quadros clínicos detalhados, acompanhados de procedimentos terapêuticos e de prognósticos. d) Heródoto, no século V a.C, que assinalava a divisão em especialidades na medicina egípcia. e) O Antigo Testamento, que aconselhava medidas de profilaxia e de higiene pessoal e coletiva por intermédio de regras alimentares e de organização social, entre outros. Considera-se dentro desse paradigma principalmente a figura do sacerdote- curador-médico que auxiliava na estabilidade física, emocional e espiritual do doente, ao mesmo tempo em que contribuía para conservar a harmonia entre sua psique e a natureza. Ramos (2006) destaca que o xamã foi o pioneiro no uso de técnicas de transe, psicodrama, análise de sonhos e análise de imaginação. Para a autora, enquanto este relembrava ao paciente as normas e valores de sua cultura por meio do mito coletivo, atualmente, o psicoterapeuta busca no passado inconsciente do paciente seu mito pessoal. Vale destacar que uma diferença relevante entre o homem primitivo e o contemporâneo é o racionalismo do atual, que fez com que se dissociasse dos valores religiosos e da natureza. O homem contemporâneo passou a acreditar que em razão de sua ampliação de conhecimentos científicos e tecnológicos, a natureza estava dominada e, portanto, tudo o que envolvesse espiritualidade era irrelevante, gerando um personalismo excessivo. Tal atitude foi amplamente desenvolvida pelos gregos da Antiguidade, como poderá ser visto a seguir. AN02FREV001/REV 4.0 11 1.2 O PARADIGMA GREGO Os precursores em dividir a categoria espiritual do material, além de desenvolver teorias científicas baseadas em observação, análise e dedução foram os médicos gregos da Antiguidade. É importante lembrar que essa divisão foi importante para que os filósofos gregos conseguissem compreender os fenômenos naturais. Para os médicos gregos, tudo o que existia no mundo e no cosmo eram passíveis de serem explorados e conhecidos. Contudo, a ideia de um princípio cósmico controlador ainda foi mantida pela cultura grega. Apesar de diferente da representação de Deus com forma humana, os gregos denominaram de princípio do noûs, a força criadora que diferenciava o mundo material de sua ação ordenadora, uma espécie de inteligência condutora descrita pelo filósofo Anaxágoras. Esse princípio aproximava-se da concepção de um criador divino. Como descrito por Ramos (2006), na Antiguidade, o uso da música e das palavras de encantamento eram habituais nos processos de cura. Os povos, de maneira geral, admitiam o poder curador e mágico destes elementos. Havia palavras que segundo a crença expeliam os espíritos malévolos das enfermidades – chamados de daimons. Sendo assim, a recuperação e a manutenção da saúde eram obtidas por intermédio das músicas, compreensão dos sonhos, dietas e meditação, ou seja, de eventos que levavam ao equilíbrio entre psique e soma. Vale ressaltar neste período, a importante contribuição dos filósofos pré- socráticos na concepção sobre saúde e doença. No século VI a.C., estes filósofos estavam dispostos a situar o corpo e suas doenças na trama das forças do Universo. Encontramos assim: a) Tales de Mileto, que questionou a origem divina dos fenômenos da natureza; b) Aleméon, de Cretone, o qual sustentava a ideia de que a saúde era expressão do equilíbrio do homem com o Universo; AN02FREV001/REV 4.0 12 c) Empédocles, de Agrigento, que acreditava que o corpo era formado por quatro elementos, fontes dos “humores”, subordinadas à luta permanente entre o amor (fonte de integração) e o ódio (fonte de desintegração), entre outros. Na concepção de Volich (2000), com o advento de Sócrates, gradualmente surgiu a ideia de que o homem seria constituído não apenas por um substrato material, mas também de uma essência imaterial, vinculada aos sentimentos e à atividade do pensamento, a alma. No âmbito da medicina, essa discussão determinou diferentes vertentes na compreensão da doença, da natureza humana e da função terapêutica. Nos escritos do filósofo Platão (380 a.C), considerado um importante filósofo posterior a Sócrates: “o grande erro de nossos dias no tratamento do corpo humano é que o médico separa a alma do corpo”. Estes, entre outros trechos, mostram o quanto Platão atribuiimportância à união corpo e alma e ao processo de cura que dava destaque às palavras. Nesse mesmo período, foram criados mais de 200 templos de incubação que rapidamente se espalharam pela Grécia, Turquia e Itália, em homenagem ao deus Esculápio (seu nome em romano) ou Asclépio (em grego), o deus da medicina e da cura. FIGURA 2 - TEMPLO GREGO FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:TempleOfHercules-ForumBoarium.jpg>. Acesso em: 08 jan. 2012. http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina AN02FREV001/REV 4.0 13 Nesses templos eram realizados tratamentos com ervas medicinais, banhos, arte teatral, sono, interpretação dos sonhos, entre outras técnicas em ambiente belo e agradável. O homem, nestes centros, era visto de uma forma global, sendo os prováveis precursores de locais que oferecem tratamento holístico (SOLIÉ, 1976). FIGURA 3 - DEUS ESCULÁPIO FONTE: Disponível em: <http://www.alzheimermed.com.br/biografia-alois-alzheimer/sua-vocacao- historia-mitologica-de-medicina>. Acesso em: 08 jan. 2012. Entre 460 e 377 a.C. viveu Hipócrates, considerado até hoje uma das figuras mais importantes da história da saúde, chamado "pai da Medicina". Hipócrates era um asclepíade, ou seja, descendente de uma família que, durante várias gerações, praticara os cuidados em saúde. Para ele, o corpo humano é um todo cujas partes se interpenetram. Hipócrates introduziu a ideia de unidade funcional do corpo, em que a alma exerce uma função reguladora. O homem, para ele, era uma unidade organizada, que poderia desorganizar-se, o que propiciaria a emergência de uma doença. AN02FREV001/REV 4.0 14 FIGURA 4 - HIPÓCRATES FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3crates>. Acesso em: 08 jan. 2013. Com importantes considerações e deduções, Hipócrates foi o precursor da medicina moderna. Todavia, por priorizar a racionalidade e a terapia orientada pela causalidade, seus métodos de tratamento substituiram o uso e o valor que outrora eram dados às palavras. Aqueles que eram partidários da visão de Hipócrates pressupunham que o cérebro era um recipiente com uma mistura que era liberada para aliviar o corpo do calor extra, denominada de plégma. O coração era a sede da alma na visão de seus seguidores. Simms (1980) cita que para o pioneiro da medicina contemporânea, a raiva tinha o poder de contrair o coração, aumentando o calor e, consequentemente, levando os fluidos para a cabeça, ao passo que em uma mente tranquila, a eutimia, estendia o coração. Ramos (2006) acredita que, no sentido simbólico, essas observações estão corretas, visto que são formas de expressão dos sentimentos e das sensações do ponto de vista do indivíduo que passa pelas alterações. Contudo, ressalta a autora, como a fala foi menosprezada, a ligação psique e soma, alicerces da psicossomática, ficou limitada. Os cientistas gregos buscaram conhecer a natureza, influenciando métodos e procedimentos que se tornariam padrão na Medicina e na Psicologia até os dias atuais. Possivelmente, a separação entre mente e corpo foi necessária para que o homem desenvolvesse conhecimentos mais aprofundados sobre ciência, religião, filosofia, entre outros. Tal rompimento foi acentuado com o tempo, até tornar-se AN02FREV001/REV 4.0 15 explícita para aqueles que se baseavam nas ideias de René Descartes, o qual foi interpretado como o introdutor de uma concepção que distinguia mente (espírito) e matéria. 1.3 O PARADIGMA CARTESIANO Na concepção de Descartes (1988), o corpo equivalia a uma máquina que funcionaria igualmente bem ou mal, tendo ou não psique. Enfatizava que a matéria era uma realidade separada da atividade mental, embora estejam ligadas pelo plano divino. Para ele o corpo não era nada além de uma máquina ou estátua feita de terra, criada por Deus. Apesar de não duvidar de que espírito e matéria provinham da origem divina, suas ideias foram interpretadas como propulsoras de que espírito e matéria funcionavam separadamente. Segundo Wilson (1980) e Brown (1990), Descartes não descreveu sobre uma cisão entre mente e corpo, mas sim uma interação que apresentava bases somáticas profundas dos estados afetivos e perceptivos. Dessa maneira, ele não negava a ligação entre mente e corpo, acreditando que a glândula pineal era a responsável pela interação de ambos, embora o corpo para o cientista pudesse funcionar sem a intervenção direta da alma e vice-versa. FIGURA 5 - RENÉ DESCARTES EM PINTURA DE FRANS HALS FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes>. Acesso em: 08 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 16 Em virtude da complexidade de suas ideias, coube a Descartes o estigma de ser o precursor do dualismo mente-corpo. Este fato tem sua face positiva e negativa. Do lado positivo, houve um maior incentivo ao pensamento científico. Sob o ponto de vista negativo, criou uma dificuldade na compreensão de um ser humano mais global, com suas múltiplas potencialidades, necessidades e complexidades. Ao final do século XVIII, houve um maior destaque à razão. O racionalismo ganha status, pois o conhecimento só poderia ser verificado por meio do intelecto. A religião e a ciência separam-se cada vez mais, gerando um abismo entre as crenças espirituais e o conhecimento objetivo. Diante desta postura, supõe-se que, psicologicamente, houve uma ruptura entre o ego e os conteúdos inconscientes, auxiliando uma desintegração no processo coletivo da humanidade com relação à percepção da interconexão de seus conteúdos internos e externos. 1.4 O PARADIGMA ROMÂNTICO Na primeira metade do século XIX, surgiu um novo paradigma que influenciou a forma de lidar com estados de saúde. Surge, assim, a medicina romântica, um modelo que contestava o racionalismo. Gusdorf (1984) cita que, por meio de observações clínicas dos pacientes, houve uma redescoberta da irracionalidade da psique e os seres humanos passaram a ser vistos como um campo global e que não poderia ser contemplado apenas como um conjunto de partículas. Estar ou não sadio é resultado da interação de diversos fatores. Nesta ótica, o indivíduo doente estava submetido a um desequilíbrio não natural, causado por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos, morais e espirituais. Rozenkrantz (1985) destaca que, como estes fatores eram muito subjetivos, os médicos dificilmente prescreviam tratamentos específicos para uma enfermidade, mesmo quando a doença localizava-se em um determinado órgão, eles observavam que o organismo reagia como um todo. AN02FREV001/REV 4.0 17 Nesse período, enfatiza-se a ideia de que as doenças corpóreas possivelmente estavam expressando perturbações da consciência, da mesma forma que as doenças psicológicas se relacionavam com o campo orgânico. Havia, portanto, uma correlação entre corpo e mente que estava além das explicações mecanicistas. Ramos (2006) menciona que nesta época a Psiquiatria foi incorporada à Medicina, é quando surge o termo “psicossomática”. Além disso, a autora salienta que, neste paradigma, o tratamento de alguma doença variava conforme as condições do paciente, sendo prescritos medicamentos, dietas, mudanças de moradia, modificações de comportamento, que implicavam em um profundo conhecimento da intimidade do enfermo pelo médico. Warner (1986) evidencia que dentro deste paradigma, a relação entre médico e paciente tem um papel de destaque, bem como a sensibilidade para os aspectos psicológicos. Nota-se que centenas de artigos escritos no século XIX tratavam dos componentes psicológicos em uma doença. Diante dessas concepções, o homem enfermo era considerado um ser em relação com ele mesmo, com as pessoas e com o mundo, além de estar integrado à arte, ciência e religião. 1.5 O PARADIGMA BIOMÉDICOContudo, já no final do século XIX, o paradigma romântico passou a ser rejeitado, principalmente porque ele era baseado no empirismo, ou seja, na experiência do profissional que tratava da enfermidade, situação que também não admitia qualquer generalização. Deste modo, o conhecimento que havia sido obtido por meio de um paciente praticamente não se aplicava a outro, afinal para se obter a cura era necessária uma observação clínica muito específica de cada caso. Myers e Benson (1992) propõem que o paradigma biomédico, que estava fundamentado em pesquisas e na fisiologia experimental, fez-se mais influente. A doença continuou a ser considerada como um desvio da normalidade, mas não era mais vista de forma holística. AN02FREV001/REV 4.0 18 As interações entre diversos fatores tão enfatizados no paradigma anterior foram praticamente substituídas apenas pelas anormalidades biológicas, proporcionando o advento do reducionismo. Gradualmente, a observação clínica perdeu seu status de importância prioritária para as pesquisas experimentais, sendo que estas foram consideradas como a principal forma de se obter um conhecimento científico fidedigno. Sendo assim, a relação corpo e mente sofre uma cisão. Perde-se a visão da correlação entre os mais variados aspectos e fatores, reduzindo os sistemas corporais em partes. Sai de cena o olhar clínico individual e entra em voga a ênfase sobre os aspectos universais da patologia, ou seja, o materialismo tomou lugar da tendência anterior que considerava fatores não materiais no tratamento de um indivíduo. Segundo Myers e Benson (1992), os aspectos não materiais não eram suscetíveis de serem medidos facilmente em laboratórios e, por isso, foram negligenciados. Foss e Rothenberg (1987) citam que se as “ideias” não tinham poder “material”, então não eram levadas em consideração, visto que não teriam nenhum efeito sobre as condições corpóreas. Dentro desse novo panorama, a doença é encarada como uma entidade separada, uma espécie de desvio das normas fisiológicas, sendo o corpo pensado como um conjunto de sistemas relacionados, mas relativamente independentes. Ao buscar uma única causa para a doença, houve a promoção do pensamento reducionista, que se por um lado não levava em consideração o ser humano em seus aspectos mais subjetivos e também não tinha como meta o restabelecimento de um estado de equilíbrio completo, por outro lado permitiu avanços a respeito de como cada parte funcionava no todo. Ramos (2006) aponta que também houve uma mudança significativa para o universalismo, que seria a ênfase colocada nos aspectos universais da doença. A autora descreve que, com o advento do paradigma biomédico, foram descritas uma série de normas para diversos parâmetros fisiológicos (como temperatura, pressão, batimentos cardíacos, entre outros) e psicológicos (pensamentos, sensações e emoções). Com o início do universalismo, a referência do paciente como um ser único foi posta de lado e qualquer desvio das normas universais era considerado doença. Desta forma, os diagnósticos eram realizados sem considerar as características AN02FREV001/REV 4.0 19 pessoais, sociais, morais, psicológicas e crenças espirituais dos pacientes. Aspectos sociais e psíquicos não eram mais considerados como relevantes sobre o organismo em um tratamento clínico. Diante deste contexto, Fabrega (1990) aponta que se deu início ao estudo sistematizado da semiologia das doenças, ou seja, a ciência dos sinais da doença, em que mente e comportamentos são observados como entidades praticamente físicas, divididas em ideias, sensações e sentimentos, com um local próprio de representação no cérebro e eram mensuráveis. Com a ênfase sobre o reducionismo, universalismo e materialismo, o olhar com relação às enfermidades foi radicalmente modificado, sendo as mesmas pensadas como compostos de lesões anatômicas ou fisiológicas. Fabrega (1990) cita que somente mais tarde, houve a diferenciação entre os sinais considerados internos dos vistos como externos. Para o autor, a elaboração dos conceitos como neurose e alucinação como fenômenos de procedência interna e psicológica auxiliou na diferenciação entre o considerado “puramente” psicológico do “puramente” fisiológico, bem como para o desenvolvimento do estudo sobre as doenças mentais, a psicopatologia. Dessa forma, adentra-se no século XX com uma visão fragmentada de homem. O pensamento sobre as doenças no campo médico dá um destaque para a objetividade, concretude e padronização dos sintomas. O mito que emerge desta ótica é a de que o homem pode, do mesmo modo que disseca um corpo, manipular e dominar a natureza. Tal concepção, ainda exerce uma grande influência sobre o conceito de doença, da relação mente-corpo e, até mesmo, sobre a psicossomática. 2 O DESENVOLVIMENTO DA PSICOSSOMÁTICA COMO UM CONCEITO – PARTE I Primeiramente, é importante ressaltar que há uma grande confusão conceitual, tanto da área médica como psicológica, quando se trata dos fenômenos relativos à psique-corpo e sua relação com as enfermidades de modo geral. Em razão da falta de clareza, conceitos como somatização, histeria, mecanismos de AN02FREV001/REV 4.0 20 conversão e psicossomatização se mesclam e são usados com o mesmo significado em diversos estudos. A maioria dos autores parte de definições baseadas em seus estudos empíricos sem o cuidado de definir o conceito empregado, dificultando o estabelecimento de um consenso para o significado de psicossomática. A fim de entender melhor este conceito, buscar-se-á aqui esclarecer um pouco sobre como o termo foi construído. Lipowiski (1984) menciona que o termo “psicossomática” foi empregado pela primeira vez em 1818, pelo psiquiatra alemão Heinroth. O médico usou o termo para explicar qual era a causa da insônia, bem como a influência das paixões na tuberculose, epilepsia e câncer. Na concepção “recém-criada”, psicossomática designava a influência dos aspectos emocionais sobre uma enfermidade. Entretanto, mais tarde o termo foi adotado em demasia por médicos alemães e ingleses. Em 1828, Heinroth também propôs o termo somatopsíquico, o qual era dedicado a explicar as doenças em que o fator orgânico afetava o emocional. FIGURA 6 - DOCUMENTO ONDE O TERMO PSICOSSOMÁTICA FOI USADO PELA PRIMEIRA VEZ, EM 1818 FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:194_Heinroth_1818.jpg>. Acesso em: 08 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 21 Para Ramos (2006), Felix Deutsch é, atualmente, considerado o reintrodutor do termo “medicina psicossomática”, em Viena, no ano de 1922. Vale ressaltar que foi a palavra e não o seu conceito que permaneceu no limbo da história até esta época quando Deutsch, que era discípulo de Freud, a retomou, enfatizando que a Medicina Psicossomática era uma prática que buscava a promoção da saúde, levando em conta a integração entre funções corpóreas e processos mentais. FIGURA 7 - FELIX DEUTSCH, REINTRODUTOR DO TERMO PSICOSSOMÁTICA FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/67/Bundesarchiv_Bild_102- 05933,_Felix_Deutsch.jpg/180px-Bundesarchiv_Bild_102-05933,_Felix_Deutsch.jpg>. Acesso em: 08 jan. 2013. Entretanto, enfatiza a autora, foi Helen Dunbar que formulou, em 1935, a principal base para a formação dessa área por meio de observações sistemáticas e aplicação de uma metodologia científica em seu livro intitulado “Emotions and biology changes: a survey of literature on psychosomatic interrelationships: 1910- 1933” [Mudanças emocionais e biológicas: uma pesquisa da literatura sobre inter- relações psicossomáticas: 1910-1933]. Apesar de Dunbar não considerar o termo adequado, pois não expressa que mente e corpo são aspectos de uma unidade fundamental, o conceito fora consagrado por falta de outro quetivesse uma maior aplicabilidade, caindo em seguida no domínio público e científico. Na visão da autora, Carl Gustav Jung também influenciou as ideias de Dunbar, visto que pouco antes de escrever seu livro, ela esteve em Viena com Deutsch e em Zurique com Jung. Neste período, ele realizava estudos de reações psicofisiológicas advindos da AN02FREV001/REV 4.0 22 ativação de complexos e dos estudos da tipologia e suas manifestações físicas. Para Jung (1971), a divisão entre corpo e mente era uma dicotomia artificial, havendo na verdade um íntimo inter-relacionamento dos traços psíquicos e corporais. Dunbar é considerada a idealizadora e fundadora da American Psychosomatic Society e da revista Psychosomatic Medicine em 1939. No editorial do primeiro número da revista, há a definição que norteia os trabalhos dessa organização até o presente momento: “Seu objetivo é estudar a inter-relação dos aspectos psicológicos e fisiológicos do funcionamento normal e anormal do corpo e integrar a terapia somática na psicoterapia” (The Editors, 1939, p.3). FIGURA 8 - HELEN DUBAR FONTE: Disponível em: <http://silentladies.com/annex/Dunbar.jpg>. Acesso em: 08 jan. 2013. Estudiosos da psicossomática acreditam que tanto a publicação do livro de Dunbar quanto a fundação da American Psychosomatic Society são um marco no surgimento da psicossomática como um campo organizado de pesquisa científica e deram início a um movimento que tinha por objetivo transformar o atendimento clínico. Todavia, como citado anteriormente os editores da revista definiram o campo de estudos da psicossomática como a inter-relação dos aspectos psicológicos e fisiológicos das funções do corpo, o que não deixa de ser uma afirmação AN02FREV001/REV 4.0 23 tendenciosa, pois propõe a aplicação de uma abordagem organicista na psicoterapia. Na década de 1930, os cientistas Pavlov e Cannon desenvolveram importantes estudos sobre psicofisiologia que contribuíram para o avanço da psicossomática ao focar sobre os mecanismos que relacionavam as variáveis psicológicas às funções corpóreas. Em contrapartida, como ambos se valiam da metodologia clássica experimental, acabavam por reforçar a visão dualista de mente e corpo. Heidberg (1964) expõe que, a fim de reagir a essa psicologia experimental e laboratorial, por volta de 1920-1930 os estudiosos Kohler, Koffka e Wertheimer introduzem um novo campo de estudo da Psicologia, que denominam de psicologia da Gestalt, que parte do pressuposto de que o organismo não pode ser compreendido pelo estudo das suas partes isoladas, mas sim como uma totalidade autônoma, irredutível e com leis próprias. Neste sentido, Kohler enfatizava que cada elemento dependeria da estrutura do conjunto e das leis que a regem. Outro importante estudioso que merece destaque foi Seyle, que, na década de 1950, descobriu a síndrome geral de adaptação, mais conhecida como síndrome do estresse. Conforme Seyle (1956, p.42), estresse é “a soma de todos os efeitos específicos dos fatores (atividade normal, produtores de doenças, drogas, entre outros) que podem atuar sobre o corpo”. Para o pesquisador, o estresse é uma condição que pode ser mensurada por mudanças nos órgãos do corpo. Além disso, também defende a ideia de que este estado é resultante da autopreservação (homeostase) das partes dentro do todo. Apesar de suas pesquisas seguirem um modelo mais redutivista e organicista, elas levam a importantes reflexões. Para Seyle, em toda doença há um elemento de adaptação, o que o levou a escrever sobre as doenças de adaptação, que seriam reações defensivas e adaptativas de um corpo, o que resultaria em enfermidades que provêm ou pelo excesso de defesa ou pelo excedente de reações corporais. Desta maneira, Seyle contribuiu demasiadamente com a área da psicossomática, pois descobriu o quanto e como o corpo se transforma sob estresse. AN02FREV001/REV 4.0 24 FIGURA 9 - BUSTO DE HANS SELYE FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Selye>. Acesso em: 08 jan. 2013. Outro importante estudioso que merece destaque é Sigmund Freud (1891/1954). Conhecido mundialmente como o pai da psicanálise, Freud pesquisou com afinco sobre como as emoções influenciavam o corpo, dando uma atenção especial ao papel da origem na formação dos sintomas, ou seja, da etiologia. Conceitos como repressão e conversão auxiliaram no embasamento das hipóteses psicossomáticas. Para o psicanalista, os sintomas histéricos emergiam quando o afeto associado há uma ideia conflitava com o ego e, consequentemente, resultava em uma repressão com posterior descarga em sintomas e inervações somáticas. Por “conversão”, Freud entendia que se referia a um processo em que a excitação era transformada em sintomas histéricos, e o termo “complacência somática” designava uma suscetibilidade orgânica, anterior ou concomitante ao trauma, que exerceria a função de leito para a conversão histérica. Todavia, suas hipóteses ficaram centradas somente à histeria e não às demais doenças orgânicas. Um dos maiores méritos de Freud (1895/ 1966) foi sem dúvida a sua teoria sobre o inconsciente dentro do referencial científico que estava em voga na época, este sugeria que a psique tinha um local e exercia atividades específicas e mensuráveis. Suas ideias sobre os instintos, repressão, sublimação, culpa, neurose AN02FREV001/REV 4.0 25 entre outros deram base para a formulação de uma teoria sobre o comportamento dos seres humanos em sociedade. Na concepção freudiana, os instintos eram as forças primárias que impulsionavam a vida humana, e cada indivíduo tinha por objetivo chegar a um equilíbrio entre estas forças e as pressões do mundo externo, resultantes das necessidades do superego e do princípio de realidade. Neste processo, o indivíduo passa a reprimir a sua vida instintiva e, consequentemente, seus desejos para que possa se inserir em um nível social, gerando assim, ansiedade, depressão e doenças mentais. A terapia baseada nestes pressupostos possui o intuito de conduzir a psique a uma adaptação mais saudável do indivíduo com sua condição de vida, dando-lhe mais energia. Contudo, sem muitas vezes dar razões suficientes para fazê-la, já que para Freud qualquer pensamento que estivesse ligado a uma concepção religiosa ou atuação de força espiritual na vida de um sujeito era visto como uma expressão de dependência psíquica atrelada à necessidade de diminuir o medo frente ao desconhecido. FIM DO MÓDULO I
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