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Qual é a dieta indicada durante o período de amamentação

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Qual é a dieta indicada durante o período de amamentação?
Introdução
As mulheres lactantes têm uma incrível capacidade de produzir leite materno em quantidade e qualidade
suficientes para o bebê, mesmo que não estejam se alimentando adequadamente. O organismo da
mulher prioriza a produção leite, mas há limites até onde o corpo consegue compensar uma dieta
inadequada, seja em qualidade ou em quantidade de calorias e nutrientes.
Mas o fato do seu bebê não ser prejudicado por eventuais lapsos na sua dieta não significa que você
não possa sofrer problemas nutricionais. Quando a lactante tem problemas na sua dieta e não consegue
obter os nutrientes de que precisa, seu corpo vai atrás das suas reservas, podendo eventualmente
esgotá-las.
Não é recomendado adotar dietas restritivas para perda de peso durante o aleitamento, uma vez que a
mãe precisa de força e resistência para produzir leite e cuidar do bebê.
Peso materno durante o aleitamento
As alterações de peso nas mulheres que amamentam são muito variáveis. Habitualmente, uma gradual
perda de peso ocorre durante os primeiros seis meses de amamentação.
Essa perda de peso pode ser maior ou menor dependendo de alguns fatores, como qualidade e
quantidade da alimentação, prática de exercícios físicos, ganho de peso durante a gravidez, peso antes
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da gravidez, massa muscular, idade da mãe, tempo de licença materna, etc.
Esses fatores podem fazer com que a diferença de ritmo de perda de peso entre duas lactantes seja de
até 1 quilo por mês.
É importante lembrar que nas primeiras semanas, grande parte da perda de peso se refere à perda de
água retida durante a gravidez. Após os inchaços irem embora, a perda de peso se dá por conta da
eliminação de gordura.
Habitualmente, nas mulheres bem nutridas, não há relevante perda de massa muscular durante o
período de aleitamento materno. A perda de peso se dá mesmo é pelo consumo de tecido adiposo
(gordura).
Apesar de ser amplamente divulgado que a amamentação ajuda a mulher a perder peso após a
gravidez, esta relação ainda é controversa. Diferentes estudos mostram resultados contraditórios, que
variam desde maior perda de peso com o aleitamento, menor perda de peso com o aleitamento ou
nenhuma diferença na perda de peso entre mulheres lactantes e não lactantes.
É fato que a produção de leite aumenta o consumo calórico basal das mães. Uma mulher que amamenta
precisa consumir, em média, mais 500 calorias na sua dieta para manter um consumo calórico
adequado. Porém, não é preciso se preocupar contando calorias na sua alimentação, já que a maioria
das mulheres acaba conseguindo aumentar naturalmente a ingestão de calorias devido ao aumento da
fome que o aleitamento materno provoca.
Ingestão de líquidos
As lactantes produzem, em média, 750 a 800 ml de leite materno por dia. Muitas mulheres têm dúvidas
sobre qual o volume de água que elas devem beber durante o período de aleitamento materno para não
prejudicar a produção de leite.
Não é preciso quantificar o volume de líquidos que você bebe ao longo do dia. O importante é consumir
água o suficiente para não sentir sede, procurando manter a urina sempre diluída e clara (leituras
recomendadas: Urina com cheiro forte e Quantos litros de água devemos beber por dia?).
Para facilitar sua vida, antes de cada amamentação, mantenha sempre um copo de água por perto para
que você tenha fácil acesso quando sentir vontade de bebê-lo.
Evite bebidas com cafeína, pois além de passá-la para o seu bebê através do leite, a cafeína tem efeito
diurético, podendo deixá-la mais desidratada.
Nutrientes recomendados para lactantes
Na maioria dos casos, a dieta habitual da mãe é mais do que suficiente para manter um bom estado
nutricional do bebê e dela mesma. O aumento da fome é um excelente mecanismo para que
inconscientemente o consumo de calorias, proteínas e outros nutrientes se eleve, atingindo valores
desejáveis.
Teceremos breves comentários sobre alguns nutrientes que mais causam dúvidas nas lactantes.
https://www.mdsaude.com/nefrologia/urina-com-cheiro-forte/
https://www.mdsaude.com/nefrologia/quantos-litros-de-agua-devemos-beber-por-dia/
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Ferro
O leite materno fornece, em média, 3 mg de ferro por dia. Em geral, se a mãe não tem anemia, não há
necessidade de repor ferro, basta uma alimentação balanceada.
A perda de ferro para o leite é menor do que a perda de ferro habitual durante a menstruação. Como não
menstruam nos primeiros meses de aleitamento, as mulheres acabam tendo estoques de ferro melhores
durante a amamentação do que em outros períodos da vida.
Boas fontes de ferro incluem carnes, feijão, ervilha, lentilha, cereais enriquecidos, produtos feitos com
grãos integrais, vegetais folhosos verde-escuro e frutos secos. Para ajudar na absorção, procure comer
alimentos ricos em ferro em combinação com alimentos ricos em vitamina C, como morangos, frutas
cítricas ou tomates.
Proteínas
A quantidade média de proteínas excretada diariamente no leite materno é de 8 gramas. Recomenda-se
um aumento de 25 gramas de proteínas na dieta habitual para compensar essas perdas.
Em geral, a quantidade de proteínas no leite não se altera, mesmo que a mãe tenha um baixo consumo
de proteínas na dieta. O problema da falta de proteínas não é para o bebê, mas sim para a mãe, que
pode começar a ter sua massa muscular consumida.
Boas fontes de proteína podem ser encontradas em carnes, ovos, produtos lácteos, soja, legumes,
lentilhas, nozes, sementes e grãos integrais.
Cálcio
Cerca de 210 mg de cálcio são excretados no leite materno diariamente. A amamentação pode causar
uma redução temporária na quantidade de cálcio nos ossos.
Estudos mostram que essa perda não consegue ser revertida, mesmo com o aumento de cálcio na
dieta. A boa notícia é que esse fato parece não ter muita relevância clínica, já que a perda óssea é
geralmente recuperada após o fim do período de aleitamento.
Além disso, alguns estudos apontam que mulheres idosas que amamentaram quando jovens
apresentam menor índice de osteoporose quando comparadas as mulheres que não amamentaram.
Portanto, o consumo de cálcio durante a amamentação não precisa ser aumentado. Todas as mães
devem consumir um mínimo diário de 1.000 mg de cálcio, que é a quantidade indicada para todas as
mulheres em geral.
As fontes primárias de cálcio na dieta são o leite e outros produtos lácteos, tais como o queijo, manteiga
e iogurte. Vegetais verdes, como espinafre, também são boas opções.
Vitaminas
As vitaminas também são excretadas no leite, por isso indica-se um aumento no consumo das mesmas
durante o período de amamentação.
https://www.mdsaude.com/endocrinologia/osteoporose/
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Mais uma vez, uma dieta variada, rica em frutas, verduras, legumes e carnes é suficiente para repor
essas necessidades. Se você não consegue ter uma dieta equilibrada, é possível que seu médico
recomende o uso de multivitamínicos, para garantir um bom consumo de vitamina A, E, C e B.
O que a mãe não deve comer durante o aleitamento
Alguns tipos de comidas e bebidas devem ser evitados ou bem reduzidos durante a amamentação.
Falaremos um pouco sobre alguns desses alimentos.
Álcool
Quando a lactante consome álcool, uma pequena parte deste é transferido para o leite materno. A
quantidade de álcool considerado “segura” durante a amamentação é controversa. Uma série de fatores
afeta a quantidade de álcool transferida para o leite materno e o quanto deste o bebê absorve.
Uma mulher de peso médio precisa de cerca de duas horas para que uma única dose de álcool (um
copo de cerveja ou taça de vinho) seja completamente metabolizada e eliminada de seu corpo.
Portanto, para evitar qualquer quantidade de álcool sendo transferida para o bebê, os especialistas
recomendam que a mulher não consuma álcool se for amamentar nas próximas 2 ou 3 horas (leitura
recomendada: Efeitos do álcool – Tratamento do alcoolismo).
Nota: o uso de bombas para retirar o leite não acelera o processo de eliminação do álcool no mesmo.
Cafeína
A maioria dos médicos sugereque durante a amamentação as mães devem limitar o consumo de
cafeína (incluindo café, chás, refrigerantes, bebidas energéticas, chocolate, etc.) para não mais do que
200 a 300 mg por dia (cerca de duas a três xícaras de café por dia).
Atenção: esse limite de 300 mg ainda está sob debate, por isso, o ideal é consumir o mínimo possível
de alimentos com cafeína. Se o seu bebê se torna irritadiço com a cafeína da sua dieta, corte o café,
refrigerantes e o chocolate da dieta.
Chocolate
O chocolate contém pequenas quantidades de cafeína e quantidades maiores de um composto
intimamente relacionado, a teobromina. Ele também contém anandamida e dois compostos relacionados
que estimulam os receptores canabinoides: triptofano e polifenóis.
Todos esses compostos podem ser detectados no leite materno em pequenas quantidades. A baixa
ingestão de chocolate (1 barra de por dia) por uma mãe que amamenta não é problemática, mas
quantidades elevadas de chocolate podem afetar o bebê.
Peixes com elevada concentração de mercúrio
Os peixes fornecem proteína de alta qualidade e outros nutrientes essenciais, incluindo ácidos graxos
ômega-3. O consumo de peixes por mães que amamentam tem sido sugerido devido à grande
https://www.mdsaude.com/dependencia/efeitos-alcool/
https://www.mdsaude.com/nutricao/omega-3/
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quantidade de ácidos graxos essenciais, importantes no desenvolvimento do cérebro do recém-nascido.
No entanto, quase todos os peixes e frutos-do-mar contêm traços de mercúrio. Para a maioria das
pessoas, esta pequena quantidade é irrelevante. Todavia, mesmo resquícios de mercúrio parecem ser
prejudiciais ao sistema nervoso em desenvolvimento do bebê.
Portanto, mães que amamentam não devem comer peixes sabidamente ricos em mercúrio. Os principais
são:
Tubarão (cação).
Cavala (Scomberomorus cavalla)
Marlins (peixes da família Istiophoridae).
Peixe-relógio (Hoplostethus atlanticus).
Espadarte (Xiphias gladius).
Peixes da família Malacanthidae.
Patudo ou atum-patudo (Thunnus obesus).
Outros peixes ou crustáceos possuem concentrações menores de mercúrio, como lula, camarão,
anchovas, sardinha, truta, bacalhau, salmão, badejo e bagre.
Em geral, qualquer peixe que não esteja na categoria de “elevada quantidade de mercúrio” pode ser
consumido até 2 ou 3 porções por semana (uma porção tem cerca de 115 g). O atum, inclusive enlatado,
contém um pouco mais mercúrio e pode ser consumido uma vez por semana.
Adoçantes artificiais
Sacarina, sucralose e acessulfame de potássio podem ser identificados no leite materno humano em
níveis baixos se forem consumidos pela lactante.
A ingestão materna de quantidades típicas provavelmente não causa efeitos adversos no bebê, embora
alguns especialistas desaconselhem a ingestão materna de grandes quantidades dessas substâncias.
O aspartame não é secretado no leite materno humano, mesmo quando consumido em quantidades
muito superiores às quantidades típicas, sendo, portanto, a opção mais segura para o bebê.
Suplementos esportivos para quem amamenta
Creatina
A creatina é usada como suplemento alimentar para aumentar a massa muscular e melhorar o
desempenho nos exercícios. É provavelmente o suplemento esportivo mais estudado e com melhor
perfil de segurança. No entanto, não existem estudos específicos em lactantes (leitura recomendada:
Suplementos de creatina fazem mal à saúde?).
A creatina é um componente normal do leite humano, fornecendo cerca de 9% das necessidades diárias
do bebê. Ainda não existem estudos que tenham medido os níveis de creatina no leite após o consumo
de suplementos de creatina por humanos.
https://www.mdsaude.com/nutricao/creatina/
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A creatina é convertida em creatinina nos corpos da mãe e do bebê. A ingestão de suplementos de
creatina pela mãe pode aumentar a creatinina sérica do bebê, o que pode alterar as estimativas da
função renal do bebê (leitura recomendada: Creatinina e ureia [exame para avaliação dos rins]).
Alguns autores especulam que a suplementação de creatina em mães que amamentam pode ajudar a
evitar síndromes de deficiência de creatina, mas não há estudos disponíveis que testem essa hipótese.
Muito provavelmente não faz mal, mas até que haja mais dados disponíveis sobre sua segurança, é
melhor evitar a suplementação de creatina, a menos que seja prescrita por um profissional de saúde.
Proteína Whey
Suplementos de proteína Whey são permitidos e muitas vezes indicados para as lactantes que não
conseguem manter um consumo adequado de proteínas.
O único porém é em relação à qualidade do produto. Se você for tomar Whey, escolha uma marca de
qualidade, que tenha certificados de boa qualidade para não haver substâncias danosas, como
hormônios, cafeína ou estimulantes, escondidas em sua fórmula.
Bebês que não toleram certos alimentos
A maioria das mães pode comer uma grande variedade de alimentos, incluindo os picantes, sem que
isso cause qualquer reação ao seu bebê.
No entanto, alguns alimentos parecem estar mais relacionados a desconfortos do bebê, causando
gases, cólicas e irritação. São eles:
Brócolis.
Repolho.
Leite de vaca.
Nozes.
Ovos.
Chocolate.
Frutas cítricas.
Alho.
Pimentão.
Alimentos picantes.
Soja.
Frutos-do-mar.
Cebola.
É importante salientar que todo bebê tem seus dias melhores e piores, sem que necessariamente haja
uma explicação clara para isso. Muitas mães procuram logo algum culpado na dieta que justifique essas
alterações de comportamento do bebê.
Se o bebê está sofrendo com cólicas e mãe comeu ovos, leite ou algo picante na última refeição, é
tentador criar essa relação e culpar os alimentos pelo mal-estar do bebê. É sempre bom lembrar, porém,
https://www.mdsaude.com/nefrologia/ureia-creatinina/
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que correlação não implica necessariamente em casualidade. Pode haver relação, mas habitualmente, a
dieta da mãe não é a única culpada pelas cólicas do bebê. Há várias outras causas (leitura
recomendada: Cólicas do Bebê – Causas, prevenção e tratamento).
No entanto, se você suspeita que algum alimento possa estar fazendo seu bebê ficar mais inquieto que
o habitual, não custa nada suspendê-lo por alguns dias e ver se há alguma resposta. Mas atenção,
mesmo que o bebê melhore o humor, isso não prova que a culpada era a comida. Como já dissemos, o
humor do bebê pode variar muito de um dia para o outro nos primeiros meses de vida.
Em casos raros, o bebê pode ser alérgico a alguma coisa que você comeu. Nestes casos, é possível
notar reações na pele, respiração ruidosa, congestionamento nasal e alterações nas características
habituais das fezes. Se você suspeitar de alergia, entre em contato com o pediatra.
Perguntas e respostas
A dieta da mãe interfere com o sabor do leite materno?
Sim, a alimentação da mãe pode alterar sutilmente o sabor do leite materno, familiarizando o bebê com
diferentes sabores, o que pode facilitar a introdução de alimentos sólidos mais tarde.
A lactante deve consumir mais calorias durante o período de amamentação?
Sim, geralmente recomenda-se um aumento na ingestão calórica durante a lactação para compensar a
energia gasta na produção de leite.
O que comer durante a amamentação para evitar cólicas no bebé?
As cólicas dos bebês não estão necessariamente relacionadas com a dieta da mãe. Alguns alimentos
porém, podem causar irritação no bebê. Se o seu bebê anda com muitas cólicas, você pode fazer um
diário das refeições, apontando o que comeu, para tentar encontrar algum alimento que possa estar
piorando o quadro.
Estou amamentando, posso tomar café?
A cafeína passa para o leite materno, mas uma ou duas xícaras de café por dia não costumam fazer
mal. Mas do que três já pode ser excessivo.
É impostante destacar que alguns bebês são mais sensíveis à cafeína e podem ficar irritados ou ter
dificuldade para dormir, mesmo com pequenas quantidades de cafeína.
A sensibilidade dos bebês geralmente vai diminuindo com o tempo, pois a capacidade de metabolizar a
cafeína vai melhorando com o crescimento, atingindo níveis semelhantes aos dos adultos com cinco
meses.
Pode comer chocolatena amamentação?
Sim. Em quantidades moderadas, como uma barra de chocolate por dia, não há evidências de
malefícios para o bebê.
https://www.mdsaude.com/pediatria/colicas-bebe/
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Quanto tempo devo esperar para amamentar após beber?
O ideal é não beber. Mas se isso já tiver acontecido, o mais seguro é dar, no mínimo, duas a três horas
de intervalo se tiver tomado um copo de cerveja ou uma taça de vinho.
A cerveja Malzbier aumenta a produção de leite?
Não, isso é um mito. Nenhuma bebida alcoólica estimula a produção de leite. O mesmo vale para
cerveja sem álcool.
O que comer para ajudar na produção de leite?
Proteínas, calorias e água.

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