Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
14 CAPÍTULO Excreção Mamíferos marinhos não dispõem de água doce para beber. Sua fonte de água é o próprio alimento. Os rins desses animais são muito mais ecientes do que os nossos na eliminação de sais e na economia de água. Essa eciência é importante para garantir que, através do sistema excretor, ocorra a eliminação de excretas nitrogenadas compostos altamente tóxicos que não devem ser acumulados pelo organismo. A regulação do pH sanguíneo e outros processos essenciais para a regulação homeostática também são funções realizadas por esse sistema. FRENTE 3 S E D T ra v e P h o to g ra p h y /S h u tt e rs to c k .c o m BIOLOGIA Capítulo 14 Excreção182 Excreção e estruturas excretoras As células dos tecidos encontram-se imersas no flui- do intersticial, o qual interage com o sangue. A atividade metabólica das células gera resíduos tóxicos ou inúteis, as excretas, que compreendem amônia (um tipo de excreta nitrogenada) e gás carbônico O excesso de sais mine rais, consumidos na dieta, também deve ser eliminado; seu acúmulo no sangue e no fluido intersticial provocaria alte- rações osmóticas capazes de gerar perda de água pelas células. Portanto, esses materiais gás carbônico, amônia e excesso de sais – constituem as excretas e são elimina- dos através de estruturas excretoras, como os pulmões, as glândulas sudoríparas e os rins. Os pulmões eliminam gás carbônico; glândulas sudoríparas e rins eliminam água, sais e excretas nitrogenadas (Tab. 1). Estruturas excretoras Substâncias eliminadas Rins Água, sais, ureia, H+ Glândulas sudoríparas Água, sais, ureia Pulmões CO2 Tab. 1 Estruturas envolvidas na eliminação de excretas no ser humano. Assim, a excreção constitui um mecanismo homeos- tático, ou seja, de manutenção do equilíbrio dinâmico do organismo. Outra participação dos rins na homeostase é sua contribuição na regulação do pH sanguíneo. Quando a concentração de H+ no sangue sofre uma ligeira elevação, os rins excretam urina mais acidificada Caso a concentra ção de H+ no sangue sofra uma diminuição, os rins eliminam menos H+ e isso contribui para a diminuição do pH do san gue, retornando aos valores normais Excretas nitrogenadas A amônia apresenta elevada toxicidade Isso não constitui um problema para organismos que dispõem de muita água no ambiente, pois isso permite a diluição e a eliminação da amônia. É o caso de protozoários e de muitos invertebrados aquáticos, como poríferos, cnidários, platelmintos, moluscos, equinodermos etc. Entre os vertebrados, a amônia é a excreta nitrogenada de peixes ósseos e de larvas de anfíbios. Animais que eliminam amônia são denominados amoniotélicos. Nos mamíferos, a amônia é convertida em ureia no fígado. A ureia tem menor toxicidade que a amônia e sua eliminação requer menor quantidade de água. Animais que eliminam ureia são ureotélicos, como mamíferos, anfíbios adultos e anelídeos. Animais que dispõem de pequena quantidade de água no ambiente normalmente eliminam ácido úrico, um composto praticamente insolúvel em água e de baixa toxi cidade Animais que excretam ácido úrico são uricotélicos, como insetos, aves e répteis. O ser humano também forma ácido úrico em sua atividade metabólica; uma quantidade excessiva de ácido úrico provoca distúrbios, acumulando-se na pele, formando manchas típicas e pode depositar se em articulações, provocando inflamações dolorosas, ca racterizando uma enfermidade conhecida como gota. A molécula de ácido úrico consta de dois anéis e é quimica mente semelhante às bases nitrogenadas púricas (adenina e guanina); muitos aracnídeos excretam guanina (Tab. 2). Excreta Toxicidade Água necessária para eliminação Exemplos de organismos que eliminam a excreta Amônia Alta Alta Protozoários, poríferos, cnidários, platelmintos, peixes ósseos, larvas de anfíbios Ureia Intermediária Intermediária Anelídeos, condrictes, anfíbios adultos e mamíferos Ácido úrico Baixa Baixa Insetos, aracnídeos, miriápodes e aves Guanina Baixa Baixa Aracnídeos Tab. 2 Principais resíduos nitrogenados e sua toxicidade. O sistema urinário humano O sistema urinário é constituído por dois rins, dois ure- teres, uma bexiga e uma uretra. Nos rins, a urina é formada a partir do plasma sanguíneo. Eles apresentam dilatações, os bacinetes, ligados a dois ureteres, que por movimentos peristálticos conduzem a urina até a bexiga urinária; da bexiga, a urina é eliminada por meio da uretra (Fig. 1). Rins Bexiga Ureteres Uretra Fig. 1 Componentes principais do sistema urinário humano. Nos rins ocorre a formação de urina, conduzida numa sequência de canais até sua eliminação. A bexiga urinária armazena urina e é envolvida por uma musculatura, que pode se contrair, determinando a ex- pulsão do líquido através da uretra. Na base da uretra, há um esfíncter muscular, que controla a liberação da urina. No sistema urinário masculino, a uretra apresenta um segmento que passa pelo interior do pênis; na base da bexiga, a uretra é envolvida pela próstata e dela recebe secreções. A uretra também recebe espermatozoides, procedentes dos testí- culos, e secreções da vesícula seminal; essas estruturas serão estudadas no sistema reprodutor. Os rins são envolvidos por uma cápsula protetora e apre- sentam uma cavidade que se comunica com os ureteres. Em um corte longitudinal de rim, pode-se constatar a existência de uma região mais superficial, o córtex, e de uma parte mais interna, a medula. Os rins apresentam unidades microscópi- cas, os néfrons, nos quais ocorre a formação da urina. F R E N T E 3 183 Néfrons e vasos sanguíneos O néfron é um longo tubo, fechado em uma extremidade e aberto em outra. A porção fechada do néfron é bastante dilatada e corresponde à cápsula renal (cápsula de Bowman). A partir dela, seguem-se as outras estruturas do túbulo renal: túbulo contorcido proximal, alça de Henle (alça néfrica) e o túbulo contorcido distal. Esta última estrutura desemboca no tubo coletor, que recebe líquido proveniente de diversos néfrons. Nos túbulos renais e no tubo coletor, o líquido que passa pelo seu interior sofre modificações, determinando a formação da urina. Os tubos coletores agrupam-se e seu conteúdo é eliminado na pelve renal, seguindo depois pelo bacinete e pelos ureteres (Fig. 2). No córtex renal, estão localizadas as cápsulas renais e os túbulos proximais e distais; na medula renal há predomínio de alças de Henle e tubos coletores. Fig 2 Cada rim tem unidades conhecidas como néfrons, os quais são associados a vasos sanguíneos. Túbulo proximal Glomérulo Cápsula de Bowman Arteríola eferente Túbulo distal Duto coletor Vênula Saída da urinaSaída da urina Alça de Henle Capilares Veia cava renal Artéria renal Arteríola aferente Néfron e vasos sanguíneos Córtex Medula NéfronEstrutura do rim Cada rim recebe sangue proveniente da artéria renal, uma ramificação da artéria aorta De cada rim, sai uma veia renal, que se liga à veia cava inferior No interior do rim, a artéria renal ramifica-se bastante, originando-se arteríolas que chegam aos néfrons; são as arteríolas aferentes que originam um emaranhado capilar, conhecido como glomérulo renal (glomérulo de Malpighi) Chama-se corpúsculo renal o conjunto constituído por cápsula renal e glomérulo renal Os capilares glomerulares voltam a se agrupar, formando a arteríola eferente, que se ramifica em uma nova rede de capilares ao redor dos túbulos renais. Esses capilares agrupam-se, formando se vênulas, as quais originam veias maiores, que desembocam na veia renal A formação da urina A urina é produzida a partir do plasma sanguíneo. A formação de urina envolve três processos: filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular (Fig. 3). Capilar sanguíneo Cápsula de Bowman Túbulo proximal Alça de Henle Túbulo distal Tubo coletor Filtração de: • água • glicose • aminoácidos • íons • ureia • H+ • amônia • ácido úrico • água • glicose • aminoácidos • água • sódio • água Reabsorção de: Reabsorção de: Secreção de: Reabsorçãode: Fig 3 Principais ocorrências no processo de formação de urina e sua localização no néfron
Compartilhar