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GEOGRAFIA Capítulo 4 Mineração130 04 Os minerais se formam naturalmente na crosta terrestre, de onde são extraídos. Para que sejam utilizados como matéria-prima de produtos diver- sos, eles passam por um processo denominado “beneficiamento”. 08 Todo minério é um mineral, mas nem todo mineral é um minério. 16 Os minerais encontram-se desigualmente distri- buídos na crosta terrestre, portanto existe uma interdependência dos países no que diz respeito à produção mineral. Soma: 7 UEG 2015 A atividade de mineração no Brasil aca- bou por contribuir para a instalação de um sistema de infraestrutura na área de transporte e geração de energia. Nesse sentido, para a instalação de um gran- de projeto de extração de minério de ferro pela Vale do Rio Doce no estado do Pará, no início da década de 1980, foi necessária a construção da A Ferrovia do Aço e do Porto de Santos. B Rodovia Belém-Brasília e Hidrelétrica de Belo Monte. C Estrada de Ferro Carajás e Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Rodovia Transamaznica e Usina Hidrelétrica de Balbina. 8 UFSM 2014 Leia atentamente a letra da msica “Can- ção do Sal”: Trabalhando o sal é amor é o suor que me sai Vou viver cantando o dia tão quente que faz Homem ver criança buscando conchinhas no mar Trabalho o dia inteiro pra vida de gente levar Água vira sal lá na salina Quem diminuiu água do mar Água enfrenta sol lá na salina Sol que vai queimando até queimar Trabalhando o sal pra ver a mulher se vestir E ao chegar em casa encontrar a família sorrir Filho vir da escola problema maior é o de estudar Que é pra não ter meu trabalho e vida de gente levar Autoria: Milton Nascimento, 1967. Intérprete: Elis Regina – Álbum: Elis (1966). Estilo: Música Brasileira. Gravadora: UNIVERSAL. Selo: Philips. De acordo com a msica, observe as armativas: I. Os trabalhadores residem próximos às áreas de extração de sal, sendo possível levar os filhos ao ambiente de trabalho onde há creches próximas à praia. II. A extração de sal ocorre em áreas com alta in- solação, para que o processo de evaporação da água seja facilitado e fique apenas o mineral. III. A msica relata de forma poética as boas condiçes de trabalho nas salinas, sendo possível oferecer uma vida digna à família, como estudo aos filhos. IV. A mão de obra feminina tornou-se possível nas salinas após diversas lutas dos movimentos femi- nistas, que reivindicavam igualdade de trabalho e salário para as mulheres. Está(ão) correta(s): A apenas I. B apenas II. C apenas I e IV. apenas II e III. E apenas III e IV. 9 UFU 2016 Com 317 anos, o distrito de Bento Rodrigues, na cidade mineira de Mariana, tinha história. O vilarejo de 600 habitantes fez parte da rota da Estrada Real no sé- culo XVII e abrigava igrejas e monumentos de relevância cultural. Em 5 de novembro, em apenas onze minutos, um tsunami de 62 milhões de metros cúbicos de lama aniquilou Bento Rodrigues. A onda devastou outros sete distritos de Mariana e contaminou os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. O destino final da lama é o mar do Espírito Santo, onde o Rio Doce tem sua foz. O que causou a tragédia foi o rompimento de uma das bar- ragens no complexo de Alegria, da mineradora Samarco. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/complemento/ brasil/para-que nao-se-repita/>. Acesso em: 7 jan. 2016. A barragem rompida em Mariana continha rejeito, o resíduo resultante da mineração de ferro, responsável por desencadear os seguintes impactos ambientais, EXCETO: A acmulo de sedimentos na calha fluvial. B alteraçes nos padres de qualidade da água. C mortandade de animais, terrestres e aquáticos. diminuição da vazão anual do rio. 10 Fatec 2019 Terras-raras é o nome dado ao conjunto dos dezessete elementos químicos da Tabela Periódi- ca, formado pelos quinze lantanídeos mais o escândio e o ítrio. Sobre esses elementos químicos e a localiza- ção das suas principais reservas mundiais, podemos afirmar corretamente que: A possuem distintas aplicaçes em diversos setores da economia, como na silvicultura, na pecuária e na construção civil. As maiores concentraçes locali- zam-se na repblica da Guiné. B são utilizados pelo agronegócio internacional para transformar terras outrora estéreis em terras aptas à utilização agrícola. As principais jazidas estão es- tabelecidas na Arábia Saudita. C suas ocorrências se dão em pequenas concentra- çes, misturadas a outros minerais, tornando difícil o processo de separação. As maiores reservas mundiais encontram-se na China. ocorrem em áreas superficiais de fácil extração, sendo encontrados em mares rasos, estando as- sociados às jazidas de minerais fósseis. As jazidas mais antigas situam-se no Japão. E também são denominados metais raros e encon- tram-se nas minas de aluvião, sendo separados da rocha por um instrumento chamado bateia. Suas principais reservas estão no Chile. F R E N T E 1 131 Metais de terras-raras representam um mercado de nicho O Instituto de Pesquisas Tecnológicas desenvolve técnicas para explorar as reservas brasileiras Os metais de terras-raras ganharam notoriedade após a descoberta de grandes reservas no Brasil. Eles compõem um grupo de 17 elementos químicos, dos quais 15 são da família dos lantanídeos na tabela periódica. O professor associado da Escola Politécnica da USP e presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernando Landgraf, conta que em 2010, a US Geological Survey publicou um ranking de países relativo às reservas de terras-raras, no qual o Brasil figurava em primeiro lugar. Apesar dos números terem depois se revelado superestimados, foi o suficiente para chamar atenção a estes minerais no país, explica o pesquisador. Landgraf destaca que a importância econômica desses elementos vem crescendo com o desenvolvimento tecnológico. O professor cita como exemplo o neodímio, que é utilizado para fabricar superímãs, usados em discos rígidos de compu- tadores, em geradores eólicos e em motores de carros elétricos. O maior desafio para o Brasil é conseguir captar uma fatia do mercado externo, dominado pela China, explica o professor. Ele enfatiza que é preciso investimentos em toda a cadeia produtiva, lembrando que a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) contratou o IPT para fazer uma parte do desenvolvimento de tecnologias para produzir os metais, usando recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Fernando Landgraf ressalta ainda que se trata de um mercado de nicho, cujo os valores internacionalmente são da ordem, apenas, de cinco bilhões de dólares, ou seja, é economicamente estratégico, mas não poderia, por exemplo, quitar a dívida externa brasileira. [...] Jornal da USP, 20 jul. 2017. Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/metais-de-terras-raras-representam-um-mercado-de-nicho/>. Acesso em: 26 maio 2020. Garimpo ilegal de ouro leva milhares à reserva ambiental no Amazonas Avesso à vida urbana, o agricultor Arildo Ari Mar, 72, nunca quis seguir os irmãos e trocar a comunidade Santa Rosa por Manaus, a cerca de 500 km de viagem de barco. Há um mês, porém, ele viu uma cidade de garimpeiros surgir sobre o trecho do Rio Madeira diante da sua casa. “Essas balsas chegaram do nada. Nem sabíamos que tinha ouro aqui. Sei que testaram ali, ficaram e foi chegando pessoal de Humaitá, Porto Velho”, diz o ex-seringueiro. Na gíria amazônica, o fenômeno é conhecido como fofoca. Um garimpeiro encontra grande quantidade de ouro, a notícia se espalha, e logo uma multidão surge para buscar a mesma sorte. Desta vez, a corrida do ouro se deu em trecho do Rio Madeira, bem em frente à comunidade de 16 famílias, fundada no final do século 19 pelo avô de Arildo, no ciclo da borracha. A área faz parte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Madeira, de 283 mil hectares. No início, durante as primeiras semanas deste mês, havia cerca de 700 balsas de garimpo, segundo a administração da RDS. Isso significa uma populaçãoflutuante de 3 000 pessoas. Todas operando ilegalmente. Mas não havia ouro para todo mundo, e o minério começou a “fracassar”. Quando a Folha esteve na região, em meados do mês, cerca de metade das balsas já havia deixado o local. Por outro lado, havia quatro grandes dragas recém-chegadas em operação, com capacidade de processamento equiva- lente a várias balsas. Conhecidas como “dragões”, podem consumir mil litros de diesel por dia e conseguem perfurar pedras no fundo do leito. Os transtornos da invasão para os moradores foram imediatos. Por causa da contaminação, passaram a comprar galões de água em Novo Aripuanã, a cidade mais próxima, a cerca de 40 km. Do barco escolar, crianças, na maioria evangélicas, chegaram a ver mulheres nuas em cima do prostíbulo flutuante, estacionado a poucos metros das casas. O barulho do motor não para. As plantações de banana, principal fonte de renda, viraram banheiro para os garimpeiros. A pesca foi interrompida. Até agora, as ações de fiscalização foram pontuais e de pouco efeito. No início, o chefe da RDS, Miqueias Santos, usou dois PMs para retirar garimpeiros de uma praia. Dias depois, recebeu ameaças e teve de deixar Novo Aripuanã. Por se tratar de um rio interestadual, a fiscalização é de responsabilidade federal, mas apenas a Marinha esteve na região, limitando-se a inibir que os balseiros obstruam a navegação e a fiscalizar condições de segurança. À Folha, o secretário estadual de Meio Ambiente, Antônio Stroski, afirmou que grandes ações de comando e controle na Amazônia são lentas por causa das distâncias e do custo, mas que uma operação com o Governo Federal está sendo planejada. Divergências Passado o susto inicial, a comunidade Santa Rosa, toda com laços de parentesco, se dividiu. Parte das famílias quer a saída imediata e incondicional dos garimpeiros. Sentindo-se ameaçadas após darem entrevista a uma TV local, se recusaram a falar com a reportagem. Mais pragmática, a ala liderada por Arildo já se acostumou com a ideia de conviver com o garimpo, que pode ficar em atividade por anos, principalmente durante o período da seca. “Estamos até entrosados”, afirma. Textos complementares GEOGRAFIA Capítulo 4 Mineração132 Na condição de presidente da associação de moradores, Arildo passou a pedir uma contribuição semanal de R$ 100 para cada uma das balsas. Com o dinheiro arrecadado, já comprou um gerador de eletricidade novo e planeja um poço artesiano. Empolgado, um dos seus filhos pegou dinheiro emprestado para investir cerca de R$ 30 mil numa balsa e contratou dois garimpeiros. Nos dias em que a reportagem esteve na região, tentava colocar o motor para funcionar. “Entrei no negócio pela fofoca do ouro”, diz Arildo Filho, 40. “Mas não sei operar.” Precariedade Imersas na maior floresta do mundo, as balsas de garimpo parecem saídas da Revolução Industrial. O barulho alto do motor ligado dia e noite, o ar impregnado de fumaça de óleo diesel e o espaço exíguo fazem esquecer que se está em plena Amazônia. Foi sobre balsas assim que Jaime Cruz, 50, o Jamico, passou a maior parte da sua vida. Atrás do ouro desde os 22 anos, possui quatro delas, operadas com seis filhos, nove garimpeiros e a mulher. Filho de seringueiro, Jamico nasceu em uma comunidade ribeirinha próxima a Humaitá (AM), na bacia do Madeira. De infância pobre, compara-se com os filhos dizendo que “já foram criados tomando água gelada”, mas afirma que o garimpo só tornou a vida um pouco melhor. “Nós não temos tempo de morar em terra. Se parar, o que vou comer?”, diz Jamico, um dos primeiros a chegar à nova “fofoca”, gíria usada tanto para indicar um local de ouro recém-descoberto quanto para uma fila de balsas. As condições de trabalho são difíceis. Amarradas em linha a poucos metros do barranco, cada balsa tem uma mangueira acoplada a um motor que suga água e terra do rio. A maioria é operada de cima, mas algumas balsas usam mergulhadores, submersos de 3h a 4h por turno. Água e lama passam por uma plataforma inclinada forrada de carpete, capaz de reter o pó do ouro, e voltam ao rio. A cada intervalo, um garimpeiro usa a cuia para checar se a água está trazendo ouro (“fagulhando”). Caso não esteja, a mangueira é mudada de posição. No Rio Madeira, o ouro é extremamente fino e com ordem de pureza de mais de 98%, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Descanso em redes Nas balsas do Jamico, três garimpeiros, geralmente em chinelos e sem camisa, se revezam no controle do fluxo da água em turnos de 4h, noite e dia. O descanso é sobre redes num pequeno espaço acima do motor e do carpete. “Por obrigação, nos acostumamos a essa vida. O barulho do motor já é a nossa cantiga pra dormir”, diz Jamico. A cada 40 horas, o motor é desligado para que o ouro possa ser extraído do carpete e recuperado com uso do mercúrio. O resultado de tantas horas costuma ser do tamanho de uma bola de gude, da qual 45% é ouro. Depois de separado, é vendido a um comprador, que geralmente aparece aos domingos, o único dia de descanso. Naquela semana, o grama saía por R$ 108. Para o ambiente, a boa notícia é que a queima para a separação do ouro passou a ser feita no cadinho nos últimos anos. O aparelho, parecido a uma pequena panela, retém quase todo o mercúrio, que pode ser usado novamente. É um alívio para o garimpeiro devido ao alto custo do mercúrio – 1 kg do mineral custa cerca de R$ 1 000. A atividade, porém, tem impactos ambientais significativos. Para o DNPM, os principais problemas são a mudança no leito do rio, despejo de derivados de petróleo e a perturbação da fauna aquática. Dono de uma balsa vizinha à de Jamico, Edemir Albuquerque, 51, admite que o garimpo polui, mas diz que é pouco em comparação ao lixo produzido pelas cidades amazônicas. Cobrança ilegal A corrida do ouro não atrai apenas garimpeiros. Em um domingo, acompanhados de dois PMs armados, três secretários municipais de Novo Aripuanã visitavam balsa por balsa exigindo um imposto municipal de R$ 200 de cada um. A cobrança é ilegal, segundo a secretaria estadual de Meio Ambiente. Surpreendidos pela reportagem da Folha, eles explicaram que a cobrança se refere a um imposto municipal e que agiam em nome do prefeito da cidade, Robson de Sá (Pros). Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Herald Santana, a cobrança tem amparo em uma lei que licencia extração mineral. Falou que a visita servia para “promover educação ambiental”, mas admitiu que não haveria nenhuma sanção para quem não pagasse. [...] Aos garimpeiros que concordavam com a cobrança, os secretários entregavam um recibo escrito a mão. Em pelo menos um caso, eles aceitaram receber apenas R$ 100. “Isso é sacanagem”, disse o secretário estadual de Meio Ambiente, Antonio Stroski. Segundo ele, o licenciamento é competência do Estado. MAISONNAVE, Fabiano. Folha de S.Paulo. 28 nov. 2016, Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/ 1836197-garimpo-ilegal-de-ouro-leva-milhares-a-reserva-ambiental-no-amazonas.shtml>. Acesso em: 26 maio 2020.