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Geografia - Livro 1-280-282

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GEOGRAFIA Gabarito280
ascensão de Evo Morales ao poder,
um monopólio estatal (todos os re-
cursos presentes no subsolo são de
propriedade do Governo Federal, ao
qual cabe a responsabilidade de ex-
plorá-los ou repassá-los para o uso de
terceiros, de forma semelhante ao que
ocorre no Brasil); enquanto no Chile,
a propriedade privada sobrepõe-se
ao monopólio do Estado (um recurso
encontrado em determinada parte do
subsolo pertence ao proprietário da área
onde a jazida se localiza, de forma se-
melhante ao verificado nos EUA).
10.
a) Entre os setores industriais que tive-
ram expansão nas últimas décadas
com a utilização de terras-raras como
matéria-prima, podemos destacar a
indústria aeroespacial, que utiliza tais
recursos de formas diferenciadas,
desde aplicações em materiais que
exigem alta resistência (como fibras
que revestem aviões ou foguetes),
além de sua utilização em tecnologias
mais de ponta (como a microeletrôni-
ca). Outro setor que teve expansão
importante foi a indústria de informáti-
ca, eletrônica e telecomunicações, que
utiliza terras-raras em discos rígidos
de computadores, baterias e telas de
celulares, além de fibras de eficiente
condução eletrônica. Uma das terras-
-raras mais utilizadas é o lantânio.
b) O mercado de terras-raras no mundo é
dominado pela China. O Brasil apresenta
potencialidade pouco explorada, detém
reservas relevantes em estados como
Amazonas, Goiás (Catalão) e Minas Ge-
rais (Araxá). Destaca-se que, assim como
no caso de muitos outros recursos mine-
rais explorados no país, a maior parte da
produção é voltada ao mercado externo.
As possíveis transformações espaciais
são mudanças na paisagem e degrada-
ção ambiental causadas pela mineração,
de profundo impacto, mas de dimen-
sões relativamente reduzidas e locais
(como o desmatamento na área da
mina, a geração de rejeitos que devem
ser armazenados, as possíveis modifi-
cações em rios próximos, entre outras).
Outras são a atração de trabalhadores
imigrantes, a possível intensificação da
urbanização, o surgimento de empre-
sas relacionadas à mineração (setores
secundário e terciário) e a elevação da
renda do município e de parte da popu-
lação, uma vez que são recursos cada
vez mais valorizados.
Frente 2
Capítulo 1 – Espaço
geográfico
Revisando
1. Trata-se do recorte espacial de
manifestação de um fato ou fenô-
meno estudado. A escala geográfica
pode ser local, regional ou global e
não possui relação direta com a es-
cala cartográfica, que é uma relação
matemática entre a realidade e a sua
representação no papel. Por exemplo,
ao considerar determinado fenômeno
geográfico, como as alterações climáti-
cas, é possível analisar sua ocorrência
na escala local (os fenômenos microcli-
máticos), regional (como a modificação
da atuação de massas de ar) ou global
(como modificações na circulação ge-
ral da atmosfera).
2. Primeiro, é necessário estabelecer que
a diferença entre lugar e região está ba-
seada na respectiva escala abrangida
por esses conceitos. “Lugar” refere-se
ao meio vivido, onde ocorrem as intera-
ções sociais e onde há um sentimento
de pertencimento por parte dos que
nele vivem (uma rua de um bairro, por
exemplo). Trata-se, portanto, de uma
categoria de análise que se limita a um
recorte relativamente pequeno do es-
paço em sua investigação. Já “região”
é uma categoria criada a fim de anali-
sar tematicamente determinada parcela
do espaço. Por exemplo, podemos nos
basear no clima para estabelecer as
regiões climáticas do Brasil, ou seja,
delimitamos parcelas do território brasi-
leiro quanto às semelhanças dos fatores
e elementos que compõem o padrão
climático local. Trata-se, portanto, de uma
categoria que permite a análise de
uma área mais abrangente.
3. Paisagem é o conceito geográfico utilizado
para denominar o conjunto de caracterís-
ticas físicas e antrópicas que compõem
determinada parcela da superfície terres-
tre. Trata-se de uma categoria analítica
que busca estabelecer a relação de inter-
dependência entre todos os elementos
naturais – como clima, relevo, solos, vege-
tação e hidrografia – e antrópicos – como
ambientes urbanos e rurais – que se ma-
terializam e são perceptíveis aos sentidos
humanos. Ao analisar uma paisagem, um
observador capta alguns dos elemen-
tos desta, os elementos desta que lhe
são mais notáveis. Ao parar à beira de
uma estrada, por exemplo, um geógrafo
fará uma diferente apreensão visual da
paisagem do que um engenheiro ou um
médico, essa diferença de percepção se
dá devido às experiências e aos conheci-
mentos de cada observador, tornando tal
conceito dotado de uma carga de subje-
tividade, própria de cada observador. Por
isso, afirmamos que a paisagem resulta
de um processo seletivo de apreensão,
que varia de acordo com o ponto de vista
de quem a observa.
4. O espaço vital seria o equilíbrio entre as
necessidades de uma sociedade e os re-
cursos disponíveis no território, enquanto
gênero de vida se refere ao conjunto de
técnicas e hábitos que os povos acu-
mulavam na relação com o meio onde
viviam. O conceito de espaço vital re-
sulta da escola alemã do pensamento
geográfico, já o de gênero de vida foi
elaborado posteriormente pela escola
francesa. Destaca-se que o conceito de
espaço vital é também indispensável
à compreensão da teoria do determi-
nismo geográfico, na medida em que
considera como “vitais” certas parcelas
do espaço que ofereçam vantagens ao
desenvolvimento das sociedades que ali
se instalem, considerando, portanto, que
há uma determinação do meio no que diz
respeito ao desenvolvimento social de
um povo.
5. O determinismo é uma noção lógica que
crê na determinação de algum fenômeno
por um conjunto de causas bem definidas,
numa relação de influên cia, estabelecendo
uma ordem de causa e consequência. O
determinismo geográfico, por exemplo, é
uma teoria que avalia o grau de desenvolvi-
mento e superioridade de uma sociedade
a partir das condições naturais de seu ter-
ritório. De acordo com esse pensamento,
sociedades que ocupam os locais com
maior quantidade de riquezas minerais,
solos férteis e climas propícios à agricultura
seriam mais desenvolvidas do que aque-
las instaladas em áreas destituídas de
tais atributos. Trata-se, portanto, de uma
concepção que avalia o desenvolvimento
social como algo determinado pelas condi-
ções naturais de dado local, ideia que foi
utilizada, inclusive, para justificar e legitimar
a colonização europeia em outros conti-
nentes, sob a alegação de que se tratavam
de locais subdesenvolvidos justamente por
suas características naturais. Já o possibilis-
mo, como o próprio nome sugere, é uma
noção que atribui maiores possibilidades
à análise de um fenômeno, considerando
também as causas propostas pelo deter-
minismo. Por exemplo, em Geografia, o
possibilismo avalia que o meio influencia
o desenvolvimento social, mas que tal in-
fluência não determina o destino dessa
sociedade, havendo a possibilidade de
contrapor às condições naturais mediante
o desenvolvimento humano.
6. A ideia de espaço absoluto é uma con-
cepção mais abstrata e adimensional. A
ideia de espaço relativo utiliza como re-
ferências as relações entre os objetos
dispostos nesse espaço e os seres que
o compõem. Além disso, é importante
pontuar a percepção de que, no espa-
ço relativo, as relações entre objetos
e seres se alteram de acordo com os
elementos que caracterizam o espaço.
Na análise do espaço absoluto, não são
considerados os elementos concretos
que o definem, como é considerado no
caso do espaço relativo. Por exemplo,
o espaço relativo pode ser descrito como
uma sala de aula, em que as paredes,
o teto, o piso, além dos demais obje-
tos ali presentes, são as formas de
281
delimitar e definir tal porção do espaço.
Já no caso do espaço absoluto, não se
considera nenhum objeto na definição,
o que não permite uma delimitação
bem definida de taldimensão, diferente
do que acontece no espaço relativo.
7. Para compreender a noção de acúmu-
lo desigual de tempos, podemos
pensar no exemplo dos fortes (fortifi-
cações militares) situados em várias
cidades litorâneas do Brasil. Nos tempos
coloniais, tais estruturas serviam à pro-
teção e ocupação do território, tendo
uma função específica. Atualmente, boa
parte deles foi transformada em museus,
recebendo turistas e instituições de en-
sino. Nota-se, portanto, que, em tempos
diferentes, os objetos que compõem o
espaço apresentam distintas funções,
fazendo com que o próprio espaço se
modifique, a partir das relações estabe-
lecidas entre esses objetos e as funções
e ações às quais eles servem. Além dis-
so, locais dotados de objetos técnicos
há mais tempo têm uma maior carga
de “tempo acumulado”, ou seja, aquela
porção do espaço já exerceu diversas
outras funções, que se modificaram ao
longo do tempo. Essa noção é, muitas
vezes, utilizada como forma de explicar
as diferentes condições de desenvolvi-
mento econômico e social verificadas
entre dois locais distintos do planeta,
considerando, em tal comparação, o
“acúmulo de tempo’’ que cada local
possui como forma de diferenciar suas
características.
8. Ao analisar a relação espaço-temporal
entre sociedade e natureza, o geógrafo
Milton Santos faz uma periodização en-
tre: meio natural, meio técnico e, por fim,
meio técnico-científico-informacional.
Vale destacar que, embora cada etapa
corresponda a um contexto histórico pró-
prio, elas não se desenrolaram de forma
simultânea nas várias regiões do planeta.
Assim, para identificar a ocorrência dos
fenômenos próprios de cada etapa da
periodização proposta, é necessário con-
siderar um contexto histórico e territorial
específico. Por exemplo, o Brasil e a Ingla-
terra, no século XVI, não se encontravam
em uma mesma etapa de periodização,
já que em cada região se verificavam
diferentes condições nas relações entre
sociedade e natureza.
9. No meio natural, a produção técnica, ou
seja, a produção de objetos e instrumen-
tos voltados ao ganho de produtividade
nas ações humanas era feita com o intuito
de adaptar a vida humana aos fenôme-
nos naturais, como o desenvolvimento de
técnicas agrícolas mais rudimentares, que
permitiam certo controle sobre as dinâ-
micas do meio. Já no momento posterior,
dado o elevado grau de desenvolvimento
da humanidade, a natureza passou a ser
adaptada aos sistemas técnicos produzi-
dos, como a vegetação restante em uma
área densamente urbanizada.
10. O fator técnico-científico é uma concep-
ção que se atribui à fusão dos saberes
técnicos (formas e meios, como fer-
ramentas e métodos, utilizados para
execução de funções e tarefas) com
o conhecimento científico (todo o
embasamento teórico-conceitual uti-
lizado no estudo dos fenômenos e
processos). Dessa união, resulta o fator
informacional: tanto no desenvolvimento
tecnológico que possibilita o surgimento
das redes e dos equipamentos utilizados
(novas redes de telecomunicações e
transportes, como a internet, os sistemas
de transporte aéreo, entre outros), quan-
to na supervalorização da informação
como principal elemento das relações
políticas e econômicas da atualidade. A
junção desses fatores contribui para a
“aniquilação do espaço pelo tempo”, ou
seja, a concepção de um mundo em que
as distâncias são “menores” graças ao
desenvolvimento da comunicação e do
transporte, o que caracteriza, em partes,
processo conhecido como globalização.
Exercícios propostos
1. B
2. Soma: 01 + 02 + 04 + 08 + 16 = 31
3. D
4. C
5. D
6. B
7. D
8. C
9. C
10. C
Exercícios complementares
1. B
2. C
3. A
4. D
5. C
6. C
7. B
8. Ao analisar comparativamente as ilus-
trações, nota-se que a paisagem do
passado é dominada por elementos
naturais, como montanhas, praia, vege-
tação, entre outros. Tal constatação nos
permite inserir a paisagem retratada na
primeira imagem como um local em que
há o predomínio do meio natural, em
virtude da ausência humana na área. Já
na paisagem do presente, identificamos
inúmeros objetos e sistemas técnicos (ou
artificiais), tais como prédios, antena de
telecomunicações, sistema viário e veí-
culos, o que permite considerar o meio
técnico-científico-informacional como o
contexto em que se enquadra o cenário
retratado. Conclui-se, portanto, que
tal concentração de objetos técnicos
promove uma intensificação de fluxos
materiais e imateriais (pessoas, infor-
mações, mercadorias etc.). Além disso,
houve a redução da cobertura vegetal
em áreas de encosta, que foram co-
bertas por moradias, o aumento da
ocupação do entorno da área da foz do
rio e a impermeabilização do solo por
conta da implantação de infraestrutura
ligada aos meios de transporte, demons-
trando que existe uma série de impactos
ambientais que ocorrem como conse-
quência de tais alterações.
9. A
10. D
Capítulo 2 – Globalização
Revisando
1. O sistema capitalista é baseado em qua-
tro pilares essenciais que compõem sua
lógica de funcionamento: exploração da
mão de obra assalariada, com obten-
ção da mais-valia; reprodução ampliada
do capital (busca incessante por lucro);
propriedade privada dos meios de pro-
dução; e economia de mercado pautada
pelas leis de oferta e procura.
2. Na lógica capitalista, é possível dividir
as classes sociais entre proprietários
dos meios de produção (burgueses,
capitalistas, patronato, empresariado) e
aqueles destituídos dos meios de pro-
dução, que, por esse motivo, vendem
sua força de trabalho (operários, prole-
tariados, assalariados).
3. No sistema capitalista tradicional, o au-
mento da produtividade e o consequente
aumento do lucro decorrem do aumento
da mais-valia, ou seja, de pagar menos ao
trabalhador pelo seu trabalho realizado.
Esse menor pagamento é relativo ao total
produzido, e não ao valor absoluto que
o trabalhador recebe. Assim, o aumen-
to da produtividade pode até incorrer
no aumento real do salário; entretanto,
pode ocorrer de o trabalhador ganhar
proporcionalmente menos em relação à
sua produção. Um exemplo simplificado
auxilia na compreensão: Se um operário
recebe um salário mensal de 1500 reais e
produz 30 cadeiras por mês, ele recebe-
ria 50 reais pelo trabalho para executar
cada uma. Mas, caso a produção mensal de
cadeiras aumente, seja pela ampliação
da jornada de trabalho ou pela adoção
de uma nova técnica ou ferramenta para
sua produção, e esse mesmo trabalhador
passe a produzir 60 cadeiras, com seu
salário aumentando para 2 400 reais, ele
passaria a receber 40 reais por cadei-
ra. E, se o preço de venda ao mercado
consumidor se manteve igual ao que era
praticado antes, a mais-valia, o lucro do
capitalista, aumentou. Claro que se trata
de um exemplo que desconsidera todos
os tributos que incidem sobre o salário e
as vendas, que variam de lugar para lugar.
4. O keynesianismo é uma teoria político-
-econômica surgida por volta da década
de 1930. Ela é fundamentada em uma
maior intervenção estatal na economia,
proposta como maneira de organizar e
estruturar o sistema financeiro e evitar
o colapso da economia capitalista. Teve
como base fundamental a criação de
grandes obras públicas, além do inves-
timento em setores de interesse social,
como a educação, o transporte e a segu-
rança pública.
5. Ambas as correntes econômicas se fun-
damentam na menor intervenção estatal
na economia. O liberalismo surgiu no
século XVIII, e o neoliberalismo por vol-
ta dos anos 1970, como uma forma de
GEOGRAFIA Gabarito282
atualização dos pressupostos liberais
econômicos, adequados às condições
políticas e técnicas do mundo em pro-
cesso de globalização.
Portanto, ambas prescrevem a pouca
participação do Estado na economia –
atuando mais como agente regulador
– e o respeito à iniciativa privada e ao
livre mercado. Entretanto, com o neoli-
beralismo, além dessas pautas foram
adicionadas outras: privatizações das
empresas estataise não restrição para
a circulação de bens e capital (abertura
do mercado).
Merece destaque também a
intenção neoliberal em repassar à ini-
ciativa privada toda a estrutura voltada
ao bem-estar social (saúde, educação,
transporte, lazer etc.).
6. De acordo com o neoliberalismo, o au-
mento da concorrência é um dos fatores
essenciais para dinamizar a economia e
viabilizar seu desenvolvimento. Dessa
forma, fundamenta-se a crítica ao mono-
pólio estatal em determinados setores,
como educação, saúde e transporte,
uma vez que a ausência de concorrên-
cia ocasionaria, segundo o argumento
neoliberal, uma perda de qualidade em
tais serviços. Assim, verifica-se a priva-
tização desses setores (são repassados
à iniciativa privada, ao capital privado), o
que resulta em uma redução do papel
do Estado na economia.
7. A teoria liberal capitalista fundamenta-se
na menor participação estatal nas rela-
ções comerciais e financeiras, o que, no
contexto da Inglaterra do século XVIII,
representava uma diminuição do poder
político da nobreza nas políticas econô-
micas. Essa teoria também buscava a
adoção de preceitos mais liberais na
economia, nos quais se verifica um for-
talecimento da classe burguesa e o
aumento da produção industrial e da
urbanização, o que resultou no desen-
cadeamento de amplo êxodo rural e
na formação de grande contingente de
mão de obra e mercado consumidor.
8. As multinacionais de hoje exercem não
somente o monopólio na comerciali-
zação, mas também na produção dos
bens consumidos por todo o mundo.
Não possuem forte ligação com seus
países nativos, recebem investimentos
de todas as origens e atuam em diver-
sas nações distintas, o que lhes garante
forte poder político perante os Estados
nacionais.
9. Capitalismo comercial: estruturado nas
trocas comerciais entre os países nos
séculos XV e XVI e pela economia mer-
cantil.
Capitalismo industrial: relacionado à Re-
volução Industrial, tem como principais
características o trabalho assalariado, a uti-
lização de máquinas a vapor no processo
produtivo, o carvão como principal fonte
de energia e a produção em larga escala.
Capitalismo financeiro: associado à
Segunda Revolução Industrial, quando
os avanços tecnológicos possibilitaram
a reorganização industrial e passaram
a exigir maiores investimentos finan-
ceiros, ampliando a participação dos
bancos na economia.
Capitalismo informacional: caracteriza a
Terceira Revolução Industrial, na qual
a centralidade do sistema está no co-
nhecimento científico, na quantidade de
informação mobilizada para a produção
e na oferta de produtos e serviços.
10. A antiga Divisão Internacional do Trabalho
(DIT) era baseada na diferenciação entre
países industrializados, os quais monopoli-
zavam e exportavam a produção industrial
aos países não industrializados, que de-
pendiam especificamente das atividades
agrominerais, abastecendo os primeiros de
matérias-primas, mão de obra e mercado
consumidor. Trata-se de uma DIT baseada
nas relações pós-coloniais nas Américas e
no neocolonialismo na África e Ásia.
11. A nova DIT é pautada em uma clas-
sificação baseada em critérios
socioeco nômicos, não sendo considera-
do apenas o grau de desenvolvimento
industrial das nações. Dessa forma, os
países são discriminados em grupos:
industrializados desenvolvidos, que
passaram pelo processo industrial de
maneira pioneira e possuem indicado-
res sociais satisfatórios; industrializados
subdesenvolvidos, que passaram por
uma industrialização tardia e, mesmo
tendo grande riqueza e desenvolvimento
econômico, ainda apresentam gran-
des desigualdades sociais; e não
industrializados, que não viabilizaram seu
desenvolvimento industrial, mantendo-se
extremamente dependentes econômica
e politicamente dos países centrais.
12. Historicamente, o Brasil sempre foi um
exportador de matéria-prima e impor-
tador de bens manufaturados. Com a
industrialização do país, houve a in-
clusão na sua pauta de exportação
de bens industrializados. Entretanto, o
maior peso das exportações ainda é de
gêneros primários, e o de importação é
de tecnologia com alto valor agregado.
13. A conferência de Bretton Woods re-
sultou na criação do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial,
os quais têm a função de disponibilizar
remessas de capitais para emprésti-
mos e investimentos, servindo como
órgãos de intermediação de relações
financeiras entre países. Além disso, a
conferência promoveu a modificação
do sistema de cotação de valores e
moedas, antes baseado na proporção
com o ouro e, a partir de então, pautado
na relação dólar-ouro.
14. Os fluxos e fixos, que possibilitam a glo-
balização, estão dispersos e organizados
em redes e são comandados por alguns
centros de poder, que emitem ordens
para o resto do mundo, o que caracteri-
za a dimensão geográfica do fenômeno,
diferenciando os lugares que mandam
daqueles que obedecem e os espaços
luminosos dos espaços opacos.
15. Em primeiro lugar, destaca-se o desen-
volvimento dos sistemas de transporte e
comunicação, que permitiram um ganho
de eficiência e velocidade nas relações
econômicas. Em segundo lugar, nota-se
uma predominância de políticas com
viés mais liberal e que garantam uma
priorização do desenvolvimento da eco-
nomia das nações em contraponto aos
investimentos em setores de interesse
social, como saúde e educação. Em ter-
ceiro lugar, há de se mencionar a difusão
da cultura do consumo, que gera uma
demanda maior e mais exigente por pro-
dutos inovadores e dotados de grande
incremento técnico (por exemplo: mer-
cado de smartphones).
16. Terciarização é o aumento do número
de empregos no setor terciário da eco-
nomia, setor que envolve as atividades
comerciais e de prestação de serviços.
A partir de tal processo, verifica-se uma
diminuição proporcional nos setores
primário (agropecuária) e secundário
(produção industrial). Já a terceirização
é o processo de repassar determina-
das funções ou processos a terceiros.
Representa a estratégia de conceder a
outra empresa a realização de determi-
nadas tarefas, visando obter menores
custos com tais atividades, o que permi-
te alcançar maior lucratividade.
17. Um bloco econômico pode ser defini-
do como um conjunto de países que se
unem para estabelecer uma integração
entre si. Trata-se da constituição de um
espaço restrito a um grupo de países
que dispõem de condições econômicas
e comerciais privilegiadas, mais favorá-
veis que aqueles que não pertencem
ao grupo. Essa integração pode variar
conforme diferentes acordos entre os
países-membros, como ser limitada a ta-
rifas aduaneiras comuns ou ainda prever
maiores níveis de integração regional,
como livre circulação de mercadorias,
capital e pessoas. O estabelecimento
de blocos econômicos é uma estra-
tégia de promoção de aumentos das
trocas comerciais e busca de vantagens
econômicas para todos os países parti-
cipantes. Ao contarem com a proteção
fiscal do bloco e com as vantagens
comparativas dos lugares nessa região
geoeconômica, as empresas ganham
mais competitividade para atuar no
mercado internacional. Apesar disso, a
constituição de acordos regionais e o
fechamento de países em blocos são
elementos aparentemente contraditó-
rios com a atual fase do capitalismo,
sobretudo na sua vertente que prega
menos regulamentação, como as políti-
cas neoliberais.
18. O principal embate na OMC entre
países desenvolvidos e países em
desenvolvimento está relacionado à

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