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QUESTOES PENAL I - MONITORIA P2 (1)

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QUESTÕES PENAL I - MONITORIA P2 
MONITORES: FELIPE TELLES E EVALDO BERTACCHINI 
 
1) (OAB – 2018. ADAPTADA) Francisco, brasileiro, é funcionário do Banco do Brasil, 
sociedade de economia mista, e trabalha na agência de Lisboa, em Portugal. Passando por 
dificuldades financeiras, acaba desviando dinheiro do banco para uma conta particular, sendo 
o fato descoberto e julgado em Portugal. Francisco é condenado pela infração praticada. Extinta 
a pena, ele retorna ao seu país de origem e é surpreendido ao ser citado, em processo no Brasil, 
para responder pelo mesmo fato, razão pela qual procura seu advogado. Considerando as 
informações narradas, o advogado de Francisco deverá informar que, de acordo com o previsto 
no Código Penal, 
A) ele não poderá responder no Brasil pelo mesmo fato, por já ter sido julgado e condenado 
em Portugal. 
B) ele somente poderia ser julgado no Brasil por aquele mesmo fato, caso tivesse sido 
absolvido em Portugal. 
C) ele pode ser julgado também no Brasil por aquele fato, sendo totalmente indiferente a 
condenação sofrida em Portugal. 
D) ele poderá ser julgado também no Brasil por aquele fato, mas a pena cumprida em 
Portugal atenua ou será computada naquela imposta no Brasil, em caso de nova 
condenação. 
 
2) (OAB – 2016) Revoltado com a conduta de um Ministro de Estado, Mário se esconde no 
interior de uma aeronave pública brasileira, que estava a serviço do governo, e, no meio da 
viagem, já no espaço aéreo equivalente ao Uruguai, desfere 05 facadas no Ministro com o qual 
estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão corporal gravíssima. 
Diante da hipótese narrada, com base na lei brasileira, assinale a afirmativa correta. 
A) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da 
territorialidade. 
B) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da 
extraterritorialidade e princípio da justiça universal. 
C) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da 
extraterritorialidade, desde que ingresse em território brasileiro e não venha a ser 
julgado no estrangeiro. 
D) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o crime foi cometido no 
exterior e nenhuma das causas de extraterritorialidade se aplica ao caso. 
 
3) Giovanni, italiano, proprietário de um café em Londres, vê Lúcio, brasileiro, de quem é 
inimigo figadal, em seu estabelecimento comercial. Então, coloca veneno suficiente para matar 
em bebida comprada por seu desafeto, que bebe e morre. Meses depois, Giovanni vem passar 
as férias no Brasil, sendo reconhecido por Marta, esposa de Lúcio, na praia de Copacabana. 
Giovanni é, então, conduzido até a Delegacia de Polícia competente. Pergunta-se: 
a) É possível aplicar a lei penal brasileira ao italiano? E se Giovanni não estivesse no Brasil? 
b) Caso Lúcio partisse da Inglaterra em avião da LATAM Brasil, ingerisse a bebida envenenada 
e morresse no espaço aéreo correspondente a alto-mar, a lei penal brasileira seria aplicável? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4) A figura do garantidor decorre da natureza jurídica dos crimes 
a) tentados. 
b) omissivos próprios. 
c) praticados em concurso de pessoas. 
d) comissivos por omissão. 
e) omissivos por comissão 
 
5) Considerando que os crimes abaixo indicados tenham sido cometidos no 
estrangeiro, qual deles não fica sujeito à lei brasileira? Justifique! 
a. Crime de constrangimento ilegal (Art. 146, CP) contra o Presidente da República. 
b. Crime de roubo (Art. 157, CP) contra o Presidente da República. 
c. Crime contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
d. Crime praticado em aeronave brasileira quando não é julgado pelo Estado 
estrangeiro. 
e. Crime de genocídio, sendo o agente domiciliado no Brasil. 
 
6) Maria, brasileira, comete crime de homicídio qualificado na Inglaterra e lá é presa, 
processada e condenada à pena de 20 anos. Cumpridos seis anos de sua pena, Maria 
consegue fugir e retornar ao Brasil. Por força do pedido feito pelas autoridades italianas, 
Maria é localizada pela polícia brasileira. Novamente processada e julgada no Brasil, Maria 
recebe pena de 12 anos de reclusão. Considerando a narrativa responda: 
a) Qual é o tipo de extraterritorialidade de Maria? Justifique. 
b) Quanto tempo de prisão Maria deverá cumprir no Brasil? Justifique 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7) Vera, mãe de quatro filhos, certa vez, durante a noite, ao perceber a ausência de Jorge, 
seu companheiro, se levanta e o flagra no quarto de sua filha mais velha, a qual contava 
com 11 anos de idade, tendo relação sexual com esta. Porém, com medo de se ver 
sozinha, se cala e nada faz para impedir o ato, o qual ainda se repete mais quatro vezes ao 
longo do mês. Porém, o fato sendo relatado a uma tia pela menina, é levado à autoridade 
policial que indicia Jorge pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). 
Considerando a conivência de Vera, analisando a sua omissão, defina sua 
responsabilidade penal. Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8) Na hipótese de um policial militar, que poderia tranquilamente agir, assistir inerte à 
prática de um crime de roubo (art. 157, CP), a sua omissão é penalmente relevante? Quais 
as consequências de sua omissão? Qual a diferença entre crime omissivo próprio e crime 
omissivo impróprio? Os crimes omissivos admitem a tentativa? Justifique abordando 
todos os aspectos jurídicos que o caso requer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9) No que tange à legítima defesa, é correto afirmar: 
a) Pode ser alegada contra um perigo atual ou iminente 
b) O agente não precisa saber que está atuando em legítima defesa 
c) É causa de exclusão da culpabilidade do agente 
d) Poderá excluir o dolo ou a culpa do agente, dependendo da hipótese legal 
e) Nenhuma das respostas acima 
Justifique sua resposta, explicando o erro das demais alternativas. 
 
10) O crime doloso, consoante o Código Penal, caracteriza-se quando o agente quer o 
resultado ou assume o risco de produzi-lo. Isto considerado: 
a) O conceito de dolo eventual é o mesmo de culpa consciente 
b) O dolo direto caracteriza-se quando o agente assume o risco do resultado 
c) No dolo eventual o agente não quer o resultado, mas aceita-o como consequência provável 
da ação 
Justifique sua resposta, explicando o erro das demais alternativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11) João, desejando matar Pedro, ataca-o com um golpe de faca em região não letal. Apesar de 
ter sido imediatamente socorrido por transeuntes, que o levaram até o Hospital Miguel Couto, 
Pedro não resiste aos ferimentos, e vem a falecer. Apurou-se posteriormente que o golpe não 
mataria uma pessoa normal, tendo ocasionado sua morte pelo fato dele ser hemofílico, o que 
impossibilitou um estancamento eficiente do sangue. Pergunta-se: João responderá por 
tentativa de homicídio ou por homicídio consumado? Justifique, abordando os aspectos legais 
pertinentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12) Pedro é atacado por um cão feroz durante uma caminhada matutina. Assim, age com os 
meios necessários para repelir o perigo, acertando o cachorro com um pedaço de madeira, 
fazendo com que ele se afastasse do local. 
A) Pedro responde criminalmente por suas ações? Há alguma excludente de ilicitude? Se sim, 
qual? 
B) O cenário mudaria no caso em que Pedro é atacado por um cão de guarda, a mando de seu 
dono? Há alguma excludente de ilicitude aplicável ao caso? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13) Mévio foi vítima de crime de roubo com restrição de liberdade, tendo sido amarrado. Antes 
de liberá-lo, Caio, o roubador, fez com que Mévio ingerisse bebida alcoólica à força, a fim de 
reduzir a sua capacidade de resistência. Contudo, ainda que completamente embriagado e sem 
capacidade de discernimento sobre o caráter ilícito do fato, apósser liberado e estar a caminho 
de casa, Mévio resolveu voltar ao local em que Caio se encontrava e o espancou até ocasionar 
sua morte. Diante dessa situação, é correto afirmar que Mévio: 
 
A) deverá responder pelo crime de lesão corporal qualificado pelo resultado morte, em 
razão do dolo com que praticou as lesões corporais e da culpa quanto ao resultado 
morte; 
B) deverá responder pelo crime de homicídio doloso, uma vez que o resultado morte era 
previsível, havendo, ao menos, dolo eventual; 
C) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da tipicidade; 
D) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da ilicitude; 
E) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da culpabilidade. 
14) “É isento de pena o agente que,por embriaguez completa CULPOSA, era, ao tempo da 
ação, completamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato”. Disserte sobre a assertiva, 
abordando, em sua resposta, a teoria da actio libera in causa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 
1) D 
2) A 
3) A) A regra geral de aplicação da lei penal brasileira é o princípio da territorialidade, isto é, 
aplica-se a lei penal brasileira em crimes cometidos no território brasileiro (vide o Artigo 5o 
do Código Penal). Contudo, há a hipótese de aplicação da lei penal brasileira para crimes 
cometidos fora do território brasileiro, sendo configurados os casos de extraterritorialidade 
condicionada e incondicionada (vide Artigo 7o do Código Penal). O caso em questão se trata 
das hipóteses presentes no Artigo 7o, parágrafo 2o, isto é, da extraterritorialidade condicionada, 
em que o crime vai ser punido de acordo com a lei brasileira mediante o concurso das seguintes 
condições: entrar o agente em território nacional; ser o fato punível também no país em que foi 
praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena; não ter sido o agente 
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei 
mais favorável. Além disso, há de se atentar ao previsto no parágrafo 3o do mesmo Artigo, 
tendo em vista que o crime fora cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, sendo 
necessário, também, o concurso das seguintes condições: não foi pedida ou negada a extradição 
e houve requisição do Ministro da Justiça. Sendo assim, ao analisar as respectivas condições, 
é possível aplicar a lei penal brasileira ao italiano em caso de atendimento total dos termos 
previstos. Em segunda análise, é necessário pontuar que, caso Giovanni não estivesse no Brasil, 
não poder-se-ia aplicar a lei penal brasileira de modo algum, tendo em vista a falta de 
preenchimento total dos requisitos necessários. 
 B) Para responder a questão, é necessário tratar da importância das teorias da atividade e 
da ubiquidade, tal como o princípio da territorialidade. A teoria da atividade diz respeito ao 
tempo do crime, em que se considera o crime praticado no momento da ação ou omissão, ainda 
que outro seja o momento de seu resultado (vide o Artigo 4o do Código Penal). Além disso, a 
teoria da ubiquidade diz que se considera praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado 
(vide o Artigo 6o do Código Penal). Tendo em vista a ingestão do veneno, tal como a produção 
do resultado morte, ocorrido em território correspondente ao alto-mar, aplica-se o Artigo 5o, 
parágrafo 1o, considerando a hipótese da territorialidade – o avião é entendido, pois, como uma 
extensão do território brasileiro em alto-mar. Sendo assim, atendendo à regra geral, deve-se 
aplicar a lei penal brasileira para o caso concreto. 
4) D 
5) B 
6) A)Maria conseguiu uma extraterritorialidade condicionada, pois segundo o Art. 7°, II, B, CP 
fica sujeito a lei brasileira embora tenha cometido no estrangeiro os crimes praticados por 
brasileiros, dependendo do concurso das condições do Art. 7, §2 do CP na quais Maria se inclui. 
B)Como Maria já cumpriu 6 anos de prisão na Inglaterra, ela deve cumprir no Brasil os 6 anos 
faltantes, já que no Brasil ela foi condenada a uma pena de 12 anos de reclusão, e de acordo 
com o Art. 8° do CP a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, visando a não dupla punição pelo mesmo crime. 
7) Vera encontra-se na posição de agente garantidora, como frisado nas hipóteses presentes no 
CP. Portanto, trata-se de uma omissão penalmente relevante, devendo Vera responder. OBS: É 
necessário abordar, na resposta, critérios importantes da omissão imprópria. 
8) A omissão é penalmente relevante, tendo em vista a posição de agente garantidor assumida 
pelo policial militar. Deve, logo, responder pelo crime de roubo consumado (vide omissão 
imprópria). A diferença entre a omissão própria e a imprópria gira em torno de alguns fatores, 
tais como: a existência de tipos penais autônomos na omissão própria ou pura; a fulcral 
presença da figura do agente garantidor na omissão imprópria; a omissão própria ser 
caracterizada por crimes de mera conduta… Apenas os crimes omissivos impróprios admitem 
tentativa, tendo em vista que não pode-se tentar uma omissão pura, contudo, tendo em vista 
que na omissão imprópria o agente responde por um tipo penal comissivo, admite-se a 
modalidade da tentativa. 
9) A 
10) C 
11) Trata-se de concausa relativamente independente preexistente, logo, não há quebra no nexo 
causal. Deve, pois, o agente, responder pelo resultado morte ao qual deu causa, na modalidade 
do homicídio consumado. 
12) A) Não, tendo em vista a excludente de ilicitude do Estado de Necessidade. 
B)Pedro ainda não responderia criminalmente, mas estaria, agora, abarcado pela excludente da 
legítima defesa (o cão age como mero instrumento da vontade de seu dono, representando, 
assim, uma agressão humana). 
13) E

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