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F R E N T E 3 273 Dilatação dos líquidos Dilatação real e aparente Os líquidos são desprovidos de forma própria (lem brese do que estudou em Química; livro 1, frente 2), assumindo sempre a forma do recipiente no qual são co locados. Devido a esse fato, o estudo de dilatação dos líquidos fica um pouco mais complexo, pois devemos levar em consideração a dilatação do recipiente no qual estão colocados. Observe a sequência representada na figura 9, em que o nível aparente do líquido frio diminui com a dilatação do frasco. I Frasco frio Líquido frio Frasco quente Líquido frio Frasco quente Líquido quente II III V A V 0 V B Fig. 9 Dilatação aparente de líquidos. Considere um balão de vidro comum com um certo líqui do em seu interior. Inicialmente o nível indicado é V0, (Fig. 9.I). Suponha que, em dado momento, o sistema seja levado à presença de uma fonte térmica, por exemplo, a chama de um fogão. Como o recipiente está mais próximo da fonte térmica do que o líquido, o recipiente se dilatará antes do líquido, e, em consequência, o nível do líquido abaixará até o nível VA, (Fig. 9.II); posteriormente, quando todo o conjunto estiver aquecido e dilatado, o nível do líquido sobe, ultrapassando o nível V0 e atingindo o nível VB (Fig. 9.III). Nessa experiência, o nível do líquido desceu de V0 para VA e, depois, subiu de VA para VB. Entretanto, um observador que considere apenas a situação inicial e a situação final (I e III) sem ter acompanhado o transcorrer do processo (II) tem a impressão de que o nível do líquido passou de V0 para VB. Portanto, temos: y de VA para VB (II ⇒ III): corresponde à dila ta ção real do líquido (não leva em conta a dilatação do recipiente); y de V0 para VA (I ⇒ II): corresponde à dilatação do recipiente; y de V0 para VB (I ⇒ III): corresponde à dilatação apa rente do líquido (leva em consideração a dila ta ção do recipiente). Observe que, em se tratando de líquidos, podemos definir dois tipos de dilatação e, consequentemente, dois coeficientes de dilatação: o coeficiente de dilatação real e o coeficiente de dilatação aparente. O coeficiente de dilatação real é absoluto e característico do líquido em questão, enquanto o coeficiente de dilatação aparente é relativo e depende do recipiente no qual o líquido está contido. Por exemplo, podemos ter quantidades iguais de gaso lina em dois recipientes idênticos, um recipiente de metal e outro de vidro. Se submetermos os dois recipientes ao mesmo aquecimento, a dilatação real da gasolina em am bos os recipientes será a mesma (dilatação real = absoluta), enquanto a dilatação aparente da gasolina será diferente para cada um dos recipientes (dilatação aparente = relativa), pois a dilatação aparente da gasolina depende da dilata ção do recipiente, que é diferente para o caso do vidro e o do metal. T 1 T 2 > T 1 Frasco de vidro A q u e c im e n to Frasco de metal Frasco ideal 100 mL 104 mL 102 mL 100 mL 105 mL Fig. 10 Frascos de materiais diferentes com variação de temperatura apresentam dilatações aparentes diferentes para o mesmo líquido. Observe que, na figura 10, os frascos, por serem de materiais diferentes, apresentam, para o mesmo líquido, dilatações aparentes diferentes. O frasco ideal, na tempe ratura T2, indica um nível de 105 mL para o líquido aquecido também à temperatura T2, enquanto o frasco de vidro apre senta volume final igual a 104 mL e o de metal, um volume final de 102 mL. Como isso é possível? Simples, o coeficiente de dilata ção do metal é maior do que o do vidro, que, por sua vez, é maior do que o do frasco ideal, mas é muito importante que você entenda que a dilatação real do líquido foi de 5 mL em todos os frascos. Podemos concluir também que a dilatação do frasco de metal foi de 3 mL e a do vidro foi de 1 mL. Atenção Voltando à figura 9, podemos observar que: de VA para VB = DVreal do líq. de V0 para VA = DVreal do recipiente de V0 para VB = DVaparente do líq. Em que temos: DVreal do líq. = V0 ⋅ g real do líq. ⋅ DT DVreal do recipiente = V0 ⋅ g real do recipiente ⋅ DT DVaparente do líq. = V0 ⋅ gaparente do líq. ⋅ DT FÍSICA Capítulo 2 Dilatação térmica274 Como: DVreal do líq. = DVrecipiente + DVaparente do líq. temse: V0 ⋅ g real do líq. ⋅ DT = V0 ⋅ g real do recipiente ⋅ DT + + V0 ⋅ g aparente do líq. ⋅ DT em que: greal do líq. = greal do recipiente + gaparente do líq. Portanto: gaparente do líq. = greal do líq. – greal do recipiente Observe que se trata de um frasco/recipiente ideal. Portanto: grecipiente = 0 ⇒ gaparente do líq. = greal do líq. Atenção Exercício resolvido 8 Um recipiente de vidro, completamente cheio de um líquido, à temperatura de 20 °C, possui 1 000 cm 3. Ao ser aquecido a 70 °C, observase que transbordam 20cm 3 de líquido. Nessas condições, determine: a) O que os 20 cm3 transbordados representam? b) Qual é o coeficiente de dilatação aparente do lí quido em questão? c) Qual é o coeficiente de dilatação volumétrica do recipiente? d) Qual é o coeficiente de dilatação real do líquido? e) Qual é a dilatação real do líquido? f) Qual é a dilatação real do recipiente? Considere: avidro = 8 ⋅ 10 –6 °C–1. Resolução: a) Os 20 cm3 representam a dilatação aparente do líquido, uma vez que o frasco esteja completa mente cheio. b) DVaparente = V0 ⋅ gaparente ⋅ DT ⇒ ⇒ 20 = 1 000 ⋅ gaparente ⋅ (70 –20) ⇒ ⇒ 20 = 1 000 ⋅ gaparente ⋅ 50 ⇒ gaparente = 20 1000 50· ⇒ ⇒ gaparente = 0,4 ⋅ 10 –3 ⇒ gaparente = 4 ⋅ 10 –4 °C–1 c) grecipiente = 3 ⋅ arecipiente ⇒ ⇒ grecipiente = 3 ⋅ 8 ⋅ 10 –6 = 24 ⋅ 10–6 ⇒ ⇒ grecipiente = 2,4 ⋅ 10 –5 °C–1 d) greal do líquido = grecipiente + gaparente greal do líquido = 2,4 ⋅ 10 –5 + 4 ⋅ 10–4 = = 0,24 ⋅ 10–4 + 4 ⋅ 10–4 ⇒ greal do líquido = 4,24 ⋅ 10 –4 °C 1 e) DVlíquido = V0 ⋅ glíquido ⋅ DT DVlíquido = 1000⋅ 4,24 ⋅ 10 –4 ⋅ 50 ⇒ DVlíquido = 21,2 cm 3 f) DVrecipiente = DVreal do líquido – DVaparente DVrecipiente = 21,2 – 20 ⇒ DVrecipiente = 1,2 cm 3 Comportamento anômalo da água De modo geral, os líquidos se dilatam ao aumentar a temperatura, porém, entre outros líquidos, a água constitui uma exceção. A água sofre contração de volume quando sua temperatura aumenta no intervalo de 0 °C a 4 °C e se dilata quando a temperatura aumenta a partir de 4 °C. O gráfico da figura 11 mostra a variação do volume de 1 g de água, no intervalo térmico de 0 °C a 20 °C. Observase no gráfico que o volume mínimo ocorre a 4 °C e vale 1 cm3. 4 1,0000 1,0002 1,0004 1,0006 1,0008 V(cm3) 6 8 10 12 1420 16 18 20 1,0010 1,0012 1,0014 T(oC) Fig. 11 Variação do volume da água em função da temperatura. Observe o com- portamento anômalo na faixa de 0 °C a 4 °C. 2 0,999 1,000 d(g/cm3) 3 4 5 6 710 8 9 10 T(°C) 0,997 0,998 Fig. 12 Variação da densidade da água com a temperatura. Observe o compor- tamento anômalo na faixa de 0 °C a 4 °C. Portanto, a 4 °C a água apresenta densidade máxima, cujo valor é d = 1 g/cm3 (Fig. 12). Devido ao comportamento anômalo apresentado pela água, nas regiões frias, no inverno, observase somente o congelamento das superfícies dos lagos, dos rios e dos mares, formandose uma camada protetora e isolante que conserva praticamente invariável a temperatura a grandes profundidades. Isso permite a existência da flora e da fauna aquática durante todo o ano. Pontes de hidrogênio Fig. 13 Cristal de água. F R E N T E 3 275 Fig. 14 Formação de cristais de gelo. © Y A N IK A P D R E A M S T M E .C O M Gelo 4 ºC 0 ºC –20 ºC Fig. 15 Devido ao comportamento anômalo da água, em um forte inverno, é pos- sível manter a fauna e a flora no fundo do lago (4 °C). Podemos verificar o comportamento anômalo da água também em casa, quando colocamos um vasilhame com água no congelador e, após algumas horas, observamos a formação de uma camada de gelo na superfície, en quanto a água na parte central do vasilhame permanece no estado líquido. 1 Na temperatura de 0 °C, um fio de cobre mede 100,000 m. Seu comprimento passa a ser de 100,068 m quando a temperaturaatinge 40 °C. Qual é o valor do coeficiente de dilatação linear do cobre? 2 Duas barras de comprimentos L e 2L, a 0 °C, e coeficientes de dilatação linear a1 e a2, respectivamente, são emen dadas, constituindo uma única barra de comprimento 3L. Qual é o coeficiente de dilatação linear médio da barra resultante? 3 O coeficiente de dilatação linear do alumínio é 2,2 ⋅ 10–5 °C–1. Um cubo de alumínio com volume de 5 litros é aque cido de 40 °F até 76 °F. Qual é a variação aproximada do volume desse cubo? Revisando FÍSICA Capítulo 2 Dilatação térmica276 4 Vunesp (Adapt.) Duas lâminas metálicas, a primeira de latão e a segunda de aço, de mesmo comprimento, à tempera tura ambiente, são soldadas rigidamente uma à outra, formando uma lâmina bimetálica, conforme a figura. Latão Aço O coeciente de dilatação térmica linear do latão é maior que o do aço. A lâmina bimetálica é aquecida a uma temperatura acima da ambiente e depois resfriada até uma temperatura abaixo da ambiente. Represente as formas assumidas pela lâmina bimetálica, quando aquecida e quando resfriada. 5 Unemat 2019 Diversos aparelhos elétricos têm como função transformar energia elétrica em calor, entre eles, des tacamse: Ferro elétrico, Chuveiro elétrico, Secador de cabelo, Chapinha, Ferro de Solda elétrico, entre outros. Boa parte destes aparelhos possuem um dispositivo para controlar a temperatura denominado de termostato. No caso do Ferro elétrico, este dispositivo é formado por duas lâminas metálicas (bimetal) firmemente ligadas uma a outra. Estas lâminas possuem coeficiente de dilatação diferentes, assim, com o aumento da temperatura, essa lâmina bimetálica se curva em forma de arco, fazendo com que o circuito elétrico seja aberto, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O desenho abaixo é uma representação esquemática de um termostato do Ferro elétrico. Sobre as lâminas metálicas é correto armar que: A Coeficiente de dilatação do Cobre é maior que o do Ferro, assim o Cobre dilata mais que o Ferro fazendo com que a lâmina forme o arco com concavidade para cima. Coeficiente de dilatação do Cobre é maior que o do Ferro, assim o Cobre dilata menos que o Ferro fazendo com que a lâmina forme o arco com concavidade para cima. C Coeficiente de dilatação do Ferro é menor que o do Cobre, assim o Ferro dilata mais que o Cobre fazendo com que a lâmina forme o arco com concavidade para cima. Coeficiente de dilatação do Ferro é maior que o do Cobre, assim o Ferro dilata mais que o Cobre fazendo com que a lâmina forme o arco com concavidade para cima. Coeficiente de dilatação do Cobre é menor que o do Ferro, assim o Cobre dilata mais que o Ferro fazendo com que a lâmina forme o arco com concavidade para cima.
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