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F R E N T E 3 365 Finalmente, observe o seguinte fato: h = T – T T = 1 – T T Carnot 1 2 1 2 1 Sendo T2 diferente de zero, teremos: hCarnot < 1, ou hCarnot < 100%. Exercícios resolvidos 8 Uma máquina de Carnot é operada entre duas fontes cujas temperaturas são, respectivamente, 100ºC e 0ºC. Admitindo-se que a máquina recebe a quantidade de calor igual a 1 000 cal por ciclo, pede-se: a) o rendimento da máquina. b) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo (expresso em joules). c) a quantidade de calor rejeitada à fonte fria. Dado: 1 cal = 4,19 J. Resolução: a) T1 = 273 + 100 = 373 K T2 = 273 + 0 = 273 K h = 373 – 273 373 = 100 373 = 0,268 ou 26,8% Carnot b) t t h ⇒= Q 0,268 = 1000 Carnot ciclo 1 ciclo tciclo= 268 cal ⇒ tciclo= 268 ⋅ 4,19 = 1 122,92 J c) Pelo princípio da conservação da energia: Q1 = tciclo + Q2 ⇒ Q2 = Q1 – tciclo Q2 = 1 000 – 268 = 732 cal 9 Um motor de Carnot recebe calor de uma fonte quen- te a 2 500 K e rejeita calor a 1 500 K para outro motor de Carnot, que, por sua vez, rejeita calor para uma fonte fria a 600 K. Determine: a) o rendimento de cada motor e do conjunto de motores. b) o trabalho que cada motor realiza se a fonte mais quente fornece a quantidade de calor igual a 500 joules. Resolução: Observe que se trata do acoplamento de dois moto- res de Carnot conforme o esquema a seguir: T 1 Q 1 T 2 Q 2 T 3 τ 2 τ 1 Q 3 M 1 M 2 h ⇒ h= T – T T = 2500 – 1500 2500 = 1000 2500 1 1 2 1 1 h = 0,4 ou 40% 1 h ⇒ h= T – T T = 1500 – 600 1500 = 900 1500 2 2 3 2 2 h = 0,6 ou 60% 1 h ⇒ h= T – T T = 2500 – 600 2500 = 1900 2500 c 1 3 1 c h = 0,76 ou 76% 1 Por outro lado, temos: ⇒ Q T = Q T = Q T 500 2500 = Q 1 500 = Q 600 1 1 2 2 3 3 2 3 Logo: Q = (500 · 1 500) 2500 = 300 J 2 Q = (600 · 1 500) 2500 = 300 J 3 t1 = Q1 – Q2 ⇒ t1 = 500 – 300 = 200 J t2 = Q2 – Q3 ⇒ t2 = 300 – 120 = 180 J Segundo princípio da Termodinâmica Retomemos a expressão que traduz quantitativamente o primeiro princípio da Termodinâmica: DU = Q – t Essa expressão deve ser obedecida por qualquer sis- tema, qualquer que seja a transformação que ele sofra. A expressão nega a existência de um dispositivo que, por si só, possa criar ou destruir energia, isto é, nega a existência do moto contínuo de primeira espécie. A expressão acima nada informa a respeito do sentido em que deve ou pode ocorrer um processo. Também não estabelece qualquer limitação na transformação de energia de uma modalidade para outra, isto é, na transformação de trabalho em calor e vice-versa. A experiência mostra que a transformação de trabalho em calor pode ocorrer sem qualquer limitação, por exemplo: por atrito entre duas superfícies, passagem de corrente elétrica por um resistor, entre outros processos, enquanto a transformação de calor em trabalho constitui um processo sujeito a condições restritivas. Tais condições são estabelecidas pelo segundo prin- cípio da Termodinâmica, que estabelece ainda condições que permitem decidir se uma transformação pode ou não ocorrer, mostrando que todos os processos naturais são irreversíveis. O segundo princípio da Termodinâmica pode ser enun- ciado de diversas maneiras. Vamos apresentar o enunciado de Kelvin-Planck e o de Clausius. FÍSICA Capítulo 6 Gases e Termodinâmica366 Enunciado de Kelvin-Planck É impossível a construção de um dispositivo que, por si só, isto é, sem a intervenção do meio exterior, consiga transformar integralmente em trabalho o calor absorvido de uma fonte a uma dada temperatura uniforme. Esse enunciado nega a existência do motor ideal, re- presentado no esquema seguinte: Realiza τ Fonte Q Recebe Motor ideal Fig. 32 Transformação de calor em trabalho em um motor ideal. Portanto, o que efetivamente existe é o motor real, representado pelo seguinte esquema: Realiza τ Q 2 Cede Fonte fria Fonte quente Q 1 Recebe Motor real Fig. 33 Transformação de calor em trabalho em um motor real. Note-se que Q1 = Q2 + t, estando, assim, satisfeito o primeiro princípio da Termodinâmica. Enunciado de Clausius É impossível a construção de um dispositivo que, por si só, isto é, sem a intervenção do meio exterior, consiga transferir calor de um corpo (fonte) para outro à temperatura mais elevada. O enunciado de Clausius do segundo princípio da Ter- modinâmica nega a existência do refrigerador ideal, cujo esquema é o seguinte: Q 1 Recebe Fonte fria Fonte quente Q 2 Cede Motor ideal Fig. 34 Transferência de calor da fonte fria para fonte quente, sem realização de trabalho, em um refrigerador ideal. Portanto, o que efetivamente existe é o refrigerador real, representado pelo seguinte esquema: Q 1 Recebe Fonte fria Fonte quente Q 2 Cede Motor real Sofre τ Fig. 35 Transformação de calor em trabalho em um refrigerador real. Note-se que Q2 + t = Q1, estando assim satisfeito o primeiro princípio da Termodinâmica. Note que o segundo princípio da Termodinâmica proí- be a construção de um motor que, operando em ciclos e em contato com uma única fonte, converte calor em trabalho. Entretanto, essa conversão é possível se exis- tirem duas fontes, como foi mostrado no caso do motor de Carnot. Terceiro princípio da Termodinâmica A experiência mostra que, nos processos de res- friamento, à medida que a temperatura diminui, torna-se cada vez mais difícil fazê-la baixar ainda mais. Esse fato experimental nos leva a formular o terceiro princípio da Termodinâmica: É impossível levar a temperatura de um sistema ao zero absoluto mediante um número finito de operações. Esse princípio nos leva a concluir que não é possível ter um motor cuja fonte fria esteja à temperatura igual a zero absoluto, isto é, não pode existir um motor com ren- dimento de 100%. Exercícios resolvidos 10 Para que a temperatura de determinada massa gasosa varie de TA para TB, a quantidade de calor necessária na transformação isométrica corresponde à variação de sua energia interna, caso ela sofra uma transforma- ção adiabática que provoque a mesma variação de temperatura. Demonstre essa situação. Resolução: O diagrama P × V para TA e TB é: P 0 A V A = V C V B T A T B C B V → → A C: transformação isométrica A B: transformação adiabática F R E N T E 3 367 Na transformação isométrica, a quantidade de calor DQ retirada do gás é dada por: DQ = mcv (TB – TA) Como na trasformação adiabática não houve trocas de calor com o ambiente (DQ = 0), temos: DU = DQ – t ⇒ DU = –t Como a variação de energia interna do gás só de- pende da variação de temperatura DT, e nas duas transformações ocorrem variações iguais de tempera- tura, DU é numericamente igual a DQ. Então: DU = –t = mcvDT 11 No gráfico a seguir, estão representadas a pressão e o volume de certo gás ideal que passa do estado i para o estado f. O número de mols do gás não sofre alteração. Nessas condições, determine a razão entre as energias internas do gás nos estados i e f. Pressão 4 P i P V 3V f Volume Resolução: Sabendo que a energia interna de um gás ideal é U = 3 2 nRT e utilizando esse resultado na equação de Clapeyron PV = nRT, temos: U = 3 2 PV Utilizando os dados do gráco: ⇒ U U = 3 2 PV 3 2 P V = 4PV 3PV U U = 4 3 i f i i f f i f 12 Um gás ideal realiza o ciclo ABCDA indicado no gráfi- co. Sobre ele, são feitas as seguintes perguntas: a) Que tipo de conversão energética ocorre ao se completar um ciclo? Justifique a resposta. b) Qual quantidade de energia se interconverte em cada ciclo? P (105 N/m2) V (10–2 m3) 9 6 3 0 1 2 3 4 C B D A Resolução: a) Como o ciclo é realizado no sentido anti-horário, o trabalho na contração CD tem módulo maior do que o realizado na expansão AB. Por conseguin- te, o trabalho total é negativo, representando um trabalho realizado sob o gás: |tCD| > |tAB| ⇒ t < 0 O gás perde, então, calor em igual quantidade para o ambiente (Q = t), ocorrendo a conversãode energia mecânica em calor. b) A quantidade de energia que se interconverte tem módulo dado pela área interna do ciclo, con- forme é assinalado: t t t⇒ = 6 · 10 + 3 · 10 2 · 3 · 10 = 4,5 · 10 · 3 · 10 = 13,5 · 10 J 5 5 –2 5 2 3 t = Q = –1,35 · 104 J P (105 N/m2) V (10–2 m3) 9 6 3 0 1 2 3 4 D C |τ| BA 13 O expoente de Poisson de um gás ideal é g = 3 2 . Se certa quantidade desse gás ocupa inicialmente volume de 5 litros e exerce pressão de 2 atmosferas, que pressão passará a exercer ao sofrer uma con- tração adiabática, ocupando ao nal volume de 1 L? Resolução: O estado inicial do gás apresenta pressão P1=2,0 atm e volume V1 5,0 L. O volume final é V2=1,0L. A pressão final P2 é calculada pela lei de Poisson- -Laplace: g g P · V = P · V 1 1 2 2 Assim: 2,0 ⋅ 5,03/2 = P2 ⋅ 1 3/2 Elevando ao quadrado, obtemos: (4,0) (5,0) 3 = P2 2 (1,0) 3 ⇒ 4,0 ⋅ 125 = P2 2 ⋅ 1,0 P2 2 = 500 ⇒ P2 ≅ 22,4 atm FÍSICA Capítulo 6 Gases e Termodinâmica368 1 Fuvest (Adapt.) Em qual situação o comportamento de um gás real aproxima-se do comportamento de um gás ideal? 2 Fuvest Uma massa m de um gás perfeito, inicialmente no estado (1), sofre uma expansão até atingir o estado (2), como ilustra o diagrama a seguir. Determine o volume do gás no estado (2). P (atm) 3 1 0 5 1 2 isoterma V (L) 3 Fuvest (Adapt.) Os pontos A, B e C do gráfico (PV) da figura representam três estados de determinada massa de um gás perfeito. P 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 A B C V Sendo TA, TB e TC as temperaturas absolutas correspondentes, qual a relação entre essas temperaturas? Revisando
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