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Física: Termodinâmica e Ondas Aula 6: Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica Professor Cristiano Cancela da Cruz CONVERSA INICIAL Oi, seja bem-vindo(a) à última aula de Física: Termodinâmica e Ondas. Nosso objetivo, nessa aula, é: Estudar as leis da termodinâmica, as quais estão ligadas a relação entre calor, trabalho realizado e variação da energia interna; Aplicar a termodinâmica na construção de máquinas térmicas, possibilitando determinar sua eficiência ao observar as relações entre energia fornecida e trabalho realizado. A história da Física iniciou há milênios com o estudo dos movimentos celestes, sobretudo no Egito e Babilônia da Antiguidade. O legado destas antigas culturas forneceu importantes alicerces aos progressos da Mecânica na subsequente cultura Grega. Devido à estabilidade conquistada pela civilização egípcia da antiguidade, sua estrutura social foi preservada por milênios. Essa longevidade permitiu o registro de dados astronômicos, dados esses que foram posteriormente reinterpretados por Ptolomeu, no século I, e por Nicolau Copérnico, no ano 1500. Utilizando a medida do tempo ao longo do ano, pelas constelações, foi possível aos egípcios desenvolver um calendário e também o registro de muitos dados astronômicos, registrando os ciclos lunares, eclipses e outros eventos astronômicos que deram base à astronomia subsequente. Além da Astronomia, os egípcios desenvolveram a geometria, que se destaca pelas suas obras de arquitetura, as grandes pirâmides, construídas por volta de 3.000 a.C., onde o mais impressionante é o posicionamento de suas faces, as quais são orientadas para os pontos cardeais com enorme precisão. A aritmética dos egípcios, seu sistema de numeração, como o nosso, era decimal, mas não posicional tal qual o romano: existiam símbolos específicos para unidade, dezena, centena etc. A antiguidade da civilização egípcia é precursora da civilização ocidental de diversos modos, até mesmo os primeiros conceitos de termodinâmica, os quais relacionavam o fogo com calor. Atualmente, sabemos que o calor é uma forma de energia que necessariamente não precisa do fogo para existir. Hoje, a termodinâmica é baseada na relação existente entre calor, trabalho mecânico e outros aspectos da energia e da transferência de energia. Com ela é possível determinar como a variação da pressão de determinado gás confinado, a certa temperatura e volume realiza trabalho mecânico no sistema termodinâmico. Acesse a versão online da aula e confira a fala inicial do professor Cristiano no vídeo a seguir. CONTEXTUALIZANDO O crescimento industrial acelerado durante a Revolução Industrial impulsionou o estudo da termodinâmica na busca de máquinas eficientes que possibilitassem realizar o trabalho mais rapidamente. Pioneiro no estudo termodinâmico, temos a figura de Otto von Guericke, cientista alemão criador do primeiro motor que se tem registro e também da primeira bomba de vácuo. Baseado nas ideias de Otto von Guericke, em 1656, o irlandês Robert Boyle e o cientista Inglês Robert Hooke construíram uma bomba de ar, o que lhes permitiu observar a relação existente entre a pressão e o volume do gás confinado. Após a invenção do termômetro e utilizando esse instrumento para determinar a temperatura do gás, Gay-Lussac verificou que, além da pressão e o volume estarem relacionados, a temperatura do gás também estava. Essa descoberta os levou a escrever a lei do gás ideal. Ao mesmo tempo, em 1679, o cientista Denis Papin construiu um equipamento, o qual ele chamou de digestor ósseo, que era constituído de um recipiente fechado hermeticamente que impedia a saída do vapor, gerando altas pressões em seu interior, assim como uma panela de pressão. Como havia perigo de explosão, uma válvula de segurança foi implementada ao dispositivo. Certa vez, ao observar o movimento rítmico da válvula movendo-se para cima e para baixo, Papin teve a ideia de construir um motor a pistão e cilindro, no entanto sua execução não passou do projeto, porém em 1697, o engenheiro Thomas Savery, tendo como base o projeto de Papin, construiu o primeiro motor, grosseiro e rudimentar, que funcionava com pistão e cilindro. Apesar da pouca ineficiência do motor de Papin, muitos cientistas da época tiveram muita curiosidade na novidade, destaque para Sadi Carnot, que graças aos seus estudos e contribuição, hoje é considerado o "pai da termodinâmica". Carnot publicou, em 1824, suas descobertas sobre termodinâmica, denominado, Reflexões sobre a Força Motriz do Fogo: um discurso sobre o calor, potência e eficiência do motor. Essa obra marca o início da Termodinâmica como ciência moderna. Sobre os Grandes Momentos da Ciência e Tecnologia, assista ao vídeo a seguir: Otto von Guericke e a Pressão do Ar. https://www.youtube.com/watch?v=1hT9_PsXnHY Sobre esta reflexão, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=1hT9_PsXnHY Tema 1 - Sistemas Termodinâmicos Um sistema termodinâmico é formado por um conjunto de elementos que, ao receber ou perder calor de uma fonte térmica, é capaz de realizar um trabalho mecânico. Por exemplo, o motor do automóvel recebe calor da queima do combustível e realiza trabalho ao deslocar o veículo. Isso é possível por meio da expansão do combustível durante o processo de queima. Essa variação no volume do combustível vaporizado força os pistões do motor e produz o movimento. Quando ocorrem variações no estado do sistema termodinâmico, assim como ocorre com volume do combustível, o mecanismo de como isso ocorreu é chamado de processo termodinâmico. Em muitos processos termodinâmicos, as relações de energia e trabalho são caracterizadas pela quantidade de calor Q fornecida ou perdida e o trabalho W realizado pelo sistema. Os valores da quantidade de calor e do trabalho realizado podem ser positivos, negativas ou nulos. Convenções de sinais para Quantidade de Calor Q e Trabalho W. Quando o calor é fornecido para o sistema termodinâmico, a quantidade de calor é positiva, e a energia entra no sistema, e quando o calor é retirado do sistema, seu valor é negativo, e a transferência de energia foi para fora do sistema termodinâmico. Já para o trabalho realizado, seu valor será positivo quando o sistema realizar um trabalho nas vizinhanças, e o trabalho será negativo quando a vizinhança realizar um trabalho no sistema termodinâmico. Atenção! Cuidado com o sinal do trabalho. Observe que a convenção de sinais para o trabalho realizado é oposta à convenção adotada na mecânica, quando falávamos sempre de um trabalho realizado pela força que atua sobre um corpo. Na termodinâmica, é mais conveniente, geralmente, chamar de W o trabalho realizado pelo sistema, de modo que, quando um sistema se expande, a pressão, a variação de volume e o trabalho realizado são grandezas sempre positivas. Preste atenção e use a convenção de sinais do calor, e do trabalho consistentemente. (SEARS; ZEMANSKY, p. 252). Trabalho Realizado Durante a Variação de Volume de um Gás Um sistema termodinâmico simples pode ser observado quando um gás está confinado no interior de um cilindro com um pistão móvel. Iremos utilizar esta configuração para estudar os diversos processos envolvendo a transformação de energia. Vamos iniciar com o trabalho realizado pelo sistema termodinâmico durante a expansão do gás. Neste caso, o aumento de volume do gás força as paredes do recipiente para fora, realizando um trabalho positivo no sistema. Trabalho infinitesimal realizado pelo sistema durante uma pequena expansão dx A figura mostra um gás confinado em uma seringa tampada com o êmbolo móvel. A área da seção reta do êmbolo possui área A e a pressão exercida pelogás na face do pistão é dada por P. Pela definição de pressão, podemos escrever: 𝑷 = 𝑭 𝑨 Logo: 𝑭 = 𝑷. 𝑨 Quando o êmbolo se desloca uma distância infinitesimal dx, o trabalho realizado dW por essa força é determinado por: 𝒅𝑾 = 𝑭 𝒅𝒙 = 𝑷𝑨𝒅𝒙 Como a variação infinitesimal do volume do gás é dada por: 𝒅𝑽 = 𝑨𝒅𝒙 Então podemos escrever: 𝒅𝑾 = 𝑷𝒅𝑽 Integrando ambos os lados desta igualdade e tomando como limite de integração a variação finita do volume de V1 até V2, temos o trabalho realizado em uma variação do volume: 𝑾 = ∫ 𝑷𝒅𝑽 𝑽𝟐 𝑽𝟏 O trabalho realizado depende da pressão do gás e da variação do volume. Como a pressão pode variar durante o processo, para calcular a integral devemos conhecer como a pressão varia em função do volume. Se a pressão permanecer constante, enquanto o volume varia entre os limites V1 e V2, o trabalho realizado pelo sistema se reduz a: 𝑾 = 𝑷 (𝑽𝟐 − 𝑽𝟏) Leitura Obrigatória Leia o exemplo 19.1, na página 254 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Caminhos entre Estados Termodinâmicos Quando em um processo termodinâmico ocorre variação do volume do sistema, ou o sistema realiza trabalho sobre a vizinhança ou a vizinhança realiza trabalho sobre o sistema. Durante esse processo também pode ocorrer transferência de energia térmica, para isso, basta existir diferença de temperatura entre o sistema e a vizinhança. A partir de agora iremos ver em detalhes como o trabalho realizado e o calor trocado com o sistema durante o processo termodinâmico se relacionam. Trabalho realizado em um processo termodinâmico Quando o sistema termodinâmico parte de um estado inicial para um estado final, existem diversos caminhos possíveis para essa mudança e esses caminhos são estados intermediários. Se esse conjunto de estados intermediários forem estados de equilíbrio termodinâmico, o caminho pode ser representado como um diagrama PV (veja a figura a seguir). O estado inicial é definido como o ponto 1 e possui pressão P1, volume V1 e temperatura T1 e o estado final, o ponto 2, como pressão P2, volume V2 e temperatura T2. Para mudar do estado 1 para o estado 2, o gás poderia manter a pressão constante durante a expansão do gás até o volume V2, chegando no ponto 3, e depois reduzir a pressão até P2, mantendo o volume constante e diminuindo a temperatura do gás. Outro caminho possível para mudança do estado 1 para o estado 2, seria diminuir a pressão até P2, mantendo o volume constante, chegando no ponto 4 e depois aumentar o volume até V2. Ou, um terceiro caminho, indo diretamente de 1 para 2 pela linha contínua, ilustrada na figura a seguir. Caminhos distintos para mudança de estado do gás do ponto 1 para o ponto 2. O trabalho para cada caminho distinto será dado pela área abaixo do gráfico, para o caminho 1 – 3 – 2, veja a figura a seguir. Para o caminho 1 – 4 – 2, veja a figura a seguir. Para o caminho 1 – 2, veja a figura a seguir. Como se pode observar nos gráficos PV das últimas 3 figuras, os estados iniciais e finais são idênticos, porém os caminhos para mudança de estado são diferentes, assim como os trabalhos realizados em cada caminho também são diferentes. O trabalho realizado pelo sistema termodinâmico depende do estado inicial e final e também dos estados intermediários, do caminho. Calor fornecido em um processo termodinâmico Assim como o trabalho realizado pelo sistema quando ele passa de um estado para outro depende do caminho para ir do estado inicial ao estado final, o calor fornecido também depende dessas características. Devido a essa dependência do caminho, não podemos falar de calor contido em um sistema. Se o sistema se encontra em um estado inicial com um valor de calor contido de referência, ao fornecer certa quantidade de calor extra ao sistema, esse sofrer um processo mudando para um estado final, dessa forma, no estado final, o sistema deveria ter o calor de referência acrescido da quantidade de calor fornecida. Isso nos levaria a um contrassenso, pois dessa forma o calor do sistema não teria dependência com o caminho para realizar a mudança de estado. Portanto, não seria muito conveniente falar em calor contido no sistema, assim como em trabalho contido no sistema, faria mais sentido falar de energia interna contida no sistema. As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a soma de todas elas é o que chamamos energia interna do sistema. Ao ser fornecido calor ao sistema, provoca-se uma variação na energia interna deste sistema. É nessa variação que se baseiam os princípios da termodinâmica. Usaremos o símbolo U para representar a energia interna do sistema. Durante uma transformação de estado, a energia interna do sistema pode variar de um estado inicial U1 para um estado final U2. A variação da energia interna será determinada por: △U = U2 – U1 Quando fornecemos calor para o sistema e esse não realiza trabalho durante o processo, a energia interna aumenta uma quantidade igual à quantidade de calor Q fornecida, logo a variação da energia interna é igual a quantidade de calor fornecida. △U = Q E quando o sistema realiza trabalho durante uma expansão e nenhum calor é fornecido ao sistema, a energia interna diminui uma quantidade igual ao trabalho realizado, porém com sinais invertidos. O trabalho é positivo, mas a variação da energia interna é negativa. Logo: △U = –W Porém, quando, ao mesmo tempo, ocorre transferência de calor para o sistema e também há trabalho realizado, a variação da energia interna é dada por: U2 – U1 = △U = Q – W Rearranjando a equação, Q = △U + W Essa equação define a Primeira Lei da Termodinâmica, que mostra que quando um calor é fornecido a um sistema, uma parte dele permanece dentro do sistema variando a energia interna, o restante é utilizado para realizar trabalho. Assim como o trabalho e o calor podem ser grandezas positivas, nulas ou negativas, a variação da energia interna também pode ser positiva, nula ou negativa para processos diferentes. Em um processo termodinâmico, a energia interna de um sistema pode aumentar, quando a variação da energia interna for positiva, diminuir, quando a variação da energia interna for negativa, ou permanecer constante, quando a variação a energia interna for nula. A variação da energia interna de um sistema durante qualquer processo termodinâmico depende somente do estado inicial e do estado final do sistema, e não do caminho que conduz um estado a outro. A Primeira Lei da Termodinâmica é uma forma generalizada do princípio da conservação da energia na qual é incluída a transferência de energia na forma de calor e a realização de trabalho mecânico. Existem dois casos especiais da primeira lei da termodinâmica. Suponha que o sistema termodinâmico passe por diversos processos que o façam retornar ao estado inicial, dessa forma, o estado inicial é igual ao estado final. Processos desse tipo são denominados processos cíclicos. Nessa configuração, a variação total da energia interna deve ser igual a zero, pois U1 = U2, logo: Q = W O trabalho total realizado pelo sistema durante o processo cíclico deve ser igual à quantidade de energia transferida sob a forma de calor para dentro do sistema, veja que neste caso, o trabalho e o calor transferido não são nulos. Outro caso especial da Primeira Lei da Termodinâmica ocorre quando o sistema termodinâmico está isolado, o sistema não troca nem calor, nem trabalho com sua vizinhança. Neste caso: Q = W = 0 Logo: U2 = U1 △U = 0 Leitura Obrigatória Leia Estratégia para solução de problemas, na página 259, e os exemplos 19.3 e 19.4, na página 260, da obra Física II: Termodinâmicae Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir o professor Cristiano tratando com detalhes este assunto. Tema 2 - Tipos de Processos Termodinâmicos Um processo termodinâmico é caracterizado por uma mudança no sistema termodinâmico provocando a variação de uma ou mais variáveis de estado do sistema. Se essa mudança ocasionar uma pequena variação (infinitesimal) em algumas de suas variáveis de estado, e o sistema estiver isolado, ele encontrará naturalmente uma outra situação de equilíbrio, com novos valores de suas variáveis de estado. Chama-se a essa mudança infinitesimal de processo quase estático. Um processo dito processo reversível ocorre quando conhecemos todas as microtransformações que aconteceram entre o estado inicial e o estado final. A maneira com que ocorrem as mudanças das grandezas envolvidas no sistema durante a transformação termodinâmica estão relacionadas através da equação que define a Primeira Lei da Termodinâmica. Considerando os processos quase estáticos, vamos analisar quatro tipos específicos de processos termodinâmicos: Processo adiabático Processo isovolumétrico ou isocórico Processo isobárico Processo isotérmico 1. Processo adiabático Neste tipo de processo o sistema não troca calor com o ambiente, Q = 0. Essa transformação está associada a troca de trabalho entre o sistema e o meio. As variáveis de estado pressão, volume e temperatura podem variar, mas não existe troca de energia em forma de calor. O sistema irá troca energia em forma de trabalho. Podemos impedir a transferência de calor fechando o sistema com um material isolante ou realizando o processo muito rapidamente de maneira que não haja tempo suficiente para ocorrer um fluxo de calor considerável. Pela primeira lei da termodinâmica, se a quantidade de calor é igual a zero Q = 0, temos: U2 – U1 = △U = –W Se o sistema realiza trabalho sobre a vizinhança devido a expansão do sistema, o trabalho é positivo e consequentemente a variação da energia interna é negativa, pois a energia interna diminui do estado 1 para o estado 2. Mas se o sistema sofre compressão, o trabalho é negativo e a energia interna do sistema aumenta. 2. Processo isovolumétrico ou isocórico É um processo que ocorre a volume constante. Não existe troca de energia na forma de trabalho entre o sistema e o ambiente, W = 0. As variáveis de estado, pressão e temperatura podem variar. Poderão acontecer trocas de energia na forma de calor, entre o sistema e o ambiente. Por exemplo, o sistema absorverá calor do ambiente, e mantendo o volume constante, acontecerá um aumento tanto da pressão quanto da temperatura causando a variação da energia interna do sistema. Analisando a equação da primeira lei da termodinâmica, sendo o trabalho igual a zero, temos: U2 – U1 = △U = Q A energia adicionada na forma de calor ficará dentro do sistema aumentando a energia interna do sistema. A figura a seguir mostra graficamente, no diagrama PV, o processo quando o volume do sistema permanece constante, entre os estados 1 e 2. Diagrama PV mostrando o processo 1 - 2 a volume constante. Para transformar o sistema do estado 1 para o estado 2, a pressão foi reduzida, e a temperatura passou da isoterma T1 para isoterma T2, ou seja, a temperatura diminuiu, porém, o volume continua o mesmo, constante, pois V1 é igual a V2. Processos que ocorrem com o volume constante são chamados de isocóricos, ou isovolumétricos. 3. Processo isobárico Um processo isobárico é um processo que ocorre a pressão constante. Num processo isobárico nenhuma das grandezas, energia interna, calor e trabalho será igual a zero, logo poderá acontecer troca de energia tanto em forma de calor como em forma de trabalho. As variáveis de estado volume e temperatura podem variar. O trabalho realizado será dado por: W = P (V2 – V1) O diagrama PV da figura a seguir representa um processo isobárico entre os estados 1 – 2. Neste processo, o gás no estado 1 sofre expansão, aumento do volume, até o estado 2. A temperatura neste caso também aumenta, passando da isoterma T1 para a isoterma T2. Diagrama PV mostrando o processo 1 - 2 a pressão constante. 4. Processo isotérmico Um processo isotérmico é um processo que ocorre a temperatura constante. Neste caso, as variáveis de estado pressão e volume podem variar havendo troca de energia, tanto em forma de calor, como em forma de trabalho, porém não acontecerá a variação da energia interna. U2 – U1 = △U = 0 Q = W Repare no gráfico a seguir que, ao variar do estado 1 para o estado 2, a pressão do gás diminuiu, mas o volume aumentou. Veja também que o processo ocorreu sobre a isoterma T1 = T2, ou seja, a temperatura não variou, é um processo isotérmico. Diagrama PV mostrando o processo 1 - 2 a temperatura constante. Leitura Obrigatória Leia Energia interna de um gás ideal, página 263 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir o professor Cristiano tratando com detalhes este assunto. Tema 3 - Sentido de um Processo Termodinâmico Muitos processos termodinâmicos ocorrem na natureza em determinado sentido, mas nunca no sentido oposto. O calor sempre flui do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura, mas apesar da primeira lei da termodinâmica permitir o sentido contrário do fluxo de calor, do corpo mais frio para o mais quente, pois há conservação da energia, isso nunca irá ocorrer. Os motivos desse impedimento do fluxo de calor, são explicados pela segunda lei da termodinâmica. Ela determina limites para eficiência de uma máquina térmica ou de uma usina elétrica. Além disso, também estipula qual a energia mínima que deve ser fornecida a um refrigerador. Quando um processo não pode ocorrer em sentido contrário ele é chamado de processo irreversível, como exemplo temos o fluxo de calor, a expansão livre de um gás e a energia mecânica dissipada na forma de calor devido ao atrito. Apesar de todo processo natural ter um sentido preferencial, podemos idealizar processos que poderiam ser reversíveis. Um processo idealizado reversível ocorre sempre próximo ao equilíbrio termodinâmico com as vizinhanças do sistema e no seu interior. Qualquer que seja a mudança de estado no sistema, pode ser revertida se as variações do sistema forem infinitesimais. Essa característica torna um processo reversível, um processo de equilíbrio termodinâmico. Uma transformação reversível é uma idealização que não pode ser realizada com precisão no mundo real, mas claro, se a variação das grandezas for muito pequena, bem próximo do estado de equilíbrio, o processo pode aproximar-se do reversível. Devido a essa aproximação com a condição de equilíbrio, um processo reversível é chamado de processo de quase-equilíbrio. Isso não se aplica nos exemplos ilustrados, fluxo de calor, expansão livre de um gás, ou a energia dissipada por atrito, pois estes processos ocorrem em condições de não equilíbrio, sendo o equilíbrio atingido somente no fim do processo. Leitura Obrigatória Leia Desordem e processos termodinâmicos, página 279 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Máquinas Térmicas O ser humano se destaca perante os outros animais, são só pela sua inteligência, mas também por utiliza-la para criar ferramentas e até mesmo máquinas. As quais, quando alimentadas com energia, são capazes de realizar trabalhos que apenas com a força muscular humana não seria possível. A princípio a energia utilizada pelas máquinasprovinham de fontes naturais, como uma queda d’água, ou a energia do vento. Posteriormente pela queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás e ainda por reações nucleares. Esses combustíveis fornecem energia na forma de calor, aquecendo casas, cozinhando alimentos, impulsionando carros, enfim produzindo energia mecânica. Fica evidente que a melhor máquina seria aquela que ao receber calor proveniente de determinada fonte de energia, transforme a maior parte dessa energia, em energia mecânica e trabalho. Dessa forma, qualquer dispositivo que transforme parte do calor recebido em energia mecânica ou trabalho, chama-se máquina térmica. Esses dispositivos funcionam transformando determinada substância de um estado para outro, como a expansão de um gás, ou a mudança de fase de um líquido. Essa matéria que sofre transformação, é denominada substância de trabalho da máquina térmica. A máquina térmica mais simples é aquela que a substância de trabalho sofre um processo cíclico, uma sequência de processos que, ao final reconduzem a substância de trabalho a seu estado inicial. Esse processo cíclico sofrido por todas as máquinas térmicas, basicamente se resume em retirar calor de uma fonte de calor com temperatura relativamente alta, realizar algum tipo de trabalho mecânico e rejeitar, desperdiçando parte do calor para uma fonte de temperatura mais baixa. Neste processo, a energia interna inicial é igual à energia interna final e de acordo com a primeira lei da termodinâmica, não há variação da energia interna e, portanto, todo calor que flui para dentro da máquina, durante o ciclo, deve ser transformado em trabalho. U2 – U1 = 0 = Q – W Logo: Q = W Iremos chamar a fonte de calor da máquina de reservatório quente, e sua temperatura será determinada por TH, esse reservatório fornece calor para máquina, mas a sua temperatura não é alterada significativamente. O outro reservatório, chamado reservatório frio, tem a função de retirar calor da máquina térmica, absorvendo grandes quantidades de calor mantendo a sua temperatura constante e igual a TC. Por analogia, vamos designar a quantidade de calor absorvida pela máquina térmica do reservatório quente de QH, esse calor será positivo e o calor rejeitado para o reservatório frio de QC, será negativo. Podemos representar as transformações de energia em uma máquina térmica usando um diagrama do fluxo de energia, veja figura a seguir. Fluxo de energia para uma máquina térmica. Se o processo de funcionamento da máquina térmica é um processo cíclico, absorvendo calor QH e rejeitando QC, sendo QH positivo e QC negativo. O calor total Q absorvido por ciclo é: 𝑸 = 𝑸𝑯 + 𝑸𝑪 = |𝑸𝑯| − |𝑸𝑪| A saída de energia útil da máquina é o trabalho líquido W realizado pela substancia de trabalho, dado por: 𝑾 = 𝑸 = 𝑸𝑯 + 𝑸𝑪 = |𝑸𝑯| − |𝑸𝑪| Uma máquina ideal seria aquela que todo calor QH seria convertido em trabalho, neste caso, QH = W e QC = 0. Mas isso é algo impossível de acontecer, pois sempre existe parte do calor que é desperdiçado, então QC nunca será igual a zero. Mas, como determinar qual máquina é melhor? Fica obvio dizer que a melhor máquina seria aquela que converte maior parte do calor QH em trabalho. Outra maneira de verificar isso é através da eficiência térmica da máquina, representada pela letra e, e calculada pela razão entre o trabalho W realizado e o calor QH. 𝒆 = 𝑾 𝑸𝑯 Outra maneira equivalente para calcular a eficiência da máquina térmica é obtida substituindo a equação 𝑾 = 𝑸 = 𝑸𝑯 + 𝑸𝑪 = |𝑸𝑯| − |𝑸𝑪| na equação da eficiência: 𝒆 = 𝑾 𝑸𝑯 = 𝟏 + 𝑸𝑪 𝑸𝑯 = 𝟏 − | 𝑸𝑪 𝑸𝑯 | A eficiência é uma grandeza que não possui unidade, dando como resultado sempre um valor menor que 1. Ela representa a porcentagem da energia QH que é aproveitada para realizar trabalho W. Sobre os Grandes Momentos da Ciência e Tecnologia, assista ao vídeo a seguir: James Watt e a Máquina a Vapor. https://www.youtube.com/watch?v=CfZ2bnqFS88 Leitura Obrigatória Leia Estratégia para solução de problemas, e exemplo 20.1, página 281 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Refrigeradores Um refrigerador é uma máquina térmica que funciona em ciclo invertido. Ele recebe calor de uma fonte fria (a parte interna do refrigerador) e o transfere para uma fonte quente (o ar externo em que o refrigerador se encontra). A máquina térmica realiza trabalho mecânico líquido, enquanto o refrigerador precisa receber um trabalho mecânico liquido. No caso do refrigerador, usando a convenção de sinais, QC é positivo, mas W e QH são negativos, portanto: |𝑾| = −𝑾 e |𝑸𝑯| = − 𝑸𝑯 O digrama de fluxo de energia para o refrigerador está representado na figura a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=CfZ2bnqFS88 Fluxo de energia de um refrigerador. De acordo com a primeira lei da termodinâmica, em um processo cíclico, 𝑸𝑯 + 𝑸𝑪 − 𝑾 = 𝟎 ou −𝑸𝑯 = 𝑸𝑪 − 𝑾 Mas, como QH e W são negativos, |𝑸𝑯| = 𝑸𝑪 + |𝑾| O calor |QH| que deixa a substância de trabalho e se transfere para o reservatório quente é sempre maior do que o calor QC retirado do reservatório frio. De acordo com a eficiência, visando economia, o melhor refrigerador é aquele que remove a maior quantidade de calor |QC| do interior do refrigerador para o mesmo trabalho realizado, |W|. A eficiência de um refrigerador é chamada coeficiente de desempenho, representado pela letra K, e será determinada pela razão entre |QC| e o trabalho |W|. 𝑲 = |𝑸𝑪| |𝑾| = |𝑸𝑪| |𝑸𝑯| − |𝑸𝑪| Como as unidades de trabalho e calor são as mesmas, o coeficiente de desempenho de um refrigerador é um número puro, adimensional. Leitura Obrigatória Leia Refrigeradores comuns, página 285 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir o professor Cristiano tratando com detalhes este assunto. Tema 4 - Segunda Lei da Termodinâmica Vimos até o momento que uma máquina térmica tem como função transformar calor em trabalho. Através de transformações cíclicas em um sistema fechado, observa-se que parte do calor fornecido a essa máquina é perdido, ou seja, não é integralmente transformado em trabalho. A primeira lei da termodinâmica, estabelece que a energia é sempre conservada, não importando em que forma se apresente. Entretanto, a conversão de uma forma de energia em outra pode ou não se verificar. A segunda lei da termodinâmica prevê essa possibilidade. É possível estabelecer a quantidade de energia mecânica obtida de certa quantidade de energia térmica, embora essa conversão não se dê de modo simples. A segunda lei estabelece essas condições, de acordo com o enunciado da segunda lei da termodinâmica: É impossível a construção de uma máquina que opere em ciclos, tendo como efeito único retirar calor de uma fonte térmica e convertê-lo integramente em calor, ou seja, nenhuma máquina térmica tem rendimento de 100%. Esse enunciado é conhecido como enunciado de Kelvin-Planck. A segunda lei da termodinâmica não é deduzida a partir da primeira lei, ela sustenta-se por si própria como uma lei independente na natureza. A primeira lei proíbe a criação ou destruição da energia, enquanto a segunda lei limita a disponibilidade da energia e os modos de conversão e de uso da energia. Uma formulação alternativa para segunda lei da termodinâmica baseia-se no funcionamento do refrigerador. O calor flui espontaneamente de um corpo quente para um corpo frio, mas o inverso jamais irá ocorrer. No refrigerador ocorre a passagem de calor da região fria para uma região quente, masneste caso o processo não é espontâneo, para que ele ocorra é necessária à utilização de um motor que realize o trabalho. De maneira geral, a segunda lei pode ser enunciada como: É impossível a realização de qualquer processo que tenha como única etapa a transferência de calor de um corpo frio para um corpo quente. Esse enunciado é conhecido como enunciado de Clausius. Fazendo uma comparação entre a primeira e a segunda lei da termodinâmica, podemos dizer que enquanto a primeira lei da termodinâmica estabelece a conservação de energia em qualquer transformação, a segunda lei estabelece condições para que as transformações termodinâmicas possam ocorrer. Ciclo de Carnot Baseado na segunda lei da termodinâmica, nenhuma máquina térmica pode ter eficiência de 100%, mas qual seria a eficiência máxima atingida por uma máquina térmica? Em 1824, o engenheiro francês Nicolas Léonard Sadi Carnot conseguiu responder essa pergunta. Ele desenvolveu uma máquina térmica hipotética ideal que operando em ciclos, diante de duas fontes térmicas, fornecia a máxima eficiência permitida pela segunda lei da termodinâmica, esse ciclo é conhecido como ciclo de Carnot. Ele mostrou que quanto maior a temperatura da fonte quente, maior seria seu rendimento para uma substância que se comportasse como um gás ideal. A conversão de trabalho em energia é um processo irreversível, o objetivo da máquina térmica é obter uma reversão parcial desse processo, ou seja, a conversão de calor em trabalho com a maior eficiência possível. Para eficiência máxima de uma máquina térmica, devemos evitar todo processo irreversível. Essa exigência é suficiente para determinar as etapas básicas do ciclo de Carnot. Logo, a máquina térmica de Carnot trabalhar em ciclos teóricos reversíveis, constituindo dois processos isotérmicos reversíveis ligados a dois processos adiabáticos reversíveis. A figura a seguir mostra o ciclo de Carnot usando como substância de trabalho um gás ideal dentro de um cilindro com um pistão. Ciclo de Carnot para um gás ideal. Isotermas (temperatura constante) adiabáticas (transferência de calor igual a zero) (SEARS e ZEMANSKY, p. 289). A primeira etapa deste ciclo compreende a expansão isotérmica do gás na temperatura TH absorvendo calor QH da fonte quente, processo a-b no diagrama PV. Na sequência, a segunda etapa, ocorre expansão adiabática, fazendo a temperatura do gás cair para TC, processo b-c. Depois disso, na etapa três, o gás é comprimido isotermicamente na temperatura TC, rejeitando calor QC, processo c-d. E finalmente, na quarta etapa, o gás sofre compressão adiabática, retornando ao seu estado inicial na temperatura TH, processo d-a. A eficiência térmica da máquina de Carnot é dada por: 𝒆𝑪𝒂𝒓𝒏𝒐𝒕 = 𝟏 − 𝑻𝑪 𝑻𝑯 = 𝑻𝑯 − 𝑻𝑪 𝑻𝑯 O rendimento de uma máquina de Carnot não depende da substância envolvida, depende apenas das temperaturas da fonte quente e fria, temperaturas essas que devem ser medidas em kelvin. A eficiência será maior quanto maior for a diferença de temperatura entre os reservatórios quente e frio, e será menor quanto menor for a diferença de temperatura entre os reservatórios. O trabalho realizado por máquinas que operam segundo o ciclo de Carnot pode ser calculado através da área compreendida entre as curvas no diagrama PV. Atenção Use a escala Kelvin para cálculos do ciclo de Carnot. Em todos os cálculos envolvendo o ciclo de Carnot, você deve tomar cuidado e usar sempre temperaturas absolutas (escala Kelvin). Isso por que, todas as equações formuladas foram deduzidas em função da equação do gás ideal PV = nRT, em que a temperatura T é representada por Kelvin, temperatura absoluta. Leitura Obrigatória Leia o Exemplo 20.2, página 289 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Refrigerador de Carnot Como cada etapa do ciclo de Carnot é reversível, o ciclo inteiro pode ser invertido, convertendo a máquina térmica em refrigerador. O coeficiente de desempenho do refrigerador de Carnot pode ser obtido por K, dado por: 𝑲𝑪𝒂𝒓𝒏𝒐𝒕 = 𝑻𝑪 𝑻𝑯 − 𝑻𝑪 Entropia A segunda lei da termodinâmica não foi formulada baseada em uma equação, ou medida quantitativa, ela foi enunciada ao se observar uma impossibilidade. Porém, se utilizarmos um conceito enunciado pelo físico e matemático alemão Rudolf Julius Emanuel Clausius, que descreve através de uma experimentação. “Colocando-se várias bolas brancas na parte de baixo de um recipiente e bolas pretas na parte de cima, ao agitá-lo, dificilmente se obtém a ordem inicial”. Esse conceito prevê que, em processos naturais, sempre há uma desordem e a essa desordem, dá-se o nome de entropia e usando o conceito de entropia, pode-se verificar a segunda lei da termodinâmica mediante uma afirmação quantitativa. Portanto, a entropia fornece uma previsão quantitativa da desordem, em outras palavras, entropia é a medida da desordem do universo. Como a quantidade total de energia está conservada nos processos naturais, surge a tendência de as formas ordenadas de energia, como a elétrica, a mecânica e outras, transformarem-se em desordem. A quantidade de energia útil no universo diminui conforme sua evolução. Portando a entropia tende a aumentar e os fenômenos com tendência ao estado de desordem (entropia) maior são os fenômenos naturais. Por exemplo, considere um gás sofrendo uma expansão isotérmica. Ao adicionar uma certa quantidade de calor dQ ao gás ele se expande naturalmente, mantendo a sua temperatura constante por um período. Durante esse intervalo de tempo a energia interna também é constante pois ela depende apenas da temperatura. E nesse caso, não há variação da energia interna e pela primeira lei da termodinâmica, o calor fornecido deve ser igual ao trabalho. 𝒅𝑸 = 𝒅𝑾 = 𝑷𝒅𝑽 = 𝒏𝑹𝑻 𝑽 𝒅𝑽 Logo: 𝒅𝑽 𝑽 = 𝒅𝑸 𝒏𝑹𝑻 Como o gás expandiu, suas moléculas agora movimentam-se em um volume maior, aumentando as distâncias médias entre as moléculas e a casualidade. Isso mostra que a variação relativa entre 𝒅𝑽 𝑽 é uma estimativa do aumento da desordem e essa estimativa é proporcional a 𝒅𝑸 𝑻 . Sendo a entropia representada por S e a variação infinitesimal de entropia dS, substituindo na equação 𝒅𝑽 𝑽 = 𝒅𝑸 𝒏𝑹𝑻 Temos: 𝒅𝑺 = 𝒅𝑸 𝑻 Portanto, a variação total da entropia para um processo reversível infinitesimal é dada por: ∆𝑺 = 𝑺𝟐 − 𝑺𝟏 = 𝑸 𝑻 A unidade de entropia é obtida pela unidade de energia dividida pela unidade de temperatura, que no sistema internacional de unidades é medido em 𝟏 𝑱𝒐𝒖𝒍𝒆 𝑲𝒆𝒍𝒗𝒊𝒏 = 𝟏 𝑱 𝑲 . A equação da entropia nos mostra que se o gás está relativamente frio, ao se fornecer calor a ele, aumenta-se o movimento aleatório das moléculas do gás, isso faz aumentar a desordem do sistema, maior entropia. No entanto, se o gás já está aquecido, o calor fornecido irá produzir um aumento menor no movimento das moléculas do gás, pois estas já estão em movimento elevado, produzindo menos desordem, menor entropia. Como se pode ver, a razão entre o calor fornecido e a temperatura representa o crescimento da desordem do sistema quando o calor flui para o seu interior. Leitura Obrigatória Leia Entropia em processos reversíveis, e o e o Exemplo 20.5, ambos na página 297 da obra Física II: Termodinâmica e Ondas. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir o professor Cristiano tratando com detalhes este assunto. ROTA NA PRÁTICA Sobre o motor a combustão, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. SÍNTESE Chegamos ao final desta última aula. Vamos rever,então, o que há de mais importante para a nossa lembrança. Acompanhe! Calor e trabalho em processos termodinâmicos Um sistema termodinâmico pode trocar energia com suas vizinhanças mediante transferência de calor, ou pelo trabalho mecânico realizado. Quando ocorre expansão do sistema ele realiza trabalho. Em qualquer processo termodinâmico, o calor fornecido para o sistema e o trabalho realizado depende apenas do estado inicial, do estado final e do caminho realizado. 𝑾 = ∫ 𝑷𝒅𝑽 𝑽𝟐 𝑽𝟏 Para processos a pressão constante: 𝑾 = 𝑷(𝑽𝟐 − 𝑽𝟏) Primeira Lei da Termodinâmica Quando se fornece calor Q ao sistema termodinâmico enquanto ele realiza trabalho, e energia interna U do sistema varia uma quantia igual a diferença entre o calor fornecido e o trabalho realizado Q – W. A variação da energia interna do sistema em um processo termodinâmico depende apenas do estado final e do estado inicial do sistema. ∆𝑼 = 𝑸 − 𝑾 Processos termodinâmicos importantes Processo adiabático – o calor não flui nem para dentro nem para fora do sistema Q = 0 Processo isocórico – volume constante W = 0 Processo isobárico – pressão constante W = P(V2 – V1) Processo isotérmico – temperatura constante Processos reversíveis e irreversíveis Todos os processos termodinâmicos são irreversíveis, mas se as mudanças no sistema forem infinitesimais, mudanças de quase equilíbrio, podemos obter processos reversíveis. Em um processo reversível pode-se inverter o sentido se as mudanças nas condições do processo forem infinitesimais, mantendo sempre o sistema em equilíbrio térmico. Máquinas térmicas Máquinas térmicas são dispositivos que ao receber calor QH de uma fonte quente, converte parte dessa energia em trabalho W e o calor restante |QC| despreza em uma fonte de calor de temperatura mais baixa. A eficiência térmica e de uma máquina térmica é medida pela relação entre o trabalho realizado e a quantidade calor QH retirada. 𝒆 = 𝑾 𝑸𝑯 = 𝟏 + 𝑸𝑪 𝑸𝑯 = 𝟏 − | 𝑸𝑪 𝑸𝑯 | Refrigeradores Uma máquina térmica invertida funciona como refrigerador. Um refrigerador recebe calor QC de uma fonte mais fria, recebe trabalho, e rejeita uma quantidade de calor |QH| em uma fonte mais quente. A eficiência do refrigerador é medida pelo coeficiente de desempenho. 𝑲 = |𝑸𝑪| |𝑾| = |𝑸𝑪| |𝑸𝑯| − |𝑸𝑪| Segunda lei da termodinâmica Esta lei descreve o sentido da realização de um processo termodinâmica natural. Ela pode ser descrita mediante diversos enunciados equivalentes. O da máquina térmica – em nenhum processo cíclico pode-se converter todo calor recebido em trabalho. O enunciado do refrigerador – nenhum processo cíclico pode transferir calor de um corpo frio para um corpo quente sem nenhum trabalho seja fornecido ao sistema. Ciclo de Carnot Utilizando processos reversíveis, o ciclo de carnot opera entre dois reservatórios de calor com temperaturas TH e TC. Sua eficiência depende apenas das temperaturas dos reservatórios. 𝒆𝑪𝒂𝒓𝒏𝒐𝒕 = 𝟏 − 𝑻𝑪 𝑻𝑯 = 𝑻𝑯 − 𝑻𝑪 𝑻𝑯 Se a máquina de Carnot for invertida ela opera como um refrigerador, e da mesma maneira, seu desempenho depende apenas das temperaturas TH e TC. 𝑲𝑪𝒂𝒓𝒏𝒐𝒕 = 𝑻𝑪 𝑻𝑯 − 𝑻𝑪 Entropia Entropia é a medida quantitativa da desordem de um sistema. A variação de entropia de qualquer processo reversível depende da quantidade de fluxo de calor e da temperatura absoluta T. A entropia depende apenas do estado do sistema independente do processo. Quando a mudança de estado envolve apenas processos reversíveis a entropia total é constante e ∆S = 0, já em processos irreversíveis, a entropia sempre irá aumentar e ∆S > 0. Acesse a versão online da aula e confira a fala final do professor Cristiano no vídeo a seguir. Referências SEARS; ZEMANSKY. Física II. Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Pearson, 2008.
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