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QUÍMICA Capítulo 1 O átomo10 Lâmina de ouro Raio de partículas α Fonte radioativa emissora de partículas α Bloco de chumbo Partículas α Átomos de ouro Núcleo do átomo Placa revestida por material fluorescente Partículas desviadas Fig. 16 Observações experimentais de Rutherford. A partir desses resultados, foi concluído que: y O átomo seria um grande espaço vazio, pois permitiu a passagem da grande maioria de partículas α. y Existe uma região muito pequena e densa capaz de bloquear a passagem de algumas partículas α. y Essa região pequena e densa apresenta carga positi- va, pois repeliu as partículas α que passaram próximas a ela. Dessa forma, Rutherford propõe um novo modelo atô- mico, semelhante a um sistema planetário, conforme mostra a Fig. 17. Segundo ele, o átomo seria formado por um minús- culo núcleo (cerca de 10 mil vezes menor que o átomo) com carga positiva, que concentra praticamente toda a massa do átomo, e um grande vazio (chamado eletrosfera), onde os elétrons se distribuem ao redor do núcleo como plane- tas em torno do sol. Esse modelo ficou conhecido como modelo planetário ou nucleado. Elétron Núcleo Órbita Fig. 17 Modelo atômico de Rutherford. Atenção Porém, o átomo de Rutherford apresentava uma falha em relação ao elétron. Seu modelo sugeria que os elétrons eram partículas negativas que estariam girando em torno de um núcleo positivo e, de acordo com a mecânica clássica, uma partícula elétrica em movimento deveria emitir ondas eletromagnéticas continuamente. Dessa forma, o elétron perderia energia constantemente, entrando em uma órbita espiral até cair sobre o núcleo (Fig. 18), ou seja, conforme a mecânica clássica, o átomo de Rutherford seria instável. +Ze –e Fig. 18 Elétron em órbita espiral até cair sobre o núcleo. Modelo atômico de Bohr Breve histórico dos experimentos que serviram como base para a teoria de Bohr No início do século XVII, o cientista inglês Isaac Newton observou que, quando a luz solar (branca) atravessa um prisma (Fig. 19), ela é decomposta (ocorre uma dispersão dos componentes da luz), dando origem a um conjunto de cores denominado espectro contínuo, pois as cores vão mudando gradativamente, sem que haja falha de luz entre elas (Fig. 20). © M o p ic | D re a m s ti m e .c o m Fig. 19 Luz branca sofrendo difração ao passar por um prisma. F R E N T E 1 11 Fig. 20 Espectro contínuo observado no experimento da figura anterior. Por volta de 1855, o cientista alemão Robert Bunsen descobriu que um composto, quando submetido à ação de uma chama, emite luz com cores características para cada elemento químico, conforme ilustrado pela Fig. 21. © a n R e d d in g | D re a m s ti m e .c o m Fig. 21 Luz com cores características emitidas pelos elementos químicos: potássio, cobre e sódio, respectivamente. Quando a luz emitida por esse composto passa por um prisma, ela é decomposta em diferentes cores, formando um espectro descontínuo (Fig. 22), pois apresenta linhas ou raias finas, separadas uma das outras. S C IE N C E P H O T O L IB R A R Y /S P L D C /L a ti n s to c k Hidrogênio 656.3 700 486.1 434.0 410.1 667.8 623.4 615.2 579.0 577.0 546.1 502.5 435.8 407.8 404.7 587.5 501.5 492.1 471.3 447.1 402.6 Hélio Mercúrio 600 500 400 700 600 500 400 700 600 500 400 Fig. 22 Espectros descontínuos de alguns elementos. A partir desses experimentos, os físicos concluíram que o espectro descontínuo de cada elemento servia para iden- tificá-los, pois cada um produzia um espectro característico. Em 1900, o físico alemão Max Planck, ao estudar a luz emitida pelos corpos aquecidos, afirmou que a energia não é transmitida de forma contínua, mas em pequenos pacotes de energia denominados quantum, ou seja, a energia é descontínua. Quantum (do latim): quantidade definida; plural: quanta. A proposta de Bohr O físico dinamarquês Niels Bohr, em 1913, utilizando os conceitos do modelo de Rutherford, dos espectros descontí- nuos dos elementos e da teoria quântica de Max Planck, construiu um novo modelo atômico em que relacionou as raias dos espectros descontínuos do gás hidrogênio com as variações de energia dos elétrons contidos nos átomos. Para a construção desse modelo, Bohr propôs os se- guintes postulados: y O elétron se move em órbitas circulares em torno de um núcleo central. y O elétron não pode assumir qualquer valor de energia, mas apenas determinados valores correspondentes às diversas órbitas permitidas, denominadas camada eletrônica ou nível de energia. y Ao percorrer essas órbitas permitidas, o elétron apre- senta energia constante. São os chamados estados estacionários. y Ao saltar de uma órbita estacionária para outra, o elé- tron emite ou absorve uma quantidade bem definida de energia (Fig. 23), chamada quantum. Esses saltos entre órbitas foram denominados transições eletrôni- cas ou saltos quânticos. e– e– e– e– Núcleo Energia Absorção de energia Emissão de energia Núcleo Ondas eletromagnéticas (luz) Energia aumenta Fig. 23 Absorção e emissão de energia pelo elétron. SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL DC/Latinstock 400nm 500nm 600nm 700nm QUÍMICA Capítulo 1 O átomo12 Ao fornecer energia do exterior, esses saltos se repetem milhões de vezes por segundo, produzindo ondas eletro- magnéticas, que nada mais são do que uma sucessão de fótons de energia. Como os elétrons só podem saltar entre órbitas permiti- das, fica fácil entender por que aparecem sempre as mesmas raias de cores bem definidas nos espectros descontínuos. A Fig. 24 mostra o caso particular do átomo de hidro- gênio, com a relação entre os saltos dos elétrons e as respectivas raias do espectro. 5 4 3 2 1 Fig. 24 Relação entre os saltos dos elétrons e as respectivas raias do espectro do hidrogênio. Bohr propôs a existência de sete camadas, ou níveis de energia (Figs. 25 e 26), no átomo de hidrogênio, para explicar a emissão de radiação eletromagnética por esse elemento. Órbita Níveis de energia Núcleo Elétron Fig. 25 Modelo atômico de Bohr. K L M N O P Q Fig. 26 Modelo representado em corte, semelhante a uma cebola, para mostrar as várias camadas que se sucedem. Atenção Seu modelo atômico ficou conhecido como modelo de Rutherford-Bohr, pois preservava as principais característi- cas do modelo de Rutherford. Iluminando o céu A pólvora usada nos fogos de artifício é uma mistura contendo um combustível, por exemplo, carvão, e enxofre pulverizados e um agen- te oxidante, como por exemplo o perclorato de potássio (clorato de potássio (VII), KClO4), ou o nitrato de potássio (KNO3). Os sais de potássio são mais utilizados do que os sais de sódio por serem menos higroscópicos (não absorvem água durante o armazenamento). Além disso, a luz de cor amarela intensa emitida pelo sódio pode interferir com as demais cores. Metais ou compostos metálicos são adicionados para produzir luzes coloridas quando da explosão da pólvora: y uma cor branca intensa é obtida pela queima de magnésio, alu- mínio ou titânio; y a cor amarela é obtida pela queima de sais de sódio, geralmente Na3AlF6, que não é higroscópico; y a cor vermelha é obtida pela queima de sais de estrôncio, por exemplo, SrCO3; y a cor verde é obtida pela queima de sais de bário, por exemplo, Ba(NO3)2; y a cor azul é obtida pela queima de sais de cobre, por exemplo, CuCO3. A cor azul é a mais difícil de ser produzida. Pode-se observar as mesmas cores na realização, em laboratório, de ensaios de chama nos sais metálicos. A alta temperatura da chama leva os elétrons dos átomos dos metais a níveis de maior energia. As cores resultam de transições eletrônicas que ocorrem em átomos, ou íons, energeticamente excitados. Quando os elétrons retornam para o estado fundamental, os átomos emitem luz de uma determinada frequência. A técnica experimental denominada espectroscopia de emissão atômica utiliza esses princípios para analisar os elementos químicos presentes em uma amostra. Por exemplo, uma amostra de água de um rio pode ser analisada paradetectar a presença de elementos químicos poluidores, ou a composição de um aço pode ser monitora- da durante a sua fabricação. O espectro de cada elemento químico é único e característico, pois cada elemento químico possui diferentes espaçamentos entre seus níveis atômicos de energia. A intensidade da luz emitida, para uma dada frequência, pode ser medida e é usada para se determinar a concentração do metal na amostra. BURROWS, A. et al. Química³: introdução à Química inorgânica, orgânica e físico-química. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 1, p. 82. Saiba mais
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