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BIBLIA DE ESTUDO DE GENEVRA - NOVO TESTAMENTO - 01. Mateus (+ introdução aos Evangelhos e Atos)

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O NOVO 
TESTAMENTO 
Introdução aos 
EVANGELHOS E ATOS 
Pano de fundo histórico. Quando Jesus nasceu, Hero-
des, o Grande, era o monarca da Judéia e Samaria. Herodes mor-
reu no ano 4 d.C., e seu reino passou para o seu filho Arquelau (Mt 
2.19-22). Arquelau foi acusado de mau governo e, por isso, foi ba-
nido no ano 6 d.C. Como resultado, Judéia e Samaria ficaram dire-
tamente sob a administração romana através de uma série de 
governadores e prefeitos, que mais tarde foram conhecidos como 
procuradores. Pôncio Pilatos foi o procurador da Judéia durante o 
ministério de Jesus. 
A província da Galiléia, onde Jesus vivia, havia sido dada por 
Herodes, o Grande, para outro de seus filhos, Herodes Antipas (Mt 
14.1-12; Lc 23.6-15). No ano 39 d.C., a Galiléia passou para as 
mãos de Herodes Agripa, um neto de Herodes, o Grande. Um ami-
go de infância de Agripa era agora o imperador romano Cláudio. 
Este declarou Agripa rei tanto da Judéia como de Samaria. A popu-
laridade de Agripa era grande entre os judeus; mas o seu reinado 
foi curto. Perseguiu os apóstolos e, quando não recusou ser adora-
do como se fosse um deus, foi castigado com uma doença e mor-
reu (44 d.C.; At 12.1-4,19-23). 
O território de Agripa voltou às mãos dos governantes roma-
nos, embora uma pequena porção de terra tenha sido dada a Agri-
pa li (At 25.13-26.32). A tensão entre judeus e romanos 
aumentou durante este período, o que levou a uma revolta no ano 
66 d.C. O resultado da guerra foi desastroso para a nação judaica. No 
ano 70 d.C., Jerusalém foi destruída depois de terrível sofrimento. 
O Caráter da Narrativa do Novo Testamento. 
Assim como os escritos históricos do Antigo Testamento, os Evan-
gelhos e o Livro de Atos não nos fornecem todos os detalhes histó-
ricos que poderiam nos interessar. Os acontecimentos incluídos 
foram cuidadosamente selecionados para apresentar, clara e po-
derosamente, a mensagem do Evangelho. 
Há muito tempo já se tem notado que os Evangelhos não são 
apenas biografias comuns. Dois deles não mencionam nenhuma vez 
o nascimento de Jesus, e foi registrado somente um acontecimento 
da sua vida quando jovem (Lc 2.41-52). Diferentemente do que al-
guém poderia esperar de uma biografia, uma grande porção de cada 
Evangelho é dedicada à última semana do ministério de Jesus. No Li-
vro de Atos, somente dois apóstolos, Pedro e Paulo, ocupam um lu-
gar de proeminência. Além disso, o autor dedica quase o mesmo 
espaço, tanto para os dois anos "improdutivos" de prisão na vida de 
Paulo quanto às três viagens missionárias do apóstolo, que duraram, 
pelo menos, sete anos. Claramente, estes livros não foram escritos 
para satisfazer nossa curiosidade, mas para proclamar a mensagem. 
Quando lemos as narrativas do Novo Testamento, portanto, 
devemos fazer um esforço especial para determinar por que certos 
acontecimentos foram incluídos. Um detalhe que pode parecer in-
significante à primeira vista (p. ex.: o juramento de Paulo registrado 
em At 18.18), subseqüentemente pode provar ser extremamente 
importante (At 21.20-24). Além disso, é de grande valor saber que 
Deus nos deu quatro Evangelhos e não apenas um. Já que muitos 
dos acontecimentos da vida de Jesus estão registrados em mais 
de um Evangelho, podemos discernir a importância destes através 
da leitura dos mesmos em vários livros, cada um deles contendo os 
seus próprios pontos teológicos de ênfase. 
O Problema Sinótico. Mesmo uma lida rápida nos qua-
tro Evangelhos nos revelam que três deles (Mateus, Marcos e Lu-
cas) são parecidos, especialmente quando contrastados com o 
Evangelho de João. Com poucas exceções importantes, os aconte-
cimentos e ensinos incluídos no Evangelho de João (p. ex.: caps. 3; 
9; 11; 14) não são encontrados nos primeiros três Evangelhos, en-
quanto que estes três possuem muito material em comum e com-
partilham de uma perspectiva semelhante. Por essas razões, os 
primeiros três Evangelhos são chamados de "Sinóticos." 
Uma comparação mais detalhada, entretanto, revela uma 
grande variedade de diferenças tanto quanto de semelhanças. 
Algumas vezes, o material registrado é exatamente igual, enquan-
to que, outras vezes, há pequenas diferenças verbais. Em alguns 
casos a ordem dos eventos é a mesma, mas freqüentemente isto 
não ocorre. Do ponto de vista literário, estes fatos levàntam per-
guntas difíceis. Como é que os Evangelhos se originaram? Teriam 
seus autores se utilizado dos escritos uns dos outros? Poderiam ter 
eles outros materiais disponíveis? 
A resposta mais aceita é de que Marcos foi o primeiro Evange-
lho e que Mateus e Lucas seguiram o seu esboço (Me 2.1-22; cf. 
Mt 9.2-17; Lc 5.18-38). Mas Mateus e Lucas têm alguns materiais 
importantes em comum que não são encontrados em Marcos (p. 
ex.: Mt 7.24-27; Lc 6.47-49). Isto é explicado através da suposição 
de que um segundo documento, não mais existente hoje, teria sido 
usado pelos dois escritores. Esta solução é conhecida como "a Teo-
ria da Dupla Fonte". Além disso, fica claro que Mateus e Lucas tive-
ram acesso a muitas informações singulares encontradas somente 
em seus Evangelhos. 
Esta proposição não explica todos os fatos. Teorias alternativas 
têm sido sugeridas. Alguns argumentam pela prioridade de Mateus 
ao invés de Marcos; uns poucos sugerem que Lucas foi escrito pri-
meiro. Alguns até têm argumentado que João foi o primeiro. Vários 
eruditos enfatizam uma tradição oral que deve ter precedido à escri-
ta desses documentos, sugerindo sua interdependência literária. A 
maioria dos especialistas do Novo Testamento continua a aceitar a 
teoria da Dupla Fonte como uma hipótese possível, mas reconhece 
que muitas perguntas ainda permanecem sem resposta. 
Em última análise, a direção de Deus através da inspiração era 
o fator controlador. Deus usou acontecimentos históricos e a pes-
quisa pessoal dos escritores dos Evangelhos para cumprir seus 
propósitos (cf. Lc 1.1-4). O trabalho dos eruditos na História e na Li-
teratura não deve então ser, de maneira alguma, rejeitado, já que 
muitas vezes tem trazido luz sobre o texto. Por outro lado, a nossa 
confiança na veracidade das Escrituras não depende da habilidade 
de especialistas para resolver problemas literários, mas no poder 
de Deus em cumprir suas promessas (Is 55.10-11; 2T m 3.16-17). 
O Evangelho Segundo 
MATEUS 
Autor Apesar deste Evangelho não indicar o seu 
autor, alguns manuscritos primitivos incluem a inscri-
ção: "Segundo Mateus". Eusébio (c. 260-340 d.C.) 
nos conta que Pap1as (c. 60-130 d.C.), um dos pais da 
Igreja Primitiva, falava de Mateus como tendo organizado os "orá-
culos" acerca de Jesus. A tradição posterior é unânime em afirmar 
que o discípulo Mateus, também chamado Levi (9.9-13; Me 
2.13-17). foi o autor deste Evangelho, e até o século XVIII não havia 
dúvidas acerca dessa tradição. 
Há alguns problemas com a tradição. Em primeiro lugar, Papias 
aparentemente disse que Mateus "dispôs os oráculos no dialeto 
hebraico." Essa afirmação parece indicar que Mateus escreveu em 
hebraico ou em aramaico, e eruditos ressaltam que o Evangelho de 
Mateus não dá indicação de ser uma tradução dessas línguas. Esse 
livro é também muito parecido com o Evangelho de Marcos (ver 
"Introdução aos Evangelhos e Atos"), que certamente foi escrito 
em grego. É possível que Mateus tenha escrito tanto em hebraico 
quanto em grego, assim como Calvino escreveu suas obras tanto 
em latim quanto em francês. 
Em segundo lugar, visto que Papias não falou em "evangelho," 
mas sim "oráculos," alguns têm identificado esses "oráculos" 
como sendo uma das fontes que estão por detrás da escrita dos 
Evangelhos. Mas Eusébio parece ter entendido que "oráculos" sig-
nificava "evangelho" e lrineu (c. 180 d.C.) menciona um "evange-
lho" de Mateus escrito "para os hebreus em seu próprio dialeto". 
Outras objeções a respeito da autoria de Mateus são mais 
especulativas. Alguns sugerem que o Evangelho pode ter sido o 
produto de um grupo de escritores ("escola"). Sua suposta de-
pendência de Marcose a suposta composição em data posterior 
(ver "Data e Ocasião") são tidas como razões para se duvidar da 
autoria de Mateus. Mas essas objeções não refutam a tradição de 
Mateus ter sido o seu autor exclusivo. 
O fato do autor não ter se identificado demonstra que ele, pro-
vavelmente, achasse que conhecer o seu nome não era essencial 
para os seus leitores. Trabalhando através do autor humano, estava 
o autor primário, o Espírito Santo. 
Data e Ocasião A referência mais antiga ao 
Evangelho de Mateus é, provavelmente, encontrada 
na Epístola aos Esmirneanos, de Inácio de Antioquia (c. 
11 O d.C.). Dificilmente se poderia datar esse livro 
como sendo posterior a 1 DO d.C. Alguns estudiosos o têm datado até 
50 d.C. Mas muitos críticos o datam depois da destruição de Jerusa-
lém, geralmente entre os anos 80-100. Suas razões incluem argu-
mentos como a suposição de que Jesus não poderia ter predito tais 
acontecimentos futuros, como a destruição de Jerusalém; a teoria 
de que a teologia trinitariana do Evangelho (28.19) e a cristologia 
exaltada (11.27) são idéias posteriores que se desenvolveram num 
ambiente helenístico; e a afirmação de que a palavra "Rabino" (men-
cionado em 23.5-1 O) não era usada como título antes do ano 70 d.C. 
Algumas dessas razões, tal como a de que Jesus não poderia 
ter predito o futuro ou de que uma cristologia muito desenvolvida é 
helenística e, portanto, posterior, são altamente duvidosas e refle-
tem uma rejeição da revelação sobrenatural. Além disso, há algu-
ma evidência no contexto do livro de que Mateus foi escrito antes 
da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. O Evangelho adverte 
contra os saduceus, um grupo que rapidamente perdeu importân-
cia depois de 70 d.C. e que, finalmente, deixou de existir. A lingua-
gem usada para descrever a destruição de Jerusalém no cap. 24 
reflete as profecias do Antigo Testamento acerca do julgamento di-
vino que Jesus profetizou como parte integrante da vinda de seu 
reino. Não há nenhuma necessidade de explicar o conteúdo do 
cap. 24 como sendo a lembrança de um acontecimento histórico 
do autor. 
É provável que o escritor deste Evangelho tenha utilizado o 
Evangelho de Marcos. Supondo-se que Marcos tenha sido escrito 
com a ajuda do apóstolo Pedro em Roma, uma data apropriada 
para Mateus poderia ser estimada entre 64-70 d.C. 
O local mais provável para a escrita do Evangelho é Antioquia 
da Síria, que também é o provável destinatário dela. Inácio, o mais 
antigo escritor a citar Mateus, era bispo de Antioquia. A congrega-
ção em Antioquia era de origem mista judaica e gentia (At 15), e 
isto explicaria os problemas de legalismo e antinomismo dos quais 
Mateus trata de maneira especial. 
Características e Temas Como todos 
os Evangelhos, o propósito de Mateus é o de trans-
mitir os ensinos autorizados de Jesus e de sua pes-
soa, cuja vinda marca o cumprimento das promessas 
de Deus e a presença do reino de Deus. Mateus não faz nenhuma 
divisão entre história e teologia. Sua história é a base de sua teolo-
gia, e a teologia dá o seu próprio significado à história. 
Mateus faz uso intenso das referências de "cumprimento" do 
Antigo Testamento. Suas citações não são apresentadas como 
predições e cumprimentos isolados, mas como prova do cumpri-
mento de todas as promessas do Antigo Testamento. Essa preocu-
pação afeta a maneira pela qual Mateus enfatiza certos elementos 
na sua história. Ele mostra a ilegalidade das ações do Sinédrio du-
rante o julgamento de Jesus (26.57-68), a distorção da mensagem 
do Antigo Testamento pelos escribas e fariseus ( 15.1-9), e a natu-
reza pactuai do procedimento de Deus para com seu povo. 
Algo distintivo que também encontramos em Mateus é a sua 
apresentação dos ensinos de Jesus, divididos em cinco discursos 
principais: ética, discipulado e missão, o reino dos céus, a Igreja, e 
o fim dos tempos. Essas cinco divisões podem ter sido baseadas 
nos cinco livros de Moisés, com o intuito de apresentar Jesus 
como sendo o Profeta, assim como Moisés em Dt 18.18. A maioria 
dos estudiosos hoje reconhece as cinco divisões de ensino como 
sendo a chave para a estrutura básica de Mateus, especialmente 
devido ao fato de cada discurso terminar com uma expressão 
1101 MATEUS 
como: "Quando Jesus acabou de proferir estas palavras" (7 .28). 
Além disso, parece existir uma relação entre cada discurso e a nar-
rativa que a precede. Também se nota que as porções narrativas li-
dam principalmente com a questão da identidade do Rei, enquanto 
que o material apresentado nos discursos tende a focalizar o povo 
do Rei. 
Dificuldades de Interpretação Os 
estudiosos em geral concordam que tanto Mateus 
quanto Lucas se apoiaram no Evangelho de Marcos 
para escrever seus próprios Evangelhos (ver "Intro-
dução aos Evangelhos e Atos"). Entretanto, Mateus e Lucas não 
seguem Marcos em todos os detalhes relativos à ordem dos acon-
tecimentos da vida de Jesus, ou à ordem de seus ensinamentos. 
Mateus e Lucas têm algum material em comum não encontrado 
em Marcos, mas aí eles também diferem um do outro na coloca-
ção disso dentro do ministério de Jesus. 
Para entendermos a cronologia dos Evangelhos, é importante 
Esboço de ~eus 
t Prólogo (caps. 1-~· ·. 
A. A genealogia dll Rei ( 1.1-17) 
B. O nasci~do Rei (UB-2.23) 
1. Anúncio a.lo$é e nascimento de Jesus (1.18-25) 
2. Adoração doSmagos (Z. l• 12) 
3. NDo Egito chamei o meu Filho" (2.13-23) 
li. A vinda do reino fc;aps. 3-7) 
A. O início do remo em Jesus (3.1-4.11) 
1. Jesus é batizado por João ~cap. 3) 
2. A tentaçãof1!.l'.~O (4,M 1) 
B. o anúncio dore;ncf{4.12-25J 
e. O primeiro dlScUrso: o sermão do monte (caps. 5-7) 
1. As bem-aventuranças (5.1-12) 
2. Interpretando a l&i para o reino (5.13-48) 
3. A piedadeooreíno: caridade, oração, íejum 
(6.1-18) 
4. Um coração para o reino (6.19-34) 
5. Os padrões:dé.julgament4 .no reino .(cap. 7) 
Ili. As obras do reioo (caps. 8-10) 
A. Cura de enfemws e o chamado dos discípulos 
(caps. 8-9) 
8. O segundo discurso: a missão do rei.no {cap. 1 O) 
1\1. A natureza do reino (caps. 11-13) ' 
A. A identidade de João e de Jesus ( 
1 _ ReSPosta às obras de Jesus e de 
2. Jesus, o senhor do sábado ( 12.1-1 
3. O começo da oposição a Jesus (12.14-SOf· 
B. O terceiro discurso: as parábolas do reino (cap; 13) 
V. A autoridade do reino {caps. 14---18) 
A. O caráter e a autoridade de Jesus (caps. 14---17} 
1 .. A morte de João Batista ( 14.1-12) 
2. Alimentando as multidões e o fermento dos fariseus 
(14.13-16.12) 
notar que o próprio relato de Marcos não é um diário completo. 
João registra que Jesus visitou Jerusalém várias vezes durante um 
período de cerca de três anos, enquanto que em Marcos os acon-
tecimentos são apresentados de maneira tal que parecem ter 
ocorrido no período de um ano, culminando com uma única visita 
de Jesus a Jerusalém. Em outras palavras, o Espírito Santo já havia 
guiado Marcos na seleção e na apresentação dos acontecimentos 
do ministério de Jesus de uma maneira particular. Mateus e Lucas, 
de forma semelhante, foram guiados pelo Espírito na seleção e 
apresentação dos acontecimentos. 
Os Evangelhos não apresentam apenas um quadro das ativi-
dades de Jesus, nem tampouco são apenas biografias técnicas e 
modernas. que seguem métodos desconhecidos em seus dias. Os 
três Evangelhos Sinóticos são escritos pessoais e complementa-
res; não são três tentativas incompletas de realização da mesma 
tarefa. São livros espirituais que, juntamente com o Evangelho de 
João, oferecem a todas as gerações Jesus Cristo, o Verbo encar-
nado. 
3. Revelando o Filho de Deus e sua mi~ 
(16.13-17.27) ... 
8. O quarto discL1rso: .o caráter e. a autc>ridaae da Igreja 
(cap.18) · · 
VI. As bênçãos e os julgamentos d9 .l'.(fl1'0it:aPS· 1 ~25) 
A. Da Galiléia a Jerusalém (caps, tJJ.....;..20) 
1. A vida fiimilíar no reino (19.1-15) 
2. A entrada no reino ( 19.16-20.16) 
3. Abrindo os olhos dos cegos espirituais e físicos 
(20:17-34) . . 
B. O Rei entra em Jerusalém (caps. 2,..,.......23) 
1. Entradatriunfal e purificação détemplo (21.1-22) 
2. Parábolas a respeito da resistência aQ f'ei 
(21.23-22.14) .. i. 
3. Conflito com os fariseus e saduceos 
(22.15-23.39) 
C. 0 quinto discursp; .O julgamento dO rWO,· 
(caps. 24---25) · 
1. Sinais do fim dos tempos (24.1-31) 
2. Parábolas aconselhando vigilância (24.32-25.46) 
VII. Paixão e ressurreição (caps. 26-28) 
A. Traição e aprisionamento (26.1-56) 
1. Preparação para a morte de Jesus (26.1.~ 
2. A última ceia e Getsêmani (26.17-56) 
B:. O ju!g~mÉll'ftO e execução do Rei (26-;§l 
1, ~ento religioso diante do s· 
(26.57-751 
2. Julgamento civil perante .. 
3. A crucificação (27.27-56). . .... 
1 
• •• / . ; ~ • 
C. Sepultamento.e ressutreiçãb~.z~jj·::.~'.20.t·.· 
1. Guardando o tOínulo (27 .57-66) 
2. A ressurreição (28.1-15) 
3. A grande comissão (28.16-20) 
MATEUS 1, 2 1102 
A genealogia de jesus Cristo 
1 Livro da a genealogia l de Jesus Cristo, bfilho de Davi, Cfi-lho de Abraão. 2 d Abraão gerou a !saque; eisaque, a Jacó; 
Jacó, a !Judá e a seus irmãos; 3 gJudá gerou de Tamar a Perez 
e a Zera; hPerez gerou a Esrom; Esrom, aArão; 4 Arão gerou a 
Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom; 
s Salmom gerou de Raabe a iBoaz; este, de Rute, gerou a 
Obede; e Obede, a Jessé; 6 iJessé gerou ao rei Davi; e Io rei 
Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias; 7 msa1omão 
gerou a Roboão; Roboão, a n Abias; Abias, a 2 Asa; 8 Asa gerou 
a ºJosafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a PUzias; 9 Uzias gerou a Jo-
tão; Jotão, a q Acaz; Acaz, a Ezequias; 10 rEzequias gerou a 
Manassés; Manassés, a 3 Amom; Amam, a 5]osias; 11 1Josias 
gerou a 4Jeconias e a seus irmãos, no tempo do "exílio na Ba-
bilônia. 
12 Depois do exílio na Babilônia, vJeconias gerou a Salatiel; 
e Salatiel, a xzorobabel; 13 Zorobabel gerou a Abiúde; Abiú-
de, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor; 14 Azor gerou a Sadoque; 
Sadoque, a Aquim; Aquim, a Eliúde; 15 Eliúde gerou a Elea-
zar; Eleazar, a Matã; Matã, aJacó. 16 E Jacó gerou a José, ma-
rido de 2 Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. 
17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, 
são catorze; desde Davi até ao exílio na Babilônia, catorze; e 
desde o exílio na Babilônia até Cristo, catorze. 
O nascimento de Jesus Cristo 
18 Ora, ªo nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando 
Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes 
coabitado, achou-se grávida bpelo Espírito Santo. 19 Mas José, 
seu esposo, sendo 5justo e cnão a querendo infamar, resolveu 
deixá-la secretamente. 20 Enquanto ponderava nestas coisas, 
eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: 
José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, 
dporque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. 21 eEla 
dará à luz um filho e lhe porás o nome de 6Jesus, !porque ele 
salvará o seu povo dos pecados deles. 22 Ora, tudo isto acon-
teceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por 
intermédio do profeta: 
23 gEis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e 
ele será chamado pelo nome de Emanuel 
(que quer dizer: Deus conosco). 24 Despertado José do sono, 
fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mu-
lher. 2s Contudo, 7não a conheceu, enquanto ela não hdeu à 
luz 8um filho, a quem pôs o nome de Jesus. 
A Visita dos magos 
2 ªTendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns 1 magos bdo Oriente a Jeru-
salém. 2 E perguntavam: conde está o recém-nascido Rei dos 
judeus? Porque vimos d a sua estrela no Oriente e viemos para 
adorá-lo. 3 Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, 
com ele, toda a Jerusalém; 4 então, convocando etodos os 
principais sacerdotes e !escribas do povo, gindagava deles 
onde o Cristo deveria nascer. s Em Belém da Judéia, respon-
deram eles, porque assim está escrito por intermédio do pro-
feta: 
-~~~~~~~~~~~ 
CAPÍTULO 1 1 ª Lc 3.23 b Jo 7.42 e Gn 12.3; 22.18 1 Lit. geração 2 d Gn 21.2, 12 e Gn 25.26; 28.14 f Gn 29.35 3 g Gn 38.27; 
49.10 h Rt 4.18-22 5 i Rt 2.1, 4.1-13 6Í1 Sm 16.1 i 2Sm 7.12; 12.24 7 m 1 Cr 3.1 O n 2Cr 11.20 2 NU Asafe 8 o 1 Cr 3.1 O P 2Rs 
15.13 9 q2Rs 15.38 10 r2Rs 20.21S1Rs13.2 3NUAmós 1111Cr 3.15-16 U2Rs 24.14-16 4Qu Ganias ouJeoaquim 12 V1Cr 
3.17XEd3.2 16ZMt13.55 18ªLc1.27bLc1.35 19CDt24.15correto 20dLc1.35 21 elc1.31;2.21/Jo1.296Lit.Sa/va-
dor ,23 g1s 7.14 25 h Lc 2.7,21 7Ela permaneceu virgem Bcf. NU; TR e M seu filho, o primogênito 
CAPITULO 2 1 ª Lc 2.4-7 b Gn 25.6 1 Gr. magoi 2 e Lc 2.11 d [Nm 24.17] 4 e 2Cr 36.14/2Cr 34.13 gMI 2.7 
•1.1 Livro da Genealogia. A mesma frase é usada em Gn 2.4; 5.1, na Septua-
ginta, tradução grega do Antigo Testamento em uso comum a partir de 150 a.C. 
Aqui, a frase pode referir-se não só à genealogia que se segue, mas ao relato do 
nascimento de Jesus ou também ao Evangelho como um todo. 
Cristo. Este título vem da palavra grega Christos, que significa "ungido". "Mes-
sias" é a palavra hebraica para "ungido" (ver nota sobre 1 Sm 2.1 O). No Antigo 
Testament9, a unção com óleo podia ser realizada para o ofício de profeta, sacer-
dote e rei (Ex 29.7; 1Sm16.13; 1Rs 19.16). O Antigo Testamento promete a vinda 
do justo Servo do Senhor (Is 42.1-9), que será um profeta como Moisés (Dt 
18.18-19), um sacerdote como Melquisedeque (SI 110.4) e um rei como Davi, o 
ungido do Senhor !Is 55.3-5; Jr 30.9; Ez 34.24; Os 3.5; Zc 12.8) Mateus revela 
que Jesus é o Cristo, o prometido Rei e Libertador. 
•1.2 As particularidades desta· genealogia diferem da que encontramos em Lc 
3.23-38. 
•1.3-6 Mulheres não são comumente nomeadas nas genealogias do Oriente Pró-
ximo, mas elas são inerentes aos propósitos de Deus em enviar Cristo. As cinco 
mulheres nomeadas na genealogia de Jesus nos lembram que Deus, com fre-
qüência, realiza o inesperado e escolhe o improvável. Tamar (v. 3) lembra-nos o 
fracasso de Judá (Gn 38.6-30); Raabe (v. 5), era uma prostituta (Js 2); Rute era 
uma moabita (Rt 1.4) e, por isso, sujeita a uma maldição especial (Dt 23.3-5); 
Bate-Seba, mulher de Urias (v. 6), foi a derrocada de Davi (2Sm 11). Maria cum-
pre Is 7.14 (v. 23), a mais importante promessa de Gn 3.15 (GI 4.4). 
•1, 17 as gerações ... catorze. Mateus organiza a genealogia em três grupos 
de catorze, para mostrar que Deus tem um propósito na história. A história pri-
mitiva conduzindo a Davi, a monarquia conduzindo ao exílio, a história de Israel 
pós-exílico, todas conduzem a e apontam para Cristo. Jeconias é incluído no se-
gundo e terceiro grupos de catorze; esta enumeração está em harmonia com a 
abreviação que Mateus faz da genealogia (v. 5; cf. Js 2; v. 8; cf. 2Cr 
21.4-26.13) 
•1.19 José,,, resolveu deixá-la secretamente. O contrato de casamento li-
gava quase tanto quanto o próprio casamento, e a infidelidade durante o noivado 
tornava o divórcio quase obrigatório. 
•1.21 Jesus. É o equivalente grego de 'josué", que significa ':Javé é salvação" 
ou ':Javé salva". Com freqüência, em nomes, só a primeira sílaba do nome de 
Deus é usada (Exemplos: Elias, Isaías, Josué). 
•1.23 virgem. Ver nota sobre Is 7.14. A concepção de Jesus por uma virgem é 
miraculosa, anunciando que Deus logo redimirá o seu povo e está presente com 
ele. Esta citação é a primeira de várias referências que Mateus usa para mos-
trar que Jesus cumpre o Antigo Testamento (2.6,15,18,23 e notas). Em todo o 
Evangelho há doze de tais fórmulas de cumprimento e mais de cinqüenta cita-
ções do Antigo Testamento. Ver "O Nascimento Virginal de Jesus", em Lc 1.27. 
•2.1 em dias do rei Herodes. Sabe-se que Herodes, o Grande, morreu em 4 
a.e. Portanto, Jesus realmente nasceu no ano 5 ou 6 a.C., de acordo com a ma-
neira de datar do calendário Gregoriano. 
uns magos. Os magos não eram reis, porém sacerdotes ou conselheiros de cor-
te, tais como José e Daniel. Eram, provavelmente, da Mesopotâmia, região da 
antiga Babilônia, ainda que outros lugares a leste da Palestina tenham sido sugeri-
dos. Há numerosos registros de antigos astrólogos interpretando fenômenos as-
tronômicos como anúncio do nascimento de reis. 
•2.2estrela. Isto pode ter sido uma conjunção planetária, uma supernova ou 
algo simplesmente sobrenatural. Qualquer que tenha sido o caso, alude à estrela 
de Jacó (Nm 24.17), que foi profetizada por outro gentio, Balaão. 
1103 MATEUS 2 
6 hE tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a 
menor entre as principais de Judá; porque de ti salrá o 
Guia ique há de apascentar a meu povo, Israel. 
7 Com isto, Herodes, tendo chamado secretamente os 
2 magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo 
em que ia estrela aparecera. 
BE, enviando·os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cui-
dadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes en-
contrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo. 9 Depois de 
ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Ori-
ente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava 
o menino. 10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande 
e intenso júbilo. 11 Entrando na casa, viram o menino com 
Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os 
seus tesouros, 1entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e 
mirra. 12 Sendo por divina advertência prevenidos mem so-
nho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram 
por outro caminho a sua terra. 
A.fuga para o Egito 
13 Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor 
a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua 
mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; 
porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 
14 Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e par-
tiu para o Egito; is e lá ficou até à morte de Herodes, para que 
se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do 
profeta: 
"Do Egito chamei o meu Filho. 
A matança dos inocentes 
16Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes gran-
demente e mandou matar todos os meninos de Belém e de to-
dos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o 
tempo do qual com precisão se informara dos magos. 17Então, 
se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias: 
18 ºOuviu-se um clamor em Ramá, pranto, [choro] e 
grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e 
inconsolável porque não mais existem. 
A volta do Egito 
19 Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apare-
ceu em sonho a José, no Egito, Pedisse-lhe: 20 Dispõe-te, toma o 
menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque qjá morre-
ram os que atentavam contra a vida do menino. 21 Dispôs-se ele, 
tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel. 
22 Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lu-
gar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertên-
cia prevenido em rsonho, retirou-se 3 para as regiões da Galiléia. 
23 E foi habitar numa cidade chamada 1Nazaré, para que se 
cumprisse "o que fora dito por intermédio dos profetas: 
Ele será chamado Nazareno. 
• 6hMq52iGn49.10;[Ap2.27] 7iNm24172Gr.magoi li ISl72.10;1s60.6 12m[Jó33.15-16J;Mt1.20 tSnNm24.8;0s11.1 
180Jr31.15 19Plc2.39 2QqMt216 22TMt2.12-13,19Slc2.39 231Jo1.45-46UJz13.5 
•2.6 A segunda linha da citação em Mateus parece dizer o oposto da segunda li-
nha de Mq 5.2 l"pequena demais"), mas o sentido é que, ainda que Belém pareça 
Mar Mediterrâneo 
Para o Es!llo ... 
IDUMEtA 
NABATÉIA 
f 
-N-
1 
O 100mí 
~,_...,, • ....,._,_10.,.'o_k .... m _ _., 
insignificante é, na verdade, importante. Os peritos religiosos concluíram dos pro-
fetas que o Messias devia nascer em Belém, mas nenhum deles preocupou-se 
em fazer a curta viagem com os magos, para ver o Cristo. 
•2.11 casa. Jesus não estava mais no estábulo llc 2.7). Esta visita ocorreu al-
gum tempo depois do nascimento lv. 1), talvez um ano ou mais lcf. v. 16). Ainda 
que dificilmente os magos tivessem consciência do pleno valor simbólico de seus 
presentes. Mateus os registra para mostrar o cumprimento de passagens do 
Antigo Testamento, onde os gentios trazem suas riquezas ao rei de Israel ISI 
72.1 O; Is 60 6) 
•2.15 para que se cumprisse. Os 11.1 refere-se a Deus chamando seu filho 
Israel para fora do Egito, por ocasião do êxodo. Mateus quer dizer que a história 
da redenção de Israel por Deus aponta para Jesus, o verdadeiro Filho de Deus. 
•2.18 Mateus cita Jr 31.15, uma profecia a respeito do retorno de Israel do exílio. 
Raquel, a mãe, representa todo o Israel em suas lágrimas. e a partida de Cristo 
para o Egito é como a partida dos filhos de Raquel, José e Benjamim para o Egito 
IGn 37.28; 43.15). 
•2.23 Ele será chamado Nazareno. O Antigo Testamento não tem um versí-
culo que corresponda exatamente a este, porém note-se que Mateus introduz 
esta referência aos profetas em termos mais gerais do que suas outras citações. 
Nazaré era o domicílio de Cristo, porém o ponto de vista de Mateus é, provavel-
mente, de que Jesus seria desprezado como o eram os habitantes de Nazaré IJo 
1.46; 7.42,52). Is 11.1 refere-se ao Messias como um "ramo" IHebr. netzer) da 
raiz de Jessé; Mateus pode ter tido esse versículo em mente. 
As jornadas do nascimento de Jesus 
O decreto de César Augusto exigiu que Maria e José, naturais 
de Nazaré, se registrassem para o censo na cidade de Belém da Ju-
déia (Lc 2. 1-5). Após a visita dos sábios do Oriente para adorar o Me-
nino, José seguiu a recomendação dada pelo anjo do Senhor e levou 
a sua família ao Egito, onde permaneceram até à morte de Herodes, 
o Grande. 
MATEUS 3 1104 
A pregação de João Batista 
3 Naqueles dias, apareceu ªJoão Batista pregando bno de-serto da Judéia e dizia: 2 Arrependei-vos, porque e está 
próximo o reino dos céus. 3 Porque este é o referido por inter-
médio do profeta Isaías: 
dVoz do que clama no deserto: •Preparai o caminho do 
Senhor, endireitai as suas veredas. 
4/lJsavaJoão vestes de pêlos de camelo e um cinto de cou-
ro; a sua alimentação eram ggafanhotos e hmel silvestre. 
5 ;Então, saíam a ter com ele Jerusaiém, toda a Judéia e toda a 
circunvizinhança do Jordão; ó!e eram por ele batizados no 
rio Jordão, confessando os seus pecados. 7Vendo ele, porém, 
que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, dis-
se-lhes: 1Raça de vlboras, quem vos induziu a fugir mda ira 
vindoura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; 
9 e não comeceis a dizer entre vós mesmos: nTemos por pai a 
Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode 
suscitar filhos a Abraão. 10 Já está posto o machado à raiz das 
árvores; ºtoda árvore, pois, que não produz bom fruto é cor-
tada e lançada ao fogo. 
João dá testemunho de Cristo 
11 PEu vos batizo com água, para arrependimento; mas 
aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que 
eu, cujas sandálias não sou digno de levar. qEle vos batiza-
rá com o Espírito Santo 1 e com fogo. 12 r A sua pá, ele a 
tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá 
o seu trigo no celeiro, mas squeimará a palha em fogo 
inextinguível. 
O batismo de Jesus 
13 1Por esse tempo, dirigiu-se Jesus "da Galiléia para o 
Jordão, a fim de que João o batizasse. 14 Ele, porém, o dissua-
dia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens 
a mim? 15 Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, 
porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, 
ele o admitiu. 16 vBatizado Jesus, saiu logo da água, e eis 
que se lhe abriram os céus, e viu xo Espírito de Deus des-
cendo como pomba, vindo sobre ele. 17 zE eis uma voz dos 
céus, que dizia: ªEste é o meu Filho amado, em quem me 
comprazo . • ~~~~~~~~~~~ CAPÍTULO 3 ta Me 1.3-8 b Js 14.1 O 2 CDn 2.44 3 dls 40.3 e Lc 1.76 4/Mc 1.6 gLv 11.22 h 1 Sm 14.25-26 5 iMc 1.5 6 i At 
19.4,18 7 IMt 12.34 m [1Ts 1.10] 9 nJo 8.33 10 ºMt 7.19 11Plc3.16 q[ls 4.4; Jo 20.22; At 2.3-4; 1Co 12.13] IM omite e com 
fogo 12 rMI 3.3 SMI 4.1; Mt 13.30 13 tMt 3.13-17; Me 1.9-11; Lc 3.21-22; Jo 1.31-34 UMt 2.22 16 VMc 1 10 X[ls 11 2]; Lc 3.22; Jo 
1.32; At 7.56 17 z Jo 12.28 a SI 2.7; Is 42.1; Me 1.11; Lc 1.35; 9.35; CI 1.13 
•3.2 Arrependei-vos. É a primeira exigência tanto de João Batista como de Je-
sus (4.17). O arrependimento não consiste apenas em mostrar tristeza pelopeca-
do, porém em uma decisiva mudança. uma volta do pecado para uma vida de 
obediência. "Arrepender-se" traduz a idéia do Antigo Testamento do "retorno" de 
Israel à fidelidade da aliança. Não significa autopunição, depressão ou remorso. 
Judas encheu-se de tristeza e de angústia (27.3). mas não se arrependeu. Ver 
'flrrependimento", em At 26.20. 
está próximo. O começo da obra de Deus é a base para a exigência do arrepen-
dimento. 
o reino dos céus. A mensagem de João Batista apresenta o tema do ensino de 
Jesus. Marcos e Lucas o denominam "Reino de Deus" (4.17; cf. Me 1.15) O reino 
de Deus é o que os profetas do Antigo Testamento aguardavam: a exibição por 
parte de Deus da sua Soberania na redenção do seu povo. João e Jesus procla-
maram que o tempo de espera tinha acabado e que o Rei em pessoa tinha chega-
do. Com a morte e a ressurreição de Cristo e a difusão das boas novas para todas 
as nações, as promessas de Deus no Antigo Testamento foram amplamente 
cumpridas ern nosso favor, embora ainda aguardemos sua completa finalização 
quando Cristo retornar em juízo (cap. 13 e notas). 
•3.3 Porque este é o referido. João Batista proclama a vinda do Senhor citan-
do Is 40.3. O ministério de João apontava para o futuro, como os profetas do Anti-
go Testamento, para Um maior que deveria vir (11.7-11; At 19.4-5). 
•3.6 batizados. O batismo cristão não é idêntico ao batismo de João porque, 
ainda que retenha o simbolismo do arrependimento e da purificação (At 22.16; Ef 
5.26). o batismo cristão é realizado em nome do Deus triúno (28.19) e simboliza 
nossa união com Cristo na sua morte e ressurreição (Rm 6.3-6; 1 Co 12.13; GI 
3.27; CI 2.12). Ver nota sobre Mt 14. 
•3. 7 ira vindoura. O Antigo Testamento prometeu a vinda do Senhor em justo 
julgamento (SI 96.13; Zc 2.1-2; MI 3.2). João não permitirá aos líderes suporem 
que a taça da ira de Deus é só para os inimigos de Israel, e que sua própria nação 
escapará. João, posteriormente. ficou perplexo por Jesus não trazer o juízo 
(11.2-3 e notas). 
•3.8 frutos dignos de arrependimento. Atos que indicassem justiça interior, 
não meramente conformidade exterior. Pelo fato de os fariseus se considerarem 
justos, as palavras de João devem tê-los atingido a fundo. 
•3.9 Temos por pai a Abraão. Ainda que ser judeu incluísse os privilégios ex-
ternos da aliança (Rm 9.4-5). os verdadeiros filhos de Deus o são só em virtude do 
ato de Deus. Só Deus pode aplicar a água que transforma corações de pedra (Ez 
36.25-26). Nem um judeu por nascimento, nem um cristão por nascimento 
podem esperar ser poupados do julgamento, independentemente do fruto que 
evidencia arrependimento e fé. 
•3.1 O é cortada. Exatamente como o reino é iminente. assim o é também o 
julgamento; a vinda de um envolve a vinda do outro. João, contudo, ainda não 
sabia que a tarefa de Jesus não era trazer julgamento, mas sofrê-lo (11.2 e 
nota). 
•3. 11 Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Purificar com 
fogo descreve o batismo sobrenatural de Deus, contrastado com o símbolo da 
purificação com água. O fogo do Espírito renova o povo de Deus e consome os 
ímpios como palha (Is 4.4; Zc 13.9; MI 3.2-3; 4.1 ). O testemunho de João ares-
peito de Jesus como o Senhor que tinha vindo (v. 3) é ampliado. Como Senhor, 
Jesus batiza com o Espírito e executa o Juízo Final. Ver "O Batismo". em Rm 
6.3. 
•3.13-15 João estava relutante em batizar Jesus por reconhecer que ele não ne-
cessitava de arrependimento. Para que se cumprisse "toda a justiça", Jesus tinha 
de identificar-se com o seu povo, como o que levava os seus pecados (2Co 5.21 ). 
Essencialmente, o batismo de João apontava para Jesus, porque só a morte de 
Jesus sobre a cruz - que Jesus chamou de "batismo" (Lc 12.50) - poderia ti-
rar os pecados. A identificação de Jesus com seu povo incluía seu batismo e mor-
te, sua unção com o Espírito e sua vitória sobre a tentação. Ver "O Batismo de 
Jesus", em Me 1.9. 
•3.15 justiça. O reino de Deus.(seu soberano governo na salvação e julga-
mento) é definido por sua justiça. Jesus ensina a perfeita justiça que Deus 
exige (5.20.48). Ele assegura também a justiça de Deus para os pecadores. 
Seu batismo aponta para a sua morte como um "resgate por muitos" (20.28) 
e mostra a perfeita obediência na q~al ele cumpre toda justiça (Jr 23.5-6). A 
remissão de pecados e o dom da justiça são recebidos através da fé em Je-
sus (8.1 O; 23.23; cf. 21.32). Aqueles a quem falta ajustiça de Deus, mas têm 
fome e sede dessa justiça, serão fartos (5.6; 6.33). Jesus chama os sobrecar-
regados com o peso da justiça própria para que busquem nele seu descanso 
(11.28-12.8). 
•3.16-17 O testemunho dos céus confirma a identificação de Jesus como o 
Servo do Senhor (Is 42.1; cf. Êx 4.22) e o relaciona com o reinado messiânico 
(SI 2.7). 
•3.16 como pomba. O aparecimento do Espírito em forma de pomba lembra-
nos a atividade criativa do Espírito em Gn 1.2 e pode apontar para o começo da 
nova criação através do ministério de Jesus (1.1, nota). 
1105 MATEUS 4 
A tentação de jesus 
4 A seguir, ªfoi Jesus levado bpelo Espírito ao deserto, para ser tentado 'Çlelo diabo. 2 E, depois de jejuar quarenta dias 
e quarenta noites, teve fome. 3 Então, o tentador, aproximan-
do-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se 
transformem em pães. 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: 
cNão só de pão viverá o homem, mas de toda palavra 
que procede da boca de Deus. 
5 Então, o diabo o levou dà Cidade Santa, colocou-o sobre 
o pináculo do templo 6 e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-
te abaixo, porque está escrito: 
e: 
e Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; 
!Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nal-
guma pedra. 
7 Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: 
gNão 1 tentarás o Senhor, teu Deus. 
B Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, hmos-
trou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles 9 e lhe 
disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 En-
tão, Jesus lhe ordenou: 2 Retira-te, Satanás, porque está es-
crito: 
; Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. 
11 Com isto, i o deixou o diabo, e eis que 1vieram anjos e o 
serviram. 
um, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali; 
14 para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do 
profeta Isaías: 
15 nTerra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, 
além do Jordão, Galiléia dos gentios! 
16 °0 povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que 
viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a 
luz. 
17 PDaí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: q Arre-
pendei-vos, porque 3 está próximo o reino dos céus. 
A vocação de discípulos 
18 rcaminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois ir-
mãos, Simão, 5 chamado Pedro, e André, que lançavam as 
redes ao mar, porque eram pescadores. 19 E disse-lhes: 
Vinde após mim, e teu vos farei pescadores de homens. 
20 Então, ueles deixaram imediatamente as redes e o se-
guiram. 21 vpassando adiante, viu outros dois irmãos, Tia-
go, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no 
barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e 
chamou-os. 22 Então, eles, no mesmo instante, deixando 
o barco e seu pai, o seguiram. 
jesus prega por toda a Galiléia 
e cura muitos enfennos 
23 Percorria Jesus toda a Galiléia, xensinando nas sinago-
jesus volta para a Galiléia gas, pregando o z evangelho do reino ªe curando toda sorte de 
12 mQuvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se doenças e enfermidades entre o povo. 24 E 4 a sua fama cor-
para a Galiléia; 13 e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarna- reu por toda a Síria; btrouxeram-lhe, então, todos os doentes, 
·-CAPÍTULO 4 1 •Mt4.1-11; Me 1.12; Lc 4.1 bEz 3.14; At 8.39 4 cDt 8.3 5dNe11.1,18; Dn 9.24; Mt 27.53 6 es191-_11/SI91.12 
7 gDt 6.16 1 porás à prova 8 h [Mt 16.26; 1Jo 2.15-17] 10 iDt 6.13; 10.20 2M Vá para trás 11 i[Tg 4.7] l[Hb 1.14] 12 m Jo 4.43 
1Snls9.1-2 16ºLc2.32 17PMc1.14-15qMt3.2;10_73échegado 1arMc116-20 5 Jo1.40-42 t9tLc5.10 2ouMc10.2821 v Me 1.19 23 x Mt 9.35 z [Mt 24.14] a Me 1.34 24 b Lc 4.40 4 Lit a notícia a seu respeito 
•4.1 tentado. Ainda que Deus mesmo não tente ninguém (Tg 1.13). as tenta-
ções que sofremos estão incluídas no soberano plano de Deus para o nosso bem_ 
Se vencermos, seremos fortalecidos; se sucumbirmos, reconheceremos mais 
claramente a necessidade que temos de mais santificação e graça. 
A tentação de Jesus (vs. 1-11) forma um paralelo com a provação de Israel no 
deserto. Os quarenta dias correspondem aos quarenta anos de caminhada do 
povo (cf. Nm 14.34)_ Este evento recorda Dt 8.1-5, usado por Jesus em resposta 
a uma das tentações. A experiência de Israel no deserto foi o tipo ou a sombra da 
tentação de Jesus no "deserto", após o batismo. 
As tentações apelam para motivações comuns: impulsos físicos, orgulho e 
desejo de possessões (1Jo 2.16). Cada uma delas é apontada especialmente ao 
Messias. Satanás apela para Jesus em termos do seu direito divino: "Se és Filho 
de Deus" (vs. 3,6; cf. 27.40)_ A terceira tentação oferece para Jesus um caminho 
para a realeza que evita a cruz. Jesus foi tentado em tudo aquilo em que nós tam-
bém somos tentados (Hb 4.15), mas não pecou. Ele nos representa diante de 
Deus como o "misericordioso e fiel sumo sacerdote" IHb 2.17). porque conhece, 
por meio de sua natureza humana, o que é resistir às tentações. (Ver "A Impecabi-
lidade de Jesus". em Hb 4.15). 
•4.3 Filho de Deus. Ver nota em 16.16_ 
•4.4 mas de toda palavra. Em Dt 8.3, isto se refere à Palavra de Deus de orien-
tação no deserto e sua provisão de maná. Jesus não abandonará sua confiança 
em Deus. sabendo que ele proverá. Jesus respondeu a cada tentação de Satanás 
reportando-se às Escrituras A "espada do Espírito" é a Palavra de Deus (Ef 6.17), 
e Jesus confiou nas Escrituras para obter a vitória em sua luta espiritual. Ver "A 
Palavra de Deus: As Escrituras como Revelação". em Êx 32.16. 
•4.5 pináculo do templo. Parte do muro do templo estava sobre a extremidade 
do vale de Cedrom, onde havia uma enorme queda, desde aquele nível até o fun-
do, no vale. 
•4.6 Satanás cita as Escrituras, mas usa o SI 91.11-12 de um modo exatamente 
oposto ao do sentido original. O SI 91 é uma exortação para se confiar em Deus; 
Satanás tenta substituir a confiança por um teste, lançando dúvida sobre a fideli-
dade de Deus. Não há lugar para a presunção em uma grande fé_ Fé e presunção 
são incompatíveis. Ver "Satanás", em Já 1.6. 
•4.1 O Jesus rejeita a idolatria como o total zelo do verdadeiro culto. Ele ordena a 
Satanás que se retire. porque venceu "o valente" (Mt 12.29). 
•4.15 Galiléia dos gentios. Mateus realça o enfoque de Jesus sobre a nação 
de Israel, durante o seu ministério terreno (10.5-6). Contudo. sua observação de 
que o ministério de Jesus cumpre Is 9.2 mostra que o mandato de ir aos gentios. 
em Mt 28.19, não é uma reflexão posterior; o propósito último sempre incluiu as 
nações. 
•4.17 Daí por diante. Esta frase, que ocorre também em 16.21 ("desde esse 
tempo"). marca o momento de mudança do período de preparação para o perío-
do do ministério público de Jesus. 
Arrependei-vos. Ver "Arrependimento", em At 26.20. 
•4.23 ensinando ... pregando ... curando. Ensinar envolvia a comunicação da 
natureza e propósito do reino de Deus, como é visto no Sermão do Monte (caps. 
5---7) e nas parábolas do reino (cap. 13\. Pregar era anunciar as boas no~as de 
que o reino de Deus estava próximo. e que seus soberanos propósitos na história 
estavam sendo finalmente realizados. Curar, bem como ensinar e pregar, era sinal 
de que o reino já tinha vindo (11.5). 
•4.24 Síria. No uso romano, Síria aplicava-se virtualmente a toda Palestina, com 
exceção da Galiléia (cf_ Lc 2.2). É provável que um galileu tivesse entendido que 
"Síria" se referia ao território exatamente ao norte da Galiléia, do Mediterrâneo a 
Damasco. 
MATEUS 4, 5 1106 
acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninha-
dos, lunáticos e paralíticos. E ele os curou. 25 cE da Galiléia, 
5Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão numerosas 
multidões o seguiam. 
O sermão do monte 
As bem-aventuranças 
5 Vendo Jesus as multidões, ªsubiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; 2 e ele 
passou a bensiná-los, dizendo: 
3 cBem-aventurados os humildes de espírito, porque deles 
é o reino dos céus. 
4 dBem-aventurados os que choram, porque serão conso-
lados. 
5 eBem-aventurados os mansos, porquefherdarão 1 a terra. 
6 Bem-aventurados g os que têm fome e sede de justiça, 
hporque serão fartos. 
7 Bem-aventurados os misericordiosos, iporque alcança· 
rão misericórdia. 
8/Bem-aventurados os limpos de coração, porque 1verão a 
Deus. 
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chama-
dos filhos de Deus. 
• 25 e Me 3. 7-8 5 Lit. Dez Cidades 
10 mBem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, 
porque deles é o reino dos céus. 
11 nBem-aventurados sois quando, por minha causa, ºvos 
injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo 
mal contra vós. 12 PRegozijai-vos e exultai, porque é grande o 
vosso galardão nos céus; pois q assim perseguiram aos profetas 
que viveram antes de vós. 
Os discípulos, o sal da terra 
13 Vós sois o sal da terra; 'ora, se o sal vier a ser insípido, 
como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, 
lançado fora, ser pisado pelos homens. 
Os discípulos, a luz do mundo 
14 5Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade 
edificada sobre um monte; 15 1nem se acende uma candeia 
para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a 
todos os que se encontram na casa. 16 Assim brilhe também a 
vossa luz diante dos homens, "para que vejam as vossas boas 
obras e v glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. 
Jesus não veio revogar a Lei, mas cumprir 
17 xNão penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não 
vim para revogar, vim para cumprir. 18 Porque em verdade 
CAPÍTULOS l ªMc3.13 2 b[Mt7.29] 3 Clc6.20-23 4 dAp21.4 5 esl37.11Í[Rm4.13] IOuopaís ó ele 1.53 h[Js55.1; 
65.13] 7iSJ41.1 8jSJ15.2;24.411Co13.12 1om1Pe3.14 11 nLc6.22D1Pe4.14 12P1Pe4.13-1HAt7.52 13Tlc14.34 
14S[Jo8.12] 151Lc8.16 16 U1Pe2.12V[Jo15.8] 17XRm 10.4 
lunáticos. !Epiléticos) O único outro lugar em que esta palavra aparece, no Novo 
Testamento, é em Mt 17 15, onde ela é aplicada a um menino endemoninhado 
que exibe sintomas de ataque epiléptico. 
•5.1-7.29 O Sermão do Monte é o primeiro dos cinco grandes blocos do ensi-
no de Jesus em Mateus !Introdução: Características e Temas). É a afirmação 
clássica da ética do reino de Deus. A igreja primitiva favoreceu uma interpretação 
literal, porém aplicava integralmente o Sermão apenas a classes especiais de 
cristãos, especialmente monásticos. Outros, tais como os anabatistas, têm ten-
tado aplicá-lo literalmente a todos os cristãos. Ainda outros o têm considerado 
como legalista, como um código temporário ou provisório, ou como uma forma 
realçada da lei de Moisés, com o objetivo de induzir ao arrependimento !Lutero). 
Finalmente, alguns têm argüido que as exigências do Sermão não devem ser en-
tendidas literalmente, mas que Jesus estava mais preocupado com a disposição 
interior do que com a conduta exterior, ou que a severidade do Sermão intentava 
compelir quaisquer ouvintes a uma decisão a favor ou contra as exigências de 
Deus sobre suas vidas. 
Devemos reconhecer que o Sermão é dirigido aos seus discípulos e, através de-
les, a toda a igreja hoje. O Sermão destina-se tanto a motivos interiores quanto à 
conduta exterior 15.21-22,27-28). Estas legítimas exigências são tão estritas 15.48) 
que ninguém consegue obedecê-las completamente e, portanto, somos guiados à 
graça e à misericórdia de Deus. Em alguns casos, Jesus obviamente emprega exa-
gero intencional para ilustrar as exigências absolutas da lei de Deus 15.29-30). 
•5.1 subiu ao mome. O conteúdo deste sermão é semelhante ao sermão da 
planície, registrado em Lc 6. 
como se assemessit. Era costume os mestres assentarem-se para ensinar llc 
4.20].•5.3 Bem-avemurados. Isto significa mais do que um estado emocional repre-
sentado pela palavra "feliz": Inclui bem-estar espiritual, tendo a aprovação de 
Deus e, assim, um destino mais feliz ISI 1 ). 
humildes de espirito. Os que têm maior necessidade espiritual estão mais ap-
tos para perceber essa necessidade e depender só de Deus e não da sua própria 
bondade. Paulo observa o mesmo princípio em Rm 9.30-31. O paralelo em Lc 
6.20 omite "de espírito". Isto tem levado muitos a suporem que Jesus, primaria-
mente, se referiu aos materialmente pobres. Pobreza material e reconhecimento 
da necessidade espiritual freqüentemente andam juntas ISI 9.18, nota), mas as 
duas espécies de pobreza não são idênticas. 
•5.4 os que choram. O contexto indica que estão chorando por causa do peca-
do e do mal, especialmente os deles mesmos, e por causa do fracasso da huma-
nidade em dar a glória devida a Deus. 
•5.5 mansos. Esta bem-aventurança assemelha-se à do SI 37.11 e, talvez, este-
ja baseada nela. A mansidão aqui referida é de natureza espiritual, uma atitude de 
humildade e submissão a Deus. Nosso modelo de mansidão é Jesus (a mesma 
palavra grega é empregada para Cristo em 11.29), que se submete à vontade de 
seu Pai. 
herdarão a terra. O último cumprimento da promessa a Abraão, que Paulo cha-
ma "herdeiro do mundo" IRm 4.13; cf. Hb 11.16). 
•5.6 fome ... de justiça. Os que procuram a justiça de Deus recebem aquilo que 
desejam, e não os que confiam em sua própria justiça. 
•5.8 verão a Deus. Pelo fato de Deus ser um espírito, sua essência divina é invi-
sível ICI 1.15; 1Tm 1.17; 6.16). Não obstante, os crentes "verão" a Deus através 
dos olhos da fé, e Jesus assegurou aos seus discípulos que, vendo-o, vêem o Pai 
IJo 14.9). No estado glorificado, os filhos de Deus o verão "como ele é" (1Jo 3.2). 
•5.9 pacificadores. Paz espiritual e não a cessação da violência física entre as 
nações é o que se tem em vista aqui. Mesmo que o termo seja geralmente enten-
dido no sentido daqueles que ajudam outros a encontrar a paz com Deus, esta 
paz pode também ser entendida como aqueles que alcançam sua própria paz 
com Deus e são chamados seus filhos. O princípio é ampliado nos vs. 44-45-os 
filhos de Deus buscam a paz mesmo com seus próprios inimigos. 
•5.13 sal. O valor primário do sal não estava em seu uso como condimento, mas 
em sua capacidade de preservar. Os discípulos devem ser obstáculos à expansão 
da corrupção no mundo. Os depósitos de sal, ao longo do mar Morto, contêm não 
só o cloreto de sódio, mas uma variedade de outros minerais também. Este sal 
pode tornar-se sem utilidade quando a chuva lava sua salinidade, tornando-o insí-
pido no correr dos anos. Ver "Os Cristãos no Mundo", em CI 2.20. 
•5.14 Ver Is 60.1-3. 
•5.16 Ver "A Missão da Igreja no Mundo", em Jo 20.21. 
•5.17 a Lei ou os Profetas. Um modo de referir-se a todo o Antigo Testamento. 
1107 MATEUS 5 
vos digo: 2 até que o céu e a terra passem, nem um 2 i ou um 
3ü) jama\s µassará da Lei, até que tudo se cumpra. 19 ª Aque-
le, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos 
menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mí-
nimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e 
ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. 
20 Porque vos digo que, se a vossa bjustiça não exceder em 
muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos 
céus. 
Jesus completa o que foi dito aos antigos 
Do homicídio 
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: cNão matarás; e: 
Quem matar estará sujeito a julgamento. 22 Eu, porém, vos 
digo que d todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu ir· 
mão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um 4insul-
to a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e 
quem lhe chamar: erolo, 5 estará sujeito ao inferno de 6 fogo. 
23 !Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares 
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24gdeixa pe· 
rante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu 
irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. 25 hEntra em 
acordo sem demora com o teu adversário, ;enquanto estás 
com ele a caminho, para que o adversário não te entregue 
ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. 
Do adultério 
27 Ouvistes que foi 7 dito: iNão adulterarás. 28 Eu, porém, 
vos digo: qualquer que 1 olhar para uma mulher com intenção 
impura, no coração, já adulterou com ela. 
29 mse O teu olho direito te faz 8 tropeçar, narranca-O e lan-
ça-O de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, 
e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. 30 E, se a tua 
mão direita te faz 9tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te 
convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o 
teu corpo para o inferno. 31 Também foi dito: 0 Aquele que re-
pudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos 
digo: Pqualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de 
1 relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aque-
le que casar com a repudiada comete adultério. · 
Dos juramentos 
33 Também ouvistes que qfoi dito aos antigos: rNão jurarás 
falso, mas 5 cumprirás rigorosamente para com o Senhor os 
teus juramentos. 34 Eu, porém, vos digo: 1de modo algum ju-
reis; nem pelo céu, por ser ªo trono de Deus; 35 nem pela ter-
ra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser 
cidade v do grande Rei; 36 nem jures pela tua cabeça, porque 
não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 xseja, porém, 
a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do 
maligno. 
26 Em verdade te digo·que não sairás dali, enquanto não pa- Da vingança 
gares o último centavo. 38 Ouvistes que foi dito: 2 0lho por olho, dente por dente. 
·-18ZLc1617 2Gr.iota H~br yod a menor letra 30 menor~r~çoem uma letra hebraica 19 ª[T~2.10] 20b[Rm10.;] 21 CÊx20-13;~D~t~~~ 
5.17 22 d [1 Jo 3.15] e [T,g 2.20; 3.6] 4 Lit, em Aram .. Cabeça vazia 5 Gr. More 6 Gr. Gehenna 23 /Mt 8.4 24 g [Jó 42 8] 25 h Lc 
12.58-59 i [Is 55.6] 27 i Ex 20.14; Dt 5.18 7TR acrescenta aos antigos 28 1 Pv 6.25 29 m Me 9.43 n [CI 3.5] 8 Ou pecar 30 9 Ou 
pecar 31~0124.1 32P[Lc16.18] IOufomicação 33qMt23.16rlv19.12S0t23.23 341Tg5.12Uls66.1 35VSl48.2 37x1c1 
4.6] 38 zEx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21 
não vim para revogar. As correções expostas nos vs. 21-48 devem ser lidos à 
luz desta observação de abertura. Ao cumprir a lei, Jesus não altera, substitui ou 
anula os mandamentos anteriores; antes. ele estabelece seu verdadeiro intuito e 
propósito em seu ensino. e os cumpre em sua vida obedie~te. A Lei, bem como 
os Profetas. apontam para Cristo. Ver "A Lei de Deus", em Ex 20.1. 
•5.18 til. Uma diminuta extensão sobre certas letras do alfabeto hebraico. 
até que tudo se cumpra. A plena manifestação do reino de Deus lcaps. 
24-25). pela qual os crentes devem orar (6.10). 
•5.20 se a vossa justiça não exceder. Jesus não critica os fariseus por sua 
estrita observância da lei, mas pela ênfase que dão à conformidade externa com 
ela, sem uma atitude interior adequada lcap. 23). Por focalizarem os aspectos ex-
ternos. evitavam o real intento da lei e. assim, obscurecem suas reais exigências. 
Os textos de Oumran referem-se aos fariseus como "os que andam atrás de coi-
sas suaves", porque eles ajustavam e comprometiam a lei às realidades da vida. 
Tal acomodação eliminava a consciência da necessidade da graça e da depen-
dência de Deus. Nos versos seguintes. Jesus restaura a verdadeira natureza da 
lei de Deus, e diz que ela obriga total e radical santidade. Jesus exige uma mais 
profunda obediência, e não descaso ao mandamento de Deus. 
•5.21 Ouvistes que foi dito. Não o ensino da lei de Deus propriamente, com 
suas promessas, mas o ensino da lei ministrado por escribas e fariseus !Ver nota 
no v 43). 
•5.22 Tolo. Aparentemente, a lei judaica tinha sanções contra o insulto especffi-
co Raca, mas Jesus mostra que qualquer abuso verbal sujeita o indivíduo à con-
denação eterna. 
inferno. Isto é. Gehenna. o "vale de Hinom", um depósito de toda espécie de 
imundície.fora de Jerusalém. onde o fogo queimava constantemente. Era famo-
so por ser local de sacrifícios humanos pelo fogo, durante os reinados de Acaz e 
Manassés l2Cr 28.3; 33.6). Jeremias chamou-o o "vale da Matança". um símbo-
lo do terrível juízo de Deus IJr 7.32). Ver "D Inferno", em Me 9.43. 
•5.25 Entra em acordo sem demora. Enquanto os vs. 23-24 tratam da recon-
ciliação de um irmão ofendido, os vs. 25-26 parecem indicar o conftito de uma so-
ciedade maior - neste caso, conflito legal. Os cristãos devem trabalhar pela 
reconciliação em todas as áreas da vida. 
•5.29 arranca-o. A severidade da exigência ilustra a natureza da ética radical de 
Jesus e nossa intensa necessidade. Jesus não está advogando automutilação. 
pois nem as mãos nem os olhos provocam a luxúria. mas o coração e a mente. Os 
cristãos não devem apenas evitar o ato de adultério ("mão"). mas também aque-
las coisas que conduzem a atitudes libidinosas !"olho"). 
•5.32 Ver 19.3-1 O e notas; "Casamento e Divórcio, em MI 2.16. 
•5.34 de modo algum jureis. Alguns têm entendido que a proibição de Jesus 
a respeito do juramento é universal, mas Jesus mesmo se submeteu a jura-
mento 126.63) e Paulo invocou a Deus como sua testemunha (Rm 1.9). O pró-
prio Deus se expressou através de um juramento para nos encorajar IHb 6.17). 
Jesus está se referindo a um legalismo estreito e enganador, que exige um jura-
mento específico para obrigar o cumprimento daquilo que foi falado. A implica-
ção de uma tal abordagem com relação à honestidade, é que só necessitamos 
ser verdadeiros sob juramento. Ele proibiu também a idolatria implícita de jurar 
por qualquer coisa que não fosse Deus. Ver "Linguagem Honesta, Juramentos e 
Votos", em Ne 5.12. 
•5.38 Olho por olho. A intenção original de Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21 é que a 
punição deveria ser justa e adequada ao crime. Estas limitações proibiam severa-
mente a vingança maior !tal como a de Lameque, que se gabou em Gn 4.23), e 
que houvesse diferentes penalidades para diferentes classes sociais. Jesus se 
contrapôs àqueles que viam neste princípio base para vingança pessoal. 
J 
MATEUS 5, 6 1108 
39 ªEu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; bmas, a 
qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a ou-
tra; 40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-
lhe também a capa. 41 Se alguém cte obrigar a andar uma mi· 
lha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pede e d não voltes as 
costas ao que deseja que lhe emprestes. 
Do amor ao próximo 
43 Ouvistes que foi dito: e Amarás o teu próximo e t odiarás 
o teu inimigo. 44 2 Eu, porém, vos digo: gamai os vossos inimi· 
gos e orai hpelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis 
filhos do vosso Pai celeste, porque ;ele faz nascer o seu sol so-
bre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 iPor-
que, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? 
Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudar-
des somente os vossos 3 irmãos, que fazeis de mais? Não fa-
zem os 4 gentios também o mesmo? 48 1Portanto, sede vós 
perfeitos mcomo perfeito é o vosso Pai celeste. 
A prática da justiça 
6 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos ho· mens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, 
não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. 
Como se deve dar esmolas 
2 ªQuando, pois, deres esmola, não toques trombeta dian-
te de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, 
para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo 
que eles já receberam a recompensa. 3 Tu, porém, ao dares a 
esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direi-
ta; 4 para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pal, que vê 
em secreto, bte recompensará. / 
Como se deve orar 
s E, quando orardes, não sereis como os 2hipócritas; porque 
gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, 
para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já 
receberam a recompensa. 6Tu, porém, quando orares, centra 
no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em 
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 3 7 E, 
orando, dnão useis de vãs repetições, como os gentios; epor-
que presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 8 Não 
vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, J sabe o 
de que tendes necessidade, antes que lho peçais. 
A oração dominical 
9 Portanto, gvós orareis assim: 
h Pai nosso, que estás nos céus, 
santificado seja o teu inome; 
IOvenha o teu reino; 
ifaça-se a tua vontade, assim na terra 1como no céu; 
II mo pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 
12 e nperdoa-nos as nossas dívidas, 
assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; 
13 ºe não nos deixes cair em tentação; 
mas Plivra·nos do mal 
• 39 ªLc 6.29 bis 50.6 41 cMt 27.32 42 dLc 6.30-34 43 eLv 19 18/Dt 233-6 44 8Lc 6.27 hA; 7.60 2TR Eu, poré;vosdigo: Amai a 
vossos inimigos, bendizei aqueles que vos maldizem 45 iJó 25.3 46ilc 6.32 47 3Mamigos 4Cf. NU; TA e Mpublicanos 48l[CI1.28; 
412] mEf5.1 
CAPÍTULO 6 2 ªRm 12.8 4 bLc 14.12-14 1 Cf. NU; TR e M acrescentampubhcamente 5 2fingidos 6 c2Rs 4.33 3Cf. NU; TR e M 
acrescentam publicamente 7 dEc 5.2e1Rs 18.26 8/[Rm 8.26-27] 9 8Lc 11.2-4 h [Mt 5.9, 16] iMI 1.11 10 iMt 26.42 ISI 103.20 
11mPv30.8 J2íl[Mt18.21-22] 13º[2Pe2.9]PJo17.15 
•5.39 não resistais. No contexto, isso significa "não busque restituição na cor-
te". Uma bofetada na face direita com as costas da mão significa tanto um insulto 
quanto uma injúria. A observação de Jesus pode lembrar as palavras do Servo do 
Senhor, em Is 50.6. 
•5.41 Se alguém te obrigar. A possibilidade de um soldado romano coagir uma 
pessoa a servir como guia ou transportador de carga era real. Mesmo se compeli-
do por força a fazer alguma coisa por alguém. a pessoa pode demonstrar liberda-
de para fazer voluntariamente mais do que foi exigido, ao invés de fazer o serviço 
com má vontade. 
•5.43 odiarás o teu inimigo. Isto não está no Antigo Testamento, mas era uma 
falsa conclusão derivada do ensino dos escribas. inferido da estreita compreen-
são daquilo que significava º'próximo", que para eles era simplesmente um outro 
judeu. Jesus mostra que a verdadeira intenção de Lv 19.18 é incluir até os inimi-
gos llc 1029-37). 
•5.45 Ver "Providência", em Pv 16.33. 
•5.48 sede vós perfeitos. O padrão que Deus exige de seu povo é seu próprio 
caráter perfeito. A perfeição de Deus inclui o amor da graça benevolente lv. 45). 
Mesmo que essa perfeição não seja atingida nesta vida, ela é o objetivo daqueles 
que se tornaram filhos do Pai IFp 312-14). 
•6.1 justiça. Jesus afirma o valor positivo que há na justiça prática, mas somen-
te quando praticado em submissão a Deus e por amor a ele, ao invés de feito em 
busca de glória pessoal humana. 
•6.2 hipócritas. No Novo Testamento, o hipócrita é aquele que alega ter um re-
lacionamento com Deus e amar a justiça, mas que está buscando seu próprio in-
teresse, enganando-se a si mesmo. Os hipócritas denunciados no cap. 23 não 
tinham consciência de sua própria hipocrisia. 
•6.5 orardes. Ver "A Oração", em Lc 11.2. 
•6. 7 não useis de vãs repetições. Essa proibição não contradiz o princípio de 
continuarmos pedindo a Deus aquilo que cremos ser da sua vontade llc 18), mas 
corrige a idéia de que Deus se impressiona com a quantidade das palavras. 
•6.9 Esta oração é um modelo de brevidade, pedindo primeiro que Deus seja glo-
rificado e, depois, pelas necessidades da vida humana. 
Pai nosso. Ver 'í'\doção", em GI 4.5. 
santificado seja o teu nome. Não só que as criaturas de Deus mantenham 
santo o seu nome, mas que Deus possa ele mesmo santificá-lo, por ser o santo 
Juiz e Salvador. 
•6.11 pão nosso de cada dia. A palavra grega traduzida por "de cada dia" é co-
nhecida só nesta oração. Tem sido entendida como significando o pão "diário", 
"necessário", "futuro" ou de "amanhã". Há três interpretações básicas para ela. O 
ponto de vista sacramental é que esse pão se refere ao pão recebido na Santa 
Ceia. Outro ponto de vista é que ele simbolizaa vida no reino que virá, tornando a 
expressão equivalente à expressão "venha o teu reino", no v. 10. Um terceiro 
ponto de vista é que é uma súplica pela provisão de Deus das nossas necessida-
des físicas. Este último ponto de vista é, talvez, o melhor e este tema é desenvol-
vido nos vs. 19-34 IPv 30.8). 
•6.12 dívidas. A referência aqui é a dívidas espirituais. Os cristãos perdoam os 
outros em resposta ao perdão de Deus 118.32-33); porém, se não perdoarmos os 
outros, não podemos clamar pelo perdão de Deus para nós mesmos {vs. 14-15). 
•6.13 não nos deixes cair em tentação. Os perdoados oram esta petição por-
que confiam em Deus e não confiam em si mesmos. O Pai pode submeter-nos à 
prova 14.1; Dt 8.2), mas não permitirá que sejamos tentados além da nossa capa-
cidade l1Co 10.13). 
1109 MATEUS 6, 7 
4 [pois teu é o reino, o poder 
e a glória para sempre. Amém)! 
14 qPorque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, 
também vosso Pai celeste vos perdoará; IS 'se, porém, não 
perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai 
vos perdoará as vossas ofensas. 
Como jejuar 
16 5Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como 
os 5 hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de pare-
cer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já 
receberam a recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, 
1 unge a cabeça e Java o rosto, 18 com o fim de não parecer aos 
homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, 
que vê em secreto, te recompensará. 6 
Os tesouros no céu 
19 uNão acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, 
onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e 
roubam; 20 vmas ajuntai para vós outros tesouros no céu, 
onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não esca-
vam, nem roubam; 21 porque, onde está o teu tesouro, aí es-
tará também o teu coração. 
A luz e as trevas 
22 xsão os olhos a Jãmpada do corpo. Se os teus olhos fo-
rem 7bons, todo o teu corpo será luminoso; 23 se, porém, os 
teus olhos forem 8maus, todo o teu corpo estará em trevas. 
Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes 
trevas serão! 
Os dois senhores 
24 zNinguém pode servir a dois senhores; porque ou há 
de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um 
e desprezará ao outro. ªNão podeis servir a Deus e às 9ri-
quezas. 
A ansiosa solicitude pela vida 
2s Por isso, vos digo: bnão andeis ansiosos pela vossa 
vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo 
vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida 
mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 
26 cobservai as aves do céu: não semeiam, não colhem, 
nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sus-
tenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 
27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um 
1côvado 2 ao curso da sua vida? 28 E por que andais ansiosos 
quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do 
campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos 
afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, 3 se vestiu 
como qualquer deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do 
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quan-
to mais a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, 
não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que bebere-
mos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é 
que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe 
que necessitais de todas elas; 33 dbuscai, pois, em primeiro 
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos se-
rão acrescentadas. 
34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois 
o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio 
mal. 
O juízo temerário é proibido 
7 ªNão 
1 julgueis, para que não sejais julgados. 2 Pois, com 
2 o critério com que julgardes, sereis julgados; be, com a 
medida com que tiverdes medido, vos medirão também. 
3 cror que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não 
reparas na trave que está no teu próprio? 4Qu como dirás a 
teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens 
a trave no teu? s Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho 
e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu 
irmão. 
~~~~~~~~~~~~~ 
~ 4 Cf. TR e M; NU omite o texto entre colchetes 14 q Me 11.25 15 'Mt 18.35 16 s1s 58.3-7 5 fingidos 17 tRt 3.3 18 6Cf. NU e 
M; TR acrescenta publicamente 19 u Pv 23.4 20 v Mt 19.21 22 x Lc 11.34-35 7 Claros ou saudáveis 23 B Ou doentes 24 z Lc 
16 9,11,13a[GI110] 90umamom, Aram, personificação da riqueza 25 bLc 12.22 26ele12.24 27 1 Em torno de46 centímetros 2Cf. 
NU, TR e M interpretam à sua altura 29 3arnou-se 33 d[Hm 4.8] 
CAPÍTULO 7 1 a Rm 14 3 1 Condeneis 2 b Lc 6.38 2 A condenação 3 e Lc 6.41 
•6.17 unge a cabeça. Isto simbolizava o regozijo [SI 23.5; 45.7; 104.15; Is 
61.3). mas era também parte da rotina diária, exceto quando havia jejum [Dn 
10.3). O não ungir-se poderia ser uma tentativa de alguém se mostrar mais piedo-
so do que outros. 
•6.19 ferrugem. Refere-se não só à corrosão comum, mas também ao mofo ou 
bolor que faz apodrecer a madeira e coisas semelhantes. Todas as coisas materi-
ais estão sujeitas à decadência ou à perda. 
•6.23 a luz que em ti há. Os "bons olhos" olham para Deus como seu "senhor" 
[v. 24) e enchem a pessoa com a luz da vontade de Deus. Porém os "olhos maus" 
procuram os "tesouros sobre a terra" [v. 19) e admitem só as "trevas" da cobiça e 
do interesse próprio. A vida toda da pessoa será determinada pela espécie de 
"luz" que seus "olhos" admitem. 
•6.26 não semeiam, não colhem. A questão não é que os passarinhos sejam 
ociosos - um pássaro adulto não fica no seu ninho com o bico aberto - mas 
que os passarinhos não se preocupam com o que o futuro reserva. A preocupa-
ção ansiosa mostra falta de confiança no conhecimento e cuidado de Deus [vs. 
32-33) Ver "Providência", em Pv 16.33. 
•6.27 um côvado ao curso da sua vida. A palavra grega pode ser também 
traduzida como "um côvado à sua estatura". Desde que adicionar 44 cm à estatu-
ra de alguém seria dificilmente uma realização desprezível [cf. Lc 12.25-26). pode 
ser melhor se entendermos a palavra "côvado" como uma figura de linguagem 
para significar um curto período de tempo; daí, seria "pode acrescentar um mo-
mento de tempo ao curso de sua vida". 
•6.33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça. Deve-
mos fazer do governo soberano de Deus, e do correto relacionamento com ele, a 
mais alta prioridade da nossa vida [ver 3.15, nota sobre 'Justiça"). A preocupação 
é incoerente com esta prioridade; revela dúvida a respeito da soberania e bonda-
de de Deus e nos desvia dos verdadeiros objetivos da vida. Deus satisfará todas 
as necessidades daqueles que arriscam tudo por ele. 
• 7 .1 Não julgueis. Jesus proíbe certa espécie de julgamento, mas aprova um 
outro de diferente espécie. Condenar outros por suas faltas é falhar no exercício 
do perdão 16.14-15); só uma crítica suave e humilde, que primeiro reconhece a 
grandeza das suas próprias faltas, pode ajudar alguém. Há também uma espécie 
necessária de julgamento que não condena, mas distingue o não crente do crente 
lv. 6). O método para discernir é dado no v. 16. 
MATEUS 7, 8 1110 
Não deis o que é santo aos cães 
6 dNão deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os 
porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, 
voltando-se, vos dilacerem. 
Jesus incita a orar 
7 epedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-
vos-á. 8 Pois !todo o que pede recebe; o que busca encontra; 
e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. 9 80u qual dentre vós é o ho-
mem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? 
to Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? t t Ora, se 
vós, h que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, 
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos 
que lhe pedirem? 12 iTudo quanto, pois, quereis que os ho-
mens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque 
i esta é a Lei e os Profetas.As duas estradas 
13 1Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o 
caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que en-
tram por ela), 14 3 porque estreita é a porta, e 4 apertado, oca-
minho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam 
com ela. 
Os falsos profetas 
tS mAcautelai-vos dos falsos profetas, "que se vos apresen-
tam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos rouba-
dores. 16 ºPelos seus frutos os conhecereis. PColhem-se, 
porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 
17 Assim, qtoda árvore boa produz bons frutos, porém a árvo-
re má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa produzir 
frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. 19 'Toda 
árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 
20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. 
21 Nem todo o que me diz: 5Senhor, Senhor! entrará no rei-
no dos céus, mas aquele que 1faz a vontade de meu Pai, que 
está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Se-
nhor, Senhor! Porventura, "não temos nós profetizado em 
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu 
nome não fizemos muitos milagres? 23 vEntão, lhes direi ex-
plicitamente: nunca vos conheci. x Apartai-vos de mim, os 
que praticais a iniqüidade .. 
Os dois fundamentos 
24 2 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as 
pratica será comparado a um homem prudente que edificou a 
sua casa sobre a rocha; 2s e caiu a chuva, transbordaram os 
rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela 
casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. 26 E 
todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica 
será comparado a um homem insensato que edificou a sua 
casa sobre a areia; 27 e caiu a chuva, transbordaram os rios, 
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, 
e ela desabou, sendo grande a sua ruína. 
O fim do sermão do monte 
28 Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, ªesta-
vam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29 bporque 
ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os es-
cribas. 
A cura de um leproso 
8 Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o segui-ram. 2 ªE eis que um leproso, tendo-se aproximado, 
.~~· õdPv9.7-8 7"[Mc11.24] 8/Pv8.17 9gLc11.11 tthGn6.5;8.21 t2iLc6.31iGl5.14 IJILc13.24 
M Quão estreita 4 difícil 1 S m Jr 23.16 n Mq 3.5 16 o Mt 7.20; 12.33 P Lc 6.43 17 q Mt 12.33 19 r [Jo 15 2,6] 
14 3Cf. TR; NU e 
21 SLc 6.46 tRm 
2.13 22UNm24.4 23V[2Tm219]XSl55;68 24ZLc6.47-49 28ªMt13.54 29b[Jo7.46] 
CAPÍTULO 8 2 a Me 1.40-45 
•7.6 o que é santo. Uma referência às evidências do reino, tais como a cura e o 
exorcismo, que pode explicar porque Jesus não fez milagre para os descrentes. 
Porém a expressão "o que é santo" também incluiria a pregação do reino; os cren-
tes não devem continuar a pregar a pessoas que rejeitaram o evangelho com des-
prezo e escárnio 110.14; 15 14) O Livro de Atos ilustra o princípio na prática (At 
13.44-51; 18.5-6; 2817-38) 
•7,11 que sois maus. A pecaminosidade geral da humanidade é admitida aqui, 
uma vez que mesmo aqueles que chamam a Deus de "Pai" são tidos como maus. 
boas coisas_ Estas dádivas do Pai são as coisas que Jesus tinha descrito como 
necessárias para os discípulos: retidão, sinceridade, pureza, humildade e sabedo-
ria. Os que conhecem sua própria necessidade pedirão a Deus por elas. O paralelo 
de Lc 11.13 focaliza a maior dádiva de todas - o Espírito Santo. 
•7, 12 fazei-o vós também a eles. Freqüentemente chamado a "Regra Áurea", 
este princípio foi afirmado por vários pensadores antigos, como: "Não faças a ou-
trem aquilo que não queres que te façam" Jesus tornou esta obrigação positiva. 
Aqui ela aparece depois das considerações a respeito da bondade de Deus e sua 
voluntariedade em dar. 
•7.14 apertado, o caminho. Apresentar a vida cristã como "um mar de rosas" 
e minimizar que ela é repleta de problemas não segue a orientação do nosso Se-
nhor (At 14.22). Pode ser que os falsos profetas do v. 15 sejam especialmente 
aqueles que negam que o caminho é estreito e difícil. 
•7,15 disfarçados em ovelhas ... lobos roubadores. A mensagem do falso 
profeta pode ser atraente e mesmo parecer ortodoxa. O único modo de saber 
com segurança é deixar o tempo mostrar seus frutos (vs. 16-20). Alguns dos fru-
tos dos falsos profetas são mencionados no Novo Testamento: controvérsias 
11Tm 13), divisões 11Tm 6.3-4), destruição da fé (2Tm 218) e autodestruição 
pela heresia 12Pe 2.1 ). 
•7.21 Senhor, Senhor. A repetição do nome era um tratamento de intimidade 
(Gn 22.11, 1 Sm 3.1 O; 2Sm 18.33; Lc 22.31 ). Não é alegar ou sentir intimidade 
com Jesus o que importa, nem é simplesmente fazer boas obras, mesmo mira-
culosas; só importa fazer a vontade do Pai. Genuína intimidade com o Pai significa 
conhecer a Deus e ser conhecido por Deus llCo 8.2-3). 
•7.25 e caiu a chuva. Tempestades na Palestina não são freqüentes, mas po-
dem ser violentas. Ainda que as casas do tolo e do sábio possam, por longo tem-
po, parecer igualmente seguras, quando a tormenta vem, a destruição da casa do 
tolo é total lls 28.14-18). Assim é com a vida daqueles que ignoram as palavras 
de Jesus. 
• 7 .29 e não como os escribas. Os escribas, como os rabinos depois deles, en-
sinavam referindo àquilo que mestres anteriores haviam dito. Sua auti>ridade era 
a tradição. Jesus ensinava diretamente das Escrituras, com sua própria autorida-
de. Ver nota teológica "O Ensino de Jesus". 
•8.1-9.38 A ordem dos milagres e eventos, nestes capítulos, difere da ordem 
encontrada em Marcos e Lucas. É provável que a disposição de Mateus obedeça 
mais a temas do que à cronologia. 
•8.2 leproso. Várias doenças de pele são referidas pela palavra grega empregada 
aqui e, provavelmente, não a hanseníase la moderna "lepra"). Tocar num leproso 
tomava a pessoa cerimonialmente imunda (cf. Lv 157); porém, neste caso, o lepro-
so é curado e toma-se limpo, ao invés de Jesus tornar-se cerimonial mente imundo. 
1111 MATEUS 8 
O ENSINO DE .JESUS 
Mt 7.29 
Jesus é o Filho de Deus encarnado, e seu ensinamento, dado a ele pcjrseu Pai (Jo 7.16-18; 12.49-50) permanecerá para 
sempre !Me 13.31) e finalmente julgará seus ouvintes (Mt 7.24-47; Jo J2.48). A importância de se prestar atenção ao seu en-
sinamento nunca é suficientemente énfatizada. Jesus ensinou como·y&ralmente ensinavam os rabinos judeus, por meio de 
ditos breves, ao invés de extensos discursos, e muitos de seus mais importantes ditos são constituídos de parábolas; provér-
bios e pronunciamentos isolados, respondendo a perguntas e reagindo a situações. Todo o seu ensino público foi marçado por 
uma autoridade que provocava assombro (Mt 7 .28-29; Me 1.27; Jo 7 .46), mas alguns de seus ensinos eram enigmáticos, 
exigindo raciocínio e intuição espiritual ("ouvidos para ouvir", Mt 11.15; 13.9,43; Lc 14.35), desconcertando o oavinnfen-
fatuado e ocasional. A razão de Jesus para ensinar tão enigmaticamente a respeito d~ seu papel messiânicQ, da sua expia-
ção, ressurreição e Reino Muro era, em !)arte, porque só esses acontecimentos l)Oderlam tomar as coisas claras e, em l)Bfte, 
porque ele estava chamando as pessoas para serem seus discípulos através do seu impacto pessoal sobre elas para. em se-
guida, ensinar-lhes a respeito de si mesmo dentro desse relacionamento, ao invés de oferecer detalhadas i . . . .. eológi-
cas aos não comprometidos (Mt 11.25-27; Me 4.11-12). Porém as afirmações de Jesus são, freqüedt~ e;:Claras, e 
muitas das apresentações mais detalhadas nas cartas do Novo Testamento são melhor interpretadas como expallsão·e expli-
cações daquilo que Jesus disse. · · 
O ensino de Jesus tinha três pontos regulares de referência. O primeiro era o seu Pai divino, que o tinhâenvffl4Qe o dirigia, e 
com quem os seus discípulos precisavam aprender a relacionar-se como seu Pai no céu. O segundo era o povo~ tanto indiví-
duos como grupos, recipientes de suas constantes e multifacetadas chamadas ao arrependimento e à ncíva Vida. tl terceiro 
era ele mesmo, como o Filho

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