Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
QUÍMICA Capítulo 12 Recursos orgânicos118 X DA QUESTÃO Riscos ambientais da exploração do gás de xisto não são ainda totalmente conhecidos, mas algumas ocorrências registradas em outros países são preocupantes. Uma das preocupações fundamentais é a possibilida- de de contaminação do Aquífero Guarani, grande reservatório no subsolo que está sob grande parte do território da América do Sul. Área do Aquífero Municípios paranaenses com poços construídos para exploração da água do Aquífero. Depois de estudos geológicos identificarem a presença do xisto, um poço é instalado. A perfuração segue vertical até encontrar o principal ponto de exploração e a partir daí passa a ser horizon- tal. A técnica é chamada de fraturamento hidráulico (fracking, em inglês) e consiste na injeção de água, areia e um composto químico nos dutos. O gás está entre os grãos de folhelho, que é uma rocha sedimentar fina, porosa e impermeável Há a presença de folhelho em profundidades variadas – desde exposta na superfície como a mais de mil metros da superfície. Contudo, quanto mais perto da superfície, maior a probabilidade de o gás já ter vazado. Fonte: Redação. Infografia: Gazeta do Povo BRASIL PARAGUAI ARGENTINA URUGUAI Goiás Minas Gerais São Paulo Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná Sedimento Aquífero Guaraní 0 m 500 m 1.000 m 1.500 m Boa parte do fluido retorna à superfície, como condutor do gás. A água contaminada é depositada em piscinas de decantação e contenção. Além de o processo de descontaminação da água ser difícil e caro, há também o risco de que os fluidos injetados na terra e o gás liberado contaminem os lençóis freáticos. Fig. 12 Extração do gás de xisto. Biocombustíveis São fontes de energia renováveis, provenientes de biomassas. Biomassa é todo recurso renovável oriundo da matéria orgânica, por exemplo, bagaço da cana, óleo vegetal, estrume de gado, restos de madeira etc Os biocombustíveis liberam na atmosfera uma quan tia significativamente menor de poluentes em relação aos combustíveis não renováveis. Os principais biocombustíveis são: etanol, biodiesel e biogás. Etanol A forma mais simples e comum de obter o etanol é atra- vés da fermentação de carboidratos. O etanol é utilizado em motores de combustão interna em substituição à gasolina. O Brasil utiliza o etanol combustível desde o fim da dé- cada de 1970, sendo pioneiro nessa prática e detendo a tecnologia mais avançada e mais eficiente na obtenção do etanol a partir da fermentação da sacarose da cana-de-açú- car. Atualmente, é um dos países que mais utilizam o produto e ainda o segundo maior produtor mundial. Fig. 13 Plantação de cana-de-açúcar. Is a ra p ic /S h u tt e rs to c k .c o m F R E N T E 1 119 Após a colheita da cana madura, realiza-se um proces so de limpeza para retirar as impurezas No passo seguinte, a cana é picada e moída várias vezes, obtendo-se o caldo da cana ou garapa O resíduo que sobra desse ciclo é denominado bagaço e tem várias utilidades. A partir da coleta do caldo é realizado um aquecimento para eliminar a água e formar um líquido viscoso, rico em açúcar, denominado melaço, do qual se pode obter tanto o açúcar como o álcool Para a obtenção do álcool, o melaço é colocado na presença da levedura do gênero Saccharomyces em con dições favoráveis à fermentação. A Saccharomyces, na presença da sacarose, possui uma enzima denominada invertase, que hidrolisa a sacarose, produzindo glicose e frutose. Sacarose Invertase C 12 H 22 O 11 H 2 O+ Glicose Frutose C 6 H 12 O 6 C 6 H 12 O 6 + Em seguida, ocorre a fermentação, processo no qual a glicose e a frutose são convertidas em álcool pela ação da enzima zimase. Glicose ou frutose Zimase C 6 H 12 O 6 Etanol 2C 2 H 5 OH 2CO 2 + O etanol é separado da mistura fermentada por destila- ção na forma de uma mistura azeotrópica com água (etanol 96% e água 4% em volume). Cana-de-açúcar Garapa Melaço Mosto fermentado Concentração Fermentação Destilação Etanol Moagem/ filtração Fig. 14 Esquema geral de produção de etanol por fermentação. O bagaço é utilizado na queima em caldeiras, para ge- rar o vapor que aciona geradores, produzindo a energia elétrica a ser empregada nas próprias usinas para o funcio- namento das máquinas. O bagaço pode também retornar ao campo, onde é usado como cobertura do solo ou serve para alimentação animal. Outra utilização que vem sendo desenvolvida para o bagaço é a produção do etanol de segunda geração, a par- tir da hidrólise da celulose presente no bagaço e posterior fermentação da glicose obtida na hidrólise. Apesar de a combustão do etanol em motores de auto- móveis também liberar CO2 na atmosfera, não se considera que haja aumento na quantidade desse gás, pois esse eta- nol é obtido da cana-de-açúcar, que realiza a fotossíntese capturando CO2 da atmosfera. Fig. 15 Ciclo do CO2 na produção e queima do etanol combustível. Biodiesel O biodiesel é um combustível renovável que pode substituir total ou parcialmente o óleo diesel obtido pelo refinamento do petróleo. Assim como o etanol, o biodiesel apresenta a vanta- gem de não aumentar a quantidade de CO2 na atmosfera quando sofre combustão; ambos são produzidos a partir de óleos vegetais. O biodiesel é obtido pela transesterificação de tri- glicerídeos presentes em óleos vegetais com um álcool (etanol ou metanol). Fig. 16 Produção de biodiesel. c h o m b o s a n /S h u tt e rs to c k .c o m QUÍMICA Capítulo 12 Recursos orgânicos120 OH 2 C O R1 + + 3 CH 3 CH 2 OH OH 2 C O R3 Etanol Óleo vegetal Catalisador OHC O R2 OCH 2 H 2 C OH O R1 H 2 C OH HC OH CH 3 CH 2 CH 3 CH 2 CH 3 O O R3 Biodiesel Glicerol O O R2 Catalisador Fig 17 Transesterificação do óleo vegetal com etanol No Brasil, a legislação atual prevê que o percentual de biodiesel adicionado ao diesel deve ser de 12%. Revisando 1 Como o petróleo é classificado e quais são os principais produtos obtidos de cada tipo de petróleo? Biogás O biogás é um dos produtos da decomposição anaeró- bia (ausência de oxigênio gasoso) da matéria orgânica, que se dá pela ação de determinadas espécies de bactérias. Trata-se de uma mistura gasosa composta princi- palmente por metano (50% a 70% do volume de gás produzido) e dióxido de carbono (25% a 50% do volume de gás produzido). Devido à sua composição, o biogás é apresentado como alternativa de substituição ao gás natural. Na produção do biogás podem ser aproveitados ma- teriais como esterco, restos de alimentos, resíduos de madeira, palha, bagaço de vegetais e lixo. Essa fonte ener- gética pode ser utilizada como combustível para fogões, motores e na geração de energia elétrica Em aterros sanitários, o aproveitamento do biogás pode ser feito instalando-se drenos que atinjam todas as camadas do lixo e que possibilitem sua captação. O biogás também pode ser produzido de forma ar- tificial Para tanto, utiliza se um equipamento chamado biodigestor anaeróbico. Como pode ser usado o biogás Matéria orgânica da agricultura, pecuária ou urbana são enviados a um biodigestor 1 2 3 4 Bactérias decompõem o material e liberam o biogás. O resíduo no fundo pode ser usado como biofertilizante O biogás é purificado para retirada dos gases sufídrico, carbônico e vapor d’água. Sobra o biometano de alto poder energético e usos múltiplos. Energia elétrica Energia térmica Energia veicular Biodigestor Purificador Fig 18 Produção e utilização do biogás DEUTSCHE GESELLSCHAFT FÜR INTERNATIONALE ZUSAMMENARBEIT GMBH. Guia de referências para a cobertura jornalística de energias renováveis. Brasília, set 2016. p 13 Disponível em: <http://fenaj.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Guia Jornalistico-Energias-Renovaveis.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2018. (Adapt.)
Compartilhar