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GEOGRAFIA Capítulo 8 Demografia22 A questo indgena De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a população indígena à época da chegada dos portugueses estava entre 3 e 5 milhões de indivíduos, restando hoje cerca de 800 mil, segundo o Censo de 2010. Essa drástica diminuição da população indígena está ligada às mortes provocadas pelos conflitos com os colonizadores, como ocorreu no Nordeste, no Sudeste e, atualmente, na Amazônia e no Centro-Oeste. Além disso, diversas epidemias foram provocadas por doenças introduzidas na região com a chegada dos colonizadores e que, até então, eram desco- nhecidas dos indígenas, como o sarampo e a sífilis. Dos indígenas restantes, cerca de 60% encontram-se na Amazônia, porém existem grandes concentrações nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Na região Sul, eles ainda resistem em menor proporção. Entre os diferentes povos indígenas, há diversas formas de relação com as sociedades consideradas civilizadas, desde grupos isolados que não têm contato algum com o restante da população, mantendo seus costumes, até outros completamente integrados, que acabam vivendo de artesanato ou trabalhando em atividades urbanas comuns. Vale destacar que, ao longo da história do país, até episódios recentes, a relação entre povos não indígenas e indígenas tem sido predominantemente violenta, com inúmeros episódios de genocídios associados a conflitos por terra e garimpo. Há grandes porções do território nacional destinadas para reservas e terras indígenas. A relação desses povos com a terra difere da usual em sociedades capitalistas por não envolver a noção de propriedade, e sim de uso e conservação dos recursos naturais. Brasil: reservas e terras indígenas – 2017 Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográco escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 107. No mapa: As reservas indígenas refletem o processo histórico de ocupação do território brasileiro. 50° O 0° OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Equador RR AP AM AC PA CE MA RN PE RO TO PB AL SE BA MT MS MG ES SP GO DF RJ PR SC RS PI 0 290 km N Descrição das fases Declarada Homologada Regularizada F R E N T E 1 23 Além disso, para preservar a cultura e o modo de vida indígenas, é necessário garantir aos indígenas o usufruto das terras que eles tradicionalmente ocupam. Como mos- trado no mapa acima, as terras indígenas encontram-se em diferentes estágios de demarcação. As terras declara- das são aquelas que, após estudos, foram consideradas de posse tradicional indígena, podendo ser demarcadas fisicamente pela União. As terras homologadas são aque las que já passaram pelo processo de delimitação física, ratificada pelo Estado brasileiro; e as regularizadas são as terras que, além de homologadas pelo Estado, foram registradas em nome da União, sendo oficialmente de usufruto indígena. O objetivo de se legalizar as terras indígenas é ameni- zar os conflitos fundiários que envolvem a propriedade, a posse e o uso das terras, cobiçadas por fazendeiros que buscam pastagens e espaço para plantações, madeireiras que querem explorar madeira nobre e garimpeiros à procu ra de pedras e metais preciosos Desses conflitos, surge a continuidade do genocídio das populações indígenas, nes tes mais de 500 anos de ocupação e formação do Brasil. Fig. 15 Na foto, placa identificando área de Terra Indígena em Santarém, no es- tado do Pará, em 2019 Reservas e terras indígenas Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas:São as terras indígenas de que trata o art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário dos povos indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto nº 1775/96. Reservas Indígenas:São terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União, que se destinam à posse permanente dos povos indígenas. São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas não se confundem com as terras de ocupação tradicional. Exis- tem terras indígenas, no entanto, que foram reservadas pelos estados-membros, principalmente durante a primeira metade do século XX, que são reconhecidas como de ocupação tradicional. Modalidades de Terras Indígenas. Funai, [s.d.]. Disponível em: www funai gov.br/index.php/indios no brasil/terras indigenas Acesso em: 11 dez. 2020. Atenção O preconceito racial no Brasil Povos não brancos (indígenas, negros e mestiços) ainda sofrem com a discriminação racial no Brasil. Apesar de muita gente acreditar que o país sejá uma grande democracia racial, pelo fato de serem raros os confrontos diretos entre os diferentes grupos, as condiçes de vida e as oportunidades não são igualitárias As estatísticas sobre a distribuição da população, em termos de cor da pele, nas universidades ou nas classes de renda, demonstram que os negros foram excluídos dos benefícios da modernização de nosso país Dados de 2017 do IBGE indicam que, em média, o salário dos negros foi de R$ 1 588,00, e o dos brancos de R$ 2 814,00. Dos 10% mais pobres no Brasil, cerca de 75% são negros e, entre o 1% da popu- lação mais rica, menos de 18% são negros. Além disso, quase 10% dos negros e pardos são analfabetos, enquanto entre os brancos esse índice não chega a 5%. O preconceito contra as populaçes negras é bastante antigo e pode ser observado no fato de eles terem vindo ao Brasil como escravizados Na época da escravidão, havia um consenso de que esses povos podiam ser escravizados, o que demonstra a concep- ção de que seriam inferiores. Após a libertação dos escravizados no Brasil, a situação dos ne gros não melhorou muito, já que eles passaram a ser vistos como cidadãos de segunda classe, sendo considerados pouco capazes para o trabalho e para o desenvolvimento econômico. Por essas e outras razes, os descendentes de escravizados tor naram-se uma mão de obra desvalorizada e até os dias de hoje encontram grandes dificuldades para perfurar a barreira do pre- conceito na hora de conseguir um bom emprego e tentar garantir aos seus descendentes uma boa formação cultural e técnica para competir em pé de igualdade com os outros brasileiros no mercado de trabalho Dessa forma, mesmo que não tenhamos choques violentos entre as populaçes negras e brancas no Brasil, o preconceito e a discriminação seguem existindo por caminhos obscuros e invisíveis aos olhares me- nos críticos, sobretudo para aqueles que sofrem na pele manifestaçes cotidianas de preconceito racial, como ofensas verbais e oportunidades de trabalho negadas. Brasil: salário médio por cor ou raça – 2016 3 000 2 500 2 000 1 500 S a lá ri o ( e m R $ ) 1 000 500 Brancos Pretos Pardos 0 Fonte: IBGE. PNAD Contínua, anual: 2016 Rendimento de todas as fontes. Disponível em: www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html? edicao=18386&t=resultados. Acesso em: 14 dez. 2020. Fig 16 Desde 2011, a equiparação de renda entre negros e brancos está estagnada Os dados indicam que os trabalhadores negros recebem, em média, cerca de R$ 1,2 mil a menos que os brancos. Saiba mais P A R A L A X IS /S h u tt e rs to c k .c o m GEOGRAFIA Capítulo 8 Demografia24 Distribuio da populao brasileira Como podemos observar no mapa a seguir, a distribuição da população brasileira pelo território nacional não é homo- gênea, mas um retrato da atualidade que reflete construções históricas. Há áreas e regiões densamente povoadas, como ao longo da faixa litorânea, principalmente ao redor das grandes cidades e metrópoles. As faixas oeste e norte do país são pouco povoadas, apresentando extensas áreas de vazios demográficos. Essa generalização, no entanto, tende a ser perigosa, na medida em que pode ser utilizada como discurso político ao desconsiderar populações indígenas, tradicionais ou ribeirinhas, que em alguns casos não são contempladas no recenseamento demográfico. Brasil: densidade demográca – 2010 Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográco escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 114. No mapa: As reservas indígenas refletem o processo históricode ocupação do território brasileiro 0º 50° O OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Equador Trópico d e Capricór nio RR AP AM AC PA CEMA RO TO MT MS MG SP GO DF RJ PR SC RS PI São Paulo Rio de Belo Horizonte Curitiba Florianópolis Porto Alegre Fortaleza Teresina São LuísBelém Macapá Manaus Boa Vista Rio Branco Porto Velho Cuiabá Goiânia Brasília Campo Grande Palmas 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Habitantes por km2 Menos de 1,0 1,1 a 10,0 10,1 a 25,0 25,1 a 10,0 Mais de 100 0 360 km N Regionalmente, as maiores concentrações popula- cionais estão no Sudeste e no Nordeste. A densidade demográfica das capitais e grandes cidades dos estados dessas regiões é superior a 100 hab./km2. Já em direção ao interior do país, com exceção das capitais e de algu- mas grandes e médias cidades, ela diminui bastante, sendo comum a existência de vastas áreas com densidade demo- gráfica inferior a 1 hab./km2. Brasil: distribuição da população por região (%) – 2020* 42,0% 27,1% 14,3% Sudeste Nordeste Sul Norte Centro-Oeste 8,8% 7,8% *Dados estimados para 2020 Fonte: IBGE Estimativas da população Disponível em: www ibge.gov br/estatisticas/sociais/ populacao/9103 estimativas-de-populacao.html?=&t=resultados. Acesso em: 14 dez. 2020 Fig. 17 O Sudeste concentra a maior parcela da população brasileira
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