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Geografia - Livro 3-094-096

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GEOGRAFIA Capítulo 8 Ordem mundial94
Em 1948, foi criada a Organização Europeia de Coo-
peração Econômica (Oece) para gerenciar os recursos
provenientes do Plano Marshall e que, em 1961, com a en-
trada de nações não europeias, como Japão e Canadá,
transformou-se em Organização de Cooperação e Desen-
volvimento Econômico (OCDE)
Entretanto, apesar de a Europa ter estado no centro
do embate entre Estados Unidos e União Soviética no pós
guerra, outras regiões do mundo também eram objeto de
disputas de poder e por áreas de influência. Assim, em
1950, os Estados Unidos lançaram o Plano Colombo, um
projeto de estímulo ao desenvolvimento econômico dos
países do sul e sudeste da sia, similar ao Plano Marshall.
Em contrapartida às ações estadunidenses, a União
Soviética fez seus movimentos no tabuleiro mundial para
garantir as áreas de influência que havia conquistado e
fortalecer os vínculos com os países que faziam parte do
bloco socialista E, em grande medida, as estratégias esco
lhidas guardavam semelhança àquelas postas em prática
pelos Estados Unidos: um plano de auxílio econômico, o
Conselho para Assistência Econômica Mtua (Comecon),
e uma organização militar, o Pacto de Varsóvia.
O Comecon foi fundado em 1949 com o objetivo de
integrar as economias socialistas dos países do Leste Euro-
peu (Europa Oriental) e impedir o avanço do Plano Marshall.
Apesar da soberania dos países membros, a União Soviética
tinha grande poder devido à sua força militar e econômica,
além de contar com um vasto território, o que lhe garantia a
disponibilidade de recursos energéticos e minerais.
A disputa entre as duas superpotências por áreas de
influên cia e pela consequente adesão de países aos seus
projetos políticos e econômicos desdobrou-se em cons-
tantes demonstrações de força e desenvolvimento técnico
em praticamente todos os campos. Isso ocorreu na efi-
ciência dos processos industriais, na produção de energia,
na exploração espacial e até mesmo no investimento em
educação e esporte (as Olimpíadas se tornaram mais uma
oportunidade para demonstrar a força de cada bloco).
No entanto, o maior destaque nesse contexto foi a fa-
bricação de armamentos. Elevados investimentos foram
feitos na indstria bélica, que ganhou proporções jamais
vistas. Assim, desenvolveu se bastante a produção de
mísseis de longo alcance, tanques, submarinos nucleares,
porta-aviões, aviões e jatos de combate, armas nucleares
e demais equipamentos e armas militares. Esse movimento
de grande investimento e construção de armas ficou co-
nhecido por corrida armamentista. Fez parte dessa disputa
a corrida espacial, utilizada tanto como meio de pesquisa
para novos armamentos quanto para espionagem (satélites)
e propaganda ideológica.
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Fig. 1 Em treinamento, submarino nuclear estadunidense realiza manobra. Foto
de 1968.
Fig. 2 Míssil soviético durante desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou
(URSS).
Corrida espacial
Corrida espacial foi o nome dado às ações de grandes investimentos em tecnologia que Estados Unidos e União Soviética fizeram para construção
e lançamentos de espaçonaves, foguetes e satélites ao espaço sideral, também como forma de demonstração de supremacia e força no contexto
da Guerra Fria
O domínio da tecnologia espacial era entendido como necessário à segurança nacional, além de produzir grande impacto na disputa ideológica entre os
dois países em razão dos desafios que até então eram o domínio do espaço e o grau de visibilidade mundial que tais avanços e conquistas representavam.
A União Soviética saiu à frente com o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, colocado em órbita em 1957 No mesmo ano, foi enviado
o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika, a bordo do Sputnik 2 E, em 1961, a União Soviética colocou em órbita o primeiro ser humano, o
cosmonauta Yuri Gagarin (1934-1968), a bordo da espaçonave Vostok 1.
Esses eventos impactaram muito o governo estadunidense, que passou a investir maciçamente em educação e tecnologia para conseguir concorrer
com as conquistas soviéticas. O esforço resultou em um grande feito: o envio de uma missão tripulada à Lua, em 1969, resultado do Projeto Apollo,
que produziu diversas espaçonaves, e uma delas em especial, a Apollo 11, foi capaz de pousar na Lua com três tripulantes, que coletaram amostras
do solo e imagens e puderam retornar salvos à Terra.
Saiba mais
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Alianças militares
No contexto da Guerra Fria e da formação de blocos de países no mundo bipolarizado, foram criadas alianças militares para, teoricamente, defender
os interesses de cada um dos lados, o grupo dos países capitalistas e o dos socialistas
Em primeiro lugar, foi formada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em 1949, para conter a expansão comunista e retaliar qualquer
ataque que eventualmente seus países-membros pudessem sofrer O bloco socialista demorou a responder com a mesma estratégia, e somente
em 1955 a União Soviética liderou a constituição do Pacto de Varsóvia.
Os dois blocos militares nunca travaram um conflito militar direto, porém estiveram presentes em muitos conflitos regionais e trocaram ameaças
que deixaram o mundo em constante estado de tensão, alimentando, assim, a corrida armamentista.
Com o transcorrer dos anos e as variações no jogo geopolítico, as duas alianças passaram a exercer papéis diferentes daqueles previstos quando
foram criadas O Pacto de Varsóvia passou a atuar mais intensamente na repressão de governos de países até então aliados que tinham pretensões
de obter mais liberdade e a intervir em conflitos ou manifestações populares que clamavam por democracia, sempre sob orientação e comando da
União Soviética Esse pacto foi extinto em 1990.
Por outro lado, a Otan, após o fim da Guerra Fria, ganhou força e ampliou sua atuação para conflitos de naturezas distintas, como o combate ao
narcotráfico e ao terrorismo, acabando por incorporar alguns países do antigo bloco socialista A organização tem atuado como uma força militar
de contraposição aos exércitos russo, chinês, norte-coreano e de outras nações potencialmente inimigas.
Atenção
Foi justamente o grande desenvolvimento de arsenal militar, sobretudo a construção de ogivas nucleares, que contri-
buiu para a instauração do medo mundial de um eventual confronto nuclear que levaria à destruição mtua inevitável (ou
MAD, sigla em inglês para mutually assured destruction).
A corrida armamentista foi bastante responsável pela não ocorrência do confronto direto entre as duas superpotências.
A disputa entre elas se manteve “fria”.
Fig. 3 Durante a Guerra Fria, a fabricação de armamentos teve grande destaque. Tradução: “Para não ser utilizado, porque o inimigo pode retaliar”.
Os acordos pós-Segunda Guerra
Com o iminente fim da Segunda Guerra Mundial e o desfecho do conflito encaminhado, os países potencialmente
vencedores organizaram conferências para decidir as consequências aplicáveis aos perdedores e definir fronteiras e
domínio sobre os territórios, além de desenhar um novo mapa da Europa e também de outras partes do mundo, marcado
por áreas de influência.
O primeiro encontro ocorreu em fevereiro de 1945, na cidade de Yalta, na região da Crimeia, Ucrânia, sendo batizado de
Conferência de Yalta. Estiveram presentes os mais importantes líderes mundiais: Franklin Roosevelt (1882 1945), presidente
dos Estados Unidos, Josef Stalin (1878 1953), governante da União Soviética, e Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino
Unido. Nessa conferência, foram definidos o tratamento e o destino da Alemanha, que foi dividida em zonas de ocupação
pelas principais potências e teve eliminada sua indstria bélica; a fundação do Estado polonês; a criação da Organização
das Nações Unidas (ONU); e a decisão de que a União Soviética combateria o Japão em troca da ocupação de áreas do
Leste Europeu, da Lituânia, da Letôniae da Estônia.
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GEOGRAFIA Capítulo 8 Ordem mundial96
Fig. 4 O primeiro-ministro britânico Winston Churchill, o presidente estadunidense Franklin Roosevelt e o líder soviético Josef Stalin na foto oficial da Conferência de
Yalta, em fevereiro de 1945.
Europa: divisão na ordem bipolar
Fonte: elaborado com base em ARRUDA, José Jobson A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1999.
TURQUIAGRÉCIA
BULGÁRIA
ROMÊNIA
ALBÂNIA
ITÁLIA
IUGOSLÁVIA
HUNGRIAÁUSTRIASUÍÇAFRANÇA
LUXEMBURGO
RFA
RDA POLÔNIA
UNIÃO SOVIÉTICA
ESPANHA
PORTUGAL
BÉLGICA
PAÍSES
BAIXOS
REINO
UNIDO
IRLANDA
NORUEGA
SUÉCIA
ISLÂNDIA
DINAMARCA
ÁFRICA
TCHECOSLOVÁQUIA
FINLÂNDIA
40° N
0°
Círculo Polar Ártico
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OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Estados europeus
da Otan e aliados
ocidentais
Estados socialistas
não alinhados
Estados europeus do
Pacto de Varsóvia
Estados neutros
Cortina de ferro
0 430 km
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Após a rendição alemã, em julho de 1945, foi realizada uma nova reunião entre os líderes das grandes potências
mundiais, em Potsdam, nos arredores de Berlim, Alemanha. Nessa conferência, Roosevelt foi substituído por Truman
(1884 1972), o novo presidente dos Estados Unidos. Nela, acertaram se detalhes e executou-se parte daquilo que havia
sido planejado na Conferência de Yalta.
O exército alemão foi desmobilizado, e o país, dividido em quatro zonas de ocupação, cada uma governada por
uma das grandes potências: Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França. Berlim, a capital, situada na zona de
ocupação sovié tica, também foi dividida em zonas de ocupação. A Coreia foi dividida entre Estados Unidos (sul) e União
Soviética (norte); e o Japão, mantido sob ocupação estadunidense.
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