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F R E N T E 2 109 Por outro lado, as fronteiras externas da Europa passaram a fazer um controle mais rigoroso sobre aqueles que são autorizados a adentrar o espaço europeu Para tanto, foi criado o Sistema de Informação Schengen, que permite às autoridades policiais, aduaneiras e de fronteiras nacionais divulgar alertas sobre pessoas procuradas ou desaparecidas ou sobre veículos e documentos roubados. Os cidadãos dos países que integram a UE contam ainda com a facilidade de viver e trabalhar em qualquer país-membro, sem necessidade de solicitar autorizações especiais ou passar por qualquer tipo de burocracia. Expansão territorial Em 2004, dez novos membros passaram a integrar a União Europeia. Oito deles são ex integrantes do bloco socialis- ta: Polônia, Repblica Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Letônia, Estônia e Lituânia Os outros dois são ilhas do Mar Mediterrâneo: Malta e Chipre O objetivo dessa nova ampliação, do ponto de vista dos antigos membros da União, foi dar continuidade à meta de constituição de uma área de influência para os países líderes do bloco, em particular França e Alemanha. Essa área tende a se expandir até recobrir a totalidade do continente europeu, chegando até os limites da CEI (área de influência da Rssia). Entretanto, os novos membros têm certas limitações à integração ao bloco em razão de serem mais pobres que os antigos membros. Para se ter uma ideia, com a ampliação para 25 países, a desigualdade dentro do bloco europeu dobrou. A grande diferença econômica traz o medo, por parte dos antigos membros, de que haja uma debandada de trabalhadores relativamente pobres em busca de melhores condições de vida nos países mais ricos da Europa Ocidental. Além disso, há a necessidade de grandes investimentos da União Europeia para tornar a situação mais equilibrada. Em 2007, entraram no bloco a Romênia e a Bulgária; e, em 2013, a Croácia. Há expectativa quanto às futuras nego ciações para a entrada da Turquia e das outras ex-repblicas iugoslavas (a Eslovênia, que ingressou em 2004, pertencia à extinta Iugoslávia) Em relação à Turquia, fica o desafio para a União Europeia de aceitar um país membro de religião muçulmana, mesmo sendo um dos mais laicos países do Islã, tendo sido candidato ao ingresso desde 1999 e realizado diversas mudanças em suas leis para se adequar às exigências da União União Europeia: países-membros – 2020 * Em janeiro de 2020 o Reino Unido concretizou sua saída ocial do bloco Fonte: elaborado com base em UNIÃO EUROPEIA. Alargamento: de seis para 28 países europa.eu, [s.d.]. Disponível em: https://europa eu/european union/sites/europaeu/les/eu_in_slides_pt.pdf. Acesso em: 13 mar. 2019. OCEANO ATLÂNTICO Mar do Norte Mar Negro Mar Mediterrâneo M ar B ál ti co IRLANDA REINO UNIDO* PORTUGAL FRANÇA ESPANHA PAÍSES BAIXOS ALEMANHABÉLGICA LUXEMBURGO POLÔNIA ÁUSTRIA ITÁLIA LETÔNIA ESTÔNIA LITUÂNIA ROMÊNIA BULGÁRIA SÉRVIA MACEDÔNIA DO NORTE ALBÂNIA BÓSNIA-HERZEGOVINA MONTENEGRO KOSOVO CROÁCIA HUNGRIA ESLOVÊNIA ESLOVÁQUIA REP TCHECA GRÉCIA TURQUIA CHIPRE DINAMARCA FINLÂNDIA SUÉCIA MALTA 0°Círculo Polar Ártico 50° N M er id ia n o d e G re en w ic h 0 340 km N 1952 Ano de entrada 1973 1981 1986 1995 2004 2007 2013 Candidatos oficiais Potenciais candidatos País que adota o euro ÁSIA ÁFRICA GEOGRAFIA Capítulo 8 Ordem mundial110 Os desafios da União Europeia O grande êxito da União Europeia permitiu a constituição de um bloco que favoreceu o crescimento econômico dos países-membros e tornou esse bloco um importante polo de poder mundial. Entretanto, atualmente existe uma série de desafios, ainda não totalmente superados, como movimentos nacionalistas e separatistas, xenofobia, envelhecimento da população, imigração ilegal, crises econômicas episódicas, o gerenciamento de uma mesma moeda e, talvez o principal deles nos ltimos anos, a solicitação de saída do bloco feita pelo Reino Unido. Brexit No contexto de redução da política de bem-estar social e da oferta de empregos, aliada ao maior fluxo de migrantes e ao fortalecimento de partidos de direita e extrema direita, o Reino Unido tem conduzido um discurso nacionalista e xenófobo. Dessa forma, têm se fortalecido ideias que defendem mais autonomia e liberdade do Reino Unido em relação às amarras da União Europeia, que impediriam a adoção de medidas mais ágeis e adequadas às especificidades do país. Essa situação resultou na realização de um plebiscito, em 2016, para decidir sobre sua permanência ou não na União Europeia, quando a maior parte da população escolheu deixar o bloco, episódio que ficou conhecido como Brexit (um acrônimo em inglês para indicar a saída do Reino Unido). Desde então, os sucessivos primeiros-ministros lidaram com as questões necessárias para a efetivação da saída do bloco, que passam por diversas negociações e aprovações, tanto do parlamento do Reino Unido quanto do europeu As implicações da decisão são complexas, pois muitos contratos e as políticas assumidas em conjunto com os países da UE precisam ser revistos para adequação à nova realidade. Outro ponto crítico diz respeito ao acordo aduaneiro entre Irlanda, Irlanda do Norte e o restante do Reino Unido com a União Europeia e que pode ameaçar tratados que foram importantes para a pacificação na região Tudo isso manteve o governo britânico em constante tensão e ameaçado de destituição do primeiro-ministro. Em junho de 2019, após fracassar três vezes na negociação de saída do país do bloco, Thereza May abandonou o cargo de primeira ministra. Em seu lugar foi escolhido Boris Johnson, líder do partido conservador. Boris conseguiu, em dezembro do mesmo ano, a aprovação do Parlamento Europeu para a saída do Reino Unido da União Europeia. A saída concretizou-se em janeiro de 2020, e o país passou, a partir disso, por uma fase de transição de 11 meses na qual foram discutidos acordos econômicos, de circulação de pessoas, entre outros. Fig 9 Manifestantes pró e contra Brexit Tradução: “‘Sem acordo’ significa: sem prevaricação, sem baixar a cabeça para UE, sem tributo de £ 39 bi. Sem problemas!” A le n a K ra v c h e n k o /i S to c k p h o to .c o m B e n G in g e ll/ iS to c k p h o to .c o m F R E N T E 2 111 Migração e xenofobia Outro tipo de tensão social que passou a mar- car presença na Europa Ocidental, principalmente após a queda do Muro de Berlim e o fim do so- cialismo no Leste Europeu, foi a xenofobia. Essa palavra significa “aversão a estrangeiros”, o que se generaliza na Europa, dando, inclusive, força para o aumento da participação dos partidos de direita e de extrema direita em países como ustria, França, Polônia, Alemanha e Suécia. Milhares de imigrantes buscam melhores condi- ções de vida nos países mais desenvolvidos da Europa Ocidental. Imigrantes do norte da frica costumam ir para a França devido à proximidade geográfica e linguística. Já a Alemanha é o país preferido dos povos do Leste Europeu e da Turquia. Mais recentemente, o intenso aumento no fluxo de refugiados que têm chegado da frica, do Orien- te Médio e da sia em geral configurou uma nova crise de migração, que atingiu seu ápice em 2015. Fugindo de conflitos armados e da miséria em seus países natais, milhões de pessoas, destacando-se os sírios, têm buscado proteção e melhores condi- ções socioeconômicas no continente europeu. A equação entre o grande volume de pessoas e o crescimento da intolerância de parte da população local tem feito alguns países negarem acesso aos refugiados e fecharem as fronteiras. Para aqueles que, de alguma forma, conseguiram adentrar o território europeu, o desafio tem sido buscar meios de promover sua integração às sociedades locais, o que implica também lhes oferecer empregos, tema que tem provocado grande debate. 5 4 3 2 1 0 2000 2005 2010 2015 Síria Afeganistão Somália Sudão República Democrática do Congo Ano M il h õ e s d e p e s s o a s Fonte: ACNUR. In: MERELES, Carla. A crisehumanitária dos refugiados: muito além das Síria. politize!, 26 set. 2018. Disponível em: www politize.com br/crise dos-refugiados/ Acesso em: 21 jan 2021 Mundo: países com maior número de refugiados – 2015 Fig. 10 A Síria ocupa o primeiro lugar nesse ranking. Europa: principais uxos de refugiados – 2015 Fonte: elaborado com base em PEROSA, Teresa. Seis perguntas para entender a crise humanitária de refugiados na Europa. Época, 22 dez 2015 Disponível em: https://epoca globo com/tempo/noticia/2015/09/seis-perguntas-para-entender-crise-humanitaria-de-refugiados na-europa.html. Acesso em: 21 jan. 2021. IRLANDA REINO UNIDO PORTUGAL ESPANHA FRANÇA PAÍSES BAIXOS Calais Budapeste Ilha de Lesbos Hamburgo Frankfurt Munique Atenas Lampedusa ALEMANHA BÉLGICA POLÔNIA SUÍÇA ÁUSTRIA ITÁLIA ESTÔNIA LETÔNIA LITUÂNIA BELARUS UCRÂNIA ROMÊNIA BULGÁRIA MACEDÔNIA DO NORTE ALBÂNIA CROÁCIA ESLOVÊNIA HUNGRIA ESLOVÁQUIA REP. TCHECA GRÉCIA TURQUIA CHIPRE DINAMARCA NORUEGA SUÉCIA FINLÂNDIA OCEANO ATLÂNTICO M ar B ál ti coMar do Norte Mar Mediterrâneo Mar Negro Área de livre circulação Área de circulação restrita Cidades com focos de tensão Principal rota de migrantes vindos da Síria 0 340 km N 45° N M er id ia n o d e G re en w ic h 0° ÁSIA
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