Buscar

Fatores ergonômicos

Prévia do material em texto

Fatores ergonômicos
Introdução
O ambiente de trabalho pode apresentar características sonoras, térmicas e de iluminância de impacto direto na atividade dos trabalhadores. Uma boa condição ambiental pode não só trazer conforto e segurança como também proporcionar maior produtividade para a empresa, que deve sempre prover ambientes que atendam às necessidades das tarefas e contribua para os aspectos cognitivos do trabalho.
Neste módulo, vamos ver algumas questões práticas e legais que devem ser observadas pelos profissionais de ergonomia
 
Objetivos da aula
· Avaliar os efeitos do ambiente térmico, sonoro e de iluminação.
· Entender os impactos dos fatores ambientais sobre o organismo.
· Compreender os aspectos cognitivos e da carga mental.
 
Resumo
Existe uma diferença importante e fundamental nas avaliações ambientais com foco na ergonomia para as demais normas regulamentadoras: os parâmetros de conforto.
As avaliações de ruído e de temperatura são descritas na NR 17, mas aparecem também na NR 09 e NR 15. Desta forma, como podemos diferenciar as avaliações?
Sobre a NR 17, esses fatores serão aplicados apenas nas seguintes condições:
“17.8.4 Nos locais de trabalho em ambientes internos onde são executadas atividades que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção constantes, devem ser adotadas medidas de conforto acústico e de conforto térmico” (NR 17).
A norma explicita que apenas nas situações de solicitação intelectual e atenção constantes é que devemos aplicar os valores estabelecidos na NR 17, respectivamente, de até 65 dB para ruído e entre 18 e 25 graus Celsius para temperatura.
Esse recorte é importante para diferenciar das avaliações do limite de tolerância, estabelecidos, principalmente, na NR 09, que tem como objetivo definir limites máximos de exposição para prevenção de doenças ocupacionais.
Mais uma vez é importante reforçar a necessidade de um trabalho integrado pelos profissionais de SST na empresa, de modo a elaborar documentos que “conversam” entre si, não gerando dados conflitantes, especialmente com valores objetivos como das medições ambientais.
Na Figura 1, podemos entender melhor como proceder com a avaliação ambiental para que os dados sejam unificados e adequados às necessidades de cada situação de trabalho.
Figura 1 - Fluxo de informações na avaliação ambiental
Neste fluxo de informações é possível notar que tudo começa com uma etapa de reconhecimento, justamente para identificar em que setores/funções dever-se-á prosseguir com avaliações qualitativas e quantitativas.
Atividades operacionais em geral, serão enquadradas na imensa maioria das vezes nas avaliações da NR 09 e 15, estabelecendo limites de exposição que irão prevenir as doenças ocupacionais.
Tarefas administrativas, de controle, inspeção que exigem atenção constante ou atividade intelectual predominante, deverão ter valores mais adequados para ruído e temperatura de modo a não interferir diretamente na carga de trabalho.
A exceção desta regra é a iluminação, tratada exclusivamente na NR 17 e aplicada para todos os setores da empresa. Inclusive, com a revisão da norma, o profissional deve avaliar a iluminação com base na norma de higiene ocupacional número 11 da Fundacentro (NHO 11), citada na NR 17.
Na Tabela 1, listamos os principais pontos da NR 17 em relação aos fatores ambientais e as consequências ao organismo decorrentes da exposição do trabalhador.
Fonte: Adaptado da NR 17 (2022) e Grandjean (1998).
Como observado na tabela, as possíveis consequências envolvem algumas questões físicas e várias questões cognitivas.
Nosso cérebro (encéfalo) funciona como um computador central, que controla diversas atividades simultaneamente, utilizando recursos como memorização, atenção, concentração e percepção.
As exigências mentais estão cada vez mais presentes nos ambientes de trabalho e devem ser consideradas sempre que o ergonomista julgar necessário uma avaliação mais aprofundada.
Estabelecer um diagnóstico relativo à carga mental não é tarefa das mais simples, sendo fundamental a participação dos trabalhadores, de modo a verbalizar as situações mais importantes que podem acarretar agravos à saúde.
Além de uma avaliação adequada, o profissional de SST deve sempre buscar uma correta hierarquia para eliminação ou controle dos riscos, como por exemplo a sequência sugerida na ISO 45001 e replicada pela NR 01:
1. Eliminação do perigo (risco).
2. Substituição.
3. Controles de engenharia (p.ex.: equipamentos de proteção coletiva).
4. Controles administrativos (pausas, rodízios, outros).
5. Equipamentos de proteção individual.
Aplicando essa hierarquia é possível sempre identificar a causa raiz, buscando eliminar o problema e alternativamente criando estratégias enquanto o perigo ainda estiver presente nos ambientes de trabalho.
 
Como aplicar na prática o que aprendeu
A dica de ouro para uma correta avaliação dos fatores ergonômicos é iniciar sempre com uma boa avaliação qualitativa.
Reconhecer a presença dos fatores de risco, como eles se apresentam, de que forma impactam os trabalhadores é o primeiro passo para definir corretamente os locais em que devemos aprofundar nossas análises e/ou aplicar métodos quantitativos.
 
Conteúdo bônus
Tópicos avançados
De todos os itens apresentados, sem dúvida o que demanda mais conhecimento do profissional de ergonomia é a avaliação de iluminação, atendendo a NHO 11.
Para que você possa entender mais sobre a dinâmica de avaliação, sugiro que baixe gratuitamente a NHO 11 e o e-book “Como avaliar a iluminação com a NHO 11”
· https://heitorborbasolucoes.com.br/wp-content/uploads/2019/09/A-nova-NHO-11-da-FUNDACENTRO.pdf 
· https://topergonomia.com.br/produto/como-avaliar-a-iluminacao-nr-17-nho-11 
Além disso, deixo o link de uma aula completa sobre análise preliminar de iluminação em atendimento à NHO 11:
· https://www.youtube.com/watch?v=zu8kLbbZHpI 
 
 
Referência Bibliográfica
BRASIL. Norma Regulamentadora Nº. 17 – Ergonomia. Brasília, 2021. Disponível em: < https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-17-atualizada-2021.pdf >. Acesso em 23/09/2022
FUNDACENTRO, NHO 11. Avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 2018, 64p.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Continue navegando