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Segurança, padrões e penalidades

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Segurança, padrões e penalidades
Nesta aula você aprendeu
· O Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho foi criado a partir da publicação da British Standard 8800 (BS 8800), que consiste num guia para estruturar sistemas, no ano de 1996. Esse documento unificou a linguagem para os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional, orientando as empresas a criar uma plataforma universal para tratar e administrar questões de risco, higiene no trabalho, comportamento e atitudes para o ambiente laboral (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
· A BS 8800 se difundiu pelas empresas do Brasil, mas acabou sendo substituída por duas normas da Occupational Health and Safety Assessment Services (OHSAS), a OHSAS 18001:1999 e sua norma de apoio OHSAS 18002:2000. Essas OHSAS foram as responsáveis pelo surgimento de uma certificação para o estabelecimento de um sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho, a certificação é a OHSAS 18001:1999, a qual fornece às Organizações vantagem competitiva e avanço em gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
· A diferença básica entre a BS 8800 e suas sucessoras, as OHSAS 18001:1999 e OHSAS 18002:2000, é que aquela descreve “o que fazer”, dando um norte do que é necessário para integrar a gestão de SST ao gerenciamento do negócio, reduzindo a exposição dos trabalhadores aos riscos e melhorando a imagem de organização no mercado (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
· Já as OHSAS 18001:1999 e OHSAS 18002:2000 especificam o “como fazer” essencial para construção do Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho. Elas possuem uma estrutura semelhante à norma ISO 14001:1996, que dispõe sobre o Sistema de Gestão Ambiental – SGA. Esta última já seguia os passos da ISO 9000, que dispõe sobre os Sistemas de Gestão da Qualidade – SGQ. O conjunto dessas semelhantes facilita o entendimento dessas normas. Adicionalmente, a ISO 9000 teve papel de destaque para o desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Gestão (SIG), pois teve como função garantir a qualidade nos processos produtivos por meio do uso de procedimentos padronizados, culminando no aumento da confiabilidade dos produtos e serviços em geral (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
· Vale ressaltar, no entanto, que uma outra norma conseguiu preencher uma grande lacuna ainda deixada pelas OHSAS 18001: a ausência de entidade responsável pela avaliação e certificação desta norma. A nova norma foi justamente a substituta das OHSAS 18001, a ISO 45001:2018, que trata do Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho, e tem como objetivo a obtenção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
 
Como aplicar na prática o que aprendeu
· A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu art. 189, define as atividades e operações insalubres, como aquelas que, devido a sua natureza, bem como às condições ou mesmo os métodos de trabalho aplicados, acabavam por expor os trabalhadores a agentes prejudiciais à saúde, acima dos limites de tolerância fixados com base na intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos na legislação brasileira (BRASIL, 1943).
· Os referidos limites de exposição mencionados na CLT são explicitados nos anexos na NR-15. Essa norma determina que a comprovação do exercício de trabalho em condições de insalubridade, mediante laudo de inspeção do local de trabalho que comprove que os limite de tolerância, concentração ou intensidade máxima ou mínima não estão conformes, seja em virtude da natureza, seja graças ao tempo de exposição ao agente; garante ao trabalhador a percepção de adicional, que incide sobre o salário-mínimo, sendo equivalente a 40% (grau máximo de insalubridade); 20% (grau médio de insalubridade); 10% (grau mínimo de insalubridade) (BRASIL, 2022).
· De forma semelhante às atividades e operações insalubres, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu art. 193, define as atividades e operações perigosas como aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Além disso, a CLT também inclui no rol das atividades perigosas o exercício do trabalho em motocicleta (BRASIL, 1943).
· Acabamos de mencionar alguns artigos importantes da CLT, que regulamenta as relações de trabalho, visando a proteção do trabalhador e a definição dos direitos e deveres dos empregadores e dos empregados. E na prática? Você consegue imaginar no que você pode aplicar esse conhecimento? Imagine que um perito emitiu um laudo acerca de uma perícia de insalubridade em um determinado setor da empresa em que você trabalha. O laudo considerou procedente o enquadramento da função laboral avaliada como insalubridade grau médio, fazendo jus a percepção de adicional de 20% a todos os funcionários lotados na mesma.  O empregador, por não possuir expertise na área de segurança e saúde do trabalho, pede que você analise a argumentação técnica utilizada pelo perito no laudo e, lendo, você percebe que os artigos 189 a 194 foram mencionados. Com isso, você pode imaginar que conhecer não apenas os artigos da CLT que abordam essa temática, bem como a NR-15 a fundo, renderá um retorno mais rápido para o empregador acerca da questão, bem como a capacidade de explicá-lo em detalhes o porquê daquele resultado.
· De acordo com a NR-3, para poder falar de embargo e interdição é importante conceituar, primeiramente, risco grave e iminente como toda condição ou situação de trabalho que possa causar uma das seguintes consequências: acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador. Tanto o embargo quanto a interdição são medidas de urgência adotadas quando ocorre a verificação de uma condição ou situação de trabalho que caracterize grave e iminente risco ao trabalhador (BRASIL, 2019).
●        Tanto o embargo quanto a interdição são termos próximos em significado, diferenciando-se quanto a escala da produtividade que é alcançada, enquanto o embargo implica na paralisação parcial ou total da obra; a interdição implica na paralisação parcial ou total da atividade, da máquina/equipamento, do setor de serviço ou do estabelecimento (BRASIL, 2019).
· Durante a caracterização de grave e iminente risco ao trabalhador, o Auditor-Fiscal do Trabalho utilizará um parâmetro denominado “excesso de risco” que será obtido pela comparação entre o risco atual (situação encontrada) e o risco de referência (situação objetivo). Portanto, o “excesso de risco” corresponde a uma medida de quanto o risco atual está distante do risco de referência esperado após a adoção de medidas de prevenção (BRASIL, 2019).
· A partir dessa definição, na NR-3 determina que são passíveis de embargo ou interdição: a obra, a atividade, a máquina ou equipamento, o setor de serviço, ou quando o Auditor-Fiscal do Trabalho constatar a existência de excesso de risco extremo ou excesso de risco substancial. E, contrapartida, a norma esclarece que não são passíveis de embargo ou interdição as situações com avaliação de excesso de risco moderado, pequeno ou nenhum (nulo) (BRASIL, 2019).
· Nesse momento, você deve estar se perguntando: por que discutir NR-3, uma norma que nem é tão mencionada nos livros e na literatura mais popular em matéria de segurança do trabalho? Imagine que você é o engenheiro de segurança de uma obra, a respeito da qual foi realizada uma denúncia. Por meio da denúncia, é agendada uma inspeção para apurar se a obra está em conformidade com as exigências normativas de saúde e segurança do trabalho. Você recebe do empregador a importante missão de conduzir uma espécie de “auditoria improvisada de urgência” antes da realização da inspeção. Você saberia o que fazer e como proceder?
Para não sofrer embargo, é essencial garantir que a obra esteja de acordo com as diretrizes das normas regulamentadoras e demais normativas que têm força de lei em saúde e segurança do trabalho, como a CLT. Somente conhecendonão apenas a NR-3, mas também outras normas como a NR-18, a NR-1, a NR-9, a NR-10, dentre outras, você poderá propor medidas corretivas sob o que estiver inconforme, evitando, assim, a paralisação da atividade.
 
Dica quente para você não esquecer
Para caracterizar o grave e iminente risco, é necessário ponderar a consequência, como o resultado ou resultado potencial esperado de um evento e a probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer ou estar ocorrendo. Desse modo, o risco é expresso em termos de uma combinação das consequências de um evento e a probabilidade de sua ocorrência. A classificação da consequência e da probabilidade será feita de forma fundamentada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho (BRASIL, 2019).
 
Referência Bibliográfica
· BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943: Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm >. (Acesso em 22/09/2022)
· BRASIL. Norma Regulamentadora nº 03 (NR-03): embargo e interdição. Portaria n.º 1357 da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT), de 23 de setembro de 2019. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-3-nr-3 >. (Acesso em 22/09/2022)
· BRASIL. Norma Regulamentadora nº 15 (NR-15): Atividades e operações insalubres. Portaria n.º 1359 do Ministério do Trabalho e Previdência, de 13 de abril de 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-15-nr-15 >. (Acesso em 22/09/2022)
· MATTOS, U. A. de O. M.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

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