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DESCRIÇÃO Estudo e implementação dos projetos de segurança e saúde ocupacional nas organizações por meio dos processos de gerenciamento dos diversos riscos presentes nos ambientes de trabalho. PROPÓSITO Apresentar os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional nas organizações alinhados às normas regulamentadoras (NRs), bem como aos aspectos estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), especialmente aqueles realizados pela NBR ISO 45001, pois implementar, manter e monitorar a segurança e a saúde ocupacional de uma empresa é um dos papéis essenciais do engenheiro de segurança do trabalho. PREPARAÇÃO Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, tenha em mãos papel, caneta e a calculadora de seu smartphone/computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional MÓDULO 2 Identificar a aplicação dos indicadores de gestão em segurança e saúde ocupacional MÓDULO 3 Reconhecer os benefícios de um projeto em segurança e saúde ocupacional PROJETOS EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL AVISO: orientações sobre unidades de medida. ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Descrever um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional LIGANDO OS PONTOS javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Você entende todos os conceitos acerca de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional? É capaz de distingui-los e também averiguar como eles podem ser utilizados na sua empresa? Para compreender melhor ambos os conceitos, vamos ao case: Gisele é funcionária de uma importante instituição bancária, atuando em uma função administrativa. Sob o ponto de vista de Segurança do Trabalho, a empresa mantém corretamente o seu SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, bem como a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, ou seja, cumpre com esses dois importantes requisitos legais. Ocorre que, em um final de tarde de sexta-feira, com o encerramento do expediente de trabalho, em que é muito comum os trabalhadores estarem motivados para deixarem a empresa, Gisele, como os demais colegas, guardou seus pertences, desligou seu computador e dirigiu-se para a área externa do banco. Estava chovendo e, entre a área externa e a saída, não existia cobertura; logo, um pequeno trecho deveria ser percorrido. Gisele abriu seu guarda-chuva e dirigiu-se para a saída, mas, no meio do caminho, seu celular tocou e ela atendeu. Imagine, Gisele com sapatos molhados, guarda-chuva aberto e caminhando falando ao celular: o risco é acentuado! Ao adentrar o setor de saída, para bater o seu ponto normalmente, não secou seus calçados e o piso estava escorregadio em função do porteiro, Sr. Nacif, em desvio de função, estar encerando o piso naquele momento. Gisele sofreu uma grande queda, tendo lesões múltiplas na face, no joelho direito e no braço esquerdo. Esse acidente gerou um afastamento de 120 dias de Gisele do banco. Em função desse acidente, a empresa puniu o porteiro com demissão sumária por justa causa e advertiu Gisele por descumprir as regras de segurança que, segundo o engenheiro de Segurança do Trabalho, foi fornecido a todos os trabalhadores com reciclagens anuais. Verificou-se que a CIPA não realizou reunião extraordinária e o local não estava sinalizado, ou ainda, não havia barreiras de limitações de acessos. Portanto, mais um triste e lamentável acidente para as estatísticas nacionais. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. PENSANDO COMO GESTOR RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE SEGURANÇA, AO ANALISAR O ACIDENTE DE TRABALHO OCORRIDO COM GISELE, VOCÊ PODE AFIRMAR QUE: A) A empresa agiu corretamente ao punir com demissão o porteiro Nacif. B) Gisele foi a grande culpada de seu próprio acidente, não havendo nenhuma responsabilidade por parte da empresa. C) A ausência de um sistema de gestão está bem clara nesse contexto, sendo evidenciada pelas condições inseguras no ambiente de trabalho. D) A verdadeira causa do acidente foram os calçados molhados da Gisele. E) Somente com medidas punitivas será possível garantir um ambiente seguro. 2. VOCÊ É O GESTOR RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO BANCO E LHE FOI QUESTIONADO QUAL MEDIDA GARANTE A ELIMINAÇÃO DE UM RISCO NO AMBIENTE DE TRABALHO CASO ELA SEJA INSTITUÍDA. QUAL ALTERNATIVA ABAIXO VOCÊ CONSIDERA DETERMINANTE PARA A ELIMINAÇÃO DE UM RISCO CASO SEJA IMPLEMENTADA? A) Adoção de equipamentos de proteção individuais nos trabalhadores. B) Aumento das horas extras para que os trabalhadores recebam adicionais de salários. C) Implementação das medidas corretivas nos equipamentos. D) Implementação dos projetos de proteção coletivos. E) Adoção de severas medidas punitivas junto aos trabalhadores. GABARITO 1. Pensando como gestor responsável pela Engenharia de Segurança, ao analisar o acidente de trabalho ocorrido com Gisele, você pode afirmar que: A alternativa "C " está correta. Nesse case, evidenciou-se a ausência de um sistema de gestão por parte do empregador. O trabalho realizado em dia e local impróprios, a falta de sinalizações adequadas, a ausência de supervisões e punições refletem a total falta de cultura de segurança por parte do empregador. Esse acidente deixa bem claro que apenas cumprir normas regulamentadoras não garante um ambiente de trabalho seguro. 2. Você é o gestor responsável pela Engenharia de Segurança do banco e lhe foi questionado qual medida garante a eliminação de um risco no ambiente de trabalho caso ela seja instituída. Qual alternativa abaixo você considera determinante para a eliminação de um risco caso seja implementada? A alternativa "D " está correta. Um sistema de gestão tem sempre o caráter preventivo, logo, se corretamente implementado, garantirá que os riscos do meio ambiente de trabalho deverão ser eliminados com medidas coletivas, ou seja, com as ações na fonte dos riscos e não no trabalhador, que deverá ser a última alternativa. 3. APÓS ESTE LAMENTÁVEL ACIDENTE COM A FUNCIONÁRIA DO BANCO, GISELE, A EMPRESA IMPLEMENTOU UM PROCEDIMENTO EM QUE TODOS OS TRABALHADORES QUE NÃO SOFREREM ACIDENTES DE TRABALHO AO LONGO DO ANO TERÃO DIREITO A RECEBER UM BÔNUS FINANCEIRO EM FORMA DE 14º SALÁRIO, COM O OBJETIVO DE “ESTIMULAR” OS TRABALHADORES A UM TRABALHO SEGURO. VOCÊ, COMO GESTOR RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE SEGURANÇA, PODE AFIRMAR QUE ESSE É UM EXEMPLO DE SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL? RESPOSTA O caso do acidente com a Gisele é muito comum no Brasil, o que evidencia que as empresas, em sua maioria, entendem que apenas cumprir as normas regulamentadoras isenta de demais obrigações. Ao contrário, a Portaria nº 3.214/78 é bem clara, ou seja, cabe ao empregador “cumprir” e fazer “cumprir” os procedimentos em segurança. Equivocam-se de forma absurda ao remunerarem trabalhadores por não sofrerem acidentes de trabalho, ou por não se afastarem por motivos ocupacionais. Estão, no fundo, mascarando a ausência de um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional e, com isso, reprimindo o fluxo de informações, o que irá gerar mais acidentes e eles não serão reportados como ocorridos no trabalho. Logo, obviamente, esse procedimento em nada tem de Sistema de Gestão. IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA DE GESTÃO javascript:void(0) ASPECTOS ESSENCIAIS DA GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL Foto: Shutterstock.com Inicialmente, é fundamental entendermos que segurança do trabalho e saúde ocupacional não estão limitados ao cumprimento das NRs. Muitas vezes, os limites de tolerância estabelecidos por nossa legislação não garantema proteção de todos os trabalhadores expostos aos chamados riscos ocupacionais. É PRECISO MUITO MAIS PARA QUE O TRABALHADOR TENHA A GARANTIA DE QUE O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO LHE PROPORCIONE UM BEM-ESTAR QUE, COM CERTEZA, VAI SE REFLETIR NA SUA QUALIDADE DE VIDA PROFISSIONAL E, CONSEQUENTEMENTE, AMPLIAR SUA POSSIBILIDADE DE PRODUZIR. Porém, para haver um ambiente de trabalho seguro, é fundamental que as empresas implementem um bom programa ocupacional a partir de uma gestão de segurança e saúde ocupacional, já que isso lhes dará excelentes resultados corporativos – a começar pela própria saúde do trabalhador. Vejamos alguns dos benefícios que um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional pode proporcionar: Melhoria das condições de trabalho. Cultura de segurança a partir da alta administração. Condições seguras do empregador e comportamento seguro dos empregados. Redução dos afastamentos dos trabalhadores em decorrência de acidentes e doenças ocupacionais. Redução do custeio previdenciário para as empresas com reflexos nas alíquotas do seguro de acidente de trabalho. Observe que, conforme apresentamos acima, vários são os benefícios na implantação de um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional por parte de uma organização. Sem dúvida alguma, o principal será sempre a garantia da integridade física e da saúde dos trabalhadores. No entanto, é fundamental ressaltar que a empresa pode inclusive ampliar esses benefícios por meio de: Foto: Shutterstock.com Melhoria de sua imagem perante a sociedade e acionistas. Imagem: Shutterstock.com Ampliação de parcerias comerciais. Imagem: Shutterstock.com Possibilidade de certificações em segurança e saúde ocupacional, como, por exemplo, a NBR ISO 45001. QUANDO PROPORCIONAMOS UM AMBIENTE SEGURO, COM FOCO NA QUALIDADE DE VIDA DOS TRABALHADORES, TODOS GANHAM NESSE PROCESSO: OS PRÓPRIOS TRABALHADORES, EM PRIMEIRO PLANO; A EMPRESA, EM SUA GESTÃO DE NEGÓCIOS; E A SOCIEDADE, COMO UM TODO. A foto a seguir demonstra a utilização de um equipamento de proteção individual (EPI) para a segurança do trabalhador. Isso combate o estresse e a degradação de sua saúde. Além de a sociedade ganhar como um todo, evita-se a produção de um cidadão enfermo física ou psicologicamente capaz de, entre outras coisas, causar acidentes. Foto: Shutterstock.com A utilização de EPI protege o trabalhador. VOCÊ SABIA Há um grande equívoco por parte de muitos, incluindo os profissionais de segurança do trabalho, que consideram a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) um bom projeto preventivo. Errado! Um sistema de gestão pode – e deve – proporcionar um projeto preventivo (e preditivo), uma vez eliminado o risco na fonte de emissão; com isso, evita-se que o trabalhador passe a maior parte de seu dia fazendo o uso desconfortável de um EPI. Nesse sentido, um sistema de gestão deve seguir, na ordem, o seguinte alinhamento: Elaboração de projetos coletivos. Implementação de medidas administrativas. Adoção de recursos individuais. Observe o fluxo acima e suas características: projeto, medidas e recursos. Trata-se, sem dúvida, do objetivo preventivo de um sistema de gestão, no qual se obtém, reafirmo, o ganha-ganha ocupacional. EXEMPLO Na linha de montagem em determinada indústria, quatro trabalhadores estão na mesma diretividade de uma fonte de ruído contínuo emitido por um equipamento. Esse ruído apresenta-se estável na faixa de 83dB (A) por oito horas diárias. Note que, se seguirmos exclusivamente a norma regulamentadora (NR), em que o limite de tolerância é de 85dB (A)/8h, pensaríamos que todos os trabalhadores estariam protegidos nesse cenário, mas isso não é verdade. O LIMITE DE TOLERÂNCIA REPRESENTA UM VALOR NO QUAL, ACREDITA-SE, A MAIORIA DOS TRABALHADORES EXPOSTOS – E NÃO TODOS ELES – ESTÁ PROTEGIDA. É EXATAMENTE NESSE PONTO QUE UM SISTEMA DE GESTÃO PODE CONTRIBUIR PARA A MELHORIA DE TAL AMBIENTE. COMO POR EXEMPLO, EVITAR QUE UM TRABALHADOR TENHA PERDA AUDITIVA OU ATÉ UM “AGRAVO À SUA SAÚDE”, MESMO QUE ELE ATUE ABAIXO DOS LIMITES CITADOS NO EXEMPLO ANTERIOR. Nesse sentido, um sistema de gestão pode propor as seguintes soluções: Realizar um projeto coletivo com a eliminação desse ruído na fonte de sua emissão, isolando o equipamento ou colocando abafadores ou filtros que garantam níveis sonoros aceitáveis. Cumprir, durante a implantação desses projetos na fonte, o revezamento dos postos de trabalho, como, por exemplo, a redução do tempo de exposição dos trabalhadores para outros setores, reduzindo o risco ocupacional. Adotar – e apenas nesse período de implantação do projeto coletivo – os EPIs de forma temporária. Pode-se observar que um sistema de gestão leva sempre em considerações as características dos trabalhadores, suas condições profissiográficas e as abordagens deles nos ambientes de trabalho, tendo, por isso, uma natureza inclusiva. Desse modo, um bom sistema de gestão é capaz de garantir que um trabalhador não tenha agravos à sua saúde. ATENÇÃO É importante entender a dimensão dos benefícios sociais e empresariais na implementação de um bom programa de segurança e saúde ocupacional – e não obter apenas um modelo “legalista” que não seja preventivo. Modelos legalistas são, ao contrário, corretivos e reativos, punindo, em muitos casos, trabalhadores que não seguem as regras de segurança em vez de garantir ambientes de trabalho seguros e livres das chamadas nocividades. OBSERVE QUE AINDA TEMOS UM NÚMERO EXTREMAMENTE ELEVADO DE ACIDENTES DE TRABALHO E DE DOENÇAS OCUPACIONAIS, O QUE INCLUI OS AGRAVOS AOS TRABALHADORES. EXEMPLO Em muitas situações, o trabalhador é colocado para desenvolver uma atividade que não condiz com suas características físicas. Mesmo isso podendo causar seu afastamento, ele, em geral, não tem outras opções (trata-se, afinal, de um meio de sobrevivência). Reverter esse quadro é uma responsabilidade de todos nós, ou seja, do governo, das empresas, dos trabalhadores e da própria sociedade. OS RISCOS OCUPACIONAIS (MEIO AMBIENTE DO TRABALHO) Foto: Shutterstock.com Como vimos, o meio ambiente do trabalho possuirá diversos riscos para a saúde e a integridade física dos trabalhadores caso não exista um bom projeto de segurança e saúde ocupacional, com a implantação de uma cultura de segurança baseada em comportamento. TENDO ISSO EM VISTA, APRESENTAREMOS AGORA OS RISCOS AMBIENTAIS, ASSIM COMO SUAS RESPECTIVAS CONSIDERAÇÕES E ABORDAGENS. Existem muitas dúvidas e equívocos de entendimento no caso dos riscos ambientais. Por isso, deixemos algo bem claro para que não haja nenhuma dúvida: a higiene do trabalho, ocupacional ou industrial diz respeito apenas aos chamados riscos ocupacionais. SAIBA MAIS Riscos ocupacionais são os riscos físicos, químicos e biológicos que causam doenças e agravos à saúde dos trabalhadores. Porém, quando tratamos de riscos ambientais, também estamos nos referindo aos riscos ergonômicos e de acidentes. Esse será nosso alinhamento ao longo deste conteúdo. DESCRIÇÃO Faremos a seguir uma breve descrição dos riscos ocupacionais: RISCOS FÍSICOS Os agentes físicos são, em última análise, alguma forma de energia liberada pelas condições de processos e equipamentos. Exemplo Ruído, vibrações, calor e frio, assim como umidade, radiações ionizantes e não ionizantes e pressões anormais. RISCOS QUÍMICOS Não por sua característica individual, e sim por sua dimensão físico-química, os agentes químicos são: Gases. Vapores. Aerodispersoides, como as poeiras. Fumos. Névoas. Neblinas. Fibras. Podemos entender os agentes químicos como todas as substâncias puras, compostos ou produtos (misturas) capazes de entrar em contato com o organismo por uma multiplicidade de vias, expondo o trabalhador. Dica Cada caso tem sua toxicologia específica. Também é possível agrupar os agentes químicos em famílias químicas por conta de sua importância toxicológica, como oshidrocarbonetos aromáticos, por exemplo. Normalmente, esses agentes ingressam por: Ingestão. Via respiratória. Via cutânea. Via dérmica. RISCOS BIOLÓGICOS Os agentes biológicos são representados por todas as classes de micro-organismos patogênicos (algumas vezes somados a organismos mais complexos, como insetos e animais peçonhentos), como, por exemplo, vírus, bactérias e fungos. Atenção Esses agentes apresentam características bem diferentes dos riscos físicos e dos químicos. RISCOS ERGONÔMICOS Entre outros fatores que podem causar agravos aos trabalhadores, os riscos ergonômicos são caracterizados por: Movimentos repetitivos. Posturas incorretas. Mobiliários indevidos. Armazenamento incorreto de produtos que exigem algum esforço dos trabalhadores. Transporte manual de peso. Jornadas prolongadas que causam fadigas. Comentário Outros agentes que, por sua natureza, não seriam “ergonômicos” assim são classificados, pois não existe, no momento, outra forma de enquadrá-los. Esse é o caso da ansiedade, da pressão por produção e até mesmo da depressão, já que elas são geradas por diversas síndromes características dos ambientes de trabalho. RISCOS DE ACIDENTES Nenhum ambiente está isento de riscos. Desse modo, a possibilidade de ocorrer um acidente é real, principalmente partindo da premissa de que há locais de trabalho sem as medidas de proteção devidas, o que, devido à omissão e à negligência, amplia os riscos de acidentes. Os seguintes desvios constituem exemplos de riscos de acidentes: Fios desencapados e expostos. Máquinas sem proteção. Ausências de equipamentos coletivos e individuais. Pisos escorregadios. Falta de comunicação visual. Ausência de treinamentos e orientações de segurança. CORES Para facilitar o entendimento dos conceitos apresentados anteriormente, a segurança do trabalho utiliza um sistema de cores. Esse sistema constitui uma forma bem didática de compreensão da presença dos riscos – especialmente para os trabalhadores. Os riscos físicos são representados pela cor verde. Os riscos químicos são representados pela cor vermelha. Os riscos biológicos são representados pela cor marrom. Os riscos ergonômicos são representados pela cor amarela. Os riscos de acidentes são representados pela cor azul. Observe a representação desses riscos no quadro a seguir: Grupo Riscos Cor de identificação Descrição 1 Físicos Verde Ruído, calor, frio, pressões, unidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações etc. 2 Químicos Vermelho Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas etc. 3 Biológicos Marrom Vírus, fungos, parasitas, bactérias, protozoários, insetos etc. 4 Ergonômicos Amarelo Levantamento e transporte manual de peso, repetitividade, responsabilidade, ritmo excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos etc. 5 Acidentais Azul Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, quedas e animais peçonhentos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Sistema de cores da segurança do trabalho. COSTA et al., 2013, adaptado por Márcio Jorge Gomes Vicente. Esse entendimento será ainda mais ampliado e facilitado quando os membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) elaborarem e divulgarem os chamados “mapas de riscos ambientais”. Esses mapas são realizados pela CIPA a partir de dados apurados com os trabalhadores nesses ambientes. Imagem: Wikimedia.com / Domínio Público Mapa de risco. O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: CONDIÇÕES X COMPORTAMENTO Imagem: Shutterstock.com Como já possuímos excelentes e relevantes informações do ambiente de trabalho – e especialmente dos riscos ambientais –, apresentaremos agora a relação entre as condições (in)seguras e o comportamento (in)seguro. ATENÇÃO Não falaremos mais sobre os atos inseguros, uma vez que não existe mais esse termo para definir atos nos quais as pessoas se expõem consciente ou inconscientemente a riscos de acidentes. Nossa abordagem está voltada para o comportamento devido ao novo conceito de cultura de segurança por parte das organizações. Com isso, podemos garantir um bom entendimento das causas reais dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais (incluindo os agravos para os trabalhadores). É possível afirmar, afinal, que as atitudes do homem e as condições do ambiente de trabalho – associadas ou não – dão origem aos acidentes. Para efeito de prevenção, as causas são classificadas em duas categorias: Causas Diretas e Indiretas. Conheça melhor cada uma delas a seguir! CAUSAS DIRETAS São as causas conhecidas por: Comportamentos inseguros OCORREM NO EXATO MOMENTO EM QUE O ACIDENTE ACONTECE, OU SEJA, ESTÃO RELACIONADOS ÀS ATITUDES INADEQUADAS DO HOMEM. Como exemplos de comportamento inseguros, podemos citar como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, aos riscos de acidentes ao: Não utilizar seus equipamentos individuais de modo correto. Correr no local de trabalho. Fumar em local proibido. Brincar de maneira deliberada, distraindo-se ou distraindo seus colegas de trabalho. Limpar máquinas em movimento. Usar ferramentas defeituosas ou inadequadas. Não seguir as normas de segurança. Levantar peso em excesso. Sobrecarregar máquinas. Posicionar-se embaixo de cargas. Obstruir equipamentos de combate a incêndios. Condições inseguras SÃO CARACTERIZADAS PELAS CONDIÇÕES INADEQUADAS DO AMBIENTE DE TRABALHO, ISTO É, POR SUAS MÁS CONDIÇÕES, SEJA POR OMISSÃO, NEGLIGÊNCIA OU ATÉ MESMO POR DESCONHECIMENTO DO EMPREGADOR. Elas colocam em risco a saúde e a integridade física de todos que necessitam atuar nesses locais. Podemos exemplificar como características de um ambiente inseguro: Falta de EPI. Pisos irregulares ou escorregadios. Escadas irregulares. Recipientes sem identificação. Ruído excessivo. Baixo nível de iluminação. Máquinas com partes móveis sem nenhuma proteção. Falta de sinalizações. Falta de organização e sujeira nos ambientes. Ferramentas defeituosas. Imprevistos As questões classificadas como situações de imprevistos podem causar acidentes ou doenças, não sendo enquadradas como comportamento ou condição insegura, pois estão, de alguma maneira, fora de nosso controle. Por exemplo, as inundações, tempestades e vendavais. Foto: Shutterstock.com CAUSAS INDIRETAS SÃO OS FATORES PESSOAIS E ADMINISTRATIVOS QUE LEVAM O TRABALHADOR A PRATICAR COMPORTAMENTOS INSEGUROS E A EMPRESA A PERMITIR O SURGIMENTO OU NÃO ELIMINAR CONDIÇÕES INSEGURAS DE TRABALHO. Analise as cenas a seguir: Foto: Shutterstock.com Esmagadura de dedo Foto: Shutterstock.com Desequilíbrio e queda Foto: Shutterstock.com Escorregão em chão molhado Foto: Shutterstock.com Queda de equipamento As cenas anteriores nos levam aos seguintes questionamentos: POR QUE HÁ CONDIÇÕES INSEGURAS? CONDIÇÕES INSEGURAS DECORREM DE FATORES EMPRESARIAIS DE ORDEM TÉCNICA, ECONÔMICA, CONCEITUAL OU CULTURAL QUE LEVAM AO SEU SURGIMENTO OU À SUA NÃO ELIMINAÇÃO QUANDO ELES JÁ EXISTEM. COMO, POR EXEMPLO, UM PROJETO MAL EXECUTADO, COM MATÉRIA-PRIMA BARATA E DE BAIXA QUALIDADE, UM NÃO ENTENDIMENTO DOS BENEFÍCIOS DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES, A FALTA DE DISCIPLINA EMPRESARIAL OU RESPONSABILIDADES NÃO ASSUMIDAS. QUAIS SÃO AS CAUSAS DO COMPORTAMENTO INSEGURO? O COMPORTAMENTO INSEGURO DO TRABALHADOR PODE TER COMO ORIGEM DIVERSOS FATORES CUJA ORIGEM É PESSOAL, HEREDITÁRIA, CONGÊNITA, SOCIAL, EDUCACIONAL, PROFISSIONAL E PSICOLÓGICA. TAMBÉM É POSSÍVEL HAVER DOENÇAS QUE LEVAM O INDIVÍDUO A PRATICÁ-LOS. AS EMPRESAS PRECISAM ENTENDER TAIS ASPECTOS E COLABORAR EM SUAS SOLUÇÕES, POIS ELES APRESENTAM UM CLARO CONTEXTO SOCIAL. A ATUAÇÃO DE TRABALHADORES – COM DOENÇAS, COMO DIABETES, COM ALGUMA DEFICIÊNCIA FÍSICA, COMO A AUDITIVA, COM BRIGAS EM FAMÍLIA, BAIXA ESCOLARIDADE, NÃO ADAPTAÇÃO AO TRABALHO OU DÍVIDAS, ENTRE TANTOS OUTROS FATORES – PODE ESTAR RELACIONADAAO COMPORTAMENTO INSEGURO. RESUMINDO É importante fazer uma análise profunda sobre esse tema e mergulhar nos ambientes de trabalho, identificando e eliminando os riscos, entendendo as necessidades dos trabalhadores e reduzindo as condições inseguras, assim como as possíveis ações relacionadas ao comportamento inseguro. SAÚDE OCUPACIONAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Foto: Shutterstock.com O AMBIENTE DE TRABALHO POSSUI EXTREMA IMPORTÂNCIA NA VIDA DO SER HUMANO. Nós, em muitos casos, passamos mais tempo nesse ambiente do que em convívio familiar ou mesmo em atividades sociais. Dessa maneira, a qualidade de vida no trabalho reflete, com total certeza, a própria qualidade de nossos relacionamentos diários. Também é verdadeira a premissa de que uma vida familiar e social equilibrada pode refletir uma boa produção no trabalho. JÁ PERCEBEU QUE, QUANDO TEMOS ALGUM PROBLEMA FAMILIAR, COMO A DOENÇA DE NOSSOS PAIS OU FILHOS, TEMOS MUITAS DIFICULDADES EM NOS CONCENTRAR NO NOSSO TRABALHO? Muitos acidentes ocorrem justamente pela falta dessa concentração, pois o trabalhador está com o pensamento muito longe de suas atividades laborais. Quando estamos com problemas pessoais de qualquer natureza e a pressão por produção é grande, há um aumento do nível de estresse, e nosso organismo pode responder por meio de alguma doença ou enfermidade. QUANTOS DE NÓS NÃO PRESENCIAMOS OU TEMOS A INFORMAÇÃO DE QUE UM TRABALHADOR FOI ACOMETIDO DE UM PROBLEMA CARDÍACO DURANTE SUAS ATIVIDADES OU QUE SE AFASTOU DELAS PARA TRATAMENTOS PSIQUIÁTRICOS? Muitos são os relatos de doenças ou mesmo de acidentes que poderiam ser evitados (e todos podem) se nós, profissionais de segurança do trabalho e saúde ocupacional, não nos limitássemos a implementar, entre outras medidas importantes, NRs e ordens de serviços que, a despeito de sua importância, não são suficientes para tornar o ambiente mais seguro e saudável. Observe quantos trabalhadores são subjugados ou até recebem punições, inclusive verbais, na frente dos demais colegas por baixa produção ou por não corresponder ao esperado. Muitas empresas não conseguem entender a necessidade de uma investigação mais aprofundada e individualizada de cada caso específico. EXEMPLO Um trabalhador que se alimenta mal em seu dia a dia muitas vezes aguarda “ansiosamente” pelo horário da refeição realizada na empresa. Algumas perguntas precisam ser feitas nesse contexto: Será que ele está produzindo bem? Seria ele um sério candidato a alguma doença ou agravo em função de sua condição social? Quais medidas a empresa deveria tomar para reduzir esse cenário? Esses questionamentos dizem respeito à qualidade de vida no trabalho. Implementados corretamente, eles podem garantir um equilíbrio na relação produção x ambiente, tendo reflexos extremamente positivos para a sociedade. Os empregadores não podem mais acreditar que, pelo fato de pagarem as alíquotas do seguro de acidente de trabalho (SAT), estão isentos de suas responsabilidades em casos de afastamentos dos trabalhadores, mesmo que a origem disso não esteja no próprio ambiente. A verdade é justamente o contrário disso. Os empregadores precisam compreender que a qualidade de vida no trabalho inicia-se com: Um ambiente seguro. Uma interlocução ativa ao se permitir que os trabalhadores apresentem suas queixas ou incomodidades Um entendimento das relações entre as características físicas deles e o ambiente de trabalho. Muitos ambientes de riscos acentuados poderão ser fontes de perigos caso o trabalhador não esteja em plenas condições físicas e/ou mentais para desenvolver suas atividades. Trabalhos realizados em altura, por exemplo, exigem uma grande concentração de todos os envolvidos. VOCÊ SABIA A qualidade de vida no trabalho passa por diversas questões, como as de natureza biofisiológica e aquelas relativas à profissiografia do trabalhador, na relação entre sua estrutura física e o ambiente proposto. EXEMPLO Uma trabalhadora portadora de cistite crônica, doença do aparelho urinário, que pretenda atuar como “caixa de um supermercado” poderá ter sérios prejuízos em suas atividades caso não tenha condições de consumir determinada quantidade de água durante o dia ou não possa se locomover para o banheiro sempre que tiver a necessidade de urinar. PERCEBEU NO EXEMPLO ACIMA COMO A AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO PODE SER DETERMINANTE PARA QUE O TRABALHADOR TENHA AGRAVOS EM SUA SAÚDE? VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL PODERÁ GERAR GRANDES BENEFÍCIOS PARA UMA EMPRESA E, CONSEQUENTEMENTE, PARA OS TRABALHADORES. PARA QUE O SISTEMA OBTENHA OS RESULTADOS PRETENDIDOS, O EMPREGADOR DEVERÁ GARANTIR AS CONDIÇÕES SEGURAS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. MARQUE A ÚNICA OPÇÃO QUE CORRESPONDE ÀS CONDIÇÕES SEGURAS NESSE AMBIENTE. A) Adoção de medidas coletivas no ambiente do trabalho. B) Uso correto dos equipamentos de proteção individual. C) Atendimento às orientações de segurança. D) Colaboradores que seguem os protocolos ocupacionais. E) Participação dos trabalhadores em treinamentos. 2. APONTE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE A UM DOS BENEFÍCIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL. A) Possibilidade de punir corretamente os trabalhadores que sofrem acidentes de trabalho. B) Cultura de segurança limitada à base dos trabalhadores. C) Gestão baseada em administração dos riscos com a adoção de equipamentos de proteção individual. D) Redução do custeio previdenciário para as empresas com reflexos nas alíquotas do seguro de acidente de trabalho. E) Garantia das condições seguras implementadas pelos empregados. GABARITO 1. Um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional poderá gerar grandes benefícios para uma empresa e, consequentemente, para os trabalhadores. Para que o sistema obtenha os resultados pretendidos, o empregador deverá garantir as condições seguras no meio ambiente do trabalho. Marque a única opção que corresponde às condições seguras nesse ambiente. A alternativa "A " está correta. Todas as opções acima estão relacionadas ao sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional, porém apenas a adoção de medidas coletivas constitui efetivamente uma atuação direta de responsabilidade do empregador, ou seja, ela garante a eliminação ou a minimização dos riscos de forma coletiva ou na fonte. As demais opções são de natureza individual, isto é, estão relacionadas ao comportamento seguro. 2. Aponte a alternativa que corresponde a um dos benefícios da implementação de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional. A alternativa "D " está correta. Diversos são os impactos positivos em relação à implementação correta de um sistema de gestão em segurança e saúde do trabalhador. Certamente, um deles é o tributário, ou seja, quanto mais protegidos os trabalhadores, menores serão os riscos de afastamento e consequentemente as reduções no custeio previdenciário. MÓDULO 2 Identificar a aplicação dos indicadores de gestão em segurança e saúde ocupacional LIGANDO OS PONTOS Foto: Shutterstock.com Um dos aspectos essenciais para a Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, são os seus indicadores. Nesse contexto, podemos citar alguns indicadores importantes: a quantidade de treinamentos ministrados, o número de acidentes de trabalho ocorridos em determinado período, a quantidade de dias de afastamentos por doenças ocupacionais dos trabalhadores, os registros de não conformidades verificadas durante determinada auditoria, ou ainda, a quantidade de desvios identificados e eliminados em um período específico. Dentro desse cenário, observe o case a seguir. Uma empresa do ramo farmacêutico, líder mundial no seu seguimento, possui uma unidade de produção no Brasil, atualmente, com 840 colaboradores registrados em seu CNPJ. Com isso, mantém regular seu SESMT estabelecido conforme determina o Quadro II da Norma Regulamentadora NR 4 – Portaria nº 3.214/78,na relação entre o número de empregados e seu grau de risco. A empresa contratou uma auditoria externa de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, especialmente para avaliar os seus indicadores, visto que ela recebeu da sua matriz, com sede nos EUA, a determinação de integrar as gestões de qualidade e meio ambiente, com segurança e saúde ocupacional, sempre com o objetivo de convergências entre esses sistemas, possibilitando maior dinâmica entre os processos. Após um mês de avaliações contínuas, a auditoria verificou alguns pontos fundamentais: Em uma avaliação de 12 meses, foram registrados 20 acidentes de trabalho (tipo ou típicos) com afastamentos e 12 doenças ocupacionais em regime previdenciário, com um total, no somatório de ambos, de 186 dias de perdas gerais. Alguns funcionários foram arguidos acerca da realização de treinamentos, e eles citaram que não lembravam de os terem realizados, mas que o supervisor solicitou que assinassem a planilha de controle para evidenciar junto aos auditores suas participações, pois era muito importante a empresa conseguir a certificação e, assim, todos ganhariam. Os membros da CIPA informaram que, após o início da auditoria, as reuniões ordinárias começaram a ser obrigatórias, mas os temas deveriam ser previamente avaliados pela alta administração para não gerar “desconforto” entre as partes envolvidas. Constatou-se que, ao longo desses 12 meses avaliados, a empresa recebeu 8 visitas da Superintendência Regional do Trabalho, sendo lavradas diversas multas, que atingiu um total de R$84.000,00 (oitenta e quatro mil reais) em função da ausência de equipamentos de proteção individuais para os trabalhadores, falta de medidas coletivas que eliminem ou reduzam os riscos nos ambientes de trabalho, excessivo número de horas extras, desvios de função, em que o trabalhador não tinha pleno entendimento de suas atividades laborais, entre outros. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. VOCÊ FAZ PARTE DA EQUIPE DE AUDITORIA EXTERNA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL CONTRATADA PELA EMPRESA MENCIONADA NO CASE. DIANTE DO CENÁRIO APRESENTADO, VOCÊ PODE AFIRMAR QUE: A) Esta empresa necessita de alguns poucos ajustes em seus processos de Segurança do Trabalho para garantir sua integração com os demais subsistemas e garantir sua certificação. B) Os indicadores acidentários apresentados são bem irrelevantes e não irão comprometer a certificação. C) As multas que a empresa recebeu pela Superintendência Regional do Trabalho podem ser contestadas e o seu valor é muito insignificante para a empresa. D) Os treinamentos são importantes, mas não são fundamentais e não têm nenhuma relação direta com os acidentes e os afastamentos por doenças ocupacionais. E) A auditoria, diante de todas as evidências, poderá apresentar um diagnóstico negativo para a continuidade do processo de certificação pretendido pela empresa. 2. A EMPRESA DETERMINOU QUE TODAS AS SUAS UNIDADES DE PRODUÇÃO TENHAM, NO MÁXIMO, OS MESMOS INDICADORES ACIDENTÁRIOS POR ELA ESTABELECIDOS E QUE A TAXA DE FREQUÊNCIA NÃO SEJA SUPERIOR A 15. EM RELAÇÃO AO CENÁRIO ACIDENTÁRIO DESSA EMPRESA EM SUA PLANTA DE PRODUÇÃO NO BRASIL, COM OS INDICADORES DE ACIDENTES TÍPICOS VISTO NO CASE, VOCÊ PODE AFIRMAR QUE: A) A empresa está dentro dos parâmetros estabelecidos pela sua matriz nos EUA. B) Com os indicadores apresentados pela auditoria, verifica-se que a taxa de frequência desta empresa está muito acima do estabelecido, o que comprometerá sua certificação. C) Os indicadores não estão ruins, mas podem melhorar. D) A taxa de frequência está bem abaixo do estabelecido pela matriz. E) Com os indicadores específicos de acidentes típicos, a taxa de gravidade é exatamente a determinada pela matriz. GABARITO 1. Você faz parte da equipe de auditoria externa de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional contratada pela empresa mencionada no case. Diante do cenário apresentado, você pode afirmar que: A alternativa "E " está correta. No case apresentado, evidenciou-se as não conformidades, multas, procedimentos reativos, fluxo reprimido de informações, entre outros equívocos que foram geradores dos acidentes, doenças e multas por parte do órgão oficial. Ficou evidente a ausência de um Sistema de Gestão em Segurança e Saúde Ocupacional, que deve ser a premissa básica para que a empresa consiga a certificação em Segurança e Saúde. 2. A empresa determinou que todas as suas unidades de produção tenham, no máximo, os mesmos indicadores acidentários por ela estabelecidos e que a taxa de frequência não seja superior a 15. Em relação ao cenário acidentário dessa empresa em sua planta de produção no Brasil, com os indicadores de acidentes típicos visto no case, você pode afirmar que: A alternativa "B " está correta. A taxa de frequência (F) corresponde ao número de acidentes ou acidentados (com e sem lesão) por milhão de horas-homem trabalhadas em determinado período e é calculada pela fórmula: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde: F = N×1.000.000 H N = número de acidentados H = homens-hora trabalhadas 1.000.000 = um milhão de horas de exposição ao risco Assim, no case estudado, temos: Número de trabalhadores: 840 Quantidade de horas trabalhadas mensalmente: 200 horas A quantidade de acidentes registrados corresponde a: N = 20 acidentes típicos (neste caso, não serão consideradas as doenças ocupacionais). Logo, temos: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, temos uma taxa de frequência muito acima da estabelecida pela matriz da empresa, o que comprova uma fragilidade em seu sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, demonstrada em seus indicadores. 3. VOCÊ FOI CONSULTADO SOBRE QUAIS AS MEDIDAS QUE DEVEM SER IMPLEMENTADAS PELA EMPRESA PARA QUE TENHA UM SISTEMA DE GESTÃO BEM ALINHADO COM A PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DE DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO E, COM ISSO, OS INDICADORES POSSAM ATENDER, POR EXEMPLO, A UM PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO. QUAIS AS MEDIDAS QUE VOCÊ INDICARIA? H = 840 × 200 TF = = = 119, 05N×1.000.000 H 20×1.000.000 840×200 RESPOSTA Empresas altamente seguras atuam em conformidade com a prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, garantindo equilíbrio e qualidade de vida para os trabalhadores. Logo, entender as necessidades, tanto dos postos de trabalho quanto dos seus aspectos sociais é a certeza de que a empresa garantirá boas práticas de produção, sem afastamentos dos trabalhadores por adoecimento. Assim, é importante a implantação de uma cultura da segurança baseada em comportamento seguro para que todos possam entender a dinâmica do risco e relatar possíveis condições inseguras, sem que ocorram fluxos reprimidos de informações. Ambiente seguro é aquele em que as ferramentas de gestão estejam associadas aos programas ocupacionais, com a efetiva participação dos trabalhadores, com, logicamente, a adoção de projetos coletivos, medidas administrativas e equipamentos individuais. Logo, os indicadores de gestão serão decisivos para esta contribuição no campo da prevenção de acidentes e das doenças ocupacionais, tais como, capacitação, diálogos de segurança, comunicação ativa, entre outras ações que poderão garantir excelentes resultados em geral e, ainda, garantir a certificação esperada pela empresa citada no case. javascript:void(0) INDICADORES OCUPACIONAIS A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES OCUPACIONAIS Imagem: Shutterstock.com A gestão de segurança e saúde ocupacional é tratada atualmente como tema estratégico pelas organizações. Foi-se a época em que segurança do trabalho era meramente um subsistema de recursos humanos como forma de, em sua maioria, garantir o cumprimento das NRs. Na contratação de um profissional dessa área, era muito comum ouvir de um gestor as seguintes frases: “SOMOS UMA EMPRESA LEGALISTA” E “SUA CONTRATAÇÃO É PARA GARANTIR QUE NÃO RECEBEREMOS NENHUMAMULTA”. Ou pior: “VOCÊ SABE QUE SUA CONTRATAÇÃO É PARA CUMPRIR OS DISPOSITIVOS LEGAIS DA NR-4, QUE TRATA DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO”. Claro que ainda há muitas empresas no Brasil que seguem esse modelo. Várias sequer conhecem tais questões legais, só tomando conhecimento delas após a visita de um auditor do trabalho e a consequente aplicação de multas. SAIBA MAIS O cenário no país, porém, mudou bastante. A área de segurança do trabalho e saúde ocupacional, assim como a da gestão do meio ambiente, configura um “forte” subsistema e, em muitas organizações, uma gerência estratégica muito conhecida como gestão de SMS – Segurança, meio ambiente e saúde. Em algumas empresas, as questões do meio ambiente ficam diretamente relacionadas à qualidade, ou seja, cada empresa tem sua estrutura organizacional. Desse modo, as organizações investem em segurança, deixando de lado o equívoco de considerá-la um custo. Seguindo seu sistema de gestão, elas implementam ferramentas que podem “mensurar” os resultados obtidos com tais recursos investidos. EM UM SISTEMA DE GESTÃO, OS INDICADORES SÃO FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER A RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO NESSE PROCESSO OU MESMO SE AS TOMADAS DE DECISÕES PREVENTIVAS FORAM AS MAIS CORRETAS. EXEMPLO Trabalhadores de uma indústria química que atuam no setor de envase reclamam com seus gerentes que determinado calçado de segurança, os chamados EPIs, vêm gerando desconforto e, em muitos casos, acidentes, como quedas em função do pouco atrito entre o solado desse calçado e o tipo de piso do ambiente de trabalho. Ocorre que a empresa não tem, nesse momento, como modificar o tipo de piso de todo o setor, já que isso levaria muito tempo e paralisaria a produção. Foi realizado um estudo com o próprio fabricante, levando-se em considerações os aspectos apontados pela medicina do trabalho em função dos afastamentos por quedas ou até em função de lesões que os calçados vêm gerando. Decidiu-se fazer a troca de todos os calçados após um mês de testes experimentais com a amostragem de 10% dos trabalhadores da área. O resultado naquele ano foi espetacular: nenhum acidente de trabalho e afastamento por lesões nos membros inferiores, além de uma grande satisfação dos trabalhadores em função de a empresa ter-lhes escutado e resolvido o problema. QUAL LIÇÃO PODEMOS TIRAR DESSE CASO, O QUAL, NA VERDADE, OCORRE COM FREQUÊNCIA NAS EMPRESAS? QUE INVESTIR EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL É UMA EXCELENTE DECISÃO E QUE TAIS AÇÕES PODEM E DEVEM SER AVALIADAS, INCLUSIVE SOB O PONTO DE VISTA FINANCEIRO. No caso anterior, o retorno será maior que o valor investido se considerarmos os seguintes indicadores: Número de acidentes com ou sem afastamentos. Número de homens /hora afastados. Número de atestados médicos e aumento do absenteísmo. Custeio previdenciário, especialmente em relação às alíquotas do SAT. Riscos de interdições por parte das fiscalizações do trabalho, incluindo as multas recorrentes. Observe que é possível, a partir dos indicadores de um sistema de gestão, demonstrar os grandes benefícios, em primeiro plano, para a qualidade de vida dos trabalhadores e o consequente aumento da produção, além dos impactos extremamente positivos na redução da carga tributária. Com isso, adotar um sistema que mensure e quantifique as ações em segurança do trabalho e saúde ocupacional é fundamental. Não estamos, portanto, limitando os indicadores, inclusive de desempenho (os KPIs), apenas em relação à medição do número de acidentes de trabalho. Tal realidade obviamente não é nosso objetivo; ao contrário, tais indicadores devem servir para a implementação de medidas preventivas, sejam elas coletivas, administrativas ou individuais, capazes de determinar a melhor estratégia de gestão em segurança do trabalho e saúde ocupacional. TIPOS DE INDICADORES DE UM SISTEMA DE GESTÃO Imagem: Shutterstock.com Listaremos a seguir alguns dos indicadores que podem fazer parte de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional, garantindo um ambiente mais seguro a partir dos dados obtidos no meio ambiente do trabalho: REGISTROS DE ACIDENTES DE TRABALHO Com ou sem afastamentos, este item é realmente fundamental e muito utilizado pelas organizações para garantir as corretas medidas preventivas, ou mesmo as corretivas, para a melhoria das condições. A apuração será de acordo com o próprio sistema de gestão, podendo ser mensal, anual ou mesmo por tempo determinado de horas trabalhadas. Nesse sentido, é importante não incluir os incidentes, também chamados de “quase acidentes”, pois os acidentes efetivamente não ocorreram. A inclusão deles, afinal, comprometeria os dados abrangidos, já que o número de acidentes determina justamente o alinhamento a ser tomado pela empresa de acordo com a gravidade deles. REGISTROS DE DOENÇAS OCUPACIONAIS Muitas vezes, uma empresa divulga a quantidade de dias sem acidentes de trabalho, mas não informa tal quantidade em relação aos afastamentos por doenças ocupacionais. Especialmente por meio do coordenador do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), a medicina ocupacional das empresas pode mensurar as doenças relacionadas ao trabalho e as de natureza social ou de origem genética, por exemplo. Esses dados também serão fundamentais para as adoções de medidas que possam melhorar as atividades dos trabalhadores em seu dia a dia. Nesse item, é fundamental uma correta avaliação para se identificar a origem de determinada doença que pode ter sido adquirida no ambiente do trabalho ou fora dele. É o caso, por exemplo, de perda auditiva, fadiga ou depressão. INSPEÇÕES DE SEGURANÇA Elas são fundamentais para identificar se as atividades laborais estão sendo conduzidas de forma correta ou não. Exemplo Constantes verificações para averiguar se os trabalhadores estão utilizando corretamente seus EPIs podem gerar excelentes indicadores de gestão. Essas inspeções identificam oportunidades de melhorias ao reduzir ou eliminar riscos. Elas podem inclusive eliminar o pagamento dos adicionais de insalubridade. Mas atenção! As inspeções de segurança não têm o objetivo de punir trabalhadores. AVALIAÇÃO CONTÍNUA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Etapa na qual se identifica o nível de confiabilidade de máquinas e equipamentos. Quanto mais rastreado o ambiente, garantindo-se, assim, um maquinário seguro, menor é o risco de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Utilizamos frequentemente um conceito de confiabilidade para sua manutenção com a seguinte relação: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: é a confiabilidade do equipamento. é a taxa de frequência de ações corretivas. Logo, quanto menor for TF, maior será a confiabilidade. Trata-se de um excelente indicador preventivo, especialmente nas indústrias. Muitos afastamentos dos trabalhadores ocorrem por falhas totalmente previsíveis em seus equipamentos. DESVIOS Como sabemos, os desvios significam: ✓ Ações incorretas em relação à segurança, isto é, ações de não conformidade, como, por exemplo, os improvisos ou a falta do uso de equipamentos individuais. ✓ Não seguir as regras e os treinamentos recebidos. A solução dos desvios em determinado período é fundamental. Algumas empresas estabelecem indicadores de soluções dos desvios com suas equipes de manutenção conforme o nível de risco verificado. Exemplo C = 1–TF C TF Relacionar os desvios em três níveis de severidade, ou seja, baixo, médio e grande. O desvio baixo pode ser resolvido em uma semana; o médio, em um dia; e o alto, em uma hora. Mensurá-los é fundamental na gestão de segurança do trabalho. As ações acima somente poderão gerar resultados caso o sistema de gestão envolva toda a empresa, e não apenas os trabalhadores, uma vez que a participação da alta administração é um fator determinante para a credibilidade de um sistema de gestão. Há indicadoresproativos, ou seja, aqueles que são de extrema utilidade para entender se o sistema de gestão da empresa está bem alinhado com as medidas preventivas e se vem ocorrendo a redução de afastamentos, por exemplo. No entanto, também existem os indicadores reativos, que são utilizados após os acidentes, especialmente com afastamentos, no período pós-falha, seja por conta de condições inseguras ou de comportamento inseguro. INDICADORES NA PRÁTICA Imagem: Shutterstock.com Verificaremos a seguir como os indicadores podem ser utilizados na prática. Para tanto, vamos definir os seguintes pontos: DIAS PERDIDOS (DP) DIAS DEBITADOS (DB) (OU DIAS A DEBITAR) TAXA DE FREQUÊNCIA (TF) TAXA DE GRAVIDADE (TG) DIAS PERDIDOS (DP) São os dias de afastamento de cada acidentado contados a partir do primeiro dia afastado até, segundo orientação médica, o dia anterior à data de retorno ao trabalho. DIAS DEBITADOS (DB) (OU DIAS A DEBITAR) São os dias que devem ser debitados devido à morte ou à incapacidade permanente, total ou parcial. No caso de morte ou incapacidade permanente total, devem ser debitados 6.000 dias. Já no caso de incapacidade permanente parcial, os dias a serem debitados têm de ser retirados da ABNT NBR 14.280 (cadastro de acidentes), mesmo que os dias efetivamente perdidos sejam maiores que o número de dias a debitar ou até mesmo quando não houver dias perdidos. TAXA DE FREQUÊNCIA (TF) Trata-se do número de acidentes ou acidentados (com e sem lesão) por milhão de horas-homem de exposição ao risco em determinado período. A TF é calculada por esta fórmula: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: é o número de acidentados. é o número de homens hora de exposição ao risco. TF = N×1.000.000 H N H TAXA DE GRAVIDADE (TG) É o tempo computado por milhão de horas-homem de exposição ao risco. A TG precisa ser expressa em números inteiros e calculada por esta fórmula: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: é o tempo computado (dias perdidos + dias debitados). representa homens - hora de exposição ao risco. VAMOS AOS CÁLCULOS? Os cálculos demonstrados a seguir estão divididos em seis etapas: 1. MULTIPLIQUE O NÚMERO DE TRABALHADORES PELO NÚMERO DE HORAS QUE ELES TRABALHAM PARA CALCULAR O VALOR HOMEM-HORA. POR EXEMPLO, SE 56 PESSOAS TRABALHAM 40 HORAS POR SEMANA DURANTE UM ANO (50 SEMANAS DE TRABALHO), ENTÃO OS HOMENS-HORA POR ANO SERÃO 56 PESSOAS X 40 HORAS/SEMANA X 50 SEMANAS = 112.000 HORAS. 2. DIVIDA O NÚMERO DE ACIDENTES PELO VALOR DO HOMENS-HORA PARA CALCULAR O NÚMERO DE TG = T×1.000.000 H T H ACIDENTES POR HORA DE TRABALHO. SE O NÚMERO DE ACIDENTES POR ANO FOR 145, HAVERÁ: ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA EQUAÇÃO UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL ACIDENTES/HORA DE TRABALHO. 3. MULTIPLIQUE O NÚMERO DE ACIDENTES POR HORA TRABALHADA POR 100 MIL PARA CALCULAR A TAXA A CADA 100.000 HORAS. NESTE EXEMPLO, A TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTES SERIA: . ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA EQUAÇÃO UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL 4. MULTIPLIQUE O NÚMERO DE ACIDENTES POR HORA DE TRABALHO POR 200 MIL PARA CALCULAR A TAXA A CADA 200 MIL HORAS. NESTE EXEMPLO, ELA SERIA 145/112. 000 = 0, 001295 0,001295 × 100.000 = 129,5 . ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA EQUAÇÃO UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL 5. MULTIPLIQUE O NÚMERO DE ACIDENTES POR HORA DE TRABALHO POR 1.000.000 PARA CALCULAR A TAXA A CADA 1.000.000 HORAS. NESTE EXEMPLO, ELA SERIA . ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA EQUAÇÃO UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL Observe o quanto um sistema de gestão bem implementado pode aproveitar os indicadores para as tomadas de decisão. EXEMPLO Uma empresa com 700 empregados registrou 3 acidentes do trabalho típicos e 2 acidentes de trajeto em determinado mês. Sabendo que sua jornada de trabalho mensal é de 200 horas, qual é a taxa de frequência? Número de empregados: 700. Jornada de trabalho mensal: 200h. Acidentes típicos: 3. Acidentes de trajeto: 2. 0,001295 × 200.000 = 259 0,001295 × 1.000.000 = 1.295 Fórmulas: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: DD (dias debitados) = 300 DP (dias perdidos) = Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção Os acidentes de trajeto devem ser tratados à parte, não sendo incluídos, conforme prevê a NBR 14280, no cálculo usual das taxas de frequência e de gravidade. Note que os dados obtidos no exemplo acima poderão ser decisivos em ações e medidas conforme os indicadores identificados. O sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional será capaz de, a partir de tais dados, ampliar as medidas preventivas ou corretivas para as organizações, podendo até garantir mais adiante algumas reduções tributárias com o SAT conforme o fator acidentário de prevenção (FAP). VERIFICANDO O APRENDIZADO TF =[ ] Quantidade de acidentes (N)×1.000.000 H H = 700 × 200 = 140.000 TF = 3 × 1. 000. 000/140. 000 TF = 21,42 TG =[ ]T×1.000.000 H T = DD + DP 1 × 3 + 1 × 5 + 2 × 12 = 32 H = 50. 000 TG =[ ](300+32)×1.000.000 50.000 TG = 6.640 1. OS INDICADORES DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL SÃO FUNDAMENTAIS EM UM SISTEMA DE GESTÃO PARA AS CORRETAS TOMADAS DE DECISÃO. SEGUINDO ESSE ALINHAMENTO, QUAL INDICADOR ABAIXO PODE CONTRIBUIR PARA A MELHORIA DOS AMBIENTES DE TRABALHO? A) Ampliação das atividades econômicas de uma empresa perante a Receita Federal. B) Quantidade de demissões por justa causa ou de punições aos trabalhadores. C) Pagamentos de adicionais de periculosidade aos trabalhadores. D) Registros de acidentes de trabalho, com ou sem afastamentos, que são fundamentais para garantir as corretas medidas preventivas. E) Garantia de registros de pontos biométricos para os trabalhadores. 2. EM UMA EMPRESA, 80 PESSOAS TRABALHAM 40 HORAS POR SEMANA DURANTE UM ANO OU 50 SEMANAS DE TRABALHO, TENDO SIDO REGISTRADOS 200 ACIDENTES DE TRABALHO NO PERÍODO. QUAL É O NÚMERO DE ACIDENTES POR HORA DE TRABALHO NESSA EMPRESA PARA AS TOMADAS DE DECISÃO E DE MEDIDAS PREVENTIVAS PELO SETOR DE SEGURANÇA DO TRABALHO? A) 0,00125. B) 0,01678. C) 0,10201. D) 0,00256. E) 0,06260. GABARITO 1. Os indicadores de segurança e saúde ocupacional são fundamentais em um sistema de gestão para as corretas tomadas de decisão. Seguindo esse alinhamento, qual indicador abaixo pode contribuir para a melhoria dos ambientes de trabalho? A alternativa "D " está correta. Efetivamente, os registros de acidentes de trabalho poderão garantir excelentes resultados preventivos a partir dos indicadores apurados nos ambientes de trabalho ou em relação aos afastamentos previdenciários. Baseadas em tais indicadores, medidas preventivas, considerando a quantidade de dias de afastamentos e a gravidade do acidente, entre outras variáveis, serão fundamentais em um novo e eventual direcionamento preventivo ou corretivo. 2. Em uma empresa, 80 pessoas trabalham 40 horas por semana durante um ano ou 50 semanas de trabalho, tendo sido registrados 200 acidentes de trabalho no período. Qual é o número de acidentes por hora de trabalho nessa empresa para as tomadas de decisão e de medidas preventivas pelo setor de segurança do trabalho? A alternativa "A " está correta. Nesse caso, 80 pessoas trabalham 40 horas por semana durante um ano; então, os homens-hora por ano são 80 x 40 horas/semana x 50 semanas = 160.000 horas. Logo, dividindo-se a quantidade de acidentes por ano, ou seja, 200 acidentes, por 160.000 horas, obtém-se um total de 0,00125 acidentes por hora em um ano. MÓDULO 3 Reconhecer os benefícios de um projeto em segurança e saúde ocupacional LIGANDO OS PONTOS Foto: Shutterstock.com Um sistema de Gestão em Segurança e Saúde Ocupacional poderá gerar, se corretamente implementado, diversos benefícios para os trabalhadorese para a empresa de forma bem consistente. Atualmente, as empresas, ao melhorarem o meio ambiente do trabalho, reduzem os riscos de acidentes e de doenças para os trabalhadores na mesma proporção que poderão reduzir seus tributos, por exemplo. Logo, a gestão de segurança não pode mais ser vista como custos e, sim, como fortes investimentos e com grandes resultados corporativos. Atualmente, muitas empresas estão passando pelo processo de migração da OHSAS 18001 para a NBR ISO 45001, mas, na verdade, ainda não sabem exatamente quais os reais benefícios que essa migração poderá gerar para a empresa, especialmente para os funcionários. Gerenciar os riscos é estabelecer medidas efetivas em identificá-los e, se possível, eliminá-los na fonte, e não no trabalhador. O que estamos afirmando é que, na hierarquia das ações, as medidas coletivas são sempre mais eficazes que as individuais e, a NBR ISO 45001 vem exatamente de encontro a este contexto quando adota na gestão de riscos, um programa eficiente de eliminação dos DESVIOS, ou seja, todos os fatores que dão origem aos incidentes e aos acidentes, com qualquer tipo de perda, como estabelecido na Pirâmide de Eventos. Assim, máquinas desprotegidas, baixa iluminação, ruídos excessivos, são exemplos de desvios que, se eliminados, vão também eliminar os possíveis acidentes de trabalho e os afastamentos. Agora, vamos analisar o case de uma fabricante de calçados que irá nos ajudar nesta discussão. A empresa Injetec trabalha com materiais plásticos produzidos pela técnica de Injeção. A injetora utilizada tem formato de carrossel e trabalha com a ZO (zona de operação) aberta quando há a necessidade da ação humana no interior do equipamento. Todavia, tal injetora é desprovida de equipamento de parada de emergência para essa situação, o que faz com que a segurança dependa somente dos funcionários envolvidos com o seu funcionamento. Para realizar a manutenção de limpeza, é necessário fazer uma programação na injetora. Para garantir que sua ZO fique aberta, a empresa adota que, no mínimo, dois funcionários façam a manutenção em conjunto, para que a segurança seja garantida. Porém, somente essa ação não garante 100% da segurança de quem está na matriz, limpando-a. E por conta disso, infelizmente, um dos funcionários teve a mão presa pelo fechamento da ZO, pois a limpeza excedeu o tempo programado, e nenhum dos funcionários percebeu que o tempo havia se esgotado. Após ser socorrido, os funcionários argumentaram que estavam tão focados em não perder o material que estava na matriz que se esqueceram do tempo programado na injetora. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. VOCÊ, COMO GESTOR RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DA FÁBRICA EM RELAÇÃO A ESSE LAMENTÁVEL ACIDENTE, PODE AFIRMAR QUE UM DOS DESVIOS VERIFICADOS NO AMBIENTE DE TRABALHO E QUE CONTRIBUIU SIGNIFICATIVAMENTE PARA QUE ELE TENHA OCORRIDO FOI QUE: A) A injetora não possui dispositivo de emergência que interrompa todo o seu funcionamento imediatamente, para assegurar a integridade física do trabalhado, enquanto este se encontra no interior da ZO. B) Os equipamentos coletivos estavam corretamente implementados e os trabalhadores foram exclusivamente os causadores do acidente. C) A empresa deveria ter um sistema de gestão mais baseado em punição para os trabalhadores que não cumprem as normas regulamentadoras, como neste caso em particular. D) O supervisor apenas advertiu o funcionário pela sua ausência, quando deveria tê-lo punido de forma eficiente. E) Se a empresa tivesse adotado um sistema de gestão baseado em bônus para os trabalhadores, certamente, o acidente não teria ocorrido. 2. NO ACIDENTE DE TRABALHO APRESENTADO NO CASE, PODEMOS AFIRMAR QUE A ELIMINAÇÃO DE UM RISCO NO AMBIENTE DE TRABALHO SERÁ DETERMINANTE CASO SEJA IMPLEMENTADA A SEGUINTE MEDIDA: A) Permitindo somente que pessoas que tenham sido treinadas, utilizem EPIs. B) Realizando aumento da bonificação referente à insalubridade e à periculosidade. C) Treinando os funcionários e restringindo a área a esses funcionários treinados. D) Treinando diretores e gestores para supervisionarem o trabalho. E) Punindo os trabalhadores que sofrerem acidentes durante o seu ofício. GABARITO 1. Você, como gestor responsável pela Engenharia de Segurança da fábrica em relação a esse lamentável acidente, pode afirmar que um dos desvios verificados no ambiente de trabalho e que contribuiu significativamente para que ele tenha ocorrido foi que: A alternativa "A " está correta. Vários foram os desvios identificados, denotando claramente a ausência de um sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, onde tanto o ambiente é extremamente inseguro quanto as ações da empresa. 2. No acidente de trabalho apresentado no case, podemos afirmar que a eliminação de um risco no ambiente de trabalho será determinante caso seja implementada a seguinte medida: A alternativa "C " está correta. O acidente apresentado deixou bem claro que a empresa não evidenciou suas ações na priorização de medidas coletivas, nem com equipamentos nem com treinamentos, o que teria eliminado os riscos na fonte e, com certeza, o acidente relatado não teria ocorrido. 3. PARA VOCÊ, ENQUANTO GESTOR RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE SEGURANÇA, COMO UM SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL PODERÁ MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE DE TRABALHO, GERANDO REAIS BENEFÍCIOS, TANTO PARA OS TRABALHADORES QUANTO PARA A PRÓPRIA EMPRESA E, ASSIM, EVITAR QUE ACIDENTES COMO NO CASO APRESENTADO, POSSAM NÃO MAIS OCORRER? RESPOSTA A qualidade de vida no trabalho é fundamental para que tenhamos um ambiente saudável e, possivelmente, livre das nocividades que tanto acompanham os trabalhadores. Nesse sentido, é fundamental que as empresas implementem um sistema de gestão que seja inclusivo, ou seja, que tenha como um de seus pilares a efetiva participação e contribuição dos trabalhadores nas observações dos diversos aspectos de melhoria. A qualidade de vida no trabalho contribui para a melhoria da produtividade dos colaboradores, que ficam mais dispostos e motivados, além de aptos emocionalmente para entregar grandes resultados. Pode ser constantemente aperfeiçoada com inovação e, sobretudo, no respeito aos profissionais nos aspectos físico e mental para garantir boas condições de trabalho. Importante, neste contexto, deixar bem claro que a qualidade de vida no trabalho nem sempre requer grandes investimentos, mas, acima de tudo, as observações e percepção dos riscos, que podem e devem ser eliminados ou neutralizados em sua origem. Sem dúvida alguma, um bom sistema de gestão poderá garantir todos os aspectos aqui abordados. Pode não parecer, mas o investimento em qualidade no espaço corporativo envolve custos mínimos se comparados à falta desse recurso. Equipes insatisfeitas tornam-se improdutivas, estão mais propensas a erros, atuam no limite do estresse e costumam envolver-se em conflitos. javascript:void(0) BENEFÍCIOS DE UM PROJETOS DE GESTÃO OCUPACIONAL O SISTEMA DE GESTÃO NA PRÁTICA Foto: Shutterstock.com MUITAS EMPRESAS, ESPECIALMENTE AS NACIONAIS, TÊM UMA VISÃO MUITO DISTORCIDA EM RELAÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO E À SAÚDE OCUPACIONAL. O simples fato de cumprir determinadas normas e legislações vigentes não significa a implementação de um sistema de gestão nessa área. Tal constatação é muito comum quando uma empresa passa por uma auditoria do Ministério da Economia (por meio da Secretaria Nacional do Trabalho) e não sofre nenhuma autuação ou multa. Contudo, isso não é o suficiente para um sistema de gestão – é necessário muito mais. Por algum motivo (em geral, comercial), em função de novas oportunidades de parcerias e negócios, a mesma empresa precisará iniciar um processo de certificação em segurança e saúde ocupacional. SUAS AUDITORIAS APRESENTAM RELATÓRIOS ROBUSTOS, COMPROVANDO QUE ELA CUMPRE AS LEGISLAÇÕES, PORÉM OS INDICADORESACIDENTÁRIOS SÃO RELEVANTES. INFELIZMENTE, NÃO EXISTE UMA POLÍTICA IMPLEMENTADA PARA A REDUÇÃO DE TAIS INDICADORES. OU PIOR AINDA: CONSTATA-SE QUE A ALTA ADMINISTRAÇÃO NÃO SE ENVOLVE OU SEQUER ESTIMULA AS PRÁTICAS PREVENCIONISTAS. O cenário só decai mais quando os auditores verificam as reclamações dos membros da CIPA, que abordam as dificuldades de se colocar em prática as sugestões tratadas em reuniões mensais. Eles relatam inclusive um fluxo reprimido quanto às suas solicitações, pois elas nunca chegam ao conhecimento da alta administração. Observe que a empresa cumpre a legislação, mas atua com negligência no campo da prevenção. O resultado só pode ser um: ela não conseguirá sua certificação NBR ISO 45001! Por isso, essa organização obviamente deverá implementar um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional com projetos robustos e que resultem claramente na redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Seu objetivo, afinal, é demonstrar que está eliminando os chamados desvios (ou as não conformidades), ampliando as condições seguras nos diversos postos de trabalho. Nesse sentido, é fundamental deixar claro que a implementação de medidas preventivas não pode passar por adoções de práticas equivocadas, como, por exemplo, punir o trabalhador que sofre acidente de trabalho, inclusive com demissão, ou conferir uma bonificação financeira a quem “supostamente” não sofrer esse tipo de acidente. Foto :Shutterstock.com VOCÊ SABIA Tais atitudes são consideradas medidas reativas, as quais, com certeza, serão amplamente avaliadas em um processo de auditoria do sistema de gestão como não conformidades em maior nível, o que acarretará a não continuidade do processo. Por isso, é fundamental que uma organização entenda que se tivesse investido em gestão de segurança em sua base, e não apenas no mero cumprimento normativo, teria grandes chances de seguir adiante com seu processo de certificação, ampliando suas possibilidades de negócios. ESSA COMPREENSÃO DEMONSTRA QUE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL SÃO FORTES VALORES AGREGADOS AO NEGÓCIO, DANDO RETORNO À EMPRESA EM TODOS OS NÍVEIS DE SUA OPERAÇÃO. Um sistema de gestão possibilitará que as empresas tenham os seguintes benefícios: Reduzir a ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Aumentar sua produtividade. Reduzir as perdas materiais e impactos ambientais. Reduzir as alíquotas do SAT. Ter ótima imagem perante a sociedade em geral. Ampliar as parcerias em seus negócios. A IMPORTÂNCIA DA NBR ISO 4001 EM UM SISTEMA DE GESTÃO Imagem: Shutterstock.com Implementar um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional é um grande desafio para as organizações, pois isso dependerá muito do envolvimento de todos, a começar pela própria alta administração, que deverá disponibilizar recursos humanos, financeiros, logísticos etc. Mas o retorno é, sem dúvida alguma, formidável. Estas são algumas das perguntas que sempre recebemos: POR ONDE COMEÇAR? EXISTE UM “MANUAL” PARA A IMPLEMENTAÇÃO DESSE SISTEMA DE GESTÃO? Tais perguntas, assim como os demais questionamentos, são bem comuns, especialmente em empresas que não têm uma cultura de segurança em sua filosofia. Isso não significa que elas não se preocupam com seus funcionários, e sim que precisam de um “roteiro” para iniciar seus projetos e processos! VOCÊ SABIA Atualmente, a ISO 45001 contém todo o roteiro de implementação de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional, mesmo para aquelas empresas que não pretendam, nesse momento, sua certificação. Ainda assim, é uma prática muito comum (e correta) adotar os princípios dessa norma como um “filtro de significância” em suas ações. Se, no futuro, a empresa se decidir pela certificação propriamente dita, o “caminho” a ser percorrido será bem menor, pois a ISO 45001 tem como uma de suas bases a cultura da segurança total, a qual, por sua vez, se baseia no comportamento e no envolvimento de todos os atores de uma organização. Trata- se, portanto, da melhor decisão corporativa quando se deseja implementar um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional. Imagem: Shutterstock.com A NBR ISO 45001 é o novo padrão para a implementação de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional para as empresas. Ela, porém, confronta um triste cenário brasileiro graças ao número absurdo de acidentes de trabalho todos os anos. Dados da Secretaria Nacional do Trabalho constatam que a média no país é de 700 mil acidentes a cada ano (isso mesmo, todos os anos). Possuir uma excelente legislação, como, por exemplo, as NRs brasileiras reconhecidas internacionalmente, não significa uma prática suficiente no campo da prevenção. No cenário mundial, isso não é diferente, especialmente em países como Índia, China, Rússia e México, para citar apenas alguns que, além do Brasil, são considerados industrializados ou emergentes. Dados estatísticos apontados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2014 registram um alarmante cenário. Vejamos a seguir alguns desses dados: No mundo, a cada quinze segundos, ocorre uma morte e 153 acidentes. Por ano, são 2,3 milhões de mortes e 317 milhões de acidentes. ATENÇÃO Trata-se de um triste cenário mundial. Muitos desses acidentes ocorrem em empresas que lideram o mercado, o qual, por sua vez, possui um nível de consumo extremamente alto pela sociedade. Diante desse quadro desafiador, em que os acidentes de trabalho matam mais do que qualquer guerra, foi necessária a implementação pelo Sistema Internacional de Certificação de uma norma que garantisse as melhores condições de trabalho, reduzindo os riscos presentes no dia a dia dos trabalhadores e que tanto lhes causa prejuízos, seja pelos acidentes e pelas doenças relacionadas ao trabalho seja pelos óbitos decorrentes deles. Desenvolveu-se, desse modo, a ISO 45001, que é o novo padrão de sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. Sua finalidade, entre outras coisas, é: Ajudar as organizações a minimizar os riscos nos locais de trabalho. Melhorar as condições de trabalho. Padronizar e integrar os requisitos normativos no sistema de gestão da organização. ESSA NORMA É APLICÁVEL A TODA EMPRESA DE QUALQUER SEGUIMENTO ECONÔMICO, POSSUINDO ABRANGÊNCIA IRRESTRITA. COM ISSO, TANTO UMA PEQUENA EMPRESA, COM UM NÚMERO LIMITADO DE COLABORADORES, QUANTO UMA INDÚSTRIA DE GRANDE PORTE PODEM IMPLEMENTAR TAL SISTEMA DE GESTÃO. Reiteramos que o objetivo central é implementar procedimentos e padrões estabelecidos pela 45001 por meio dos requisitos do próprio sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho (SST), com orientações para a utilização dela, para que as organizações melhorem de forma proativa seus desempenhos da SST na prevenção de lesões e doenças. AS NORMAS REGULAMENTADORAS E O SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA Imagem: Shutterstock.com A implementação de um sistema de gestão só conseguirá bons resultados a partir de uma cultura de segurança de todos os envolvidos, especialmente da alta administração. Porém, quando uma inicia o processo de implementação de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional, uma empresa tem como uma de suas premissas o cumprimento de normas e legislações vigentes no Brasil. A BASE DE SUAS OPERAÇÕES, PORTANTO, PRECISA ESTAR ALINHADA COM AS OBRIGAÇÕES LEGAIS DO PAÍS. POR ISSO, A CORRETA IMPLEMENTAÇÃO DAS NRS DE SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE DO TRABALHO, CONFORME ESTABELECE A PORTARIA Nº 3.214, DE 8 DE JUNHO DE 1978, É PARTE INTEGRANTE DO SISTEMA DE GESTÃO, SENDO O “PRIMEIRO PASSO” PARA SUA CORRETA CONCRETIZAÇÃO. AS NRS SÃO OBRIGATÓRIAS PARA TODAS AS EMPRESAS, SEJAM ELAS PÚBLICAS OU PRIVADAS, DESDE QUE SEUS TRABALHADORES SEJAM ADMITIDOS EM REGIME DE CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT). Essas normas estabelecem padrões de proteção dos trabalhadores expostos a diversos riscos ambientais, ou seja, de natureza física, química, biológica, ergonômica ou de acidente, que possam afastá-los do trabalhotanto por acidente quanto por adoecimento, podendo levá-los inclusive a óbito. VOCÊ SABIA Estabelecidas originalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as NRs estão atualmente sob a responsabilidade do Ministério da Economia. As NRs são revisadas periodicamente em função de diversos aspectos. Elencaremos alguns deles a seguir: Mudanças tecnológicas. Novas abordagens do trabalho. Aumento de registros de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Novos modelos operacionais. Por conta disso, as NRs do Ministério do Trabalho e do Emprego referem-se ao conjunto dos requisitos e procedimentos que diz respeito à segurança e à medicina do trabalho, bem como à preservação e à proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Está bem claro que um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional deverá obrigatoriamente passar pela correta implementação dessas normas em sua base ou início de projeto. Foto: Shutterstock.com Não pode existir, afinal, um sistema de gestão nas empresas que não as cumprem! O correto cumprimento das NRs é um dos primeiros passos de um sistema de gestão eficaz, além de evitar que a empresa sofra com penalidades, multas e interdições, como previsto na legislação brasileira. SAIBA MAIS Sem dúvida alguma, essas normas possibilitaram a redução dos acidentes de trabalho no Brasil desde sua promulgação, em 1978, pois os registros anteriores eram ainda maiores. Entre outros motivos, tais números obviamente se deviam muito à informalidade do trabalho. No entanto, é preciso avançar muito além das NRs. Agora, é necessário falar sobre a cultura de segurança. Um sistema de gestão pode, nesse sentido, garantir uma mudança conceitual nas organizações devido a novos padrões preventivos. Podemos concluir então que as NRs objetivam: A prevenção de acidentes e doenças provocadas ou agravadas pelo trabalho. O estabelecimento de padrões mínimos e as corretas instruções sobre segurança conforme cada atividade ou função desempenhada. O norteamento quanto às ações dos trabalhadores e às suas respectivas orientações, transformando o trabalho em um ambiente seguro e livre das nocividades que tanto os acompanham. OS PROJETOS DE UM SISTEMA DE GESTÃO Foto: Shutterstock.com Quando implementamos um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional, precisamos, em primeiro lugar, entender que todos os acidentes e doenças ocupacionais possuem uma causa direta ou diversas variáveis em sua ocorrência. Esse entendimento é fundamental para que não limitemos nossas ações às medidas corretivas dos acidentes. EXEMPLO Ana é uma técnica de enfermagem em um hospital de grande porte. Em certo dia, após realizar um procedimento em um paciente, ela sofre um acidente perfurocortante ao tentar reencapar uma agulha. A supervisora dela imediatamente lhe dá uma advertência e, em seguida, elabora a sua comunicação de acidente de trabalho (CAT), lhe informando que, da próxima vez, seria demitida. Esse tipo de cenário é muito comum no Brasil. Trabalhadores, como a Ana, sofrem acidentes e ainda são advertidos como se a “causa” raiz tivesse sido realmente o lamentável reencape da agulha. Esse procedimento, porém, foi apenas um item que caracteriza a ausência de um sistema de gestão por parte do empregador. APÓS UMA INVESTIGAÇÃO IMPARCIAL DO ACIDENTE DE NOSSO EXEMPLO, FOI CONSTATADO QUE: A trabalhadora tinha sido contratada há menos de um ano e, até o dia do acidente, não tinha recebido nenhum treinamento ou orientações de segurança. Era uma prática os trabalhadores acidentados sofrerem algum tipo de retaliação ou punição por parte da gestão da empresa. Foi constatado uma enorme quantidade de comunicações de acidentes de trabalho por parte da empresa sem haver, no entanto, nenhuma ação ou medida preventiva para evitar a recorrência dos mesmos tipos de acidentes. A empresa sofria com as auditorias do ministério do trabalho, recebendo diversas multas e autuações por parte dos auditores. A CIPA não se reunia periodicamente, pois seus gestores não os liberavam conforme as datas agendadas. Não existia um plano de atuação, como, por exemplo, a formação de um comitê específico para a prevenção de acidentes perfurantes. Os equipamentos individuais eram limitados e pouco eficientes para as operações. Não foi implementado um dispositivo coletivo de segurança para operações com agulhas. Poderíamos ilustrar esse exemplo com diversos itens de não conformidades, os quais, com certeza, foram os grandes causadores do acidente de Ana. Base da pirâmide de eventos adversos em uma empresa, as “não conformidades” (ou desvios) devem ser eliminadas de forma contínua para que os riscos sejam minimizados e, em algumas situações, eliminados. Um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional inicia suas ações na “base da pirâmide de eventos” com a identificação e eliminação dos desvios: Imagem: Shutterstock.com Pirâmide de eventos. A pirâmide de eventos da figura representa o ponto de partida de um sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional. Observe que, quanto mais desvios forem eliminados, menores serão as chances de haver acidentes, especialmente os graves ou fatais. IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL Imagem: Shutterstock.com Apresentaremos agora as principais ações para a implantação de um projeto de gestão em segurança e saúde ocupacional. Elas estão divididas em 11 etapas: 1. Mantenha todas as NRs rigorosamente em dia, avaliando constantemente sua eficácia com os trabalhadores. 2. Registre todas as ocorrências, ou seja, os desvios, os incidentes e os acidentes em geral. Esses dados serão fundamentais para a garantia de medidas corretivas e evitarão que elas ocorram novamente. 3. Priorize sempre as capacitações e os treinamentos dos funcionários, incluindo os diálogos diários de segurança até mesmo para operações bem simples. 4. Garanta a autonomia da CIPA, permitindo que seus membros realizem reuniões frequentes e procedendo na realização de ajustes nos ambientes de trabalho conforme os riscos apurados. 5. Dê liberdade de atuação aos membros dos serviços especializados em segurança e medicina do trabalho (SESMT), não permitindo o desvio de função deles para outras operações. 6. Crie um comitê interno para as investigações e as avaliações de riscos de forma independente, estabelecendo e cumprindo os prazos para as soluções deles. 7. Jamais remunere trabalhadores que não sofreram acidentes de trabalho ou se ausentaram por doenças ocupacionais. Além de ser contrário à legislação trabalhista, isso é um grande retrocesso em gestão. 8. Divulgue o sistema de gestão internamente, deixando registrado o compromisso da alta administração com as medidas preventivas constantes nele. Não permita que esse sistema fique limitado a um documento formal. 9. Estabeleça sempre um destes quesitos: medidas preventivas conforme a hierarquia das ações, ou seja, garanta, sempre que possível, os equipamentos de proteção coletiva para a eliminação dos riscos na fonte; redução do tempo de exposição do trabalhador ou de sua jornada de trabalho com exposição ao risco por intermédio de medidas administrativas, como, por exemplo, o revezamento dos postos de trabalho; e, em último caso, siga os parâmetros técnicos estabelecidos pela NR-6, que trata especificamente do tema, com a adoção de EPIs. Para um correto projeto de sistema de gestão, o uso dos EPIs não deve ser a primeira medida preventiva. 10. Padronize os processos que fazem parte do sistema de gestão de segurança e saúde. Nesse sentido, é importante definir os responsáveis por cada tarefa, bem como os passos para que ela seja cumprida. 11. Lembre-se de que os indicadores são fundamentais para o sistema de gestão: acidentes ocorridos, desvios eliminados, treinamentos realizados, reuniões da CIPA realizadas, programas ocupacionais revisados, auditorias internas e externas realizadas, além de seus respectivos resultados. PALAVRAS FINAIS
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