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SBCM 3 – Cirurgia Cardiaca 
 Rafaela Alves 
Endocardite 
Infecciosa 
Definicao 
u Infecção do endocárdio 
u É uma doença muito grave e o dx é na maioria das vezes tardio 
u Doença decorrente da infecção do endotélio de válvulas 
cardíacas, câmaras cardíacas, próteses valvares e grandes vasos 
u Incidência: 1,9 a 6,2 casos / 100 mil habitantes / ano 
u Osler, em 1885, destacou que cerca de 75% dos pacientes com 
endocardite bacteriana apresentavam lesão prévia de estrutura 
cardíaca, lesão subjacente em valvas cardíacas 
u Certeza do dx de EI é só pela cirurgia ou necropsia 
 
Etiologia 
u Strepto viridans - 35% 
u Enterococo - faecium e faecalis - 7% 
u Strepto - 6% 
u Stafilo aureus - 20% 
u Stafilo epidermidis - 5% 
u Bactérias G - (HACEK) - 6% 
o (Haemophilus species, Aggregatibacter species, 
Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, and Kingella 
species) 
u Fungos - 2 % 
u ** quando é encontrado alguma das bactérias no paciente, já 
deve pensar nela estar causando uma endocardite 
 
u Agente etiológico mais comum: 
o em valva nativa = Strepto viridans 
o em prótese = Stafilo epidermidis 
o associado neo de colón = Strepto bovis 
o à direita (trícuspide e pulmonar) = Stafilo aureus 
 
Fisiopatogenia 
u Formação de um trombo de fibrina, asséptico (reparar o 
endotélio) à Colonização por microrganismos patológicos 
(bacteremia) à Início do processo infeccioso (adesão 
plaquetária, deposição de fibrina, eritrócitos e células 
inflamatórias à aumento da vegetação) 
 
Vegetação 
- É onde a bactéria se instala e coloniza 
- A presença da vegetação dificulta a erradicação da infecção 
- Lesão anatômo-patológica da endocardite; 
- Conglomerado de bactérias, fibrina, plaquetas, desprovida de 
vasos, em ambiente de agranulocitose relativa; 
- Pode induzir alterações anatômicas sobre a estrutura valvar, 
como rotura e perfuração e estender-se a estruturas contíguas; 
- Pode fragmentar-se, desprender-se formando coágulos e 
provocar embolia arterial e sistêmica, corroer partes do coração 
– geralmente válvulas – é formar abcessos intercardíacos 
- Em portadores de biopróteses, a infecção se apresenta como 
tecido gelatinoso, cobrindo a prótese. 
 
 
 
 
 
Patogenia 
- Ocorre mais frequentemente com lesão cardíaca prévia (= fator 
predisponente; ex.: IAM, lesão valvar.; ou então um fator 
infeccioso, ex.: bacteremia decorrente de uma infecção 
preexistente ou secundaria a alguma cirurgia) 
o 40% têm valva nativa com patologia 
o 12% têm cardiopatias congênitas 
o 23 % têm próteses valvares 
o 23% sem evidências de lesões 
- Comumente acomete folhetos 
- Menor frequência no endocárdio e vasos 
- Maiores vegetações são as fúngicas 
- Riscos de perfurações valvulares ou rupturas de cordoalhas 
 
Classificacao Clinica de 
Eichorst (1883) 
u Depende da patogenicidade da bactéria e das complicações; a 
rapidez do desenvolvimento depende da virulencia e do estado 
do hospedeiro 
 
u Aguda 
o < 6 semanas 
o Endocardite séptica 
o Agentes etiológicos: Stafilo aureus, Strep. pneumoniae, 
Neisseria, Strepto pyogenes, Haemophilus 
o 50 a 60% dos casos não há lesão valvar prévia 
o São mais virulentas 
 
u Subaguda 
o > 6 semanas 
o Endocardite verrucosa (maior formação de vegetação) 
o Agentes etiológicos: Strepto viridans, Strepto epidermidis 
§ Menos virulentos; infecções são mais lentas e 
provoca quadros menos significativos 
o A evolução é de forma lenta 
 
Particularidades 
u Endocardite à esquerda – 90 %casos 
o Lado esquerdo é onde tem maior turbilhonamento do 
sangue à maior probabilidade de formar um filme 
biológico 
§ *** Filme biológico = protege a bactéria, com isso elas 
colonizam e crescem mais, fazendo muito tecido 
infeccioso = vegetação, vai tendo adesão plaquetária, 
e adesão de trombos aumentando mais ainda a 
vegetação 
o Acomete mais a mitral que a aórtica 
u À direita – 10 % 
o Mais comum na tricúspide 
o Mais comuns em pacientes que usam drogas injetáveis e 
apresentam fistulas 
u Quando prótese, a aórtica é a mais acometida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SBCM 3 – Cirurgia Cardiaca 
 Rafaela Alves 
Manifestacoes clinicas: 
u Decorrem de: 
o Processo infeccioso (febre, mal-estar, perda de apetite, 
emagrecimento, leucocitose, leucopenia em casos mais 
graves dentes estragados, gengivite, infecções GI...) 
o Repercussão anatômica cardíaca (formação de 
vegetação, lesão ou obstrução de valva, perfuração...) 
o Embolias resultantes das vegetações 
§ Embolia = embolia séptica, porque tem muita 
infecção; p ex.: se for pro cérebro, além de AVC pode 
formar um abcesso também 
o Estímulo antigênico prolongado 
u Acontece mais em pacientes imunodeficientes, que tomam 
imunossupressores, pac emagrecidos 
u Depende da história previa, fatores relacionados com imunidade 
e bacteremia 
 
Manifestações Clínicas da Endocardite Subaguda 
- Sintomas surgem em até 2 semanas após procedimento que 
causou bacteremia: febre baixa, fadiga, palidez, anorexia, 
emagrecimento (inespecíficos) 
- Ou os sintomas como complicações da doença: 
o Embolias arterial: cerebral (AVC, encefalite, meningite), 
renal, coronariana, pulmonar, baço... 
o Complicações da função cardíaca: ICC, Insuficiência valvar 
(SOPRO NOVO). 
§ *** sopro = alteração da estrutura cardíaca que 
previamente não existiam 
- Lesões Características 
o *** não são patognomônicos, mas são bem frequentes 
o Estigma Periférico: 
o Petéquias 
o Hemorragia sub-ungueal 
§ Linhas de sangue embaixo das unhas 
o Nódulos de Osler 
§ Nódulos doloridos que ficam nas palmas da mão ou 
planta do pés; são reflexos imunológicos formados 
por imunocomplexos embolizados 
o Lesões de Janeway 
§ Lesões vasculares causadas por embolias de 
plaqueta e vegetação que causam hemorragias 
irregulares nas palma ou plantas, geralmente 
o Manchas de Roth 
§ Lesões pequenas e vermelhas com interior branco 
vistas no exame de fundo de olho 
- Outros Sinais Clínicos: 
o baqueteamento digital 
o petéquias na conjuntiva 
o hepato esplenomegalias 
o ICC 
o Hematúria (GLOMERUTONEFRITE e Infarto Renal) 
§ Cilindros hemáticos e proteinúria 
o Ausência de sopro em 10% dos casos 
§ “nenhum sopro é inocente na presença de febre” 
§ se o paciente com quadro infeccioso apresentar 
sopro à suspeitar de endocardite 
§ sopro = é uma pré-disposição ou endocardite destruiu 
a valva 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações Clínicas da Endocardite Aguda 
- Sinais de infecção grave (SEPSE), podendo iniciar rapidamente 
sinais de ICC. Alterações neurológicas, petéquias, febre alta com 
calafrios. 
- Ou os sintomas como complicações da doença: 
- Insuficiência Valvar (SOPRO NOVO), ICC refratária (é a maior causa 
de óbito) por comprometimento aórtico, mitral e cardiopatia 
congênita (ordem decrescente). 
 
Fatores Predisponentes 
u Nem sempre aparecem, mas deve pesquisar 
u Cirrose 
u Neoplasia 
u Diabetes 
u Hemodiálise 
u Marcapasso 
u Drogadição injetável 
u Cardiopatias subjacentes 
o Valvulopatias reumáticas – 40 a 60%; 
o Cardiopatias congênitas – 6 a 16% (PCA, CIV, T4F) 
o Hipertrofia septal assimétrica subaórtica – 10%; 
o Prolapso com insuficiência mitral 
o Prótese valvar prévia; 
o IAM – aneurisma/trombo, pode infectar (causado pelo 
déficit contrátil da musculatura) 
 
Portas de Entrada / 
Bacteremia Transitoria 
u Extração dentária 
u Tonsiloadenectomia 
u Broncoscopia 
u Entubação naso traqueal 
u Operações nasais 
u Enema, colonoscopia 
u Cistoscopia, prostatectomia, vasectomia Laparoscopia 
 
Exames Laboratoriais 
u VHS e PCR aumentado 
u Anemia 
u Leucocitose discreta na Sub-aguda e importante ou com 
leucopenia na Aguda 
u Proteinúria; hematúria 
u Eleva TGO e TGP (ALT/ AST) 
u Uremia 
u Hemocultura (é obrigatório para interpretar o quadro) 
 
Exames Complementares 
u ECG 
o Bloqueios atrioventricular e intraventriculares 
o Sempre suspeitar de EI em caso de BAV 1o g novo em 
presença de quadro infeccioso 
o Geralmente acontece a valva aórtica e pode provocar umabcesso, que se atingir as fibras de Hiss ou Purkinge 
provoca bloqueios atrioventriculares ou 
intraeventriculares, respectivamente 
u RX de tórax: 
o Importante para descartar outras doenças 
o Congestão pulmonar (ICC aguda) 
o Infiltrado pulmonar na endocardite valvar a direita 
 
 
 SBCM 3 – Cirurgia Cardiaca 
 Rafaela Alves 
u Ecocardiograma: 
o Padrão ouro 
o Impescindivel 
o ECO transtorácico detecta 80% dos casos de EI 
§ Se não puder fazer esse, faz o transesofágico 
o É o exame mais sensível para ver se há ou não vegetação 
§ ** ausência de vegetação não exclui o diagnósticol as 
vezes não teve o tempo necessário para formar a 
vegetação 
§ *** se encontrar uma massa no coração e o 
paciente já tiver um caso infeccioso, deve suspeitar 
que é uma vegetação 
 
Diagnostico 
u História de fatores predisponentes + bacteremia - quadro clínico 
atual 
u Hemoculturas – exame indispensável, sempre que possível 
aguardar resultado para iniciar o tratamento 
u Ecocardiograma – lesão valvar e vegetações 
 
Criterios de presuncao clinica – 
Criterios de Duke 
u Critérios para o Diagnóstico 
o 2 Critérios maiores ou 
o 1 maior e 3 menores ou 
o 5 menores 
 
Critérios Maiores de Duke 
- Hemoculturas positivas para agentes típicos 
- Ecocardiograma – vegetações evidentes abcessos, fístulas, 
aneurismas novas deiscências 
- Nova Regurgitação Valvar (aumento ou mudança de 
regurgitação anterior preexistente não tem valor) 
 
Critérios Menores de Duke 
- Hemoculturas positivas - agentes atípicos 
- Ecocardiograma (eco duvidoso) – espessamentos, imagens não 
conclusivas 
- Febre > 38oC 
- Fenômenos vasculares (embolia arterial, embolia séptica 
pulmonar ou cerebral, infarto pulmonar, aneurisma micótico, 
hemorragia conjuntival e lesões do Janeway 
- Fenômenos Imunológicos (glomeruloneflite por deposição de 
imunocomplexos, nódulos de Osler, manchas de Roth e fator 
reumatóide) positivos 
- Predisposição 
 
EI definida 
u Critérios por anatomia patológica: 
o microrganismos demonstrados por cultura ou histologia 
em vegetação in situ ou embolizada, ou em abscesso 
intracardíaco; 
o presença de vegetação ativa ou abscesso intra-cardíaco 
confirmado por histologia. 
u Critérios clínicos: 
o 2 critérios maiores ou 
o 1 critério maior e 3 menores ou 
o 5 critérios menores. 
 
 
 
 
EI possivel 
u O paciente não tem critérios muito bem definidos 
u Evidências encontradas não são suficientes para completar 
critérios de uma El definida, mas também não preenchem 
critérios para considerar El rejeitada. 
 
EI rejeitada 
u Claro diagnóstico alternativo para os achados; 
u Resolução do quadro clínico após 4 dias ou menos da introdução 
do antibiótico; 
u Ausência de evidências de El por cirurgia ou anatomia patológica 
obtidas após 4 dias ou menos da introdução do antibiótico. 
 
Complicações 
u Decorrentes do tratamento; 
u Embolias; 
u Aneurisma micóticos (denominados como sinônimo de 
aneurisma infeccioso: micoses endocárdica). 
o Em realidade, é um pseudoaneurisma, porque se constitui 
de um hematoma perivascular, sem parede arterial, e não 
implica etiologia fúngica. 
 
 
Profilaxia para pacientes com 
cardiopatia submetidos a... 
Intervenção odontológica e trato respiratório. 
- A) Amoxicilina 2g 1h antes do procedimento e 1,5 g 6h após a dose 
inicial 
ou 
- B) Ampicilina 2g 1h antes e 1g 6h após 
ou 
- C) Azitromicina ou Claritromicina 500 mg 1 h antes e 1g 6h após 
para pacientes alérgicos a penicilina 
(ainda há a opção de usar Clinndamicina) 
 
Intervenção trato geniturinário e digestivo 
- Ampicilina 2g EV 1h antes do procedimento e 1g 6h após a 
primeira dose 
+ 
- Garamicina 1,5 mg/kg 1h antes do procedimento e 8h após a 
primeira dose 
- Para alérgicos: trocar a ampilicina pela Vancomicina 1g 
 
u Para escolher o antibiótico deve levar em consideração qual tipo 
de bactéria está presente 
 
Tratamento Clínico 
u Estreptococus viridans 
o Pen. Cristalina 18 a 24 milhões unid 24/h por 4 semanas 
o + 
o Gentamicina 1,5 mg/kg 8/8 h (até 240mg /24h) por 2 
semanas 
o Ou 
o Ceftriaxona 2g 12/12 h por 4 semanas 
u Enterococos 
o Pen. Cristalina 18 a 24 milhões unid 24/h por 4 a 6 semanas 
+ 
o Gentamicina 1,5 mg/kg 8/8 h por 4 a 6 semanas 
u Stafilococos meticilino sensível 
o Oxacilina 12 a 18 g /24h por 4 a 6 semanas + 
o Gentamicina 1,5 mg/kg -até 240mg/24h por 2 semanas 
 SBCM 3 – Cirurgia Cardiaca 
 Rafaela Alves 
u Stafilococos meticilino resistente 
o Vancomicina 2 g /24h por 4 a 6 semanas 
u Infecção em próteses (2 meses de cirurgia) 
o Vancomicina 2 g /24 h por > de 6 semanas + 
o Amicacina 500 mg 12/12 h por 2 semanas 
 
Tratamento Cirurgico 
u É recomendado em casos de 
o Endocardite fúngica 
§ Grande vegetação, precisa de cirurgia para remover 
o ICC refrataria 
o Embolias de repetição 
§ Vegetações maiores que 10mm tem grande chance 
de embolizar 
u Resposta inadequada a terapêutica antimicrobiana 
u Infecção complicadas em próteses (piora ainda mais a EI) 
u Abscessos, fístulas (são complicações mecânicas)