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O que são os boias-frias?
A questão dos chamados “boias-frias” está intimamente ligada com a própria organização da questão
agrícola no Brasil, pois boa parte daqueles que assumem essa modalidade de atividade foi, em algum
momento, expropriada do campo, tendo que se submeter a modalidades de trabalho por vezes
degradantes.
Características do campo brasileiro
A estrutura fundiária do Brasil, ou seja, a forma pela qual as propriedades agrícolas são distribuídas
entre a população e suas dimensões, enfrenta um sério problema quanto à concentração das
propriedades nas mãos de poucos donos, enquanto muitas pessoas não têm acesso algum à terra. A
questão fundiária no Brasil esbarra nos grandes latifúndios, por vezes extensas áreas ociosas ou já
improdutivas pelo intensivo uso. Esse fenômeno ocorre desde os primórdios da ocupação europeia do
Brasil, quando as terras foram divididas em Capitanias Hereditárias, posteriormente sendo expandidas
as concessões através das sesmarias.
Em contextos mais recentes, a partir da década de 1970 se intensificou um processo de expansão das
fronteiras agrícolas brasileiras, com a concessão de terras consideradas devolutas (terras desocupadas
em termos jurídicos). Essa expansão se direcionou à Amazônia, com o derrubamento de matas,
estabelecimento de lavouras e ainda da pecuária.
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O problema é que nem sempre estas terras eram na prática desocupadas, sendo cultivadas por
pequenos produtores. Além disso, com a expansão dos latifúndios, os pequenos proprietários foram
“forçados” a deixar o campo, por conta da suposta necessidade de ampliação das terras cultiváveis, bem
como pelos prejuízos ocasionados pelo uso de produtos químicos (fertilizantes, pesticidas, secantes,
etc.) nas lavouras dos latifúndios, o que acabou afetando a pequena produção, geralmente mais
diversificada.
Os latifúndios produzem gêneros agrícolas para exportação, enquanto as pequenas propriedades são as
verdadeiras responsáveis pela produção de alimentos. No contexto da expansão dos latifúndios, os
sujeitos que são expropriados de suas terras têm algumas opções, ou vão para as cidades ou continuam
trabalhando no campo em outras propriedades. As cidades historicamente sofrem com o êxodo rural, por
conta do inchaço populacional, e as pessoas também sofrem, pois acabam ocupando áreas
marginalizadas nos centros urbanos, tendo que adotar um ritmo de trabalho pautado na organização
fabril, dentre outros problemas. E neste contexto, muitos trabalhadores acabam permanecendo no
campo, no entanto, trabalhando em propriedades que não são suas.
Imagem: Reprodução/Google Imagens
Quem são os chamados boias-frias?
O conceito de boias-frias se refere aos trabalhadores do campo que não possuem vínculo empregatício
com carteira assinada ou contrato, mas que trabalham em períodos específicos em lavouras que não
são suas, sendo uma forma de trabalho precária, porque os trabalhadores não possuem qualquer direito
trabalhista.
Geralmente os boias-frias são empregados em momentos sazonais, como nas plantações ou colheitas,
e desenvolvem atividades de trabalho braçal. De modo geral, os boias-frias são sujeitos que não
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possuem estudo ou formação profissional específica, mas que foram expropriados do campo, ou que
não encontram trabalho nos centros urbanos.
A nomenclatura de “boia-fria” surge para fazer referência a forma pela qual essas pessoas se alimentam.
Como as propriedades rurais são distantes do urbano, os trabalhadores não podem voltar para casa
para se alimentar ao meio dia, portanto, levantam-se bastante cedo e levam suas marmitas com comida
junto para a lavoura. Até o momento da alimentação, a comida já esfriou, e como não há recursos para
esquentar, eles comem frio mesmo, por isso chamados de “boias-frias”. Por não haver local adequado
para guardar a comida, esta corre o risco de estragar, prejudicando a saúde destes trabalhadores.
Além disso, geralmente não há nas lavouras locais para que os boias-frias façam suas necessidades
pessoais, nem espaços para descanso, ficando estes por horas e horas debaixo do Sol quente,
desenvolvendo serviços pesados. Uma das lavouras que mais utiliza a mão de obra dos boias-frias é a
plantação de cana-de-açúcar para diversos fins, desde a produção do açúcar até o álcool. As condições
de trabalho dos boias-frias são, por vezes, consideradas como análogas à escravidão, pela falta de
direitos destes sujeitos e pelas condições às quais são submetidos no ambiente de trabalho. O trabalho
dos boias-frias é extremamente incerto, e eles precisam ficar migrando para conseguir alguma renda.
Condições de trabalho dos boias-frias
Geralmente os trabalhadores do campo denominados de boias-frias são moradores de cidades ou
pequenas vilas nas proximidades das zonas rurais que recrutam este tipo de trabalhador. Bem cedinho,
eles são recolhidos por caminhões ou ônibus, os quais os levarão até as áreas de trabalho. É comum a
participação de homens e mulheres nestas atividades, e as faixas etárias são bastante variadas. Os
boias-frias normalmente não tem formação escolar e profissional, e sentem-se forçados a se submeter à
estas modalidades de trabalho, pois precisam sobreviver.
No caso da cana-de-açúcar, os trabalhadores são divididos em grupos, e o trabalho ocorre em ritmo
acelerado, com uso de ferramentas perigosas, como facões extremamente afiados. O dinheiro que
receberão geralmente está relacionado à produção, então quanto mais conseguirem produzir, mais
ganharão, o que os impulsiona a trabalhar em ritmo frenético por horas. Os itens de segurança
comumente são roupas longas, luvas e máscaras de proteção, bem como chapéus. Estes itens ajudam
a controlar o acesso da fuligem ao corpo, evitando alergias e ferimentos.
O almoço ocorre no campo mesmo, com marmitas preparadas anteriormente, e depois deste, há um
momento de descanso. Apesar do trabalho pesado, muitos boias-frias acabam “optando” por essa
modalidade de trabalho em detrimento de serviços nas cidades, onde os custos seriam menores. Assim,
compensa o esforço na lavoura para ganhar um pouco mais. No entanto, a falta de direitos e garantias
dos boias-frias gera uma instabilidade muito grande, pois não existem direitos trabalhistas para esse tipo
de empregado. Os boias-frias têm sido gradativamente substituídos por maquinários que executam o
trabalho em tempo menor.
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Foto: depositphotos
A Reforma Agrária como alternativa possível
A questão da Reforma Agrária tem sido bastante discutida no Brasil especialmente após a década de
1950. Essa proposta se refere a uma melhor distribuição das terras entre a população brasileira. No
Brasil existem muitas terras que foram intensamente utilizadas pelos latifundiários, as quais são
deixadas ociosas pelos antigos utilizadores, e que por terem dinheiro, possuem outras áreas para
produzirem.
Do mesmo modo, existem extensas áreas que poderiam ser muito bem utilizadas para produção, pois
são férteis, mas que estão também ociosas. Se houvesse uma melhor distribuição destas terras no
Brasil, certamente o problema dos boias-frias poderia ser amenizado, pois mais pessoas teriam acesso
à terra, podendo produzir gêneros alimentícios, sem depender do trabalho pesado nas lavouras de cana,
por exemplo.
Imagem: Reprodução/Google Imagens
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Referências
» ARIOCH, David. O cotidiano do boia-fria. Disponível em: https://davidarioch.com/2010/04/16/o-
cotidiano-do-boia-fria/. Acesso em: 23 de junho de 2017.
» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

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