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CONTRARRAZÕES-RECURSO-ORDINÁRIO-CUSTAS-PROCESSUAIS-PRESTAÇÃO-DE-SERVIÇOS-VÍNCULO-EMPREGATÍCIO-VENDEDOR (1)


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CONTRARRAZÕES - RECURSO ORDINÁRIO - CUSTAS PROCESSUAIS - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - VENDEDOR
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ TITULAR DA ________.ª VARA DO TRABALHO ________.
Processo nº ___________
_____________ Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº ________________, com sede a Rua ________________, n° ___, bairro _____, CEP _______, ____________, UF, por seu procurador ao fim assinado, o qual tem endereço profissional a Rua ______, n° ___, sala ___, CEP ________, na cidade de ____________, UF, Fone/Fax _________, nos autos da RECLAMATÓRIA TRABALHISTA, proposta por ___________, já devidamente qualificado no processo em epígrafe, apresentar:
CONTRARRAZÕES 
ao Recurso Ordinário interposto, requerendo o seu recebimento, regular processamento e posterior remessa ao Egrégio TRT da ___.ª Região.
N. Termos,
P. E. Deferimento,
________________, UF, __ de _________ de 200_.
p.p. __________
OAB/UF n° ____
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO - ___.ª REGIÃO
CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTE: ____________
RECORRIDO: ____________
PROCESSO N° ____________ 
Egrégia Turma do TRT da __ª Região
PRELIMINARMENTE:
A R. decisão de fundo indeferiu os pedidos do reclamante, e condenou em custas, no importe de R$ ________
Interposto o recurso ordinário, o recorrente não fez o recolhimento devido, juntando atestado de pobreza e sob a argumentação frágil e sem qualquer embasamento legal.
O parágrafo 4º do artigo 789, da CLT, determina que as custas serão pagas pelo vencido, no caso de recurso, dentro de cinco dias da interposição, sob pena de deserção. A comprovação de tal recolhimento, aplicando-se, analogicamente, o artigo 7º da Lei 5.584/70, também deve ser feita neste prazo, caso contrário, deserto é o recurso ordinário. 
Se fosse vencida a reclamada, as custas e depósito recursal deveriam ser efetuados no prazo legal, pois fatalmente o apelo não seria conhecido, por deserto. 
Pois bem. No presente caso, a parte vencida é o reclamante, que não efetuou o recolhimento das custas, ato que lhe incumbia por ocasião da interposição do recurso ordinário, pois a sua condição de representante comercial do recorrente está distante de equipará-lo àqueles que têm rendimentos inferior ao dobro do mínimo legal, e que fazem jus à Assistência Judiciária Gratuita, nos moldes da Lei 1.060/50 regulamentada pela Lei 5.584/70.
Com efeito, o reclamante não preenche os requisitos elencados na Lei, para beneficiar-se da isenção.
Assim, não merece conhecimento o recurso interposto pelo reclamante, por deserto.
Entretanto, se for outro o entendimento desta E. Corte, não crível, a recorrida passa a seguir às suas contrarrazões:
NO MÉRITO:
Inconformado com a sentença que julgou improcedente a Reclamatória, o Recorrente pugna pelo reconhecimento do vínculo empregatício e o pagamento das verbas decorrentes.
Data venia, sem razão da não conformidade com a R. decisão de fundo encontra-se fundamentada na melhor orientação doutrinária, satisfeita a pretensão jurisdicional, julgado o mérito da causa, amparado pelas provas produzidas nos autos, de tal sorte que não merece reparo. Senão vejamos:
Não deve prosperar a postulação do vínculo laboral, uma vez cabalmente comprovado ser o recorrente um legítimo representante comercial autônomo.
Para a configuração de relação de emprego na espécie, era necessária, sobretudo, a existência de subordinação na prestação, aqui entendida no plano da dependência jurídica.
Utilizando as palavras de PAUL COLIN, citado por DÉLIO MARANHÃO (in Direito do Trabalho, 17ª ed, EFGV, p. 64), a subordinação é de ser entendida como aquele "estado de dependência real criado por um direito, o direito do empregador de comandar, dar ordens, donde nasce a obrigação correspondente do empregado de se submeter a essas ordens".
No caso em tela, inexistia a subordinação diretiva, na modalidade de controle, de forma ostensiva como na relação de emprego, inclusive, presente a liberdade de locomoção e itinerários. Ademais, através dos depoimentos em seu conjunto, conclui-se que os ônus e riscos da atividade econômica sempre se mantiveram com o autor, que arcava com suas despesas.
Ademais, as testemunhas da reclamada, foram uníssonas, o que de fato evidenciou e comprovou que a relação jurídica havida entre as partes foi de representação comercial autônoma, o que fez cair por terra a sua pretensão de ver caracterizado o liame laboral.
À evidência, o reclamante se auto-organizava na prestação de serviços, custeando, inclusive, as despesas necessárias do desenvolvimento da atividade econômica. Ao reclamante era facultado organizar a rota de visitas.
Por outro lado, a simples existência da exclusividade, por si só não caracterizaria o contrato de emprego, já que é compatível também com a representação comercial.
Não havia, ademais, controle de horário, ou jornada preestabelecida. O representante prestava a sua atividade, como sói acontecer no caso, de forma externa, sem qualquer controle de jornada pela reclamada, até mesmo pela impossibilidade física de este ser exercido. Não configura controle de jornada os telefonemas para a sede da reclamada em Curitiba, que eram feitos para o repasse de pedidos, e com base nesses pedidos ensejariam as comissões para o reclamante. 
Restou afastada, assim, a sujeição do reclamante aos efeitos naturais da subordinação jurídica do emprego, sobretudo sob o ângulo de seu caráter disciplinar.
Em suma, salta aos olhos que o que interessava na relação jurídica estabelecida entre as partes era o resultado (as vendas) e, não, a prestação do trabalho em si, como é natural nos contratos de trabalho. Desse resultado, cabia ao reclamante a parte relativa às comissões. Aliás, trata-se apenas de remuneração por serviço prestado, não configurando salário.
Do conjunto probatório depreende-se de forma patente a existência de negócio combinado, de cujo resultado final participavam ambas as partes, girante sob os riscos igualmente repartidos.
Portanto, a prestação de serviços pelo recorrente não se configurou como atividade subordinada, submissa, sujeita a um poder hierárquico por parte da recorrida.
Nos presentes autos, a subordinação jurídica restou devidamente afastada. 
Pela farta documentação carreada aos presentes autos, é de se ressaltar que o contrato de representação comercial foi cumprido à risca, e nenhuma tentativa de prova em contrário foi capaz de desconstituí-lo. 
A Lei 4.886/65 foi observada em seu inteiro teor na relação jurídica havida entre o reclamante e a reclamada.
Os aspectos explorados na tese recursal, demonstram apenas o inconformismo exacerbado, uma vez que restou claro que a relação havida entre o autor e a reclamada jamais poderia configurar uma relação de emprego, nos moldes da legislação trabalhista. Ademais, a exclusividade, onerosidade, pessoalidade, não eventualidade, não são incompatíveis com a atividade de representante comercial, como define a Lei 4886/65 e suas alterações redacionais posteriores.
Por brevidade, ficou constatado que o Recorrente agia com total autonomia e liberdade, não estava presente a subordinação jurídica, elemento crucial para a caracterização da relação de emprego suscitada na exordial. RUBENS REQUIÃO (in Nova Regulamentação da Representação Comercial, JM Livraria Jurídica, 1993, p. 28-32), assinala quais são as características jurídicas da relação de Representante Comercial, quais sejam:
"a) atividade empresarial;
 b) não eventualidade das prestações;
 c) a mediação para a realização de negócios mercantis;
 d) autonomia da atividade do agente."
Ainda, vejamos a lição do mesmo jurista ao discorrer sobre o tema:
"O contrato de representação comercial autônoma também não se confunde com o contrato de trabalho que, nos termos do Art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, se tipifica quando uma pessoa física presta trabalho permanente, ou não eventual, mediante salário e sob regime de subordinação. É justamente este último elemento que estabelece a diferença entre os dois tipos contratuais. Nocontrato de representação comercial, qualificada como autônoma pela Lei, não há a subordinação, isto é, o representante comercial não fica sob o comando estrito, no sentido jurídico, do representado, que não tem o direito de controlar o tempo de atividade daquele, por exemplo impondo-lhe horários, ou práticas de atos compulsoriamente determinados, em regime de constrição. O representante comercial é autônomo porque tem independência técnica, econômica e jurídica. A representação comercial autônoma implica, necessariamente, em liberdade de emprego de tempo, liberdade de itinerário, podendo o profissional fixar suas condições de operação ou execução do contrato sem maiores limitações. Desde que cumpridas as regras estabelecidas no contrato, o representante é livre para organizar seu método de ação. Qualificá-lo como empresário, mesmo de pequeno porte, é apropriado. Atua por conta própria (suportando custos e riscos de seu trabalho) e com capital próprio, buscando remuneração lucrativa em sua ação..."(Nova Regulamentação da Representação Comercial Autônoma, JM Livraria Jurídica, 1.993, p. 33-34).
Para ilustrar, reproduz-se jurisprudência pertinente a matéria:
REPRESENTANTE COMERCIAL AUTÔNOMO - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - RECONHECIMENTO. A Lei 4.886, de 09.12.1965, alterada pela Lei 8.420/92, conceitua a figura do representante comercial autônomo e estabelece, em linhas gerais, como se constitui e desenvolve o contrato de representação comercial, com os direitos e obrigações dele decorrentes. Por força dessa disciplina legal, uma tênue linha divisória separa o representante comercial autônomo do trabalhador submetido a vínculo empregatício. E do exame dos elementos fáticos da realidade em que houve a prestação de serviços é que se poderá aferir sob qual égide se desenvolveu o contrato, a trabalhista ou a de representação autônoma. Desse modo, a intensidade da ingerência empresarial sobre as atividades do laborista é fator preponderante para determinar se não foram ultrapassados os limites estabelecidos na disciplina legal própria, adentrando-se na seara do contemplado pela CLT. E o desvirtuamento do contrato de representação comercial configura-se se a prova dos autos revela que a atuação do trabalhador na relação jurídica manteve-se nos moldes previstos no artigo 3º da CLT, o que atrai o pretendido reconhecimento da relação de emprego. (RO nº 1259/2010-136-03-00.0, 8ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Denise Alves Horta. DEJT 08.08.2011).
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL X VÍNCULO DE EMPREGO. Os elementos contidos nos autos não permitem reconhecer que a relação jurídica havida entre as partes ocorreu nos moldes previstos na CLT. Desse modo, prevalece que o reclamante prestou serviços à reclamada na condição de representante comercial autônomo, em conformidade com o previsto na Lei nº 4.886/65. Recurso ordinário do reclamante ao qual se nega provimento. (RO nº 374/2010-152-03-00.6, 5ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Convocado Maurílio Brasil. unânime, DEJT 25.03.2011).
VÍNCULO DE EMPREGO X REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA. A distinção existente entre a representação comercial autônoma e o vínculo empregatício deve ser examinada sob o prisma da subordinação jurídica, isto é, se a intensidade da intervenção da representada nas atividades do representante, ultrapassa, ou não, os limites estabelecidos pela Lei 4.886/65, alterada pela Lei 8.420/92, adentrando a seara do art. 3º celetizado. No caso, o conjunto probatório dos autos demonstra que o vínculo firmado entre as partes foi de representação comercial e não de emprego nos moldes do art. 3º da CLT. (RO nº 984-43.2010.5.07.0024, 1ª Turma do TRT da 7ª Região/CE, Rel. Dulcina de Holanda Palhano. unânime, DEJT 01.04.2011).
 REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA E RELAÇÃO DE EMPREGO. É tênue a diferença entre o trabalho prestado pelo representante comercial autônomo e o vendedor-empregado. A subordinação jurídica é o diferencial determinante. No caso dos autos, tendo a reclamada negado a relação de emprego, mas admitido a prestação de serviços como representante comercial autônomo, atraiu para si o ônus da prova quanto à existência deste contrato de representação comercial, sendo que de tal ônus não se desincumbiu a contento. (RO nº 1857/2010-041-03-00.6, 1ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Maria Laura Franco Lima de Faria. unânime, DEJT 09.06.2011).
REPRESENTANTE COMERCIAL AUTÔNOMO - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - NÃO RECONHECIMENTO. A Lei 4.886, de 09.12.1965, alterada pela Lei 8.420/92, conceitua a figura do representante comercial autônomo e estabelece, em linhas gerais, como se constitui e desenvolve o contrato de representação comercial, com os direitos e obrigações dele decorrentes. Por força dessa disciplina legal, uma tênue linha divisória separa o representante comercial autônomo do trabalhador submetido a vínculo empregatício. E do exame dos elementos fáticos da realidade em que houve a prestação de serviços é que se poderá aferir sob qual égide se desenvolveu o contrato, a trabalhista ou a de representação autônoma. Desse modo, a intensidade da ingerência empresarial sobre as atividades do laborista é fator preponderante para determinar se não foram ultrapassados os limites estabelecidos na disciplina legal própria, adentrando-se na seara do contemplado pela CLT. E o desvirtuamento do contrato de representação comercial não se configura se a prova dos autos revela que a atuação do trabalhador na relação jurídica manteve-se nos moldes previstos na referida lei, o que afasta o pretendido reconhecimento da relação de emprego. (RO nº 1574/2009-057-03-00.6, 8ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Denise Alves Horta. unânime, DEJT 20.08.2010 ). 
DIREITO DO TRABALHO - RECURSO ORDINÁRIO - REPRESENTANTE COMERCIAL - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - NÃO CONFIGURAÇÃO. A ausência de subordinação jurídica inviabiliza o reconhecimento de vínculo empregatício. A partir da vigência da Lei 8.420/92, certos elementos a que os tribunais outrora se apegavam para caracterizá-la tornaram-se comuns ao representante comercial autônomo e ao empregado viajante ou pracista, conforme se deflui dos arts. 27, 28 e 29 da Lei 4.886/65. Sem prova de fraude ou vício na declaração de vontade, não há fazer tábula rasa de negócio jurídico perfeito e acabado. Apelo a que se nega provimento. (RO nº 0062600-86.2009.5.06.0313, 1ª Turma do TRT da 6ª Região/PE, Rel. Convocado Aline Pimentel Gonçalves. j. 04.03.2010, unânime, DEJT 30.03.2010).
Assim, Excelências, não há como se acolher relação de emprego, devendo ser mantida na íntegra a decisão de primeiro grau, pelo que requer seja negado provimento ao recurso interposto.
N. Termos,
P. E. Deferimento,
________________, UF, __ de _________ de 200_.
p.p. __________
OAB/UF n° ____