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Romantismo (Aspectos Teóricos e poesia) Prof. Mariana Neto Página 1 de 7 1. (Unesp 2019) Tal movimento não era apenas um movimento europeu de caráter universal, conquistando uma nação após outra e criando uma linguagem literária universal que, em última análise, era tão inteligível na Rússia e na Polônia quanto na Inglaterra e na França; ele também provou ser uma daquelas correntes que, como o Classicismo da Renascença, subsistiu como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, não existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impressão ou estado de espírito do homem moderno, que não deva sua sutileza e variedade à sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento. Toda exuberância, anarquia e violência da arte moderna, seu lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocêntrica tornou-se de tal modo natural para nós, tão absolutamente inevitável, que nos parece impossível reproduzir sequer uma sequência abstrata de pensamento sem fazer referência aos nossos sentimentos. (Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento denominado a) Barroco. b) Arcadismo. c) Realismo. d) Romantismo. e) Simbolismo. 2. (Espcex (Aman) 2018) Sobre o Romantismo no Brasil, marque a afirmação correta. a) A arte romântica pôs fim a uma tradição clássica de três séculos e dá início a uma nova etapa na literatura, voltada aos assuntos contemporâneos - efervescência social e política, esperança e paixão, luta e revolução - e ao cotidiano do homem burguês. b) O lema da bandeira brasileira "Ordem e Progresso" é nitidamente marcado pelos ideais românticos: parte da suposição de que é necessário ordem social para que haja o progresso da sociedade. c) O romantismo era um movimento antimaterialista e antirracionalista, que usava símbolos, imagens, metáforas e sinestesias com a finalidade de exprimir o mundo interior, intuitivo e antilógico. d) O movimento inspirou-se em uma lendária região da Grécia Antiga, dominada pelo deus Pan e habitada por pastores, que viviam de modo simples e espontâneo e se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer. e) O estilo romântico registra o espírito contraditório de uma época que se divide entre as influências do Renascimento - o materialismo, o paganismo e o sensualismo - e da onda de religiosidade trazida sobretudo pela Contrarreforma. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Para responder à(s) questão(ões), considere o texto abaixo. Os poetas do nosso Romantismo atestam diferentes estações do nosso nacionalismo e das ideias, dominantes ou libertárias, que vicejaram ao longo do século XIX. Há em Gonçalves Dias uma exaltação do índio, que não hesitou em dotar de algumas virtudes aristocráticas caprichosamente combinadas com as da vida natural; há em Castro Alves o voo de condor para ideais humanistas, em combate aos horrores da escravidão. Mesmo o lirismo intimista de um Álvares de Azevedo não deixa de ecoar algo dos mestres europeus que, como Byron ou Victor Hugo, ampliam os contornos da vida subjetiva para que ela venha a ocupar o centro de um palco público, interpretando sentimentos e aspirações da época. DOMIGUES, Alaor, inédito. 3. (Puccamp 2018) Do quadro apresentado nesse texto, depreende-se que nossa poesia romântica: a) não apenas mostrou sua independência em relação aos modelos europeus como, de fato, chegou a superá-los. b) manifestou-se qual um painel de temas, estilos e ideias capazes de representar variadas gamas do Romantismo. c) direcionou-se sobretudo para o fortalecimento do nosso desejo de emancipação do domínio estrangeiro. d) aferrou-se aos domínios da subjetividade, deixando em segundo plano os ideais propriamente históricos. e) os temas libertários universais foram abraçados sem que neles se divisasse a presença de qualquer inflexão local. 4. (Puccamp 2018) O que nesse texto se afirma sobre Gonçalves Dias é extensivo à prosa de a) Manuel Antônio de Almeida, quando se pensa na inflexão histórica que este deu à sua obra. b) Machado de Assis, em cujos livros expandiu-se igualmente o anseio de afirmação nacional. c) José de Alencar, quando se pensa em sua ficção voltada para os mitos fundadores e para a natureza. d) Raul Pompeia, por conta do caráter intimista e autobiográfico de seu principal romance. e) Bernardo Guimarães, tendo em vista a dura análise que fez este dos costumes burgueses 5. (Enem 2017) Pertencente ao Romantismo, a obra de Victor Meirelles caracteriza-se como uma a) descrição dramática da guerra. b) inclinação ao retrato nacionalista. c) estilização das revoltas populares. d) construção da identidade brasileira. e) representação das obras francesas. 6. (Enem PPL 2018) Talvez julguem que isto são voos de imaginação: é possível. Como não dar largas à imaginação, quando a realidade vai tomando proporções quase fantásticas, quando a civilização faz prodígios, quando no nosso próprio país a inteligência, o talento, as artes, o comércio, as grandes ideias, tudo pulula, tudo cresce e se desenvolve? Na ordem dos melhoramentos materiais, sobretudo, cada dia fazemos um passo, e em cada passo realizamos uma coisa útil para o engrandecimento do país. ALENCAR, J. Ao correr da pena. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2013. No fragmento da crônica de José de Alencar, publicada em 1854, a temática nacionalista constrói-se pelo elogio ao(à) a) passado glorioso. b) progresso nacional. c) inteligência brasileira. d) imponência civilizatória. e) imaginação exacerbada. Página 2 de 7 7. (Upe 2015) Amor Quand la mort est si belle, Il est doux de mourir. V. Hugo Amemos! Quero de amor Viver no teu coração! 2Sofrer e amar essa dor Que desmaia de paixão! Na tu'alma, em teus encantos E na tua palidez E nos teus ardentes prantos Suspirar de languidez! Quero em teus lábios beber Os teus amores do céu, Quero em teu seio morrer No enlevo do seio teu! Quero viver d'esperança, Quero tremer e sentir! Na tua cheirosa trança Quero sonhar e dormir! Vem, anjo, minha donzela, Minha'alma, meu coração! Que noite, que noite bela! Como é doce a viração! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole frescor, Quero viver um momento, 1Morrer contigo de amor! AZEVEDO, Álvares de. Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/avz.html#amor. Consultado em junho de 2014. Sobre o texto, analise as afirmativas a seguir: I. O eu lírico, nos versos do poema, expressa seus sentimentos de forma polida, cuidadosa, ponderada e sem quaisquer extremismos, razão pela qual a poesia de Álvares de Azevedo não pode ser entendida como exemplo claro de um texto dito romântico. II. Há, no poema em análise, versos que apontam a necessidade de o eu lírico amar profundamente. Esse amor é tomado por uma subjetividade também profunda, afastando-se, quase por completo, das raias da racionalidade. III. Os versos “Morrer contigo de amor” (ref. 1) e “Sofrer e amar essa dor” (ref. 2) explicitam a intensidade que o eu lírico pretende dar vida a essa relação. Temas como amor e morte são recorrentes nos textos de Álvares de Azevedo, exímio representante da poesia romântica. IV. Não apenas no texto em análise, mas também nos textos de Álvares de Azevedo, de modo geral, há uma exacerbação da objetividade dos sentimentos, espécie de refutação ao que é demasiadamente onírico e evasivo, taciturno e escapista. V. O verso “Que noite, que noite bela!” remete o leitor a perceber que o amor do eu lírico será vivenciado na sua forma mais completa e qualitativa sob a regência da Lua. Nos poemas de Álvares de Azevedo, a noite é o tempo privilegiado para o amor. Está CORRETO, apenas, o que se afirmaem a) I, II e III. b) I, III e IV. c) II, III e V. d) II, IV e V. e) III, IV e V. 8. (Insper 2014) Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito! Palor de febre meu semblante cobre, Bate meu coração com tanto fogo! Um doce nome os lábios meus suspiram (...). (Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos) Nessa passagem, há marcas textuais típicas da função emotiva da linguagem. Essas marcas estão associadas a uma característica fundamental da poesia byroniana brasileira, que é o a) egocentrismo. b) indianismo. c) medievalismo. d) nacionalismo. e) nativismo. 9. (Enem PPL 2014) Soneto Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doido que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora – é meu destino. Em treva densa Dentro do peito a existência finda Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença. Perdoa minha mãe – eu te amo ainda! AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996. A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a) a) amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico. b) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã. c) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica. d) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir. e) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante. 10. (Upe-ssa 2 2016) Em relação à produção literária de Gonçalves Dias e Castro Alves, ambos preocupados, em suas temáticas, com a problemática das etnias, que determina o homem brasileiro como ser culturalmente híbrido, analise as afirmativas e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas. ( ) A poética de Gonçalves Dias trata do homem indígena em sua essência, apresentando-o integrado aos aspectos culturais de seu grupo. ( ) A poética de Castro Alves toma como princípio a defesa dos negros, escravos que eram vendidos aos colonos no Brasil para serem explorados pelos senhores, principalmente no plantio da cana e no fabrico do açúcar. ( ) Tanto Gonçalves Dias quanto Castro Alves ficaram alheios às questões históricas brasileiras, pois produziram poemas de tonalidade épica, embora neles não fossem contempladas as temáticas indígena e abolicionista. ( ) Nos poemas líricos, eles exaltaram o sentimento amoroso de modo diversificado. Enquanto Gonçalves Dias idealiza a imagem feminina, Castro Página 3 de 7 Alves imprime-lhe um sentido sensual, o que já prenuncia o movimento posterior ao Romantismo. ( ) Na poesia condoreira de Castro Alves, o poeta descreve como os negros sã desterritorializados, os maus-tratos que sofrem nos navios negreiros e o modo como perde a liberdade ao serem vendidos como escravos aos senhores de engenho. Analise a alternativa que contém a sequência CORRETA. a) F - F - V - V - F b) V - V - V - F - F c) F - V - F - V - V d) F - F - F - F - V e) V - V - F - V - V 11. (Ufsm 2015) Por que mentias? Por que mentias leviana e bela? Se minha face pálida sentias Queimada pela febre, e se minha vida Tu vias desmaiar, por que mentias? Acordei da ilusão, a sós morrendo Sinto na mocidade as agonias. Por tua causa desespero e morro... Leviana sem dó, por que mentias? [...] Vê minha palidez ‒ a febre lenta Esse fogo das pálpebras sombrias... Pousa a mão no meu peito! Eu morro! eu morro! Leviana sem dó, por que mentias? Fonte: ÁLVARES DE AZEVEDO, 1994. p. 87. Ainda uma vez ‒ adeus! ‒ [XVIII] Lerás porém algum dia Meus versos, d'alma arrancados, D'amargo pranto banhados, Com sangue escritos; ‒ e então Confio que te comovas, Que a minha dor te apiade, Que chores, não de saudade, Nem de amor, ‒ de compaixão. Fonte: GONCALVES DIAS, 2000. p. 63-68. Uma leitura comparativa dos excertos permite afirmar que os dois eu líricos a) sentem-se imperturbados pelo sentimento amoroso não correspondido. b) realizam o amor na sua plenitude justamente porque sofrem com ele. c) censuram o descaso com que é tratado seu sentimento amoroso. d) externam prazer quanto ao sentimento amoroso que despertam. e) sentem-se satisfeitos com o sofrimento amoroso apesar da dor. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. (BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224) 12. (Puccamp 2017) Ideias liberais, tornadas públicas, entraram em conflito com a realidade escravista do Brasil, tal como se pode avaliar na força dramática que assumiram a) os poemas libertários de Castro Alves, já ao final do período romântico. b) os romances naturalistas de Aluísio Azevedo e Machado de Assis. c) as páginas de literatura documental de Antonil e Pero de Magalhães Gândavo. d) os manifestos pré-modernistas de Euclides da Cunha e Augusto dos Anjos. e) as crônicas de costumes de Olavo Bilac e João do Rio. 13. (Ufjf-pism 2016) Navio negreiro – fragmentos (Castro Alves) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . (...) VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. pp. 281-283) O texto é um fragmento do poema “Navio negreiro”, de 1868, sobre o tráfico de escravos no Brasil. Por meio desse poema, o autor faz uma crítica à sociedade brasileira e à política do Império, responsáveis pela manutenção de um regime escravista. A figura que sustenta metaforicamente essa crítica é: Página 4 de 7 a) a bandeira nacional. b) a providência divina. c) a força da natureza. d) a inspiração da musa. e) a nobreza dos selvagens TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto abaixo. Há no Romantismo nacional uma expressão evidente do culto da nacionalidade, o qual,tomado num sentido mais amplo, se manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e determina a exaltação de valores e tradições. Esse sentimento é tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época. (Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira I. Das origens ao Romantismo. São Paulo: DIFE, 1974, p. 207-208) 14. (Puccamp 2016) Deve-se depreender do texto que, no século XIX, a) há uma relação de causa e efeito entre a eclosão do movimento abolicionista e a do indianismo. b) a poesia abolicionista de um Castro Alves integra a valorização que então se empresta à luta pelos direitos humanos. c) a riqueza do teatro, da ficção e da poesia da época é integralmente devedora do sentimento nacionalista. d) é a retomada de valores e tradições do século anterior que dá base às conquistas do Romantismo. e) os ideais abolicionistas foram decisivos para a estabilização dos gêneros da poesia, do teatro e da ficção no Brasil. 15. (Espm 2018) I-Juca Pirama (Gonçalves Dias) No meio das tabas de amenos verdores, Cercado de troncos – coberto de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, e nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão. São rudos, severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já cantam vitória, Já meigos atendem à voz do cantor: São todos Timbiras, guerreiros valentes! Seu nome lá voa na boca das gentes, Condão de prodígios, de glória e terror! Fundado pelo regente Araújo Lima, o Instituto Histórico e Geográfico contou com intenso apoio de D. Pedro II, que presidiu mais de 500 de suas sessões. Empenhado na construção da “identidade nacional”, o Instituto Histórico e Geográfico, sob a influência do Romantismo europeu, criou na poesia, na pintura, na literatura de ficção um mito a que se deu o nome de: a) Bandeirismo; b) Medievalismo; c) Ascetismo; d) Tropicalismo; e) Indianismo. 16. (Unifesp 2012) Leia o poema de Almeida Garrett. Seus olhos Seus olhos – se eu sei pintar O que os meus olhos cegou – Não tinham luz de brilhar, Era chama de queimar; E o fogo que a ateou Vivaz, eterno, divino, Como facho do Destino. Divino, eterno! – e suave Ao mesmo tempo: mas grave E de tão fatal poder, Que, um só momento que a vi, Queimar toda alma senti... Nem ficou mais de meu ser, Senão a cinza em que ardi. Da leitura do poema, depreende-se que se trata de obra do a) Barroco, no qual se identifica o escapismo psicológico. b) Arcadismo, no qual se identifica a contenção do sentimento. c) Romantismo, no qual se identifica a idealização da mulher. d) Realismo, no qual se identifica o pessimismo extremo. e) Modernismo, no qual se identifica a busca pela liberdade. 17. (Espm 2019) (...) O mal du siècle, a indefinível do¬ença que alanceia os românticos, que lhes enlanguesce a vontade, entedia a vida e faz desejar a morte, só poderá ser correcta¬mente entendido no contexto da odisseia do eu romântico, pois que exprime o cansaço e a frustração resultantes da impossibilidade de realizar o absoluto. (...) (Vítor Manuel de Aguiar e Silva, Teoria da Literatura, 8.ª edição, Livraria Almedina, Coimbra, 1988) A partir das considerações sobre o “mal¬-do-século”, assinale o item cujo texto não apresente as características apontadas. a) Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos laìbios meus o alento desfalece, Surda agonia o coraçaÞo fenece, E devora meu ser mortal desgosto! (Álvares de Azevedo) b) Ah!, findou para mim tão leda sorte; Agora é só feliz minha existência No mudo estado, que arremeda a morte. (Bocage) c) A filha de Araquém sentiu afinal que suas veias se estancavam; e contudo o lábio amargo de tristeza recusava o alimento que devia restaurar-lhe as forças. O gemido e o suspiro tinham crestado com o sorriso o sa¬bor em sua boca formosa. (José de Alencar, Iracema) Página 5 de 7 d) E que farias tu da vida sem a tua com¬panheira de martírio? Onde irás tu aviventar o coração que a desgraça te esmagou, sem o esquecimento da imagem desta dócil mu-lher, que seguiu cegamente a estrela da tua malfadada sorte?! (Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição) e) Eu morro qual nas mãos da cozinheira O marreco piando na agonia... Como o cisne de outrora... que gemendo Entre os hinos de amor se enternecia. (Álvares de Azevedo) 18. (Unicamp 2019) “Picado pelo ciúme, abriu o ourives seu peito à órfã, ofereceu-lhe a mão, e uma pulseira de brilhantes nela, com a condição de me esquecer. Leontina disse que sim, cuidando que mentia; mas passados oito dias admirou-se de ter dito a verdade. Nunca mais soube de mim, nem eu dela; até que, um ano depois, a criada, que a servia, me contou que a menina casara com o padrinho e que as enteadas, coagidas pelo pai, se tinham ido para o recolhimento do Grilo com uma pequena mesada e a esperança de ficarem pobres. Não sei mais nada a respeito da primeira das sete mulheres que amei, em Lisboa.” (Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago, p. 4. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acessado em 20/05/2018.) O excerto anterior apresenta uma síntese acerca do primeiro dos setes amores da personagem Silvestre da Silva. Considere essa experiência amorosa no contexto da primeira parte da narrativa e assinale a alternativa correta. a) A mulher é idealizada em cada caso relatado, não havendo espaço para uma ótica realista. b) A experiência amorosa recebe tratamento solene e sublime por parte das personagens. c) A personagem masculina se caracteriza pelo interesse sexual; a feminina, pela devoção ao marido. d) O protagonista da narrativa se frustra em sua crença amorosa a cada vez que se apaixona. 19. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2019) Se, na Europa, este movimento é um protesto cultural, se o “mal do século”, a saudade do paraíso perdido são as consequências da industrialização e da ascensão da burguesia; no Brasil, onde a sociedade do Império compreende apenas grandes proprietários escravocratas e uma burguesia nascente, o movimento, produto de importação, corresponde a uma afirmação nacionalista. (Paul Teyssier. Dicionário de literatura brasileira, 2003. Adaptado.) O movimento a que o texto se refere é o a) Simbolismo. b) Realismo. c) Arcadismo. d) Romantismo. e) Modernismo. 20. (Unesp 2019) Tal movimento não era apenas um movimento europeu de caráter universal, conquistando uma nação após outra e criando uma linguagem literária universal que, em última análise, era tão inteligível na Rússia e na Polônia quanto na Inglaterra e na França; ele também provou ser uma daquelas correntes que, como o Classicismo da Renascença, subsistiu como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, não existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impressão ou estado de espírito do homem moderno, que não deva sua sutileza e variedade à sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento. Toda exuberância, anarquia e violência da arte moderna, seu lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocêntrica tornou-se de tal modo natural para nós, tão absolutamente inevitável, que nos parece impossível reproduzir sequer uma sequência abstrata de pensamento sem fazer referência aos nossos sentimentos. (Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento denominado a) Barroco. b) Arcadismo. c) Realismo. d) Romantismo. e) Simbolismo. 21. (Famema 2019) Recusando as regras, os modelos e as normas, seus autores defendem a total liberdade criadora.Aos gêneros estanques opõem a sua mistura, conforme o livre-arbítrio do escritor; à ordem clássica, a aventura; ao equilíbrio racional, a anarquia, o caos; ao universalismo estético, o individualismo; ao Cosmos, o “eu” particular; o seu ego constitui a única paisagem que lhe interessa, de tal forma que a Natureza se lhe afigura mera projeção do seu mundo interior. (Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.) O comentário do crítico Massaud Moisés refere-se aos autores do seguinte movimento literário: a) Arcadismo. b) Naturalismo. c) Realismo. d) Romantismo. e) Barroco. Página 6 de 7 Gabarito: Resposta da questão 1: [D] A referência a um movimento literário universal que expandiu a sua influência até a modernidade e cuja “atitude subjetiva e egocêntrica” e “impulso emocional” persistem no presente permite concluir que se trata do Romantismo. Assim, é correta a opção [D]. Resposta da questão 2: [A] O Romantismo foi um movimento literário iniciado, no Brasil, na primeira metade do século XIX. Propunha liberdade formal, desse modo, um afastamento da tradição clássica, oposição aos padrões aristocráticos, em detrimento dos valores burgueses, e valorização da vida cotidiana e da contemporaneidade. Resposta da questão 3: [B] O indianismo e o nacionalismo presentes na poesia de Gonçalves Dias, o chamado mal do século ou byronismo na de Álvares de Azevedo e o abolicionismo e as lutas humanitárias na de Castro Alves revelam que a poesia do Romantismo brasileiro manifestou-se qual um painel de temas, estilos e ideias capazes de representar variadas vertentes, como se afirma em [B]. Resposta da questão 4: [C] As opções [A], [B], [D] e [E] citam autores cujas obras não desenvolvem temática indianista como a de Gonçalves Dias, pois [A] Manuel Antônio de Almeida, em “Memórias de um sargento de milícias”, retrata as classes média e baixa, algo muito incomum para a época, quando os romances retratavam os ambientes aristocráticos e da burguesia local; [B] a de Machado é extensa e variada, abrangendo eventos de sua época ou de cunho universal e intemporal, dissecando os mais intricados conflitos da condição humana; [D] Raul Pompeia, em “O ateneu”, critica a sociedade brasileira do final do século XIX, tomando como metáfora o colégio, um lugar onde vence sempre o mais forte; [E] Bernardo de Guimarães, representante do Romantismo regionalista brasileiro e autor de “A Escrava Isaura”, foca a escravidão dos negros no Brasil. Assim, é correta a opção [C], pois, nas obras de José de Alencar, o índio, pela bondade, nobreza e valentia de suas atitudes, ganha tons lendários e míticos à semelhança de "o bom selvagem" de Rousseau ou do cavaleiro medieval europeu, na tentativa de afirmação de identidade nacional. Resposta da questão 5: [B] A vinculação da obra de Victor Meirelles ao Romantismo, movimento estético predominante na segunda metade do séc. XIX quando ainda estava presente a euforia proveniente da Independência do país, permite deduzir que se trata de uma representação nacionalista. A reconstrução visual de eventos históricos importantes como a batalha travada entre o Exército da Holanda e os defensores do Império Português no Morro dos Guararapes visa à exaltação da nacionalidade, como se afirma em [B]. Resposta da questão 6: [B] No fragmento da crônica de José de Alencar, “Ao correr da pena”, publicada em 1854, são inúmeras as referências ao crescimento cultural, social e econômico experimentado pela sociedade brasileira da época, o que permite deduzir que a temática nacionalista vai sendo construída pelo elogio ao progresso nacional, como se transcreve em [B]. Resposta da questão 7: [C] As proposições I e IV são incorretas, pois [I] o eu lírico expressa seus sentimentos de forma intensa, carregada de subjetividade, o que caracteriza a poesia de Álvares de Azevedo, filiado à Segunda Geração do Romantismo brasileiro, também denominado Ultrarromantismo. [IV] nos poemas de Álvares de Azevedo, de modo geral, existe expressão de subjetividade intensa que emerge das emoções e devaneios do eu lírico, exacerbados pelo uso da imaginação. Resposta da questão 8: [A] [A] Correta. O egocentrismo era uma das características principais da segunda geração modernista, representada, sobretudo, por Álvares de Azevedo e destacada pelos verbos subjetivos utilizados na primeira pessoa, enfatizando as dores do amor platônico, também uma outra característica da poesia Romântica da segunda geração. [B] O indianismo pertence à primeira geração romântica. [C] O medievalismo foi mais trabalhado na primeira fase do Romantismo europeu, substituído pelo indianismo local. [D] O nacionalismo é característica do primeiro movimento Romântico no Brasil. [E] Qualquer menção nativista não pertence à poesia byroniana brasileira. Resposta da questão 9: [E] Cabe lembrar, que a fixação do eu lírico com relação à morte não foi motivada apenas por motivos estéticos, mas também pelo fato do poeta ter contraído tuberculose ainda muito jovem, morrendo aos vinte anos, pouco antes de completar vinte e um. Por ter adoecido precocemente, pouco conheceu da vida e do amor, conhecendo apenas o da mãe e da irmã. Essa fatalidade em sua vida foi registrada em versos no único livro de poesia que deixou: A Lira do Vinte Anos. Resposta da questão 10: [E] I. Verdadeiro. Gonçalves Dias é representante da 1ª geração romântica brasileira, cuja preocupação era mostrar o heroísmo do indígena e sua cultura, como tão bem representa em I-Juca Pirama. II. Verdadeiro. Castro Alves é representante da 3ª geração romântica brasileira, cujo objetivo era defender a causa abolicionista. Para tanto, recorre a imagens um tanto hiperbólicas com a intenção de sensibilizar o público. III. Falso. Os autores, como explicado nos itens anteriores, fazem da poesia uma forma de divulgar a história brasileira. IV. Verdadeiro. Gonçalves Dias idealiza a amada, com índices de subjetividade; já Castro Alves, afastando-se dos tradicionais moldes românticos, ainda supervaloriza a mulher amada, porém menção direta à sensualidade. Em Castro Alves, portanto, coexistem valores subjetivos e objetivos – estes relacionados ao estilo posterior, o Realismo. Página 7 de 7 V. Verdadeiro. Tal abordagem se faz presente em obras como Os Escravos e O Navio Negreiro. Resposta da questão 11: [C] Em ambos os trechos, o eu lírico não aceita a forma pela qual é tratado pela amada. Em “Por que mentias? Por que mentias, leviana e bela?”, a voz poemática questiona o comportamento da amada, que não se compadece perante o sofrimento dele. Já em Ainda uma vez ‒ adeus! ‒ [XVIII], o eu lírico implora por atenção da amada, mesmo que ela leia seus versos apenas no futuro. Resposta da questão 12: [A] É correta a opção [A], pois Castro Alves, principal expoente da terceira geração do Romantismo brasileiro, também denominada condoreira, denunciou em suas poesias a crueldade da escravidão e foi intransigente na defesa das grandes causas pela liberdade. Resposta da questão 13: [A] A bandeira nacional é evocada por representar a nação e o povo brasileiro responsável pela manutenção da crueldade que foi a escravidão no país. Resposta da questão 14: [B] O texto apresentado menciona os “direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época”, o que será tema constante da 3ª geração romântica, principalmente nos versos de Castro Alves. As demais alternativas estão incorretas pois: em [A], não há relação de causa e efeito entre abolicionismo e indianismo: trata-se de temas nacionalistas românticos, típicos, respectivamente, da 3ª e da 1ª geração; em [C], a temática desenvolvida por tais obras foi predominantemente ultrarromântica; em [D],não houve retomada de valores árcades, e sim sua superação; em [E], o Romantismo já era um movimento consolidado quando a temática abolicionista se fez presente. Resposta da questão 15: [E] O indianismo valorizava o mito da nacionalidade de caráter indígena, destacando, sempre, as virtudes indígenas, como a bondade, a bravura e a inocência. Resposta da questão 16: [C] Na estética romântica, a figura da mulher é idealizada, oscilando entre duas tendências: ora é purificadora do coração do amante, capaz de enobrecer sua alma, aproximando-o de Deus, ora é possuidora de encanto mágico que o seduz, consome e leva à perdição e loucura. No poema de Almeida Garrett, os paroxismos presentes em “tinham luz de brilhar” X ”Era chama de queimar” e “vivaz”X”fatal” caracterizam a mulher como um ser divinal e ao mesmo tempo desencadeador de paixões que levam à aniquilação do ser (“Divino, eterno! – e suave/Ao mesmo tempo”, “Nem ficou mais de meu ser,/Senão a cinza em que ardi”). Assim, é correta a opção [C]. Resposta da questão 17: [E] Todos os excertos apresentam características citadas por Vítor Manuel de Aguiar e Silva, exceto o transcrito em [E]. Embora romântico, o poema antecipa traços modernos: emprego de imagens cotidianas, ironia e sátira na comparação do eu lírico com um marreco. Resposta da questão 18: [D] É correta a opção [D], pois Silvestre Silva, sempre que se relacionava com uma mulher, idealizava-a, para, em seguida, se decepcionar e ser obrigado a adotar uma perspectiva realista sobre cada uma. Resposta da questão 19: [D] As referências ao contexto histórico europeu em que se desenvolveu um movimento artístico associado ao “mal do século” e “saudade do paraíso perdido”, assim como ao do Império brasileiro em que a sociedade escravocrata e a burguesia nacional sentiam necessidade de afirmação nacionalista permitem deduzir que o texto se refere ao Romantismo. Resposta da questão 20: [D] A referência a um movimento literário universal que expandiu a sua influência até a modernidade e cuja “atitude subjetiva e egocêntrica” e “impulso emocional” persistem no presente permite concluir que se trata do Romantismo. Assim, é correta a opção [D]. Resposta da questão 21: [D] O Romantismo é o estilo literário apresentado pelo crítico literário, destacando elementos como “a total liberdade criadora” (afastando-se dos padrões neoclássicos), a valorização “(d)o eu particular” (subjetivismo) e a Natureza como “mera projeção do seu mundo interior”.