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02 26 (Filosofia - Caderno 1) [Tetra e Medicina]

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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 1 de 23 
Filosofia – Caderno 1 
 
Planejamento das aulas para o ano letivo de 2019 
(turmas Tetra e Medicina) 
 
- CADERNO 1 (10 aulas): da semana 1 à semana 5 
 
Semana 1: Introdução à Filosofia: a atitude filosófica; Do 
mito ao logos 
 
Semana 2: Introdução à Sociologia: a imaginação 
sociológica. Contexto histórico e científico do surgimento da 
Sociologia; o Positivismo 
 
Semana 3: Pré-socráticos e a Cosmologia 
 
Semana 4: Émile Durkheim e o método sociológico 
 
Semana 5: Democracia ateniense: Sócrates e sofistas 
 
Semana 6: Marx, Engels e o materialismo histórico dialético 
 
Semana 7: Platão 
 
Semana 8: Max Weber / Simmel 
 
Semana 9: Aristóteles 
 
Semana 10: Sociologia brasileira I 
 
Semana 11: Helenismo 
 
Semana 12: Sociologia brasileira II 
 
Semana 13: Filosofia Medieval 
 
Semana 14: Antropologia e o estudo da cultura 
 
Semana 15: Renascimento e a revolução científica 
 
Semana 16: Maquiavel e as teorias contratualistas 
 
Semana 17: Racionalismo: Descartes 
 
Semana 18: Iluminismo, liberalismo e teorias sobre a 
democracia 
 
Semana 19: Empirismo Inglês 
 
Semana 20: Ideologia 
 
Semana 21: Kant e o Criticismo 
 
Semana 22: Escola de Chicago, Norbert Elias e Pierre 
Bourdieu 
 
Semana 23: Ética (Universalismo, Utilitarismo e 
neoaristotelismo) 
 
Semana 24: Hegel e Schopenhauer 
 
Semana 25: Nietzsche e Freud 
 
Semana 26: Escola de Frankfurt I 
(Adorno/Horkheimer/Benjamin) 
 
Semana 27: Escola de Frankfurt II (Marcuse / Habermas e 
Hannah Arendt) 
 
Semana 28: Existencialismo (Sartre e Simone de Beauvoir) 
 
Semana 29: Pós-modernidade e globalização (Giddens, 
Harvey e Bauman) 
 
Semana 30: Pós-modernidade e pós-estruturalismo 
(Foucault, Deleuze e Lipovetsky) 
 
Bibliografia de apoio: 
 
- Material didático do Sistema Poliedro – Filosofia (volume 
único) e Sociologia (volume único) 
 
- Convite à Filosofia – Marilena Chauí 
 
- Introdução à História da Filosofia – Danilo Marcondes 
 
- Filosofar com textos: temas e história da filosofia – Maria 
Lúcia de Arruda Aranha 
 
- Diálogo: primeiros estudos em Filosofia – Ricardo Melani 
 
- Sociologia em movimento – Editora Moderna (vários 
autores) 
 
- Sociologia: introdução à ciência da sociedade – Cristina 
Costa 
 
- Globo livros: Livro da Filosofia, Livro da Sociologia, Livro 
da Política 
 
- Textos básicos de Sociologia: de Karl Marx a Zygmunt 
Bauman – Celso Castro 
 
- Textos básicos de Ética – Danilo Marcondes 
_______________________________________________ 
 
SEMANA 1 – Introdução à Filosofia 
 
As primeiras aulas do curso serão destinadas a 
explanações básicas sobre o que é Filosofia e ao 
reconhecimento de conceitos fundamentais ao fazer 
filosófico. Procuraremos entender o contexto em que essa 
disciplina emerge no mundo ocidental, a relação entre o 
conhecimento filosófico e o conhecimento cosmogônico 
(relacionado às tradições culturais, religiosas e aos mitos) e 
as proposições teóricas dos primeiros filósofos, conhecidos 
como pré-socráticos, que inauguram um campo de estudos 
chamado de Cosmologia ao mesmo tempo em que abrem 
às portas para a jornada da Filosofia. 
 
1. Atitude Filosófica 
 
O que é Filosofia? 
 
“O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, 
em outras palavras, que se serve da razão para tentar 
pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar 
da sabedoria ou da felicidade. (...) Nunca é cedo ou tarde 
demais para filosofar, dizia Epicuro (...) Digamos que só é 
tarde demais quando já não é possível pensar mais de 
modo algum Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar 
sem mais tardar.” 
André Comte-Sponville – Dicionário Filosófico 
 
“Foi, com efeito, pela admiração que os homens, assim 
hoje como no começo, foram levados a filosofar. (...) Pelo 
que, se foi para fugir à ignorância que filosofaram, claro está 
que procuravam a ciência pelo desejo de conhecer, e não 
em vista de qualquer utilidade.” 
Aristóteles. IN:REALE, Giovanni (Ed.). Metafísica. 
São Paulo: Loyola, 2002. 
 
 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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“Imaginemos, portanto, alguém que tomasse a decisão 
de não aceitar as opiniões estabelecidas e começasse a 
fazer perguntas que os outros julgam estranhas e 
inesperadas. Em vez de “Que horas são?” ou “Que dia é 
hoje?”, perguntasse “O que é o tempo?”. Em vez de dizer 
“Está sonhando!” ou “Ficou maluca!”, quisesse saber “O 
que é o sonho, a loucura, a razão?”. Alguém que tomasse 
essa decisão estaria tomando distância da vida cotidiana e 
de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças 
e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa 
existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a 
si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que 
cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são 
nossas crenças e sentimentos. Esse alguém estaria 
começando a cumprir o que dizia o oráculo de Delfos: 
“Conhece-te a ti mesmo”. Marilena Chauí, Convite à 
Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2003 – pp. 16 e 17. 
“Desde que há Estado – da cidade grega às burocracias 
contemporâneas – a ideia de verdade sempre se voltou, 
finalmente, para o lado dos poderes. Por conseguinte, a 
contribuição específica da filosofia que se coloca a serviço 
da liberdade, de todas as liberdades, é a de minar, pela 
análise que ela opera e pelas ações que ela desencadeia, 
as instituições repressivas e simplificadoras: quer se trate 
da ciência, do ensino, da tradução, da pesquisa, da 
famílias, da política, do fato carcerário, dos sistemas 
burocráticos, o que importa é fazer aparecer a máscara, 
arrancá-la, deslocá-la...” François Chatelet. História da 
filosofia: ideias, doutrinas. Rio de Janeiro: Zahar. 
 
 
 
Todos carregamos uma série de “verdades” baseadas em 
nossas crenças cotidianas. Mas será que as coisas são do 
modo como percebemos e acreditamos conhecer? 
 
O questionamento filosófico pode começar da dúvida do 
que vemos em nós mesmos, nossa autoimagem: 
 
 
 
Ou de questionamentos sobre questões que muitas vezes 
tomamos como naturais: 
O que é felicidade? Como devo agir para alcançá-la? 
 
A consciência humana é permeada por crenças, ideologias 
e concepções de senso comum. Algumas das primeiras 
questões que inquietavam os filósofos da antiguidade 
diziam respeito justamente à nossa capacidade de 
conhecer a verdade: 
Somos capazes de conhecer a realidade? Daquilo que 
conhecemos, o que pode ser tomado como verdade? Será 
que somos o que pensamos ser? Como distinguir essência 
de aparência? 
 
Os conceitos que seguem evidenciam formas de nos 
relacionarmos com o conhecimento: 
 
DOGMATISMO: atitude presente em quem parte da crença 
de que o mundo existe e é exatamente da forma como o 
percebemos. Senso prático: a realidade natural, cultural, 
política e social forma uma espécie de moldura em um 
quadro em cujo interior nos instalamos e existimos. 
Tendência a não duvidar dos padrões estabelecidos. 
 
CETICISMO: vertente filosófica para a qual a razão humana 
é incapaz de conhecer a realidade em sua plenitude. Hábito 
de duvidar e tendência a não aceitar noções de verdade 
tratadas como absolutas. 
 
SENSO COMUM: Conjunto de opiniões, ideias e 
concepções que, prevalecendo em um determinado 
contexto social, se impõem como naturais e necessárias, 
não evocando geralmente reflexões e questionamentos. 
 
ATITUDE FILOSÓFICA: hábito de refletir e questionar 
aspectos da realidade percebida; senso crítico e 
problematizador. Normalmente a atitude filosófica parte da 
admiração, do espanto ou do estranhamento, o que nos 
leva a questionar, refletir e buscar respostas com base no 
exercício de nossa racionalidade. 
 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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Por que filosofar? 
 
− Para não aceitarmos tudo de imediato, sem reflexão. 
− Para não nos contentarmos com uma visão banalizada 
da realidade. 
− Para conseguirmos desmascarar a relação entre 
aparência everdade. 
− Para não naturalizarmos as opressões presentes no 
mundo em vivemos. 
 
Interdisciplinaridade: 
 
Arte Conceitual 
 
 
Jenny Holzer, Inglaterra, 1988. 
 
 
Cildo Meireles – Inserções em Circuitos Ideológicos. 
Projeto Coca-Cola; 1970. 
 
− Do Mito ao Logos 
 
O surgimento da Filosofia coincide com o início de um 
processo de racionalização das interpretações para os 
fenômenos naturais e humanos. Os primeiros filósofos 
confiam a autoridade do conhecimento à razão humana e 
começam a abandonar explicações fantásticas ou 
religiosas, assumindo o pressuposto, muito caro à ciência 
moderna, de que há causas naturais para os fenômenos 
observados e que estas podem ser conhecidas por meio da 
contemplação e do raciocínio lógico. 
A origem da palavra filosofia remete ao filósofo pré-
socrático Pitágoras de Samos. Seu significado seria 
apresso ou amor pela sabedoria. 
Mito 
 
Todas as culturas tendem a narrar sua história e a explicar 
o mundo e a origem das coisas. Ao fazer isso, atribuem 
significado à existência e ordenam o caos. A palavra mito 
(do grego mythós) significa história ou narrativa e remete às 
abordagens tradicionais de povos ancestrais. Em tese, os 
mitos são a base das religiões que aos poucos se 
estruturam e transmitem os valores fundamentais de cada 
cultura. 
Características fundamentais dos mitos: 
− Apresentam-se comumente como genealogias: 
narrativas sobre a origem do mundo e das coisas; 
− autoridade religiosa do “narrador”: as narrativas 
míticas dependem de contatos sobrenaturais com a 
Verdade; 
− construção alegórica e sentido simbólico: dificilmente 
os mitos se demostram no mundo de modo literal; 
− simbolizam um determinado código de ética, maneiras 
de se comportar fixadas na tradição de um povo; 
 
As epopeias de Homero, por exemplo, que narram e 
eternizam os mitos gregos, revelam a proeza dos deuses e 
dos antepassados, transmitem valores culturais e 
expressam concepções de vida e virtude fundamentais 
àquela cultura. 
“Sem dúvida, o poeta, o adivinho, o sábio, as seitas de 
mistério e de iniciação mágico-religiosa não desaparecem 
subitamente, mesmo porque a polis não nasce 
subitamente. Tanto assim que os primeiros filósofos – como 
Tales de Mileto, Heráclito de Éfeso, Pitágoras de Samos e 
mesmo um clássico, como Platão – ainda aparecem ligados 
a grupos e seitas de mistérios religiosos, ao mesmo tempo 
em que estão envolvidos nas discussões e decisões 
políticas de suas cidades.” 
Marilena Chauí. Introdução à História da Filosofia: dos pré-socráticos 
a Aristóteles. São Paulo: Brasileiense, 199 
 
− Condições históricas para o surgimento da Filosofia 
 
Algumas condições peculiares encontradas na Grécia 
antiga são precedentes importantes ao florescimento da 
filosofia. Dentre essas condições, podemos ressaltar o 
caráter antropocêntrico da cultura grega, marcante nas 
artes e na própria religião, e a formação das Polis, o que dá 
destaque à vida urbana. Nas cidades as regras passam a 
ser pensadas de modo mais objetivo (aplicado) e o papel 
de explicar a realidade deixa de estar vinculado 
exclusivamente às lideranças com dotes proféticos (poetas 
ou sacerdotes). É comum observarmos, ao longo da 
história, um significativo desenvolvimento da matemática, 
da astronomia e das tecnologias aplicadas à vida cotidiana 
à medida que as cidades se desenvolvem e crescem. Isso 
acontece na Mesopotâmia e no Egito, por exemplo. Na 
Grécia, a proeminência da vida urbana é condição 
essencial para o desenvolvimento de uma cultura mais 
antropocêntrica relacionada ao florescimento da filosofia. O 
conhecimento aplicado e o debate racional são elementos 
marcantes do apogeu desta cultura que será uma das 
bases mais importantes dos valores ocidentais. Nesse 
processo histórico, algumas características são marcantes: 
 
 
 
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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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− século VIII a.C.: o poeta Hesíodo propõe, em sua 
Teogonia, uma humanização e organização racional dos 
mitos; 
− proeminência da vida urbana: surgimento da Polis 
(séculos VIII e VII a.C.); 
− disseminação do uso da moeda e da escrita 
(demonstram uma maior capacidade de abstração); 
− século V a.C. - democracia ateniense: tomada de 
decisão pública, debate entre os cidadãos; exposição 
pública de ideias (argumentação lógica); princípio de 
igualdade entre os cidadãos. 
_______________________________________________ 
 
Textos Complementares 
 
1. O nascimento do amor - O Banquete, 203b-204b, 
Platão 
 
De que pai ele nasceu, perguntei, e de que mãe? – É 
uma história um tanto longa; mesmo assim vou contá-la a 
ti. No dia em que Afrodite nasceu, os deuses deram um 
banquete. Com eles estava o filho de Métis, Poros. Depois 
do Jantar, Penia tinha vindo mendigar, o que é natural num 
dia de abundância de comidas e bebidas, e mantinha-se 
perto da porta. Poros, que se tinha embriagado com néctar 
(pois o vinho não existia ainda), entrou no jardim de Zeus e, 
entorpecido, adormeceu. Penia, na sua penúria, teve a ideia 
de ter um filho de Poros; deitou-se junto a ele e concebeu o 
Amor. É por isso que o Amor se tornou companheiro de 
Afrodite e seu servidor. Concebido por ocasião das festas 
pelo nascimento dela, por sua própria natureza, ama o belo 
– a Afrodite é bela. Então, sendo filho de Poros e de Penia, 
o Amor acha-se na seguinte situação: por um lado, é 
sempre pobre, e, longe de ser delicado e belo como 
acredita a maioria das pessoas, é, pelo contrário, rude, 
desagradável, caminha pelo mundo de pés descalços, não 
tem morada, dorme sempre no chão duro, ao ar livre, perto 
das portas e nos caminhos, pois puxou à mãe; e a 
necessidade acompanha-o sempre. Por outro lado, a 
exemplo de seu pai, está sempre à espreita do que é belo 
e do que é bom; é viril, resoluto, ardente, é um caçador de 
primeira ordem, está sempre inventando manhas; aspira ao 
saber e sabe encontrar as passagens que o levam a ele; 
passa todo o tempo de sua vida filosofando; é um 
maravilhoso feiticeiro, e mágico, e sofista. É preciso 
acrescentar ainda que, por natureza, não é imortal nem 
mortal. Num mesmo dia, ora floresce e vive, ora morre; 
depois revive quando por ele perpassam os recursos que 
deve à natureza de seu pai, mas o que se passa nele, 
incessantemente, lhe escapa; assim sendo, o Amor não 
está jamais na indigência nem na opulência. Por outro lado, 
mantém-se entre o saber e a ignorância; e eis o que 
acontece: nenhum deus se ocupa em filosofar nem deseja 
se tornar sábio, pois já o é. E, de uma maneira geral, 
quando se é sábio não se filosofa; mas os ignorantes, 
também eles, não filosofam e não desejam se tornar sábios. 
É isso justamente que é deplorável na ignorância: não se é 
belo, nem bom, nem inteligente e, no entanto, se acredita 
sê-lo. Não se deseja uma coisa quando não sesente a sua 
falta. – Quem são, Diotima, perguntei, os que filosofam, se 
não são nem os sábios nem os ignorantes? – É muito claro, 
respondeu, até uma criança o veria imediatamente: os que 
se encontram entre os dois; e o Amor deve estar entre eles. 
A ciência, com efeito, está incluída entre as coisas mais 
belas; ora, o Amor é amor pelo belo; impõe-se, portanto, 
que o Amor seja filósofo e, por ser filósofo, que esteja no 
meio-termo entre o sábio e o ignorante. A causa disso está 
na origem, pois ele nasceu de um pai sábio e cheio de 
recursos e de uma mãe desprovida tanto de ciência quanto 
de recursos. É essa, meu caro Sócrates, a natureza desse 
demônio. 
(PLATÃO. Obras Completas: O Banquete, 203b-204b.) 
 
2. A Filosofia no Mundo – Karl Jaspers 
 
Mas como se põe o mundo em relação com a filosofia? 
Há cátedras de filosofia nas universidades. Atualmente, 
representam uma posição embaraçosa. Por força da 
tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no 
fundo, objeto de desprezo. A opinião corrente é a de que a 
filosofia nada tem a dizer e carece de qualquer utilidade 
prática. 
A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é 
demasiado complexa; não a compreendo; está além de 
meu alcance: não tenho vocação para ela; e, portanto, não 
me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil o 
interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe 
abster-se de pensar no plano geral para mergulhar, através 
de trabalho consciencioso, num capitulo qualquer de 
atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, bastará ter 
“opiniões” e contentar-se com elas. 
A polêmica torna-se encarniçada. Um instinto vital, 
ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se 
eu a compreendesse, teria de alterar minha vida, Adquiriria 
outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade 
insólita, teria de rever meus juízos. Melhor é não pensar 
filosoficamente. 
E surgem os detratores, que desejam substituir a obsoleta 
filosofia por algo de novo e totalmente diverso. Ela é 
desprezada como produto final emendas de uma teologia 
falida. A insensatez das proposições dos filósofos é 
ironizada. E a filosofia vê-se denunciada como instrumento 
servil de poderes políticos e outros. 
Muitos políticos veem facilitado seu nefasto trabalho 
pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais 
fáceis de manipular quando não pensam, mas tão-somente 
usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir 
que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, 
que a filosofia seja vista como algo entediante. 
Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto 
mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens 
arriscados a se deixar tocar pela luz da filosofia. 
Assim, a filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos 
quais não tem consciência dessa condição. A 
autocomplacência burguesa, os convencionalismos, o 
hábito de considerar o bem-estar material como razão 
suficiente de vida, o hábito de só apreciar a ciência em 
função de sua utilidade técnica, o ilimitado desejo de poder, 
a bonomia dos políticos, o fanatismo das ideologias, a 
aspiração a um nome literário – tudo isto proclama a 
antifilosofia. E os homens não o percebem porque não se 
dão conta do que estão fazendo. E permanecem 
inconscientes de que a antifilosofia é uma filosofia, embora 
pervertida, que, se aprofundada, engendraria sua própria 
aniquilação. 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 5 de 23 
O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à 
verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, 
perturbadora da paz. 
E a verdade o que será? A filosofia busca a verdade nas 
múltiplas significações do ser-verdadeiro segundo os 
modos do abrangente. 
Busca, mas não possui o significado e substância da 
verdade única. Para nós, a verdade não é estática e 
definitiva, mas movimento incessante, que penetra no 
infinito. 
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia 
leva esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. 
Em suas relações com tudo quanto existe, o filósofo vê a 
verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio 
com outros pensadores e ao processo que o torna 
transparente a si mesmo. 
Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, 
escuta o que ele diz, observa o que ele faz e se interessa 
por sua palavra e ação, desejoso de partilhar, com seus 
concidadãos, do destino comum da humanidade. 
Eis por que a filosofia não se transforma em credo. Está em 
contínua disputa consigo mesma. 
_______________________________________________ 
 
Exercícios 
 
1. (Uema 2015) Leia o poema do moçambicano 
Craveirinha, Cantiga do negro do betelão. 
 
Se me visses morrer 
Os milhões de vezes que nasci... 
Se me visses chorar 
Os milhões de vezes que te riste... 
Se me visses gritar 
Os milhões de vezes que me calei... 
Se me visses cantar 
Os milhões de vezes que morri... 
E sangrei 
Digo-te, irmão europeu 
Também tu 
Havias de nascer 
Havias de chorar 
Havias de cantar 
Havias de gritar 
Havias de morrer 
E sangrar... 
Milhões de vezes como eu 
Fonte: CRAVEIRINHA. In: Revista do Departamento de 
Letras Clássicas e Vernáculas da FFCLH da USP. 
São Paulo: Edusp, 2002, p.100. 
 
O poeta constrói ou reconstrói a realidade em seus versos 
e o filósofo, ao ser “tocado” pela poesia, é chamado a refletir 
sobre ela. A primeira condição ou primeira virtude para o 
filosofar é 
a) problematizar. 
b) questionar. 
c) persuadir. 
d) teorizar. 
e) admirar. 
 
 
 
 
2. (Enem PPL 2016) O aparecimento da pólis, situado entre 
os séculos VIII e VII a.C., constitui, na história do 
pensamento grego, um acontecimento decisivo. 
Certamente, no plano intelectual como no domínio das 
instituições, a vida social e as relações entre os homens 
tomam uma forma nova, cuja originalidade foi plenamente 
sentida pelos gregos, manifestando-se no surgimento da 
filosofia. 
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. 
Rio de Janeiro: Difel, 2004 (adaptado). 
 
Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi resultado 
do(a) 
a) constituição do regime democrático. 
b) contato dos gregos com outros povos. 
c) desenvolvimento no campo das navegações. 
d) aparecimento de novas instituições religiosas. 
e) surgimento da cidade como organização social. 
 
3. (Enem 2015) A filosofia grega parece começar com uma 
ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a 
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-
nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em 
primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre 
a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem 
imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela 
embora apenas em estado de crisálida, está contido o 
pensamento: Tudo é um. 
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. 
São Paulo: Nova Cultural. 1999 
 
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento 
da filosofia entre os gregos? 
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os 
elementos sensíveis em verdades racionais. 
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos 
seres e das coisas. 
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa 
primeira das coisas existentes. 
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças 
entre as coisas. 
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, 
o que existe no real. 
 
4. (Uel 2015) Leia os textos a seguir. 
 
Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra 
de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre. 
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. 
Trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91. 
 
Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos havia 
dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que 
seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem 
de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra 
trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre 
eles aterra escura que jogaria sobre o oceano para garantir 
morada e sustento aos homens. 
“A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em: 
<http://super.abril.com.br/religiao/criacaomundo-447670.shtm>. 
Acesso em: 1 abr. 2014. 
 
 
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No começo do tempo, tudo era caos, e este caos tinha a 
forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e 
Yang, as duas forças opostas que compõem o universo. Yin 
e Yang são escuridão e luz, feminino e masculino, frio e 
calor, seco e molhado. 
PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo. 
Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. 
São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22. 
 
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a 
passagem do mito para o logos na filosofia, considere as 
afirmativas a seguir. 
 
I. As diversas narrativas míticas da origem do mundo, dos 
seres e das coisas são genealogias que concebem o 
nascimento ordenado dos seres; são discursos que 
buscam o princípio que causa e ordena tudo que existe. 
II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso que 
afirmam ter ocorrido em um passado remoto e impreciso, 
em geral grandes feitos apresentados como fundamento 
e começo da história de dada comunidade. 
III. Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em 
certa medida, um modo de expressar determinadas 
verdades que fogem ao raciocínio, sendo, com 
frequência, algo mais do que uma opinião provável ao 
exprimir o vir-a-ser. 
IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é 
reduzido a um conto fictício desprovido de qualquer 
correspondência com algum tipo de acontecimento, em 
que inexiste relação entre o real e o narrado. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
5. (UEL-2004) “Mais que saber identificar a natureza das 
contribuições substantivas dos primeiros filósofos é 
fundamental perceber a guinada de atitude que 
representam. A proliferação de óticas que deixam de ser 
endossadas acriticamente, por força da tradição ou da 
‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser destacado 
entre as propriedades que definem a filosoficidade.” 
(OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção 
da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.) 
 
Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” 
que o texto afirma ter sido promovida pelos primeiros 
filósofos. 
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas 
aos acontecimentos naturais. 
b) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser 
modificadas ou reformuladas. 
c) A busca por uma verdade única e inquestionável, que 
pudesse substituir a verdade imposta pela religião. 
d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como 
fundamentos para o conhecimento. 
e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da 
“proliferação de óticas” conflitantes entre si. 
 
 
 
 
6. (UEL-2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o 
mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si, 
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo 
foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a Terra, 
entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? 
Quem são eles?” 
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de 
Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.) 
 
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. 
Considerando que o mito pode ser uma forma de 
conhecimento, assinale a alternativa correta. 
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e 
científicos de comprovação. 
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento 
lógico-analítico para estabelecer suas verdades. 
c) As explicações míticas constroem-se de maneira 
argumentativa e autocrítica. 
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e 
do mundo, e sua verdade independe de provas. 
e) A verdade do mito obedece a regras universais do 
pensamento racional, tais como a lei de não-contradição. 
 
7. (UNB 2012) No início do século XX, estudiosos 
esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia 
Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, 
que advogavam a descontinuidade entre ambos. 
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi 
entendida univocamente. Alguns estudiosos, como 
Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca 
da origem do mundo e das coisas haviam sido respondidas 
pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros 
filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e 
fantásticos dos mitos. 
Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa 
continuidade entre mito e filosofia, criticou seus 
predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas 
afirmava, de outra maneira, o mesmo que o mito. Assim, a 
discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao 
mito foi retomada. 
Considerando o breve histórico acima, concernente à 
relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a opção 
que expressa, de forma mais adequada, essa relação na 
Grécia Antiga. 
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade 
arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão 
liberada da religiosidade. 
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é 
apresentada alegoricamente, e a filosofia caracteriza-se 
como explicação racional que retoma questões presentes 
no mito. 
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e 
irracional, e a filosofia, também fundamentada no rito, 
corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga. 
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a 
origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir 
do dilema insuperável entre caos e medida. 
 
8. (UNESP 2012) A ciência moderna tem maior poder 
explicativo, permite previsões mais seguras e assegura 
tecnologias e aplicações mais eficazes. Não há dúvida de 
que a explicação científica sobre a natureza da chuva 
comporta usos que a explicação indígena não comporta, 
 
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como facilitar prognósticos meteorológicos ou a instalação 
de sistemas de irrigação. Para a ciência moderna, a Lua é 
um satélite que descreve uma órbita elíptica em torno da 
Terra, cuja distância mínima do nosso planeta é cerca de 
360 mil quilômetros, e que tem raio de 1 736 quilômetros. 
Para os gregos, era Selene, filha de Hyprion, irmã de Hélios, 
amante de Endymion e Pan, e percorria o céu numa 
carruagem de prata. Tenho mais simpatia pela explicação 
dos gregos, mas devo reconhecer que a teoria moderna 
permite prever os eclipses da Lua e até desembarcar na 
Lua, façanha dificilmente concebível para uma cultura que 
continuasse aceitando a explicação mitológica. Os 
astronautas da NASA encontraram na superfície do nosso 
satélite as montanhas observadas por Galileu, mas não 
encontraram nem Selene nem sua carruagem de prata. 
Para o bem ou para o mal as teorias científicas modernas 
são válidas, o que não ocorre com as teorias alternativas. 
(Sérgio Paulo Rouanet, filósofo brasileiro, 1993. Adaptado.) 
 
Cite o nome dos dois diferentes tipos de conhecimento 
comentados no texto e explique duas diferenças entre eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________ 
 
Gabarito: 
 
1. e) 2. e) 3. c) 4. d) 
 
5. b) 6. d) 7. b) 
 
8. Dissertativa (correção na aula ou no plantão) 
SEMANA 2 – Introdução à Sociologia 
 
O QUE É SOCIOLOGIA? 
 
Ciência que surge no século XIX e que se propõe a estudar 
a sociedade moderna. 
Objetivos: 
- analisar a relação entre as transformações na vida 
cotidiana e os processos mais amplos de mudança 
histórica. 
- compreender a sociedade industrial do século XIX:capitalismo, vida urbana, industrialização, desenvolvimento 
tecnológico, novas relações de tempo e espaço, 
individualismo, secularização. 
 
Estas mudanças que caracterizam a sociedade moderna 
passam a não ser mais tomadas como naturais pelo 
indivíduo do século XIX. Nesse contexto, surgem as 
chamadas ciências sociais, que aplicam o método científico 
(rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos) 
para estudar diferentes aspectos da vida social. 
Sociologia – estudo científico da sociedade moderna, com 
foco em questões estruturais e na relação entre indivíduo e 
sociedade. 
Antropologia – ciência social que estuda o ser humano 
como produtor de cultura e as diferentes manifestações 
culturais 
Ciência Política – estudos dos fenômenos e das estruturas 
políticas. 
 
imaginação sociológica: 
Expressão criada pelo cientista 
social norte-americano C. 
Wright Mills em 1959. Ela 
designa uma habilidade que 
qualquer indivíduo pode 
desenvolver ao longo da vida. 
Significa o indivíduo tornar-se 
capaz de compreender de 
modo mais amplo os eventos 
cotidianos, estabelecendo 
relações entre a biografia 
(pessoal) e a história (social, 
estrutural). Assim, a 
imaginação sociológica é um 
conceito que que procura 
descrever o processo de 
conexão entre a experiência 
individual da pessoa com as 
instituições sociais sob as 
quais convive e com o seu 
próprio lugar na história da 
humanidade. 
 
Carles Wright Mills 
(1916 – 1962) 
 
Contexto histórico do surgimento da sociologia: 
- Rev. Industrial: desestrutura por completo o feudalismo e 
consolida o modo de produção capitalista; 
- Rev. Francesa: marca, junto às demais revoluções 
burguesas, a ascensão política da classe burguesa, que 
desestrutura o Antigo Regime e abre caminhos para o 
surgimento de modelos de democracia representativa 
baseados na igualdade jurídica e civil dos cidadãos; 
- Iluminismo: corrente filosófica do século XVIII que 
compreende a razão humana como instrumento de 
transformação histórica (progresso), consagra a ciência e 
dissemina valores liberais como liberdade e igualdade. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/C._Wright_Mills
https://pt.wikipedia.org/wiki/C._Wright_Mills
https://pt.wikipedia.org/wiki/1959
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria
 
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É importante notarmos que até o Iluminismo não existia um 
pensamento autônomo sobre a vida social, as tradições, os 
costumes (ancorados na religião) regiam a vida cotidiana 
como se todos os hábitos e valores fossem inquestionáveis. 
A desigualdade entre os homens era tomada como uma 
condição natural. 
 
Contexto científico do surgimento da sociologia: 
Dentre os pressupostos científicos para o surgimento da 
Sociologia encontram-se as seguintes noções, bastante 
difundidas no século XIX: 
− as relações entre os homens podem ser destacadas 
como objeto de conhecimento científico; 
− há leis (padrões) que ordenam a política, o Estado, os 
costumes e hábitos sociais (esses padrões independem 
da vontade do homem) e tais leis podem ser conhecidas 
por meio de um método formalizado de acordo com as 
premissas da ciência. 
Como vimos, a sociedade que inquietava os primeiros 
sociólogos era uma sociedade industrial, marcada por 
novas formas de produção material e pela intensa divisão 
do trabalho. A ciência passa a ocupar lugar de destaque 
nessa sociedade, uma vez que muitas teses e descobertas 
sobre a natureza se alastram pela Europa dos séculos XVIII 
e XIX, alternando significativamente o que se conhecia do 
mundo. O cientificismo do período expande-se para o 
estudo da sociedade, gerando um conjunto de teses e 
interpretações hoje bastante questionáveis, mas que 
marcaram os primeiros estudos no campo sociológico. 
 
Darwinismo Social 
Muitos cientistas e políticos do século XIX leram as teses 
de Darwin sobre a evolução das espécies e transpuseram 
tais ideias para a análise da sociedade, o que resultou no 
darwinismo social, expressão que abarca teses do século 
XIX que afirmam que as sociedades se desenvolvem de 
forma semelhante, sempre de um estágio inferior para um 
estágio superior. Inspirados nessa perspectiva 
evolucionista, cientistas justificavam a discrepância entre as 
sociedades europeias e as de outros continentes, que se 
encontrariam em estágios inferiores de desenvolvimento. 
Além de refletir o otimismo da industrialização, o 
darwinismo social acabou servindo de forte justificativa para 
o colonialismo na África e em outras regiões do planeta que, 
na leitura dos representantes dessa corrente, careciam de 
ser levados ao progresso. 
 
Herbert Spencer (1820 – 1903) 
Spencer, principal teórico e defensor do Organicismo, 
defendeu a tese de que toda a realidade evolui de modo 
semelhante aos organismos vivos. Na perspectiva social, o 
sistema organicista defende a ideia da superioridade dos 
seres que melhor se adaptam ao ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Auguste Comte (1789 – 1857) 
 
Filósofo francês, criador 
da corrente filosófica 
conhecida como 
Positivismo. Nela, a 
ciência é o único 
conhecimento válido à 
compreensão da realidade 
e capaz de resolver os 
problemas que impedem 
as sociedades humanas 
de alcançarem a sua 
plenitude. 
Comte consolidou a palavra “sociologia” no ambiente 
intelectual da época, num primeiro momento chamada de 
“física social”, dada a influência das ciências da natureza, 
seu método e pretensão de neutralidade. Ele defendia a 
tese de que a humanidade passava por três estágios de 
conhecimento: 
TEOLÓGICO: os homens atribuíam as causas dos 
fenômenos aos deuses. 
METAFÍSICO: recorriam a conceitos abstratos para 
entender o mundo. 
POSITIVO: os homens aplicam métodos científicos para 
compreender a causa dos fenômenos. 
 
Comte creditava que a especificidade da Sociologia era o 
estudo da sociedade. Defendia a existência de leis sociais 
que determinam o curso da evolução da humanidade. As 
leis são resultados aleatórios da ação humana. Essa 
movimentação natural tende a levar as sociedades ao 
progresso (evolução). As forças evolutivas, que fazem 
eclodir as transformações necessárias seriam, por sua vez, 
equilibradas pela ação das forças ordenadoras, que teriam 
o papel de manter a coesão das sociedades, não permitindo 
que as transformações abalassem de modo demasiado as 
estruturas. Essas forças, ordem e progresso, deveriam 
existir sempre em equilíbrio. 
O filósofo almejava entender a organização da sociedade 
industrial europeia, direcionando-a ao progresso. 
Acreditava que a Sociologia poderia estudar 
profundamente e contribuir com o equilíbrio das forças 
sociais. O positivismo influenciou um outro importante 
pensador francês, chamado Émile Durkheim, considerado 
um dos pais da Sociologia. 
_______________________________________________ 
 
Texto Complementar 
 
"IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA": SOCIOLOGIA, SIM! 
 
Qual a importância da Sociologia? Para explanar sobre 
isso, o sociólogo Charles Wright Mills (1916 - 1962) se 
utiliza da expressão "imaginação sociológica", de 
fundamental importância para a compreensão da existência 
dentro da perspectiva social, para além da importância 
desta disciplina no currículo escolar. 
Pensar a educação contemporânea eximindo a 
importância da Sociologia é um ledo equívoco. Tornou-se 
urgente a compreensão pelo homem, dos cenários 
políticos, econômicos e sociais inseridos, e isso só é 
possível através de uma reflexão crítica correspondente ao 
viés filosófico-sociológico. Essa reflexão segundo Charles 
Wright Mills (1916 - 1962), sociólogo americano, é produto 
 
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da “Imaginação Sociológica” (1959), o que implica em uma 
consideração mais abrangente sobre os fatos, um olhar 
mais profundo e vasto. Os problemas devem ser 
compreendidos a partir de uma perspectiva capaz de situar 
simultaneamente a história, a biografia e a estrutura social 
do indivíduo. Mills acredita que é necessário um trabalho 
intelectuala partir de si mesmo para então observar a 
perspectiva social e problematizá-la. 
Mas, em que pesa esse pensar sociológico? A partir do 
momento em que o indivíduo põe-se a questionar seu meio, 
passa a analisá-lo de modo diferente: descobre um mundo 
em que vivia, mas que por falta de atenção não se permitia 
enxergar. Faz-se necessário o questionamento da 
conjuntura do próprio contexto social. O mundo moderno 
fez do homem um ser individual, egoísta, fechado em suas 
relações, privado em suas observações. O homem 
moderno se permite naquilo que lhe permita comodismo. 
Sua visão está limitada pelo cenário no qual está inserido. 
Esse congelamento da sua realidade como imutável e 
absoluta é o maior equívoco de qualquer individuo que 
queira compreender sua relação com a estrutura social. 
Mills (1959) salienta que raramente os indivíduos tem 
consciência da complexa ligação entre suas vidas e o curso 
da história mundial, e é por meio da imaginação sociológica 
que os homens esperam hoje, perceber o que está 
acontecendo com eles, como minúsculos pontos de 
cruzamento da biografia e da história dentro da sociedade. 
É válido considerar que essa sobreposição do individual 
sobre o social (e assim, do privado sobre o público) é o que 
justamente demonstra a apatia de um povo que não se 
compromete com o desenvolvimento de sua sociedade. A 
privação em vista do próprio interesse é sem dúvida, 
característica de um ser não politizado. “Se aceitarmos a 
definição grega do termo idiota como um homem totalmente 
privado, poderemos concluir então que muitos cidadãos de 
muitas sociedades são realmente idiotas”. (MILLS, p. 52, 
1959). 
Mills aposta enfaticamente na Sociologia como trajeto 
para o desenvolvimento da razão na busca pela solução de 
problemas sociais. O uso da imaginação sociológica que 
busca ampliar a visão para procurar o que de fato está 
acontecendo sem a tendência de uma dedução incoerente, 
sugere também a busca por soluções eficientes. Para 
compreender as modificações de muitos ambientes 
pessoais, temos a necessidade de olhar além deles, ter a 
consciência da ideia da estrutura social e analisá-la com 
sensibilidade. 
Outra crítica do autor é com o uso abusivo de teorias 
abstratas, o que ele chamará de “Fetichismo Conceitual”. 
Como diz Mills, é necessário que as pessoas desçam de 
suas alturas inúteis, ou seja, o imaginar sociológico vai 
muito além de teorias que são constantemente 
reproduzidas por indivíduos que não as questionam. Frases 
decoradas de grandes clássicos devem ser estraçalhadas 
e compreendidas, e não apenas repetidas. A capacidade de 
decorar textos não denota conhecimento. 
Percebe-se a necessidade de saber aplicar o método 
sociológico. A Sociologia serve como instrumento para 
análises críticas e reflexivas. Permite a discussão de 
questões que abrangem o cenário econômico, político, 
social, cultural, dispondo de um leque de possibilidades que 
oferecem ao individuo a concepção de que o mundo vai 
muito além de suas crenças e verdades individuais, o que 
constitui de fato a ideia de que os paradigmas assim como 
são construídos, podem ser desconstruídos. A insistência 
na consideração pela importância da Sociologia é premissa 
defendida por aqueles que visam não só o crescimento, 
mas o desenvolvimento de sua sociedade. É necessário 
que se ressalte o mérito da Sociologia. 
Ao provocar um desejo investigativo, a Sociologia se 
apresenta com uma postura que possibilita a autonomia 
racional do individuo. E a partir do momento em que a busca 
por questionamentos e desdobramentos da realidade 
passa a ser um hábito desenvolvido não só na própria 
escola, mas na condição social, o individuo torna-se ser 
ativo, cidadão, e assim, cônscio de seu papel na estrutura 
social. 
Fonte: http://obviousmag.org/poeira_de_plutao/2017/imaginacao-
sociologica-sociologia-sim.html 
__________________________________________________________ 
 
Exercícios 
 
1. (Uem 2018) Auguste Comte (1798-1857), a quem se 
atribui a formulação do termo Sociologia, foi o principal 
representante e sistematizador do Positivismo. Acerca do 
pensamento comteano, é correto afirmar que 
01) considerava os prejuízos do desenvolvimento 
econômico das sociedades industriais. 
02) teve grande influência sobre o pensamento social 
brasileiro do século XIX e início do XX. 
04) a inspiração para o método de investigação dos 
fenômenos sociais de Comte veio das ciências da 
natureza. 
08) era uma tentativa de constituição de um método objetivo 
para a observação dos fenômenos sociais. 
16) considerava o progresso e a evolução social um 
princípio da história humana. 
 
2. (Uem 2018) Assinale o que for correto em relação ao 
surgimento das Ciências Sociais e de suas perspectivas 
teóricas e metodológicas. 
01) Tal como a Física, a Química e a Biologia, a Sociologia 
surgiu como parte do desenvolvimento e dos 
desdobramentos do conhecimento científico. 
02) Somente com o surgimento da Sociologia e da 
Psicologia, por volta do século XVIII, a humanidade 
despertou sua curiosidade para o comportamento 
humano e suas consequências para as relações entre 
as pessoas. 
04) A Sociologia, como as demais ciências puras, não tem 
impacto prático na vida das pessoas. 
08) A avaliação de resultados de políticas públicas pode ser 
um dos objetivos da investigação sociológica. 
16) O estudo sociológico somente é possível porque a 
humanidade já atingiu seu completo desenvolvimento 
no processo de estruturação social. 
 
3. (UNESP 2016) 
 
Texto 1 
 
Diversamente do idealismo, o positivismo reivindica o 
primado da ciência: nós conhecemos somente aquilo que 
as ciências nos dão a conhecer, pois o único método de 
conhecimento é o das ciências naturais. O positivismo não 
apenas afirma a unidade do método científico e o primado 
 
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desse método como instrumento de conhecimento, mas 
também exalta a ciência como o único meio em condições 
de resolver, ao longo do tempo, todos os problemas 
humanos e sociais que até então haviam atormentado a 
humanidade. 
(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da Filosofia, 
vol. 3, 1999. Adaptado.) 
 
Texto 2 
 
Basta, portanto, que os homens sejam considerados 
coisas para que se tornem manipuláveis, submetidos à 
ditadura racionalizada moderna que encontra seu apogeu 
no campo de concentração. Assim, a nova crise da razão é 
interna e traz subitamente à luz, no cerne da racionalização, 
a presença destrutiva da desrazão. Já não é apenas a 
suficiência e a insuficiência da razão que estão em causa, 
é a irracionalidade do racionalismo e da racionalização. 
Essa irracionalidade pode devorar a razão sem que ela se 
dê conta. 
(Edgar Morin. Ciência com consciência, 1996. Adaptado.) 
 
Considerando a análise realizada por Edgar Morin sobre as 
tendências irracionais da razão, explique sua importância 
para uma crítica ao otimismo positivista diante da ciência. 
 
4. (ENEM 2006) No início do século XIX, o naturalista 
alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão 
científica para fazer observações sobre a flora e a fauna 
nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao 
indígena, ele afirmou: 
“Permanecendo em grau inferior da humanidade, 
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, 
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um 
nobre desenvolvimento progressivo [...]. Esse estranho e 
inexplicável estado do indígena americano, até o presente, 
tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo 
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um 
cidadão satisfeito e feliz.” 
(VON MARTIUS, Carl. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. 
Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.) 
 
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista 
Von Martius 
a) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando 
que os índios, diferentemente do que fazia a missão 
europeia, respeitavam a florae a fauna do país. 
b) discriminava preconceituosamente as populações 
originárias da América e advogava o extermínio dos índios. 
c) defendia uma posição progressista para o século XIX: a 
de tornar o indígena cidadão satisfeito e 
feliz. 
d) procurava impedir o processo de aculturação, ao 
descrever cientificamente a cultura das populações 
originárias da América. 
e) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das 
sociedades indígenas e reforçava a missão "civilizadora 
europeia", típica do século XIX 
 
 
 
 
 
 
5. (Uem 2012) Sobre a relação entre a revolução industrial 
e o surgimento da sociologia como ciência, assinale o que 
for correto. 
01) A consolidação do modelo econômico baseado na 
indústria conduziu a uma grande concentração da 
população no ambiente urbano, o qual acabou se 
constituindo em laboratório para o trabalho de 
intelectuais interessados no estudo dos problemas que 
essa nova realidade social gerava. 
02) A migração de grandes contingentes populacionais do 
campo para as cidades gerou uma série de problemas 
modernos, que passaram a demandar investigações 
visando à sua resolução ou minimização. 
04) Os primeiros intelectuais interessados no estudo dos 
fenômenos provocados pela revolução industrial 
compartilhavam uma perspectiva positiva sobre os 
efeitos do desenvolvimento econômico baseado no 
modelo capitalista. 
08) Os conflitos entre capital e trabalho, potencializados 
pela concentração dos operários nas fábricas, foram 
tema de pesquisa dos precursores da sociologia e 
continuam inspirando debates científicos relevantes na 
atualidade. 
16) A necessidade de controle da força de trabalho fez com 
que as fábricas e indústrias do século XIX inserissem 
sociólogos em seus quadros profissionais, para 
atuarem no desenvolvimento de modelos de gestão 
mais eficientes e produtivos. 
 
6. (Ufu 2010) A Sociologia surge em um período em que o 
fazer científico encontrava-se influenciado por algumas 
teses desenvolvidas durante o século XIX. Herbert 
Spencer, Charles Darwin e Auguste Comte, por exemplo, 
tiveram grande importância para o pensamento sociológico. 
O primeiro, por aplicar às ciências humanas o 
evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias 
sobre a seleção das espécies do segundo. Com relação a 
Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na 
formação dos muitos intelectuais do período. 
Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no 
pensamento sociológico, podemos afirmar que: 
a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na 
área das ciências naturais, não teve impacto decisivo na 
constituição da sociologia. 
b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do 
período, mas a sociologia rejeitou a sua adoção, assim 
como qualquer comparação entre seus efeitos no reino 
natural e no mundo social. 
c) A explicação sociológica procurou, desde o seu início, 
afastar-se de qualquer forma de determinismos, fossem 
biológicos ou geográficos, pois se contrapunha fortemente 
às explicações de cunho evolucionista. 
d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a 
Sociologia passou pela valorização e incorporação dos 
métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas 
organicistas, assim como conferindo ênfase à noção de 
função. 
 
 
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7. (UNESP) É difícil acreditar na guerra terrível, mas 
silenciosa, que os seres orgânicos travam em meio aos 
bosques serenos e campos risonhos. 
("C. Darwin, anotação no Diário de 1839".) 
 
Na segunda metade do século XIX, a doutrina sobre a 
seleção natural das espécies, elaborada pelo naturalista 
inglês Charles Darwin, foi transferida para as relações 
humanas, numa situação histórica marcada 
a) pela concórdia universal entre povos de diferentes 
continentes. 
b) pela noção de domínio, supremacia e hierarquia racial. 
c) pelos tratados favoráveis aos povos colonizados. 
d) pelas concepções de unificação europeia e de paz 
armada. 
e) pela fundação de instituições destinadas a promover a 
paz. 
 
8. (UEL 2005) A Sociologia é uma ciência moderna que 
surge e se desenvolve juntamente com o avanço do 
capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais 
transformações e procura desvendar os dilemas sociais por 
ele produzidos. Sobre a emergência da sociologia, 
considere as afirmativas a seguir. 
 
I. A Sociologia tem como principal referência a explicação 
teológica sobre os problemas sociais decorrentes da 
industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade 
social e a concentração populacional nos centros 
urbanos. 
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo 
chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a 
transformação de formas tradicionais de existência social 
e as mudanças decorrentes da urbanização e da 
industrialização. 
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida 
se for observada sua correspondência com o 
cientificismo europeu e com a crença no poder da razão 
e da observação, enquanto recursos de produção do 
conhecimento. 
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com 
as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise 
dos problemas sociais decorrentes das reminiscências 
do modo de produção feudal. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e III. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 
 
 
 
_______________________________________________ 
 
Gabarito: 
 
1. 02 + 04 + 08 + 16 = 30. 2. 01 + 08 = 09 
 
3. Dissertativa (corrigida em aula ou no plantão) 
 
4. e) 5. 1 + 2 + 4 + 8 = 15 
 
6. d) 7. b) 
 
8. b) 
SEMANA 3 – Pré-socráticos e a Cosmologia 
 
Os filósofos pré-socráticos 
 
São conhecidos como pré-socráticos os pensadores, 
teóricos e matemáticos que formulam as primeiras 
hipóteses científicas e concepções filosóficas registradas 
na cultura ocidental. Eles são chamados de pré-socráticos 
por atuarem no campo da Cosmologia, o que os difere de 
Sócrates, e não necessariamente por uma questão 
cronológica, já que alguns deles foram contemporâneos do 
próprio Sócrates. 
Características da filosofia pré-socrática: 
- contemplação do mundo natural e formulação teórica; 
- uso aplicado da matemática; 
- estudo sistemático e racional da origem, ordem e 
transformação da natureza (Cosmologia); 
- busca pelo princípio natural gerador de todos os seres 
(physis) e pela essência ordenadora do mundo (arkhé). 
 
Premissa fundamental da Cosmologia pré-socrática: há 
uma causa inteligível para os fenômenos e o homem pode 
conhecê-la por meio de sua RAZÃO. 
 
Physis: fazer surgir; fazer brotar 
Arkhé: princípio gerador da realidade 
 
O pensamento pré-socrático é comumente organizado a 
partir das quatro principais vertentes do período ou escolas 
de pensamento: 
 
ESCOLA JÔNICA: Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, 
Anaxímenes de Mileto, Heráclito de Éfeso. 
 
ESCOLA ITÁLICA: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona, 
Árquites de Tarento. 
 
ESCOLA ELEATA: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia. 
 
ESCOLA DA PLURALIDADE: Empédocles de Agrigento, 
Leucipo e Demócrito. 
 
Problemas centrais aos pré-socráticos: 
 
Qual o princípio gerador da realidade? 
Como o mundo natural está ordenado? 
Existe permanência em um mundo em constante mudança? 
Como conciliar SER e MOVIMENTO? 
 
Todas essas questões são pertinentes ao campo da 
Cosmologia: estudo racional do universo ou do mundo 
natural ao qual se dedicaram os pensadores pré-socráticos. 
Contudo, a crítica de Parmênides de Eleia ao pensamento 
de Heráclito de Éfeso revela uma preocupação, por parte 
de Parmênides, em tentar compreender a realidade em sua 
essência mais profunda: o Ser. O filósofo inaugura, assim, 
um campo de estudo da filosofia que se propõe a estudar a 
essência da realidade ou do próprio ser (o que é ou existe 
por si mesmo). Este campo de estudos é a Ontologia. 
 
 
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Primeiro grande conflitode ideias da história da filosofia: 
 
Heráclito de Éfeso Parmênides de Eléia 
 
- Nada permanece, tudo 
flui; 
 
- A realidade / verdade é a 
mudança; 
 
 “Nos mesmos rios, 
entramos e não 
entramos, somos e não 
somos” 
 
- Os opostos em contínuo 
movimento (tensão) se 
integram (quente-frio; 
guerra-paz; vida-morte); 
tudo é um. 
 
- A mudança não revela a 
essência do ser; 
 
- Só o pensamento pode 
compreender as coisas 
como realmente são; 
 
 “O ser é e não pode não 
ser. O não ser não é e não 
pode ser de modo algum” 
 
- O ser é imutável; 
_______________________________________________ 
 
Exercícios 
 
1. (UEL 2003) - “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, 
pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio 
originário único, causa de todas as coisas que existem, 
sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é 
importantíssima... podendo com boa dose de razão ser 
qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que 
se costuma chamar civilização ocidental.” 
(REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. 
São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.) 
 
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus 
primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. De 
acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o 
principal problema por eles investigado. 
a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. 
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte. 
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos 
científicos. 
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da 
ordem do mundo. 
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua 
legislação. 
 
2. (ENEM 2017) A representação de Demócrito é 
semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um 
infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação 
dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que 
contém aquilo que para o que foi formado não é, 
absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, 
partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através 
de sua concentração, formam aquilo que aparece como 
figura. 
HEGEL, G.W. Crítica moderna. In:SOUZA, J.C. (Org.). Os pré-socráticos: 
vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 2000 (adaptado). 
 
O texto faz uma apresentação crítica acerca do 
pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio 
constitutivo das coisas” estava representado pelo(a) 
a) número, que fundamenta a criação dos deuses. 
b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos. 
c) água, que expressa a causa material da origem do 
universo. 
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal. 
e) átomo, que explica o surgimento dos entes. 
3. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. 
Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo 
me impele, conduzem-me, depois de me terem dirigido pelo 
caminho famoso da divindade [...] E a deusa acolheu-me de 
bom grado, mão na mão direita tomando, e com estas 
palavras se me dirigiu: [...] Vamos, vou dizer-te – e tu escuta 
e fixa o relato que ouviste – quais os únicos caminhos de 
investigação que há para pensar, um que é, que não é para 
não ser, é caminho de confiança (pois acompanha a 
realidade): o outro que não é, que tem de não ser, esse te 
indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderás 
conhecer o não-ser, não é possível, nem indicá-lo [...] pois 
o mesmo é pensar e ser. 
PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos. 
2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia 
de Parmênides, assinale a alternativa correta. 
a) Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só 
pode tratar e expressar o que é, e não o que não é – o não 
ser. 
b) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as coisas 
como elas verdadeiramente são. 
c) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso, a 
razão consegue conhecê-lo e expressá-lo. 
d) A linguagem pode expressar tanto o que é como o que 
não é, pois ela obedece aos princípios de contradição e de 
identidade. 
e) O ser é e o não ser não é indica que a realidade sensível 
é passível de ser conhecida pela razão. 
 
4. (Ufu 2018- adaptada) Considere o seguinte texto do 
filósofo Heráclito (século VI a.C.). 
 
"Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a 
água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, 
forma-se a água e da água, a alma” 
Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos 
Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. 
Tradução do autor. 
 
Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele 
ilustra 
a) a descrição verdadeira de Heráclito sobre a realidade, 
comprovada pela ciência moderna. 
b) a concepção heraclitiana que valoriza a importância do 
movimento na descrição da realidade. 
c) a concepção dialética do pensamento heraclitiano, 
segundo a qual o movimento é uma ilusão dos sentidos. 
d) a concepção heraclitiana da realidade, segundo a qual a 
multiplicidade dos fenômenos subjaz uma realidade única. 
e) o pensamento religioso de Heráclito, segundo o qual a 
morte é a libertação da alma. 
 
5. (Uel 2015) De onde vem o mundo? De onde vem o 
universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. 
Portanto, em algum momento, o universo também tinha de 
ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo 
de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então 
essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra 
coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o 
problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma 
coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância 
básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para 
os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do 
 
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nada. O que os instigava era saber como a água podia se 
transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida 
podia se transformar em árvores frondosas ou flores 
multicoloridas. 
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João 
Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 
surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta. 
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos 
e as transformações da natureza e porque a vida é como é, 
tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as 
histórias contadas acerca do mundo dos deuses. 
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de 
que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que 
estava por trás de todas as transformações na natureza e, 
a partir da observação, buscavam descobrir leis naturais 
que fossem eternas. 
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus 
sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. 
partiram da ideia unânime de que a água era o princípio 
original do mundo por sua enorme capacidade de 
transformação. 
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem 
homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do 
mundo dos deuses em detrimento de uma explicação 
natural e regular acerca dos primeiros princípios que 
originam todas as coisas. 
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, 
Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único 
denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência 
sensível que os olhos humanos podem observar no 
nascimento e na degeneração das coisas. 
 
6. (Unioeste 2013) “Não é fácil definir se a ideia dos 
poemas homéricos, segundo a qual o Oceano é a origem 
de todas as coisas, difere da concepção de Tales, que 
considera a água o princípio original do mundo; seja como 
for, é evidente que a representação do mar inesgotável 
colaborou para a sua expressão. Em todas as partes da 
Teogonia, de Hesíodo, reina a vontade expressa de uma 
compreensão construtiva e uma perfeita coerência na 
ordem racional e na formulação dos problemas. Por outro 
lado, a sua cosmologia ainda apresenta uma irreprimívelpujança de criação mitológica, que, muito mais tarde, ainda 
age sobre as doutrinas dos “fisiólogos”, nos primórdios da 
filosofia “científica”, e sem a qual não se poderia conceber 
a atividade prodigiosa que se expande na criação das 
concepções filosóficas do período mais antigo da ciência” 
Werner Jaeger. 
Considerando o texto acima sobre o surgimento da filosofia 
na Grécia, seguem as afirmativas abaixo: 
 
I. O surgimento da filosofia não coincide com o início do uso 
do pensamento racional. 
II. O surgimento da filosofia não coincide com o fim do uso 
do pensamento mítico. 
III. Tales de Mileto, no século VI a.C., ao propor a água 
como princípio original do mundo, rompe, 
definitivamente, com o pensamento mítico. 
IV. Mitos estão presentes ainda nos textos filosóficos de 
Platão (século IV a.C.), como, por exemplo, o mito do 
julgamento das almas. 
V. Os primeiros filósofos gregos, chamados “pré-
socráticos”, em sua reflexão, não se ocupavam da 
natureza (Physis). 
 
Das afirmativas feitas acima 
a) apenas a afirmação V está correta. 
b) apenas as afirmações III e V estão corretas. 
c) apenas as afirmações II e IV estão corretas. 
d) apenas as afirmações I, II e IV estão corretas. 
e) apenas as afirmações I, III e V estão corretas. 
 
7. (Ufu 2018 - adaptada) 
 
"Pois pensar e ser é o mesmo" 
Parmênides, Poema, fragmento 3, extraído de: Os filósofos pré-
socráticos. Tradução de Gerd Bornheim. São Paulo: Cultrix, 1993. 
 
A proposição acima é parte do poema de Parmênides, o 
fragmento 3. Considerando-se o que se sabe sobre esse 
filósofo, que viveu por volta do século VI a.C., assinale a 
afirmativa correta. 
a) Para compreender a realidade, é preciso confiar 
inteiramente no que os nossos sentidos percebem. 
b) O movimento é uma característica aparente das coisas, 
a verdadeira realidade está além dele. 
c) O verdadeiro sentido da realidade só pode ser revelado 
pelos deuses para aqueles que eles escolhem. 
d) Tudo o que pensamos deve existir em algum lugar do 
universo. 
e) O pensamento é a matéria da transformação das 
essências. 
 
8. (Enem 2016) 
 
Texto I 
 
Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo 
rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma 
condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, 
dispersa e de novo reúne. 
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). 
São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado). 
 
Texto II 
 
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito 
e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não 
foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, 
contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia 
gerar-se? 
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). 
 
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma 
oposição que se insere no campo das 
a) investigações do pensamento sistemático. 
b) preocupações do período mitológico. 
c) discussões de base ontológica. 
d) habilidades da retórica sofística. 
e) verdades do mundo sensível. 
 
 
 
_______________________________________________ 
 
Gabarito: 
 
1. d) 2. e) 3. a) 
 
4. b) 5. b) 6. d) 
 
7. b) 8. c) 
 
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SEMANA 4 – Émile Durkheim e o método 
sociológico 
 
Émile Durkheim (1858 – 1917) 
Sociólogo francês, Émile Durkheim 
foi o primeiro a desenvolver a 
Sociologia como uma disciplina 
acadêmica, sendo considerado um 
de seus pilares clássicos. 
 
 
Obras principais: 
- “Da Divisão do Trabalho Social” 
- “As Regras do Método Sociológico” 
- “As Formas Elementares da Vida 
Religiosa” 
- “O Suicídio” 
 
Durkheim defendia a ideia de que a sociedade era mais do 
que um simples agrupamento de indivíduos movidos por 
interesses particulares. A sociedade é um corpo moral 
com regras e uma consciência coletiva. Mesmo em uma 
sociedade mais especializada e com uma forte presença do 
individualismo seria possível localizar a presença de regras 
que obrigavam os homens a certos modos de ação e certas 
relações com os outros. 
Durkheim acreditava que a Sociologia devia adotar 
procedimentos científicos, próprios ao mundo das ciências 
naturais, investigando os fatos de maneira objetiva. Define, 
então, um método para a Sociologia partindo do empirismo 
das outras ciências e deixando de lado a metafísica. Para 
ele, os preconceitos e valores arraigados do cientista 
impedem a apreciação positiva do mundo. Por isso, os fatos 
sociais deviam ser tratados como “coisas”, o que implica em 
distanciamento e busca pelo máximo grau de neutralidade 
possível. 
 
FATOS SOCIAIS 
- maneiras coletivas de agir, pensar e sentir (possuem 
generalidade); 
- exteriores ao indivíduo e coercitivos (independem da 
vontade do indivíduo); 
 
Sentimentos, opiniões e modos de agir de ordem coletiva 
seriam objetos gerados pela força da coletividade, 
cristalizados em instituições sociais e impostos ao homem 
de forma coercitiva e obrigatória. 
Para Durkheim, a sociedade é um sistema complexo 
composto por diversas partes. É necessário compreender o 
fato social a partir da função que exerce no sistema. 
O autor adota o paradigma biológico, estabelecendo 
distinções entre o normal e o patológico (comportamento 
desviante), criando o conceito de anomia. 
Anomia: “ausência ou redução da capacidade do tecido 
social para regular a conduta dos indivíduos. Nesses 
sentido, configura-se como um problema a ser solucionado, 
sob pena de causar risco à coesão social e levar a 
sociedade ao fim. O aumento do número de crimes, por 
exemplo, indica que a sociedade é incapaz de regular o 
comportamento dos indivíduos.” 
(Sociologia em Movimento, vários autores, Ed. Moderna, p. 43) 
 
Entende que a divisão do trabalho cumpre um papel de 
extrema importância nas sociedades industriais, pois gera 
coesão (senso de pertencimento), produz solidariedade 
entre pessoas com funções claramente complementares e, 
por isso, evita quadros mais graves de anomia. 
 
Divisão do trabalho: 
− tem uma função no processo de diferenciação 
social/especialização 
− aumenta a forma produtiva do trabalhador 
− gera coesão e solidariedade 
 
Os dois tipos de solidariedade identificados por Durkheim 
relacionam-se especialmente à forma de organização 
social: 
Solidariedade mecânica (sociedades pré-capitalistas): os 
indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da 
tradição e dos costumes. Não há diferenciação social 
promovida pela individualidade (ela é inexpressiva). O 
sentimento de pertencimento a uma coletividade é bastante 
forte, fazendo com que os indivíduos reconheçam os 
mesmos valores, crenças, sentimentos e objetos sagrados. 
 
Solidariedade orgânica (característica das sociedades 
capitalistas): através da divisão do trabalho social, os 
indivíduos tornam-se interdependentes. A união social não 
se dá pelo compartilhamento de costumes. Os indivíduos 
são diferentes e necessários, tal como os órgãos de um 
organismo vivo. 
 
O Suicídio 
 
“Durkheim estudou profundamente o suicídio, utilizando 
nesse trabalho toda a metodologia defendida e propagada 
por ele. Considerou-o fato social por sua presença universal 
em toda e qualquer sociedade e por suas características 
exteriores e mensuráveis, completamente independente 
das razões individuais. Assim, apesar de uma conduta 
marcada pela vontade individual, o suicídio interessa ao 
sociólogo por aquilo que tem em comum e coletivo e que, 
certamente escapa às consciências individuais dos 
envolvidos. Para Durkheim, a prova de o suicídio depende 
de leis sociais e não da vontade do sujeito estava na 
regularidade com que variam as taxas de suicídio de acordo 
com alternâncias das condições históricas. Ele verificou, 
por exemplo, que as taxas de suicídio aumentavam nas 
sociedades em que havia uma aceitação profunda de uma 
fé religiosa que prometesse a felicidade após a morte. É 
sobre fatos assim concretos e objetivos, gerais e coletivos, 
cuja natureza social se evidencia,que o sociólogo deve se 
debruçar.” 
(Cristina Costa, Sociologia: uma introdução à ciência 
da sociedade; Ed Moderna, p. 84) 
_______________________________________________ 
 
Texto Complementar 
 
O que é um fato social? 
Émile DURKHEIM (As Regras do Método Sociológico) 
 
Antes de indagar qual o método que convém ao estudo 
dos fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser 
assim chamados. 
A questão é tanto mais necessária quanto esta 
qualificação é utilizada sem muita precisão. Empregam-na 
correntemente para designar quase todos os fenômenos 
que se passam no interior da sociedade, por pouco que 
apresentem, além de certa generalidade, algum interesse 
social. Todavia, desse ponto de vista, não haveria por assim 
 
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dizer nenhum acontecimento humano que não pudesse ser 
chamado de social. Cada indivíduo bebe, dorme, come, 
raciocina e a sociedade tem todo o interesse em que estas 
funções se exerçam de modo regular. Porém, se todos 
esses fatos fossem sociais, a Sociologia não teria objeto 
próprio e seu domínio se confundiria com o da Biologia e da 
Psicologia. 
Na verdade, porém, há em toda sociedade um grupo 
determinado de fenômenos com caracteres nítidos, que se 
distingue daqueles estudados pelas outras ciências da 
natureza. 
Quando desempenho meus deveres de irmão, de 
esposo ou de cidadão, quando me desincumbo de 
encargos que contraí, pratico deveres que estão definidos 
fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. 
Mesmo estando de acordo com sentimentos que me são 
próprios, sentindo-lhes interiormente a realidade, esta não 
deixa de ser objetiva; pois não fui eu quem os criou, mas 
recebi-os através da educação. Contudo, quantas vezes 
não ignoramos o detalhe das obrigações que nos incumbe 
desempenhar, e precisamos, para sabê-lo, consultar o 
Código e seus intérpretes autorizados! Assim também o 
devoto, ao nascer, encontra prontas as crenças e as 
práticas da vida religiosa; existindo antes dele, é porque 
existem fora dele. O sistema de signos de que me sirvo para 
exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego 
para pagar as dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo 
nas relações comerciais, as práticas seguidas na profissão, 
etc., etc., funcionam independentemente do uso que delas 
faço. Tais afirmações podem ser estendidas a cada um dos 
membros de que é composta uma sociedade, tomados uns 
após outros. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de 
pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante 
de existir fora das consciências individuais. 
Esses tipos de conduta ou de pensamento não são 
apenas exteriores ao indivíduo, são também dotados de um 
poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe 
impõem, quer queira, quer não. Não há dúvida de que esta 
coerção não se faz sentir, ou é muito pouco sentida quando 
com ela me conformo de bom grado, pois então torna-se 
inútil. Mas não deixa de constituir caráter intrínseco de tais 
fatos, e a prova é que se afirma desde que tento resistir. Se 
experimento violar as leis do direito, estas reagem contra 
mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com 
o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se 
já se realizou e é reparável; ou então para que eu o expie 
se não há outra possibilidade de reparação. Mas, e em se 
tratando de máximas puramente morais? Nesse caso, a 
consciência pública, pela vigilância que exerce sobre a 
conduta dos cidadãos e pelas penas especiais que têm a 
seu dispor, reprime todo ato que a ofende. Noutros casos, 
a coerção é menos violenta; mas não deixa de existir. Se 
não me submeto às convenções mundanas; se, ao me 
vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu 
país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento 
em que os outros me conservam, produzem, embora de 
maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que uma pena 
propriamente dita. Noutros setores, embora a coerção seja 
apenas indireta, não é menos eficaz. Não estou obrigado a 
falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem a 
empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra 
maneira. Minha tentativa fracassaria lamentavelmente, se 
procurasse escapar desta necessidade. Se sou industrial, 
nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas 
do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como 
resultado inevitável. Mesmo quando posso realmente me 
libertar destas regras e violá-las com sucesso, vejo-me 
sempre obrigado a lutar contra elas. E quando são 
finalmente vencidas, fazem sentir seu poderio de maneira 
suficientemente coercitiva pela resistência que me 
opuseram. Nenhum inovador, por mais feliz, deixou de ver 
seus empreendimentos se chocarem contra oposições 
deste gênero. 
Estamos, pois, diante de uma ordem de fatos que 
apresenta caracteres muito especiais: consistem em 
maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao 
indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do 
qual se lhe impõem. Por conseguinte, não poderiam se 
confundir com os fenômenos orgânicos, pois consistem em 
representações e em ações; nem com os fenômenos 
psíquicos, que não existem senão na consciência individual 
e por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a 
eles que deve ser dada e reservada a qualificação de 
sociais. Esta é a qualificação que lhes convém; pois é claro 
que, não tendo por substrato o indivíduo, não podem 
possuir outro que não seja a sociedade: ou a sociedade 
política em sua integridade, ou qualquer um dos grupos 
parciais que ela encerra, tais como confissões religiosas, 
escolas políticas e literárias, corporações profissionais, etc. 
Por outro lado, é apenas a eles que a apelação convém; 
pois a palavra social não tem sentido definido senão sob a 
condição de designar unicamente fenômenos que não se 
englobam em nenhuma das categorias de fatos já 
existentes, constituídas e nomeadas. Estes fatos são, pois, 
o domínio próprio da Sociologia. É verdade que o termo 
coerção, por meio do qual o definimos, corre o risco de 
amedrontar os zelosos partidários de um individualismo 
absoluto. Como professam que o indivíduo é inteiramente 
autônomo, parece-lhes que o diminuímos todas as vezes 
que fazemos sentir que não depende apenas de si próprio. 
Porém, já que hoje se considera incontestável- que a 
maioria de nossas ideias e tendências não são elaboradas 
por nós, mas nos vêm de fora, conclui-se que não podem 
penetrar em nós senão através de uma imposição; eis todo 
o significado de nossa definição. Sabe-se, além disso, que 
toda coerção social não é necessariamente exclusiva com 
relação à personalidade individual. 
(...) Esta definição do fato social pode, além do mais, ser 
confirmada por meio de uma experiência característica: 
basta, para tal, que se observe a maneira pela qual são 
educadas as crianças. Toda a educação consiste num 
esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, 
de sentir e de agir às quais elas não chegariam 
espontaneamente, observação que salta aos olhos todas as 
vezes que os fatos são encarados tais quais são e tais quais 
sempre foram. Desde os primeiros anos de vida, são as 
crianças forçadas a comer, beber, dormir em horas 
regulares; são constrangidas a terem hábitos higiênicos, a 
serem calmas e obedientes; mais tarde, obrigamo-las a 
aprender a pensar nos demais, a respeitar usos e 
conveniências, forçamo-las ao trabalho etc. Se, com o 
tempo, esta coerção deixa de ser sentida, é porque pouco 
a pouco dá lugar a hábitos, a tendências internas que a 
tomam inútil, mas que não a substituem senão porque dela 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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derivam. É verdade que, segundo Spencer, uma educação 
racional deveria reprovar tais procedimentos e deixar a 
criança agir em plena liberdade; mas como esta teoria 
pedagógica não foi nunca praticada por nenhum povo 
conhecido, não constitui senão um desiderato pessoal, não 
sendo fato que possa ser oposto

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