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Profe Alê Lopes Profe Alê Lopes Bem-Vindas e Bem-Vindos! @profe.ale.lopes História e Sociologia articuladas Estrategia Vestibulares Profe Alê Lopes Sociologia Brasileira – Os clássicos Profe Alê Lopes Profe Alê Lopes Introdução à Sociologia brasileira Profe Alê Lopes Quem somos nós? Formação da Sociedade Brasileira Identidade Nacional Raça/cor/Mistura O mundo do trabalho Quem somos nós no Mundo? Legados econômicos da escravidão/colonização Capitalismo dependente Desigualdade social Questões de Estado e Regime Autoritarismo Democratização Os grandes eixos do pensamento social e político no Brasil Profe Alê Lopes Precursores Silvio Romero Nina rodrigues Oliveira Viana Geração de 1930 Gilberto Freyre Sergio Buarque de Holanda Caio Prado Jr. Geração de 1950/60 Florestan Fernandes Darcy Ribeiro Octavio Ianni •Os precursores tinham como principal preocupação a sociedade e identidade nacional. •Problemas da RAÇA E MESTIÇAGEM •A geração de 1930 preocupa-se COM PROCESSOS CONSTITUTIVOS DE NOSSA FORMAÇÃO SOCIAL, econômica, política e cultural. •As gerações de 1950 e 1960 ocuparam-se de pensar o problema da modernização brasileira e com a relação entre o subdesenvolvimento e o capitalismo dependente. •Retomada crítica da questão étnico-racial 3 fases do processo de estruturação da socióloga no Brasil da seguinte maneira: Profe Alê Lopes (CESPE 2018) A respeito do desenvolvimento da sociologia brasileira, julgue o item seguinte. Nos primórdios de seu desenvolvimento, uma das preocupações da sociologia brasileira foi estudar o Brasil verdadeiro, em contraposição ao Brasil descrito a partir da ótica etnocêntrica europeia. Profe Alê Lopes (2016) O surgimento e a consolidação da sociologia no Brasil estiveram associados às transformações econômicas e sociais mais amplas por que passou o país nas primeiras décadas do século XX. Sobre o momento de institucionalização da sociologia no Brasil é correto afirmar que a) A criação da Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933, e a fundação da Universidade de São Paulo, em 1934, relacionaram-se, respectivamente, aos modelos de pesquisa e produção acadêmica francês e norte-americano. b) Os estudos sociológicos estavam concentrados nas pesquisas sobre as relações internacionais, a questão ambiental e os modernos meios de comunicação social. c) A sociologia produzida no Brasil não se restringiu aos grandes centros urbanos, observando-se produções relevantes em todos os rincões do país. d) Uma das dificuldades de institucionalização da disciplina era o descompromisso dos sociólogos com uma concepção positiva de ciência, com métodos de pesquisa bem definidos e uma linguagem própria. e) A modernização experimentada a partir de 1930 impulsionou a criação da disciplina, cuja questão fundamental era a possibilidade de formação da sociedade moderna no país, os impasses, limites e dilemas da transformação social. (UDESC 2019) Com relação à história da Sociologia, no Brasil, assinale a alternativa correta. a) O surgimento da Sociologia está relacionado aos conflitos que emergiram na sociedade brasileira com o advento da República b) A consolidação da Sociologia como disciplina acadêmica só foi possível após a superação do autoritarismo imposto pelos governos militares (1964 – 1985). c) Os principais temas investigados no período em que surgiu foram as relações de gênero, a imigração internacional e os movimentos socais urbanos. d) Entre os principais sociólogos do período de surgimento e consolidação da Sociologia, no Brasil, podem- se citar Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni. e) A Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo constitui um marco importante para a consolidação do ensino da Sociologia nas universidades brasileiras. Profe Alê Lopes Os Precurssores Profe Alê Lopes Silvio Romero • ideário naturalista, evolucionista, social-darwinista e positivista. • Romero localizava os problemas do povo brasileiro e do caráter nacional no princípio biológico da raça. • Para ele, a mestiçagem seria a saída para a construção da homogeneidade nacional. • a mestiçagem seria o caminho para extinguir os grupos indígenas e negros através de sua diluição na raça branca, ou seja, era uma via de assimilação das raças inferiores. • A mestiçagem possibilitaria ao Brasil escapar dos prognósticos pessimistas anunciados por teóricos como o conde Arthur de Gobineau para quem a população brasileira, “totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia”, inviabilizaria a existência da nação civilizada. • Para Romero, negros, africanos, trabalhadores são a “classe perigosa”. • Brancos são o padrão da moralidade/beleza/progresso Profe Alê Lopes O ideal do branqueamento “O mestiço é a condição desta vitória do branco, fortificando-lhe o sangue para habitá-lo aos rigores do clima. É uma forma de transição necessária e útil que caminha para aproximar-se do tipo superior... Pela seleção natural [...] o tipo branco irá tomando a preponderância, até mostrar-se puro e belo como no velho mundo.” Silvio Romero A Redenção de Cam - Modesto Brocos Profe Alê Lopes Oliveira Vianna: Imbuído pelas concepções do naturalismo sociológico explicou a evolução do povo brasileiro pelos parâmetros do determinismo mesológico e biológico. A influência recíproca entre esses dois fatores (meio e raça) teria gerado as características específicas do povo brasileiro: • Haveria uma índole ou “alma” popular resultante das raízes culturais ibéricas submetidas às influências do meio geográfico brasileiro e às características específicas dos processos de colonização e exploração econômica. • No meio haveria absoluta incompatibilidade entre o liberalismo e a realidade brasileira • Povo desprovido do senso de solidariedade social ; Incapaz de se congregar para a defesa de causas de interesse coletivo, povo atomizado, sem coesão interna e refratário à noção de espírito público • Recorreu à teoria das elites dirigentes. Enalteceu os estadistas do Império brasileiro como os construtores da pátria, afirmando que a idealização e realização de um grande projeto coletivo nunca é obra da massa, mas de uma elite que o conduz e lhe assegura a execução • O sistema eleitoral e partidário é incapaz de selecionar a elite dirigente. • Afirmou existir uma relação direta de causalidade entre as raças mais evoluídas lógica e nas formas mais desenvolvidas de cultura. Por ilação, associou a elite dirigente com a raça alegadamente superior que seria a branca • Essa elite, pelo exemplo do comportamento e da educação pública e dos mecanismos de coerção administrativa e jurídica exercidos sobre as classes inferiores, compostas em grande parte por mestiços e negros, iria progressivamente incutir-lhes os padrões morais, de disciplina e procedimento, característicos de uma cultura superior. • a elite exerceria uma função civilizadora sobre o conjunto da população Profe Alê Lopes (UENP 2010) No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, dois períodos bem configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma importante fase intermédia de transição (1930-1940) Fragmento do texto A sociologia no Brasil de Antonio Cândido. Enciclopédia Delta-Larousse, 1959. Sobre o pensamento sociológico brasileiro, analise as afirmações abaixo. I. A sociologia, no Brasil, se desenvolve a partir do pensamento de juristas que ocuparam um papel fundamental no século XVIII, principalmente o de definir um modelo de Estado e interpretar as relações entre vida econômica e estrutura política. II. A sociologia brasileira recebeu influências da biologia, principalmente do evolucionismo, desenvolvendo uma espécie de obsessão por fatores naturais e uma preocupação com as fases históricas. III. Diferente da sociologia europeia, a brasileira não se interessou pelos estudos raciais. São corretas as afirmativas: a) apenas I e II b) apenas I e III c) apenas II e III d) Todas e) Nenhuma ProfeAlê Lopes A geração de 1930 Gilberto Freyre Profe Alê Lopes Os Intérpretes do Brasil Gilberto Freyre - Casa Grande & Senzala Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil Profe Alê Lopes Gilberto Freyre •Tese da mestiçagem como elemento positivo e CONSTITUTIVO da cultura brasileira ➢A miscigenação passa a ser o traço cultural originário do Brasil •Oposição à eugenia = Separação entre CULTURA e RAÇA ➢A chave interpretativa da cultura substitui a noção de raça •Metodologia compreensiva e pluridimensional (sociologia compreensiva de Weber) •Sociologia do cotidiano (hábitos e rituais prosaicos) ➢Atribuição de sentidos e conexões das recorrências cotidianas ➢Não basta olhar os antagonismos, mas relação entre eles = vai perceber ambiguidades e contradições CONCLUSÃO: O problema do Brasil não era a Raça, mas as estruturas do latifúndio monocultor escravista Profe Alê Lopes A formação da Sociedade brasileira Família Patriarcal ColonialismoEscravidão “A família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é desde o século XVI o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia colonial mais poderosa da América.” Gilberto Freyre Brasil Colônia - Profe Alê Lopes Família Patriarcal Profe Alê Lopes A depravação provocada pela escravidão “Na realidade, nem o branco nem o negro agiram por si, muito menos como raça, ou sob a ação preponderante do clima, nas relações de sexo e de classe que se desenvolveram entre senhores e escravos no Brasil. Exprimiu-se nessas relações o espírito do sistema econômico que nos dividiu, como um deus poderoso, em senhores e escravos. Dele se deriva toda a exagerada tendência para o sadismo característico do brasileiro.” Profe Alê Lopes A crítica ao latifúndio “A mesma economia latifundiária e escravocrata que tornou possível o desenvolvimento econômico do Brasil, sua relativa estabilidade em contraste com as turbulências nos países vizinhos envenenou-o nas suas fontes de nutrição e de vida.” “Era a sombra da monocultura projetando-se por léguas e léguas em volta das fábricas de açúcar e a tudo esterilizando ou sufocando, menos os canaviais e os homens e bois a seu serviço.” “A monocultura latifundiária, mesmo depois de abolida a escravidão, achou jeito de subsistir em alguns pontos do país, ainda mais absorvente e esterilizante do que no antigo regime; e ainda mais feudal nos abusos. Criando um proletariado de condições menos favoráveis de vida do que a massa escrava.” Gilberto Freyre – Casa Grande & Senzala Profe Alê Lopes Para Gilberto Freire, a família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é, desde o século XVI, o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia colonial mais poderosa da América. Sobre ela, o rei de Portugal quase reina sem governar. Os senados de Câmara, expressões desse familismo político, cedo limitam o poder dos reis e mais tarde o próprio imperialismo ou, antes, parasitismo econômico, que procura estender do reino às colônias os seus tentáculos absorventes (Gilberto Freire. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio. 1994, p. 19). Assinale a afirmativa CORRETA. a) Para Freire, o Estado Brasileiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento brasileiro. b) Para Freire, o rei de Portugal mantinha o total controle sobre o processo de colonização no Brasil. c) Para Freire, a família não pode ser considerada o agente colonizador do Brasil. d) Para Freire, a família foi predominante no desenvolvimento da sociedade brasileira, sua existência relacionou-se, desde o início, ao domínio das grandes propriedades, tanto na zona rural como posteriormente no meio urbano. e) Para Freire, a família manteve-se longe da aristocracia colonial brasileira. (Unioeste 2016) Profe Alê Lopes (ENEM 2009) “Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens”. De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é correto afirmar que a) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa particular. b) o caráter da colonização portuguesa no Brasil era exclusivamente mercantil. c) a constituição da população brasileira esteve isenta de mestiçagem racial e cultural. d) a Metrópole ditava as regras e governava as terras brasileiras com punhos de ferro e) os engenhos constituíam um sistema econômico e político, mas sem implicações sociais. Profe Alê Lopes (Unioeste 2011) “Na segunda metade do século XX, a tendência à superação das ideias racistas permitiu que diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir de suas especificidades. Grupos de negros pressionaram pela adoção de medidas legais que garantissem a eles igualdade de condições e combatessem a segregação racial. Chegamos então ao ponto em que nos encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso por assuntos referentes à África”. Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75. A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirma que Profe Alê Lopes b) apesar de relevante a luta contra o preconceito racial, o estudo da África só diria respeito ao conhecimento do passado, do período do Descobrimento do Brasil até a abolição da escravidão entre nós. c) estudar a África só nos indicaria a captura e a escravidão de diferentes povos africanos, tendo em vista que raça e o racismo são categorias ideológicas as quais servem para encobrir as fortes tensões sociais existentes entre a imensa classe de pobres e o seu oposto a dos ricos. d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a especificidade da raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais. e) nenhuma das alternativas está correta. A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirma que a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre outros tantos autores, são importantes por chamarem a atenção do país para o papel dos negros na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão explícitas e implícitas que sofreram. Profe Alê Lopes Casa Grande & Senzala Profe Alê Lopes Casa-grande & Senzala, 1933 Casa-grande: símbolo de STATUS, PODER, DOMINAÇÃO Senzala: símbolo de SUBORDINAÇÃO e SUBMISSÃO & Esse &, em lugar da conjunção e, exprime a ideia de INTERPENETRAÇÃO, e não de oposição o que permite isso?? A plasticidade aventureira do elemento português. Profe Alê Lopes Arte de Cícero Dias baseado no esboço de Gilberto Freyre e publicado em forma de poster na edição do livro Casa- Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. Freyre foi amigo e grande admirador da arte do modernista Cícero Dias, de forma que pediu a ele que fizesse a arte de seu livro. A imagem, que traduz graficamente o títuloda obra, mostra uma visão panorâmica dos elementos que compõe o contexto. Família Sexo Culinária Profe Alê Lopes Sociedade híbrida Intercurso Cultural “Uma circunstância significativa resta-nos destacar na formação da sociedade Brasileira: a de não ter processado no puro sentido da europeização. Em vez de dura e seca, rangendo do esforço de adaptar-se a condições primeiramente estranhas, a cultura europeia se pôs em contato com a indígena, amaciada pelo óleo da mediação africana.” “Verificou-se entre nós uma profunda confraternização de valores e sentimentos.” “Raras são as famílias no Brasil tropical que se têm mantido brancas ou quase brancas.” Profe Alê Lopes “Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na ternura, na mímica excessiva, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem. Do muleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo.” Da importância do elemento negro Profe Alê Lopes DEMOCRACIA RACIAL ?? Híbrida desde o início, a sociedade brasileira é de todas da América a que se constituiu mais harmoniosamente quanto às relações de raça: dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de contemporização da cultura adventícia com a nativa, da do conquistador com a do conquistado. “Há, diante desse problema de importância cada vez maior para os povos modernos – o da mestiçagem, o das relações de europeus com pretos, pardos, amarelos – uma atitude distintamente, tipicamente, caracteristicamente portuguesa, ou melhor luso-brasileira, que nos torna uma unidade psicológica e de cultura fundada sobre um dos acontecimentos, sobre uma das soluções humanas de ordem biológica e ao mesmo tempo social, mais significativas do nosso tempo: a democracia social através da mistura de raças” (Freyre, G. Palestra sobre os impactos da mestiçagem,1938) Profe Alê Lopes Mito do Paraíso racial “Mesmo um país católico como o Brasil – um país que nós, em nosso orgulho, estigmatizamos como semibárbaro – não trata as suas pessoas de cor, livres ou escravas, do modo injusto, bárbaro e escandaloso como nós tratamos. (...) A América democrática e protestante faria bem em aprender a lição de justiça e liberdade vinda do Brasil católico e despótico”. Frederick Douglas, 1858, Nova York “o que facilitará singularmente a transição [para o trabalho livre] no Brasil é que lá não existe nenhum preconceito de raça”. Quentin, em 1867, França Profe Alê Lopes (UFU 2015) O discurso sobre a formação da identidade nacional brasileira tem como uma de suas vertentes o estudo das consequências do encontro de três matrizes étnicas: o negro, o europeu (branco) e o indígena. Em meio a este debate, e contrariando as teorias raciais, elaborou-se uma tese conhecida como “democracia racial”, caracterizada por a) defender o direito de participação de representantes de todas as raças no processo político. b) pressupor a miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos que formaram a nação brasileira. c) denunciar os conflitos raciais e a desvalorização dos afrodescendentes no Brasil. d) culpar os grupos dominantes pela marginalização dos afrodescendentes e da população indígena brasileira. Profe Alê Lopes (Unioeste 2011) “Na segunda metade do século XX, a tendência à superação das ideias racistas permitiu que diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir de suas especificidades. Grupos de negros pressionaram pela adoção de medidas legais que garantissem a eles igualdade de condições e combatessem a segregação racial. Chegamos então ao ponto em que nos encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso por assuntos referentes à África”. Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75. A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirma que Profe Alê Lopes b) apesar de relevante a luta contra o preconceito racial, o estudo da África só diria respeito ao conhecimento do passado, do período do Descobrimento do Brasil até a abolição da escravidão entre nós. c) estudar a África só nos indicaria a captura e a escravidão de diferentes povos africanos, tendo em vista que raça e o racismo são categorias ideológicas as quais servem para encobrir as fortes tensões sociais existentes entre a imensa classe de pobres e o seu oposto a dos ricos. d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a especificidade da raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais. e) nenhuma das alternativas está correta. A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirma que a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre outros tantos autores, são importantes por chamarem a atenção do país para o papel dos negros na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão explícitas e implícitas que sofreram. Profe Alê Lopes (Unicentro 2011) Autor brasileiro que entendia a construção do Brasil como a fusão de raças, regiões, culturas e grupos sociais decorrentes da formação colonial, em que os negros e mestiços teriam papel fundamental na formação da identidade cultural do povo. Essa referência identifica a) Gilberto Freyre. b) Caio Prado Júnior. c) Florestan Fernandes. d) Fernando de Azevedo. e) Sérgio Buarque de Holanda. Profe Alê Lopes Geração de 30 Sérgio Buarque de Holanda Brasil Colônia - Profe Alê Lopes Sérgio Buarque e o método weberiano Profe Alê Lopes O esquema teórico analítico “de Sérgio” Tradição Modernidade Família patriarcal na sociedade colonial Vida privada Pessoalidade Emoção/sentimento Estado Burocrático Vida pública Impessoalidade Racionalidade Brasil Colônia - Profe Alê Lopes Dualidade/pares de oposição para comparar e comprovar a sua tese: Trabalho Norma Impessoal Método Urbano Burocracia Aventura Impulso afetivo Capricho Rural Caudilhismo Profe Alê Lopes Uma trajetória ligada aos ideais Modernistas Raízes do Brasil, 1936 ➢ Um Ensaio sobre: ❑ o sistema colonial português (trabalhador X aventureiro) ❑ o patriarcado rural (o patriarcado como continum de poder) ❑ o homem “cordial” ❑ os impasses do liberalismo brasileiro. A família patriarcal fornece, assim, o grande modelo por onde se hão de calcar, na vida política, as relações entre governantes e governados, entre monarcas e súditos. PATRIARCALISMO/PATRIMONIALISMO o patriarcado forma o meio no qual se desenvolve o “homem cordial”. CORDIALIDADE A busca pela identidade brasileira Profe Alê Lopes Família patriarcal: um entrave e uma identidade “Nos domínios rurais é o tipo de família organizada segundo as normas clássicas do velho direito romano-canônico, mantidas na península Ibérica através de inúmeras gerações, que prevalece como base e centro de toda a organização. Os escravos das plantações e das casas, e não somete escravos, como os agregados, dilatam o círculo familiar e, com ele, a autoridade imensa do pater-famílias. Esse núcleo bem característico em tudo se comporta como seu modelo daAntiguidade, em que a própria palavra “família”, derivada de famulus, se acha estreitamente vinculada à ideia de escravidão, e em que mesmo os filhos são apenas os membros livres do vasto corpo, inteiramente subordinado ao patriarca, os liberi.” Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, 2021, p. 95-96. Profe Alê Lopes Conceito de Patrimonialismo • Patrimonialismo é a invasão dos interesses privados na esfera pública. “A entidade privada precede sempre a entidade pública. A nostalgia dessas organizações compacta, única e intransferível, onde prevalecem NECESSARIAMENTE as preferências fundadas em laços afetivos, não podiam deixar de marcar nossa sociedade, nossa vida pública, todas as nossas atividades.” “O resultado era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios à comunidade doméstica, naturalmente particularista e ANTIPOLÍTICA, uma invasão do público pelo privado, do Estado pela família.” Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Profe Alê Lopes Características do Patrimonialismo • Funcionário burocrata X funcionário patrimonialista • Ausência de ordenação impessoal • Desrespeito ao rigor de determinados rituais e procedimentos • Desrespeito às leis e procedimentos (ritual legal) • Predomínio constante das vontades particulares “A escolha dos homens que irão exercer funções públicas faz-se de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, e muito menos de acordo com as suas capacidades próprias.” Profe Alê Lopes Conceito do Homem Cordial Buarque usa assim: Cordial provém da palavra cordialis que significa “relativo ao coração”. Relações cordiais são aquelas movidas pela emoção e pessoalidade - “fundo emotivo transbordante” Concepção de cordialidade no Mundo Moderno Liberal: Cordialidade como civilidade (controlar os arroubos emotivos); garantia de respeito aos direitos/espaço de cada cidadão. NO BRASIL: - Cordialidade como ética da emoção e sentimentalismo - O homem cordial brasileiro se vale da espontaneidade, impessoalidade. - O homem cordial se vale da lógica dos favores; “Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência – e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no “homem cordial”: é a forma natural e viva que se converteu em fórmula.” Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, 2021, p. 176. Profe Alê Lopes Percepções e efeitos da “cordialidade” brasileira ✓ Uso gramatical no diminutivo “nho”, “sinhá” “inho” ✓ Intimidade com os Santos ✓ “Jeitinho brasileiro” – cultura do privilégio ✓ Nepotismo ✓ Corrupção ✓ Distribuição desigual de oportunidades ✓ Obstáculo ao liberalismo (igualdade jurídica) ✓ Obstáculo à efetividade da meritocracia Profe Alê Lopes (ENEM 2015) Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os indivíduos, tenham sido quase sempre os mais decisivos. As agregações e relações pessoais, embora por vezes precárias, e, de outro lado, as lutas entre facções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela um todo incoerente e amorfo. O peculiar da vida brasileira parece ter sido por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. Um traço formador da vida pública brasileira expressa-se, segundo a análise do historiador, na a) rigidez das normas jurídicas. b) prevalência dos interesses privados. c) solidez da organização institucional. d) legitimidade das ações burocráticas. e) estabilidade das estruturas políticas. Profe Alê Lopes (UEL 2011) Leia o texto a seguir. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. (HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 160.) Assinale a alternativa correta. O trecho de Raízes do Brasil ilustra a interpretação de Sérgio Buarque de Holanda sobre a tradição política brasileira. A esse respeito, considere as afirmativas a seguir. I. As mudanças políticas no Brasil ocorreram conservando elementos patrimonialistas e paternalistas que dificultam a consolidação democrática. II. A política brasileira é tradicionalmente voltada para a recusa das relações hierárquicas, as quais são incompatíveis com regimes democráticos. III. As relações pessoais entre governantes e governados inviabilizaram a instauração do fenômeno democrático no país com a mesma solidez verificada nas nações que adotaram o liberalismo clássico. IV. A cordialidade, princípio da democracia, possibilitou que se enraizassem, no país, práticas sociais opostas aos princípios do clientelismo político. Profe Alê Lopes Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Profe Alê Lopes (UEM 2018) “Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, o país foi sempre marcado pela precedência dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, que organizam usualmente a vida dos cidadãos nas mais diversas nações. ‘Daremos ao mundo o homem cordial’, dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando a nossa difícil entrada na modernidade refletindo criticamente sobre ela”. (SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 17). Ao pensar a sociedade brasileira nos anos 1930, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) indicou ser a cordialidade uma característica fundamental da sociedade local. Acerca do conceito de homem cordial, conforme construído por Sérgio Buarque de Holanda, é correto afirmar que 01) indica o desapreço da sociedade brasileira pelo uso da violência. 02) versa sobre a adesão da sociedade brasileira ao cumprimento das leis e sobre o desprezo pelo “jeitinho”. 04) as relações pessoais extrapolam as relações privadas e organizam também a vida pública. 08) a cordialidade seria algo transmitido no processo de socialização presente, de certa forma, na maioria dos brasileiros. 16) indica a superação do passado colonial e a possibilidade de estruturação de uma democracia no Brasil baseada nos princípios de ordem e de progresso. Profe Alê Lopes A incivilidade gourmet (...) Em entrevista à Folha de S. Paulo, o sociólogo espanhol Manuel Castells chegou a tempo de enfiar o dedo nas escancaradas escaras da sociedade brasileira. (...) “A imagem mítica do brasileiro simpático só existe no samba. Na relação entre pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata”. Continua a matéria, “para os leitores de Sergio Buarque de Holanda, o sociólogo espanhol apenas redescobre as raízes da sociedade brasileira plantadas nos terraços da escravidão, entre a casa-grande e suas senzalas. (...) Sob a capa do afeto, o cordialismo esconde as crueldades da discriminação e da desigualdade.” BELLUZZO, Luiz Gonzaga. A incivilidade gourmet. Carta Capital, Ano XXI, Nº 854. A matéria retratada aponta como ilusória a ideia de que o brasileiro teria como característica a cordialidade, sendo, ao contrário, preconceituoso e agressivo. As frases expressivas da arrogância discriminativa presenteno cotidiano da sociedade brasileira estão indicadas em a) “Você não pode discutir comigo porque não fez faculdade.” “Quem poderia resolver essa situação?” b) “E você, quem é mesmo?” “Um momento enquanto verifico o seu processo.” c) “A culpa é da Princesa Isabel.” “Este é o número do seu protocolo, agora é só esperar”. d) “Eu sou o doutor Fulano de Tal.” “O senhor será o próximo a ser atendido.” e) “O senhor sabe com quem está falando?” “Coloque-se no seu lugar.” (Uema 2016) Brasil Colônia - Profe Alê Lopes (Ufu 2018) Segundo Florestan Fernandes (1970, p. 20), “O que particulariza a contribuição da Sociologia é que ela lida com os ‘fenômenos sociais’ no plano em que eles podem ser descritos, objetivamente, através de propriedades da porção social do meio ambiente dos organismos e dos processos que nela ocorrem.”. Tendo em vista a citação de Fernandes sobre a ciência sociológica, faça o que se pede. a) Discorra sobre uma possível definição do que é um problema sociológico em confronto ao que é um problema social. b) Caracterize, ao menos, três princípios que tornam a análise sociológica diferente das relações que encontramos no senso comum. Profe Alê Lopes Obrigado Prof. Nome do Professor OBRIGADA Profe Alê Lopes @profe.ale.lopes Profe Ale Lopes História e Sociologia Articuladas Profe Alê Lopes