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SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ 5 6 SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ EXERCÍCIOS 1. (Fuvest) “A sociedade colonial brasileira "herdou concepções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) As distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil- homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígenes e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor." (Stuart B. Schwartz, SEGREDOS INTERNOS). A partir do texto, pode-se concluir que: a) a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato, existente na Europa, foi transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e constituiu-se no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial. b) a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da sociedade europeia nos séculos XV e XVI. c) os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido facilmente dominados, não tiveram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial. d) a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios, brancos e negros, tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade colonial. e) a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII. 2. (Unesp) Leia o texto a seguir: “O homem cordial pode ser visto como um tipo ideal weberiano: ele seria o precipitado de uma formação social caracterizada pela onipresença da esfera privada, logo, pelo primado das relações pessoais. Ora, a cordialidade não deve ser compreendida como uma característica essencialmente brasileira, mas antes como um traço estrutural de sociedades cujo espaço público enfrenta dificuldades para afirmar sua autonomia em relação à esfera privada. O conceito de cordialidade é um importante instrumento analítico para o estudo de grupos sociais dotados de elevado grau de autocentramento, portanto, em alguma medida, resistentes a pressões externas.” (Rocha, João Cezar de Castro. Brasil nenhum existe. Folha de São Paulo, Domingo, 09 de janeiro de 2000). O texto acima propõe uma revisão da tese do “homem cordial”, desenvolvida pelo seguinte intelectual brasileiro: a) João Ubaldo Ribeiro b) Machado de Assis c) Ribeiro Couto d) Afonso Arinos de Melo Franco e) Sérgio Buarque de Holanda 3.(ENEM 2009) “Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens”. De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é correto afirmar que a) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa particular. b) o caráter da colonização portuguesa no Brasil era exclusivamente mercantil. c) a constituição da população brasileira esteve isenta de mestiçagem racial e cultural. SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ 7 d) a Metrópole ditava as regras e governava as terras brasileiras com punhos de ferro e) os engenhos constituíam um sistema econômico e político, mas sem implicações sociais. 4. (IFB-2017)A teoria da democracia racial, derivada a partir da hipótese de pesquisa desenvolvida por Gilberto Freyre, principalmente com sua obra “Casa- Grande e Senzala”, pode ser relacionada à política de cotas implementada nos institutos federais a partir da Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012. Dentre as opções abaixo, marque a CORRETA em relação aos conteúdos do enunciado acima. a) A teoria desenvolvida por Gilberto Freyre contribui para explicar a diferença entre os níveis de violência racial ocorridos nos EUA e no Brasil, bem como sustenta teoricamente a política de cotas raciais adotada em nosso país. b) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, sustenta uma suposta convivência pacífica e democrática entre os negros, indígenas e brancos europeus, de modo a sustentar a política de cotas raciais. c) A teoria desenvolvida por Freyre atribui uma visão romantizada da realidade, tornando invisíveis várias formas de violência praticadas por brancos europeus em relação aos negros. A política de cotas raciais, nesse sentido, visa validar a teoria de Freyre. d) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, mascara em grande medida a violência praticada por brancos contra negros no Brasil, sustentando de certo modo parte das críticas atribuídas à adoção de cotas raciais no país. e) A teoria da democracia racial de Freyre tem por princípio desvelar todas as formas de violência de brancos contra negros no Brasil, amparando teoricamente a adoção de cotas raciais como forma de compensação histórica. 5. (Udesc 2019) Leia o trecho a seguir: “Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas começa e termina no plano da tolerância convencionalizada. Esta pode satisfazer as exigências do bom-tom, de um discutível espírito cristão e da necessidade prática de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não aproxima realmente os homens senão na base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a acontecer, da convivência restritiva, regulada por um código que consagra a desigualdade, disfarçando-a e justificando-a acima dos princípios de integração da ordem social democrática”. Florestan Fernandes, 1960. Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia racial” que, durante um período, foi considerada constitutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por: a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos constitutivos da nação brasileira. b) apregoar que representantes de todos os grupos étnicos deveriam ter representatividade política em âmbito legislativo. c) promover a denúncia de práticas racistas contra negros, mulheres e indígenas. d) reivindicar a instauração de processos e eventuais julgamentos dos responsáveis pelo processo de favelização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins do século XIX. e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, pós 1964. 6. (Enem (Libras) 2017) A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala. O que a monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sentido de aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e escravos, com uma rala e insignificantelambujem de gente livre sanduichada entre os extremos antagônicos, foi em grande parte contrariado pelos efeitos sociais da miscigenação. FREYRE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999. 8 SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ A temática discutida é muito presente na obra de Gilberto Freyre, e a explicação para essa recorrência está no empenho do autor em a) defender os aspectos positivos da mistura racial. b) buscar as causas históricas do atraso social. c) destacar a violência étnica da exploração colonial. d) valorizar a dinâmica inata da democracia política. e) descrever as debilidades fundamentais da colonização portuguesa. 7. (Enem PPL 2017) TEXTO I A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a disciplinar o exercício do nepotismo cruzado, isto é, a troca de parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A nomeia como assessor o filho do desembargador B que, em contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor. COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006. TEXTO II No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. A administração pública no Brasil possui raízes históricas marcadas pela a) valorização do mérito individual. b) punição dos desvios de conduta. c) distinção entre o público e o privado. d) prevalência das vontades particulares. e) obediência a um ordenamento impessoal 8. (Unioeste 2017) As sociedades humanas podem ser compreendidas com base no exame de suas representações coletivas, suas categorias de classificação que podem ser percebidas nas maneiras de se comportar dos seus membros, nos hábitos mais comuns do seu cotidiano, nas suas expressões e valorações presentes na linguagem. No Brasil, vários pensadores sociais tentaram interpretar a sociedade brasileira. Sobre os Intérpretes do Brasil, entre eles Euclides da Cunha, Sérgio Buarque de Holanda, Roberto Da Matta, Gilberto Freire e Raymundo Faoro, é INCORRETO afirmar. a) Para Euclides da Cunha, é possível entender o Brasil a partir das categorias de litoral e de sertão. As organizações sociais do tipo que se encontrava no litoral limitavam-se a copiar as formas europeias, destinando o País à submissão permanente. Por outro lado, Euclides afirma que uma nação efetivamente brasileira e capaz de realizar um projeto nacional autônomo teria que originar-se na população sertaneja. Em seu trabalho, o autor destaca o sertanejo como o personagem histórico capaz de impulsionar a formação da nação autônoma. b) Para Sérgio Buarque de Holanda, o Brasil pode ser compreendido a partir do estudo das suas raízes socioculturais. Ele constrói um panorama histórico de nossa estrutura política, econômica e social influenciada pelo modelo português. O Brasil de Sérgio Buarque de Holanda é um território de desterro do europeu que aqui se constitui enquanto homem cordial e organiza-se pelo personalismo, patriarcalismo e autoritarismo, porém que precisa se tornar uma democracia. c) Para Roberto Da Matta, os vários paradoxos e tensões que constituem nossa maneira de ser são um caminho possível para entender o Brasil. Tais paradoxos e tensões podem ser vistos no fato do brasileiro acreditar ser importante respeitar a lei, por outro lado, esse mesmo brasileiro acha lícito recorrer ao famoso “jeitinho”. d) Para Gilberto Freire, o Brasil pode ser compreendido a partir de uma interpretação histórica da realidade econômica e, em especial, do seu subdesenvolvimento, entendidos como fruto de relações internacionais. e) Para Raymundo Faoro, o Brasil pode ser compreendido a partir da formação do patronato político e do patrimonialismo do Estado brasileiro, levando-se em consideração as características da colonização portuguesa. 9. (Ufu 1998) ""Viver é plural", disse um dos nossos maiores escritores, o mineiro João Guimarães Rosa. A vida brasileira também é plural. Qual a cara do Brasil? Não existe uma só. Nosso país é múltiplo, vário, diferenciado." (ALENCAR, Chico. "Nem melhores nem piores: apenas brasileiros." In: Identidade nacional em debate. Márcia Kupsta (org.). São Paulo: Moderna, 1997, p. 53) SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ 9 Considerando o texto acima, pode-se afirmar que I. o Brasil é um país preconceituoso do ponto de vista racial. II. a identidade brasileira se constitui pela diversidade étnico-cultural. III. a diversidade étnico-cultural no Brasil se expressa na diferença de costumes, crenças, na mistura de raças etc.. IV. o brasileiro e o Brasil não dão certo por causa da mistura de raças. a) II, III e IV estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e II estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 10. (Ufu 1999) "Calculo que o Brasil, no seu fazimento, gastou cerca de 12 milhões de negros, desgastados como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu aqui e de tudo que aqui se edificou. Ao fim do período colonial, constituía uma das maiores massas negras do mundo moderno. Sua abolição, a mais tardia da história, foi a causa principal da queda do Império e da proclamação da República. Mas as classes dominantes reestruturaram eficazmente seu sistema de recrutamento da força de trabalho, substituindo a mão de obra escrava por imigrantes importados da Europa, cuja população se tornara excedente e exportável a baixo preço." RIBEIRO, Darci. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p.220-221. Considerando o texto acima, pode-se afirmar que I. a escravidão foi a base de desenvolvimento econômico do Brasil, ao longo da colônia e do Império. II. a escravidão teve papel importante na formação étnica do país. III. o escravo contribuiu para moldar o trabalho e a sociedade no Brasil através de técnicas próprias, pelo seu modo de ser e cultura, pela culinária, pela dimensão religiosa, linguística e artística. IV. do ponto de vista da diversidade étnico-cultural brasileira, o negro não sofre preconceito social. Selecione a alternativa correta. a) II, III e IV estão corretas. b) I e IV estão corretas. c) I, II e III estão corretas. d) III e IV estão corretas. 11. (Interbits 2012) Leia. A gente pensa que autoritarismo é um fenômeno no aparelho de Estado, que é a ditadura. Autoritarismo é um fenômeno social, e a sociedade brasileira é autoritária. Ela é vertical, hierarquizada, oligárquica. Ela transforma todas as diferenças em desigualdades e naturaliza as desigualdades. Ela opera com a discriminação e o preconceito de classe, a discriminação e o preconceito religioso, a discriminação e o preconceito de sexo, a discriminação e o preconceito profissional e a discriminação e o preconceito racial. CHAUÍ, Marilena. Informação verbal obtida no debate "A Ascensão Conservadora em São Paulo", em 28 de agosto de 2012, na USP. A fala acima, de Marilena Chauí, apresenta a visão de que a sociedade brasileira é autoritária, devido à forma como naturaliza as desigualdades. Essa naturalização das desigualdades pode ser considerada como: a) causa da intolerância religiosa. A naturalização das desigualdades estimula o ódio religioso entre islâmicos e católicos na região amazônica. b) efeito do relativismo. O relativismo cultural faz com que as desigualdades sejam consideradas como simples diferenças entre um sistema cultural e outro. c) efeito da ideologia em uma sociedade capitalista. A ideologia naturaliza as diferenças de classe e as desigualdades, fazendo como que as pessoas não percebam o sistema opressivo em que se inserem. d) produto da ditadura. A sociedade brasileira é uma democracia recente e interessada no retorno dos militares ao poderpolítico. e) efeito do progresso. É natural que todo Estado Soberano seja também autoritário. 12. (Uenp 2010) No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, dois períodos bem configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma importante fase intermédia de transição (1930-1940). Fragmento do texto A sociologia no Brasil de Antonio Cândido. Enciclopédia Delta-Larousse, 1959. 10 SOCIOLOGIA COM VIVIANE CATOLÉ Sobre o pensamento sociológico brasileiro, analise as afirmações abaixo. I. A sociologia, no Brasil, se desenvolve a partir do pensamento de juristas que ocuparam um papel fundamental no século XVIII, principalmente o de definir um modelo de Estado e interpretar as relações entre vida econômica e estrutura política. II. A sociologia brasileira recebeu influências da biologia, principalmente do evolucionismo, desenvolvendo uma espécie de obsessão por fatores naturais e uma preocupação com as fases históricas. III. Diferente da sociologia europeia, a brasileira não se interessou pelos estudos raciais. São corretas as afirmativas: a) apenas I e II b) apenas I e III c) apenas II e III d) Todas e) Nenhuma 13. (Unioeste 2010) Observando o parágrafo abaixo e as afirmações que se seguem, seria correto dizer que Em Casa Grande & Senzala Gilberto Freyre refuta as teses que atribuem o “atraso” da sociedade brasileira à miscigenação, o que é por muitos considerado um ponto de vista inovador. I. Suas concepções podem assim mesmo ser consideradas conservadoras por enfatizar a harmonia das relações entre as etnias constitutivas da sociedade brasileiras, sobretudo entre brancos e negros. II.Freyre faz, no livro citado acima, um elogio à colonização portuguesa no Brasil. Decorrem desse fato as críticas que recebe por parte daqueles que vêm justamente no tipo de colonização que tivemos a origem do atraso nacional. III. Adotando pontos de vista e procedimentos muito distintos em relação aos de Freyre, Florestan Fernandes foi um dos autores que, na busca de explicações para aspectos da sociedade brasileira, enfatizou muito mais as mudanças sociais do que equilíbrio. IV. O principal ponto de convergência entre Freyre e Florestan é que com a progressiva industrialização da sociedade brasileira os negros não ocupam, necessariamente, um lugar marginal. a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. e) Apenas a afirmativa I está correta. Gabarito: 1:[D]; 2:[E]; 3:[A]; 4:[D]; 5:[A]; 6:[A]; 7:[D] 8: [D] ; 9: [C]; 10:[C]; 11:[C]; 12:[A]; 13:[A]