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1 LISTA DE EXERCÍCIOS: HUMANIZANDO 15 – SOCIOLOGIA BRASILEIRA TEMA ABORDADO AULA 16 – Sociologia Brasileira: Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. 1. (Ufsc 2018) Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil –, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano. Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala, 2005 [1933], p. 367. Em suma, a expansão urbana, a revolução industrial e a modernização ainda não produziram efeitos bastante profundos para modificar a extrema desigualdade racial que herdamos do passado. Embora “indivíduos de cor” participem (em algumas regiões segundo proporções aparentemente consideráveis) das “conquistas do progresso”, não se pode afirmar, objetivamente, que eles compartilhem, coletivamente, das correntes de mobilidade social vertical vinculadas à estrutura, ao funcionamento e ao desenvolvimento da sociedade de classes. FERNANDES, Florestan, O negro no mundo dos brancos, 2006 [1972], p. 67. [Adaptado]. Acerca do debate sobre relações raciais no Brasil e com base na leitura dos textos acima, é correto afirmar que: 01) a chamada “democracia racial” é uma expressão normalmente atribuída a Florestan Fernandes, que defendia essa ideia sobre o Brasil. 02) para o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, o Brasil seria um país miscigenado não apenas no plano biológico, mas também no cultural. 04) há diferentes interpretações sociológicas e antropológicas sobre como se dão as relações raciais no Brasil, inclusive correlacionando as desigualdades raciais com outros fatores, como gênero e classe social. 08) segundo as ideias de Florestan Fernandes, no Brasil foi necessária a realização de medidas formais para separar negros de brancos. 16) segundo Gilberto Freyre, era necessário distinguir raça de cultura, pois algumas diferenças existentes entre brancos e negros seriam de ordem cultural, e não racial, como defendiam algumas teorias. 2. (Uem 2018) “Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, o país foi sempre marcado pela precedência dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, que organizam usualmente a vida dos cidadãos nas mais diversas nações. ‘Daremos ao mundo o homem cordial’, dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando a nossa difícil entrada na modernidade refletindo criticamente sobre ela”. (SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 17). 2 Ao pensar a sociedade brasileira nos anos 1930, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) indicou ser a cordialidade uma característica fundamental da sociedade local. Acerca do conceito de homem cordial, conforme construído por Sérgio Buarque de Holanda, é correto afirmar que 01) indica o desapreço da sociedade brasileira pelo uso da violência. 02) versa sobre a adesão da sociedade brasileira ao cumprimento das leis e sobre o desprezo pelo “jeitinho”. 04) as relações pessoais extrapolam as relações privadas e organizam também a vida pública. 08) a cordialidade seria algo transmitido no processo de socialização presente, de certa forma, na maioria dos brasileiros. 16) indica a superação do passado colonial e a possibilidade de estruturação de uma democracia no Brasil baseada nos princípios de ordem e de progresso. 3. (Uerj simulado 2018) GOL ANULADO Quando você gritou mengo No segundo gol do Zico Tirei sem pensar o cinto E bati até cansar (João Bosco e Aldir Blanc , 1976) FAIXA AMARELA Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela Vou lhe dar uma banda de frente Quebrar cinco dentes e quatro costelas Vou pegar a tal faixa amarela Gravada com o nome dela E mandar incendiar Na entrada da favela (Zeca Pagodinho e outros, 1997) NA SUBIDA DO MORRO Na subida do morro me contaram Que você bateu na minha nega Isso não é direito Bater numa mulher que não é sua (Moreira da Silva e Ribeiro da Cunha, 1958) 3 TREPADEIRA E tu vem, Meu coração parte e grita assim “Arrasa biscate!” Merece era uma surra, de espada de São Jorge (Emicida, 2013) A comparação das letras das canções revela uma característica marcante que perpassa diferentes grupos e classes na sociedade brasileira. Tal característica está indicada em: A) valorização da família tradicional. B) banalização da violência doméstica. C) enaltecimento da cultura do estupro. D) enfrentamento do radicalismo feminista. 4. (Ebmsp 2018) Patrimonialismo é um modelo de administração, típico dos estados absolutistas europeus, e tinha como principal característica a não distinção entre o que era bem público e o que era bem privado. Em outras palavras, não havia distinção entre o que pertencia ao Estado e o que pertencia ao detentor do poder, no caso de Portugal, o rei Dom Manuel I. Se esse modelo estivesse vigorando, hoje, no Brasil, seria o mesmo que dizer que o presidente da república seria dono de todos os bens do Estado brasileiro: móveis, imóveis, utensílios, acessórios, enfim, tudo seria dele porque, no Estado Patrimonialista, prevalece a seguinte mentalidade: tudo o que pertence ao Estado pertence, também, ao detentor do poder. Disponível em: <http://www.politize.com.br/patrimonialismo-administracao-publica-brasil/>. Acesso em: set. 2017. Adaptado. A sobrevivência de práticas patrimonialistas na administração pública brasileira pode ser observada no A) nepotismo — emprego, em cargos administrativos das esferas federal, estadual ou municipal, de familiares de agentes públicos como extensão do poder pessoal desse agente empregador, sem passarem pelo crivo do concurso público. B) patriarcalismo — controle do governo de um estado pelo patriarca mais graduado entre as famílias da elite econômica local. C) clientelismo — uso do poder carismático de um agente público como forma de garantir o controle sobre projetos e programas urbanísticos de setores públicos. D) municipalismo — expansão do poder das lideranças locais que gerenciam as rendas públicas em parceria com os sindicatos rurais. E) federalismo — divisão geográfica e territorial do país, ficando cada unidade sob a liderança e controle de uma oligarquia partidária. 4 5. (Ufu 2017) Ao investigar a situação dos migrantes, o sociólogo Willians de Jesus Santos afirma que: A construção da identidade nacional brasileira através da ideologia do sincretismo criminalizou as populações africanas escravizadas e seus descendentes, bem como, por certo tempo, as asiáticas. E hoje influenciam políticas de governança que priorizam a securitização, criminalizam protagonistas específicos – sejam eles migrantes indocumentados, inclusive solicitantes de refúgio, assim como prostitutas que estão no mercado internacional de trabalho –, ou, ainda, moradores de favelas e da periferia, além de que os imigrantes são tratados como raças perigosas. Disponível em: <http://diplomatique.org.br/intimidacao-racismo-e-violencia-contra-imigrantes-e- refugiados-no-brasil>. Acesso em: 20 abr. 2017. De acordo com o trecho, é possível concluir que: A) O Estado brasileiro semprerespeitou as diferenças culturais da população migrante, garantindo o acolhimento e o direito desta população. B) A ideologia da democracia racial tem garantido a integração de migrantes e pobres no Brasil, dando continuidade a uma tradição do Estado brasileiro. C) Os fluxos migratórios atuais no Brasil são tratados como um problema de segurança pública, o que explicita a influência do racismo científico. D) A criminalização de determinados tipos raciais no Brasil fundamenta-se no princípio do respeito à diversidade cultural. 6. (Uem-pas 2017) A nação, a nacionalidade e a identidade nacional são construções sócio-históricas, portanto, são resultado da ação de vários agentes sociais. O intelectual é um dos agentes sociais envolvidos na construção das ideias de nação, de nacionalidade e de identidade nacional. Para o caso brasileiro, no que diz respeito à criação da identidade nacional, um intelectual central foi Gilberto Freyre (1900-1987). Em suas obras, Freyre sistematizou, divulgou e ajudou a sedimentar a ideia do Brasil como país mestiço, atrelando a identidade nacional brasileira à miscigenação, à mestiçagem. Sobre a identidade nacional brasileira assentada na miscigenação e na mestiçagem, é correto afirmar: 01) A identidade nacional brasileira assentada nos ideais da mestiçagem e da miscigenação busca conciliar discursivamente uma sociedade altamente estratificada onde o racismo é um operador social importante. 02) A construção da identidade nacional brasileira favoreceu a expropriação do patrimônio cultural da população negra, uma vez que elementos da cultura negra foram transformados em cultura nacional, situação que colaborou para fortalecer a ideia da ausência de uma cultura da população negra no Brasil. 04) A identidade nacional alicerçada nos ideais da miscigenação e da mestiçagem é algo que foi e ainda é utilizado para encobrir o racismo existente no Brasil. 08) A construção da identidade nacional em torno do ideal da miscigenação e da mestiçagem favoreceu o desenvolvimento do mito da democracia racial e da ausência de racismo no Brasil. 16) A identidade nacional calcada nos ideais da miscigenação e da mestiçagem favoreceu o surgimento de conflito racial explícito no Brasil. 5 7. (Uem 2017) “(...) o que fica no centro das preocupações, das apreensões e, mesmo, das obsessões é o ‘preconceito de não ter preconceitos’. Através de processos de mudanças psicossocial e sociocultural reais sob certos aspectos profundos e irreversíveis, subsiste uma larga herança cultural, como se o brasileiro se condenasse, na esfera das relações raciais, a repetir o passado no presente.” FERNANDES, F. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global, 2007, p. 42. Com base na citação acima e em estudos realizados acerca das relações raciais no Brasil, assinale o que for correto. 01) A sociedade brasileira tende a condenar publicamente o racismo, todavia ele é considerado relativamente aceito em diversos espaços, momentos e relações sociais de caráter privado ou coletivo. 02) No Brasil, a democracia racial é uma realidade. O racismo, portanto, não existe. 04) A herança cultural da escravidão foi irrelevante para a sociedade brasileira após a abolição. 08) O mito da democracia racial foi e é uma construção que colabora para a dissimulação do racismo no Brasil. 16) Dentre as marcas culturais da escravidão no Brasil está a tendência a associar pessoas negras a profissões de menor status social. 8. (Unigranrio - Medicina 2017) ‘Todos precisam ser expostos às diferenças’ Vishakha N. Desai, cientista política e consultora Eleita uma das cem mulheres mais poderosas do mundo em cargo de liderança, indiana veio ao Rio para congresso da AFS, entidade dos EUA que promove intercâmbios Estou na casa dos 60 anos, mas não quero revelar a idade real. Sou consultora da Universidade de Columbia e pesquisadora na Faculdade de Relações Públicas e Internacionais. Atuo como consultora no Museu Guggenheim, em Nova York, e presido o conselho da American Field Service (AFS). ENTREVISTA A: DANIELA KALICHESKl daniela.kalicheski.rpa@oglobo.com.br - Conte algo que não sei. Até o ano 2050, 50% do PIB do mundo virão da Índia e da China, como era em 1800. - Por que isso vai acontecer! Nos últimos 250 anos, tivemos uma dominação europeia e americana, e isso vai mudar. Cerca de metade da população estará localizada na China e na Índia, e a curva de crescimento populacional sugere essa mudança, que já aconteceu antes e voltará a ocorrer. O importante é que todos devem ter consciência desse movimento. No mundo ocidental, boa parte das pessoas não entende como as culturas orientais funcionam. Essa falta de entendimento é um grande risco e uma desvantagem. 6 - Isso poderia ser visto como um retrocesso! Depende de quem responde à pergunta. Um líder chinês dirá que os últimos 250 anos não são nada em relação aos milênios em que a China esteve em seu auge. Então, os chineses diriam que isso é uma retomada. Mas é importante frisar que, em um mundo globalizado, nunca se pode voltar a um momento anterior, por isso essa mudança é vista como um movimento em espiral. - Como estar preparado para essas mudanças! Existem dois segredos. O primeiro é estar ciente das tendências do mundo e buscar entendê-las. A compreensão é fundamental para ser um cidadão do mundo. O segundo segredo é entender as diferenças. Se você não souber lidar com isso, será impossível se ver dentro do contexto mundial. - Qual a melhor forma de preparar as pessoas para um mundo multicultural? Ser parte de um sistema de educação que promova a curiosidade sobre o diferente. É preciso aprender a pluralidade e fugir do ponto comum e dominante do conhecimento. Também é preciso entender que existem diversos pontos de vista e que todos devem ser respeitados. Todos precisam ser expostos às diferenças. - Você observa um movimento de intolerância no Brasil! Há um movimento retroativo nesse sentido no mundo, uma onda contra as diferenças, contra a evolução global. Em geral, essas pessoas intolerantes acreditam estar se esforçando para defender ideologias, quando, na verdade, essas ideologias já estão quebradas. Intolerância está associada à insegurança. No Brasil, não é diferente, a intolerância é o medo de perder algo. Países com muita diversidade interna deveriam ter um papel importante para demonstrar como é conviver com as diferenças, não o contrário. - O que acha da reforma da educação brasileira, que prevê tomar opcionais matérias relacionadas a esse entendimento, como a sociologia! Penso que isso é um grande problema. As matérias da humanidade são extremamente importantes para nos ajudar a entender o que é ser humano. Quando perdemos essa aprendizagem nas escolas, deixamos de ensinar aos jovens o que é ter uma postura cidadã. É uma grande fraqueza para o país. - Acredita num mundo com igualdade de gênero! Há duas formas de mudar a desigualdade de gêneros. Uma delas é fazer política, criando leis de proteção e de igualdade. A segunda é com atitudes, e essas não mudarão só porque as leis mudaram. É importante entender que as atitudes levam tempo para se modificar. É preciso entrar na briga pela igualdade e não desistir. Que opinião a entrevistada tem em relação ao Brasil em se tratando de intolerância? A) Para o brasileiro intolerância é apenas o medo de se tornar um perdedor. B) É perceptível um movimento de intolerância. O Brasil se iguala a outros países. C) Ela não se comprometeu ao ser indagada, esquivou-se de abordar o tema. D) O problema deixa de ter amplitude em virtude da pouca disposição de se sair em defesa de determinada ideologia. E) O problema deixa de ser observado, no Brasil,por ser este um país com muita diversidade interna. 7 9. (Unimontes 2016) No Brasil, o problema das desigualdades sociais ocupa a agenda de pesquisa e reflexão dos principais cientistas sociais do país. Jessé Souza, um dos mais destacados sociólogos da atualidade, enxerga, na fragmentação do conhecimento e na fragmentação da percepção da realidade, os principais obstáculos para o enfrentamento do problema. Considerando esse ponto de vista do sociólogo, pode-se afirmar: A) Desigualdade social é um problema exclusivamente de conjuntura econômica, podendo ser superado com o crescimento econômico. B) O aumento da renda e o acesso ao emprego resolvem o problema das desigualdades sociais no Brasil. C) No Brasil, com o surgimento de “uma nova classe média” (como se difunde em jornais e televisão), o problema das desigualdades sociais desaparece por causa, principalmente, do acesso generalizado aos bens de consumo. D) A reprodução de classes marginalizadas envolve a produção e a reprodução das condições morais, culturais e políticas da marginalidade, que vão para além do problema da renda per capita. 10. (Uema 2016) Nunca o Brasil recolheu tanto imposto. Creio que a corrupção nunca foi tão alta. Alguma relação? Claro que sim! Os impostos financiam a corrupção. Esmagamos o nosso corpo, retorcemos a nossa estrutura para financiar a mordomia de poucos sortudos. Isso sempre existiu em toda parte do mundo. No Brasil, então, é condição essencial para o convívio entre os agentes sociais. Entretanto, somos obrigados a conviver com um elemento muito particular nosso: o respeito às autoridades. Além de pagar imposto, o brasileiro sabe respeitar alguém que usa terno. Além do terno, tem a farda, a beca e o avental. O brasileiro sabe respeitar. Aí está o seu erro: a adulação às autoridades. Dizem que a autoridade só é autoridade para servir ao coletivo. Não existe autoridade sem função de serviçal. http:congressoemfoco.uol.com.br/autor/rodolfo. Com relação ao significado do respeito às autoridades, conforme o texto afirma, identificamos que a formação do povo brasileiro foi-se construindo por meio de práticas silenciosas com base no respeito. Decorre dessas práticas a intenção de formar cidadãos, caracterizando-os como A) críticos. B) atentos. C) atuantes. D) submissos. E) politizados. 8 11. (Unioeste 2016) Para Gilberto Freire, a família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é, desde o século XVI, o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia colonial mais poderosa da América. Sobre ela, o rei de Portugal quase reina sem governar. Os senados de Câmara, expressões desse familismo político, cedo limitam o poder dos reis e mais tarde o próprio imperialismo ou, antes, parasitismo econômico, que procura estender do reino às colônias os seus tentáculos absorventes (Gilberto Freire. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio. 1994, p. 19). Assinale a afirmativa CORRETA. A) Para Freire, o Estado Brasileiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento brasileiro. B) Para Freire, o rei de Portugal mantinha o total controle sobre o processo de colonização no Brasil. C) Para Freire, a família não pode ser considerada o agente colonizador do Brasil. D) Para Freire, a família foi predominante no desenvolvimento da sociedade brasileira, sua existência relacionou-se, desde o início, ao domínio das grandes propriedades, tanto na zona rural como posteriormente no meio urbano. E) Para Freire, a família manteve-se longe da aristocracia colonial brasileira. 12. (Enem PPL 2015) A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos. CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que A) essa ideologia equipara a nação a outros países modernos. B) esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação. C) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros. D) esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes. E) essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias. 9 13. (Upe 2015) Observe a tabela a seguir: Diferença entre as populações de brancos e negros no Brasil (em médias) Analfabetismo Proporção de pobres (família) Proporção de crianças pobres Domicílios com banheiros e água encanada BRASIL 12,9 32,8 46,0 77,0 Brancos 8,3 22,2 20,2 87,0 Negros 18,7 45,5 43,1 65,1 (Fonte: ESCÓSSIA, Fernanda. Raças ocupam posições, e negro sofre mais. Folha de São Paulo, 2, out. 2003. Caderno Especial Qualidade de Vida, p. A-4. Adaptado) Ela apresenta as principais dimensões que caracterizam a desigualdade racial no Brasil. Com base nas médias nela apresentadas, é CORRETO afirmar que A) a proporção de negros analfabetos é menor que a média nacional. B) os domicílios com banheiro e água encanada representam a dimensão mais desigual, mostrando a proximidade do negro em relação ao branco. C) a desigualdade social no Brasil aumentou significativamente, pois a proporção de pobres negros foi maior que a de brancos e a da média nacional juntas. D) as formas de perseguição étnica e racial no Brasil são relações sociais, que refletem a desigualdade existente, apresentada na tabela. E) há uma desigualdade forte no país entre brancos e negros, e os dados são insuficientes para perceber todas as dimensões sociais que tornam os indivíduos desiguais. 14. (Ufu 2015) O discurso sobre a formação da identidade nacional brasileira tem como uma de suas vertentes o estudo das consequências do encontro de três matrizes étnicas: o negro, o europeu (branco) e o indígena. Em meio a este debate, e contrariando as teorias raciais, elaborou-se uma tese conhecida como “democracia racial”, caracterizada por A) defender o direito de participação de representantes de todas as raças no processo político. B) pressupor a miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos que formaram a nação brasileira. C) denunciar os conflitos raciais e a desvalorização dos afrodescendentes no Brasil. D) culpar os grupos dominantes pela marginalização dos afrodescendentes e da população indígena brasileira. 10 15. (Uema 2015) Leia o fragmento abaixo. “[...] Se a supressão do nexo colonial não se refletiu na condição de escravo nem afetou a natureza da escravidão mercantil, ela alterou a situação econômica do senhor que deixou de sofrer o peso da ‘espoliação colonial‘ e passou a contar, por conseguinte, com todas as vantagens da ‘espoliação escravista‘ que não fossem absorvidas diretamente pelos mecanismos secularizados do comércio internacional”. Fonte: FERNANDES, Florestan. Circuito Fechado: quatro ensaios sobre o “poder institucional”. São Paulo: Globo, 2010. Baseando-se no fragmento de FlorestanFernandes, pode-se afirmar que a independência do Brasil A) dificultou o fortalecimento da economia nacional. B) fortaleceu o setor econômico escravista nacional. C) extinguiu o tráfico de pessoas escravizadas ao país. D) rompeu com a estrutura econômica baseada na escravidão. E) aumentou a dependência brasileira aos interesses portugueses. 11 RESOLUÇÕES Resposta da questão 1: 02 + 04 + 16 = 22. As afirmativas [01] e [08] estão incorretas. A ideia de democracia racial foi desenvolvida por Gilberto Freyre, e não por Florestan Fernandes. Florestan Fernandes foi importante para que pudéssemos compreender a estrutura social brasileira vinculada ao racismo. Ele demonstrou que, em nosso país, a questão racial associa-se também a outros fatores sociais, como as desigualdades de classe. Resposta da questão 2: 04 + 08 = 12. As afirmativas [04] e [08] são as únicas corretas. A cordialidade diz respeito à confusão entre o público e o privado nas relações sociais na sociedade brasileira. Já presente no período colonial, essas relações de cordialidade fazem com que ainda hoje existam formas de tratamento baseadas no “jeitinho” e no tratamento personalista das questões coletivas. Resposta da questão 3: [B] As três canções possuem em comum o fato de apresentarem relatos de violência no cotidiano das pessoas. Por nenhuma delas ser uma forma de violência estatal, podemos dizer que são casos de violência doméstica. Vale ressaltar que a violência é um dos elementos fundantes da cultura brasileira, por mais que muitas vezes nos consideremos um povo pacífico. Resposta da questão 4: [A] As práticas patrimonialistas podem ser vistas tanto no nepotismo, no patriarcalismo e no clientelismo. No entanto, somente a alternativa [A] explica, de forma correta, o conceito que está apresentando, pois o patriarcalismo não corresponde ao governo de um patriarca mais graduado, nem o clientelismo corresponde ao uso do poder carismático. Resposta da questão 5: [C] A única alternativa possível de estar correta é a [C]. O texto deixa claro que diversos grupos no Brasil (entre eles os imigrantes) são criminalizados, sendo tratados através de forças de segurança, como a polícia. Tal política é bastante similar àquelas que ocorriam no início do século XX, quando imperava o racismo científico nas políticas públicas do país. Resposta da questão 6: 01 + 02 + 04 + 08 = 15. A afirmativa [16] é a única incorreta. As ideias de miscigenação acabaram por ocultar os conflitos raciais que já existiam no Brasil e que perduram até hoje. 12 Resposta da questão 7: 01 + 08 + 16 = 25. A sociedade brasileira até hoje sofre a influência de seu período escravocrata. Assim sendo, o racismo persiste e os negros não têm acesso pleno a bens materiais e simbólicos que o colocariam no mesmo status que os brancos. Nesse contexto, afirmar que a democracia racial é uma realidade significa não querer ver esse tipo de desigualdade em nosso país. Resposta da questão 8: [B] Não somente no Brasil existe um movimento de intolerância. Outros países, como os Estados Unidos, têm demonstrado que momentos xenofóbicos e separatistas têm tido grande relevância política. Resposta da questão 9: [D] A desigualdade social não é um fenômeno puramente econômico, devendo ser compreendida também a partir de outros fatores, como aspectos morais, culturais e políticos. Assim, somente a alternativa [D] está correta. Resposta da questão 10: [D] O respeito irrestrito às autoridades, na forma como o texto analisa, conduz à submissão da população a agentes estatais corruptos, tal como mostra a alternativa [D]. Resposta da questão 11: [D] A resposta da questão está na primeira frase do texto. De fato, a análise de Gilberto Freyre em Casa-Grande e Senzala tem na família o seu enfoque principal. Tal análise de Freyre foi importantíssima para a constituição de um pensamento sociológico brasileiro. Resposta da questão 12: [D] A noção de “democracia racial” foi utilizada para camuflar a violência e a exclusão ainda vivida pelos negros no Brasil. O argumento do texto serve justamente para contrapor o chamado “mito da democracia racial”. Resposta da questão 13: [E] Ainda que seja um diagnóstico da desigualdade racial no Brasil, os dados apresentados na tabela não abarcam todas as dimensões dessa desigualdade, que vai muito além das quatro variáveis apresentadas. É por esse mesmo motivo que a alternativa [D] está incorreta, pois os dados são insuficientes para explicar qualquer forma de perseguição étnica. 13 Resposta da questão 14: [B] O “mito da democracia racial” se caracteriza pelo argumento de que, no Brasil, as diferentes raças se miscigenaram e passaram a se relacionar de forma harmoniosa. Isso serviu para ocultar as relações de conflito e dominação existentes entre essas matrizes étnicas. Resposta da questão 15: [B] Ainda que tenha adquirido sua independência em 1822, o Brasil manteve-se escravista. Assim, não se pode dizer que houve um rompimento da sua estrutura societária, mas somente a abertura da possiblidade de os senhores lucrarem, também eles, com o tráfico negreiro.