Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 1 Prof. Carol Negrin Aula 15 – Animais Invertebrados. vestibulares.estrategia.com EXTENSIVO 2024 Exasi u VESTIBULARES Exasiu ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 2 SUMÁRIO TABELA DE CONCEITOS 4 AULA 15. ANIMAIS INVERTEBRADOS 5 1. O QUE É UM ANIMAL? 5 1.1. Características gerais dos metazoários 6 2. PORÍFEROS 11 CAI NA PROVA 15 3. CNIDÁRIOS 16 CAI NA PROVA 22 4. LOFOTROCOZOÁRIOS 23 4.1. Platelmintos 23 CAI NA PROVA 30 4.2. Moluscos 31 CAI NA PROVA 36 4.3. Anelídeos 37 CAI NA PROVA 42 5. ECDISOZOÁRIOS 42 5.1. Nematódeos 43 CAI NA PROVA 48 5.2. Artrópodes 49 CAI NA PROVA 62 6. EQUINODERMOS 63 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 3 CAI NA PROVA 68 7. FILOGENIA DOS ANIMAIS INVERTEBRADOS 69 8. LISTA DE QUESTÕES 70 8.1. Lista de questões complementares 70 9. GABARITO 96 9.1. Gabarito da lista de questões complementares 96 10. LISTA DE QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS 97 10.1. Lista de questões complementares 97 11. RESUMINDO 133 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 134 13. REFERÊNCIAS 135 14. VERSÕES DAS AULAS 135 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 4 Tabela de Conceitos Celoma Cavidade corpórea delimitada inteiramente pela mesoderme e que abriga os órgãos internos, as vísceras do animal. Deuterostômios Animais em que o blastóporo dá origem ao ânus, sendo esse o primeiro orifício a surgir no desenvolvimento embrionário. São os equinodermos e os cordados. Ecdise Processo de eliminação da cutícula externa de artrópodes e nematódeos. É regulada pelo hormônio ecdisona e permite o crescimento do animal enquanto a nova cutícula não se torna rígida. Metameria Organização interna do corpo de um animal que se origina a partir da repetição de estruturas ao longo do eixo anteroposterior dos animais que apresentam simetria bilateral. Cada unidade é chamada de segmento ou metâmero. Ocorre em anelídeos, artrópodes e cordados. Protostômios Animais em que o blastóporo dá origem à boca, sendo esse o primeiro orifício a surgir no desenvolvimento embrionário. São os animais triblásticos, à exceção de equinodermos e cordados: platelmintos, moluscos, anelídeos, nematódeos e artrópodes. Simetria corporal Semelhança entre as partes externas de um determinado organismo quando elas são separadas por planos reais ou imaginários que passam pelo seu centro. Pode ser bilateral ou radial. Verminoses Doenças causadas por “vermes” platelmintos ou nematódeos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 5 Aula 15. Animais Invertebrados Olá, vestibulando (a)! Tudo bem com você? Nesta aula iremos avançar mais um bom tanto nossos estudos sobre a Diversidade da Vida. Já estudamos vírus, microrganismos e plantas, e a partir de agora iniciaremos nossas discussões sobre os animais. O Reino Animal, também conhecido como Animalia ou Metazoa, divide-se em dois grandes grupos: animais invertebrados (que não apresentam vértebras) e animais vertebrados (que apresentam vértebras). Nesta aula iremos nos debruçar sobre o estudo dos animais invertebrados: falaremos sobre os principais grupos e as características que os definem. Mas antes disso, veremos os traços que nos permitem definir um animal. Os assuntos que trataremos aqui apresentam alta recorrência nas provas de vestibulares. Isso porque é um tema de grande relevância e cheio de detalhes, com características evolutivas importantes, que podem ser exclusivas de um determinado grupo ou compartilhadas entre vários deles. Por isso, preste atenção, pois saber compará-los é primordial! E depois de se dedicar ao estudo dela e aos exercícios selecionados, tenho certeza de que você se sairá muito bem no vestibular! Preparado (a) para estudar Zoologia? Então respire, porque vamos começar! 1. O que é um animal? Os primeiros animais de tamanho perceptível e relacionados com os animais modernos datam do Cambriano, há aproximadamente 540 milhões de anos. A característica mais marcante da fauna cambriana é sua grande diversidade: o aparecimento repentino dos principais planos corporais e a rápida diversificação em animais complexos receberam o nome de Explosão do Cambriano, como veremos na aula de Evolução. Mas o que é um animal? Animais (também chamados metazoários) são organismos eucariontes, heterotróficos, pluricelulares, que se movimentam durante todo ou parte do ciclo de vida. Seu corpo é formado por tecidos (células funcionalmente especializadas, dedicadas a uma ou mais funções), sendo os principais tecidos o epitelial e o conjuntivo. Além disso, os animais não apresentam células com parede celular e são tipicamente diploides. Abaixo, vamos analisar o cladograma da diversidade dos organismos para vermos onde os animais se localizam na árvore da vida. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 6 A diversidade de animais é enorme, e dentre os aproximadamente 35 filos (ou grupo) animais reconhecidos, apenas um contém animais que não são invertebrados, o filo dos Cordados. Isso nos mostra que parte crucial da nossa biodiversidade reside nos animais invertebrados, objetos de estudo da nossa aula. 1.1. Características gerais dos metazoários Os animais se dividem em dois grandes grupos, animais invertebrados (aqueles que não apresentam vértebras) e animais vertebrados (aqueles que apresentam vértebras), e a hipótese mais aceita sobre suas relações de parentesco pode ser expressa da seguinte maneira: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 7 É claro que a diversidade animal envolve muitos outros grupos, como disse, temos cerca de 35 filos reconhecidos atualmente, mas não estão aqui apresentados e nem todos eles são importantes para as provas de ensino médio. Os vertebrados constituem um grupo dentro do clado dos cordados, que serão estudados na próxima aula. Nesta aula, estudaremos apenas os oito principais grupos de invertebrados. Mas antes de vermos os detalhes de cada um deles, precisamos discutir as principais características dos animais e como elas foram cruciais durante a história evolutiva da vida. São elas: a multicelularidade, o desenvolvimento embrionário, a presença de celoma, a ocorrência de simetria e a presença de metameria. Multicelularidade A condição multicelular permitiu o surgimento de todos os animais. Evidências morfológicas, moleculares e paleontológicas indicam que o filo mais antigo, o primeiro a surgir na história evolutiva, foi o Filo Porifera, apresentando poucos tipos celulares e baixo nível de especialização. A partir desse primeiro grupo foram surgindo outros com maior nível de especialização celular e maior complexidade. Desenvolvimento embrionário ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 8 Vimos na aula de Embriologia que o desenvolvimento embrionário possui três etapas principais, que se seguem após a formação do embrião: segmentação, gastrulação e organogênese (Fig. 1). Na segmentação ocorre uma série de divisões onde há a formação de um maciço celular denominado mórula. Progressivamente, o número de células aumenta e há o surgimento de uma cavidade interna, denominada blastocele. Nesse estágio, o embrião passa a ser chamado de blástula. Na fase seguinte, chamada de gástrula, ocorre um processo de invaginação de algumas células para o interior da blastocele e inicia-se a diferenciação celular, acarretando a formação dos folhetos embrionários endoderme e ectoderme, que darão origem aos tecidos do organismo. A blastocele desaparece e dá origem a uma estruturadenominada arquêntero, que se modificará em um tubo digestório. Figura 1. Estágio iniciais do desenvolvimento embrionário. O arquêntero se comunica com o exterior por uma abertura denominada blastóporo. Organismos no qual o blastóporo origina primariamente a boca são chamados protostômios, e incluem desde os platelmintos até os artrópodes. Já os organismos no qual o blastóporo origina primariamente o ânus (e a boca se origina posteriormente como um novo orifício) são chamados deuterostômios, e incluem os equinodermos e os cordados. Os primeiros animais eumetazoários apresentam apenas ectoderme e endoderme como folhetos embrionários, recebendo o nome de diblásticos. São os cnidários. Mais tarde, no processo evolutivo, surgiram animais com um folheto embrionário extra, a mesoderme, localizado entre a endoderme e a ectoderme. Esses animais com três folhetos embrionários são chamados de animais triblásticos, sendo os platelmintos, os moluscos, os anelídeos, os artrópodes, os nematódeos, os equinodermos e os cordados. Celoma ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 9 O processo de formação da mesoderme pode envolver ou não a formação de uma cavidade corpórea chamada de celoma, que posteriormente alojará os órgãos internos (vísceras) do animal. Os animais que não possuem essa cavidade são chamados de acelomados. Dentre os que a possuem, é possível distinguir os pseudocelomados e os celomados. Os pseudocelomados possuem um falso celoma, assim chamado por não ser uma cavidade inteiramente forrada por tecido mesodérmico. A mesoderme reveste apenas a superfície interna da parede do corpo, deixando de fazê-lo na parede intestinal. Já os animais que possuem a cavidade completamente revestida pela mesoderme são chamados de celomados (Fig. 2). Figura 2. Classificação dos animais quanto à presença de celoma. O surgimento do celoma foi um acontecimento importante para o desenvolvimento da arquitetura corporal dos animais, contribuindo para o aumento das dimensões e da complexidade estrutural. Ele tornou possível o desenvolvimento de estruturas tubulares (corpos vermiformes), permitindo maior flexibilidade corporal do que a observada nos animais com corpos sólidos (acelomados). Posteriormente, a evolução de um celoma segmentado contribuiu para criar um maior potencial de especialização – as cavidades celômicas tornam-se especializadas para uma função particular. O celoma, por ser um espaço preenchido por líquido, proporcionou o desenvolvimento de órgãos suspensos e protegidos contra lesões internas. O fluido que o preenche pode ter diversas funções, variáveis nos diferentes grupos de celomados: i) transportar gases e substâncias nutritivas; ii) proporcionar um fluido para processar produtos de excreção; iii) funcionar como um esqueleto hidrostático; e iv) fornecer um local para a maturação de gametas ou para a incubação de embriões. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 10 Existem dois processos pelos quais o celoma pode ser formado: processo esquizocélico ou processo enterocélico (Fig. 3). No processo esquizocélico, a mesoderme é originada a partir das células localizadas próximas ao blastóporo, que se multiplicam e depois se organizam para formar a cavidade cheia de líquido (celoma). Os animais protostômios são esquizocelomados. No processo enterocélico, a mesoderme surge de evaginações do arquêntero, formando bolsas mesodérmicas que se desprendem e delimitam o celoma. Os animais deuterostômios são enterocelomados. Simetria Simetria corporal pode ser definida como semelhança entre as partes externas de um determinado organismo quando elas são separadas por planos reais ou imaginários que passam pelo seu centro. Chamamos de plano de simetria a superfície capaz de dividir o organismo em duas partes. Um animal pode apresentar simetria bilateral, radial ou não apresentar simetria (assimétrico) (Fig. 4). Figura 4. Tipos de simetria. A simetria radial é aquela em que o corpo do animal pode ser dividido em vários planos dispostos em torno de um eixo longitudinal. Animais com esse tipo de simetria recebem o nome de radiados. Em face dessa característica, não podemos afirmar que eles possuem região dorsal e ventral, lado esquerdo e direito ou cabeça e cauda. Esse grupo é representado pelos cnidários e equinodermos adultos. A simetria bilateral é aquela em que o animal apresenta duas partes semelhantes, sendo dividido apenas por um único plano de simetria. Os mamíferos apresentam simetria bilateral, sendo que o lado esquerdo e o direito são a imagem especular um do outro. Além deles, são exemplos de animais que apresentam essa característica os artrópodes, os platelmintos e as larvas de equinodermos. Metameria A metameria é uma organização interna do corpo de um animal que se origina a partir da repetição de estruturas ao longo do eixo anteroposterior dos animais que apresentam simetria bilateral. Cada unidade repetitiva é chamada de segmento ou metâmero. A principal vantagem do surgimento da metameria foi a formação de blocos musculares independentes, que aumentaram a extensão dos movimentos corporais. São animais metaméricos os anelídeos (Fig. 5), os artrópodes e os cordados. Figura 3. Processos de formação do celoma. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 11 Figura 5. A metameria é evidente na estrutura corporal das minhocas (Filo Annelida) (Fonte: Shutterstock). Uma vez que tenhamos discutido o que nos permite classificar os animais como tal, vamos partir para o estudo dos principais grupos de invertebrados. 2. Poríferos Poríferos (Filo Porifera), conhecidos popularmente como esponjas, são animais portadores de poros, apresentando inúmeros deles em sua superfície e uma (ou mais) grande abertura (Fig. 6). São animais aquáticos, tipicamente marinhos (98% das espécies existentes vivem no mar, enquanto apenas 2% são típicas de água doce), que vivem acoplados ao fundo do mar ou outras superfícies (são sésseis), mas que possuem larva livre natante. Não apresentam simetria, tecidos ou órgãos, e variam em forma, textura e coloração. São conhecidas cerca de 5.500 espécies de esponjas. Figura 6. Diversidade de esponjas do mar (Fonte: Shutterstock). Nós vimos que todos os animais possuem tecidos especializados. Se os poríferos não possuem tecidos, como podem ser considerados animais? Vamos entender isso! Organização geral Os planos corporais das esponjas são tão diferentes dos demais animais que fica difícil comparar suas características básicas, ainda que sua estrutura molecular mostre que elas compartilham genes muito similares aos encontrados em outros animais. Embora não ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 12 possuam tecidos, mais de 20 tipos celulares morfologicamente distintos podem ser reconhecidos em esponjas individuais, e essas células são funcionalmente independentes. Por possuírem uma configuração corporal muito parecida à dos coanoflagelados (protozoários coloniais de água doce), com células justapostas umas às outras, diz-se que as esponjas não possuem um tecido verdadeiro. Isso porque não há um sistema de adesão e comunicação entre essas células, isto é, não há matriz extracelular. Além disso, não há a formação de uma cavidade digestória como ocorre em todos os outros animais e fundamental ao modo de vida heterotrófico, para que o alimento possa ser processado antes de ser enviado às células. Desse modo, as esponjas se nutrem apenas de partículas que se encontram em suspensão na água. Temos então nossa primeira divisão na árvore evolutiva dos metazoários: poríferos divergindo dos animais com tecido verdadeiro, os chamados eumetazoários. De maneira simplista, podemos dizer que uma esponjaconsiste em um bolsa perfurada, suficientemente rígida, cuja superfície interna é revestida por células flageladas. Essa superfície interna forma uma cavidade, que é chamada de átrio ou espongiocele. Oberve a anatomia de uma esponja na Figura 7. Figura 7. Anatomia de uma esponja (Baseada em Pechenik, 2016). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 13 Externamente, as esponjas são revestidas por células contráteis achatadas e bastante unidas denominadas pinacócitos, que são responsáveis pelo revestimento do animal. Esses pinacócitos são permeados por porócitos, células longas, tubulosas e perfuradas que formam os poros da esponja e funcionam como um canal que atravessa o animal, por onde a água passa. As células internas que revestem o átrio são denominadas coanócitos. Elas são flageladas, apresentam um colarinho de microvilosidades ao redor do flagelo e são muito semelhantes aos coanoflagelados. O batimento de seus flagelos gera um fluxo constante de água que carrega alimento e oxigênio do meio externo para o interior do animal. Além disso, as microvilosidades capturam partículas alimentares pequenas por fagocitose e espermatozoides, que entram na esponja para a fertilização. O revestimento interno das esponjas formado pelos coanócitos recebe o nome de coanoderme ou coanossomo. Adjacente ao coanossomo se encontra uma camada de material gelatinoso não vivo, denominada meso-hilo. Imersas no meso-hilo estão as células ameboides amorfas que se deslocam através da corrente citoplasmática típica (ciclose). Essas células são chamadas de amebócitos ou arqueócitos, e têm função de distribuir o alimento pelo corpo da esponja através de projeções de pseudópodes, além de formar os óvulos e os espermatozoides. Os arqueócitos são totipotentes e podem dar origem aos demais tipos celulares quando necessário. Os arqueócitos também podem se tornar especializados na secreção de elementos de suporte, localizados na camada do meso-hilo, chamados espículas. Em relação à organização de sua câmara e canais internos (chamado sistema aquífero), as esponjas podem ser divididas em três categorias (Fig. 8). As esponjas mais simples possuem apenas uma câmara interna e são denominadas asconoides. As esponjas que possuem mais de uma câmara interna, dispostas radialmente, são denominadas siconoides. E esponjas que formam uma rede complexa com múltiplas câmaras e canais são denominadas leuconoides, e formam a grande maioria da diversidade de Porifera. Figura 8. Da esquerda para a direita, os tipos de organização asconoide, siconoide e leuconoide. Alimentação Os poríferos são animais filtradores, que criam uma circulação de água por dentro do próprio corpo. O movimento dos flagelos dos coanócitos envia a água para dentro do átrio, de ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 14 modo que ela entra no corpo do animal pelos poros formados e sai por uma abertura maior, chamada ósculo. À medida que a água passa pelos coanócitos, as microvilosidades presentes em seus colarinhos prendem e fagocitam as substâncias orgânicas. Portanto, a digestão das esponjas é intracelular. Os arqueócitos recebem as vesículas fagocíticas com alimento e as distribuem para todo o corpo. Locomoção O zigoto formado após a fecundação se desenvolve em uma larva ciliada de vida livre, enquanto as esponjas adultas são organismos sésseis, que vivem aderidos ao substrato. Reprodução Uma esponja típica é hermafrodita, ou seja, produz tanto óvulos quanto espermatozoides. Elas liberam seus espermatozoides na água para fertilizarem outras esponjas, e retêm os óvulos para serem fertilizados. Os coanócitos capturam os espermatozoides entrantes com a água circulante, desdiferenciam-se para a forma ameboide (arqueócitos) e, em seguida, transportam os espermatozoides para o meso-hilo, onde os ovócitos são fertilizados. Assim, a fertilização e o desenvolvimento inicial são internos. Após formados os embriões, eles são liberados pelo ósculo como larvas livre natantes, chamadas de anfiblástulas. Algumas espécies são dioicas, isto é, os indivíduos apresentam sexos separados, além de que muitas esponjas também se reproduzem assexuadamente, por brotamento (Fig. 9). Figura 9. Reprodução assexuada de esponjas por brotamento. Classificação A classificação dos poríferos ocorre em função da composição e forma de suas espículas. Essas estruturas permitem a aquisição e manutenção da forma dos corpos, além de funcionarem na defesa contra os predadores. Podem ser calcárias, silicosas ou constituídas por proteínas fibrosas. Não existe uma hipótese de agrupamento (filogenia) robusta para essas classes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 15 ▪ Classe Calcarea: os membros dessa classe apresentam espículas de carbonato de cálcio, distribuídas em três ou quatro eixos (Fig. 10), e abrangem os três tipos de construção corporal (asconoides, siconoides e leuconoides). Figura 10. Espículas de carbonato de cálcio. ▪ Classe Hexactinellida: os membros dessa classe apresentam espículas inteiramente formadas por sílica e quitina, interconectadas e distribuídas em seis eixos (Fig. 11). Essas esponjas são chamadas “esponjas de vidro” e podem apresentar construção corporal do tipo siconoide ou leuconoide. Figura 11. Espículas de sílica ou quitina. ▪ Classe Demospongiae: os membros dessa classe representam a maior parte de todas a espécies de esponjas (~80%) e têm construção corporal do tipo leuconoides. Apresentam espículas de fibras de uma proteína chamada espongina, mas podem apresentar espículas de sílica também (Fig. 12). Todas as esponjas de água doce são encontradas nessa classe. Figura 12. Espículas de espongina. CAI NA PROVA 1. (2017/UECE – Universidade Estadual do Ceará) Os seres vivos incluídos no Filo Porifera não apresentam tecidos ou órgãos definidos, mas possuem células que realizam diversas funções relacionadas à sua sobrevivência no ambiente aquático. Com ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 16 relação aos coanócitos, células que compõem o corpo dos poríferos, é correto afirmar que a) são responsáveis pela distribuição de substâncias para todas as demais células do corpo do animal, por meio de plasmodesmos. b) transformam-se em espermatozoides, sendo, portanto, essenciais para a reprodução sexuada nesses animais. c) são células totipotentes que originam todos os outros tipos de células que compõem os tecidos desses animais. d) são células flageladas que promovem o fluxo contínuo de água, promovendo a nutrição desses animais, pela circulação da água no átrio da esponja. Comentários: A alternativa A está incorreta, pois quem realiza a distribuição de substâncias para todas as demais células do corpo são os amebócitos, também chamados arqueócitos, fazendo essa tarefa por meio de projeções de pseudópodes. A alternativa B está incorreta, pois os coanócitos não se transformam em espermatozoides. As células totipotentes que podem se diferenciar em espermatozoides são os arqueócitos. A alternativa C está incorreta, pois as células totipotentes são os arqueócitos. Portanto, a alternativa correta é a letra D. Os coanócitos são células flageladas que participam da circulação de água e da nutrição das esponjas. Gabarito: D 3. Cnidários Os cnidários (Filo Cnidaria) são animais com duas camadas de tecidos bem definidas e especializadas. Incluem espécies como corais, anêmonas-do-mar, hidras, águas-vivas e caravelas-portuguesas, sendo mais de 99% dessas espécies marinhas (Fig. 13). O nome Cnidaria vem de cnidos, palavra grega que significa urtiga, e isso se deve ao fato de apresentarem células exclusivas chamadas cnidócitos. Tipicamente, possuem duas formas corporais: medusa e pólipo.Apresentam sistema nervoso difuso e esqueleto hidrostático. Existem cerca de 10.000 espécies de cnidários. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 17 Figura 13. Da esquerda para a direita, anêmona do mar, água-viva e recife de corais (Fonte: Shutterstock). Organização geral Em geral, os cnidários possuem simetria radial e possuem apenas duas camadas de tecido embrionário: a epiderme (derivada da ectoderme) e a gastroderme (derivada da endoderme). São, portanto, animais diblásticos. O espaço entre esses dois tecidos é preenchido por uma matriz acelular gelatinosa chamada de mesogleia. Imersos na mesogleia encontram-se células denominadas amebócitos, que desempenham papéis na digestão, no transporte e armazenamento de nutrientes, no reparo de ferimentos e na defesa antibacteriana. A forma polipoide, como a das anêmonas-do-mar, é tubular e geralmente estacionária (séssil). A forma medusoide, como as águas-vivas, apresenta um formato de guarda-chuva e é natante. Todos os cnidários apresentam tentáculos envolvendo a boca (região oral) e apenas uma abertura para o sistema digestório (Fig. 14). Figura 14. Forma polipoide e forma medusoide dos cnidários. Repare que a mesogleia é mais abundante nas medusas do que nos pólipos, fato que lhes confere o nome popular de “águas- vivas”. A região do corpo da medusa onde a mesogleia se concentra recebe o nome de umbrela. Cnidários possuem um tipo celular exclusivo do grupo, os cnidócitos. Essas células, também chamadas de cnidoblastos ou nematoblastos, estão localizadas nos tentáculos desses animais, possuem cílios modificados em sua superfície, chamados de cnidocílios, e secretam organelas urticantes chamadas de cnidas, dentre as quais a principal é o nematocisto. Os ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 18 nematocistos são cápsulas proteicas que contém um tubo helicoidal longo e oco. Quando algum estímulo tátil ou químico é percebido pelos cnidocílios de um cnidócito, essa cápsula se abre e projeta explosivamente o tubo oco, que no processo acaba virando do avesso e evidenciando um arpão venenoso para prender ou enfiar no corpo da presa (Fig. 15). Cada cnida (nematocisto) pode ser descarregada apenas uma vez. Figura 15. Estrutura de um cnidócito e a projeção do nematocisto quando estimulado. Alimentação Cnidários apresentam apenas uma abertura digestória, a boca. Assim, todo o material ingerido entra pela boca e os produtos do metabolismo são excretados por ela. Possuem ainda uma cavidade simples no interior do corpo chamada de celêntero ou cavidade gastrovascular. Essa cavidade é recoberta pela gastroderme, cujas células produzem enzimas digestivas. Os tentáculos da região oral, além de defenderem o animal, são responsáveis pela captura de alimento. Após o alimento ser ingerido, ele passa para a cavidade gastrovascular e nela é parcialmente digerido pelas enzimas. A seguir, é absorvido pelas células da gastroderme, onde se completa a digestão. Dessa maneira, a digestão dos cnidários é parcialmente extracelular e parcialmente intracelular. Os restos de alimentos não utilizados são eliminados pela boca. Nas medusas, a boca se localiza na superfície ventral. Já nos pólipos, a boca fica voltada para cima, enquanto a extremidade oposta se adere ao substrato (Fig. 14). Os cnidários são espécies majoritariamente carnívoras e apenas algumas espécies se alimentam também de fitoplâncton. Locomoção Alguns pólipos são sésseis e outros podem se deslocar, mas as medusas são as formas que apresentam locomoção mais ativa. Elas se movimentam por jato-propulsão, um mecanismo em que as células nervosas sinalizam para as células do corpo se contraírem. Essas contrações redistribuem a mesogleia que, como um balão cheio de água, muda de forma quando é pressionado. A seguir, a água acumulada na contração é expulsa em um jato, deslocando o animal no sentido oposto. A cavidade na qual as células contráteis exercem força é denominada esqueleto hidrostático. Sistema Nervoso ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 19 Os cnidários possuem um sistema nervoso difuso, caracterizado por células nervosas interconectadas, que se estendem pelos tecidos e formam uma rede de nervos. Reprodução Cnidários podem se reproduzir de maneira sexuada ou assexuada. A maioria das espécies apresentam ciclo de via com alternância de gerações, em que alterna a formação de pólipos e medusas. Medusas são o estágio sexuado desse grupo. Elas são diploides e formam óvulos e espermatozoides por meiose. A fertilização produz um zigoto, que se desenvolve em uma larva ciliada, chamada de plânula, que se fixa a um substrato e se transforma em pólipo. O pólipo, dependendo do grupo de cnidários, pode formar brotos e se reproduzir por brotamento, ou pode se reproduzir por estrobilização. Na estrobilização, o pólipo recebe o nome de cifístoma e se divide transversalmente, formando diversos estróbilos. Das pontas especializadas desses pólipos são liberadas medusas jovens, ainda imaturas, denominadas éfiras, as quais se diferenciam em medusas adultas e dão início a um novo ciclo. No brotamento, os pólipos dão origem a uma colônia, com indivíduos responsáveis pela formação de medusas, os chamados gonozooides. Observe o ciclo de vida e a reprodução dos cnidários na Figura 16. Figura 16. A reprodução dos cnidários conta com a alternância de gerações: 1) O espermatozoide liberado na água fecunda a medusa do sexo feminino = Reprodução sexuada; 2) Ocorre a liberação da larva plânula (2n); 3) Fixação da larva ao substrato; 4) Brotamento ou estrobilização = reprodução assexuada; 5) Formação de uma medusa jovem (2n), que é liberada na água e se desenvolve em adulta. Observe que ambas as fases apresentam indivíduos diploides. Classificação Os cnidários são classificados em: Anthozoa, Scyphozoa, Hydrozoa, Cubozoa. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 20 ▪ Anthozoa: os antozoários apresentam apenas indivíduos na fase de pólipo, que podem ser espécies solitárias (como as anêmonas-do-mar) ou coloniais (como os corais). Os indivíduos podem apresentar sexos separados ou ser hermafroditas, e a fecundação pode ser interna ou externa. Figura 17. À esquerda, um recife de corais do tipo "coral-cérebro", uma colônia séssil formada por indivíduos todos iguais e que exercem as mesmas funções. Os corais-cérebro são também chamados de corais-pétreos e, ao associarem-se às zooxantelas (dinoflagelados clorofilados), são os principais construtores dos recifes de corais. À direita, uma anêmona-do-mar e um peixe palhaço (Fonte: Shutterstock). Muitas espécies de antozoários secretam um exoesqueleto rígido de carbonato de cálcio (CaCO3). Cada geração de pólipos se forma sobre os restos dos esqueletos da geração anterior, construindo “rochas” com formas características de suas espécies. Esses esqueletos são o que chamamos de coral (Fig. 17). Os recifes de corais funcionam como hábitat para inúmeras espécies, e sua destruição prejudica todo o ecossistema marinho. O crescimento dos recifes de corais é ajudado por uma relação complexa com organismos fotossintetizantes unicelulares simbióticos denominados zooxantelas. Esses organismos, através da fotossíntese, fornecem compostos orgânicos ricos em energia aos antozoários e, em troca, têm acesso a os resíduos metabólicos do coral, como o CO2 e os resíduos nitrogenados, essenciais para seu crescimento. Além disso, as zooxantelas são protegidas de animais herbívoros. Outra consequência dessa relação é o fato de as zooxantelas influenciarem a velocidade de deposição de carbonato de cálcio (CaCO3) pelos antozoários – quanto maior associação deles com as zooxantelas, maior a deposição e formação de corais. Os últimosanos têm sido de crescente preocupação a respeito dos efeitos do aquecimento global na formação e crescimento dos recifes de corais, uma vez que o aumento da temperatura acidifica os oceanos e impede a deposição do carbonato de cálcio nas colônias. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 21 ▪ Scyphozoa: os cifozoários apresentam indivíduos cuja fase de medusa é predominante no ciclo de vida e a fase polipoide é reduzida ou, às vezes, ausente. São representados pelas águas-vivas verdadeiras (Fig. 18). Os tentáculos dessas medusas podem se estender por vários metros. Figura 18. Cifozoário Phyllorhiza punctata, também conhecido como medusa australiana (Fonte: Shutterstock). Ao lado, a organização corporal de uma medusa. Os cifozoários são aqueles que possuem ciclo de vida com alternância de gerações e reprodução assexuada do tipo estrobilização. As medusas possuem, de maneira geral, sexos separados e dão origem, através da fertilização, à larva plânula, que se fixa e se diferencia em pólipo, o qual dará origem a novas medusas jovens – éfiras. ▪ Hydrozoa: os hidrozoários possuem fase predominante polipoide e alguns indivíduos podem apenas se desenvolver em pólipos, como as hidras (Fig. 19). As caravelas (colônias flutuantes) e os corais-de-fogo são exemplos de hidrozoários também. Essa classe é a única a apresentar indivíduos de água doce. Figura 19. Hidra de água doce realizando brotamento (Fonte: Shutterstock). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 22 Os hidrozoários são aqueles que possuem ciclo de vida por alternância de gerações e reprodução assexuada do tipo brotamento. Após a formação do zigoto por reprodução sexuada das medusas, a larva plânula se fixa a um substrato e se diferencia em uma hidra, que dá origem a uma colônia e formando dois tipos de indivíduos: o gastrozooide, responsável pela alimentação, e o gonozooide, responsável pela formação das medusas já adultas. ▪ Cubozoa: os cubozoários são as medusas que apresentam umbrela em formato cuboide. Possuem uma fase de pólipo diminuta e praticamente se desenvolvem diretamente em medusa (ao invés de liberá-las jovens). Têm ocelos surpreendentemente complexos ao redor de seu sino. Exemplo: as vespas-do-mar, que possuem uma picadura mortal (Fig. 20). Figura 20. Cubozoário luminescente. Observe o formato cúbico da umbrela (Fonte: Shutterstock). CAI NA PROVA 2. (2017/UNITAU – Universidade de Taubaté) A metagênese, ou alternância de gerações, é uma estratégia do ciclo de vida nas classes Hydrozoa e Scyphozoa. Esse tipo de ciclo envolve uma fase de reprodução assexuada, que não inclui a recombinação genética, e outra fase sexuada, quando há a recombinação gênica. Para os cnidários, a alternância de gerações é diferente da observada entre as plantas e algas multicelulares, uma vez que, nos Cnidaria, ambas as gerações são diploides. Assinale apenas a alternativa que apresenta informações CORRETAS acerca da metagênese dos cnidários e das características de Hydrozoa e de Scyphozoa. a) No ciclo de vida dos Hydrozoa, a medusa é a forma predominante e a sua medusa jovem é chamada de Éfira. b) No ciclo de vida dos Hydrozoa, o pólipo é a forma predominante e a sua medusa jovem é chamada de Éfira. c) No ciclo de vida dos Scyphozoa, a medusa é a forma predominante e a sua medusa jovem é chamada de Éfira. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 23 d) A estrobilação é a reprodução assexuada mais frequente nos cnidários, e a larva plânula é exclusiva dos Hydrozoa. e) A estrobilação é a reprodução assexuada mais frequente nos Hydrozoa, e a larva plânula é ciliada, livre natante e exclusiva desse grupo. Comentários: A alternativa correta é a letra C. Nos sifozoários, a medusa é a forma predominante e a sua medusa jovem é chamada de éfira. A alternativa A está incorreta, pois os hidrozoários possuem fase de vida polipoide dominante. A alternativa B está incorreta, pois as medusas formadas no ciclo de vida dos hidrozoários já são adultas. A alternativa D está incorreta, pois como formas de reprodução assexuada estão presentes a estrobilização e o brotamento, e a larva plânula é característica de todos os cnidários. A alternativa E está incorreta, pois a estrobilização é mais frequente nos cifozoários e a larva plânula, ciliada e natante, é característica de todos os cnidários. Gabarito: C 4. Lofotrocozoários O nome Lofotrocozoa se refere a duas características observadas entre os animais que compõem o grupo dos lofotrocozoários. Alguns deles possuem uma estrutura em forma de coroa de tentáculos ciliados chamada lofóforo, que atua na alimentação. Outros, como os moluscos e anelídeos, apresentam um estágio larval característico denominado larva trocófora. Os lofotrocozoários abrangem uma série de filos, dos quais interessa-nos estudar apenas os platelmintos, os moluscos e os anelídeos. 4.1. Platelmintos Os platelmintos (Filo Platyhelminthe) são os primeiros animais a apresentarem simetria bilateral, uma característica que está diretamente relacionada à capacidade de movimentação do animal e à cefalização. O nome vem do grego platy, que significa achatado, e helminthes, que significa verme, agrupando os animais conhecidos como “vermes achatados”, incluindo as solitárias, as planárias e os trematódeos. Popularmente, o termo “verme” é empregado para designar os animais que não possuem patas e apresentam o corpo alongado. No caso dos platelmintos, a essas características soma-se o fato de possuírem um corpo que lembra uma fita, pois são achatados dorso-ventralmente. Os representantes de vida livre são conhecidos popularmente como planárias, com destaque para a espécie aquática Dugesia e a espécie terrestre Geoplana. A ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 24 grande maioria vive no mar, mas alguns organismos ocorrem em água doce e em ambientes terrestres úmidos. Há também muitos representantes parasitas, encontrados aderidos à superfície exterior do corpo do hospedeiro (ectoparasitas) ou habitando o interior de seu organismo (endoparasitas). Muitos são causadores de sérias doenças ao homem, como o esquistossomo, causador da esquistossomose ou barriga-d’água, e a tênia ou solitária, que provoca a teníase (Fig. 21). Existem cerca de 20.000 espécies de platelmintos. Figura 21. À esquerda, uma planária. À direita, a cabeça de uma tênia (Fonte: Shutterstock). Organização geral Para descrição dos platelmintos vamos utilizar a planária como organismo modelo (Fig. 22). Figura 22. Planária, platelminto de vida livre (Fonte: Shutterstock). Os platelmintos são animais bilaterais e, por isso possuem uma extremidade anterior (voltada para frente) e outra posterior (voltada para trás), assim como uma face dorsal (oposta ao substrato) e outra ventral (em contato com o substrato). A extremidade anterior é mais larga e tem forma triangular, lembrando um pequena cabeça, enquanto a extremidade posterior é afilada. A face dorsal é mais pigmentada que a ventral. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 25 A planária é revestida externamente por uma camada de células que forma a epiderme. Essas células epidérmicas estão apoiadas na membrana basal, que funciona como um esqueleto elástico e flexível. A epiderme ventral é rica em cílios e no interior do corpo há glândulas que secretam uma espécie de muco, útil no deslizamento e locomoção. No embrião, além da ectoderme e da endoderme surge a mesoderme, responsável por originar uma série de órgãos, o que explica a maior complexidade estrutural dos platelmintos em relação aos cnidários. É a mesoderme que origina o sistema muscular do animal, com fibras contráteisque podem estar orientadas no sentido do comprimento do corpo, formando a musculatura longitudinal, ou orientadas circularmente, formando a musculatura circular. Assim, o animal pode se alongar, encurtar-se ou se voltar para qualquer direção, conforme os estímulos que recebe. A mesoderme também forma o mesênquima, um tecido esponjoso constituído por células indiferenciadas, com grande capacidade de regeneração, que preenche o interior do corpo, não havendo uma cavidade interna. São, portanto, a animais triblásticos acelomados. Alimentação As planárias são predadoras e se alimentam de pequenos animais, vivos ou mortos. Elas possuem uma faringe muscular (também chamada de probóscide), que é projetada sobre o alimento a partir da boca ventral (Fig. 23). Sucos digestórios são despejados sobre o alimento, que é sugado em pequenos pedaços, por ação muscular, para a cavidade gastrovascular. Em seguida, inicia-se a trituração ou digestão mecânica. Os tecidos absorvem diretamente os produtos da digestão. Como não possuem ânus, a eliminação dos resíduos ocorre pela própria boca. Assim, platelmintos possuem sistema digestório incompleto. Figura 23. Vista ventral de uma planária, com ênfase para a boca e a faringe muscular (Fonte: Shutterstock). Locomoção A locomoção é feita por deslizamento sobre o substrato, com a extremidade anterior indo ligeiramente levantada à frente, usando cílios em sua superfície ventral. Os batimentos ciliares acontecem sobre uma película de muco por eles secretada, que auxilia no deslizamento. A ação muscular é útil em movimentos de virada ou torção da cabeça que possibilitam exploração ambiental. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 26 Cefalização e Sistema Nervoso A parte do corpo que primeiro entra em contato com o ambiente (extremidade anterior) contém a maioria dos órgãos sensoriais. Cefalização é a concentração dos centros nervosos e das principais estruturas sensitivas na região anterior do corpo, sendo os platelmintos os primeiros animais da escala evolutiva a exibi-la. Isso facilita a exploração do ambiente durante o deslocamento do animal. Percebe-se com facilidade, na região cefálica, expansões laterais chamadas de aurículas, que estão relacionadas com a sensibilidade e detecção de substâncias químicas no meio. Elas correspondem aos nossos sentidos de gustação e olfato. Dorsalmente, apresentam um par de ocelos, estruturas sensitivas fotorreceptoras que não devem ser confundidas com olhos, uma vez que não formam imagens. Os ocelos percebem variações da intensidade luminosa, permitindo a orientação do animal em seu hábitat. Possuem sistema nervoso centralizado ganglionar situado ventralmente, com dois gânglios nervosos localizados na região anterior, de onde partem dois cordões nervosos longitudinais que se estendem pelo corpo (Fig. 24). Desses cordões partem dos nervos que atuam no controle de músculos e no recebimento de estímulos. Os platelmintos são os primeiros animais a possuírem centros nervosos, com ações mais coordenadas e respostas mais elaboradas aos estímulos. Respiração As trocas gasosas ocorrem por difusão direta através da epiderme, é do tipo cutânea, não existindo órgãos respiratórios. Os gases difundem-se diretamente de célula a célula, não havendo líquido circulatório. Excreção Os resíduos nitrogenados, na forma de amônia (NH3), deixam o organismo por simples difusão, através da superfície do corpo. O sistema excretor é constituído por protonefrídios – túbulos ramificados com uma célula excretora na extremidade. Essa célula pode apresentar um flagelo, recebendo o nome de solenócito, ou apresentar vários flagelos, sendo denominada de célula-flama, o que ocorre na maioria das vezes. Os protonefrídios realizam a regulação osmótica, recolhendo o excesso de água diretamente dos tecidos do corpo e eliminando-o por um sistema de dutos que se abrem através de poros dorsais. Reprodução A reprodução dos platelmintos varia de acordo com o grupo estudado, podendo ser assexuada ou sexuada. Entre as formas assexuadas, podemos citar a fissão transversal Figura 24. Planária (Fonte: Shutterstock). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 27 (planárias) e a regeneração. No caso da reprodução sexuada, destacam-se a autofecundação (tênias) e a fecundação cruzada (planárias). Classificação Platelmintos estão divididos em três grupos principais: os turbelários (planárias), os trematódeos (Fasciola e Schistosoma) e os cestódeos (tênias). ▪ Turbellaria Turbelários são os platelmintos de vida livre conhecidos como planárias. As planárias são abundantes em lagos e riachos não poluídos. A reprodução assexuada ocorre por fissão: o animal sofre constrição no meio de seu corpo e a separação é dependente da locomoção. A parte posterior do animal se fixa ao substrato enquanto a metade anterior se move para frente até que ele se quebre em dois. Cada parte se regenera e forma dois indivíduos novos e pequenos (Fig. 25). A reprodução sexuada também ocorre e a fertilização é cruzada entre dois indivíduos. As planárias são hermafroditas e, quando se encontram, suas extremidades anteriores se entrelaçam e ocorre a introdução recíproca do pênis. Sempre um dos animais fica com o dorso voltado para o substrato. Algum tempo após a cópula, ocorre a postura dos casulos, que são envoltos em uma espuma branca que os prende ao substrato. ▪ Trematoda e Cestoda Trematódeos e cestódeos compõem as espécies parasitas. Um exemplo de trematódeo é o esquistossomo, enquanto as solitárias (tênias) exemplificam os cestódeos (Fig. 26). Figura 25. Fissão em planária (Fonte: Shutterstock). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 28 Figura 26. Anatomia de uma solitária (tênia). À esquerda, detalhe do escólex (Fonte: Shutterstock). Frequentemente, nos estágios imaturos, esses parasitas passam tempo em um ou mais hospedeiros intermediários. Depois de adultos, a reprodução ocorre em um hospedeiro definitivo. As tênias são hermafroditas (assim como as planárias), e cada segmento de seu corpo apresenta um sistema reprodutor completo, com estruturas fisiológicas que permitem a autofecundação: os espermatozoides de um segmento, denominado proglótide, fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal. Após a fecundação, as proglótides carregadas com milhares de ovos fertilizados (proglótides grávidas) são liberadas e deixam o corpo do hospedeiro nas fezes. As tênias, em sua parte anterior, possuem ventosas e ganchos, úteis para fixação ao hospedeiro. Elas não têm boca e cavidade gastrovascular, de modo que absorvem os nutrientes diretamente da mucosa em que se prendem ao longo de toda sua extensão corporal. Como mencionado, alguns platelmintos são parasitas e causadores de doenças humanas, as conhecidas verminoses (parasitoses causadas por vermes). Vamos estudá-las. Esquistossomose A esquistossomose é uma verminose causada pelo esquistossomo Schistosoma mansoni, que apresenta dois hospedeiros, um intermediário, o caramujo e um definitivo, o homem. 1) Esquistossomos maduros vivem nos vasos sanguíneos dos intestinos humanos. Uma fêmea se aloja em uma fenda ao longo do comprimento do macho de maior tamanho (Fig. 27). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 29 2) Os esquistossomos se reproduzem sexuadamente no hospedeiro humano. Os ovos fertilizados são eliminados nas fezes ou urina. Quando uma pessoa infectada urina ou defeca na água, ela a contamina com os ovos de Schistosoma mansoni. 3) Na água, os ovos se desenvolvem em larvas ciliadas chamadas de miracídios. Essas larvas infectam caramujos, seus hospedeiros intermediários. 4) A reprodução dentro de um caramujo resulta em outro tipo de larva móvel, a cercária,que escapa do hospedeiro. 5) Essa larva penetra na pele e nos vasos sanguíneos dos seres humanos que trabalham em campos irrigados com água contaminada com larvas de esquistossomos. Dentro de algumas semanas, os vermes crescem no interior dos vasos sanguíneos do corpo e produzem ovos. Alguns desses ovos viajam para a bexiga ou intestino e são passados para a urina ou fezes, mas a maioria fica presa nos tecidos. Figura 27. Esquistossomo macho abrigando a fêmea (Fonte: Shutterstock). Teníase O homem portador dessa verminose apresenta a Taenia saginata ou a Taenia solium no estado adulto em seu intestino, sendo, portanto, o hospedeiro definitivo. A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglótide), para garantir a perpetuação e propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e saem com as fezes, contaminando o ambiente. Os hospedeiros intermediários desses vermes são a vaca (T. saginata) e o porco (T. solium), que se contaminam ao ingerir proglótides grávidas ou os ovos que foram liberados no meio. Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sanguínea, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas denominadas cisticercos, que apresentam o escólex invaginado numa vesícula. Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou malcozida contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o escólex, que se everte e se fixa nas paredes intestinais através dos ganchos e ventosas, desenvolvendo a teníase. Observe o ciclo dessa doença na Figura 28. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 30 Figura 28. Ciclo da teníase. Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos, tais como alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite), enjoos, diarreias frequentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia. A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinhar bem as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados. Cisticercose A cisticercose é uma parasitose causada pela ingestão de água ou de alimentos, como legumes, frutas ou verduras, contaminados com os ovos de Taenia solium. Após três dias da ingestão dos ovos da tênia, eles passam do intestino para a corrente sanguínea e se alojam em tecidos como músculo, coração, olhos ou cérebro, formando cistos, conhecidos como cisticercos, que podem inflamar, inchar e até causar problemas neurológicos. Quando os ovos penetram no sistema nervoso, a doença é identificada como cisticercose cerebral ou neurocisticercose. CAI NA PROVA 3. (2019/FCM – Faculdade de Ciências Médicas) A tênia, verme achatado dorso ventralmente, tem em cada uma de suas proglotes o órgão sexual masculino e o órgão sexual feminino, com isso realiza a autofecundação. Em relação a esse processo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 31 reprodutivo pode-se dizer que, quando ocorre a autofecundação, obtêm-se indivíduos: a) geneticamente iguais ao pai. b) provenientes de reprodução sexuada. c) diploides e dioicos, com um tipo de sexo. d) haploides, um cromossomo de cada tipo. Comentários: Quando realiza a autofecundação, os gametas provenientes de cada um dos aparelhos reprodutores se unem na proglote, dando origem a um embrião diploide. Ocorre, portanto, a reprodução sexuada. A alternativa correta é a letra B. Gabarito: B 4.2. Moluscos O grupo dos moluscos (Filo Mollusca) é um dos maiores grupos de invertebrados, com aproximadamente 100.000 espécies conhecidas e descritas, perdendo em diversidade apenas paras os artrópodes. Consistem nos caracóis, lesmas, ostras, mariscos, polvos e lulas (Fig. 29). Os moluscos vivem em ambientes aquáticos, marinho ou de água doce, e em ambiente terrestre úmido. Possuem plano corporal extraordinariamente maleável e as diferentes espécies apresentam uma morfologia externa muito diversificada. Além disso, apresentam composição frágil e a maioria possui uma concha que protege o corpo. Em alguns deles, como a lula, a concha é interna, já em outros, como no polvo, ela é ausente. A capacidade de secretar uma concha protetora deu aos moluscos uma vantagem sobre outros invertebrados de corpo mole. Figura 29. Da esquerda para a direita, um caracol, um polvo, um bivalve e uma lula (Fonte: Shutterstock). Organização geral Os moluscos são animais de corpo mole e com celoma reduzido (são celomados), cujo corpo pode ser dividido basicamente em cabeça, pé muscular e massa visceral. Na ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 32 cabeça são encontrados os órgãos dos sentidos. O pé muscular é responsável pelos movimentos, podendo em alguns animais, como o polvo, ser substituído por tentáculos. E a massa visceral é onde se encontram todos os órgãos. Todos os moluscos possuem um manto, que é uma dobra de tecido que cobre a massa visceral e secreta a concha (quando esta está presente). Em muitos moluscos, o manto se estende além da massa visceral, produzindo uma câmara preenchida de água, a cavidade do manto, que abriga as brânquias, o ânus e os poros excretores (Fig. 30). Figura 30. Anatomia de um molusco (Fonte: Shutterstock). Alimentação Os moluscos possuem um sistema digestório completo, com boca e ânus. Apresentam a rádula, uma espécie de língua com dentes afiados, usada para raspar os alimentos. A rádula é exclusiva dos moluscos e existe em todos os grupos, com exceção dos bivalves. O alimento é conduzido pelo tubo digestório, onde sofre a ação de enzimas, e os nutrientes são absorvidos e distribuídos pelo corpo por meio da hemolinfa (líquido do sistema circulatório). O longo trato digestório se encontra enrolado na massa visceral. Sistema Nervoso O sistema nervoso dos moluscos consiste em um anel nervoso ao redor do esôfago, a partir do qual se estendem cordas nervosas. Sistema Circulatório O sistema circulatório dos moluscos é aberto e o coração é encontrado dorsalmente, na massa visceral. Ele bombeia o líquido circulatório, chamado hemolinfa, pelas artérias até os espaços (lacunas) corporais. Assim, os órgãos estão continuamente banhados pelo líquido corporal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 33 Excreção A excreção nos moluscos acontece por metanefrídios, que removem os resíduos metabólicos da hemolinfa e os elimina. Respiração Pelo fato de os moluscos serem encontrados em uma grande variedade de ambientes, eles apresentam diferentes tipos de respiração. A respiração branquial é realizada pelos moluscos que vivem na água, como os polvos, as lulas e as ostras. Nesses animais, as brânquias são chamadas de ctenídeos ou brânquias ctenídias, e apresentam cílios em sua superfície que fazem a água fluir através da cavidade interna. A respiração pulmonar está presente em moluscos que vivem em ambiente terrestre, como os caramujos e caracóis. E a respiração cutânea ocorre com as lesmas, que também vivem em ambiente terrestre, sob o solo e em árvores. Reprodução A maioria dos moluscos apresenta sexos separados, são dioicos, e suas gônadas (ovários ou testículos) estão localizados na massa visceral. A reprodução sexuada pode ocorrer com fecundação externa ou interna. Na fecundação externa, os machos liberam os espermatozoides e as fêmeas liberam os óvulos diretamente na água, onde os dois gametas se encontram. No caso da fecundação interna, os espermatozoides são liberados dentro do corpo da fêmea. Muitos caracóis, entretanto, são hermafroditas. O ciclo de vida de muitos moluscos marinhos possui um estágio larval ciliado chamado de larva trocófora (também presente nos anelídeos). Classificação Os moluscos são animaisque apresentam grande diversidade de formas e tamanhos. Eles se distribuem em sete classes: aplacóforos, monoplacóforos, escafópodes, poliplacóforos, gastrópodes, bivalves e cefalópodes. Iremos concentrar nossos estudos em apenas quatro destes clados, os principais para as provas: Polyplacophora (quítons), Gastropoda (caracóis e lesmas), Bivalvia (mariscos e ostras) e Cephalopoda (lulas, polvos e náutilos). Normalmente, as questões estão relacionadas com gastrópodes, bivalves e cefalópodes. ▪ Polyplacophora Os poliplacóforos consistem em animais chamados de quítons, espécies marinhas que vivem aderidas às rochas e conchas (Fig. 31). São animais herbívoros, que raspam as algas das rochas existentes na proximidade com a rádula bem desenvolvida e endurecida por magnetite. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 34 Possuem o corpo ovalado, achatado dorsoventralmente, com um pé ventral bem desenvolvido e uma concha constituída por oito placas sobrepostas. A cabeça é indistinta. Tanto o pé quanto o manto auxiliam os poliplacóforos na adesão ao substrato, de forma que é muito difícil desalojá-los. Figura 31. Quítons. Observe a concha de oito placas característica do grupo (Fonte: Shutterstock). ▪ Gastropoda A classe dos gastrópodes engloba o maior número de espécies conhecidas, entre 45.000 a 75.000 espécies, e ocupa habitats muito diversos, tanto nos ambientes marinhos quanto nos ambientes de água doce e terrestre. Incluem as lesmas, caracóis (ambos terrestres) e nudibrânquios (aquáticos) (Fig. 32). Figura 32. Da esquerda para a direita, uma lesma, um caracol e um nudibrânquio, exemplos de gastrópodes (Fonte: Shutterstock). Os gastrópodes apresentam uma cabeça distinta, que conta com olhos e tentáculos sensoriais. Em muitas espécies aquáticas, parte do manto forma um sifão inalante, um tubo através do qual a água entra na cavidade do manto. A locomoção se dá através do pé muscular achatado dorsoventalmente, muitas vezes ciliado e que possui numerosas glândulas mucosas. Esta estrutura está adaptada para deslizar ou nadar. Uma das modificações mais significantes da forma corporal dos gastrópodes é a torção da massa visceral, do manto e da cavidade do manto, que ocorre durante o desenvolvimento embrionário. A massa corporal se torce, posicionando as partes que antes eram posteriores acima da cabeça. Caracóis possuem concha univalve, espiralada e assimétrica, o que a torna mais compacta, facilitando o seu transporte e aumentando a ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 35 proteção do seu ocupante. Lesmas e nudibrânquios não apresentam concha. Eles torcem o corpo no início do desenvolvimento e, mais tarde, sofrem a distorção. Em relação aos nudibrânquios, esses animais apresentam substâncias químicas, indicadas pela forte coloração das espécies que as possuem, como mecanismo de defesa, ou ainda nematocistos, que adquirem dos cnidários de que se alimentam. A alimentação é diversificada. Algumas espécies raspam o substrato, alimentando-se de algas e pequenos organismos, outras filtram partículas da coluna de água. Outras, ainda, alimentam-se de detritos ou de cadáveres, além daquelas que são predadoras eficientes. Também já foram descritas espécies parasitas. ▪ Bivalvia Os bivalves são moluscos de ambiente marinho, formados por duas conchas (valvas) articuladas e unidas por um ligamento que envolvem todo o corpo do animal. Músculos adutores poderosos fecham as valvas. São exemplos de bivalves os mariscos, as ostras e as vieiras (Fig. 33). Entre as duas conchas comprimidas lateralmente fica o corpo do animal, constituído pelo pé muscular e pela massa visceral. O pé, quando presente, tem a forma de uma lâmina triangular e é pequeno, sendo utilizado, sobretudo, para o animal se enterrar. As espécies de bivalves são filtradoras. As brânquias têm função de realizar as trocas gasosas e capturar os alimentos. Bivalves não têm rádula, não têm receptores sensoriais, nem células nervosas que deem indicação de existir cabeça. Possuem, no entanto, ocelos em volta do manto. Para se reproduzirem, os bivalves lançam os seus gametas na coluna de água, onde se dá a fecundação e o desenvolvimento. Figura 33. Da esquerda para a direita, mariscos, ostras e vieiras (Fonte: Shutterstock). ▪ Cephalopoda Os cefalópodes são eficientes predadores, com vida ativa e comportamento complexo. Suas mandíbulas se assemelham a um bico e imobilizam a presa com um veneno presente na saliva. Representados pelos polvos e lulas, apresentam a porção anterior do pé modificada em tentáculos, que circundam a cabeça bem desenvolvida e são utilizados para captura de presas, fixação, locomoção e cópula (Fig. 34). Esses tentáculos estão também incorporados ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 36 em um sifão musculoso que se associa ao manto e desempenha um papel importante na locomoção dos animais, que ocorre através da propulsão por jatos de água. Figura 34. À esquerda, um polvo, e à direita, uma lula (Fonte: Shutterstock). A redução ou desaparecimento da concha externa é a situação mais comum, embora ainda exista um pequeno grupo de cefalópodes com esse tipo de concha: os náutilos. Muitos dos aspectos da morfologia e fisiologia dos cefalópodes estão relacionados ao fato de serem bons predadores: os sistemas circulatório, excretor, digestório, de transporte interno, nervoso e órgãos dos sentidos apresentam complexidade e eficiência superiores a todos os outros moluscos. O grau de cefalização excede o de todos os outros invertebrados. Cefalópodes possuem um cérebro grande e complexo, com capacidade de memória e aprendizagem. Dos órgãos dos sentidos, os olhos são particularmente bem desenvolvidos (com uma lente que foca a luz de entrada) e muito semelhantes aos dos peixes, constituindo um excelente exemplo de evolução convergente: cefalópodes e peixes desenvolveram, independentemente, olhos que possuem uma estrutura extraordinariamente semelhante, como adaptação ao seu estilo de vida. São os únicos moluscos que possuem sistema circulatório fechado, no qual o sangue permanece separado do líquido da cavidade corporal. O sangue bombeado pelo coração irriga os tecidos de todo o corpo e dois corações acessórios mantêm o sangue se movendo rapidamente em direção às brânquias, onde são realizadas as trocas gasosas. CAI NA PROVA 4. (2019/FAMERP – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) Os moluscos formam, depois dos artrópodes, o segundo maior filo dos metazoários em números de espécies. São características que ocorrem em todos os representantes dos moluscos: a) sistema nervoso dorsal e cabeça diferenciada. b) rádula e massa visceral. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 37 c) sistema circulatório aberto e manto. d) simetria bilateral e mesoderme na fase embrionária. e) sistema digestório completo e brânquias. Comentários: A alternativa correta é a letra D. Todos os moluscos apresentam simetria bilateral e mesoderme na fase embrionária. A alternativa A está incorreta, pois cabeça diferenciada ocorre nos cefalópodes. A alternativa B está incorreta, pois os bivalves não possuem rádula. A alternativa C está incorreta, pois o sistema circulatório dos moluscos é fechado. E a alternativa E está incorreta, pois nem todos os moluscos apresentam respiração branquial, apenas polvos, lulas e ostras. Nos demais, ocorrem a respiração pulmonar ou cutânea. Gabarito: B 4.3. Anelídeos Anelídeos são os representantes do Filo Annelida, que significa “pequenos anéis” e compreende os animais que apresentam corpo cilíndrico, alongado e segmentado. Esse grupo apresenta mais de 12.000 espécies descritas e pode ser encontrado em ambientes marinhos, de água doce e ambientesterrestres com solo úmido. Podem variar de 1mm a 3m. São animais exclusivamente de vida livre e entre seus representantes mais conhecidos podemos citar as minhocas e as sanguessugas (Fig. 35). Figura 35. Minhoca, um exemplo de anelídeo terrestre (Fonte: Shutterstock). Organização geral Anelídeos são animais bilaterais, celomados e, exceto nas sanguessugas, quase todos os segmentos apresentam cerdas reforçadas com quitina, chamadas de quetos. Uma característica marcante dos anelídeos é a segmentação ou metameria. O corpo de um anelídeo é dividido em segmentos externos e internos. A metameria foi uma aquisição evolutiva importante, pois os primeiros animais celomados não conseguiam controlar com precisão os movimentos do corpo, embora possuíssem um celoma preenchido com líquido, que funcionava como um esqueleto hidrostático. Isso porque a força da contração muscular em uma determinada área era transmitida ao longo do corpo pelo fluido contido no celoma indiviso. Essa limitação foi então contornada quando uma série de partições (septos) evoluiu no ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 38 ancestral dos anelídeos, permitindo que a força da contração muscular permanecesse localizada nos anéis ao invés de ser transmitida para toda a extensão de seu corpo. A metameria não apenas aumentou a eficácia do ato escavador, mas também possibilitou a movimentação independente e localizada de segmentos distintos. Além disso, a repetição de partes do corpo deu aos anelídeos uma redundância modular, que lhes conferiu um fator de segurança: se um segmento do corpo faltar, os outros levam adiante as funções. Em contrapartida, a necessidade de um acurado controle dos movimentos implicou a evolução de um sistema nervoso mais sofisticado. Por fim, quando os septos dividiram o celoma numa série de compartimentos, os componentes dos sistemas circulatório, respiratório, nervoso e excretor se repetiram em cada segmento. Observe a Figura 36. Figura 36. Anatomia de uma minhoca (Fonte: Shutterstock). Alimentação A digestão dos anelídeos é extracelular e o aparelho digestório é completo e compartimentalizado em regiões diferenciadas (Fig. 36). A boca captura o alimento, que nas minhocas são resíduos orgânicos presentes no solo. Eles possuem uma faringe muscular, que auxilia a entrada do alimento e sua maceração. O esôfago funciona como ponte entre a faringe e o papo, local onde o alimento fica armazenado até o início da digestão química. Existe ainda uma moela, que é responsável pela trituração do alimento, apresentando uma parede muscular forte e responsável pela separação entre a matéria orgânica e inorgânica. Sistema Nervoso ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 39 Os anelídeos possuem um “cérebro” rudimentar: um par de gânglios cerebrais fusionados, que coordenam as atividades. Esses gânglios enviam sinais por meio de um cordão ventral com numerosos nódulos. Em resposta aos comandos, os músculos se contraem de forma a exercerem pressão sobre o fluido dentro das câmaras celômicas. Esse fluido funciona como um esqueleto hidrostático. Cada segmento é circundado por músculos longitudinais, que por sua vez são circundados por músculos circulares. As minhocas coordenam a contração desses dois conjuntos de músculos para se mover: quando os músculos longitudinais de um segmento se contraem, o segmento fica mais curto e grosso. Quando os músculos circulares se contraem, o segmento fica mais longo e fino. Trabalhando em oposição, esses dois conjuntos musculares redistribuem o fluido celomático, fazendo os segmentos corporais mudarem de formato, de modo a impulsionar o animal para a frente (Fig. 37). Sistema Circulatório e respiração O sistema circulatório nos anelídeos é fechado, apresentando uma rede de vasos sanguíneos contráteis (chamados de “corações laterais”) na parte anterior do animal, que ligam os vasos dorsais aos vasos ventrais e promovem a circulação do sangue. Vasos sanguíneos diminutos são abundantes na pele dos anelídeos, funcionando como seu sistema respiratório. Assim, a respiração é cutânea na maioria dos anelídeos, com trocas gasosas através da superfície corporal (poliquetos e oligoquetos). Alguns apresentam respiração branquial (hirudíneos). Excreção A composição de solutos e o volume de fluido celômico são regulados por um par de túbulos excretores chamados de metanefrídios, que ocorrem em todos os segmentos. Cada metanefrídio coleta fluido celômico, ajusta sua composição e depois expulsa resíduos nitrogenados, principalmente amônia, através de um poro no segmento seguinte. Reprodução A reprodução é sexuada na grande maioria das espécies. Minhocas são espécies hemafroditas com fecundação cruzada. Nelas, o clitelo produz muco, que une dois vermes quando trocam espermatozoides (Fig. 38). Mais tarde, o mesmo clitelo secreta um envoltório Figura 37. Movimentação dos anelídeos (Fonte: Shutterstock). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 40 sedoso que envolve os ovos fertilizados. Algumas minhocas podem se reproduzir de maneira assexuada por brotamento seguido de regeneração. As demais espécies são dioicas, com fecundação externa e desenvolvimento indireto, apresentando uma larva chamada de trocófora. Figura 38. Reprodução sexuada entre minhocas (Fonte: Shutterstock). Classificação Tradicionalmente, os anelídeos são divididos em 3 classes, a depender do número de cerdas presentes no corpo: Polychaeta (poliquetos), Oligochaeta (minhocas) e Hirudinea (sanguessugas). ▪ Poliquetas Os poliquetas são organismos marinhos que apresentam uma grande quantidade de formas e estilos de vida. Eles podem se mover livremente ou ser sedentários, construindo e vivendo em galerias e buracos. A grande maioria possui tamanho menor que 10 cm de comprimento, apesar de existirem espécies de até um metro. São predadores ativos, com mandíbulas fortalecidas por quitina, as quais utilizam para capturar animais de corpo mole (Fig. 39). As espécies desse grupo possuem o corpo segmentado e cada um dos segmentos apresenta estruturas carnosas, que se assemelham a remos denominadas de parapódios. Dos parapódios, partem inúmeras cerdas, característica que dá nome à classe (poli = muitas; chaeta = cerdas). A cabeça desses animais é representada pelo prostômio, que possui órgãos sensoriais, tais como olhos e antenas. A boca fica logo após o prostômio e o ânus está localizado no pigídio, que é a região terminal do corpo do poliqueta. A maioria dos poliquetas apresenta brânquias e, em alguns, observa-se a presença de parapódios modificados para exercer a função de trocas gasosas. Esses animais são dioicos e possuem desenvolvimento indireto (larva trocófora). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 41 Figura 39. À esquerda e ao centro, um poliqueta predatório conhecido como verme da areia. À direita, o verme árvore de Natal, um poliqueta tubular (Fonte: Shutterstock). ▪ Oligoquetas - minhocas Os oligoquetos formam o grupo de anelídeos mais conhecidos: as minhocas (Fig. 40). Essa classe apresenta um número aproximado de 3.100 espécies descritas, encontradas no ambiente terrestre, em água doce e em ambientes marinhos. Seu corpo possui segmentação bem desenvolvida, interna e externamente aos segmentos, com sulcos visíveis em sua superfície, correspondentes às partições internas, que formam muitas câmaras celômicas. O prostômio é pequeno e sem apêndices sensoriais. Os oligoquetos se diferenciam dos poliquetas por não possuírem parapódios e apresentarem poucas cerdas (oligo = poucas; chaeta = cerdas). Nos adultos é possível observar uma região mais espessada e inchada, onde se encontram glândulas produtoras de muco, que ajudam na cópula e na secreçãodo casulo (onde há a postura dos ovos). Esse segmento é denominado clitelo (Fig. 41). A alimentação é baseada na ingestão de matéria orgânica em decomposição. São hermafroditas, com desenvolvimento direto, sem formação de larvas. ▪ Hirudíneos - sanguessugas Os hirudíneos, representados pelas sanguessugas, são o menor grupo dos anelídeos e apresentam cerca de 700 espécies. Possuem representantes que vivem em água doce, ambiente marinho e também terrestre. Muitas sanguessugas são escavadoras e predadoras de pequenos invertebrados, inclusive outros anelídeos. Outras se acoplam a um vertebrado, perfuram sua pele e sugam seu sangue. Sua saliva possui uma proteína que é anestésica, que permite que não sejam percebidas, e outra que evita a coagulação sanguínea, favorecem maior liberação de sangue pela perfuração causada. Figura 40. Minhoca (Fonte: Shutterstock). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 42 Nos hirudíneos não ocorrem parapódios, apêndices na cabeça e geralmente também não se observam cerdas. Além disso, o corpo não é separado por septos e o espaço celômico é contínuo. Assemelham-se aos oligoquetas por causa da presença de clitelo e por serem hermafroditas. O corpo desses animais é achatado dorsoventralmente. Apresentam ventosas nas extremidades, sendo a anterior, normalmente, menor que a posterior (Fig. 41). Figura 41. Sanguessuga (hirudíneo) (Fonte: Shutterstock). CAI NA PROVA 5. (2018/UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana) A sustentação do corpo é fundamental para que um animal possa interagir no seu hábitat e atuar em seu nicho ecológico. A minhoca é um organismo integrante do grupo dos anelídeos e apresenta sustentação corporal por intermédio de um esqueleto a) calcário. b) quitinoso. c) ósseo. d) hidrostático. e) cartilaginoso. Comentários: A minhoca, um anelídeo da classe Oligoqueta, apresenta um esqueleto hidrostático preenchendo uma cavidade celômica bem desenvolvida e segmentada. A alternativa correta é a letra D. Gabarito: D 5. Ecdisozoários Ecdisozoários ou Ecdysozoa se refere aos animais que trocam um rígido revestimento externo (cutícula) à medida que crescem, sendo esse processo de troca chamado de muda ou ecdise. Os ecdisozoários abrangem oito filos animais, dos quais interessa-nos estudar apenas os dois maiores, compostos pelos nematódeos e os artrópodes. As semelhanças genéticas e o ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 43 compartilhamento de uma cutícula que é trocada com o crescimento sugerem que nematódeos sejam o grupo mais próximo aos artrópodes (grupos-irmãos). 5.1. Nematódeos Os nematódeos (Filo Nematoda) compreendem os “vermes” cilíndricos, que são animais que vivem em ambientes de água salgada ou doce, e também em ambientes terrestres. Alguns são de vida livre, enquanto outros são parasitas e utilizam animais invertebrados como hospedeiros intermediários, somente para completar o seu desenvolvimento, não causando doenças. Os nematódeos podem ser microscópicos ou chegar a até um metro de comprimento. O representante mais conhecido dos nematódeos é a lombriga (Fig. 42), mas existem cerca de 25.000 espécies descritas nesse filo. Figura 42. Lombriga (Fonte: Shutterstock). Organização geral Os nematódeos (também chamados nematelmintos – e antigamente de asquelmintos) são vermes de corpo alongado, cilíndrico e fino, com extremidades afiladas. Têm o corpo coberto por uma cutícula flexível produzida pela hipoderme, e os músculos se contraem somente longitudinalmente (produzindo um movimento de chicote). À medida que cresce, o verme perde a cutícula velha e secreta uma nova e maior. Os órgãos de seu corpo se encontram mergulhados em uma pseudocele, líquido que preenche uma falsa cavidade celomática, já que são animais pseudocelomados, e que auxilia no sistema hidrostático. Os nutrientes ingeridos são transportados pela pseudocele. Observe a anatomia de um nematódeo na Figura 43. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 44 Figura 43. Anatomia de uma lombriga (nematódeo). Alimentação A maioria dos nematódeos se alimenta de matéria orgânica do solo ou da água, com exceção dos parasitas. Possuem sistema digestório completo, com a boca, faringe, intestino não muscular, reto e ânus. Sistema nervoso O sistema nervoso é centralizado em volta da faringe, constituído de um anel nervoso e gânglios. Também possuem um cordão nervoso dorsal e outro ventral. Em volta da cabeça e na cauda há diversas papilas sensoriais. Uma característica exclusiva dos nematódeos é a presença de anfídeos, um complexo de órgãos nervosos dos animais de vida livre, que se abrem em cada lado da cabeça pelos poros anfidiais. Nos parasitas nematódeos há os fasmídeos, que exercem praticamente a mesma função dos anfídeos. Respiração Nematódeos apresentam respiração cutânea. Na superfície do corpo existe uma camada externa, a cutícula, que protege o animal do atrito com as partículas do ambiente. Essa cutícula, presente na superfície da epiderme, é flexível e rica em colágeno, trocada repetidamente à medida que o animal cresce. No caso dos parasitas, a cutícula oferece proteção contra substâncias produzidas pelos hospedeiros, como as enzimas digestivas. Além disso, nematódeos parasitas adultos realizam respiração anaeróbica, porém suas larvas, geralmente de vida livre, realizam respiração aeróbica. Excreção https://www.infoescola.com/bioquimica/respiracao-anaerobica/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CURSO EXTENSIVO DE BIOLOGIA AULA 15 – ANIMAIS INVERTEBRADOS 45 O sistema excretor é composto por dois canais longitudinais ligados por um transversal, chamados de renetes. Devido ao formato desses tubos (que são células especializadas), eles recebem o nome de tubos em “H”. Os resíduos de seu metabolismo são transportados pela pseudocele e eliminados do organismo na forma de amônia por meio dos renetes. Os dois canais longitudinais se abrem em orifícios perto da boca do animal. Reprodução Os nematódeos são animais dioicos, com machos menores que as fêmeas, e órgãos copulatórios localizados na parte posterior de seus corpos. A fecundação é interna e o desenvolvimento dos animais de vida livre é direto. O ciclo biológico básico dos nematódeos compreende ovo, etapas juvenis e forma adulta (macho ou fêmea). Assim, após a eclosão do ovo, o nematódeo juvenil já é uma cópia do futuro adulto, apenas em miniatura e com o sistema reprodutor ainda rudimentar. Durante o período de crescimento, ele passa por quatro ecdises, ou seja, por quatro trocas periódicas do exoesqueleto (na verdade, apenas uma parte da camada cuticular da parede do corpo é substituída). Com o desenvolvimento, cresce em tamanho e, ao atingir a fase adulta, amadurece sexualmente. Em relação aos animais parasitas, eles têm desenvolvimento indireto (ou seja, estágio larval), passando, neste caso, pelo interior de outros animais até completarem o desenvolvimento no adulto. Existem mais de 50 espécies de nematódeos capazes de parasitar o ser humano. Algumas são muito conhecidas por causarem graves doenças (verminoses), como as que veremos aqui. Ascaridíase Ascaris lumbricoides é o verme conhecido como lombriga, causador da ascaridíase (Fig. 44). 1) Quando uma pessoa ingere alimentos ou água contaminados, ou coloca a mão suja de terra na boca (hábito muito comum em crianças), poderá ingerir os ovos do verme. 2) Após serem ingeridos, os ovos irão eclodir e liberar as larvas no intestino humano. As larvas atravessam a parede intestinal e invadem as veias e vasos linfáticos, sendo levadas aos pulmões. 3) De lá, seguem para os alvéolos, bronquíolos, brônquios, traqueias, laringe e faringe, de onde são deglutidas novamente e seguem para o esôfago e o estômago.
Compartilhar