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3 7 7 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 A RTIGO A RT I C L E Dor lombar crônica em uma população adulta do Sul do Brasil: p revalência e fatores associados C h ronic low back pain in a Southern Brazilian adult population: p revalence and associated factors 1 Pro g rama de Pós-gra d u a ç ã o em Ep i d e m i o l o g i a , Un i versidade Fe d e ral de Pe l o t a s , Pe l o t a s , Bra s i l . C o r re s p o n d ê n c i a Ma rcelo Coz zensa da Si l va Pro g rama de Pós-gra d u a ç ã o em Ep i d e m i o l o g i a , Un i versidade Fe d e ral de Pe l o t a s . Av. Duque de Caxias 250, 3o a n d a r, Pe l o t a s , RS 96030-002, Bra s i l . c oz ze n s a @ t e r ra . c o m . b r Ma rcelo Coz zensa da Si l va 1 Anaclaudia Gastal Fassa 1 Ne i va Cristina Jorge Valle 1 A b s t r a c t To identify the pre valence of chronic low back pain (CLBP) and examine factors associated with this condition in a Southern Brazilian a d u l t p o p u l a t i o n , a population-based cro s s - s e c t i o n a l study was conducted, including 3,182 subjects of both sexe s , aged 20 years or ove r, living in the urban area of Pe l o t a s , Rio Grande do Sul St a t e . The questionnaire included socio-demogra p h i c , b e h a v i o ra l , and nutritional va r i a b l e s , as well as c h a racterization of ex p o s u re to ergonomic fac- tors in daily activities. CLBP pre valence was 4 . 2 % . The variables sex , a g e , marital status, s c h o o l i n g , s m o k i n g , body mass index ,w o rk i n g in a lying position, heavy physical work , a n d re p e t i t i ve movements were associated with C L B P. Pre valence of CLBP is important as it lim- its normal activities and increases the use of health care serv i c e s .T h e re may be differences in the ergonomic risk factors for CLBP and low back pain in genera l . L ow Back Pa i n ; Adult He a l t h ; C ro s s - Se c t i o n a l St u d i e s I n t ro d u ç ã o As dores lombares atingem níveis epidêmicos na população em geral 1. Andersson 2 a f i rm a que as lombalgias são comuns na população, sendo que, em países industri a l i z a d o s, sua pre- valência é estimada em torno de 70%. Em algu- ma época da vida, de 70 a 85% de todas as pes- soas sofrerão de dores nas costas 3. Se g u n d o Te i x e i ra 4 c e rca de 10 milhões de bra s i l e i ros fi- cam incapacitados por causa desta morbidade e pelo menos 70% da população sofrerá um episódio de dor na vida. Nos Estados Un i d o s, a lombalgia é a causa mais comum de limitação de atividades entre pessoas com menos de 45 a n o s, é a segunda razão mais freqüente para vi- sitas médicas, a quinta causa de admissão hos- pitalar e a terc e i ra causa de procedimentos ci- r ú rgicos 5. Fa zendo parte do contexto de dores lomba- re s, as dores lombares crônicas devem ser tra- tadas como um problema de saúde pública. Um estudo de base populacional, na No ru e g a , e n c o n t rou pre valências de dor lombar crônica de 2,4% e 1,7%, re s p e c t i va m e n t e, para homens e mulheres 6. Esta morbidade atinge pri n c i p a l- mente a população em idade economicamente a t i va, podendo ser altamente incapacitante e é uma das mais importantes causas de absen- teísmo 7. Este tipo de dor contínua e por longo período de tempo afeta muitos aspectos da vi- da, podendo levar a distúrbios do sono, dep re s- Silva MC et al.3 7 8 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 s ã o, irritabilidade e, em casos extre m o s, ao sui- cídio 8. A pro c u ra por tratamento de dores lomba- res crônicas aumenta a cada dia. A demanda em hospitais e clínicas ocasiona um aumento no custo de despesas com cuidados com a saú- d e. O custo de tal demanda é um ônus a mais p a ra os cofres públicos e pri va d o s, pois o go- ve rn o, as indústrias e a sociedade devem arc a r com as despesas 9. É grande a quantidade de tempo e recursos gastos com os pacientes por- t a d o res deste tipo de morbidade 1 0. A dor lombar crônica pode ser causada por doenças inflamatóri a s, degenera t i va s, neoplá- s i c a s, defeitos congênitos, debilidade muscu- l a r, predisposição reumática, sinais de degene- ração da coluna ou dos discos interve rt e b ra i s e o u t ras 1 1. En t re t a n t o, freqüentemente a dor lombar crônica não decorre de doenças espe- c í f i c a s, mas sim de um conjunto de causas, co- mo por exemplo fatores sócio-demográficos ( i d a d e, sexo, renda e escolaridade), comport a- mentais (fumo e baixa atividade física), exposi- ções ocorridas nas atividades cotidianas (tra- balho físico pesado, vibra ç ã o, posição viciosa, m ovimentos re p e t i t i vos) e outros (obesidade, morbidades psicológicas) 1 2 , 1 3. V á rios estudos epidemiológicos têm descri- to o tema dor lombar 8 , 1 4 , 1 5 mas ainda são pou- cos os que se re f e rem à dor lombar crônica. Além disso, grande parte dos artigos re f e re-se a g rupos populacionais específicos, tais como o de tra b a l h a d o res 1 6 , 1 7, e apresentam hetero g e- neidades de definição do tema 3 , 1 8 , 1 9 , 2 0. No Bra- sil foram encontrados poucos estudos sobre o a s s u n t o, sendo assim, não há dados de pre va- lência de dor lombar, ou de dor lombar crônica no país 7 , 2 1. Este estudo tem como objetivo determ i n a r a pre valência de dor lombar crônica em uma a m o s t ra de base populacional de adultos re s i- dentes na cidade de Pe l o t a s, Rio Grande do Su l e ve rificar sua associação com va ri á veis demo- g r á f i c a s, sócio-econômicas, comport a m e n t a i s, e rgonômicas e nutri c i o n a l . M e t o d o l o g i a Foi utilizado um delineamento tra n s versal pa- ra estudar indivíduos de vinte anos ou mais re- sidentes na zona urbana da cidade de Pe l o t a s. A coleta de dados compreendeu o período en- t re 25 de feve re i ro e 10 de maio de 2002, sendo realizada em conjunto por 11 mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Un i versidade Fe d e- ral de Pe l o t a s, através da aplicação de um q u e s- t i o n á rio geral criado a partir de questões for- muladas pelos re f e ridos mestra n d o s. Co n f o rme as informações da contagem po- pulacional da Fundação Instituto Bra s i l e i ro de Ge o g rafia e Estatística (IBGE) 2 2, estimou-se a necessidade de visitar aproximadamente 1.600 d o m i c í l i o s, distribuídos em oitenta setores c e n- s i t á ri o s, escolhidos através de amostragem es- t ratificada de acordo com quatro níveis de es- c o l a ridade média dos chefes de família de cada s e t o r. A partir dos mapas dos setores e da lista- gem de todos os domicílios, sorteou-se de for- ma sistemática as moradias a serem visitadas em cada um deles. Re a l i zou-se a entrevista c o m todos os mora d o res com idade igual ou supe- rior a vinte anos, residentes nos domicílios sor- t e a d o s, excluídas as pessoas incapacitadas pa- ra responder o questionário como deficientes mentais e pessoas que tive ram acidente va s c u- lar cere b ral. Devido à pesquisa ser considera d a de risco mínimo solicitou-se aos entre v i s t a d o s um consentimento informado 2 3. Estimando-se uma pre valência da doença nos não expostos em torno de 3% e a relação e x- posto/não exposto va riando de 1:1 (sexo) a 1:5 ( e s c o l a ridade), a amostra estudada (N = 3.182) c o n f e re um poder estatístico de 80% para exa- minar associações com um risco re l a t i vo em t o rno de 2,0 e um nível de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas por 33 en- t re v i s t a d o ras as quais tinham, no mínimo, cur- sado o nível médio de escolari d a d e. Essas fo- ram selecionadas após o treinamento teóri c o - prático e a realização de entrevistas superv i s i o- nadas no estudo piloto. Cada entre v i s t a d o ra c o- letou, em média, dados de quarenta famílias em dois setores censitári o s. Du rante as ativida- des do trabalho de campo cada mestrando fi- cou re s p o n s á vel pela supervisão de três entre- v i s t a d o ra s. As informações foram coletadas através de umquestionário pré-codificado com questões f e c h a d a s. A codificação foi realizada pelas pró- p rias entre v i s t a d o ras logo após as entrevistas e revisadas pelos superv i s o res do trabalho de c a m p o. Os superv i s o res também re a l i z a ram o c o n t role de qualidade que consistiu na aplica- ção de questionários com número reduzido de questões a 10% dos entre v i s t a d o s. A presença de dor lombar crônica foi esta- belecida através da positividade para dois cri- t é rios: um que estabelece a identificação da re- gião lombar como o local da dor em uma figu- ra de pessoa em posição ereta, supina e dorsal com as regiões lombar, torácica e cervical pin- tadas em cores diferentes 2 4, e outro que cons- tata a presença desta dor por sete semanas ou mais 3. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 Fo ram analisadas como exposições as va- ri á veis demográficas (cor da pele, sexo, idade e situação conjugal), sócio-econômicas (escola- ridade e nível sócio-econômico), comport a- mentais (baixa atividade física e tabagismo), e rgonômicas (trabalho sentado, trabalho em pé, trabalho agachado, trabalho deitado, tra b a- lho ajoelhado, vibração e/ou tre p i d a ç ã o, carre- gar peso, movimento re p e t i t i vo) e nutri c i o n a l (índice de massa corporal – IMC). O nível só- cio-econômico foi definido a partir do C r it ér i o de Classificação Econômica Bra s i l que estima o poder de compra das pessoas e famílias urba- nas 2 5. O instrumento utilizado para medir bai- xa atividade física foi o Qu e st i on ário In t e r n a- cional de Atividade Física ( I PAQ) versão curt a , p roposto pela Organização Mundial da Sa ú d e (OMS) e Centers for Disease Co n t rol and Pre- vention (CDC) e a va ri á vel tabagismo foi cole- tada nas categorias de não fumante, ex-fuman- te ou fumante atual. O IMC dos indivíduos foi medido pelo peso (Kg) re f e ri d o, dividido pela a l t u ra (cm) re f e rida elevada ao quadra d o. As va ri á veis ergonômicas foram cara c t e ri- zadas pela percepção do entrevistado identifi- cando entre as opções (nunca, raramente, gera l- m e n t e, sempre) qual delas cara c t e ri z a va me- lhor a freqüência de exposição. En t re as va ri á- veis aferidas estão esforço físico, vibração e re- p e t i t i v i d a d e, bem como posição viciosa cara c- t e rizada pela freqüência na qual o entre v i s t a d o t ra b a l h a va / e s t u d a va sentado, em pé, agacha- d o, deitado ou ajoelhado. O banco de dados foi construído no pro g ra- ma Epi Info 6.0, sendo realizada dupla digita- ção de cada questionári o. Pa ra a análise utili- zou-se o pro g rama STATA 7.0. A análise biva riada examinou tabelas de contingência e a associação estatística foi aferi- da para valor p < 0,05 pelo teste de χ2 de Pe a r- son para heterogeneidade ou tendência linear. A análise multiva riada foi realizada através de re g ressão logística não condicional, que perm i- tiu controle simultâneo de fatores que leva ra m em conta a hiera rquia de determinação da dor lombar crônica. O efeito de delineamento, com valor igual a 1,4 foi considerado na análise. O modelo proposto para a hiera rquia cita- da foi constituído de três níveis: o pri m e i ro, em que estão inseridas as va ri á veis demográficas ( s e xo, idade e cor da pele), o segundo em que estão as va ri á veis sócio-econômicas (nível só- cio-econômico e escolaridade) e demográfica (situação conjugal), e o terc e i ro que abrange as va ri á veis ergonômicas (trabalho sentado, tra- balho em pé, trabalho agachado, trabalho ajoe- l h a d o, trabalho deitado, vibração e/ou tre p i d a- ção e movimento re p e t i t i vo), as va ri á veis com- DOR LOMBAR CRÔNICA: PREVALÊNCIA E DETERMINANTES 3 7 9 p o rtamentais (baixa atividade física, tabagis- mo) e a va ri á vel nutricional (IMC). Os efeitos das va ri á veis do pri m e i ro níve l f o ram controlados entre si; as do segundo níve l f o ram controlados entre elas e para as do pri- m e i ro nível; as do terc e i ro nível foram contro- ladas entre elas e para as dos dois níveis ante- ri o res 2 6. En t ra ram no modelo hiera rq u i z a d o de análise todas as va ri á veis que apre s e n t a ra m , na análise biva riada, valor p ≤ 0,2. As va ri á ve i s q u e, na análise multiva riada, também apre s e n- t a ram valor p ≤ 0,2 perm a n e c e ram no modelo s e m p re que preenchiam os cri t é rios para pro- v á veis fatores de confusão. Pa ra seleção das va- ri á veis que perm a n e c e ram no modelo de re- g ressão logística foi utilizado o processo de se- leção para trás, ficando no modelo final todas va ri á veis que apre s e n t a ram valor p < 0,05. R e s u l t a d o s Fo ram estudados 3.182 indivíduos de vinte anos ou mais em 1.600 domicílios, já desconta- da a porcentagem final de 5,6% de perdas e re- cusas e de 1,1% de exc l u s õ e s. A população estu- dada teve uma média de idade de 44 anos (des- vio padrão = 16,3 anos), sendo que 56,8% era do s e xo feminino e mais de 4/5 da população (84,7%) era de cor branca. Quanto à escolari d a- d e, 27,7% tinha quatro anos ou menos de estu- do (média = 7,4 anos; dp = 4,3 anos) (Tabela 1). Dos entre v i s t a d o s, cerca de 1/3 encontra va - se no nível sócio-econômico D e E e 61,3% era casado ou vivia com companheiro. Observou-se que 27,9% fumava atualmente, 41,1% era seden- t á rio e 14,3% apre s e n t a va IMC corre s p o n d e n t e a obesidade (igual ou superior a 30kg/m2) . Pa ra definir as pre valências das va ri á ve i s e rg o n ô m i c a s, as freqüências obtidas nas cate- g o rias “g e ra l m e n t e” e “s e m p re” foram re u n i d a s em um único gru p o. Em relação à posição vi- ciosa observou-se que 35,9% tra b a l h a va, gera l- mente ou sempre, sentado; 74,4%, em pé; 5,8%, agachado; 4,5%, deitado e 2,9%, ajoelhado. Ap roximadamente metade das pessoas estuda- das re a l i z a va movimentos re p e t i t i vos; 19,1% e s t a vam expostos à vibração e/ou trepidação e 24,4% carre g a va peso, geralmente ou sempre. A pre valência de dor lombar crônica na po- pulação foi de 4,2% e, o tempo médio que a dor p e rd u rou nos indivíduos foi de 82,6 dias (dp = 14,5 dias). Na análise bruta (Tabela 1) observo u - s e que a dor lombar crônica foi significativa m e n- te maior no sexo feminino e, conforme aumen- t a va a idade dos indivíduos, houve uma ten- dência de aumento linear da freqüência de dor. Silva MC et al.3 8 0 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 Essa tendência também foi encontrada na di- minuição do nível de escolaridade e do níve l s ó c i o - e c o n ô m i c o. Na va ri á vel situação conju- gal, viver sozinho mostrou ser proteção para a dor lombar crônica. Uma outra observação diz respeito à ten- dência de aumento linear significativo na pre- valência de dor lombar crônica conforme au- menta o IMC, da mesma forma como isso se ve rifica nos indivíduos que não fumam para os ex-fumantes e fumantes atuais. Também foi o b s e rvado que a pre valência da dor é maior p a ra quem está exposto ao trabalho deitado g e ra l m e n t e / s e m p re quando comparado àque- les que nunca o fazem. As va ri á veis mov i m e n t o re p e t i t i vo e carregar peso não se mostra ram as- sociadas ao desfecho, mas foram levadas para a análise multiva riada por apre s e n t a rem va l o r p < 0,2 (Tabela 2). As va ri á veis cor da pele, bai- xa atividade física, trabalho sentado, tra b a l h o em pé, trabalho agachado, trabalho ajoelhado e exposição à vibração e/ou trepidação não se m o s t ra ram associadas com a dor lombar crô- nica na análise biva riada (Tabelas 1 e 2). Na análise multiva riada (Tabela 3) as va ri á- veis sexo, idade, situação conjugal, escolari d a- d e, tabagismo, IMC, trabalho deitado, carre g a- mento de peso no trabalho e movimento re p e- t i t i vo perm a n e c e ram significativamente asso- ciadas com o desfecho. Já a va ri á vel nível só- cio-econômico apresentou p ≤ 0,2, perm a n e- cendo no modelo como fator de confusão. Tabela 1 F reqüência simples,prevalência de dor lombar crônica e associação entre variáveis sócio-econômicas e demográficas com dor lombar crônica. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, 2002. Va r i á v e i s n P revalência (%) Análise bruta Valor p RO (IC95%) Sexo (n = 3.182) < 0,001* M a s c u l i n o 1 . 3 7 4 2 , 9 1 , 0 0 F e m i n i n o 1 . 8 0 8 5 , 2 1,88 (1,31-2,69) Idade em anos (n = 3.182) < 0,001** 2 0 - 2 9 7 1 9 1 , 0 1 , 0 0 3 0 - 3 9 6 8 0 3 , 1 3,24 (1,42-7,39) 4 0 - 4 9 6 6 7 5 , 3 5,63 (2,47-12,87) 5 0 - 5 9 5 3 3 7 , 7 8,49 (4,06-17,78) 6 0 - 6 9 3 0 7 4 , 9 5,28 (2,26-12,33) 70 ou mais 2 7 6 5 , 3 5,70 (2,31-14,05) Cor da pele (n = 3.182) 0 , 7 * B r a n c a 2 . 6 9 6 4 , 3 1 , 0 0 N ã o - b r a n c a 4 8 6 3 , 9 0,92 (0,59-1,43) Nível sócio-econômico (n = 3.170) 0 , 0 7 * * Classe A B 7 4 7 2 , 8 1 , 0 0 Classe C 1 . 2 7 0 4 , 6 1,62 (1,04-2,51) Classe D E 1 . 1 5 3 4 , 6 1,63 (0,98-2,71) Situação conjugal (n = 3.182) 0 , 0 2 * Casado ou vive com companheiro 1 . 9 5 1 4 , 8 1 , 0 0 Vive sozinho 1 . 2 3 1 3 , 2 0,65 (0,45-0,94) Escolaridade em anos (n = 3.177) < 0,001** 0 2 2 3 6 , 9 3,60 (1,59-8,16) 1 - 4 6 5 6 6 , 3 3,29 (1,70-6,40) 5 - 8 1 . 0 6 7 4 , 4 2,27 (1,24-4,14) 9 - 1 1 7 8 0 2 , 7 1,36 (0,62-2,94) 12 ou mais 4 5 1 2 , 0 1 , 0 0 RO = Razão de o d d s; IC95% = intervalo de confiança. * Qui-quadrado ** Teste de tendência linear DOR LOMBAR CRÔNICA: PREVALÊNCIA E DETERMINANTES 3 8 1 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 Tabela 2 F reqüência simples, prevalência de dor lombar crônica e associação entre variáveis comportamentais, e rgonômicas e a variável nutricional com a dor lombar crônica. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, 2002. Va r i á v e i s n P revalência (%) Análise bruta Valor p RO (IC95%) Tabagismo (n = 3.182) 0 , 0 3 * * Nunca fumou 1 . 6 6 8 3 , 2 1 , 0 0 E x - f u m a n t e 6 2 7 5 , 0 1,58 (0,92-2,72) Fumante atual 8 8 7 5 , 5 1,78 (1,15-2,75) IMC (n = 3.047) 0 , 0 1 * * Até 19,9 2 5 8 2 , 7 1 , 0 0 20 a 24,9 1 . 2 8 4 3 , 4 1,28 (0,58-2,82) 25 a 29,9 1 . 0 6 8 4 , 1 1,51 (0,69-3,30) 30 ou mais 4 3 7 6 , 2 2,38 (1,03-5,50) Baixa atividade física (n = 3.119) 0 , 3 * N ã o 1 . 8 3 7 3 , 9 1 , 0 0 S i m 1 . 2 8 2 4 , 6 1,18 (0,85-1,65) Trabalho sentado (n = 3.155) 0 , 8 * * N u n c a 4 3 3 4 , 2 1 , 0 0 R a r a m e n t e 1 . 5 9 0 4 , 2 1,00 (0,53-1,86) Geralmente ou sempre 1 . 1 3 2 4 , 0 0,95 (0,52-1,76) Trabalho em pé (n = 3.156) 0 , 4 * * N u n c a 6 7 7 , 5 1 , 0 0 R a r a m e n t e 7 4 3 4 , 2 0,54 (0,21-1,37) Geralmente ou sempre 2 . 3 4 6 4 , 0 0,51 (0,20-1,31) Trabalho agachado (n = 3.156) 0 , 8 * * N u n c a 1 . 8 0 9 4 , 1 1 , 0 0 R a r a m e n t e 1 . 1 6 3 4 , 0 0,97 (0,66-1,41) Geralmente ou sempre 1 8 4 4 , 9 1,21 (0,62-2,34) Trabalho deitado (n = 3.156) 0 , 0 0 8 * * N u n c a 2 . 5 5 6 3 , 7 1 , 0 0 R a r a m e n t e 4 5 6 3 , 5 0,94 (0,57-1,56) Geralmente ou sempre 1 4 4 1 3 , 2 3,94 (1,97-7,87) Trabalho ajoelhado (n = 3.156) 0 , 4 * * N u n c a 2 . 3 3 1 4 , 3 1 , 0 0 R a r a m e n t e 7 3 4 3 , 5 0,82 (0,56-1,20) Geralmente ou sempre 9 1 4 , 4 1,03 (0,37-2,83) Vibração e/ou trepidação (n = 3.155) 0 , 6 * N ã o 2 . 5 5 4 4 , 0 1 , 0 0 S i m 6 0 1 4 , 5 1,12 (0,72-1,75) C a r regar peso (n = 3.156) 0 , 2 * * N u n c a 1 . 1 1 3 3 , 9 1 , 0 0 R a r a m e n t e 1 . 2 7 2 3 , 8 0,98 (0,66-1,44) Geralmente ou sempre 7 7 1 5 , 1 1,33 (0,93-1,89) Movimento repetitivo (n = 3.151) 0 , 0 7 * S i m 1 . 4 6 9 3 , 4 1 , 0 0 N ã o 1 . 6 8 2 4 , 7 1,40 (0,97-2,02) RO = Razão de o d d s; IC95% = Intervalo de confiança; IMC = Índice de Massa Corporal. * Qui-quadrado ** Teste de tendência linear Silva MC et al.3 8 2 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 A pre valência de dor lombar, de acordo c o m a idade, apresentou um aumento linear signifi- cativo, sendo que a faixa entre 50 e 59 anos a p re- senta o maior risco; cerca de oito vezes mais dor lombar crônica do que na faixa entre 20 a 29 anos. A dor lombar crônica aumenta linear- mente conforme diminui a escolari d a d e, sen- do que as categorias sem escolari d a d e, de 1 a 4 e de 5 a 8 anos de estudo tive ram, pelo menos, duas vezes mais risco de apresentar o desfecho do que as pessoas com 12 anos ou mais de es- c o l a ri d a d e. Riscos significativos acima de 2,0 também foram encontrados para as pessoas que fumam atualmente quando compara d o s aos que não fumam, bem como aqueles que e x e rcem suas atividades cotidianas, gera l m e n- te ou sempre, deitados quando compara d o s aos que nunca ficam nesta posição viciosa (Ta- bela 3). De n t re os indivíduos que tive ram dor lom- bar crônica, a maioria (76,7%) relatou dificul- dade de realizar suas atividades de tra b a l h o. Ainda, 1/4 dos indivíduos que apre s e n t a ra m esta dor faltou ao trabalho e/ou escola, sendo que 97% destes faltaram exc l u s i vamente ao t rabalho re m u n e rado ou no domicílio. En t re os indivíduos com 40 anos ou mais que apre s e n- t a ram dor lombar crônica, 27,6% faltou ao tra- balho/escola ou deixou de realizar atividades domésticas por causa da dor. Metade dos indi- víduos com esta morbidade pro c u rou algum ti- po de assistência, sendo que a pro c u ra (não ex- c l u s i va) a médico, fisioterapeuta ou massagista foi re s p e c t i vamente de 90,5%; 27,0% e 22,2%. D i s c u s s ã o A longa duração e o caráter incapacitante de- c o r rente da dor lombar crônica fazem com que a prevalência encontrada neste estudo seja c o n- s i d e rada import a n t e. As va ri á veis sexo femini- n o, idade avançada, viver com companheiro, e s c o l a ridade baixa, tabagismo, IMC eleva d o, t rabalho deitado, carregar peso no trabalho e realizar movimento re p e t i t i vo se comport a ra m como fator de risco para dor lombar crônica. Foi estudada uma amostra re p re s e n t a t i va da população adulta de Pe l o t a s, com um baixo p e rcentual de perdas e recusas (5,6%). A des- c rição das va ri á veis sócio-demográficas foi c o n- d i zente com os dados censitários da cidade 2 2. Apesar das vantagens quanto à ra p i d ez e b a i xo custo, o delineamento tra n s versal apre- senta uma limitação inerente que é a possibili- dade de causalidade re versa. No caso específi- co deste estudo, acredita-se que este viés pode afetar as associações do desfecho com as va ri á- Tabela 3 Análise ajustada de fatores associados à dor lombar crônica. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, 2002. Va r i á v e i s Análise ajustada RO (IC95%) Valor p 1o N í v e l Sexo (n = 3.182) 0 , 0 0 2 M a s c u l i n o 1 , 0 0 F e m i n i n o 1,79 (1,24-2,58) Idade em anos (n = 3.182) < 0,001 2 0 - 2 9 1 , 0 0 3 0 - 3 9 3,24 (1,43-7,36) 4 0 - 4 9 5,56 (2,44-12,69) 5 0 - 5 9 8,24 (3,92-17,30) 6 0 - 6 9 5,12 (2,17-12,08) 70 ou mais 5,39 (2,17-13,35) 2o N í v e l Situação conjugal (n = 3.182) 0 , 0 0 4 Casado ou vive com companheiro 1 , 0 0 Vive sozinho 0,58 (0,40-0,85) Escolaridade em anos (n = 3.177) 0 , 0 1 0 2,26 (0,94-5,46) 1 - 4 2,50 (1,23-5,05) 5 - 8 2,03 (1,11-3,72) 9 - 1 1 1,46 (0,66-3,24) 12 ou mais 1 , 0 0 3o N í v e l Tabagismo (n = 3.182) < 0,001 Nunca fumou 1 , 0 0 E x - f u m a n t e 1,64 (0,88-3,05) Fumante atual 2,36 (1,49-3,74) IMC (n = 3.047) 0 , 0 4 Até 19,9 1 , 0 0 2 0 - 2 4 , 9 1,23 (0,55-2,77) 2 5 - 2 9 , 9 1,38 (0,61-3,10) 30 ou mais 2,01 (0,86-4,71) Trabalho deitado (n = 3.156) 0 , 0 4 N u n c a 1 , 0 0 R a r a m e n t e 0,74 (0,46-1,24) Geralmente ou sempre 2,94 (1,61-5,37) C a r regar peso (n = 3.156) 0 , 0 4 N u n c a 1 , 0 0 R a r a m e n t e 1,09 (0,72-1,66) Geralmente ou sempre 1,67 (1,09-2,57) Movimento repetitivo (n = 3.151) 0 , 0 0 8 N ã o 1 , 0 0 S i m 1,75 (1,20-2,55) RO = Razão de o d d s; IC95% = Intervalo de confiança; IMC = Índice de massa corporal. 1o Nível: ajustadas entre elas; 2o Nível: ajustadas entre elas e para as variáveis do 1o Nível; 3o Nível: ajustadas entre elas, para as variáveis do 1o e do 2o Nível e para a variável classe social. DORLOMBAR CRÔNICA: PREVALÊNCIA E DETERMINANTES 3 8 3 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 veis comportamentais e erg o n ô m i c a s, mas não com os pre d i t o res demográficos e sócio-eco- n ô m i c o s. São poucos os estudos sobre dor lombar crônica, sendo que os existentes avaliam pri n- cipalmente o tratamento 9 , 1 9 , 2 7. Assim, os re- sultados encontrados também serão compara- dos com os estudos sobre dor lombar em gera l que estão em maior quantidade na litera t u ra . As pre valências de dor lombar crônica em o u t ros estudos de base populacional com cri- t é rios para definição de caso semelhantes aos utilizados neste estudo va ri a ram entre 2% e 6,5%; sendo semelhantes ao encontrado 6 , 1 8. As mulheres apre s e n t a ram risco superi o r ao dos homens para dor lombar crônica. Alg u n s estudos epidemiológicos atribuem este achado a um viés de informação 2 8. Porém o achado é p l a u s í vel, uma vez que as mulhere s,cada vez ,- mais combinam a realização de tarefas domés- ticas com o trabalho fora de casa onde estão expostas a cargas erg o n ô m i c a s, pri n c i p a l m e n- te re p e t i t i v i d a d e, posição viciosa e trabalho em g rande velocidade 2 9. Além disso, o sexo femi- nino apresenta algumas características anáto- mo-funcionais (menor estatura, menor massa m u s c u l a r, menor massa óssea, art i c u l a ç õ e s mais frágeis e menos adaptadas ao esforço físi- co pesado, maior peso de gord u ra) que podem c o l a b o rar para o surgimento das dores lomba- res crônicas. Com o aumento da idade, h o u ve um au- mento da pre valência de dor lombar crônica, o que é sustentado por várias pesquisas 1 , 1 7 , 3 0. A faixa etária de maior risco foi entre 50 e 59 a n o s,o que está de acordo com a litera t u ra 3 1. O risco aumentado nesta faixa de idade pode d e ve r-se ao fato de que os processos degene- rat i vo s, de um modo geral, podem estar bem a va n ç a d o s, tra zendo como conseqüências o desgaste das estru t u ras ósteo-musculares e or- gânicas 1. Além disso, a maioria das pessoas nesta faixa encontra - s e, apesar de próximos da a p o s e n t a d o ria, ainda tra b a l h a n d o, o que não acontece para a maioria das pessoas acima desta faixa de idade 2 2. Ser casado ou morar com companheiro es- t e ve associado à dor lombar crônica, o que está de acordo com a pesquisa de Lee et al. 1 5. Pro- va ve l m e n t e, situação conjugal não seja um fa- tor de risco para o desfecho, mas, sim, um mar- cador de ri s c o, podendo estar re l a c i o n a d o, por e x e m p l o, a maiores exposições erg o n ô m i c a s no trabalho/domicílio ou a características c o m- p o rtamentais de ri s c o. Consistente com outros estudos, o nível de e s c o l a ridade dos indivíduos esteve inve r s a- mente associado à pre valência de dor lombar crônica 3 2. O efeito da baixa escolaridade sobre o desfecho é mediado pela maior exposição a c a rgas erg o n ô m i c a s, tanto no domicílio quanto no tra b a l h o, e pelo tabagismo entre outros 3 3. O tabagismo apresentou forte associação com a dor lombar crônica, sendo que algumas t e o rias têm sido postuladas para explicar tal re- l a ç ã o. A pri m e i ra está relacionada com a tosse crônica causada pelo hábito de fumar, tendo em vista que a tosse aumenta a pressão intern a abdominal e dos discos ve rt e b rais lombare s. A segunda se re f e re ao efeito da nicotina, que p roduz uma redução da circulação sangüínea e de algumas substâncias como sulfato e ox i g ê- nio no corpo ve rt e b ral, o que prova ve l m e n t e reduz a nutrição dos discos ve rt e b ra i s. Por últi- m o, o uso do fumo poderia estar relacionado a f a t o res psicossociais de risco para o desfecho como baixa condição sócio-econômica, que i m p l i c a riam em maiores demandas físicas de t ra b a l h o, e a estresse 3 4. A pre valência de dor lombar crônica au- menta linearmente com o aumento do IMC, o que está de acordo com alguns estudos 3 5 , 3 6. A “c a rga extra” que a estru t u ra osteo-músculo- a rticular é obrigada a sustentar pode alterar o e q u i l í b rio biomecânico do corpo justificando o risco aumentado de dor lombar crônica em pessoas com sobrepeso e obesidade. O nível de atividade física não apre s e n t o u associação com dor lombar crônica, discor- dando de alguns estudos que associam indiví- duos mais ativos no lazer a índices re d u z i d o s da morbidade 7 , 3 7. No entanto, o instru m e n t o utilizado nesta pesquisa (IPAQ) mede as quatro e s f e ras da atividade física individual (laze r, ocupacional, serviço doméstico e deslocamen- to). Supõe-se que as atividades de lazer sejam fatores de proteção enquanto as atividades o c u- p a c i o n a i s, fatores de risco para as dores lom- b a res crônicas, o que pode ter anulado a asso- ciação no presente estudo. Além disso, a falta de associação poderia refletir um viés de cau- salidade re versa, ou seja, pessoas com dor lom- bar crônica passaram a ser sedentárias por causa da dor. Trabalho deitado, carregar peso e re a l i z a r m ovimentos re p e t i t i vos foram as exposições e rgonômicas que perm a n e c e ram associadas ao desfecho no modelo final e estão de acord o com os achados da bibliografia 1 2 , 1 3. Po r é m , c o n t ra riando a bibliografia, outras posições vi- ciosas como trabalho em pé, sentado, agacha- do ou ajoelhado e vibra ç ã o / t repidação não se m a n t i ve ram no modelo. A ausência de associa- ção entre o desfecho e algumas va ri á veis erg o- nômicas pode deve r-se a causalidade re ve r s a ou, no caso específico das posições viciosas em Silva MC et al.3 8 4 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 pé, agachado e ajoelhado, a falta de poder esta- t í s t i c o. En t re t a n t o, este achado pode indicar d i f e renças nos fatores de risco para dor lombar em geral e dor lombar crônica. Ou t ro aspecto a ser considerado é que as exposições erg o n ô m i- cas foram medidas não só no tra b a l h o, mas também no domicílio, local em que as carg a s e rgonômicas podem ter menor intensidade, seja pela sua natureza, seja pela maior autono- mia dos indivíduos para não se expor. Apesar de existir, no município estudado, uma boa rede pública de atenção básica à saú- d e, bem como de serviços pri va d o s, os índices de busca por assistência, entre os indivíduos com dor lombar crônica, encontrados no estu- d o, ainda são muito baixos quando compara- dos a países desenvolvidos 5. De n t re os que p ro c u ra ram assistência, o estudo apontou uma busca a médicos maior do que a encontrada na l i t e ra t u ra, porém a busca por outros tipos de p rofissionais como fisioterapeutas e massagis- tas foi menor do que a citada por Hansson & Hansson 9. O absenteísmo relacionado a dor lombar crônica em indivíduos de quarenta anos ou mais foi compatível com o encontrado em um estudo da No ruega 6 e confirmam a import â n- cia desta morbidade. O estudo apontou que a pre valência de dor lombar crônica é importante quando se consi- d e ra a quantidade de limitação das atividades e de demanda por serviço de saúde que este pro- blema gera. Levantou a hipótese de que existem d i f e renças nos fatores de risco ergonômicos pa- ra dor lombar crônica e dor lombar em gera l que podem estar definidas tanto por tipos es- pecíficos de exposição quanto por intensidade. Além disso, deixou claro que para examinar a associação entre atividade física e dor lombar crônica é preciso detalhar melhor o tipo e a in- tensidade da atividade e, pre f e re n c i a l m e n t e, utilizar delineamentos longitudinais. Cabe ainda ressaltar que o aumento da ida- de é fator de risco para dor lombar crônica de- ve n d o, assim, haver uma redução gradual da exposição a cargas erg o n ô m i c a s. Além disso, as m u l h e res apresentam um risco aumentado deste desfecho e devem ter uma carga erg o n ô- mica adequada a sua capacidade e peculiari- dade física. Por fim, é importante destacar que os serv i- ços de atenção básica em saúde devem estar p re p arados para diagnosticar e tratar o pro b l e- ma, bem como identificar suas causas, a fim de s e rem estabelecidas estratégias de pre ve n ç ã o adequadas a cada caso. R e f e r ê n c i a s 1 . De yo R. Low-back pain. Sci Am 1998; 279:48-53. 2 . Andersson G. Epidemiologic aspects on low - b a c k pain in industry. Spine 1981; 6:53-60. 3 . Andersson G. Epidemiological features of chro n i c l ow-back pain. Lancet 1999; 3 5 4 : 5 8 1 - 5 . A g r a d e c i m e n t o s Este trabalho contou com o apoio financeiro da Co o r- denação de Ap e rfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- p e ri o r. C o l a b o r a d o re s M. C. Si l va participou na revisão de litera t u ra, elabora- ção do pro j e t o, elaboração dos instrumentos de coleta de dados, treinamento das entre v i s t a d o ra s, definição da amostra e logística, coordenação da coleta de dados, análise dos dados, redação do artigo final. A. G. Fa s s a c o n t ribuiu na elaboração do pro j e t o, elaboração dos i n s t rumentos de coleta de dados, treinamento das en- t re v i s t a d o ra s, definição da amostra e logística, análise dos dados, redação do artigo final. N. C. J. Valle colabo- rou na elaboração do pro j e t o, definição da amostra e logística, análise dos dados, redação do artigo final. R e s u m o Pa ra determinar a pre valência de dor lombar crônica e examinar fatores associados a esta morbidade em uma população adulta do sul do Brasil foi re a l i z a d o um estudo tra n s versal de base populacional em 3.182 i n d i v í d u o s , de ambos os sexo s , com vinte anos ou m a i s , residentes na zona urbana de Pe l o t a s , Rio Grande do Su l . Fo ram aplicados questionários que incluíam questões sócio-demográficas, c o m p o rt a m e n t a i s ,n u t r i- cionais e exposições a cargas ergonômicas nas ativida- des cotidianas. A pre valência de dor lombar crônica na população foi de 4,2%. As va r i á veis sexo, i d a d e ,s i- tuação conjugal, e s c o l a r i d a d e ,t a b a g i s m o, índice de massa corpora l ,t rabalho deitado, c a r regar peso e re a- lizar movimento re p e t i t i vo mostra ram associação com p resença de dor lombar crônica. A pre valência de dor lombar crônica é importante e causa limitação de ati- vidades e pro c u ra por serviços de saúde. É possível que existam diferenças nos fatores de risco ergonômicos p a ra dor lombar crônica e dor lombar em gera l . Dor Lombar; Saúde do Ad u l t o ; Estudos Tra n s ve r s a i s DOR LOMBAR CRÔNICA: PREVALÊNCIA E DETERMINANTES 3 8 5 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):377-385, mar- a b r, 2004 4 . Te i x e i ra MJ. Tratamento multidisciplinar do do- ente com dor. In: Ca rvalho MMMJ, org a n i z a d o r. D o r: um estudo multidisciplinar. São Paulo: Su m- mus Ed i t o rial; 1999. p. 77-85. 5 . Ha rt LG, De yo RA, Cherkin DC. 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