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Conteudista: Prof.ª Dra. Gisele Damian Antonio Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto Objetivo da Unidade: Organizar a orientação terapêutica fitoterápica escrita para o cuidado e a promoção da saúde no contexto de atuação do terapeuta integrativo e do naturólogo, priorizando a segurança do uso conforme a legislação vigente. Material Teórico Material Complementar Referências Introdução à Fitoterapia Introdução A fitoterapia é uma prática integrativa caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas caseiras ou farmacêuticas. Consideramos importante apresentar, inicialmente, o contexto histórico e as legislações para o uso de plantas medicinais e fitoterapia nos serviços de saúde, para ajudá-los a organizar a sua orientação terapêutica fitoterápica escrita na sua prática clínica como terapeuta integrativo e/ou naturólogo. Lembre-se de que, no campo profissional, para trabalhar com fitoterapia, você precisará qualificar-se e manter-se atualizado(a) em relação às diferentes políticas públicas, legislações vigentes e evidências científicas sobre essa temática. Logo, é essencial conhecer o arcabouço legal para você planejar suas orientações de uso de plantas medicinais no campo profissional. Não se esqueça de acessar os links dos Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade. Além disso, você terá indicações de leituras complementares para o aprofundamento das discussões nos espaços disponibilizados no ambiente virtual. Leia todas elas e interaja com os demais cursistas e com a tutoria nos fóruns de discussão desta Unidade. Esperamos que o conhecimento adquirido nesta Unidade de aprendizagem proporcione a aproximação entre a teoria e a prática em plantas medicinais e fitoterapia. Aspectos Históricos da Fitoterapia As plantas medicinais sempre tiveram uma grande importância na cultura, medicina e alimentação das pessoas em diferentes partes do mundo. A relação dos homens com as plantas é tão antiga quanto a nossa existência. Sabe-se que o início do uso empírico das plantas com 1 / 3 Material Teórico fins medicinais se deu na era paleolítica e os primeiros relatos escritos foram encontrados no continente asiático e africano muito antes da era cristã (ANTONIO, 2013). Os registros de uso de plantas medicinas na Índia, China e Egito revelam um acervo cultural interessante acerca dos conceitos de saúde e doença, conexões com o mundo natural e espiritual, anatomia e fisiologia humanas. O registro mais antigo sobre plantas foi localizado no Egito e data de 3.000 a.C. O formulário Cleopatra gynaeciarum libri é um dos primeiros compêndios encontrados onde há descrição de plantas, óleos vegetais e tratamentos dermatológicos (LEITE, 2009). Reflita Você sabe como os povos antigos influenciaram na construção dos conhecimentos técnico-científico em fitoterapia? Saiba Mais Os povos romanos e árabes da Idade Média descreveram o uso de várias plantas medicinais usadas até hoje, tais como: Achillea millefolium (mil folhas), Rosmarinus o�cinalis (alecrim), Aloe sp. (babosa), Ricinus Por volta de 2500 a.C., o imperador Shen Nong, na China, escreveu um clássico da fitoterapia, o Materia Medica, reunindo 365 plantas, tais como o chá (Thea sinensis) e a efedra (ephedra sinica), que são conhecidas atualmente e foram citadas nesse compêndio. No ocidente, por volta de 500 a.C., Hipócrates (460–377 a.C.), considerado o “pai da Medicina”, contribuiu para a transformação das práticas mágico-religiosas de fitoterapia em práticas baseadas em observação, descrevendo sobre os efeitos terapêuticos das plantas medicinais. Suas obras citam quase 400 plantas, tais como sálvia, camomila, mil folhas e alecrim. Há muitos outros filósofos gregos que contribuíram para a sistematização da propriedade farmacológica das plantas medicinais. Observe a linha do tempo e outras contribuições além de Hipócrates: Tabela 1 – Evolução do conhecimento técnico-científico das plantas medicinais na idade antiga Época da história Filósofos gregos Influências para saber técnico- científico 384 a 322 a.C. Aristóteles Sistematização das propriedades farmacológicas e farmacêuticas das plantas medicinais. communis L. (rícino), Matricaria chamomilla (camomila); Melissa o�cinalis (erva cidreira) e Salvia o�cinalis (salvia). Época da história Filósofos gregos Influências para saber técnico- científico 372 a 287 a.C. Teofrasto Classificação e identificação de peculiaridades sobre as plantas medicinais. 129/130 a 199/200 d.C. Galeno Padronização de preparo de fórmulas galênicas a partir de tinturas de plantas medicinais, valorizando os princípios ativos e a prescrições contendo dosagens. 40 a 90 d.C. Discordeis Descrição de cerca de 600 espécies medicinais em cinco livros conhecidos como Materia medica. É conhecido como um dos primeiros etnobotânicos. Saiba Mais O primeiro botânico a definir o conceito de “etnobotânica” foi o americano Haeshberger, em 1895. Ele definia etnobotânica como o estudo das plantas utilizadas pelos nativos ou aborígenes (MONTEIRO et al., 2017). Por volta do século XIII, as traduções dos livros dos povos antigos ficaram restritas aos monges e sacerdotes em decorrência da restrição imposta ao curandeirismo no feudalismo. Dentro dos monastérios, principalmente os beneditinos, o conhecimento sobre a utilização das plantas medicinais foi preservado com a tradução dos antigos livros pelos monges. Esse conhecimento ficou sob tutela desses monges até meados do século XIX. Isso ocorreu porque os produtos vegetais foram associados, naquela época, às crenças pagãs e religiosas, evidenciando o uso de “plantas de proteção” para afastar “mau-olhado ou olho-gordo”, por exemplo: a mandrágora, a arruda, o alho (LEITE, 2009). Nesse período, os detentores do saber tradicional do uso de plantas medicinais foram perseguidos e acusados de bruxaria. Com o Renascimento (1464–1534), a sociedade pôde novamente ter contato com os conhecimentos e informações sobre uso de planta. Essa época é marcada pelas boticas ou armazéns de especiarias, onde se realizava preparação à base de plantas medicinais para comercialização (ROCHA et al., 2015). A partir de meados do século XVIII, o crescimento da economia industrial resultou na Revolução Industrial. Nesse período os profissionais da área da química buscavam estudar e isolar compostos ativos de plantas. O início do estudo científico dá-se nesta época, final do século XVIII e início do século XIX, o que resultou no descobrimento e desenvolvimento de fármacos obtidos da espécie Salix alba L. (salgueiro), sendo considerado o primeiro fármaco produzido. Utilizada medicinalmente há mais de 6.000 anos, a substância salicina foi transformada em ácido salicílico e, após, em ácido acetilsalicílico (AAS). Dessa forma, surge a produção em série do primeiro medicamento: a aspirina (VIEGAS; BOLZANI; BARRETO, 2006). Saiba Mais A descoberta dos salicilatos foi em 1757 quando Edward Stone provou o Inicia-se a era da indústria farmacêutica, cujas consequências foram: sabor amargo das cascas do salgueiro. Sua curiosidade resultou na descoberta das propriedades analgésicas e antipiréticas do extrato da planta cinquenta anos após, dando origem ao ácido acetilsalicílico (AAS). Redução do uso de derivados vegetais como medicamentos; Monoterapia para o tratamento de doenças complexas; Desenvolvimento de drogas sintéticas; Quebra da conexão entre plantas e saúde humana. Reflita Por que o uso de plantas, ao longo do século XX, foi considerado “crendice popular”? Sem dúvida, os avanços na ciência proporcionaram aumento significativo da saúde e longevidade da população. O cenário de ascensão dos medicamentos sintéticos, retratado no século XX, refletiu na farmacopeia brasileira, onde grande parte dos produtos oriundos de plantas medicinais foi substituído por monografias de insumos farmacêuticos sintéticos (LEITE, 2009). Isso ocorre devido ao incentivo à produção em escala de medicamentos pela indústria farmacêutica em oposição à falta de evidências científicas sobre a eficácia e controle químico, farmacológico e toxicológico de produtos fitoterápicos tradicionais. Com isso, as preparações oficinais foram sendo deixadas de lado, e os saberes e práticas populares, desvalorizados (ANTONIO, 2013). Como resultado desse desenvolvimento, a fitoterapia passou a ser associada à pajelança, charlatanismo, cilada, misticismo, e até mesmo “medicina dos pobres”. Saiba Mais O conhecimento científico, portanto, passa a ser considerado o centro da fitoterapia científica. As pesquisas caminharam para a separação gradativa do saber popular e saber técnico-científico de plantas medicinais tanto no âmbito profissional quanto na sociedade (ALONSO, 2008). As plantas medicinais sempre foram um importante recurso da assistência farmacêutica usado por 70% a 90% da população nos países em desenvolvimento e cerca de 82% da população brasileira. Registra-se que, em 2020, 337.157 pessoas foram atendidas em atividades coletivas com fitoterapia e 45.024 atendimentos individuais nos serviços de atenção primária em saúde do Sistema Único de Saúde brasileiro (BRASIL, 2020). Os anos passam e as pesquisas sobre plantas medicinais continuam sendo realizadas de forma discreta. Entretanto, com o movimento da contracultura dos anos 1960 nos países ocidentais, houve uma revalorização do uso de plantas medicinais numa perspectiva de fortalecimento da integralidade e autonomia do indivíduo para o cuidado da própria saúde contrária aos abusos da terapêutica medicamentosa de base química. A fitoterapia volta a ser citada em estudos no campo da saúde e políticas públicas colaborando com as ideias do Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) nos anos 1988, perante o questionamento do modelo biomédico centralizado na doença e não no doente (LUZ, 2005). Vamos conhecer a legislação brasileira sobre fitoterapia e depois conversar sobre a orientação fitoterápica escrita. Reflita De que forma a fitoterapia foi (re)valorizada no campo da saúde e políticas de saúde? Legislação e Políticas Públicas de Plantas Medicinais e Fitoterapia A Declaração de Alma-Ata, em 1978, foi um grande marco para incentivo ao uso de plantas medicinais nos serviços de saúde, levando em conta que 80% da população mundial utiliza plantas ou preparações fitoterápicas nos cuidados primários em saúde. No Brasil, o incentivo para a inserção das plantas medicinais no Sistema Único de Saúde foi contemplado em diferentes documentos (SOUSA et al., 2022): Reflita Existem políticas que assegurem o resgate do conhecimento tradicional sobre plantas medicinais no Brasil? Resolução Ciplan nº 8/88, que regulamenta a inserção da fitoterapia nos serviços de saúde; Relatórios da 10ª e 12ª Conferências Nacionais de Saúde, respectivamente aconteceram em 1996 e 2003, que destacam a importância de inserção da fitoterapia e uso de medicamentos fitoterápicos nos serviços de saúde do SUS; Portaria nº 3.916/1998, contribui para aprovar a Política Nacional de Medicamentos e incentivar o aproveitamento do potencial terapêutico da flora e fauna nacionais; Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 338/04, aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que contempla o uso de 20 das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos no processo de atenção à saúde; Fórum para formulação de uma proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos realizado pelo Ministério da Saúde, em 2001; A PNPMF é uma política interministerial de caráter abrangente, assinada pelo Ministério da Saúde e mais nove Ministérios, entre eles Casa Civil; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Cultura; Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Agrário; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Integração Nacional; Meio Ambiente e Saúde. Suas diretrizes incluem: Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica, contribuiu para concretização de etapas importantes para elaboração da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e, posteriormente Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos; Em 2006, o Ministério da Saúde, com o objetivo de ampliar o acesso da população aos serviços relacionados à fitoterapia, aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde por meio da Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006. Essa política institucionalizou a oferta da homeopatia, medicina antroposófica, medicina tradicional chinesa-acupuntura, fitoterapia e termalismo social/crenoterapia; Dois meses após a publicação da PNPIC, com vistas a “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”, foi regulamentada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápico (PNPF) pelo Decreto nº 5.813, de 26 de junho de 2006 (BRASIL, 2006b). Inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia no SUS, com segurança, eficácia e qualidade; Promover e reconhecer as práticas populares e tradicionais de uso de plantas medicinais e remédios caseiros; Promover a inclusão da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos produtivos das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos; As diretrizes da PNPF visam a fortalecer toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e a valorizar a biodiversidade brasileira. Para desenvolver as diretrizes e subdiretrizes dessa política, foi construído o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos por meio da Portaria Interministerial nº 2.960/2008. Esse documento define os gestores, prazos e recursos para as ações estabelecidas, aliadas ao compromisso de propor legislações específicas para o setor, visando à oferta desse recurso terapêutico nos serviços (BRASIL, 2016b). Construir e/ou aperfeiçoar marco regulatório em todas as etapas da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, a partir dos modelos e experiências existentes no Brasil e em outros países, promovendo a adoção das boas práticas de cultivo, manipulação e produção de plantas medicinais e fitoterápicos; Desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações em plantas medicinais e fitoterápicos, nas diversas fases da cadeia produtiva; Desenvolver estratégias de comunicação, formação técnico-científica e capacitação no setor de plantas medicinais e fitoterápicos, e; Promover o uso sustentável da biodiversidade (BRASIL, 2006b). Saiba Mais A PNPIC e a PNPMF buscam garantir o uso seguro de plantas medicinais e de fitoterápicos, reconhecendo o conhecimento tradicional e popular e valorizando a biodiversidade brasileira de forma sustentável. São políticas decisivas para o desenvolvimento de Outra iniciativa brasileira incentivou a inserção das plantas medicinais nos serviços públicos de saúde, destacando-se: a inclusão de 12 medicamentos fitoterápicos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). São eles: alcachofra (Cynara scolymus L.), guaco (Mikania glomerata Spreng.), aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi), hortelã-pimenta (Mentha x piperita L.), babosa (Aloe vera (L.) Burm. F.), isoflavona de soja (Glycine max (L.) Merr.), cáscara sagrada (Rhamnus purshiana DC.), plantago (Plantago ovata Forssk.), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek), salgueiro (Salix alba L.), garra-do-diabo (Harpagophy-22 tum procubens) e unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult) DC). E a criação da Relação Nacional de Plantas de Interesse ao SUS (Renisus) com 71 plantas de interesse para o SUS para incentivar mais estudos para a inclusão nas futuras atualizações da Rename. A partir da publicação da PNPIC e PNPF, vários documentos, resoluções e portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram elaboradas com ênfase na questão das plantas medicinais e no registro de medicamentos fitoterápicos manipulados ou industrializados e produtos tradicionais fitoterápicos destinados ao uso humano, bem como critérios de boas práticas de funcionamento das farmácias vivas no âmbito dos serviços públicos (ANTONIO, 2013). ações relacionadas à fitoterapia. Em 2017 e 2018, a PNPIC foi expandida, com ampliação do leque de opções para 29 práticas. Saiba Mais Conheça três documentos importantes para sua prática clínica: Vejamos alguns documentos importantes para a regulamentação sanitária para orientação de uso de plantas medicinais e fitoterápicos em serviços de saúde. O terapeuta integrativo e/ou naturólogo precisa conhecer as regulamentações sanitárias que orientam os serviços e produtos relacionados às plantas medicinais, isentas de prescrição médica, na forma de: Farmacopeia Brasileira, 6ª edição; Formulários de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e seu suplemento, sendo que a versão vigente é a 2° edição de 2021; Memento de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Reflita Você conhece de que forma a fitoterapia é oferecida no SUS e as regulamentações sanitárias relacionadas à fitoterapia? Já ouviu falar em farmácia viva, jardim terapêutico, ervanaria, educação popular em saúde, fitoterápicos, droga vegetal? Planta medicinal in natura; Chá medicinal (droga vegetal); Vamos conhecer as regulamentações... A planta medicinal fresca (in natura) pode ser oriunda de hortos medicinais ou do domicílio das pessoas. As cultivadas em hortos de Secretaria Municipal de Saúde ou outras organizações, instituições de ensino superior e/ou de centros de pesquisa e de extensão rural ligados à cadeia produtiva de plantas medicinais devem seguir a legislação específica de cultivo. As plantas para uso medicinal devem ser cultivadas de forma agroecológica ou orgânica. É importante serem identificadas botanicamente. A regulamentação das drogas vegetais (chá medicinal), plantas medicinais secas com fins terapêuticas foram, inicialmente, orientadas pela Resolução RDC no 10/2010. Atualmente, as orientações constam na Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 26, de 13/05/2014. Esses produtos são isentos de registro, mas não são isentos de notificação na Anvisa. Fitoterápico (manipulado; industrializado e produtos fitoterápicos tradicionais); Farmácia viva, ervanarias e jardins terapêuticos. Importante! Qual a diferença entre chá medicinal (adquirido em farmácias) e chá alimento (adquirido em supermercados)? Chá medicinal é diferente de chá alimento? Sim!? Chá medicinal (droga vegetal): é o nome dado à planta medicinal seca ou suas partes após processos de coleta, estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. Essa forma de apresentação tem fins medicinais Lembre-se! Você terapeuta deve orientar seu cliente a usar chá medicina com registro na Anvisa. Os fitoterápicos são obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, com finalidade profilática, curativa ou paliativa e incluem medicamento fitoterápico industrializados, medicamentos fitoterápicos manipulados e produto tradicional fitoterápico. Os aspectos técnicos e legais dos medicamentos fitoterápicos, industrializados, foram abordados pela primeira vez na legislação brasileira, em 1967, por meio da publicação da Portaria nº 22/1967, posteriormente, complementadas pela Portaria nº 116/96, Resoluções nº 196/96 e 251/97, Resoluções RE nº 17/2000 e RDC nº 48/2004 que definiram os critérios mínimos para o registro simplificado de medicamentos fitoterápicos. Atualmente, o guia de orientação para registro de medicamento fitoterápico e registro e notificação de produto tradicional fitoterápico é estabelecido pela Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 26, de 13/05/2014, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos e na Instrução Normativa – IN nº 4, de 18/06/2014. As Boas Práticas de Fabricação para produtos tradicionais fitoterápicos são descritas pela Resolução RDC nº 13/2013 (ANVISA, 2022). Os fitoterápicos industrializados a ser preparada por meio de infusão, decocção ou maceração em água pelo consumidor, com indicação terapêutica. Todo chá medicinal possui número de notificação na Anvisa, podendo ser identificado no rótulo, além das seguintes informações: endereço e CNPJ da empresa, nome do responsável técnico com seu registro em conselho de classe; Chá alimento: os chás enquadrados como alimentos é definido como“o produto constituído de uma ou mais partes de espécie(s) vegetal(is)inteira(s), fragmentada(s) ou moída(s), com ou sem fermentação,sendo proibida a indicação terapêutica para qualquer finalidade. O cháalimento está dispensado de notificação ou registro na Anvisa, porémdeve constar os dados de identificação do fabricante. O chá alimento sópode ser comercializado para utilização por meio de infusão, sendoproibido o comércio da forma em cápsulas sem registro na Anvisa. devem ser regularizados na Anvisa antes de serem comercializados. Esses produtos não são isentos de registro ou notificação. Saiba Mais Produto tradicional fitoterápico: aquele obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade; Medicamento fitoterápico (industrializado ou manipulado): é produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal. Importante! Você deve consultar sempre a lista de fitoterápicos, baseado em evidências, no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (FFFB), 2ª edição, e Memento Fitoterápico. Esse documento contemplou apenas os produtos considerados de mais baixo risco e mais apropriados para o mercado brasileiro, tanto para manipulação Além disso, aplicam-se ao registro de fitoterápicos todas as legislações gerais de medicamento que normatizam a vigilância sanitária (Lei nº 6.360/1976 e Decreto nº 8.077/2013), controle sanitário (Lei nº 5.9991/1973), padronização de bulas (Resolução RDC nº 47/2009), nomes comerciais (Resolução RDC nº 59/2014), embalagens e rotulagem (Resolução RDC nº 71/2009), publicidade (Resolução RDC nº 23/2009), Boas Práticas de Fabricação (BPFM) (Resolução RDC nº 17/2010), estudos de estabilidade (Resolução nº RE 01/2005), validação de métodos analíticos (Resolução RE nº 899/2003) para garantir a oferta de um produto seguro e de qualidade (CARVALHO, 2011). A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos manipulados aconteceu, inicialmente, com a publicação da Resolução RDC nº 33/2000 que sofreu adequações pela Resolução RDC nº 214/2006 e, posteriormente, revogada pela Resolução RDC nº 67/2007 e atualizada pela Resolução RDC nº 87/2008. As Resoluções RDC nº 67/2007 e 87/2008 são as normas vigentes que regulamentam as Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos (BPMM) para uso em humanos (BRASIL, 2007b; 2008). como para a indústria, considerando que seriam produtos passíveis de notificação simplificada. Importante! As normas técnicas e sanitárias citadas nesta Unidade são frequentemente atualizadas. Elas visam a garantir a qualidade, a dispensação e a disponibilização de drogas vegetais e medicamentos Legislação – Anvisa Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE fitoterápicos seguros e eficazes para a população. Além disso, contribuem para a organização e estruturação das farmácias vivas e a aceitação desse recurso terapêutico por parte dos profissionais. Crie o hábito de visitar o site da Anvisa e manter-se atualizado em relação aos critérios legais para o uso e registro de medicamentos e plantas medicinais na sua prática clínica. Site Todas as normas publicadas pela Anvisa podem ser obtidas por meio do link a seguir. Leitura Quando o terapeuta integrativo tiver dúvida quanto ao registro e à http://antigo.anvisa.gov.br/legislacao#/ Consulta dos Produtos Registrados Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Consulta por Produtos Irregulares Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Contato Direto com a Anvisa Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Guia para Registro e Notificação de Fitoterápicos Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE regularidade de um produto fitoterápico, pode consultar canais exclusivos da Anvisa. http://%20https//www.gov.br/anvisa/pt-br/sistemas/consulta-a-registro-de-medicamentos https://consultas.anvisa.gov.br/#/dossie/ https://www.gov.br/anvisa/pt-br/canais_atendimento http://antigo.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/29135 Formas de Trabalho com Plantas Medicinais e Fitoterapia A inserção da fitoterapia pode acontecer por meio de diferentes atividades complementares entre si, ora como recurso terapêutico, outrora como educativo (ANTONIO, TESSER, MORETTI- PIRES, 2013), por exemplo: Figura 1 – Reconhecimento de plantas locais, município de Tangará/SC Fonte: Acervo da Conteudista Reconhecimento de plantas medicinais locais: o reconhecimento de plantas medicinais locais pode ser feito nas consultas, em grupos, nas visitas domiciliares, na escola, ou seja, em todos os espaços comunitários e institucionais. O reconhecimento local pode contribuir para o resgate e valorização do uso popular e tradicional. O registro desse levantamento pode ser feito em fichas, prontuários eletrônicos ou cadernos de registro. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Educação em Saúde Site Para reconhecer plantas medicinais presentes no seu município, convide os colegas para um passeio no seu bairro. Fotografe espécies vegetais e tente identificá-las com ajuda das galerias de fotos de sites como: “Tropicos®”, ou pelo aplicativo “PlantNet®”. Pesquise, também, sobre composição química, toxicológicas e indicações terapêuticas de planta no PubMED, Scielo, Medline, Sloan Kettering Cancer Center, BVS/BIREME, Portal de periódicos Capes, Google Acadêmico, sites de hortos didáticos, como o Horto Didático do Hospital Universitário da Universidade Catarinense de Santa Catarina, Formulário Nacional Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira e o Memento Terapêutico de Fitoterápico da Anvisa. https://bit.ly/3INEj3r As atividades educativas podem ser ofertadas tanto para comunidade quanto aos profissionais. As ações voltadas para comunidade podem ser realizadas por meio de rodas de conversas, oficinas de troca de mudas, agricultura familiar, agroecologia, extensão universitária, valorizando o diálogo entre diferentes saberes (ANTONIO, TESSER, MORETTI-PIRES, 2013). Saiba Mais As rodas de conversas são espaços interessantes para esclarecer dúvidas sobre uso popular e científico, princípios ativos, interações, reações adversas, toxicidade e contraindicações. Podem ser organizadas mensalmente, estimulando os participantes a cheirar e a tocar as espécies vegetais. A planta medicinal, nesse contexto, pode ser uma ferramenta mediadora de educação popular e de promoção de saúde para fortalecer uma rede de pessoas que conversam, interagem e se ajudam. Figura 2 – Educação em saúde sobre plantas medicinais com comunidade, município de Santa Rosa de Lima/SC Fonte: Acervo da Conteudista As ações voltadas aos profissionais visam a capacitá-los por meio de reuniões de educação permanente, educação continuada como estratégias para compartilhar evidências científicas e populares sobre plantas. Nesses momentos de estudo, é importante realizar pesquisas em bases de dados científicos usando o nome botânico da planta, porque existem plantas com o mesmo nome popular (ANTONIO, TESSER, MORETTI-PIRES, 2013). Figura 3 – Educação em saúde sobre plantas medicinais com profissionais, município de Fraiburgo/SC Fonte: Acervo da Conteudista Materiais Educativos A elaboração de materiais educativos sobre plantas medicinais pode ser uma via de aprendizado de mão dupla entre profissional e comunidade, tanto para conhecer informações populares quanto para socializar evidências científicas sobre princípios ativos, contraindicações e interações medicamentosas desconhecidas por ambos. Exemplos de materiais educativos: folder, murais, cartilhas, guias, vitrines, cartazes, entre outras. Figura 4 – Informativo sobre plantas medicinais Fonte: Adaptada de saude.campinas.sp.gov.br Jardins medicinais, farmácia viva, ervanarias, arranjos de processamento local na rede pública: os jardins medicinais são áreas destinadas ao cultivo de plantas in natura e preservação de espécies em extinção, estudos e orientação didática sobre plantas. São espaço de troca de informações sobre o saber tradicional e saber científico das plantas medicinais, visando à identificação, cultivo, preparo e uso seguro delas. Podem ser organizados nas unidades básicas de saúde, na comunidade, nos domicílios ou escolas. Figura 5 – Jardim medicinal da UBS Presidente Castello Branco, SC Fonte: Acervo da Conteudista Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Guia de Orientações Geraispara o Cultivo de Plantas Medicinais O Guia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_plantas_medicinais.pdf A farmácia viva, no contexto da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, refere-se aos serviços de fitoterapia organizados, exclusivamente, no âmbito da rede pública de saúde para cultivo, coleta, processamento, armazenamento, manipulação e dispensação de preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos, de acordo com a Portaria nº 886/GM/MS, de 20 de abril de 2010. Sua implantação deve seguir as recomendações de boas práticas descritas na Resolução RDC nº 18, de 3 de abril de 2013 (BRASIL, 2010; 2013b). Essa portaria estabeleceu também os três modelos de Farmácias Vivas Modelos I, II e III, a partir das atividades realizadas. Farmácia Viva Modelo I: são canteiros de plantas medicinais em unidades de farmácias vivas comunitárias e/ou unidades do SUS com o apoio técnico de profissionais do serviço público estadual e municipal de fitoterapia. Esse modelo tem como finalidade realizar atividades de cultivo de plantas medicinais in natura, orientar sobre o uso correto de preparações fitoterápicas caseiras por profissionais capacitados. Esse modelo pode propiciar o desenvolvimento da agricultura familiar com plantas medicinais; Farmácia Viva Modelo II: são áreas de produção de chá medicinais (plantas medicinais secas – droga vegetal) para dispensação em unidades de saúde do SUS. A obtenção de matéria-prima vegetal deve ser oriunda de hortas e/ou hortos oficiais ou credenciados de acordo com as boas práticas de cultivo e produção. Também pode incentivar a agricultura familiar com plantas medicinais; Farmácia Viva Modelo III: são áreas de produção de fitoterápicos manipulados de acordo com as Boas Práticas de Preparação de Fitoterápicos (BPPF) para a prescrição e dispensação de fitoterápicos nas unidades do SUS (SOUSA et al., 2022). Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Os Arranjos de Processamento Local (APL) são aglomerações de empreendimentos de um mesmo ramo, localizados em um mesmo território, que mantêm algum nível de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com os demais atores locais – governo, pesquisa, ensino, instituições de crédito (BRASIL, 2006). As ervanarias são estabelecimento que realizam dispensação de plantas medicinais. A licença das ervanarias é revalidada anualmente, obedecendo às regulamentações sanitárias relativas às farmácias. É proibido às ervanarias negociar com objetos de cera, colares, fetiches, e outros que não se relacionem com a fitoterapia. As plantas e partes vegetais dispensadas em ervanarias devem estar acondicionadas em recipientes fechados, livres de pó e contaminação, classificadas botanicamente. Não podem ser dispensadas plantas com indicação terapêutica na embalagem. Leitura Fitoterapia na Atenção Primária à Saúde Você conhece experiências exitosas com fitoterapia? Pesquise! Acesse o link a seguir para abrir seu leque de possibilidades e vantagens para cuidado e promoção da saúde. Assistência farmacêutica em fitoterapia: a assistência farmacêutica em fitoterapia refere-se às atividades de seleção, https://www.scielo.br/j/rsp/a/pny48FkxdsHPPJ7dcVjCGTM/?%20format=pdf&lang=pt Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Orientação Terapêutica Fitoterápica Escrita (Prescrição) A orientação terapêutica fitoterápica escrita (prescrição) deverá ser organizada levando em considerações pontos importantes: aquisição, distribuição, dispensação e prescrição de medicamentos fitoterápicos por meio do componente básico da Assistência Farmacêutica e Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) (BRASIL, 2017b). A RENAME 2017 lista 12 fitoterápicos que podem ser prescritos por profissionais de nível superior, de acordo com a regulamentação de cada conselho de classe. Leitura Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2020 Para conhecer a relação de fitoterápicos disponível no SUS acesse a RENAME 2020. Nome do paciente; https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf Nome científico e nome popular da planta medicinal; Parte usada; Forma farmacêutica; Duração do tratamento; Dose; Frequência de uso; Posologia (horário, modo de preparo, modo de usar). Importante! É importante detalhar por escrito ao paciente como ele deve preparar sua fórmula, já que muitas informações ditas em consultório acabam confundindo os pacientes. Portanto, escreva as orientações terapêuticas para o uso correto de plantas medicinais in natura, chás medicinais (drogas vegetais) ou fitoterápicos de forma clara e objetiva! E lembre-se de consultar os instrumentos normativos que definem as plantas e fitoterápicos isentos de prescrição médica e os sujeitos de prescrição médica. Observe também os quadros com exemplos de plantas isentas de prescrição (Quadro 1), fitoterápicos isentos de prescrição (Quadro 2) e Quadro 1 – Exemplo de produtos tradicionais isentos de prescrição médica Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Arnica montana L. Arnica Equimoses, hematomas e contusões. Obs.: Não usar em ferimentos abertos. Matricaria recutita L. Camomila Uso oral: antiespasmódico intestinal, dispepsias funcionais. Uso tópico: anti- inflamatório. Melissa o�cinalis L. Melissa, erva- cidreira Carminativo, antiespasmódico e ansiolítico leve. Mikania glomerata Spreng., M. laevigata Sch. Bip. ex Baker Guaco Expectorante e broncodilatador. os sujeitos de prescrição médica (Quadro 3). Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Passiflora incarnata L. Maracujá, passiflora Ansiolítico leve. Peumus boldus Molina Boldo, boldo-do- chile Colagogo, colerético, dispepsias funcionais e distúrbios gastrointestinais espásticos. Fonte: Adaptado de ANVISA, 2014 Quadro 2 – Exemplo de medicamentos fitoterápicos isentos de prescrição médica Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Aesculus hippocastanum L. Castanha- da-índia Fragilidade capilar, insuficiência venosa. Allium sativum L. Alho Coadjuvante no tratamento da hiperlipidemia e hipertensão arterial leve a moderada, auxiliar na prevenção da aterosclerose. Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Centella asiatica (L.) Urb. Centela, centela asiática Insuficiência venosa dos membros inferiores. Glycine max (L.) Merr. Soja Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério. Frangula purshiana (DC.) Cáscara sagrada Constipação ocasional. Obs.: Não utilizar continuamente por mais de uma semana. Senna alexandrina Mill. Sene Laxativo. Fonte: Adaptado de ANVISA, 2014 Quadro 3 – Exemplo de medicamentos fitoterápicos sujeitos de prescrição médica Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Cimicifuga racemosa (L.) Nutt Cimicífuga Sintomas do climatério. Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Ginkgo biloba L. Ginkgo Vertigens e zumbidos (tinidos) resultantes de distúrbios circulatórios, distúrbios circulatórios periféricos (claudicação intermitente) e insuficiência vascular cerebral. Hypericum perforatum L. Hipérico Estados depressivos leves a moderados. Piper methysticum G. Forst. Kava-kava Ansiolítico e insônia. Obs.: Utilizar no máximo por dois meses. Valeriana o�cinalis L. Valeriana Ansiolítico e insônia. Arctostaphylos uva- ursi Spreng Uva-ursa Infecções do trato urinário. Echinacea purpurea Moench Equinácea Preventivo e coadjuvante na terapia de resfriados e infecções do trato respiratório e urinário. Nomenclatura Botânica Nome Popular Alegações de Uso Menta x piperita L. Hortelã Expectorante, carminativo e antiespasmódico. Tratamento da síndrome do cólon irritável. Plantago ovata Tansagem Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal. Tratamento da síndrome do cólon irritável. Serenoa repens (Bartram) J.K. Small Saw palmetto Hiperplasia benigna da próstata e sintomas associados. Tanacetum parthenium Sch. Bip Tanaceto Profilaxia da enxaqueca. Fonte: Adaptado de ANVISA, 2014 Abaixo, um exemplo de Orientação Terapêutica Fitoterápica Escrita emitido por um terapeuta integrativo: Figura 6 – Exemplo de Orientação Terapêutica Fitoterápica Escrita (OTFE) Saiba Mais A decisão pela indicação da fitoterapia como recurso terapêutico deve ser fundamentada em uma avaliação das queixas, sinais e sintomas centrados na pessoa. Para organizar a orientação terapêutica fitoterápica escrita, o terapeuta integrativo e/ou naturólogo deve focar na pessoa e não a doença para escolher uma planta medicinal É comum pessoas procurarem a fitoterapia para tratamento de doenças com sintomas agudos ou quando o diagnóstico é de difícil tratamento, como o câncer, a obesidade e outras condições crônicas. Nesse momento, o profissional deve ter o bom senso de quando e como inserir a fitoterapia como recurso terapêutico. Por exemplo: paciente com infecção urinária, febre, dor ao urinar. Mesmo sendo uma pessoa com perfil “naturalista”, não podemos aconselhá-la a não utilizar o antimicrobiano para combater a infecção ou o quimioterápico no tratamento do câncer. A fitoterapia, nesse caso, entra como recurso terapêutico complementar em qualquer abordagem escolhida. A Tabela abaixo é uma categorização terapêutica e serve de orientação ao profissional quando escolher fitoterápicos. Esta classificação é baseada no olhar biomédico e distribui os fitoterápicos em 4 categorias terapêuticas: Tabela 2 – Exemplo de medicamentos fitoterápicos sujeitos de prescrição médica Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4 Uso de fitoterápicos como alternativa quando não existe medicamento sintético. Uso de fitoterápicos para substituir um medicamento sintético. Por exemplo: Ansiedade leve, depressão reativa, dispepsia. Uso de fitoterápicos como coadjuvante, complementar. Por exemplo: doenças hepáticas, respiratórias. Uso inadequado de fitoterápicos pela possibilidade de inibir ou retardar o tratamento. Por exemplo: câncer. Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2012 Em Síntese Com o conteúdo trabalhado nesta Unidade, espera-se que você tenha compreendido as diferentes possibilidades de trabalho com plantas medicinais e fitoterapia, bem como suas respectivas normas técnico- científicas. Também se espera que você consiga relacionar os diferentes contextos institucionais e sociais que podem estimular a interação do saber popular e técnico-científico circulante no âmbito dos serviços e da comunidade, importantes para a promoção e cuidado em saúde. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Fitoterapia Racional: Aspectos Taxonômicos, Agroecológicos, Etnobotânicos e Terapêuticos Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Anvisa Lança Cartilha de Fitoterápicos e Plantas Medicinais Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE 2 / 3 Material Complementar http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/1628/2/Fitoterapia%20Racional.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-lanca-cartilha-de-fitoterapicos-e-plantas-medicinais Nota Técnica 01/2020 – Fitoterapia na Rede de Atenção à Saúde Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Formulário de Fitoterápicos Farmacopeia Brasileira São oficiais e reconhecidas como farmacopeicas. São formulações apresentadas de espécies vegetais e formas farmacêuticas comuns nos serviços de fitoterapia, regulamentadas no SUS. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Formulário de Fitoterápicos A segunda edição do formulário foi publicada em 2021 e tem como base as edições anteriores porém com conteúdo revisado e atualizado e revoga as versões anteriores. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira O Memento de Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira (MFFB) é um documento para consulta rápida para profissionais prescritores. É utilizado para orientar a prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos com monografias baseadas em evidências científicas. Clique no botão para conferir o conteúdo. https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202010/02083859-nota-tecnica-fitoterapia-n-01-2020-pipmf-e-pepic-rs.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/arquivos/8080json-file-1 https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/arquivos/2021-fffb2-final-c-capa2.pdf ACESSE Farmacopeia Brasileira 6ª edição A Farmacopeia Brasileira é um documento oficial do Brasil que estabelece os requisitos mínimos de qualidade de medicamentos, fitoterápicos e plantas medicinais para uso em saúde. O grande destaque é a inclusão de 150 monografias referentes a plantas medicinais. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Como Organizar Rodas de Conversa sobre Plantas Medicinais? Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Como Inserir Ações com Fitoterapia como Recurso Terapêutico ou Educativo na Atenção Básica? Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE http://antigo.anvisa.gov.br/documents/33832/2909630/Memento+Fitoterapico/a80ec477-bb36-4ae0-b1d2-e2461217e06b https://www2.fcfar.unesp.br/Home/Instituicao/Departamentos/principiosativosnaturaisetoxicologianovo/farmacognosia/farmacopeia-6-edicao.pdf https://aps-repo.bvs.br/aps/como-organizar-rodas-de-conversa-e-pesquisar-sobre-plantas-medicinais/ https://aps-repo.bvs.br/aps/como-inserir-acoes-com-fitoterapia-como-recurso-terapeutico-ou-educativo-na-atencao-basica/ ALONSO, J. Fitomedicina: curso para profissionais da área da saúde. São Paulo: Pharmabooks, 2008. p. 21-25. ANTONIO, G. D. Fitoterapia na atenção básica: interação de saberes e práticas de cuidado. 2013. 302 p. 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Altera a Instrução Normativa nº 4 , de 11 de setembro de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 jan. 2015. Seção 1, p. 53. 3 / 3 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/rdc0067_08_10_2007.html> Acesso em: 15/12/2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0087_21_11_2008.html>. Acesso em: 15/12/2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 886, de 20 abril de 2010. 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