Prévia do material em texto
Avaliação Educacional e Institucional 2 SUMÁRIO Módulo: Perspectivas teóricas da avaliação da aprendizagem 1. INTRODUÇÃO 2. APRENDIZAGEM e AVALIAÇÃO 2.1 Significados de "A avaliação da aprendizagem" 2.2 Sobre os propósitos e as funções da avaliação da aprendizagem. Por que, o que avaliar? 3. SOBRE O PROPÓSITO DA AVALIAÇÃO. O QUE AVALIAR? 4. CONSIRAÇÕES FINAIS Módulo: Contextualização da avaliação institucional na atualidade 1. INTRODUÇÃO 2. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: CONCEITO 2.1 Evolução das práticas de avaliação institucional 3. OS PROPÓSITOS PARA A AVALIAÇÃO 3.1 Evolução das práticas de avaliação 4. CONSIRAÇÕES FINAIS Módulo: Responsabilidade social da avaliação educacional e institucional 1. INTRODUÇÃO 2. RESPONSABILIDADE SOCIAL X AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3. TIPOS DE RESPONSABILIDADES NO USO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 4. USOS EXTERNOS DA AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5. A RESPONSABILIDADE SOCIAL E PEDAGÓGICA COMO UMA QUESTÃO MORAL 6. CONSIRAÇÕES FINAIS 3 Módulo: Tipos de avaliação institucional 1. INTRODUÇÃO 2. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2.1 Qualidade Educacional 2.2 Características 2.3 Tipos de avaliação institucional 2.3.1 Avaliação Sumativa 2.3.2 Avaliação De Treinamento 2.3.3 Avaliação Normativa 2.3.4 Avaliação Criteriais 2.3.5 A avaliação externa, interna e auto avaliação 2.3.5.1 Objetivos de auto avaliação 3. OBJETIVO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3.1 Âmbito de Aplicação 4. ÉTICA NA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 5. CONSIRAÇÕES FINAIS Módulo: O CENÁRIO CURRICULAR CONTEMPORÂNEO 1. Mas, afinal, o que quer um currículo? 2. O currículo: um campo híbrido 3. Os currículos oficiais: tensões e polêmicas 4. Da disciplinaridade a outras possibilidades de composições 4.1. Disciplinas como campos especializados de saber e cultura escolar 4.2. Propostas de Integração Curricular 4.2.1. Pedagogia de Projetos 4.2.2. Temas Transversais 4.2.3. Transdisciplinaridade 4.2.4. Interdisplinaridade 5. Para além do debate disciplinar 6. Considerações finais 4 Módulo: Marketing e Mercado 1.1 Entendendo o que é marketing realmente 1.2 O mix de marketing 1.3 O que são mercados 1.4 O comportamento de compra do consumidor PARTE II – A corporação e os impactos do ambiente 2.1 Examinando o ambiente de marketing e posicionamentos 2.2 Exame e análise do ambiente de marketing 2.3 Forças concorrentes 2.4 Estruturas competitivas 2.5 Forças que afetam o ambiente e as decisões de marketing 2.6 Planejamento estratégico – compreendendo o processo 2.7 Plano de marketing PARTE III – Falando com o mercado-alvo 3.1 Comunicações integradas de marketing PARTE IV – A nova dinâmica do marketing 4.1 Marketing 3.0 MÓDULO: Características e Ações do Marketing Corporativo 2.1 Características do Mix de Marketing 2.2 Ações de Marketing Corporativo 2.3 Elementos de Fidelização à Marca MÓDULO: Marketing Corporativo e Endomarketing 3.1 Aplicabilidade do Marketing Corporativo 3.2 Características do Endomarketing 3.3 Endomarketing e Gestão de Pessoas 5 Perspectivas Teóricas da Avaliação da Aprendizagem Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 01 Faculdade Campos Elíseos 6 Conversa Inicial Este primeiro módulo é voltado para as perspectivas teóricas da avaliação de aprendizagem. Nosso objetivo é você tenha mais conhecimento teórico nesta área, bem como domine sua eficiência e aplicabilidade na prática. Nossa jornada terá início no estudo do conceito de aprendizagem e avaliação, bem como do real significado de avaliação da aprendizagem. Por outro lado, veremos a respeito dos propósitos e das funções da avaliação da aprendizagem e entenderemos porque é necessário avaliar. Finalmente, abordaremos a respeito do propósito da avaliação e o que se deve avaliar neste contexto. Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! 7 INTRODUÇÃO O presente estudo identifica as principais tendências na concepção de avaliação de aprendizagem, as funções que desempenha e o conteúdo ou objeto a ser avaliado, desde uma perspectiva histórica bem como sua projeção futura. Há uma análise crítica de alguns aspectos centrais da avaliação, na intenção de sublinhar o caráter formativo e educacional da avaliação da aprendizagem e suas determinações múltiplas. Além disso, será abordado também a perspectiva de alguns renomados autores nessa área do conhecimento. APRENDIZAGEM e AVALIAÇÃO A identificação e sistematização das tendências de desenvolvimento da avaliação da aprendizagem é um marco no trabalho voltado a melhorar a prática de avaliação em nossas universidades, pois forma um quadro de referência para a reflexão e a tomada de decisões inerentes a todo o trabalho de melhoria de ensinar. Para este propósito, este estudo busca uma abordagem deste tópico, com base na análise de vários conceitos e propostas que atualmente estão expressas neste campo e a avaliação e os pontos de vista de autores a partir de sua experiência profissional de ensino e pesquisa. De acordo com Vasconcellos (2009): “O ato de avaliar na vida cotidiana dá-se permanentemente pela unidade imediata de pensamento e ação, a partir de juízos, opiniões assumidas como corretas e que ajudam nas tomadas de decisões. Ao fazer juízo visando a uma tomada de decisão, o homem coloca em funcionamento os seus sentidos, sua capacidade intelectual, suas habilidades, sentimentos, paixões, ideais e ideologias. Nessas relações estão implícitos não só aspectos pessoais dos indivíduos, mas também aqueles adquiridos em suas relações sociais.” (VASCONCELLOS, 2009, p. 29). 8 A apresentação e análise da informação passam por algumas das questões centrais que os pesquisadores estão se perguntando hoje: o que se entende por avaliação de aprendizagem? Por que e para que avaliar? O que avaliar? Em geral, a tendência atual é conceber a avaliação de uma perspectiva abrangente em termos de propósito, funções, metodologia e técnicas, participantes, condições, resultados, efeitos e determinantes. O reconhecimento da sua importância social e pessoal desde um ponto de vista educacional e formativo, bem como para o processo de ensino-aprendizagem em si, é fortemente manifestado devido ao impacto que a forma de realizar a avaliação e a forma como o aluno percebe em aprender. HOFFMANN (2009). No entanto, essa tendência que se manifesta na conceituação teórica contrasta com uma certa estreiteza e rigidez que é aplicada na prática em instituições educacionais e dentro da sala de aula; bem como a servidão da avaliação às demandas sociais de seleção, classificação e controle dos indivíduos e das próprias instituições, que ainda persistem com a força. HOFFMANN (2009). As transformações que são vislumbradas, com uma visão otimista, na avaliação da aprendizagem, estão associadas, de acordo com PERRENOUD (1999), a fatores como: - O lento progresso em direção a uma ideologia não tão seletiva e meritocrática, que se expressa nos objetivos educacionais dos sistemas educacionais de muitos países. As tendências recentes na esfera sociolaboral, particularmente no que diz respeito ao conceito de "empregabilidade", nos permitem vislumbrar perspectivas encorajadoras. - As tendências pedagógicas contemporâneas em educação que dimensionam o papel do ensino no desenvolvimentopessoal e social, a aprendizagem individual e grupal, a natureza comunicativa da educação, as relações democráticas, menos diretivas e autoritárias entre os participantes do evento educacional, entre outros. 9 - A irrupção das novas tecnologias da informática e a comunicação no campo educativo e social, em geral. - A crescente convicção da importância das concepções sobre educação e avaliação, em particular, de professores, líderes e estudantes, na regulação de sua atividade. As contribuições que, neste sentido, oferecem o desenvolvimento das teorias sobre representações sociais e sua inclusão no trabalho voltado a conscientizar e sensibilizar os envolvidos na mudança. PERRENOUD (1999). - A implementação progressiva de ideias sobre a validade da análise ecológica na avaliação do ensino e da aprendizagem. O aprimoramento dos resultados da pesquisa educacional com a combinação de métodos qualitativos e quantitativos. - Os avanços esperados no estudo da aprendizagem e seus mecanismos, permitindo uma abordagem mais precisa do objeto de avaliação; bem como o progresso na criação de ferramentas, como a matemática, relevante para a medição da aprendizagem. - Os estudos interdisciplinares e transdisciplinares da avaliação da aprendizagem e a expansão e desenvolvimento da avaliação educacional como campo científico nas ciências da educação. A presença dessas tendências se reflete, em maior ou menor grau, na aparência de concepções e propostas diversas que se chamam de "avaliação alternativa". SANT’ANNA (1995). Dentro desse campo, surgiu a alternativa a uma abordagem instrumental mais tradicional, que presidiu a avaliação do aprendizado durante grande parte deste século, muito antes de Ralph Tyler introduzir, na década de 1930, o chamado conceito de "avaliação educacional" no campo educacional. De acordo com Perrenoud (1999): A irrupção das novas tecnologias da informática e a comunicação no campo educativo e social, em geral. 10 [...] a avaliação é tradicionalmente associada [...] à criação de hierarquias de excelências. Os alunos são comparados e depois classificados em virtude de uma norma de excelência, definida no absoluto ou encarnada pelo professor e pelos melhores alunos. (PERRENOUD, 1999, p. 11) Desse modo, destaca-se que as abordagens sociais críticas que, nas últimas décadas, disputam o predomínio de ideias e abordagens metodológicas para a avaliação da aprendizagem, que se concentraram em determinantes e implicações sociais e revalidam o papel das relações interpessoais dentro das instituições educacionais e o processo de ensino-aprendizagem. 2.1 Significados de "A avaliação da aprendizagem" O significado mais aceito no presente contexto aborda as definições mais globais e amplas encontradas nos dicionários gerais: apreciar, corrigir o valor de uma coisa, evento ou fenômeno. Esse significado, que pode ser descrito como ambíguo, não é casual nem responde a um erro, nem a uma expressão de superficialidade de estudiosos, mesmo quando não é suficiente. Para HOFFMANN (2008), a avaliação de aprendizagem é: [...] “uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. Basta pensar que avaliar é agir com base na compreensão do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo.” (HOFFMAN, 2008, p. 17) Além disso, para ele pretende-se cobrir a riqueza e a complexidade do seu conteúdo e evitar simplificações abusivas que tenham ocorrido alegando tecnicamente "rigorosas" precisões positivas; ou, reduzir seu objeto e funções, como ocorre com a identificação frequente da avaliação com a qualificação, entendida como o ato de conceder uma nota ou, com uma marca cotidiana: a aplicação de exames. 11 De acordo com LUCKESI (2005): “A prática de provas/exames escolares que conhecemos hoje tem sua origem na escola moderna, que se sistematizou a partir dos séculos XVI e XVII, com a cristalização da sociedade burguesa. As pedagogias jesuíticas (séc. XVI), comeniana (séc. XVII), lassalista (fins do século XVII e inícios do XVIII) são expressões das experiências pedagógicas desse período e sistematizadoras do modo de agir com provas/exames.” (LUCKESI, 2005, p. 169). No campo semântico da avaliação, o controle aparece com frequência. Mas o termo "controle" não expressa necessariamente o aspecto do valor, inerente à avaliação; o que reforçaria a "neutralidade" questionada e a noção limitada de que os problemas de avaliação são puramente técnicos. SILVA (2003). Vale lembrar que esse termo se aplica ao campo educacional, quando o cenário de trabalho é importado. Seu conteúdo sublinha duas ideias: a técnica e o poder ou exercício da autoridade. Essas duas ideias foram amplamente e justamente analisadas e criticadas por posições da chamada pedagogia crítica e da sociologia da educação. SILVA (2003). A maioria das definições atuais coincide em reconhecer, como processos básicos da avaliação, a coleta de informações e a emissão de um julgamento avaliativo. No entanto, há discrepâncias na extensão do conceito e, portanto, do processo de avaliação na sua totalidade, no que diz respeito à inclusão ou não do julgamento avaliativo e à tomada de decisão derivada da informação e avaliação realizada, bem como a execução dessas decisões e seus resultados. HOFFMANN (2009). HOFFMANN (2009), segue aduzindo que indubitavelmente, a coleta sistemática de informações ou evidências sobre o objeto de avaliação e a preparação e formulação de um julgamento fundamentado sobre esse objeto são processos básicos, centrais para a avaliação, mas não esgotam o ato de avaliação e, portanto, não são suficientes para a análise disso. É como se uma analogia de avaliação fosse permitida com pesquisa - ciência e pesquisa científica não se limita à produção de novos conhecimentos, uma vez que implica a disseminação e aplicação destes. 12 Por outro lado, SANT’ANNA (1995), traz uma abordagem baseada na análise da avaliação como atividade que constitui uma maneira relevante de contextualizá-la. Para ele, esta análise deve revelar a estrutura e as funções da avaliação como um objeto ou sistema desenvolvido em sua gênese e evolução. De tal forma que esta análise não envolva a decomposição do objeto em elementos constituintes e com ele a "destruição" do próprio objeto, mas a busca de uma unidade simples e elementar que encerra os aspectos essenciais dele e permite uma representação mais autêntica de sua estrutura e funções em sua conformação e manifestação. Além disso, a unidade de análise reside na ação, neste caso, na ação avaliativa. A ação envolve a interação interativa ou proativa do sujeito e do objeto, mediada pelos "instrumentos" ou material e meios ideais e em condições específicas e determinadas. A ação, por definição, não é estática, sua forma de existência é a de um processo, que contém um conjunto de operações que compõem essa ação. Na interação, tanto o objeto como a avaliação são transformados em diferentes direções. PERRENOUD (1999). A consideração dos aspectos acima mencionados é metodologicamente significativos para a análise da avaliação. Cada componente deve ser visto em sua interação e na sua inserção em um sistema maior, bem como em sua localização em condições sócio históricas concretas. Desta forma, a avaliação e o ato de avaliar como uma unidade, supõem operações ou subprocessos que vão do estabelecimento dos objetivos ou propósitos à delimitação e caracterização do objeto de avaliação, a definição (seleção, elaboração) e a aplicação dos instrumentos para a coleta de informações, o processamento e análise dessas informações, sua interpretação e expressãoem julgamento avaliativo, feedback e tomada de decisões derivadas, sua aplicação e avaliação de resultados. Para começar novamente em um ciclo ascendente e progressivo que permite, em sua dinâmica, imprimir o significado autêntico desta atividade, a avaliação supõe, além disso, a própria avaliação dela. PERRENOUD (1999). 13 Uma característica importante da avaliação da aprendizagem é a interação que se estabelece entre os sujeitos da ação: o avaliador e o avaliado. De fato, o objeto em que a avaliação cai é outra pessoa - individual ou grupal - que é o sujeito da ação e coparticipa, em maior ou menor grau na avaliação. Ainda mais, no caso da avaliação do aprendizado, a pretensão deve ser que a pessoa avaliada possa se tornar sua avaliadora. PERRENOUD (1999). No entanto, VASCONCELLOS (2009), destaca que a avaliação do aprendizado é um processo de comunicação interpessoal, que atende todas as características e apresenta todas as complexidades da comunicação humana; onde os papéis do avaliador e avaliados podem alternar, e até, ocorrerem simultaneamente. A compreensão da avaliação do aprendizado como comunicação é vital para entender por que seus resultados não dependem apenas das características do "objeto" que está sendo avaliado, mas também das peculiaridades da (s) pessoa (s) que realizam a avaliação e, dos links que estabelecem entre si. Além disso, compreende também as características dos mediadores dessa relação e as condições em que ocorre. A distinção introduzida por LUCKESI (2005) entre o objetivo e as funções da avaliação pode ser útil para o estudo da avaliação. Para o autor, o objetivo é sempre o mesmo: julgar o valor de algo; e definiu a avaliação nesta base como "a determinação sistemática e objetiva do valor ou mérito de algum objeto". Por outro lado, as funções são muito variadas e estão relacionadas ao uso dos dados avaliativos. A ação, por definição, não é estática, sua forma de existência é a de um processo, que contém um conjunto de operações que compõem essa ação. 14 Nesse ponto, é interessante enfatizar a distinção entre objetivos e funções. A identificação de um objetivo ou objetivo fundamental da atividade de avaliação facilita o estabelecimento de suas peculiaridades e a distinção de outras atividades que compartilham muitos dos seus processos e fases, como a atividade de pesquisa, um aspecto que constitui um dos temas de interesse e debate no campo da avaliação. Por outro lado, reconhecer as diversas funções da avaliação, permite estudar seus diferentes usos e concepções; sua evolução, desde uma perspectiva histórica, sua prática atual, seus desvios ou "patologias" e ajuda a elaborar propostas para sua projeção. SANT’ANNA (1995). 2.2 Sobre os propósitos e as funções da avaliação da aprendizagem. Por que, o que avaliar? O objetivo da avaliação da aprendizagem, como atividade genérica, é avaliar a aprendizagem em seu processo e resultados. Os propósitos ou fins marcam os propósitos que significam essa avaliação. As funções referem-se ao papel que desempenha para a sociedade, para a instituição, para o processo de ensino-aprendizagem, para os indivíduos envolvidos nela. SILVA (2003) Além disso, SILVA (2003), ainda que destaca que os propósitos e funções são diversos, não necessariamente coincidentes; são variáveis, nem sempre são propostas conscientemente, nem assumidas ou reconhecidas. Mas elas têm uma existência real. Estão intimamente relacionadas com o papel da educação na sociedade com a qual é explicitamente reconhecido nos objetivos educacionais. Eles estão ligados à concepção de ensino e ao aprendizado que se quer promover e ao que é promovido. Além disso, durante a primeira metade do século XX e até a década de 1960, a função de avaliação foi verificar os resultados da aprendizagem. Seja no que se refere ao desempenho acadêmico ou ao cumprimento dos objetivos propostos. SANT’ANNA (1995) 15 Sant’anna (1995) continua aduzindo que as insuficiências desta posição foram sentidas de forma aguda, com o aumento da avaliação de programas e instituições educacionais, nos anos 60 e 70. Por outro lado, vale destacar que a distinção com maior impacto na história da avaliação deve-se a SCRIVEN (1991) quando, em 1967, propôs diferenciar as funções formativas e sumativas. A função formativa, considerada como parte integrante do processo de desenvolvimento (de um programa, de um objeto), onde fornece informações contínuas para planejar e produzir algum objeto, e é usada, em geral, para ajudar o pessoal envolvido a aperfeiçoar o que está fazendo ou desenvolvendo. A função sumativa para ele, por sua vez, "calcula" o valor do resultado e pode ser usada para investigar todos os efeitos destes examiná-los e compará- los com as necessidades que os suportam. Essas funções foram amplamente tratadas, por numerosos autores, no que se refere à avaliação do aprendizado, desde o momento em que foi proposto até o presente dia. Do ponto de vista da pedagogia sociológica, filosófica e crítica, hoje em dia, realizam-se as maiores e mais ricas contribuições sobre as funções sociais de avaliação e aprendizagem educacional. As análises de hipóteses ideológicas e axiológicas da avaliação mostram as funções que transcendem o quadro escolar e pedagógico, sublinhando, em última instância, um fato estabelecido: a inserção do sistema educacional em um sistema maior, o da sociedade como um todo, o que em grande parte explica a multifuncionalidade da avaliação. Um dos valores em nossa opinião, mais notável dessas contribuições, é a capacidade de desvendar o "lado oculto" ou, pelo menos, não é facilmente aceito na avaliação, o que não é explícito nos objetivos de educação ou na avaliação que é realizada; que não responde a uma intenção, mas isso é latente ou simplesmente assume como algo natural e com isso torna despojado de avaliações. Isso mostra que não há avaliação neutra, nem educação neutra. É interessante a observação de PERRENOUD (1999) que, sob a rubrica de "crítica social da avaliação", conclui: 16 "Os sociólogos analisaram os mecanismos das barreiras que obstruem a mobilidade social e seu veredicto é claro: escola, especialmente seu sistema de exames e qualificações constituem o principal instrumento de diferenciação social e estratificação ". (PERRENOUD, 1999, p.14) Dentro das funções pretendidas ou não, da avaliação, segundo PERRENOUD (1999), são: - As funções sociais que têm a ver com a certificação de conhecimento, acreditação, seleção, promoção. Os títulos concedidos pelas instituições educacionais, com base nos resultados da avaliação, são socialmente atribuídos a qualidade de simbolizar a posse de conhecimento e competência, com base nos valores dominantes em cada sociedade e tempo. Uma sociedade meritrocrática afirma que seus indivíduos e instituições são ordenados por sua abordagem de "excelência". Quanto mais próximo, o mérito mais individual. A maior quantidade ou nível de títulos que uma pessoa consegue, mais socialmente vale a pena. Se for levado ao extremo, essas funções de avaliação que a sociedade criou como legítimas podem ter implicações pessoais, institucionais e sociais interessantes. Um título pode ser uma "carta de escritura" para pessoas que não são necessariamente competentes, uma vez que os títulos garantem formalmente o conhecimento, mas, como diz BOUDIEU (1988): “Não podem garantir que tal garantia seja verdadeira. Em outros casos, a pessoa é competente para as tarefas que desempenha, mas não tem o título de credenciamento e fica sob suspeita. Também pode acontecer com as instituições.” (BOUDIEU, 1988, p.22). Do ponto de vista das políticas educacionais que se expressam nos objetivos dos sistemas educacionais, há evidências de umacrescente aspiração não elitista, expressada na busca de uma maior qualidade de educação para um maior número de pessoas. Esta política toma forma, fundamentalmente, na definição de níveis obrigatórios de educação e, portanto, a democratização dá acesso a níveis básicos e cria oportunidades para todos. Se, no ensino 17 obrigatório, pelo menos, a avaliação é realizada com um caráter seletivo e hierárquico, constitui-se uma prática antissocial. HOFFMANN (2009). - Função de controle BOUDIEU (1988) destaca que esta é uma das funções relativamente ocultas da avaliação. Oculta em sua relação com os objetivos ou propósitos declarados, mas evidente para a observação e análise da realidade educacional. Devido ao significado social que é dado aos resultados da avaliação e suas implicações na vida dos alunos, a avaliação é um poderoso instrumento para exercer o poder e a autoridade de alguns sobre os outros, do avaliador para os avaliados. No campo educacional tradicional, o poder de controle dos professores é reforçado pelas relações assimétricas em termos de tomada de decisão, a definição do que é normal, adequado, relevante, bom, excelente, em relação ao comportamento dos estudantes, os resultados de sua aprendizagem, os conteúdos a serem aprendidos, as formas de verificar e mostrar a aprendizagem, o tempo e as condições de aprendizagem. Ademais, as tendências educacionais avançadas defendem um relacionamento educacional democrático, que abre canais para a participação comprometida de todos os envolvidos no processo de avaliação, na tomada de decisões relevantes. Na medida em que essas ideias se tornam efetivas e generalizadas na prática, os efeitos negativos desta função devem ser neutralizados. A função sumativa para ele, por sua vez, "calcula" o valor do resultado e pode ser usada para investigar todos os efeitos destes, examiná-los e compará-los com as necessidades que os suportam. Essas funções foram amplamente tratadas, por numerosos autores, no que se refere à avaliação do aprendizado, desde o momento em que foi proposto até o presente dia. 18 - Funções pedagógicas BOUDIEU (1988) segue aduzindo que sob esta rubrica são funções de avaliação diversas e construtivas que, embora tratadas com diferentes denominações por diferentes autores, coincidem fundamentalmente em relação aos seus significados. Entre eles, são nomeadas funções de: orientação, diagnóstico, prognóstico, ambiente escolar criativo, fortalecimento da funções mencionadas não esgotaram todo o seu espectro. Até certo ponto, alguns autores escolheram, sabiamente, usar classificações mais genéricas. Assim, ARETIO (1991) os reduz a dois, dependendo se a avaliação é usada para: 1. Ensinar o aluno e / ou 2. Informar sobre o aluno. Ele segue no sentido de propor três funções: preditiva, formativa e certificadora. A nível nacional, CASTRO (1998) propõe a seguinte classificação: função pedagógica, função inovadora e função de controle. Castro destaca que a determinação dos resultados de aprendizagem e sua qualidade seja ou não a aprendizagem esperada, e quais outras características ou atributos, de acordo com os critérios adotados para esse fim, a principal função é verificar os resultados. A verificação dos resultados ou produtos é uma função legítima da avaliação, embora não seja suficiente. É difícil questionar a necessidade de conhecer e apreciar as realizações da atividade realizada, pelo menos por uma questão de satisfação ou insatisfação com o que é feito, consubstancial ao ser humano. Ela fornece informações para ações de ajustes e melhorias no processo, a mais longo prazo, contrastando os resultados com as necessidades que o deram origem, portanto seu link para feedback e regulação da atividade não está excluído. 19 Desse modo, assume-se que a avaliação dos resultados também tem uma projeção futura e não apenas retroativa, ou seja, serve como base para fazer previsões sobre o desempenho acadêmico e profissional subsequente dos alunos. Nesse sentido, ele fala a respeito de uma função de predição. O ato de fornecer informações que permitam a orientação e regulação do processo ensino-aprendizagem. Essas funções são atualmente altamente valorizadas e constituem um pilar para apoiar a concepção de avaliação como parte do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a avaliação é um elemento necessário para realizar o processo. Por outro lado, aquilo que serve como forma de ensino e aprendizagem, ou seja, a avaliação é vista como um meio ou recurso para a formação de estudantes. Para este fim, a avaliação cumpre uma função formativa. Neste sentido, CASTRO (1998) elenca duas dimensões podem ser consideradas. Em um sentido amplo, esta função inclui todos os outros e deve constituir a essência da avaliação no contexto do processo ensino-aprendizagem, pelo que representa para a conformação de sua identidade. Com um significado mais estreito, ela designa o que contribui diretamente para a formação nos alunos: as estratégias de controle e autorregulação como sujeito da atividade e sua autoavaliação pessoal, cuja gênese possui espaço nas avaliações recíprocas que ocorrem nas interações com os alunos, com outros parceiros no processo de ensino-aprendizagem e consigo mesmo. A função formativa, em toda sua extensão, como atributo e racionalidade do sistema de avaliação de aprendizagem e que subsumi as funções restantes, implicando que serve para corrigir, regular, melhorar e produzir a aprendizagem. A natureza formativa está mais na intenção com a qual é realizada e no uso de informações do que nas técnicas ou procedimentos utilizados, sem prejudicar esta última. Por fim, ele destaca que as funções da avaliação levam em consideração que a avaliação está ao serviço do processo de ensino e não ao contrário, e introduz modificações nas abordagens tradicionais relativas à posição dos participantes no processo ensino-aprendizagem, bem como o relacionamento estabelecido entre avaliador-avaliado. 20 A interpretação dos resultados da avaliação passa a ser uma informação estática e, portanto, facilmente extrapolada como julgamentos globais sobre a capacidade ou o valor do aluno, ser considerado um momento de aprendizagem. CASTRO (1998). SOBRE O PROPÓSITO DA AVALIAÇÃO. O QUE AVALIAR? A delimitação do objeto a ser avaliado é uma questão central. Daí resulta, em grande medida, as decisões sobre como a avaliação é realizada: os instrumentos, os procedimentos, os momentos, os indicadores, os critérios que são utilizados no processo de avaliação. De acordo Sant’Anna (1995): “A avaliação escolar é o termômetro que permite confirmar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos ariscamos a dizer que a avaliação é a alma do processo educacional.” (SANT’ANNA, 1995, p.7) A resposta ao que é avaliado depende dos propósitos da avaliação; da concepção de ensino e aprendizagem; dos objetivos e dos conteúdos didáticos; das condições em que o processo é realizado, que inclui a viabilidade e a facilidade para a seleção dos instrumentos e procedimentos para capturar e avaliar a informação sobre a aprendizagem dos alunos. Esses últimos motivos levaram à crítica repetida que avalia o que é mais fácil de avaliar e, talvez, eles explicam o apego a formas de avaliação que só exigem níveis reprodutivos de conhecimento, mesmo quando os objetivos de ensino aumentam as demandas cognitivas. SANT’ANNA (1995). Logo, a definição do objeto tem conotações ideológicas e axiológicas. A decisão do que é avaliado supõe a consideração do relevante, significativo, valioso do conteúdo didático e do processo de aprendizagem dos alunos, ou 21seja, qual conteúdo eles deveriam ter aprendido, quais são as indicações que melhor informam sobre a aprendizagem. Ao iniciar um processo de avaliação, já existem preconceitos sobre o que é relevante ou não. LUCKESI (1995). As tendências históricas em relação à consideração do objeto de avaliação de aprendizagem, de acordo com VASCONCELLOS (2009), são: - Desempenho acadêmico dos alunos, à avaliação da realização dos objetivos programados; - Avaliação de produtos (resultados), à avaliação de processos e produtos. - Busca de atributos ou traços padronizados, ao singular ou idiossincrático. - Fragmentação, à avaliação holística e globalizadora do ser (o aluno) em sua unidade ou integridade e em seu contexto. Ele ressalta que essas tendências não ocorrem em paralelo, têm múltiplos pontos de contato e funções entre si. Alguns estão perdendo força dentro das ideias pedagógicas, mesmo que dominam a prática; outros são vistos como emergentes. Para ele, chama-se de primeira linha indicada, basicamente, aquela focada nos produtos ou resultados. Ele destaca que nas primeiras décadas deste século, a atenção ao desempenho acadêmico dos alunos foi o aspecto privilegiado na avaliação da aprendizagem. Foi associado a um sistema de referência estatística, com base na curva normal, que permitiu estabelecer a posição relativa de um aluno em relação ao seu grupo ou qualquer população pertinente ao efeito, refletindo uma concepção espontânea de aprendizagem e ensino, em última análise. Por outro lado, há o que poderia ser chamado de falácia dos procedimentos e meios de avaliação. O sistema de referência baseado no padrão privilegia a obtenção de indicadores padronizados do objeto de avaliação, comum a todos os indivíduos avaliados, de forma a permitir estabelecer a posição relativa de cada um em relação às medidas de tendência central da população que serve de referente. VASCONCELLOS (2009). 22 Para este fim LUCHESI (2005) aborda que a aplicação de exames, igual em conteúdo e forma, unifica a situação de teste, de modo que seus resultados servem para estabelecer os padrões e comparar os resultados individuais com eles; o que reforça o valor do exame no campo da avaliação. A sobrevalorização do instrumento envolve seus resultados, e esse fato reforça a consideração desses resultados como indicadores relevantes de aprendizagem. Desse modo, para ele, a avaliação de e por objetivos surge e é constituída no paradigma, ainda dominante, da avaliação da aprendizagem. É também focar nos produtos e aprender a valorá-los, mas marca diferenças importantes em relação ao desempenho simples ou ao uso de ensino mencionado anteriormente. Sendo assim, enfatiza o caráter não espontâneo, mas o proposital, orientado, dirigido, do aprendizado que ocorre no contexto do ensino, que é expresso em seus objetivos; os mesmos que orientam a ação educacional e servem como critérios para sua avaliação. A decisão do que é avaliado supõe a consideração do relevante, significativo, valioso do conteúdo didático e do processo de aprendizagem dos alunos. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos perceber, considera-se que, tendo em vista a avaliação do processo de aprendizagem, vimos que ela traz consigo o antigo problema da individualização do ensino, no sentido de reconhecer e abordar as diferenças individuais entre estudantes. Sabe-se que os alunos podem alcançar resultados semelhantes, seguindo caminhos diferentes, com diferentes formas de proceder, pertinentes e irrelevantes em relação aos procedimentos científicos correspondentes e às operações intelectuais envolvidas. Além disso, os estilos de aprendizagem, os ritmos, as diferentes visões, interesses, propósitos, conhecimento prévio, projetos de vida, que tendem a estar implícitos nos resultados "finais" da aprendizagem, aparecem no primeiro plano durante o processo e podem condicionar os resultados. A avaliação deve penetrar nas diferenças individuais dos sujeitos da atividade e fornecer aos professores e aos próprios alunos a informação que permita, respeitando essas diferenças, orientar o processo para a consecução de objetivos comuns, socialmente determinados. Como vimos, ao mesmo tempo, aprender é específico, único, no sentido de "aqui e agora". Cada aprendizagem realiza-se em certa situação com estudantes e professores que têm relações peculiares entre si e com objeto de conhecimento, em um espaço e tempo determinados. Os modelos ecológicos de pesquisa e avaliação educacionais oferecem uma riqueza de informações que destaca a singularidade do fato educacional e a perspectiva da aprendizagem contextualizada. Por outro lado, independentemente de suas dificuldades metodológicas, ainda não resolvidas, essas tendências holísticas e globalizantes marcam a 24 passagem das ideias mais atuais, pelo menos enriquecem a avaliação maltratada da aprendizagem no que se refere ao que avaliar, historicamente atormentado por reduções, vieses e esquemas. Em resumo, as tendências que devem ser seguidas pela avaliação do aprendizado são aquelas que levam a constituir uma verdadeira avaliação educacional, entendida como tal, em termos breves, que está em consonância com a essência e regularidades do treinamento dos alunos com os fins sociais que significam tal treinamento em nossa sociedade. Ao final deste módulo, queremos incentivá-lo a permanecer na busca constante por conhecimento e informação! 25 Contextualização da avaliação institucional na atualidade Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 02 Faculdade Campos Elíseos 26 Conversa Inicial Este segundo módulo é voltado para a contextualização da avaliação institucional na atualidade. Nosso objetivo é que você compreenda mais a respeito de como a avalição institucional tem se dado na prática, passando por seus conceitos e diretrizes. Então, percorreremos a respeito do conceito de avaliação institucional, abordaremos sua evolução bem como os seus propósitos para a avaliação. Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! 27 INTRODUÇÃO A avaliação institucional tornou-se um instrumento fundamental para a obtenção de uma melhor gestão nas universidades, razão pela qual favorece dentro das universidades os processos que contribuem para fortalecer o ensino, pesquisa e a qualidade de suas atividades. As dinâmicas de avaliação experimentadas pelos sistemas e instituições de ensino superior tentam cumprir vários propósitos, entre eles, a prestação de contas sobre os recursos financeiros recebidos e aplicados, o estabelecimento de fórmulas para fortalecer e elevar a qualidade, a justificativa pública em relação ao cumprimento de objetivos e funções, a vigilância do governo sobre o desempenho do sistema como um todo e as instituições que o compõem. Por outro lado, para alcançar programas de qualidade, todos os esforços devem ser realizados em conjunto, de tal forma que ele leve à aplicação dos conceitos de melhoria contínua para a obtenção de garantia de qualidade e aumento do nível de a educação, utilizando-se da avaliação institucional. 28 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: CONCEITO A avaliação institucional tornou-se um instrumento fundamental para alcançar uma melhor gestão nas universidades. Abrange um conjunto de práticas diversificadas, métodos e conhecimentosque se desenvolveram ao longo do tempo. FERNANDES (2007) destaca que: “Existe certo tabu em relação à Avaliação Institucional: é um assunto que muitos temem, alguns consideram difícil, outros acham que é politicamente proibido. Estas relações dificultam a construção de um processo avaliativo confiável, voltado para a qualidade do ensino, a recuperação da dignidade profissional do educador e a autonomia da escola.” (FERNANDES, 2007.p. 15) É de seu interesse atender a todos os aspectos da operação e desenvolvimento das universidades; isto é, a qualidade dos cursos, os programas e os departamentos universitários, a formação dos alunos, a integração socioprofesional dos graduados, a gestão dos cursos de ensino, o desenvolvimento da pesquisa, o estado dos recursos materiais e financeiro, a operação de grandes instalações e serviços de apoio para ensino e pesquisa, relações com o mundo exterior, etc. FERNANDES (2007). Em suma, trata-se de favorecer nas universidades os processos que contribuem para fortalecer o ensino, pesquisa e a qualidade de suas atividades. Fernandes, segue aduzindo que a dinâmica de avaliação experimentada pelos sistemas e instituições de ensino superior tentam cumprir diversos propósitos; entre eles, a prestação de contas sobre os recursos financeiros recebidos e aplicados, o estabelecimento de fórmulas para fortalecer e elevar a qualidade, a justificativa pública em relação ao cumprimento de objetivos e funções, a vigilância do governo sobre o desempenho do sistema como um todo e as instituições que o compõem. 29 Além disso, a forma como a avaliação institucional é concebida hoje é um grande desafio e é o produto de diferentes desenvolvimentos ao longo dos últimos cinquenta anos e isso está associado às mudanças que a universidade sofreu em suas orientações, sua organização interna e suas relações com a sociedade. Como organização, a universidade é marcada por uma mistura complexa de vários elementos, a saber, a burocracia administrativa, as propinas, as relações políticas e sindicais e o individualismo dos professores. HOFFMANN (2009). Essa mesma complexidade gerou condições de desacordo sobre como proceder para a avaliação, porque, como HOFFMANN (2009) escreve: “ao avaliar, estão sendo feitos julgamentos de valor quanto à relevância e razão dos objetivos, seu diploma de conformidade e a forma como foram alcançados nas universidades.” (HOFFMANN, 2009, p. 34) Desde o início, no final do século XIX, a avaliação institucional foi identificada com o que agora é chamado de credenciamento. Isso constituiu uma imposição das guildas integradas por profissionais que procuraram regular o exercício de certas profissões (aos médicos são atribuídos o início do movimento) e, portanto, isso foi feito para julgar o valor dos diplomas das universidades. Foram estabelecidos parâmetros que foram verificados com certa periodicidade e que incluíram condições para a admissão de estudantes, bem como para o número e qualificações dos professores. HOFFMANN (2009). A universidade é marcada por uma mistura complexa de vários elementos, a saber, a burocracia administrativa, as propinas, as relações políticas e sindicais e o individualismo dos professores. 30 Hoffmann destaca que ao longo dos anos, mudanças foram observadas na filosofia e nos métodos de acreditação. Inicialmente, enfocou-se em indicadores quantitativos e evoluiu para um modelo que usou formas de auto avaliação realizadas pelos mesmos estabelecimentos, utilizando critérios qualitativos. Um elemento problemático de tudo isso foi que a acreditação foi limitada ao desempenho de trabalhos pré-formatados que não geraram consequências importantes. Em suma, aqueles que escreveram os relatórios a pedido de agências externas favoreceram seu interesse em serem aprovados e não no processo de auto avaliação. Ele destaca que a partir dos anos 50 e 60, foi generalizado um modelo de acreditação que deu grande importância à qualidade dos recursos humanos, materiais e financeiros, à clareza das missões e aos objetivos institucionais, bem como à demonstração do cumprimento deste último. Também destaca a intervenção das autoridades públicas na coordenação dos sistemas universitários diante de um aumento acelerado de sua clientela, campus e programas. Para ele, além da qualidade, acessibilidade, eficiência, complementaridade e a responsabilidade, onde também estas foram consideradas, especialmente no caso de estabelecimentos que receberam fundos públicos. A avaliação tornou-se a chave para o planejamento, pois assegurou a racionalidade examinando cada situação, problemas e necessidades internas e externas. No entanto, na América do Norte, por exemplo, planos de desenvolvimento universitário naquela época eram grandes catálogos referentes a novos projetos em que as realidades existentes não foram avaliadas; eles também foram constituídos em longas obras teóricas orientadas para o longo prazo com pouca incidência nos programas ou no orçamento da universidade. LUCKESI (2005). Luckesi segue abordando que isto é atribuído à chegada de uma nova corrente conhecida como "avaliação de resultados" em relação aos anos 80. Nos Estados Unidos, a mudança ocorre em um contexto generalizado de crise do ensino pós-secundário. A nova filosofia significa que os resultados concretos das 31 atividades de treinamento são avaliados de forma mais rigorosa. Ao invés de se concentrar no estado dos recursos (bibliotecas, despesas por aluno, qualificação do professor, etc.), deve ser dada atenção ao desempenho e às qualidades alcançadas pelos alunos e, em seguida, examinar os pontos fortes e fracos dos programas, bem como a eficiência de gestão acadêmica. 2.1 Evolução das práticas de avaliação institucional A evolução das práticas de avaliação institucional se dey durante a década de 1980 e foi marcada pela difusão nas universidades norte-americanas dos "métodos estratégicos" de planejamento e gestão. De acordo com a abordagem estratégica, a produção de um plano de desenvolvimento deixará de ser o foco de atenção, mas os efeitos concretos do plano de gestão da universidade, serão necessários para a elaboração de um plano estratégico para direcionar a ação. FERNANDES (2007). Na América Latina, tem havido estudos sobre a evolução dos processos de avaliação e verificou-se que tanto o Estado como as próprias instituições estabeleceram mecanismos que tentam garantir a qualidade da educação para alcançar padrões mínimos de qualidade e que os graduados, especialmente aqueles que exercem profissões de risco social, adquiram níveis adequados de desempenho. FERNANDES (2007). Os mecanismos de avaliação podem operar em quatro níveis: o sistema como um todo, as instituições, os programas ou carreiras e as pessoas. Hoffmann destaca que ao longo dos anos, mudanças foram observadas na filosofia e nos métodos de acreditação. Inicialmente, enfocou-se em indicadores quantitativos e evoluiu para um modelo que usou formas de auto avaliação realizadas pelos mesmos estabelecimentos, utilizando critérios qualitativos. 32 Em sua análise, FERNANDES (2007) salienta que: "Em resumo, pode-se dizer que, em termos positivos, os processos de avaliação e acreditação de instituições e programas permitiram conhecer mais detalhadamente as universidades e que uma cultura de a qualidade e a superação ". (FERNANDES, 2007, p. 36) Ele acrescenta que foram estabelecidos planos estratégicos e operacionais que exigem que as instituições revejam e reconsiderem o projeto institucional para esses planos. Em suma, isso levou à melhoria da gestão e dos processos internos, registrando uma tendência para otimizar o uso de recursos. Do mesmo modo, foram garantidos padrões mínimospara o desenvolvimento das carreiras e, a longo prazo, o reconhecimento internacional dos estudos pode ser alcançado. Ao lado dos desafios e aspectos negativos, FERNANDES (2005) sublinha o aumento da carga de trabalho para os acadêmicos, bem como o risco de que "as propostas de melhoria se transformem em pedidos econômicos inviáveis, que estão dispersos e não vão para os aspectos fundamentais ". Além disso, existe o perigo de que o processo seja burocrático e limitado ao preenchimento de formulários ou que poucas pessoas o conduzam, dificultando uma ampla participação, o que geraria condições adversas para a mudança. Finalmente, podem ser geradas mudanças puramente cosméticas que neutralizam as expectativas de níveis mais elevados de aprendizagem e melhor produção acadêmica. Nessa vertente, o grande desafio observado é a questão dos fatores que afetam o ensino superior e que alguns autores classificam em dois grandes blocos: por um lado, aqueles que se referem a uma nova concepção de relações entre governos e universidades, associada a critérios de qualidade e autonomia; Por outro lado, as novas abordagens teóricas e metodológicas para o estudo das instituições universitárias, entendidas como organizações que devem ser analisadas a partir de uma abordagem institucional. 33 Em termos de qualidade e autonomia, PERRENOUD (1999) destaca que estes são dois tópicos diretamente relacionados à avaliação do ensino superior. As universidades colocaram no centro de suas demandas um objetivo que definiram para planejar seu funcionamento e gerenciar recursos com base em critérios internos de cada instituição. A abordagem levou os governos a enfrentar o desafio, ligando o financiamento e os resultados. Em outras palavras, a autonomia da universidade foi aceita sob a premissa de que deveria ter um impacto positivo na qualidade dos serviços prestados à sociedade, o que exigia o estabelecimento de processos de controle sobre os resultados e os recursos utilizados. PERRENOUD (1999) diz que: "Em suma, qualquer demanda de autonomia por parte das universidades tem sua contrapartida na avaliação, uma vez que é impensável sem a outra". (PERRENOUD, 1999, p. 34) Desta forma, foi construído um novo quadro de relações entre governos e universidades, nos quais os processos de auto avaliação nas instituições de ensino superior são considerados uma estratégia para aumentar a autonomia. É uma autorregulação em que cresce quando há algum grau de correspondência de sua operação (produtos e serviços de universidades) com a política que os subsidia. PERRENOUD (1999). "Em resumo, pode-se dizer que, em termos positivos, os processos de avaliação e acreditação de instituições e programas permitiram conhecer mais detalhadamente as universidades e que uma cultura de a qualidade e a superação ". (FERNANDES, 2007, p. 36) 34 A complexidade dessas relações entre universidades públicas e governos tem sido objeto de vários debates, especialmente no contexto de alguma crise financeira do primeiro, como foi o caso da América Latina. José Joaquín Brunner sugeriu que problemas como esse deveriam ser analisados em seus componentes políticos e não administrativos. O que foi encontrado no centro da discussão foi como colocar o sistema de avaliação, cuja instância será responsável por gerenciá-lo e organizar as funções de informação do sistema. PERRENOUD (1999) acrescenta que é necessário um "meio efetivo" (uma entidade autônoma com capacidade técnica) para que as instituições de ensino superior se conduzam de acordo com os objetivos estabelecidos em cada país. 3 OS PROPÓSITOS PARA A AVALIAÇÃO O objetivo da avaliação é determinar até que ponto as metas de qualidade estabelecidas nos padrões estão sendo atendidas, associadas à aprendizagem que os alunos esperam alcançar ao passarem pela escola. Portanto, a avaliação fornece feedback às instituições educacionais, entidades territoriais e ao Ministério da Educação Nacional, detectando pontos fortes e fracos e avaliando o impacto dos processos educacionais no desenvolvimento de habilidades básicas por estudantes do país. Nesse sentido, a avaliação é um instrumento de melhoria que permite obter informações válidas e confiáveis sobre as consequências de ações específicas, a fim de otimizar os esforços. A avaliação fornece feedback às instituições educacionais, entidades territoriais e ao Ministério da Educação Nacional, detectando pontos fortes e fracos e avaliando o impacto dos processos educacionais no desenvolvimento de habilidades básicas por estudantes do país. 35 De acordo com SILVA (2003), os resultados da avaliação também são uma referência concreta para analisar o funcionamento e os processos internos das instituições e, assim, organizar e diferenciar o grau de participação e responsabilidade de diferentes atores e setores. Além disso, ao ajustar os Planos de Melhoria à luz dos resultados da avaliação, as instituições podem rever o currículo e as mesmas práticas de sala de aula, sempre para o desenvolvimento de habilidades básicas. Ele ainda aduz que os resultados são, então, insumos fundamentais para tomar decisões, estabelecer responsabilidades, estabelecer metas, definir critérios e determinar ações que garantam o progresso em um processo de melhoria coerente, relevante e sustentável. Além disso, a informação fornecida pela avaliação é necessária para que a comunidade educacional compare as instituições com referências locais, regionais e nacionais, o que, por sua vez, permite reflexão sobre a relevância dos resultados educacional em relação ao meio ambiente. Desta forma, a avaliação promove a melhoria, pois gera compromissos com a consecução de objetivos precisos, permitindo que os diferentes atores do sistema educacional tomem consciência dos aspectos a serem aprimorados nas instituições, nos municípios, nos departamentos e no país. Já para os gerentes de instituições educacionais, a avaliação fornece elementos que apoiam a tomada de decisões de acordo com as necessidades de desenvolvimento institucional e, especificamente, sobre o modo como a gestão administrativa e gerencial se compromete com a otimização dos processos de ensino - aprendendo, projetando e implementando ações globais e focais que promovam a realização dos alunos, e que constituam mecanismos essenciais para a melhoria contínua. FREITAS (1997). 36 Para Freitas, os professores encontram os resultados das orientações conceituais de avaliação, por níveis de conquista de competências e por componentes disciplinares, o que lhes permite participar ativamente da revisão do currículo, o que terá implicações diretas nas práticas da sala de aula. A revisão e o ajuste à luz dos resultados obtidos incentivam a reflexão e os acordos sobre abordagens pedagógicas, metodologias de ensino e sistemas de avaliação, bem como sobre o monitoramento e articulação dos ciclos educacionais da educação inicial, básico e médio. Nesta perspectiva, a avaliação estimula a inovação pedagógica na sala de aula. FREITAS (1997) Por sua vez, Freitas destaca que os alunos, com a orientação dos professores, podem identificar pontos fortes e fracos no desenvolvimento de suas competências para a vida, e assim participar nos processos de melhoria contínua e avaliação na sala de aula, este é um grande desafio, pois da mesma forma, a avaliação promove os canais de comunicação entre os diferentes membros da comunidade educativa (professores, gerentes, estudantes, famílias) e compartilha objetivos educacionais comuns, relacionados à formação integral e à aquisição das competências necessárias para serem executados efetivamente na sociedade. Além disso, ele aduz que os pais e as mães são informadossobre a qualidade da educação que seus filhos recebem e, portanto, podem analisar e contribuir para a melhoria do desempenho das instituições em relação aos padrões esperados. Da mesma forma, eles obtêm argumentos e critérios para interagir com as diferentes autoridades educacionais no que se refere à formação de estudantes e exigir o cumprimento do disposto na Lei sobre o direito fundamental à educação. Mill (1983), elenca que: De acordo com SILVA (2003), os resultados da avaliação também são uma referência concreta para analisar o funcionamento e os processos internos das instituições e, assim, organizar e diferenciar o grau de participação e responsabilidade de diferentes atores e setores. 37 “...a educação, portanto, é uma dessas coisas que é admissível, em princípio, ao governo ter de proporcionar ao povo. Trata-se de um caso ao qual não se aplicam necessária e universalmente as razões do princípio da não-interferência [...] É pois um exercício legítimo dos poderes do governo impor aos pais a obrigação legal de dar instrução elementar aos filhos.” (MILL, 1983, p. 404) Além disso, nossa Carta Magna em seu artigo 205: “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (CONSTITUCIONAL, 1988) Finalmente, as autoridades educativas recebem informações para medir o pulso do processo de qualidade em todas as entidades territoriais e nas instituições educacionais do país. Desta forma, eles são capazes de concentrar ações de apoio para municípios e instituições que tiveram baixo desempenho, fornecendo apoio e acompanhamento para melhorar, identificando as práticas que estão fornecendo melhores resultados. Daí a importância de compartilhar e divulgar os resultados, através de uma estratégia de comunicação que propõe uma agenda de melhoria para o sistema educacional. BRASIL (1988). De acordo com SILVA (2003), os resultados da avaliação também são uma referência concreta para analisar o funcionamento e os processos internos das instituições e, assim, organizar e diferenciar o grau de participação e responsabilidade de diferentes atores e setores. Além disso, ao ajustar os Planos de Melhoria à luz dos resultados da avaliação, as instituições podem rever o currículo e as mesmas práticas de sala de aula, sempre para o desenvolvimento de habilidades básicas. 38 Como parte da política de avaliação, a assistência técnica e o fortalecimento na interpretação e uso dos resultados consolidam uma cultura de melhoria, com base no uso adequado dos resultados pelas diferentes instâncias da administração do setor, em cada um dos níveis do sistema. Assim, as entidades territoriais podem definir prioridades a serem abordadas nos seus planos de apoio para municípios e instituições educacionais, enquanto as instituições educacionais possuem uma das referências mais poderosas para a concepção e implementação dos Planos de Melhoria Institucional. DEMO (1995). 3.1 Evolução das práticas de avaliação Frequentemente, a avaliação entrou na universidade como uma técnica, nem sempre bem adaptada, com muitas dificuldades a serem justificadas no âmbito de uma teoria rigorosa. A avaliação institucional remonta ao final do século XIX e foi identificada pela primeira vez com o que agora é chamado de credenciamento. Como vimos no presente estudo, ela foi imposta por associações profissionais para regular o acesso à prática profissional, por isso foi destinada a julgar o valor dos diplomas emitidos pela universidade. Para ser reconhecido e autorizado, os programas universitários tiveram que se ajustar a um certo número de parâmetros que passaram das condições de admissão dos alunos ao número e qualificações dos professores. Estes parâmetros foram verificados periodicamente por visitas ou relatórios de avaliação para fins de Para Freitas, os professores encontram os resultados das orientações conceituais de avaliação, por níveis de conquista de competências e por componentes disciplinares, o que lhes permite participar ativamente da revisão do currículo, o que terá implicações diretas nas práticas da sala de aula. 39 acreditação. Historicamente, era a profissão médica que iniciou o movimento, seguida de uma multiplicidade de grupos; atualmente representado por cerca de cinquenta associações profissionais de acreditação. Destacamos, agora neste ponto, que a ideia da acreditação encontrou na universidade da época um terreno fértil de difusão devido, em grande parte, ao fato de representarem grupos profissionais. Após a Primeira Guerra Mundial, as primeiras grandes organizações regionais encarregadas de credenciar as próprias universidades e cujas atividades continuam hoje, apareceram nos Estados Unidos da América. De acordo com a literatura especializada, a filosofia e os métodos de acreditação não pararam de evoluir e progredir de um modelo focado, em seus começos, em parâmetros quantitativos bastante rápidos e no exame externo dos objetivos institucionais, para outro que, no extremo oposto, utiliza procedimentos de auto avaliação realizados pelos mesmos estabelecimentos e com base em critérios mais qualitativos. DEMO (1995). Demo segue destacando que, de qualquer forma, é salientado que o principal aspecto da acreditação, tal como foi concebido por um longo período de tempo, é que provocou o desempenho de trabalhos pré-formatados sem grandes consequências. Para ele: “A grande maioria dos estabelecimentos e unidades que produziram os relatórios exigidos por agências externas o fizeram com o objetivo de obter aprovação e não auto avaliação. O modelo de acreditação que atualmente existe - com toda a importância que dá ao exame da qualidade dos recursos, humanos, materiais e financeiros, à clareza das missões e aos objetivos institucionais, à demonstração do cumprimento das os objetivos institucionais - é um modelo verdadeiramente generalizado dos anos 50 e 60.” (DEMO, 1995, p. 13) Demo destaca que foi na mesma época em que as universidades americanas experimentaram uma verdadeira revolução, com a explosão de sua clientela, a multiplicação de campi e programas, principalmente no setor público, um aumento considerável de seus recursos e orçamento, e desenvolvimento de 40 serviços administrativos e profissionais internos. A intervenção dos poderes públicos, com seus objetivos de coordenação dos sistemas universitários, a chegada de administradores profissionais e analistas com suas ideias de decisões e mudanças racionais contribuíram para aumentar e renovar singularmente a concepção e a prática da avaliação universitária estendendo-a além do estrito quadro tradicional. As palavras-chave tornam-se não só qualidade, mas também acessibilidade, eficiência, complementaridade e responsabilidade, especialmente para estabelecimentos financiados por fundos públicos. Nesse diapasão, o planejamento é generalizado em todo o Estado, universidades com vários campus e estabelecimentos privados. O planejamento transmite a ideia de antecipar necessidades futuras, de determinação racional de objetivos, de alocação de atividades e recursos ótimos de verificação periódica de resultados. DEMO (1995). Desta forma, a avaliação será amplamente utilizada; Isso se torna, por assim dizer, a chave principal, pelo menos em teoria, de qualquer empresa de planejamento, pois é ela quem assegura sua natureza racional, através de uma análise rigorosa da situação. Dos problemas, das necessidades internas e externas; também garante seu caráter contínuo, tornando-se o início e o fim doprocesso de planejamento, ou seja, o ponto de ligação de um ciclo de planejamento com o próximo. ELLIOT (2011). Se, em teoria, tudo isso é válido, na realidade as coisas são muito diferentes, os planos de desenvolvimento universitário dos anos 60 na América do Norte foram apenas ótimos catálogos de novos projetos que eles avaliaram o Demo destaca que, de qualquer forma, é salientado que o principal aspecto da acreditação, tal como foi concebido por um longo período de tempo, é que provocou o desempenho de trabalhos pré-formatados sem grandes consequências. 41 que não já existiu, ou grandes trabalhos teóricos, com orientações de longo alcance que tiveram muito pouco impacto nos programas ou no orçamento da universidade. Para remediar esses aspiradores, os governos e as universidades geralmente desenvolvem paralelamente ao "plano diretor" o que foi chamado de "renda do programa". ELLIOT (2011). Elliot, destaca que em certos casos, os referidos rendimentos são feitos levando em consideração os relatórios de acreditação; em outros, a produção do trabalho de avaliação era necessária de acordo com formatos, procedimentos e prazos específicos. Do mesmo modo, outros critérios, como complementaridade e relevância institucional de programas e projetos, necessidades socioeconômicas, eficiência e custos operacionais são adicionados aos critérios habituais de acreditação. Com o risco de ser muito esquemático, devido à necessidade de ser breve, pode-se dizer que, em relação à década de 1980, outra grande mudança que gerou um desafio ocorreu na filosofia e na prática da avaliação universitária, derivando o problema que atualmente vai predominar na América do Norte. DEMO (1995). Para ele, no final da década de 70, a educação pós-secundária norte- americana entrou em uma crise tripla: demográfica (fim do crescimento acelerado de sua clientela); fiscal e financeiro (devido à forma dominante de financiamento, com base nas inscrições); política, na qual também devemos considerar a insatisfação com universidades e estabelecimentos educacionais, em geral, expressos por muitos setores da sociedade, o que também se sentiu no Brasil, com as reformas educacionais. Por outro lado, as novas limitações em termos de recursos nos convidam a adotar uma estratégia de compreensão orçamentária e racionalização de programas. Era para as universidades, o tempo para "se defender" e fazer o planejamento estratégico. No entanto, e como se tudo isso não bastasse, os problemas econômicos, principalmente nos Estados Unidos, colocam o sistema educacional e as universidades como um dos principais responsáveis pela queda da concorrência das empresas e a falta de inovação. Por outro lado, embora as matrículas universitárias aumentem, um em cada dois estudantes abandona seus estudos. 42 IBGE (2016). Os bons alunos já não têm interesse em fazer carreiras como professores, o que acentua os problemas do sistema escolar. As universidades foram então convidadas a avaliar de forma mais rigorosa os resultados concretos em que suas atividades de treinamento levam. É a hora da "avaliação de resultados". Sendo assim, a filosofia que sustenta a "avaliação de resultados". Um dos seus inspiradores, AUSTIN (1956), concordou com seus princípios orientadores em um artigo na revista Science, onde ele dizia que: “Os critérios tradicionais de avaliação utilizados para a acreditação, disse ele, concentraram-se primeiro no estado dos recursos (bibliotecas bem equipadas, altos gastos por aluno, altas qualificações de professores, taxas de admissão severas), uma baixa relação professor / aluno) não tem valor científico, e as pesquisas mostram que quase nunca estão correlacionadas com o grau de competência adquirida ou o sucesso dos alunos.” (AUSTIN, 1956, p.55). Austin também declarou que duvidava muito dos postulados gerais dos órgãos de acreditação, como por exemplo aquele que afirmou que "a clareza dos objetivos institucionais era um dos fatores mais importantes da qualidade". Nada confirma ou nega isso, disse ele àquela época. Os critérios padrão de acreditação, segundo ele e muitos outros especialistas da mesma escola, são apenas medidas indiretas de qualidade universitária. Para perceber a qualidade, é necessário, antes de mais, concentrar-se nos resultados, isto é, no desempenho e nas qualidades alcançadas pelos alunos, para depois analisar os pontos fortes e fracos dos programas, bem como a eficiência da gestão acadêmica. Se a bagagem de conhecimento e habilidades possuídas pelos alunos após a admissão, em determinadas etapas de seus Frequentemente, a avaliação entrou na universidade como uma técnica, nem sempre bem adaptada, com muitas dificuldades a serem justificadas no âmbito de uma teoria rigorosa. 43 estudos e a saída da universidade, é analisada; se o conteúdo e o funcionamento dos programas e serviços forem cuidadosamente examinados, é possível, segundo Austin, não só para chegar a conclusões significativas sobre a capacidade das universidades de responder aos objetivos previamente estabelecidos de desenvolvimento de os alunos – mas que continuam sendo seu principal objetivo - também asseguram sua qualidade. Isso pode ser feito rigorosamente ou cientificamente, por exemplo, por meio de estudos longitudinais e modelos de análise multivariada. AUSTIN (1956). A filosofia subjacente à atual "avaliação de resultados" que foi subestimada há muito tempo por estudantes universitários, dado que marca um retorno a certos valores fundamentais, é, em geral, inescapável. A avaliação científica da pedagogia e qualidades, no entanto, sofre de uma questão fundamental. A maioria dos especialistas concorda que grande parte da evolução dos alunos, seus sucessos e fracassos são atribuíveis a fatores fora dos próprios programas universitários (experiências informais ou complementares) de treinamento, socialização, ambiente familiar e social, etc.). Especificar a própria contribuição dos estabelecimentos, dos programas ou dos professores é então uma tarefa muito complexa e um grande desafio. Sendo assim, requer estratégias de avaliação complexas, dispendiosas e longas. Por estas razões, é apropriado pensar que esta limitação apenas justifica o recurso a outros procedimentos de avaliação universitários paralelos, menos "científicos" e mais tradicionais. SILVA (2003) As novas limitações em termos de recursos nos convidam a adotar uma estratégia de compreensão orçamentária e racionalização de programas. 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos perceber, vários são os desafios quando nos referimos à avaliação educacional. No entanto, muitas avaliações têm consequências felizes, mesmo do ponto de vista dos avaliados e, em particular, dos professores e administradores. Uma avaliação bem-sucedida fortalece o sentimento de autonomia e confiança, facilita a compreensão que acontece no meio ambiente e garante uma maior qualidade e eficiência na realização de atividades de ensino, investigação. Muitas vezes, as instituições estão relutantes em mudar, o que justifica ainda mais a necessidade de avaliação. A sua principal utilidade não é a política, uma vez que, a curto e médio prazo, o seu impacto efetivo nas decisões é muito pequeno. Seu valor é principalmente de ordem pedagógica, pois incita a questionar, a discutir. No entanto, ele também possui um valor de ordem lógica. Como vimos, a avaliação se opõe. Potencialmente, a todos os julgamentos diários baseados na subjetividade ou na fofoca, opiniões mais explícitas, mais transparentes e melhor suportadas, tais desafios compensam em grande parte as suas deficiências. Em qualquer caso, é finalmente o menos ruim, o mais aceitável das soluções que as universidades podem oferecer. A avaliaçãoé uma aliada na busca constante de melhor aprendizagem e na busca de maior conhecimento. Ao final deste módulo, queremos incentivá-lo a permanecer na busca constante por conhecimento e informação! 45 Responsabilidade Social da Avaliação Educacional e Institucional Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 03 Faculdade Campos Elíseos 46 Conversa Inicial Este terceiro módulo é voltado para o aprendizado da responsabilidade social da avaliação educacional e institucional. Nosso objetivo é que você possa compreender este módulo de forma prática numa linguagem simples. Desse modo, percorreremos a respeito da responsabilidade social x avaliação de aprendizagem, onde destacaremos os tipos de responsabilidades no uso da avaliação da aprendizagem. Além disso, veremos a respeito dos usos externos da avaliação de aprendizagem e estudaremos de forma mais profunda a responsabilidade social e pedagógica como uma questão moral. Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! 47 INTRODUÇÃO As características contidas neste título constituem uma realidade que é conhecida e aceita por todos: a educação deve responder às necessidades de desenvolvimento que a sociedade exige no âmbito das diferenças que cada pessoa e cultura têm. No entanto, esta responsabilidade é expressa do mesmo modo do ponto de vista da sociedade em relação à educação? Se a resposta fosse afirmativa, é indubitável que seríamos protagonistas e testemunhas de uma história diferente. O princípio básico da educação, expressado como uma ação de responsabilidade socialmente compartilhada, teria gerado consequências significativas de sensibilidades sociais visando a compreensão e a superação atempada dos problemas de desenvolvimento dos povos, associados a uma qualidade humana diferente e favorável da vida social e natural. A realidade, por outro lado, ressalta que os processos sociais e as condutas políticas que os conduzem não foram concebidos para que a sociedade esteja diretamente envolvida nesse compromisso. Isso, obviamente, é a causa dos grandes erros que agitam diariamente nossa capacidade de espanto. Agora, por que isso continua a acontecer quando há um consenso geral sobre a necessidade de transformar essa situação? O que faz com que nossos líderes, no momento de assumir o poder e as responsabilidades que as pessoas lhes conferem, relegam imediatamente os problemas da educação a um segundo ou terceiro plano de importância? Por que antes de uma certa realidade política, em que um povo deve decidir sobre seus destinos através de eleições democráticas, governo e oposição, tendo discursos relativamente semelhantes sobre educação, no momento em que um deles chega ao poder o outro é constituído em oposição, imediatamente surge o problema. 48 Quando as respostas resultam do reconhecimento da diversidade, obviamente são geradas visões diferentes, mantendo um argumento explicativo, mas não contribuindo com as estratégias das soluções necessárias. Os problemas que os professores enfrentam em todos os níveis geralmente têm respostas e soluções. No entanto, por que, então, a situação persiste? RESPONSABILIDADE SOCIAL X AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM Pensando nesse ponto de vista, a avaliação da aprendizagem integra a avaliação de todos os objetos que são avaliadas no campo da educação: nacional e internacional de avaliação dos sistemas de ensino, currículos, instituições, agendamento de um curso, a qualidade da atividade de ensino e ensino. Em todos esses casos, a avaliação da aprendizagem é um insumo essencial para a avaliação educacional. Podemos ver, também, que, como a avaliação da aprendizagem aprecia tanto a ocorrência de efeitos desejados, bem como os indesejados em efeitos de aprendizagem dos alunos, a mesma avaliação aplicada a qualquer objeto no campo da educação pode ter efeitos desejados e indesejados, tanto individuais como sociais, daí a responsabilidade da prática profissional docente. Para garantir este direito, a Constituição Federal aduz em art. 206 que: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de prova e títulos; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade (BRASIL, 1988). 49 A Constituição Federal também traz a respeito do princípio da autonomia universitária elencado em seu artigo 207 que demonstra a questão central veiculada ao conceito de responsabilidade social aplicado às instituições educacionais. Vejamos: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). DEMO (1995), a partir dessa visão constitucional aduz que avaliar a aprendizagem para saber qual é o nível de qualidade de um sistema educacional ou o que está acontecendo com os alunos de um professor ou no ensino de uma disciplina ou para decidir se um determinado aluno merece ser promovido ou não, em todos os casos, estamos usando informações para poder avaliar, mas a informação que tentamos encontrar não é sempre da mesma natureza e não tem as mesmas características. Quando falamos sobre a avaliação de um sistema educacional, precisamos de grandes números, produto de estatísticas confiáveis baseadas em informações de boa qualidade e saber que a responsabilidade social precisa também ser uma categoria importante a ser considerada nesse meio. Desta forma, ele segue sustentando que poderíamos tomar algumas decisões de alto impacto em relação a esse sistema educacional. Para ele: Certamente, usaremos o que muitas vezes chamamos de informações "difíceis", mas que nos dariam uma descrição aproximada de características significantes significativas que podem ser vistas no sistema. Poderíamos nessa base até mesmo fazer grandes comparações, o que atendam as características e realizações, e não realizações do nosso sistema e outros sistemas, mas a mesma informação iria ajudar-nos a tomar decisões sobre se um aluno é capaz de aprovar ou não um curso. (DEMO, 1995, p.24) 50 Ou seja, nos ajudaria a saber se a estratégia que estamos usando para ensinar é adequada ou deveria ser substituída por outra modalidade de ensino. Em último caso, Demo diz que precisamos de informações muito mais "excelentes" do que os exames gerais utilizados para avaliar um sistema escolar, ou mesmo aqueles que geralmente são administrados para decidir sobre a promoção dos alunos. A informação que vem dos grandes números, das grandes estatísticas educacionais, não é útil ou suficiente quando realizamos avaliações como professores responsáveis por um curso. Os professores precisam de uma informação muito mais delicada, que permite diferenciar níveis de qualidade na aprendizagem, identificar erros e suas possíveis causas e, em particular, discriminar entre estágios de aprendizagem. A avaliação da aprendizagem,portanto, presente em todas as avaliações educacionais, cumpre nelas diversas funções, bem como os propósitos que as avaliações assumem no campo da educação são diferentes. Podemos distinguir, por esse motivo, diferentes tipos de avaliação de acordo com o propósito e os propósitos com os quais está incluído na avaliação de diferentes instâncias de processos educacionais, mas em todos esses processos se faz necessário respeitar a questão da responsabilidade social em relação à instituição, ao aluno e ao professor. Nesse ponto, podemos distinguir, de acordo com DIAS SOBRINHO (2008), em primeiro lugar, três tipos de avaliação para propósitos muito diferentes: a avaliação informativa, a avaliação formativa e a avaliação performativa. Para ele, a primeira, a avaliação informativa, está limitada a fornecer informações sobre o estado dos negócios do objeto avaliado ou a “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). 51 adicionar-lhe mais informações sobre a correlação positiva ou negativa entre diferentes condições ou variáveis selecionadas por sua possível significância para o progresso da processos educacionais ou para adicionar, ainda mais informações sobre possíveis causas do estado das coisas avaliadas. Um exemplo são as estatísticas cadastrais do sistema escolar de uma jurisdição ou os resultados em exames gerais nacionais do desempenho dos alunos. É informativo porque o avaliador é estranho ao objeto avaliado e não são suas decisões que podem atuar sobre ele para transformá-lo e aprimorá-lo. Reduz, então, ao fato de selecionar, organizar e resumir informações, dependendo de quem é o destinatário da avaliação. Em geral, a avaliação da informação é voltada para o passado, para o que já aconteceu. Geralmente é mais ou menos sintética. Um requisito essencial é que ele seja comunicado de forma clara e que seja objetivo e confiável. A avaliação formativa fornece informações sobre a situação dos avaliados, envolvendo necessariamente os responsáveis pela sua melhoria. Sua função requer um certo grau de análise de aspectos precisos da avaliação, suas possíveis causas e, especialmente, diretrizes para suas possíveis modificações. DIAS SOBRINHO (2008). Está comprometido, como consequência, com as ações dos responsáveis pela situação. Os atores que participam dela participam porque depende, em parte, pelo menos, de suas decisões, pois estão envolvidas na avaliação, orientada para as ações subsequentes apropriadas para alcançar a melhoria ou o progresso desejado no campo dos processos educacionais avaliados. A informação necessária é analítica. É objetiva parcialmente e parcialmente subjetiva na medida em que depende das interpretações que os atores fazem dela. Exemplos que podem ser avaliações que chamamos de "formativas" são as que os professores usam para orientar a aprendizagem dos alunos ou relatórios de supervisão destinados a inspirar e apoiar um programa de inovação pedagógica em uma escola. DIAS SOBRINHO (2008). 52 Para Sobrinho, as mensagens elaboradas devem ser claras e interativas, pois o feedback entre o produtor da avaliação formativa e os protagonistas do estado de coisas conforme definido pela avaliação é mais um resultado de um processo do que um julgamento do valor final do avaliador sobre o que foi avaliado. Ele dá conta do presente, também se refere ao passado, mas responde a um olhar que tem uma forte orientação para o futuro. Já a avaliação performativa avalia o presente. Ela enquadra o estado de coisas em uma categoria e dá-lhe um caráter público, atribuindo-lhe uma função social reconhecida, daí o surgimento da responsabilidade social. Além disso, certifica a natureza e a extensão do estado dos negócios dos avaliados em termos de estipulações previamente instituídas por órgãos competentes. Exemplos são a concessão de credenciais para aprovação de um nível de educação ou autorização para o funcionamento de uma escola. O avaliador exerce um poder conferido por uma autoridade superior. Certifica, portanto, as características do objeto avaliado e define seu caráter. Embora se refira, em princípio, à situação atual do que foi avaliado, sua decisão é projetada para o futuro. Seu julgamento é categórico. O julgamento é pronunciado dentro de uma série pré-estabelecida de julgamentos que estão entre as atribuições do avaliador que foram julgadas. O avaliador deve ser objetivo e manter distância do objeto avaliado. Sobrinho diz que a decisão é do professor, mas está sujeita a regras claras e deve ser rigorosamente fundamentada. “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). 53 Nas três classes de avaliação que descrevemos, as responsabilidades, tanto sociais como pedagógicas, são muito altas. E eles estão em relação aos processos que ocorrem ao nível do sistema educacional, como a nível da instituição escolar e da sala de aula. TIPOS DE RESPONSABILIDADES NO USO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Podemos diferenciar usos internos e usos externos dentro das responsabilidades sociais. Os usos internos são aqueles exercidos pelos atores envolvidos nos processos avaliados, isto é, estudantes, professores, conselheiros, gerentes. O uso externo é feito por tomadores de decisão na política educacional, administradores, pais e líderes de opinião, entre outros. As condições de ambas as formas de uso são, por um lado, a credibilidade e, por outro, a clareza da comunicação dos resultados, cujas formas e extensão dependem do escopo que corresponde à avaliação de acordo com a natureza das decisões a adotar. FERNANDES (2007). Vejamos, em primeiro lugar, de acordo com FERNANDES (2007) quais são os usos internos da avaliação, quais são os atores diretamente envolvidos nos processos avaliados, estudantes, professores, conselheiros e gerentes. É, em princípio, uma avaliação que dá grande importância à avaliação performativa, e esta tem sido seu único objetivo ou principal no decorrer de um longo tempo histórico. Mas isso, para cumprir seus objetivos pedagógicos, agora temos evidências de que deve incluir boas práticas de avaliação formativa. Se a avaliação da aprendizagem, argumentada por DIAS SOBRINHO (2008), é um sistema de mensagens que serve para legitimar a importância do conteúdo curricular porque são aqueles que são escolhidos para serem avaliados e legitimam também a modalidade com a qual foram ensinados, a responsabilidade daqueles que projetam o currículo, selecionam conteúdo e 54 estratégias para o seu ensino, é muito grande, dada a multiplicidade de opções que, de forma implícita e com perspectiva e espírito crítico, são apresentadas como alternativas de diferentes escopo e amplitude social e cultural HOFFMANN (2009) afirma que: "Argumentar-se-á que a forma como esse procedimento se realiza depende dos princípios sociais que regulam a classificação e enquadramento do conhecimento tornado público nas instituições educacionais" Para HOFFMANN (2009) grande quantidade de materiais é empilhada nos currículos. Ele aduz que esses materiais estão estruturados neles, mas nem sempre é verdade que as questões relacionadas às suas relações são atendidas e que elas tentam responder aos princípios da organização pedagógica. Se as disciplinas são subculturas, os alunos passam uma série de domínios subculturais em cada semana de aulas, reunindo informações de diferentes naturezas, palavras com diferentes significados em assuntos diferentes, temas diferentes emcada hora de aula. Além disso, vale destacar que os horários das aulas são um mosaico que depende exclusivamente das possibilidades que a escola tem para localizar os sujeitos de acordo com a disponibilidade dos professores. Este é um problema que não pode ter uma boa solução pedagógica por razões que resultam do regime de trabalho dos professores. Nas mesmas razões, os cronogramas de avaliação são sustentados. E esses horários, como veremos, constituem um determinante fundamental da qualidade da aprendizagem dos alunos. HOFFMANN (2009). Para HOFFMANN (2009) grande quantidade de materiais é empilhada nos currículos. 55 Por outro lado, a avaliação do aprendizado completa encerra o círculo de composição do currículo, que é autossustentado e autolegitimado, mas agora, em avaliações, explicitamente, porque adquire, através da avaliação e da autoridade que ele incorpora, o personagem de mandato social, está observação já havia sido feita por Ralph Tyler em 1960 que dizia que: “[...] cunhou a denominação ‘avaliação da aprendizagem’ [...]”, consistente na “prática que propunha, naquele momento, de diagnosticar o andamento da aprendizagem do educando na vida escolar, tendo em vista torná-la mais eficiente” (TYLER, 1960, p. 87). Ou seja, quando ele havia apontado como um efeito positivo da avaliação o reforço que existia nos alunos, explicava também a necessidade de atingir os objetivos curriculares, embora também apontasse que a avaliação exercia um efeito negativo, produzindo um estreitamento da aprendizagem reduzindo-os a esses objetivos únicos. Doutro lado, um grande número de pesquisas nos permitiram concluir que atualmente há uma forte tendência para que os alunos estudem para avaliação, ou seja, para uma avaliação à medida que a percebem, porque acreditam que serão qualificados. A avaliação é o sinal mais claro e explícito do que deve ser aprendido. A pedagogia invisível parece tornar-se visível para eles, mas também para o professor, que constrói os instrumentos, os administra, interpreta os resultados, os qualifica, aprova ou desaprova e adota decisões de promoção ou não promoção em um esforço para esquecer suas hesitações anteriores, suas dúvidas ao ter que escolher entre diferentes alternativas e, finalmente, decidir categoricamente qual é o resultado obtido expresso em termos de qualificações de acordo com sua interpretação da escala de qualificações estabelecida. VALLAEYS (2006). A influência determinante da avaliação sobre a aprendizagem tem sido estudada há 40 anos por muitos pesquisadores. ILLICH (1997) indica que os alunos descrevem todos os aspectos das atividades que eles fazem quando 56 estudam, o que eles prestam atenção, quanto eles estudam e o que fazem quando estudam, mostrando que estão completamente dominados pela maneira como eles, como produto da história escolar, visualizam as demandas do sistema de avaliação. Este pesquisador afirma que: "se quisermos descobrir a verdade sobre o nosso sistema educacional, devemos primeiro analisar nossos procedimentos de avaliação" (ILLICH, 1997, p. 56). Ali ele diz que observou-se também que, quanto maior a pressão que a soma das avaliações exerce sobre os alunos, maior a tendência de concentrar o esforço em responder apenas ao que é considerado necessário para aprová-los. Alguns alunos, particularmente bem-sucedidos devido às suas qualificações, destacam-se como verdadeiros "buscadores-chave" sobre o que e como será a avaliação a que devem responder. É possível que um dilema seja criado para o aluno, o dilema "passar no exame ou entender o assunto", que é muitas vezes resolvido adotando a decisão de "aprovar o assunto". O que o aluno não entende, é estudado de cor. A compreensão dos conteúdos não é aprofundada se alguém pensa que não será indispensável porque os testes e exames são acumulados e o tempo não é suficiente para estudar seriamente, ou seja, pensar sobre o que está sendo aprendido. Neste sentido, tal posicionamento está em conformidade com os pressupostos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que elenca em seu art. 52 que: Art. 52º. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional. (BRASIL, 1996). 57 O que está deteriorado, finalmente, pelo efeito da superabundância das avaliações é, em última instância, o verdadeiro propósito do ensino, a aprendizagem dos alunos. Considerando a informação recolhida em diferentes e numerosas obras sobre este assunto, concluiu-se que os estudantes nas últimas décadas se caracterizaram por serem mais estratégicos no uso do tempo de estudo do que nas gerações anteriores. HOFFMANN (2009). Eles tentam gerenciar seu tempo, dedicando-o de forma muito seletiva aos aspectos específicos que foram apontados para eles como conteúdos cuja aprendizagem será avaliada. Consequentemente, como afirmou PERRENOUD (1999): “as avaliações realmente "capturam" uma época do aluno que o dedicará a estudar para se preparar para os testes, o que teria, por esse motivo, um efeito benéfico. Mas, por outro lado, podemos nos perguntar, no entanto, se a distribuição que fazemos dos conteúdos em relação às instâncias de avaliação, a quantidade de testes, a falta de tempo concedido para a preparação, a variedade de conteúdos que o aluno deve estudar.” (PERRENOUD, 1999, p.37) PERRENOUD (1999), segue destacando que ao mesmo tempo, em um curto período, se permite concluir que o efeito é realmente benéfico para a qualidade da aprendizagem dos alunos. Além disso, para ele é possível esclarecer melhor a questão: é benéfico para todos os alunos? A resposta é negativa. Para ele, a administração mal administrada das instâncias de avaliação tem um efeito claramente disfuncional. Está distorcendo os propósitos da Art. 52º. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional. (BRASIL, 1996). 58 educação e da boa aprendizagem. Isso se torna um obstáculo e não um facilitador. Não só não dá suporte à boa aprendizagem, mas sim conspira contra ela. Sabemos que boas realizações educacionais na aprendizagem proporcionam benefícios para os indivíduos e para a sociedade. Os resultados indesejados, que revelam dificuldades, erros e ignorância, têm efeitos adversos para os indivíduos e para a sociedade. É muito frequente que as avaliações de aprendizagem sejam exibidas mostrando diferenças entre os alunos. Isso pode acontecer porque, entre os professores e alguns teóricos, existe a crença de que o verdadeiro objetivo de uma boa avaliação é distinguir os alunos "bons" dos "maus". PERRENOUD (1999). Por outro lado, FERNANDES (2007), diz que a verdade é que os resultados das avaliações geralmente mostram que há diversidade entre os alunos, uma disparidade categorizada com termos de forte significado social: sucesso e fracasso, inteligência ou falta de inteligência, talento ou falta de talento. Alguns e outros extremos dessas bipolaridades são construtores sólidos da identidade social do aluno. O resultado ruim na avaliação não é apenas um risco objetivo de receber uma penalidade, que consiste em repetir o exame,o assunto, o curso ou o ano. Mas seus efeitos vão além. Fernandes destaca que os exames, para muitos estudantes, parecem ter substituído simbolicamente a ameaça de castigos corporais. A falha funciona como um aviso ou como um desafio ou como uma notícia informativa que constitui o posicionamento social do aluno. O que está em jogo é, precisamente, a sua identidade social e não apenas a sua identidade escolar. O último, a identidade da escola, pré afirma o segundo, a identidade social. Por outro lado, vale destacar que se o aluno acredita na equidade e validade da avaliação, seu autoconceito colapsa. A avaliação arranca, uma ameaça, a chamada "ameaça de estereótipo". Em face de falhas repetidas, o rótulo é internalizado com um efeito que conhecemos e que é totalmente previsível, sobre seu desempenho e sobre sua motivação. Um círculo vicioso está instalado dessa maneira. Acreditar que não conseguir alcançar determinado aprendizado tem o efeito letal de prevenir essa aprendizagem. DEMO (1995). 59 Para Demo, esses efeitos foram revelados tanto na aprendizagem escolar quanto na realização de atividades fora da escola, na vida real. Ele destaca que: "Centenas de estudos e dois estudos de meta-análise descobriram que as condições induzidas pelo estereótipo da ameaça prejudicam os resultados nos testes de avaliação". (DEMO, 1995, p. 27). Logo, para ele, a ameaça pode ser reduzida com intervenções de professores visando mostrar aos alunos que são capazes de completar com sucesso as tarefas e cumprir adequadamente os slogans do trabalho. Para alcançar esse efeito, é essencial quebrar barreiras. Desse modo, os alunos devem acreditar que o resultado da aprendizagem depende de si mesmos. Que eles podem controlar os resultados graças ao seu esforço e dedicação e que a aprendizagem bem-sucedida ou malsucedida não é o trabalho do destino, de condições genéticas ou de circunstâncias adversas impossíveis de superar. A tensão excessiva experimentada pelos estudantes em situações de avaliação é um fator comum de falha. As auto crenças sobre a falta de talento em campos específicos ou em geral, são inimigas do bom desempenho. Os alunos devem acreditar, por outro lado, o que é verdade, que o cérebro, a inteligência, a personalidade são maleáveis, que eles são dinâmicos, que eles crescem, que eles mudam, que eles podem expandir, fazer e sempre mais. O efeito dessas crenças é muito intenso na motivação e nas decisões sobre o estudo e, consequentemente, sobre a aprendizagem. Os estereótipos Além disso, para ele é possível esclarecer melhor a questão: é benéfico para todos os alunos? A resposta é negativa. 60 sociais negativos de certos grupos aos quais o aluno está ligado funcionam como preditores de falha escolar. É essencial lutar contra esses estereótipos. HOFFMANN (2009). HOFFMANN (2009) destaca que a verdade é que todos os estereótipos são ruins porque são estereótipos e que o sentimento de pertencer a um grupo é fundamental para a construção da identidade social. Se o estereótipo do grupo for negativo, ele criará no aluno uma marca social que se tornará uma pedra de tropeço que o aluno verá como intransponível. Portanto, é trabalhar pedagogicamente para que o estereótipo da ameaça desapareça na mente dos alunos. E tendo em conta que um fator social muito poderoso na construção do autoconceito e da motivação é o sentimento de pertença, o professor pode apoiar seus alunos através do uso, além de orientá- los para a criação de novos grupos que substituam os anteriores por diferentes traços de identidade. Como observamos anteriormente, o uso interno da avaliação em relação ao nível da sala de aula requer a conjugação, uma conjugação sábia, da avaliação performativa e da avaliação formativa. A avaliação formativa é o instrumento que irá tentar fazer com que todos os alunos aprendam e que consigam superar as circunstâncias adversas que são produto tanto do contexto social, da própria organização escolar que deve ser reprogramada em relação à distribuição de instâncias de avaliação e das crenças que os alunos têm sobre si mesmos e sobre os outros. os alunos devem acreditar que o resultado da aprendizagem depende de si mesmos. Que eles podem controlar os resultados graças ao seu esforço e dedicação e que a aprendizagem bem-sucedida ou mal sucedida não é o trabalho do destino, de condições genéticas ou de circunstâncias adversas impossíveis de superar. 61 No nível da escola, os gerentes e supervisores encontrarão na avaliação formativa uma ferramenta útil para apoiar, sugerir, acompanhar os membros, estudantes e professores de cada unidade educacional. A escola não é onipotente, mas há muito o que pode fazer para seus alunos no plano pedagógico. Neste campo, a forma como as várias funções da avaliação do aprendizado é organizada, abordadas e resolvidas na prática são de importância decisiva. USOS EXTERNOS DA AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM Como dissemos antes, os decisores da política educacional, os administradores, os pais e os líderes de opinião, dentre outros, fazem uso externo. O primeiro nível em que nos colocamos no uso externo da avaliação é o da avaliação informativa sobre o estado de coisas. São as informações coletadas para tomar decisões políticas e administrativas baseadas no sistema educacional, com a operação de programas nos quais as instituições escolares intervêm, na seleção de uma escola para seus filhos pelas famílias. DIAS SOBRINHO (2008). A partir desta avaliação deriva, também, a representação que a sociedade tem sobre o funcionamento e a qualidade do sistema educacional de um país ou jurisdição. No que diz respeito aos usos externos da avaliação do aprendizado, as duas condições de uma boa avaliação, que mencionamos anteriormente, deveriam ser muito bem programadas. Por um lado, a informação deve ter credibilidade para todas as partes interessadas, pelo outro para possibilitar o uso externo da informação, onde a divulgação deve ser sistemática, adequada para a sua apresentação a um público muito amplo a fim de responder aos interesses e preocupações daqueles interessados em questões educacionais, de acordo com o nível de informações que, para esse fim, é útil. DIAS SOBRINHO (2008). 62 Para ser credível, a informação deve ser proveniente de diferentes fontes de informação e deve resultar de múltiplas avaliações independentes. As metodologias utilizadas para obtê-las devem ser conhecidas e cientificamente fundamentadas. Portanto, a informação deve ser transparente e verificável. comparável ao longo do tempo e deve ser atualizada rapidamente. DIAS SOBRINHO (2008). Em um sistema escolar, as causas da qualidade ou déficits de equidade são sempre de grande peso e alcance e podem ser detectadas através de dados relativamente densos que permitem grandes comparações dentro do sistema e em relação a outros sistemas, de modo que, com base nos resultados das comparações e em um quadro explicativo que relaciona esses dados, justifica- se tomar as decisões apropriadas para melhorar o sistema. A divulgação de informações credíveis e úteis sobre o estado das coisas na educação inclui informações sobre os resultados das avaliações de aprendizado. HOFFMANN (2009). Hoffmann vai sustentar que, ao contrário da avaliação do uso interno, que reúne informações quantitativas e qualitativas e identifica precisamente os atores para possibilitar as intervenções específicas ou institucionais que é necessário realizar, no caso da avaliação do uso externo, as informações devem ser desagregadas apenas em níveis essenciais. As estatísticas ou os relatórios globais ou setoriais servem de base para as autoridades de tomada de decisão, enquanto a informação individualizada porinstituição é útil para identificar aqueles que exigem apoio orçamentário especial ou outros. Como métodos para realizar avaliações para uso externo, estão sendo utilizadas duas classes de diferentes modelos. Por um lado, os chamados «Modelos de Exploração Contextualizada Transversal» que visam medir o impacto das características contextuais em uma medida de desempenho específica. Embora o problema que eles colocam seja sempre muito complexo, porque isso é uma característica das situações e dos processos educacionais, eles conseguem reunir uma certa quantidade de informações que tem mais valor como coeficiente de correlação do que como base para a corroboração de uma 63 hipótese causal. Nesse sentido, eles são úteis, mas oferecem uma visão estática do objeto avaliado. Por outro lado, para outro propósito, o chamado Modelo de Valor Adicionado usado para separar as contribuições das escolas daqueles que vêm de fatores contextuais externos que estão além do controle de as salas de aula e as escolas. HOFFMANN (2009). As contribuições deste último são mensuradas ao longo do tempo em relação à realização dos objetivos educacionais prescritos para as escolas. "Três grandes objetivos políticos são identificados que impulsionam o desenvolvimento de modelos de valor agregado em um sistema educacional: iniciativas de melhoria escolar, responsabilidade das escolas e sistemas educacionais e escolha das escolas". HOFFMANN (2009). Desta forma, o modelo de valor agregado oferece medidas de desempenho escolar que podem ser úteis em diferentes níveis e público, incluir a própria instituição e os pais. Uma base quantitativa precisa é mais oferecida do que os resultados dos exames e os estudos transversais. Um requisito do modelo é que duas medidas são tomadas pelo menos no decurso do processo e que essas medidas são comparáveis entre si. A foto é substituída por um filme (ou por duas imagens em momentos diferentes). HOFFMANN (2009). Argumenta-se que, por esse motivo, esse modelo contribui para melhorar o planejamento das políticas educacionais e para gerar processos para a implementação de outros tipos de avaliações. Para HOFFMANN (2009): “A informação é então coletada em um conjunto complexo de indicadores com medidas diferentes, mas necessariamente comparáveis durante o curso do processo educacional, para poder tomar decisões com base nos dados. O requisito em termos de estatística e metodologia para obter, validar, processar e interpretar as informações obtidas é muito alto. Para divulgação e uso na tomada de decisões, é necessário definir e estabelecer políticas de treinamento para os responsáveis pela obtenção e processamento de informações, políticas para a implementação do modelo escolhido, políticas de comunicação e, em particular, compromisso expresso da autoridades em relação à gravidade da informação, sua continuidade e sua comunicação a todas as partes interessadas.” (HOFFMANN, 2009, p.36) 64 Tudo isso permite dissipar medos e confiança na avaliação e nos seus usos. Desse modo, a avaliação informativa do uso externo inclui, de forma sensível, informações sobre a avaliação performativa. Este último, em virtude do peso social das determinações resultantes de suas decisões, deve ser justificado, fundada e deve ser manifestamente justa. HOFFMANN (2009). A RESPONSABILIDADE SOCIAL E PEDAGÓGICA COMO UMA QUESTÃO MORAL Se a responsabilidade é a obrigação de responder pelos atos que realizamos, no campo da educação não há dúvida de que nossa responsabilidade é a chave para interpretar o valor de nossas ações. Neste campo de ação, todas as nossas ações, as de todos aqueles que exercem nos diferentes níveis e modalidades do trabalho educacional, nos torna envolvidos no cumprimento de um dever moral para com os outros. No sentido de ação social racional de acordo com os propósitos de MAX WEBER (1999), o significado mencionado em nossas ações na educação é determinado pelas expectativas no comportamento dos outros, nossos alunos. Esse modelo contribui para melhorar o planejamento das políticas educacionais e para gerar processos para a implementação de outros tipos de avaliações. 65 Nós os prejudicamos ou nós os beneficiamos ou, ao mesmo tempo, nós os prejudicamos e nós os beneficiamos. Nós vimos que, quando se trata de avaliar a aprendizagem e os usos dos resultados das avaliações, podemos ser construtivos ou destrutivos sem remédio. A responsabilidade, como afirmou KANT (1996), tem uma condição de liberdade. Você não é responsável se você não tem autonomia nas decisões. Autoridades, gerentes e professores e alunos, avaliadores e avaliados, todos têm a capacidade de tomar decisões. Devemos responder pelo exercício de nossa responsabilidade em um domínio que é muito difícil de resolver, como a avaliação da aprendizagem e seus múltiplos usos. Desse modo, a avaliação da aprendizagem, responsável socialmente e pedagogicamente, está sujeita a certos imperativos. Deve ser credível, os envolvidos devem confiar nisso. Deve ter como objetivo alcançar a igualdade no funcionamento dos sistemas e nas oportunidades educacionais oferecidas a todos os alunos. Exige justiça na avaliação, respeito pela diversidade institucional, diversidade de estudantes e professores. Os valores que devem impregnar devem ser manifestados, reivindicados e defendidos. 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos perceber, o foco da responsabilidade social na educação remonta ao presente século e ao crescente interesse de organizações que não sejam empresa, ou seja, estabelecem as diretrizes para uma gestão universitária comprometida com as realidades e aspirações do progresso em seus próprios países. A UNESCO liderou uma maior conscientização da educação como eixo do desenvolvimento sociocultural e econômico na construção do futuro, o chamado é para que as novas gerações estejam preparadas para enfrentar novas competências e conhecimentos, isso é expresso em sua texto, onde afirma: "Com colaboração, liderança e investimentos bem-sucedidos em educação, podemos transformar a vida das pessoas, das economias dos países e do nosso mundo em geral" Desse modo, vimos que esta abordagem para a responsabilidade social está sendo desenvolvida com grande amplitude nas universidades, de onde são definidas novas estratégias, como o estabelecimento de redes, a conformação de observatórios da Responsabilidade Social Universitária, bem como a conformação da rede de universidades, entre outras. Daí sua grande importância de ser estudada. Sendo assim, ao final deste módulo, queremos incentivá-lo a permanecer na busca constante por conhecimento e informação! 67 Tipos de Avaliação Institucional Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 4 Faculdade Campos Elíseos 68 Conversa Inicial Este quarto módulo é voltado para o estudo dos tipos de avaliação institucional. Desse modo, percorreremos a respeito de estudarmos sobre a avaliação institucional, sua qualidade educacional, as características. Além disso, estudaremos a respeito dos tipos de avaliação institucional: avaliação sumativa, avaliação de treinamento, avaliação normativa, avaliação criteriais bem como a avaliação externa, interna e auto avaliação, e abordaremos a respeito dos objetivos de auto avaliação, do objetivo da avaliação institucional e seu âmbito de aplicação. Finalmente, estudaremos a respeito da ética na avaliação institucionalDiante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! 69 INTRODUÇÃO A avaliação é hoje talvez um dos temas com maior protagonismo do campo educacional, e não porque seja um novo tópico, mas porque administradores, educadores, pais, estudantes e toda a sociedade como um todo, estão mais conscientes do que nunca da importância e das repercussões da avaliação. Há talvez uma maior conscientização sobre a necessidade de alcançar certos níveis de qualidade educacional, aproveitando de forma adequada os recursos, o tempo e os esforços e, por outro lado, o nível de competição entre indivíduos e instituições também é maior. O processo de avaliação é único. No entanto, existem diferentes fases ou momentos que se desenvolvem ao longo dela. Essas fases ou momentos abordam a avaliação de diferentes perspectivas e com objetivos específicos. Pode-se dizer que um tipo de avaliação corresponde a cada um desses momentos. Como é sabido, existem três tipos de avaliação: inicial, formativa e sumativa que as veremos ao longo desse estudo. 70 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Inicialmente, devemos mencionar o que entendemos por "Avaliação Institucional". De acordo com NÓVOA (1995): "O termo avaliação está vinculado a outros que o maquinam ou determinam, isto é, quando nos referimos a medição, avaliação, avaliação, estimativa e identificamos com a avaliação como um processo cíclico e contínuo de delinear, obter e fornecer informações úteis. para julgar alternativas de decisão”. (NÓVOA, 1995, p.43). Para ele, podemos ver diferentes formas de abordagem da Avaliação Institucional, dentre as quais destacam-se: • Avaliação como sinônimo de medição. • Avaliação como sinônimo de julgamento profissional. • Avaliação como o processo de comparação de dados sobre ações com objetivos claramente definidos. • Avaliação como o processo de identificação e coleta de informações para ajudar aqueles que devem tomar decisões. A avaliação é hoje talvez um dos temas com maior protagonismo do campo educacional, e não porque seja um novo tópico, mas porque administradores, educadores, pais, estudantes e toda a sociedade como um todo, estão mais conscientes do que nunca da importância e das repercussões da avaliação 71 • A avaliação deve ser entendida como um processo para melhorar a qualidade educacional. Aqui vamos parar alguns momentos para refletir sobre o processo para melhorar a qualidade da educação. Por que dizemos que tem que ser um processo? Porque ele forma um conjunto de ações inter-relacionadas para o cumprimento de um propósito específico. Forma um conjunto de ações, porque não podemos concebê-lo como uma ação única. NÓVOA (1995). Já para BOLÍVAR (2003) admitir a avaliação como um processo é um assunto muito complicado quando se trata de pôr em prática, esse deve ser o caso, porque, de outra forma, não é entendido como elas não são introduzidas. 2.1 Qualidade Educacional BOLÍVAR (2003) nos esclarece dizendo que um indicador de qualidade educacional pode ser definido como "a descrição de uma situação, fator ou componente educacional em um ótimo estado de funcionamento". Já BORDIEU (1983) nos diz três imperativos essenciais de qualidade educacional que um centro educacional deve possuir, a saber: - Funcionalidade (o centro atende às necessidades exigidas pelo meio ambiente). - Eficiência (atinge os objetivos propostos.) - Eficiência (atingir esses objetivos com um custo razoável). " Se você for capaz de combinar esses três imperativos essenciais, podemos falar de um centro com qualidade educacional. Para ele, o conceito de "qualidade" nasceu como uma necessidade de melhoria dos processos produtivos sociais, tendendo para a criação de uma cultura de qualidade de processos e produtos de sistemas de negócios em países em desenvolvimento. 72 Desta forma, postula-se que a qualidade na educação é o resultado das inter-relações entre todos os elementos do processo educacional. Portanto, é considerado não como um fim, mas como um instrumento que permite o conhecimento dessas conexões, seus resultados e seus produtos. 2.2 Características Esse processo (de avaliação institucional) deve ter a característica de ser permanente e integradora. Permanente, porque deve ser realizada em todos os momentos e não ter um fim, e integradora porque, de acordo com BORDIEU (1983) "a avaliação não é um apêndice adicionado aos processos educacionais, mas por seu papel orientador de planejadores, gerentes, professores e alunos devem assumir o caráter de uma atividade sistêmica, totalmente integrada com a função educacional e que por tais razões deve ser contínua e não meramente episódica ". BOLÍVAR (2003) nos esclarece dizendo que um indicador de qualidade educacional pode ser definido como "a descrição de uma situação, fator ou componente educacional em um ótimo estado de funcionamento". - Funcionalidade (o centro atende às necessidades exigidas pelo meio ambiente). - Eficiência (atinge os objetivos propostos.) - Eficiência (atingir esses objetivos com um custo razoável). " 73 2.3 Tipos de avaliação institucional AFONSO (2003), distinguir a seguinte tipologia dentro da avaliação institucional: De acordo com a sua funcionalidade, podemos classificá-lo em avaliação sumativa e normativa. 2.3.1 Avaliação Sumativa: É aquela em que os resultados da avaliação são utilizados para uma determinada promoção, credenciamento e / ou qualificação. “desenvolve-se em benefício do educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é educado... Pela curiosidade de conhecer a quem educa e conhecendo, a descoberta de si próprio. Conhecimento das possibilidades dos educandos de contínuo vir a ser, desde que lhe sejam oferecidas oportunidades de viver muitas e desafiadoras situações de vida, desde que se confie neles durante os desafios que lhes oportunizamos. Posturas de avaliação? Posturas de vida!” (HOFMANN, 2009, p.191) HOFMANN (2009) aduz que essa avaliação determina a qualidade de um produto ao atribuir uma classificação. Para ele a avaliação sumativa geralmente tem um caráter final, o que significa que é aplicado no final de um curso, um trimestre ou um programa. As decisões básicas baseadas nesse tipo de avaliação podem ser agrupados, segundo ele, em quatro categorias: • Seleção para ser admitido em um curso, programa ou instituição dentro do sistema educacional ou para um cargo, função ou missão fora dele. (concursos). • Classificação dentro das diferentes alternativas educacionais oferecidas em um determinado ponto do sistema. • Promoção de um nível educacional para outro. • Certificação de competências. 74 2.3.2 Avaliação De Treinamento: É essa avaliação que visa aperfeiçoar o processo que é avaliado, ocorrendo ao longo de todo o ciclo de ensino. DEMO (1995), destaca que essa avaliação pode ser aplicada a qualquer momento, e sua principal função é o feedback. Além disso, ele menciona seis principais usos da avaliação formativa para se conhecer: 1) A tomada de decisão eficaz para assegurar a sequência correta e o ritmo de aprendizado. 2) Fornecer feedback aos alunos sobre sua situação em diferentes momentos do processo de aprendizagem. 3) Também fornece feedback para o professor. 4) Permite estabelecer as situações de aprendizagem adequadas. 5) Permite algum grau de previsão em relação ao aprendizado futuro dos alunos 6) Ele desempenha um papel essencial na pesquisa ativa, que, por sua vez, é um fator importante na inovação educacional e no desenvolvimentoprofissional de professores em serviço. "a avaliação não é um apêndice adicionado aos processos educacionais, mas por seu papel orientador de planejadores, gerentes, professores e alunos devem assumir o caráter de uma atividade sistêmica, totalmente integrada com a função educacional e que por tais razões deve ser contínua e não meramente episódica ". 75 De acordo com o modelo padrão AFONSO (2003), aduz que este pode ser classificado em Normativo e em Critério. 2.3.3 Avaliação Normativa: É o que emerge quando compara resultados grupais e gerais com a norma avaliadora aplicada. Este tipo de avaliação requer estabelecer uma norma ou escala de referência, feita após estudos estatísticos de desempenho, com o objetivo de obter uma qualificação. Para AFONSO (2003): “a avaliação padronizada ("normativa") desempenha um papel predominantemente social, a regra é extraída de um conjunto de disciplinas e o resultado da avaliação geralmente é usado para justificar, antes de uma entidade ou sociedade escolar em geral, que um determinado assunto atende certas condições ". (AFONSO, 2003, p.13). Sendo assim, podemos afirmar que o autor acima mencionado deseja ir além da avaliação normativa, a fim de prevalecer a avaliação personalizada. Em resumo, na avaliação normativa afirma que "é um recurso social útil para tarefas de seleção, mas isso diz muito pouco sobre a educação em si". AFONSO (2003). A avaliação padronizada é um bom elemento para classificar os alunos, mas não o suficiente para sua educação. Sendo assim, podemos afirmar que o autor acima mencionado deseja ir além da avaliação normativa, a fim de prevalecer a avaliação personalizada. A avaliação padronizada é um bom elemento para classificar os alunos, mas não o suficiente para sua educação. 76 2.3.4 Avaliação Criteriais Essa avaliação considera as situações específicas de cada aluno/ instituição de acordo com os padrões ensinados. Um critério usado de acordo com AFONSO (2003) e: "um princípio ao qual nos referimos, e que nos permite distinguir o verdadeiro do falso, ou mais precisamente" é uma propriedade de um sujeito ou objeto, segundo o qual formulamos sobre ele um julgamento de apreciação ". (AFONSO, 2003, p.15). Já na educação personalizada, BOLÍVAR (2003) afirma que" a avaliação não é simplesmente uma atividade normalizada, mas deve levar em consideração as condições pessoais do assunto. Ou seja, o que pode ser chamado de avaliação personalizada pode ser chamado, para saber o que é possível e deve ser exigido de cada aluno ". O autor mencionado também diz que “se a avaliação deve ser considerada como um elemento educacional, isto é, se é para ser usada para ajudar um sujeito no processo de sua melhoria, em uma educação personalizada é essencial usar a avaliação personalizada, ou seja, a avaliação referida em um critério. "um princípio ao qual nos referimos, e que nos permite distinguir o verdadeiro do falso, ou mais precisamente" é uma propriedade de um sujeito ou objeto, segundo o qual formulamos sobre ele um julgamento de apreciação ". (AFONSO, 2003, p.15). 77 Sendo assim, de acordo com o agente que o realiza, podemos visualizar uma Avaliação Externa e uma Avaliação interna ou auto avaliação, como veremos a seguir: 2.3.5 A avaliação externa, interna e auto avaliação Para DIAS SOBRINHO (2008), é aquela que é realizada por agentes externos à Instituição Escolar. Nesta reflexão, começamos a pensar que a avaliação institucional supõe um processo complexo para determinar o valor da competência, o que implica na verdade, estritamente falando, a etapa final de um processo, ou seja, um momento no caminho para apreciar o que foi feito e uma delicada tarefa de interpretar um conjunto de elementos que interagem para configurar uma realidade particular e significativa. Decidir como continuar, se continuar e aprofundá-la, pode-se dizer que a avaliação que é formulada deve aspirar a credibilidade e consenso. DEMO (1995), destaca que: “Se, por definição, as competências da avaliação institucional são operações mentais que articulam e mobilizam os conhecimentos, as habilidades e os valores, as habilidades seriam, então, elementos constitutivos das competências. A identificação das competências, das habilidades e das bases tecnológicas, feita de forma separada, fragmentada, nas matrizes de referência das áreas profissionais, converte-se, portanto, em uma incoerência teórico-metodológica. (DEMO, 1995, p. 26). “à avaliação padronizada ("normativa") desempenha um papel predominantemente social, a regra é extraída de um conjunto de disciplinas e o resultado da avaliação geralmente é usado para justificar, antes de uma entidade ou sociedade escolar em geral, que um determinado assunto atende certas condições ". (AFONSO, 2003, p.13). 78 Já a avaliação interna, da mesma forma, não são os dados, embora estes sejam indispensáveis, mas o processo pelo qual o valor das ações e realizações é apreciado e discernido; um processo profundamente humano que é nutrido e articulado em diálogo, discussão e reflexão. DEMO (1995). Na avaliação externa, é apreciada "a organização e o funcionamento da instituição, o enredo de seu desenvolvimento é observado, os processos e os resultados são valorizados e os cursos de ação recomendados". DEMO (1995). É feito por pessoas que não pertencem ao instituto. - educação universitária, independente em seus critérios, embora com base no projeto institucional do mesmo, e com base na auto avaliação realizada. Desse modo, para se realizar a avaliação externa, diretrizes ou critérios gerais são definidos com o tempo e a experiência, onde serão enriquecidos e reformulados. Cada caso exigirá uma adaptação específica da avaliação externa às suas particularidades. DEMO (1995). Em se tratando de auto avaliação descrita como avaliação interna é aquela que, de acordo com DEMO (1995): “é realizada a partir da própria instituição, e sempre com o mesmo propósito que a avaliação externa que é melhorar a qualidade da educação. Mais tarde, vamos nos concentrar no propósito da avaliação e no conceito de "Qualidade educacional". A avaliação interna "nos informa de um processo decorrente da necessidade de refletir a partir do próprio contexto, por parte dos agentes envolvidos, no valor e alcance das atividades realizadas". (DEMO, 1995, p. 27). Para ele, seu objetivo, como qualquer outra modalidade avaliação, está orientada para a obtenção da informação mais relevante considerada dentro de um processo ou qualquer situação, no entanto, o fato de ser auto avaliação supõe uma diferença substancial com outros modos de avaliação. Trata-se do fato de que tanto o processo quanto a metodologia e a informação obtidas são realizadas, elaboradas e contrastadas das próprias necessidades, dos valores e do ponto de vista dos próprios agentes e da função social que realizam. 79 Consideramos o principal fator de sucesso em qualquer auto avaliação para a participação e comprometimento assumidos por todos os agentes educacionais da instituição e, para Demo, no que diz respeito à participação, que "o conceito de participação como desenvolvimento humano é descrito como crescimento, diálogo, convivência, formação humana, responsabilidade, intervenção, resolução de problemas, liberdade, tolerância, receptividade, relacionamentos e diversidade ". 2.3.5.1 Objetivos de auto avaliação De acordo com BOLÍVAR (2003), são eles: - Fornece informações válidas para a tomada de decisões - Dão uma visão global da situação no momento da instituição - Eles servem como base, para iniciar o processo de avaliaçãoexterna. - Fornecem ferramentas válidas para melhorar a qualidade educacional. “Se, por definição, as competências da avaliação institucional são operações mentais que articulam e mobilizam os conhecimentos, as habilidades e os valores, as habilidades seriam, então, elementos constitutivos das competências. A identificação das competências, das habilidades e das bases tecnológicas, feita de forma separada, fragmentada, nas matrizes de referência das áreas profissionais, converte-se, portanto, em uma incoerência teórico-metodológica. (DEMO, 1995, p. 26). 80 OBJETIVO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL No que tange ao objetivo final da avaliação, esta é a de melhorar a qualidade da educação. Se esse objetivo não for cumprido, entendemos que a essência fundamental do processo de avaliação está perdida. O conceito de qualidade é sempre um conceito abstrato e relativo, isto é, qualidade em relação a. Tem um caráter comparativo. É multidimensional. DIAS SOBRINHO (2008). Desse modo, para ele é necessário ter um quadro de referência com o qual ele deve se confrontar, sendo constituído entre outros aspectos pela natureza da Instituição a ser avaliada, seu Projeto Educacional Institucional, seus objetivos, etc. Em suma, a resposta à pergunta por que avaliar? é clara: "Melhorar a qualidade educacional do centro através de alguns dos seguintes objetivos, a saber, de acordo com DIAS SOBRINHO (2008): · Conhecer a situação inicial do centro. · Facilitar a formulação de um modelo de ação. · Detectar as dificuldades que surgem. · Detectar progressivamente elementos positivos. · Regular o processo de aplicação contínua do modelo de ação. · Conhecer os resultados obtidos no final do período fixado para a implementação do modelo. · Valorizar os resultados obtidos. · Repensar o modelo de ação do centro. A qualidade educacional é favorecida, como finalidade final, através de vários julgamentos, dando bases sólidas e profissionais para a tomada de decisões. O Julgamento do Valor que emana em qualquer avaliação será o produto de uma elaboração feita por especialistas, por profissionais da educação. Vejamos o que diz HOFFMANN (2009): 81 "A avaliação deve proporcionar uma compreensão mais profunda do processo educacional, deve produzir julgamentos de valor profissional, com base em pressupostos avaliativos devidamente esclarecidos, em dados empíricos e em pressupostos sobre a validade dos julgamentos que devem estar intimamente relacionados. Com os objetivos, conteúdos e funções da entidade avaliada, esses julgamentos devem ser apresentados de forma a que eles participem do processo de tomada de decisão". (HOFFMANN, 2009, p.36) Desse modo, os diretores do centro, com o julgamento de valor que são apresentados pelos profissionais, através do relatório de avaliação, têm uma ferramenta verdadeiramente útil para a tomada de decisões que levará a melhorar a qualidade educacional do instituto que dirigem. 3.1 Âmbito de Aplicação Uma vez que damos o quadro conceitual para a avaliação, devemos indicar quem é avaliado? Qual é a avaliação destinada? Existe uma tendência para expressar que o avaliado é o corpo estudantil em geral, mas a avaliação vai muito além do aluno, pois cobre a Administração Educacional e o Centro Escolar. Por que a avaliação foi focada nos estudantes? Podemos afirmar que focar a avaliação no aluno é uma interpretação errada de como a avaliação deve ser realizada e concordamos com muitos autores que declararam como a avaliação foi utilizada como elemento de poder para sancionar quando os resultados esperados não foram obtidos. É necessário ter um quadro de referência com o qual ele deve se confrontar, sendo constituído entre outros aspectos pela natureza da Instituição a ser avaliada, seu Projeto Educacional Institucional, seus objetivos, etc. 82 No entanto, esse uso inadequado de avaliação, que leva a centralizá-la nos alunos, nos dá as bases necessárias para enfatizar a importância da avaliação do Centro Escolar, considerando-se o principal indicador da qualidade do funcionamento do sistema educacional. É o desempenho do aluno condicionado pela organização do centro. HOFFMANN (2009). A administração educacional é avaliada, de acordo com HOFFMANN (2009) porque é aí que toda a gerência é administrada, e erros podem ser detectados que prejudicam a assimilada qualidade educacional. O Centro Escolar é avaliado, pois é um eixo e peça-chave de qualquer sistema educacional. Ele destaca que “o sistema educacional está a serviço dos alunos e perderia o seu significado se os objetivos de treinamento propostos não fossem alcançados principalmente, mas onde ocorre a ação educacional sistemática? Obviamente, nos centros escolares". HOFFMANN (2009). Desse modo, estes são o eixo e peça-chave de qualquer sistema educacional, porque abrange os diretores, os professores, a família e a comunidade onde a escola opera. 4 ÉTICA NA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A análise ética tem um papel significativo na avaliação, sem ela não existiria. Acreditamos que a avaliação e a ética andam juntas desde o início, senão vejamos: "Mais importante do que avaliar e avaliar bem, é saber quais pessoas e quais valores avalia a avaliação. Porque a avaliação é mais um processo ético do que uma atividade técnica". (BORDIEU, 1983). 83 Então, podemos afirmar que "os aspectos técnicos (da avaliação institucional) adquirem o significado quando são orientados por princípios éticos. Há duas categorias a serem objetivas e justas, como questões de raciocínio técnico e preocupações, o que leva a perguntas sobre o que avaliar, quando avaliar e como avaliar. Com bases científicas para garantir o rigor dos métodos racionalmente planejados com preocupações substantivas da perspectiva ética, surgem questões que expressam o interesse de conhecer o serviço de quem é a avaliação, quais os objetivos perseguidos e quais os usos serão dados à informação e os resultados da avaliação. AFONSO (2003). Desse modo, Bordieu diz que a avaliação é uma questão ética e não uma questão técnica, porque as pessoas que fazem julgamentos de valor sobre uma situação em que outras pessoas estão envolvidas interagem. Já no que diz respeito aos aspectos técnicos da avaliação, devemos mencionar que eles realmente adquirem o significado quando orientados por princípios éticos e, portanto, podemos descartar o que podemos chamar de avaliação oculta, que é guiada por parâmetros desconhecidos para os avaliados. É assim que AFONSO (2003) afirma que "os efeitos benéficos da avaliação podem ser facilmente anulados, quando: - Desqualificando o próprio processo de avaliação como não científico ou insignificante. Podemos afirmar que focar a avaliação no aluno é uma interpretação errada de como a avaliação deve ser realizada e concordamos com muitos autores que declararam como a avaliação foi utilizada como elemento de poder para sancionar quando os resultados esperados não foram obtidos. 84 - Atribuindo os resultados da avaliação a várias causas que o isentam de levá-lo em consideração. - Manipulando as conclusões que podem ser extraídas do processo de avaliação". Existe um acordo entre todos os autores sobre a questão ética e quase todos enfatizam que não deve ser uma atividade punitiva e que não deve servir para padronizar, nem prescrever, mas para interpretar, mudar e melhorar a instituição. NÓVOA (1995) enfatiza: "que deve ser avaliado eticamente, se não corremos o risco de a avaliação se tornar um instrumento de opressão" (NÓVOA, 1995, p.44) Já BOLÍVAR (2003) também diz que a avaliação "tem sido uma ferramenta de controle, de ameaçae até de vingança.” Desse modo, por tudo o que foi exposto neste capítulo, e tendo em conta o número de autores que definem a Avaliação Institucional, destacamos a importância de saber a respeito das várias classes de avaliação educacional e suas aplicações e implicações. "Mais importante do que avaliar e avaliar bem, é saber quais pessoas e quais valores avalia a avaliação. Porque a avaliação é mais um processo ético do que uma atividade técnica". (BORDIEU, 1983). 85 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos perceber através do presente estudo, foi possível definirmos a avaliação institucional como: - Um processo permanente e integrativo, desenvolvido em e / ou fora da instituição, para os efeitos de favorecer a qualidade educativa, através de julgamentos de valor, dando base para a tomada de decisões. - A avaliação institucional, vai além do aluno como objeto de avaliação, como aparece ambos à administração educativa, ao centro escolar e ao aluno. - É configurado como uma prática reflexiva e sistemática que é sustentada em seus três ajustes fundamentais, axiológicos, teóricos e metodológicos. Logo, a importância de se estudar referido tema é evidente, atual e extremamente necessária. Ao final deste módulo, queremos incentivá-lo a permanecer na busca constante por conhecimento e informação! 86 O CENÁRIO CURRICULAR CONTEMPORÂNEO: COMPOSIÇÕES Patrícia Helena Ferreira Teoria do Currículo. Módulo – O cenário curricular contemporâneo: composições. - Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 5 – Teoria do Currículo 1. Currículo oficial 2. Hibridismo 3. Interdisciplinaridade Faculdade Campos Elíseos 87 Conversa Inicial Caro(a) aluno(a), Chegamos ao último módulo da disciplina “Teoria do Currículo”. No módulo 5, Teorias Pós-Críticas: novos atores e agendas, discutimos os desdobramentos das discussões sobre currículo a partir da perspectiva sócio- histórico, deslocando o foco da noção de ideologia para de discurso, o que acarretou uma importante mudança na forma de concebermos o currículo. Percorremos algumas vertentes que deslindaram a partir da problematização pós-crítica, a saber, o “multiculturalismo”, os “estudos culturais”, as “pedagogias feminista e queer”, as “questões de gênero”, o “pós-estruturalismo” e o “pós- colonialismo”. No módulo “O cenário curricular contemporâneo: composições”, abordaremos algumas questões importantes que acabam por decorrer desse debate intenso sobre currículo nos últimos 50 anos, tais como a característica híbrida dos currículos que se apresentam atualmente, a necessidade de estabelecimento de currículos oficiais em termos mundiais e a tendência a arranjos curriculares diversos que ultrapassem a lógi"ca das disciplinas. Acenamos que serão tratadas questões muito importantes para a problematização das práticas escolares e possibilidade de atuação dos gestores educacionais. A todos um ótimo aprendizado! 88 1. Mas, afinal, o que quer um currículo? Sandra Mara Corazza, Professora Titular do Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRG, é uma pesquisadora com inspiração pós-estruturalista que tem no campo curricular um dos seus principais temas de pesquisa. A epígrafe da autora, escolhida para iniciarmos nosso último módulo, faz com que nos perguntemos: Afinal, para que elaboramos currículos? O que os currículos escolares têm a ver com nossos modos de pensar e ser no mundo? Que efeitos os mesmos produzem em termos de fabricação de subjetividades e de conformação social? Percorremos até aqui uma jornada na qual analisamos a emergência dos estudos sobre currículo e sua importância no campo educativo. Nesse trajeto pudemos perceber, como nos lembra Tomaz Tadeu da Silva, que o currículo é um artefato social e histórico, que tem como uma de suas características principais a não fixidez em uma só conceituação. Essa polissemia do conceito está diretamente relacionada às questões históricas que atravessaram as conformações sociais, modificando-as e sendo modificadas pelas mesmas. Um currículo, como linguagem, é uma prática social, discursiva e não discursiva, que se corporifica em instituições, saberes, normas, prescrições morais, regulamentos, programas, relações, valores, modos de ser sujeito. Sandra Corazza 89 Nas palavras do autor “no contexto da história do currículo é preciso desconfiar particularmente da tentação de atribuir um significado e um conteúdo fixos a disciplinas escolares que podem ter em comum apenas os nomes” (SILVA, 1996, p. 78), pois o currículo é formado por conhecimentos considerados socialmente válidos. Essa validação tem muito a ver com o contexto histórico- social, bem como as crenças, expectativas, visões sociais e os conhecimentos de uma época. O currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado em relações de poder, o currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares. O currículo não é um elemento atemporal – ele tem uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação (SILVA, 1996, p. 83). Tendo em vista tal caráter, qual seria então o papel dos educadores e, principalmente, gestores educacionais? Segundo Corazza (2001), devemos olhar o currículo com certa suspeita: 1. Estranhá-lo, desnaturalizá-lo, em sua aparente essência; 2. Olhá-lo então como uma tecnologia de poder e controle das populações, à moda da perspectiva pós-estruturalista; 3. Pensar quais as implicações que o mesmo tem na constituição de relações de poder e de novas subjetividades; 4. Perguntarmos sobre seus efeitos de poder, ou seja, como o currículo contribui para a formação de um determinado tipo de sujeito e de sociedade. 90 Nos últimos tempos temos convivido com uma vastidão de propostas curriculares, seja no microcosmo das prefeituras, seja no macrocosmo dos estados nacionais e até indicações de órgãos internacionais. Tais propostas costumam apregoar as mais novas conquistas no campo das ciências em geral, dando destaque às tecnologias e à psicologia como detentora das formas de pensar e aprender dos indivíduos. Faremos, nesse último módulo, uma breve análise de questões contemporâneas que têm povoado os estudos curriculares e os debates educacionais, a saber: a hibridização dos currículos, a proposição de currículos oficiais e a possibilidade de arranjos curriculares que ultrapassam a lógica das disciplinas. Adentremos ao debate! 2. O currículo: um campo híbrido Fonte: https://www.colourbox.com/ https://www.colourbox.com/ 91 A figura acima é chamada Khepri. É um deus da Mitologia Egípcia. Deus Sol, símbolo da vida eterna, era a imagem da constante transformação da existência. Com corpo de homem e cabeça de escaravelho, essa figura mitológica é associada ao renascimento e renovação, uma vez que o referido inseto põe seus ovos nos corpos mortos de outros animais, gerando vida onde havia a princípio morte. Khepri representa também, como tantas outras figuras mitológicas antigas, o híbrido, a mistura. A palavra híbrido, provém do grego hybris, significando inicialmente uma miscigenação ou mistura que violava as leis naturais. Para os gregos o termo correspondia à desmedida, ao ultrapassar das fronteiras, ato que exigia imediata punição. Pelo tom negativo inicialmentedado ao termo, muitas vezes a palavra foi associada ao irregular, anômalo, anormal, aberrante etc. Lembrem-se do monstro grego Minotauro, cujo corpo de homem e cabeça de touro aterrorizava muitas histórias da antiga Grécia. Porém, híbrido é também “o que participa de dois ou mais conjuntos, gêneros ou estilos. Considera-se híbrida a composição de dois elementos diversos anomalamente reunidos para originar um terceiro elemento que pode ter as características dos dois primeiros reforçadas ou reduzidas” (DICIONÁRIO INFORMAL ONLINE, 2017). Em termos históricos, como nos lembra Inés Dussel (2010) a hibridização tem uma história que tem estreita relação com o colonialismo. O termo híbrido começou a ser utilizado no século XIX no campo da biologia, fortalecido pelo impulso classificatório da ciência da época. Em tal campo, as pesquisas classificavam as espécies como puras (normais) e híbridas (resultado do entrecruzamento de duas raças puras). No auge do colonialismo, a noção de hibridização também estava relacionada à impureza e imperfeição, uma vez que justificava as diferenças raciais e a supremacia de uma raça sobre a outra. A hibridização fazia parte então do governo biopolítico das populações, controlando os indivíduos e impedindo “impurezas” do ponto de vista da linguagem (instaurando uma linguagem oficial) e do sexo (não recomendando a procriação entre raças diferentes). 92 Na contemporaneidade a noção de híbrido ganhou novo teor, agora para descrever os fenômenos difusos da sociedade atual. O hibridismo tem a ver com a “ruptura com a ideia de pureza e de determinações unívocas” (DUSSEL, 2010, p. 65). Associado às teorias pós-colonialistas (vide módulo 4 da nossa disciplina), o hibridismo não é considerado como uma síntese dialética, mas uma ruptura e associação ao mesmo tempo – representa o novo e não a junção de outros modelos já existentes. E quando pensamos em currículos híbridos, do que estamos falando? O termo hibridização do currículo tem sido usado por diversos autores (Inés Dussel, Alice Casimiro Lopes, Edil Vasconcellos de Paiva, Maria do Carmo de Matos) para analisar algumas práticas que procuram compor elementos de diversos campos, formando um discurso “mestiço” sobre currículo. Segundo Dussel (2010) a própria noção de currículo pode ser considerada como híbrida, pois “combinam distintas tradições e movimentos disciplinares, construindo coalizões que dão lugar a consensos particulares” (DUSSEL, 2010, p. 70). Os currículos atuais operam com rapidez para incluir discursos distintos, fazendo com que haja uma perda de marcadores originais de discursos. As reformas curriculares são exemplos dessa hibridização dos currículos, pois se alimentam frequentemente de modelos já existentes em outros contextos, operando um processo de tradução e criação de novos sentidos. “A hibridização mobiliza alguns sentidos e reprime ou apaga outros. Constrói-se tanto pelo reconhecimento e sanção de alguns discursos, como pelo esquecimento e repressão de outros” (DUSSEL, 2010, p. 74). Para Alice Casimiro Lopes a incorporação da categoria hibridismo faz com percebamos as políticas de currículo em termos de políticas culturais que visam obter consenso de uma dada ordem ou alcançar uma transformação social desejada, ultrapassando as questões meramente de seleção e distribuição do conhecimento. Nesse movimento há notadamente uma combinação singular, a qual depende do contexto sociopolítico, fazendo com que, por exemplo, alguns discursos de inspiração da teoria crítica possam incorporar categorias da teoria pós-crítica e vice-versa. 93 Para a autora, há que se ter um olhar cuidadoso para a questão, pois as hibridizações não são panaceias para o movimento social contemporâneo. “Há relações de poder oblíquas que favorecem determinados sentidos e significados em detrimento de outros nos processos de negociação, nos quais os deslizamentos de sentidos são formas de escape da opressão” (LOPES, 2005, p. 60). Caberia aos teóricos de currículo verificar o que é privilegiado, o que é deixado de lado e as razões dessa escolha. Não mais demonizado como na antiguidade e no auge da modernidade oitocentista, o híbrido pode ser considerado como uma categoria que traz possibilidades de olharmos o mundo fora dos binarismos que fomos acostumados: bem/mal, macro/micro, global/local etc. Porém, como nos alertam alguns autores, temos que ser vigilantes a respeito de fusões ou tentativas de englobamento de discursos que não se conversam, especialmente pelos princípios díspares em que se sustentam. Adensando um pouco mais nossa análise passaremos ao tópico da construção de políticas oficiais de currículo: os chamados currículos nacionais. 3. Os currículos oficiais: tensões e polêmicas Fonte: http://www.feuc.br/revista/index.php/tag/avaliacao-escolar/ http://www.feuc.br/revista/index.php/tag/avaliacao-escolar/ 94 Na contemporaneidade temos cada vez mais nos deparado com as questões sociais que tratam do respeito à diversidade e à diferença, bem como a inclusão de todos na sociedade. Essas questões estão diretamente ligadas ao princípio da justiça social. Uma pergunta que tem balizado muitas dessas preocupações é: como a educação pode trabalhar para tal fim? Que mecanismos os Estados têm para garantir a todos uma educação de qualidade? A garantia da equidade é uma das questões que mais têm aparecido nos debates educacionais e, por consequência, curriculares. Face a essas e outras questões houve, a partir da segunda metade do século XX, a preocupação, por parte dos governos, em estabelecer currículos oficiais os quais, segundo os proponentes, garantiriam uma base comum a todos os cidadãos. A partir de então várias propostas foram elaboradas, em diferentes países, sob prismas diversificados. Podemos citar, como exemplos, a proposição de currículos oficiais em países como Austrália, Estados Unidos, Espanha, Argentina, Chile, África do Sul e Coreia do Sul. A proposição de currículos oficiais é um campo polêmico pois há sempre disputas em torno do que irá ser valorizado como conhecimento, quais os interesses estão sendo privilegiados, que grupos estão participando dessa elaboração, enfim um cenário de poder e lutas por interesses diversos. Não podemos esquecer do que Tomaz Tadeu da Silva nos alerta sobre a não neutralidade e essencialidade do currículo. Equidade Se recorrermos ao dicionário, a palavra equidade é definida como “virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos”. No que diz respeito à utilização do termo equidade na educação podemos dizer que a equidade trabalha com uma ampliação da questão da igualdade, ultrapassando o oferecimento de oportunidades iguais, para pensar em “oportunidades diferentes aos diferentes”. Não se trata somente da igualdade de acesso igualdade de recursos, mas a igualdade de resultados e competências. 95 E no Brasil, como esse movimento em busca de orientações nacionais tem se dado? Segundo Mello (2014) a educação oficial brasileira começou ao inverso, com a criação inicialmente de Instituições de Ensino Superior, logo após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Somente nos anos 40 do século XX, com a criação das Leis Orgânicas, houve a fixação de disciplinas obrigatórias para os currículos do que chamamos hoje de educação básica. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4.024/1961) manteve a concepção de currículo adotada pelas leis orgânicas, privilegiando o conhecimento dividido em disciplinas. Nesta mesma época foi criado oConselho Federal de Educação (CFE), o qual foi responsabilizado por definir as disciplinas obrigatórias e criar os Conselhos Estaduais de Educação (CEE). O governo militar procedeu a uma revisão dos marcos legais educacionais com a criação de duas leis: a Lei 5.540/1968, a qual instituiu a Reforma do Ensino Universitário, e a Lei 5.692/1971, que organizou o ensino de primeiro e segundo graus. Nessa última legislação foi criado o Núcleo Comum, composto pelas disciplinas obrigatórias, e a Parte Diversificada, de competência dos Conselhos Estaduais de Educação. O Parecer CFE 853/1971 regulamentou a Lei 5.692/1971, introduzindo o conceito de matéria, que poderia se apresentar como atividade, área de estudo e disciplina. A partir dos anos 80, com a redemocratização do país, a necessidade de garantia de acesso e permanência na educação foi definida com um dos pontos chave para que o Brasil se tornasse uma nação economicamente viável. A Constituição de 1988 já previa, em seus dispositivos (Artigo 210), que seriam “fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Nesse contexto é que iniciado o debate para a promulgação da atual LDB (Lei 9.394/1996), a qual introduziu importantes modificações nas concepções de educação, ensino, aprendizagem, conhecimento e currículo. 96 A LDB promulgou um modelo curricular baseado em competências, mantendo a Base Nacional Comum que seria definida pelo agora chamado Conselho Nacional de Educação – CNE. Uma das tantas atribuições do Estado nessa nova LDB é a elaboração dos Planos Nacionais de Educação - PNE, que objetivavam definir metas educativas para o país, em períodos de dez anos. Ainda, em seu artigo 9º há a menção da elaboração de “diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum” (BRASIL, 1996). Cabe acrescentar que as diretrizes são linhas gerais, de dimensões normativas, que norteiam a elaboração dos currículos pelos entes federativos. As primeiras Diretrizes Nacionais para Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio foram elaboradas e aprovadas entre 1998 e 2000. Posteriormente, com a introdução do Ensino Fundamental de 9 anos, as mesmas foram redimensionadas em função das várias modificações na legislação, como a extensão da obrigatoriedade do ensino gratuito das 4 aos 17 anos, que acabaram por ampliar os direitos de educação de crianças, jovens e adultos. Além das Diretrizes para a Educação Infantil, para o Ensino Fundamental e Médio foram elaboradas diretrizes para a Educação no Campo, a Educação Indígena, a Quilombola, para a Educação Especial, para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos estabelecimentos penais e para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. as diretrizes curriculares nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Ambiental, a Educação em Direitos Humanos e para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 97 Resumo dos Principais Pareceres e Resoluções: Paralelamente à elaboração das Diretrizes Curriculares, o MEC organizou os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, ao longo do período de 1995 e 1998, bem como os Referenciais Curriculares para Educação Infantil. Os PCNs contêm propostas detalhadas de conteúdos por disciplina, os quais são divididos em conhecimentos, procedimentos e valores. Foram introduzidos nesses documentos os chamados Temas Transversais, os quais perpassariam as diferentes áreas do conhecimento. Os temas transversais introduzidos foram: saúde, ecologia, orientação sexual, ética, pluralidade étnica, trabalho e economia. Apesar de não possuírem caráter normativo os PCNs tiveram muita influência na elaboração de livros didáticos e até na escrita das próprias diretrizes curriculares, as quais deveriam, pelo contrário, guiar a escrita dos PCNs. • Parecer CNE/CEB nº 07/10 e Resolução CNE/CEB nº 04/10 – Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica; • Parecer CNE/CEB nº 20/09 e Resolução CNE/CEB nº 05/09 - Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Infantil; • Parecer CNE/CEB nº 11/10 e Resolução CNE/CEB nº 07/10 - Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o Ensino Fundamental de 9 anos. • Parecer CNE/CEB nº 13/09 e Resolução CNE/CEB nº 04/09 - Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial; • Parecer CNE/CEB 003/04 e Resolução CNE/CEB 01/04 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; 98 Para Carlos Jamil Cury (2202, p. 191), O material enviado pelo MEC ao Conselho não é o conjunto de conteúdos mínimos e obrigatórios para o ensino fundamental e também não é, direta e imediatamente, uma proposta de diretrizes. Ele é um complexo de propostas curriculares em que se mesclam diretrizes axiológicas, orientações metodológicas, conteúdos específicos de disciplinas e conteúdos a serem trabalhados de modo transversal e sem o caráter de obrigatoriedade próprio da formação básica comum do art. 210 da CF/88. Diante desse caráter não normativo dos PCNs e das constantes cobranças dos organismos internacionais em termos de criação de competências mínimas para atuação na sociedade, a discussão sobre a elaboração de conteúdos mínimos para a nação, atrelada a uma política de avaliações externas que parametrizaria essas escolhas, continuou sendo feita. Em 2014, após a edição de um novo PNE – Plano Nacional de Educação, iniciou- se a elaboração das Bases Nacionais Comuns Curriculares - BNCC. Segundo fontes do MEC a elaboração das Bases iniciou em 2015 e continua até 2017, com a apresentação de 3 versões, após amplo debate e consulta pública. A Base da Educação Infantil e do Ensino Fundamental já foi encaminhada e aprovada pelo Conselho Nacional de Educação, aguardando homologação do MEC. Já o Ensino Médio deverá aguardar até 2019 para ter a aprovação desse documento. Segundo fontes do próprio MEC a BNCC é um documento de caráter normativo o qual tem como objetivo a definição de um conjunto de aprendizagens essenciais desenvolvidas ao longo da etapa da Educação Básica. Ela orientará a elaboração dos currículos em nível estadual e municipal, a formação de professores e até mesmo a elaboração de materiais didáticos. Haverá um papel de complementaridade entre a Base e os currículos regionais, de forma que os mesmos sigam e complementem a primeira. 99 Na última versão das BNCC foram adotadas 10 competências gerais que perpassam todos os componentes curriculares da Educação Básica. Resumidamente, são elas: • A valorização dos conhecimentos historicamente construídos; • O exercício da curiosidade intelectual e da abordagem científica; • A valorização do senso estético; • A utilização das diversas linguagens para a comunicação de ideias e informações; • A utilização da tecnologia digitais em uma perspectiva crítica; • A valorização das diferentes vivências culturais e da diversidade de saberes; • O exercício da argumentação; • O autoconhecimento e o autocuidado; • O exercício do diálogo, da cooperação e da resolução de conflitos, de forma a respeitar e acolher a diversidade entre os indivíduos; • A ação autônoma, responsável e resiliente, com base em padrões democráticos e solidários. Dessa forma, ao apresentarmos um breve panorama dos rumos da política educacional curricular no Brasil não podemos deixar de traçarmosalgumas considerações acerca dos arranjos que são feitos, das implicações dessas escolhas e do teor desses documentos. A pesquisadora Sonia Kramer (1997) nos ajuda a pensarmos alguns pontos interessantes ao olharmos as políticas públicas para currículo. Inicialmente, Kramer lembra que uma proposta curricular é um caminho e não um lugar, e como caminho é fruto de um processo histórico, daí não podemos entendê-la como a coisa em si ou como uma essencialidade, pois está carregada de valores, lutas, interesses e problemas enfrentados. Ao mesmo tempo, todas as propostas parecem, de certa forma, ao trazer o “novo”, superar e deixar para 100 trás tudo o que foi construído. Há um embate entre o novo (melhor) e o tradicional (ultrapassado). Indaga Kramer, porém, do que é feito esse novo? Quais suas seduções e contradições? Há, segundo a autora, uma tentativa de negação da história da construção de todo o processo, sempre na perspectiva do novo como evolução. Por fim, gostaríamos de destacar a questão da heterogeneidade cultural e social, que deve ser sempre levada em consideração nas apostas que são feitas quando um “novo” currículo é apresentado. Para Alice Casimiro Lopes as atuais políticas sobre currículo no Brasil são caracterizadas por um hibridismo de concepções que acabam por formar “discursos ambíguos em que as marcas originais permanecem, mas são simultaneamente apagadas pelas interconexões estabelecidas em uma bricolagem, visando sua legitimação” (LOPES, 2005, p. 57-58). São exemplos desse hibridismo a utilização simultânea de conceitos de construtivismo, competências, currículo interdisciplinar e temas transversais, valorização dos saberes populares e dos saberes adequados à globalização etc. Lopes afirma que tais discursos assumem a característica de ambivalência, na tentativa de superação das concepções binárias, tais como as de identidade e diferença. Tais ambivalências, podem, segundo a autora, produzir deslizamentos de sentidos, favorecendo ações diversas e não ortodoxas e a incorporação de novos discursos chamados de críticos ou alternativos. A questão da hibridização dos currículos, já discutida anteriormente em nosso módulo, é uma das grandes temáticas a ser enfrentada nos dias atuais. 4. Da disciplinaridade a outras possibilidades de composições Como vimos nos capítulos anteriores, ao longo do século XX e primeiras décadas do século XXI, o currículo escolar vem sendo tematizado e problematizado em meio à disputa por hegemonia no pensamento educacional. 101 Em meio às produções do pensamento pedagógico, várias propostas de promoção de integração no currículo, com diferentes denominações, foram lançadas. Dentre elas, o discurso do currículo global, da pedagogia de projetos de trabalho, do currículo interdisciplinar, do currículo por temas transversais. Tais propostas são assentadas numa crítica ao currículo tradicional que, conforme aqui discorremos, é orientado por uma lógica sequencial, supostamente evolutiva, centrada na ideia de que há um modo determinado de ensinar e de aprender. Um modo dado de antemão, previsto numa ordem no tempo e evolutivo em termos de complexidade. Vimos que, ali, o conhecimento é tomado como estável e inquestionável. Podemos dizer que a escola tradicional efetivou uma abordagem estritamente disciplinar num modelo disciplinar de escola. Como levantam as teorias críticas e pós-críticas de educação, o currículo sempre quer alguma coisa (CORAZZA, 2001): um determinado tipo de sujeito, de sociedade e formas específicas de se relacionar com o conhecimento. Nesse sentido, antes de pensar a interdisciplinaridade, cabe levantarmos uma questão ao constructo disciplinar: o que quer uma abordagem disciplinar do currículo? 4.1. Disciplinas como campos especializados de saber e cultura escolar A disciplina pode ser considerada como um conjunto específico de conhecimentos que possui características próprias no plano de ensino, da formação, dos mecanismos, dos métodos e das matérias. Guy Michaud 102 O conhecimento é construído cultural e historicamente a partir de questões que homem foi fazendo acerca dos fenômenos do mundo físico, natural e biológico. O conhecimento científico emerge como tal a partir da Renascença e constrói as bases do pensamento ocidental moderno. O investimento em metodologias próprias desdobra-se na reunião de conceitos e objetos próprios de investigação que constituirão áreas específicas do currículo nas academias: as disciplinas – campos especializados de saber. No meio dessa produção, em meados do Século XVIII, temos a criação da escola moderna em que, para a construção de seu currículo, são absorvidos da Academia um conjunto de disciplinas que no interior dessa instituição disciplinar transmuta-se em saber disciplinar escolarizado, produzindo uma cultura escolar. Ou seja, as disciplinas assumiram, na instituição escolar, certa independência à sua referência de origem e a escola passou a produzir dados tipos de saber que se autonomizam e são produzidas na escola e para a escola: as disciplinas escolares. As disciplinas escolares, para além de selecionar conteúdos e conceitos de dadas áreas, impregnam e são impregnadas por um modo de pensar e subjetivar que passa por formas específicas de organização de tempo e espaço, de práticas de exame e vigilância, por dada ordem e classificação e práticas divisoras. Assim, como dispõe Bernstein (LOPES; MACEDO, 2011), a noção de disciplina não se esgota na ideia de uma seleção e organização de conteúdos apenas, mas remete a um ritmo do conhecimento, seu esquadrinhamento e certo enquadramento pedagógico. Oriundo da racionalidade disciplinar, está associada a práticas de classificação e enquadramento, hierarquização e seriação. Havemos, aqui, de destacar que o corpus do saber disciplinar, seja o científico, seja o escolar são efeitos de produção social. Não são naturais e dados a priori. Eles informam as percepções acerca do mundo e as condutas dos indivíduos. E nesse entendimento, no debate curricular, empenha-se a necessidade do conhecimento sobre o conhecimento: um estudo da filosofia das 103 ciências, a história de sua constituição como campo de saber – em que medida e sustentado por quais conceitos ela se justifica como campo – e como foram produzidos seus procedimentos de investigação próprios, para, nesse processo, situar as disciplinas no contexto do jogo de forças em que são produzidas e referendadas, seu papel na produção de sujeitos de que tipo, para uma sociedade de qual forma. 4.2. Propostas de integração disciplinar: O currículo disciplinarizado emergente no Século XVIII é posto em questão no final do Século XIX e ao longo do Século XX. À abordagem disciplinar do currículo escolar, propostas de integração de disciplinas são esboçadas no campo da teoria curricular, a partir da crítica de falta de sentido da aprendizagem, de falta de aplicabilidade dos conhecimentos no mundo real, de certa dissociação dos conteúdos ao cotidiano do aluno e da organização disciplinar rígida e sequencial de conteúdos. A integração das disciplinas responderia a essa forma descontextualizada. Lopes e Macedo (2011) dividem as propostas de integração curricular em três modalidades organizadas em função dos princípios evocados como base de integração: a) integração pelas competências e habilidades; b) integração de conceitos das disciplinas, com manutenção da lógica dos saberes que sustentam as disciplinas de referência; c) integração via interesses dos alunos e emergência de demandas sociais e/ou questões políticas amplas. Vejamos algumas das propostas de integração que tiveram relevante circulação no pensamento pedagógico a partir do Século XX. 4.2.1. Trabalho com projetos Desde as postulaçõesde Dewey, no início do Século XX, o trabalho com projetos em escolas vem sendo apontado como uma alternativa a uma 104 concepção de educação que não consideraria o interesse dos alunos, o contexto dos saberes produzidos, num modelo de ensino centrado no professor, tal como dispõe uma organização disciplinar do currículo. Na proposta de Dewey e de seus sucessores, o currículo é organizado em temas definidos a partir do interesse dos alunos e se preconizava que os saberes devem fazer sentido para a vida e, ao mesmo tempo, favorecer experiências democráticas na escola. São as questões do tema que dispõem a organização e reorganização das disciplinas, não se respeitando necessariamente a ordem das disciplinas constituídas sob a lógica acadêmica e/ou científica (LOPES; MACEDO, 2011). Romper com a lógica acadêmica é um dos objetivos principais da organização por projetos. Variações de metodologias de projetos percutem até a atualidade e giram em torno da noção de que é necessário partir do interesse dos alunos, efetivar uma integração de áreas do conhecimento e deve haver uma relação com o cotidiano. Os temas ou problemas discursados pela metodologia de projetos de trabalho não necessariamente problematizam a realidade social. A partir, especialmente, da década de 90 do Século XX há um grande investimento para um foco curricular no desenvolvimento de competências e habilidades pelos alunos, empenhando-se uma abordagem instrumental ao currículo que teria o papel de oferecer ao mercado, indivíduos aptos para as novas demandas da atualidade. Tal propositiva de orientação curricular não evoca uma problematização do modo de vida e das relações sociais, tomada de forma acrítica e a-histórica, mas, antes, na preparação dos indivíduos às exigências da sociedade contemporâneas ante as mudanças tecnológicas, novas relações com o espaço e tempo e diante do declínio das meta-narrativas que até meados do final do século XX eram apreendidas como grade para entender o mundo. Nesse contexto, também são empenhadas propostas de projetos de integração que se desdobram a partir do levantamento e definições de competências comuns de algumas disciplinas e/ou de uma dada área. As perguntas ou tema dos projetos são empenhados, aqui, não como problemas, mas como meros disparadores, não se vinculando ao objetivo de pensar o mundo, mas antes, preparar-se para ele. 105 4.2.2. Temas transversais Na Espanha, em meados da década de noventa do Século XX, como proposta de enfrentamento ao isolamento disciplinar dos currículos em voga no País, empenha a inserção de temas transversais no currículo escolar. Tratam- se se de temas cujo desenvolvimento e apreensão evocam necessariamente os saberes de diferentes disciplinas, ou seja, uma disciplina isoladamente não daria conta do objeto de conhecimento que constitui o tema. Os temas seriam de ordem universal, de interesse e necessidade da convivência humana e da sobrevivência da espécie e do planeta, tais como os empenhados naquele país: Educação Moral e Cívica, Educação para a Paz, Educação para a Saúde, Educação para a Igualdade de Oportunidades entre os Sexos, Educação Ambiental, Educação Sexual. No Brasil apreende-se essa propositiva e são incluídos alguns temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, dentre os quais: Ética, Pluralidade Cultural, Estudos Econômicos, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual. A proposta dos temas transversais em educação assenta-se na noção de que o ensino não se esgota e não garante sentido quando se visa apenas à transmissão da ciência e da cultura. Para se constituir como ato impregnado de sentido e considerando que seus aspectos subjacentes: uma maneira própria de pensar e conceber uma problemática específica O ensino é encarregado de conservar e transmitir uma tradição cultural herdada de uma problemática milenar, embora às vezes tenhamos esquecido suas raízes. com ela transmitimos também sua grandezas e misérias. Monserrat Moreno 106 Parte da crítica a esse discurso dá conta que se empenha uma tônica moralizante, mobilizando uma noção de valores tomados como universais e marcadamente psicologizante e que, ao fim e ao cabo, ainda que pautem novos temas para o debate social, dentre os quais igualdade de gêneros e sustentabilidade, o trabalho com temas transversais não leva a efeito uma problematização dos modos de vida contemporâneos nem o status quo, nos termos da teoria crítica, vigente e imperativo nos modos de produção de bens e serviços e produção de subjetividades. 4.2.3. Transdisciplinaridade O discurso da transdisciplinaridade ganha corpo a partir da década de 70 do Século XX e parte da crítica ao alcance que o conhecimento científico, altamente especializado, sob a égide de uma abordagem disciplinar, considerando que o mesmo não considera em seu desenvolvimento e na aplicação de seus saberes o caráter ético das decisões dos indivíduos e da sociedade como um todo. Toma como pano de fundo de sua crítica, o acontecimento das duas Guerras Mundiais daquele Século e o impacto destruidor do habitat da vida do homem e das demais formas de vida do planeta, provocado pelo modo fabril e tecnológico de produção e pelo modo de vida contemporâneo no Ocidente. Propõe o reposicionamento da ética na produção e circulação do conhecimento e uma religação entre sujeito e objeto, os quais teriam sido cindidos com o estabelecimento da Modernidade. Portanto, fiquemos alertas – alertas em duplo sentido. Desde Auschwitz sabemos do que o ser humano é capaz. Desde Hiroshima nós sabemos o que está em jogo. Viktor Frankl 107 Essa formação questiona a noção de conhecimento científico que o concebe como positivo em si. Parte da ideia que é necessária a união entre ciência e tradição. Nessa perspectiva, diz-se que é necessário adotar um novo paradigma: o holístico. Essa abordagem põe em questão o estatuto do conhecimento, valorizando a intuição e a tradição como campos de saber, os quais devem ser articulados. Toma-se a totalidade da realidade como parâmetro essencial para a formação do ser humano. Afirma a interdependência de cada parte na composição de um todo. Assim, também de cada ser. Nesse enfoque, não há negação da especialização, mas postula-se a abertura do especialista para o todo e a dialogicidade com outras formas de conhecimento, tendo em vista a complementaridade. A holografia compõe a metáfora dessa abordagem: o todo reflete as partes que compõem o todo. 4.2.4. Interdisciplinaridade Para além da percepção da inter-relação dos conhecimentos das áreas, o conceito de interdisciplinaridade, abordagem claramente situada no bojo da teoria crítica, toma os alunos como sujeitos de sua aprendizagem. Essa é a forma de organização curricular teorizada por Paulo Freire no final dos anos 60 e início dos 70 do Século passado. Nessa composição, parte- se de um tema emerso da realidade social próxima dos alunos e a metodologia de ensino preconizado prevê um processo formativo e reflexão contínua por parte dos educadores que iria da ação-reflexão-ação. Essa é abordagem da Transformar o mundo por meio do seu trabalho, “dizer” o mundo, expressá-lo e expressar-se são o próprio dos seres humanos. Paulo Freire 108 práxis pedagógica alicerçada numa concepção crítica da sociedade, da escola e do conhecimento. A interdisciplinaridade tem dialogicidade como premissa. Assumir o lugar da fala e da expressão é o processo por meio do qual o indivíduo torna-se homem. Constitui, pois, o cerne do processo de hominização do sujeito, de sua libertação e emancipação. Nesse sentido, a relação com o conhecimento ganha sentido quando permite ao aluno a apreensãodo modo de funcionamento das relações de dominação e opressão. Mira-se, para tanto, o indivíduo crítico, autor da própria história, participativo e ativo. Nesse intuito, empenha-se que o “processo de autoconhecimento é o conhecimento de uma totalidade, obrigatoriamente interdisciplinar” (LOPES; MACEDO, 2011, p.134). Na abordagem interdisciplinar, busca-se responder a uma problemática social emersa da realidade. Em um projeto interdisciplinar, os conhecimentos das disciplinas são evocados para a elucidação da questão geradora, partindo- se de uma questão local em direção ao conhecimento socialmente e historicamente construído para retornar a essa realidade instrumentalizado para uma apreensão de seu processo de constituição e com ferramentas conceituais que permitam aos indivíduos uma ação mais consciente e socialmente sensível, tendo em vista a constituição de um mundo mais justo e equânime. O discurso sobre a interdisciplinaridade enfatiza que, antes de uma abordagem metodológica ou de uma superação da fragmentação das disciplinas, trata-se de uma atitude. Uma atitude frente ao mundo, frente ao outro, frente à vida. As disciplinas, então, não se constituem um fim em si, como também sua mera integração não responde à necessidade de pensar um mundo a ser partilhado por todos. Sonho, ética, utopia; movimento, mudança e identidade constituem o glossário mobilizado pelos que empenham a interdisciplinaridade como uma maneira de pensar a educação e sua organização curricular. As críticas levantadas a essas concepções interdisciplinares atribuem-se um caráter idealista e acusam a não problematização das questões históricas e políticas que sustentam a organização disciplinar. Para Veiga-Neto, a interdisciplinaridade não constitui uma metodologia mágica capaz de alterar a 109 mudança educacional ao apresentar uma noção essencializada de sujeito, sendo que caberia à educação recompor um estado original do humano, corrompido pelas formas modernas de dominação. Para esse pesquisador, o conhecimento disciplinar é efeito não da fragmentação do objeto a ser investigado, mas “da separação entre o pensamento e suas produções e o que é pensando, incluindo aí a nós mesmos” (LOPES, MACEDO, 2011, P.135). 5. Para além do debate interdisciplinar A análise das propostas de integração de disciplinas, a partir de seu adensamento discursivo, fez emergir uma crítica sobre o esmaecimento das próprias disciplinas. Pensar em aproximações disciplinares, integração, contextualização do ensino parece ser insuficiente para a superação do ensino fragmentado e descontextualizado. Alice Lopes e Elizabeth Macedo (2011) postam uma reflexão a partir dos posicionamentos e críticas acerca as disciplinas. Afirmam que, ao observá-las discursivamente, não cabe avaliá-las como boas ou más. Ponderam que se constituem como produções emersas de certos significados que atribuímos ao mundo, de relações de poder que definem articulações institucionais e sociais que formatam comunidades disciplinares. Conforme dispõe Veiga-Neto, o currículo é um artefato social, um produto. Mas também é capaz de produzir formas de pensar. Toda organização de currículo produzirá uma forma para as coisas. “As disciplinas nos formam e se conectam com demandas sociais” (LOPES; MACEDO, 2011, p.140) e ao se organizar um currículo de forma integrada, ao final, está-se produzindo novas estruturas disciplinares, de modo que outros efeitos são produzidos sobre os sujeitos e sobre o corpo social. Para as pesquisadoras, há que se questionar as finalidades sociais atendidas pelo currículo, sejam disciplinares, integrados ou qualquer composição de ambos. A questão essencial a ser levantada e refletida é: a que finalidade esses efeitos se vinculam e se permitem, ou não, ampliar o que acordamos, como coletivo social, chamar de justiça social e democracia? 110 Sintetizando... Neste último módulo da Disciplina Teoria do Currículo nos debruçamos sobre três grandes questões relacionadas à teorização curricular: 1. A hibridização do currículo – com objetivo de analisar algumas práticas que procuram compor elementos de diversos campos, formando um discurso “mestiço”. 2. A emergência e a proliferação, em termos oficiais, dos currículos oficiais – desencadeada a partir da segunda metade do século XX, alicerçada no discurso da equidade, a preocupação em estabelecer currículos oficiais foi uma das estratégias dos governos para garantir o governo das massas. Vale lembrar que tais propostas estão carregadas de histórias, valores, conflitos, não se configurando apenas como orientações de cunho técnico. 3. A possibilidade de arranjos curriculares diversos – desde a noção da disciplina, até os conceitos de pedagogia de projetos, temas transversais e interdisciplinaridade. 111 Considerações finais Com o módulo, “O cenário curricular contemporâneo: composições”, finalizamos a disciplina Teoria do Currículo. A disciplina procurou, em seus diversos módulos, trazer as principais questões que têm emergido a partir do fenômeno da escolarização de massas, que tem seu início no século XIX. A necessidade de instituir currículos que pudessem orientar o trabalho educativo fez com que a teoria curricular se constituísse como um campo importante dentro do discurso e práticas educacionais. Desta forma, nos embrenhamos nas principais vertentes teóricas e suas ramificações, a teoria tradicional, a teoria crítica e a teoria pós-crítica, analisando suas proposições e seus principais representantes. Por fim, demos destaque às questões contemporâneas, com ênfase na questão das políticas oficiais sobre currículo, um filão que tem emergido no campo diante dos desafios que a pós- modernidade (LYOTARD) nos impõe. Bons estudos! 112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: Módulo 1 ARETIO, L. G. Un concepto integrador de enseñanza a distancia. Radio y educación de adultos, n. 17, 3-6 p., boletín cuatrimestral (quadrimestral) maio/ago., 1991. BOURDIEU, Pierre. Os Usos Sociais da Ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 2003, p.22. CASTRO, M. H. G. Palestra inaugural. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL, 1997, Rio de Janeiro. Anais... Brasília, DF: MEC, 1998. Diferentes visões sobre a avaliação. Disponível em: < http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/ed_ciencias/avaliacao/avaliacao_ historia02.html> Acesso em 20 de nov de 2017. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola a universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009, p.17. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005, p. 169. PERRENOUD, Phillippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens - entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999, p.11-15. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? como avaliar?: critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995, p.7. http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/ed_ciencias/avaliacao/avaliacao_historia02.html http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/ed_ciencias/avaliacao/avaliacao_historia02.html 113 SCRIVEN, M. (1991) “Evaluation thesaurus”, 4. Ed. Newbury Park, CA, Sage. Disponível em: <http://books.google.co.nz/books/about/Evaluation_Thesaurus.html?id=koL0Fs _ZSvQC>. Acesso em 20 de nov de 2017. SILVA, F. Janssen; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, T. Maria. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003. VASCONCELLOS, M. M. Maura. Avaliação & ética. 2. ed. Londrina: Eduel, 2009, p. 29. Módulo 2 BRASIL.Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 20 de nov de 2017. Bruner, J., Goodnow, J., & Austin, A. (1956). A study of thinking. Nova Iorque: Wiley, p. 66. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa: polêmicas do nosso tempo. 5. ed. São Paulo: Autores Associados, 1995, p.13. El sistema de educación superior en Chile: un enfoque de economía política comparada. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 40772008000200010> Acesso em 20 de nov de 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772008000200010 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772008000200010 114 ELLIOT, Ligia G (2011) “Meta-avaliação: das concepções as possibilidades de aplicação”, Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro, v. 19, n. 73, p. 941-964, out. / dez. FERNANDES, MARIA ESTRELA ARAUJO. Avaliação institucional da escola e do sistema educacional: base teórica e construção do projeto. Fortaleza, Demócrito Rocha, 2007, p.36. FREITAS, Iêda M. A. C; Silveira, Amélia (1997) “Avaliação da educação superior”, Florianópolis, Insular. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola a universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009, p.34. IBGE: 37,9% dos jovens brasileiros abandonam estudos; na Europa, índice é de 16,9%. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/28/jovem- brasileiro-abandona-duas-vezes-mais-a-escola-que-estudante-europeu- segundo-ibge.htm> Acesso em 20 de nov de 2017. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005, p. 169. MILL, I. S. Princípio de economia política: com algumas de suas aplicações à filosofia social, São Paulo: Abril Cultural, 1983, v. II. p. 404. PERRENOUD, Phillippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens - entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999, p.34-45. SILVA, F. Janssen; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, T. Maria. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003. 115 Módulo 3 BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 20 de nov de 2017. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf.>. Acesso em 20 de nov 2017. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa: polêmicas do nosso tempo. 5. ed. São Paulo: Autores Associados, 1995, p.24-28. DIAS SOBRINHO, José. Avaliação educativa: produção de sentidos com valor de formação. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 13, n. 1, p. 193-207, mar. 2008. FERNANDES, Maria Estrela Araujo. Avaliação institucional da escola e do sistema educacional: base teórica e construção do projeto. Fortaleza, Demócrito Rocha, 2007, p.36. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola a universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009, p.34-38. ILLICH, Ivan. Sociedade sem escolas. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 56. KANT, I. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: Unimep, 1996. p.107 PERRENOUD, Phillippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens - entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999, p.34-45. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 116 SILVA, F. Janssen; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, T. Maria. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003. TYLER, Ralph W. Princípios básicos de currículo e ensino. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1974, apud SOUSA, p. 87, Sandra Zákia Lian. Revisando a teoria da avaliação da aprendizagem. In SOUSA, Clarilza Prado de (Org.). Avaliação do rendimento escolar. 7 ed. Campinas: Papirus, 2000. Representação da UNESCO no Brasil. Disponível em: < http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/educational-quality/technical- and-vocational-education/avaliacao-institucional-da-educacao-profissional/> Acesso em 20 de nov 2017. VALLAEYS, François. Que Significa Responsabilidade Social Universitária? Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Brasília, v. 24, n. 36, p. 38-55, jun. 2006. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. Módulo 4 AFONSO, A. Avaliar a escola e a gestão escolar: elementos para uma reflexão crítica. In: ESTEBAN, M. T. (Org.). Escola, currículo e avaliação. São Paulo: Cortez, 2003, p.13-19. BOLÍVAR, A. Como melhorar as escolas: estratégias e dinâmicas de melhoria das práticas educativas. Porto: Edições Asa, 2003. BORDIEU, P. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983a. http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/educational-quality/technical-and-vocational-education/avaliacao-institucional-da-educacao-profissional/ http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/educational-quality/technical-and-vocational-education/avaliacao-institucional-da-educacao-profissional/ 117 BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 20 de nov de 2017. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa: polêmicas do nosso tempo. 5. ed. São Paulo: Autores Associados, 1995, p.24-28. DIAS SOBRINHO, José. Avaliação educativa: produção de sentidos com valor de formação. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 13, n. 1, p. 193-207, mar. 2008. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola a universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009, p.34-38, 191-192. NÓVOA, A. (Coord.). As organizações escolares em análise. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995, p. 43-44. Módulo 5 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. BRASIL. Constituição Federal de 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. CORAZZA, Sandra. O que quer um currículo? Pesquisas pós-críticas em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica no Brasil. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 80, setembro/2002, p. 168-200. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.cedes.unicamp.br/ 118 DICIONÁRIO online da língua portuguesa. Disponível em: https://www.dicio.com.br/ . DUSSEL, Inés. O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças? In: LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth. Currículo: debates contemporâneos (orgs.), 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2010. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro. DP&A, 2002. KRAMER, Sonia. Propostas Pedagógicas: subsídios para uma leitura crítica. Educação & Sociedade, ano XVIII, n. 60, dez. 1997. LYOTARD. Jean-François. O pós-moderno. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011. __________. O pensamento curricular no Brasil. In: LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth. Currículo: debates contemporâneos (orgs.), 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2010. LOPES, ALICE Casimiro. Políticas de currículo: recontextualizações ehibridismo. Currículo sem Fronteiras, v.5, n.2, pp.50-64, Jul/Dez 2005. __________. Políticas curriculares: continuidade ou mudança de rumos? Revista Brasileira de Educação. n. 26, maio/jun/jul/ago, 2004. MATOS, Maria do Carmo; PAIVA, Edil Vasconcellos de. Hibridismo e currículo: ambivalências e possibilidades. Currículo sem Fronteiras, v.7, n.2, pp.185-201, Jul/Dez 2007 MELLO, Guimar Namo. Currículo da Educação Básica no Brasil: concepções e políticas. Setembro de 2014. Disponível em : http://movimentopelabase.org.br/wpcontent/uploads/2017/08/guiomar_pesquisa .pdf MOREIRA, Antônio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2006. https://www.dicio.com.br/ http://movimentopelabase.org.br/wpcontent/uploads/2017/08/guiomar_pesquisa.pdf http://movimentopelabase.org.br/wpcontent/uploads/2017/08/guiomar_pesquisa.pdf 119 SANTOS, Lucíola Licínio de Castro Paixão; DINIZ-PEREIRA, Júlio Emílio. Tentativas de Padronização no currículo e da Formação de Professores no Brasil. Caderno Cedes. Campinas, v. 36, n. 100, p. 281-300, set-dez., 2016. SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. WEIL, Pierre; D’AMBROSIO, Ubiratan; CREMA, Roberto. Rumo à nova transdisciplinaridade: sistemas abertos de conhecimento. São Paulo: Summus, 1993. 120