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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Engenharia Civil David Alves da Silva Marco Antonio Sampaio Valle Mário Rodrigues Neto Tamires Ramos Dias TUBULAÇÕES DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD) Montes Claros - MG 2022 1 1. INTRODUÇÃO O Polietileno (PE) é o polímero mais simples e mais barato do mercado devido à sua alta produção mundial, obtido pela polimerização do eteno e constituído apenas de hidrogênio de carbono. São polímeros parcialmente cristalinos e flexíveis, parcialmente solúveis em todos os solventes caso expostos a temperaturas abaixo de 60°C e atóxicos em condições normais, podendo ser colocados em contato com produtos alimentícios e farmacêuticos. Existem quatro tipos básicos de Polietilenos (PE): Polietileno de Baixa Densidade (PEBD); Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL); Polietileno de Alta Densidade (PEAD); Polietileno de Ultra Alto Peso Molecular (PEUAPM) (GEDEL PLÁSTICOS, 2021). O Polietileno de Alta Densidade (PEAD), em inglês chamado de HDPE ou PE- HD, apresenta flexibilidade, aliada com sua capacidade de ser fornecida em bobinas de até 100 metros de extensão para diâmetros mais comuns, e a possibilidade de uniões de tubos através de soldas de eletro e termofusão, possibilitaram boas garantias contra vazamentos e arrebentamentos, além de maior vida útil, atribuindo maior confiabilidade da operação também dos sistemas de transporte de água. É um plástico rígido, resistente à tração, tensão e compressão, e com moderada resistência ao impacto, e é utilizado no mercado de tubulações em ramos como saneamento, mineração, indústrias ou no segmento de petróleo e gás (MARCONDES, 2016). O PEAD começou a ser utilizado no Brasil em algumas obras de saneamento como o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) de Porto Alegre, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e a Odebrecht Ambiental da cidade de Limeira. Por meio dessas obras, foram feitas análises de custos de implantação, operação e manutenção, de amostragens da condição de tubulações em operação, da evolução de índice de perdas e de entrevistas com as equipes de operação e planejamento, e foi possível verificar que as tubulações de PEAD auxiliam no combate às perdas reais e na otimização da operação e eficiência das prestadoras de serviços de distribuição de água potável, no sentido de diminuir o tempo de intervenção de redes, os custos de manutenção e a frequência de arrebentamento e vazamentos nas redes de abastecimento. Assim, atualmente o uso do PEAD nas redes de distribuição do Brasil se tornou muito mais comum do que antes. https://gedelplasticos.com.br/portfolio-posts/pead-polietileno-alta-densidade/ 2 2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MATERIAL Os polietilenos mais comuns, segundo MESQUITA (2010), são o Polietileno de Baixa Densidade (PEBD); Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL); Polietileno de Média Densidade (PEMD) e o Polietileno de Alta Densidade (PEAD). Eles são classificados, segundo a norma ASTM D-4976, conforme a escala de densidade: ● Classe 1 (0,910 a 0,925) = Polietileno de Baixa Densidade; ● Classe 2 (>0,925 a 0,940) = Polietileno de Média Densidade; ● Classe 3 (>0,940 a 0,960) = Polietileno de Alta Densidade; ● Classe 4 (>0,960) = Polietileno de Alta Densidade. O PEBD é muito usado para extrusão de filmes, fios e cabos, além de sua utilização para moldagem de sopro e moldagem de injeção. O PEBDL é uma subdivisão do PEBD (classificado de acordo com a configuração de suas cadeias) é um termoplástico utilizado principalmente na produção de filmes para embalagens, sacaria industrial e filme esticável (stretch) (MARCONDES, 2016). O PEMD possui rigidez intermediária, sendo utilizado principalmente na produção de embalagens e na obtenção de filmes gofrados para a produção de fraldas descartáveis e absorventes higiênicos e, no processo de rotomoldagem, para a produção de caixas d'água, brinquedos, reservatórios e tanques para produtos químicos e componentes para máquinas agrícolas (MARCONDES, 2016). O PEAD é linear, com baixo teor de ramificações e altamente cristalino. A linearidade das cadeias do PEAD torna a orientação, o alinhamento e o empacotamento das cadeias mais eficiente, fazendo com que as forças intermoleculares (do tipo Van der Waals) possam agir mais intensamente. Possui elevada rigidez, resistência à fluência, à abrasão, ao impacto e ao tenso fissuramento sob tensão ambiental e química (MARCONDES, 2016). 3 Figura 01: Ramificação dos diferentes tipos de polietilenos FONTE: MESQUITA, 2010, p. 20. 3. TIPOS DE TUBOS A tubulação de polietileno é uma solução de custo eficaz para a resolução de uma ampla gama de problemas urbanos, industriais, marítimos, mineração, aterros e aplicações agrícolas. Sua eficácia foi testada e comprovada para diversas aplicações de superfície, enterrado, instalações marítimas, flutuantes e submersas. Os tubos, quando submetidos ao escoamento de um fluido, sofrem uma tensão no sentido do rompimento do tubo, denominada tensão circunferencial. Esta tensão é característica do material utilizado. Testes de resistência à pressão de longa duração são realizados em laboratórios, simulando o comportamento do tubo por um período de 50 anos, conforme a norma ISO 12162. Desta forma é determinada a tensão circunferencial que pode ser aplicada ao tubo, de forma a garantir sua vida útil. A classificação do composto como PE80 ou PE100 é realizada conforme o valor da tensão circunferencial admitida pelo material e formalizada mediante um documento conhecido como curva de regressão. Ambos podem ser utilizados para a mesma aplicação, desde que obedecida a espessura mínima requerida para cada diâmetro e classe de pressão. A espessura mínima é definida para evitar a possibilidade de colapso da rede em função de pressões externas. Para uma mesma pressão, os tubos de PE100 apresentam espessura menor que os de PE80 para a maioria dos diâmetros e classes de pressão. Para tubos com classes 4 de pressão baixas, as espessuras para PE80 e PE100 são as mesmas, caso típico de ramais prediais, em função da espessura mínima requerida. 4. DIÂMETRO NOMINAL DN É comum usar o SDR (Standard Dimension Ratio) como método de classificação de pressão em tubulação. Muitos fabricantes de tubos de polietileno usam esse método para classificar a pressão no tubo. O tubo SDR é a "Proporção Dimensional Padrão" e refere-se à geometria do tubo. O SDR é definido como a relação entre o diâmetro externo nominal e a espessura nominal da parede. SDR pode ser expresso como: SDR = DE / e, onde: D = diâmetro externo do tubo e = espessura da parede da tubulação Com uma alta razão SDR, a parede do tubo é fina em comparação com o diâmetro do tubo e com uma baixa relação SDR, a parede do tubo é espessa em comparação com o diâmetro do tubo, como pode ser visto na figura 2. Figura 02: SDR de um PEAD 5. TIPOS DE JUNTAS Por existir uma pressão interna na tubulação, formam-se empuxos que resultam em momentos de flexão, por isso o motivo para a ancoragem, ou proteção da ruptura. Particularmente é necessário que se faça a ancoragem em tubulações cujas junções sejam feitas por ponta e bolsa ou luva de correr, pois o empuxo formado pode fazer com que o acoplamento da tubulação se solte, as soldáveis são mais resistentes. Nos tubos de PEAD com a maioria das uniões sendo do tipo auto- travantes torna-se a ancoragem desnecessária em grande parte dos casos, além de 5 a flexibilidade desses tubos absorverem os esforços sofridos. Os principais tipos de juntas para tubos PEAD são: ● JUNTA PEAD FLANGEADA: é utilizada quando se faz necessária a junção de peças construídas em diferentes matérias-primas, como aço ou ferro fundido, tendo usualaplicação em ligações de válvulas, bombas e dispositivos similares; ● JUNTA PEAD DE COMPRESSÃO: o tubo é travado através do uso de uma porca cônica rosqueada manualmente ao corpo da junta para comprimir uma garra de poliacetal, que ficará fixada ao tubo; ● JUNTA PEAD DE MINERAÇÃO: É um acoplamento de ferro fundido ou alumínio, que possui fácil manuseio e é fixada à tubulação com o auxílio de colarinhos do tipo “mineração”, essas juntas possibilitam montagens e desmontagens rápidas e práticas, sendo altamente recomendadas em instalações de transporte de sólidos; ● JUNTA PEAD LUVA DE CORRER: É utilizada para a união de tubos que não se deslocam longitudinalmente, grande parte de seu uso é feito com tubos enterrados, e essas juntas podem ser fabricadas em diâmetros que variam de 20 mm a 315 mm. 6. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO MATERIAL NAS TUBULAÇÕES Dentre as inúmeras vantagens de utilizar o material em tubulações destacam- se a alta resistência do material à corrosão, o transporte do material pode ser feito em forma de bobinas, as conexões são feitas através de soldas termoplásticas que de modo geral são mais eficientes que conexões mecânicas. Além disso, possui uma boa garantia contra vazamentos e arrebentamentos, um fator importante no combate de perdas (MARCONDES, 2016). 6 Estas características são importantes principalmente em grandes cidades, onde o fluxo de veículos pesados é mais intenso, onde provocam vibrações no solo que pode acarretar problemas em tubulações rígidas com conexões mecânicas. Além disso, as tubulações de polietileno são flexíveis, leves e fabricadas em bobinas de até 100m de extensão (MARCONDES, 2016). Com características semelhantes aos tubos de PVC, os tubos de PEAD se destacam pela baixa rugosidade, leveza e alta resistência a agentes químicos e a processos corrosivos, quando comparados com tubos metálicos (HELLER, 2006). A instalação dos tubos de PEAD no sistema de distribuição de água potável é a única alternativa encontrada para aplicação dos métodos não destrutivos de instalação ou substituição de redes subterrâneas sem a abertura de valas. O método não destrutivo vem sendo utilizado por diversas empresas, pois diminui o impacto ambiental, econômico e social na região, em relação aos métodos de instalação em vala a céu aberto (MARCONDES, 2016). Embora os custos de implantação deste método sejam elevados, o valor final da implementação aplicando o material PEAD é mais favorável quando comparado a outros modelos (STANZANI, 2020). O tubo de PEAD possui maior variedade de diâmetros e classes de pressão, alta resistência à abrasão e impactos. Possui imunidade à corrosão, baixo efeito de incrustação, excelente soldabilidade e atoxidade, sendo de fácil manuseio e instalação (FGS BRASIL, 2022). O material PEAD possui vida útil de 50 anos, fator importante a ser considerado na escolha do material (MARCONDES, 2016). Isto impacta diretamente no custo final de implementação, reduz a frequência de manutenções e o impacto ambiental gerado por estas atividades. Como desvantagem, o PEAD não é resistente a oxidação de ácidos, cetonas. Outro fator prejudicial ao seu uso é de não ficarem expostos diretamente à luz solar, pois sofrem degradação na presença de raios ultravioleta. Sua vida útil reduz de 50 anos para em média 25 anos (MASTERFER, 2022). O custo de implantação do material em um empreendimento é elevado, quando se comparado com os materiais tradicionais, como por exemplo o concreto (ARAÚJO, B., GARCIA, R., 2017). 7 7. CONCLUSÃO Diante de todo exposto, pode-se concluir que o PEAD é um excelente material para ser utilizado no sistema de abastecimento de água em uma rede de distribuição. Dentre as inúmeras vantagens apresentadas, o material se destaca por auxiliar no controle ambiental por utilizar o método não destrutivo para sua instalação. Além de contribuir diretamente no controle de perdas no sistema de abastecimento, fator importante e que é foco de grandes empresas para a melhoria do fornecimento de água. 8 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, B., GARCIA, R. Aplicação de tubos de PEAD para sistemas de captação e direcionamento pluvial. Disponível em: https://seer.unifunec.edu.br/index.php/forum/article/view/3165/2911. Acesso em: 17 de novembro de 2022. FGS BRASIL. Tubos de polietileno – PEAD. Disponível em: https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno- pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2a VNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB. Acesso em: 10 de novembro de 2022. HELLER, L. Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p.706-709. MARCONDES, R. Estudo do uso das tubulações de PEAD em sistemas de distribuição de água no Brasil. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-06102016- 092317/publico/RicardoAugustodeCastroMarcondesCorr16.pdf. Acesso em: 9 de novembro de 2022. MASTERFER. Quais as vantagens de se usar Tubos e Conexões PEAD. Disponível em: https://www.masterferhidraulicos.com.br/blog/tubos-e-conexoes- pead/#:~:text=Como%20desvantagem%2C%20o%20PEAD%20n%C3%A3o,na%20 presen%C3%A7a%20dos%20raios%20ultravioletas. Acesso em: 17 de novembro de 2022. STANZANI, B. Método não destrutivo de instalação de tubulações comparado ao método tradicional. Disponível em: http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/3579.pdf. Acesso em: 15 de novembro de 2022. GEDEL PLÁSTICOS. Polietileno de Alta Densidade (PEAD). Disponível em: Polietileno de Alta Densidade (PEAD): características e aplicações (gedelplasticos.com.br). Acesso em: 15 de novembro de 2022. https://seer.unifunec.edu.br/index.php/forum/article/view/3165/2911 https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno-pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2aVNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno-pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2aVNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno-pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2aVNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno-pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2aVNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB https://fgsbrasil.com.br/categoria-produto/tubos/tubos-de-polietileno-pead/?gclid=Cj0KCQiA1NebBhDDARIsAANiDD2xheVO31Cw3vjo1uKkW3kh7Y1z2aVNcpfx7vBZhztHfl62BSc4wnIaAmdvEALw_wcB https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-06102016-092317/publico/RicardoAugustodeCastroMarcondesCorr16.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-06102016-092317/publico/RicardoAugustodeCastroMarcondesCorr16.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-06102016-092317/publico/RicardoAugustodeCastroMarcondesCorr16.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-06102016-092317/publico/RicardoAugustodeCastroMarcondesCorr16.pdf https://www.masterferhidraulicos.com.br/blog/tubos-e-conexoes-pead/#:~:text=Como%20desvantagem%2C%20o%20PEAD%20n%C3%A3o,na%20presen%C3%A7a%20dos%20raios%20ultravioletas https://www.masterferhidraulicos.com.br/blog/tubos-e-conexoes-pead/#:~:text=Como%20desvantagem%2C%20o%20PEAD%20n%C3%A3o,na%20presen%C3%A7a%20dos%20raios%20ultravioletas https://www.masterferhidraulicos.com.br/blog/tubos-e-conexoes-pead/#:~:text=Como%20desvantagem%2C%20o%20PEAD%20n%C3%A3o,na%20presen%C3%A7a%20dos%20raios%20ultravioletas https://www.masterferhidraulicos.com.br/blog/tubos-e-conexoes-pead/#:~:text=Como%20desvantagem%2C%20o%20PEAD%20n%C3%A3o,na%20presen%C3%A7a%20dos%20raios%20ultravioletas http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/3579.pdf https://gedelplasticos.com.br/artigos/pead-polietileno-de-alta-densidade/#:~:text=O%20Polietileno%20de%20Alta%20Densidade%20(PEAD)%20foi%20criado%20em%201953,o%20pr%C3%AAmio%20Nobel%20em%201963.https://gedelplasticos.com.br/artigos/pead-polietileno-de-alta-densidade/#:~:text=O%20Polietileno%20de%20Alta%20Densidade%20(PEAD)%20foi%20criado%20em%201953,o%20pr%C3%AAmio%20Nobel%20em%201963.
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