A política e a filosofia - para Castoriadis

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A política e a filosofia - para Castoriadis
Castoriadis argumenta que o pensamento político deve ser subordinado às condições
concretas que o permitiram emergir, destacando a prevalência da práxis sobre o pensamento.
Ele valoriza os antigos gregos não apenas por terem criado instituições democráticas
participativas, mas também por terem estabelecido um regime que criticava permanentemente
suas próprias instituições. O legado grego reside na criação de um movimento democrático
que desafiou o poder estabelecido e buscou constantemente reformular as instituições.
Para Castoriadis, a autonomia política não depende apenas da participação popular,
mas também requer um constante movimento de crítica e reconfiguração das instituições. Ele
vê a democracia como um processo de auto-instituição da coletividade, enfatizando a
importância da crítica permanente das instituições existentes.
Castoriadis destaca a inter-relação entre política e filosofia, argumentando que ambas
são fruto do questionamento humano. Ele sugere que a filosofia e a democracia surgiram
juntas de um processo de dessacralização do mundo, que permitiu a emergência de um olhar
humano sobre a realidade e a instituição de práticas políticas autônomas.
Além disso, Castoriadis desafia a hierarquia tradicional entre conhecimento teórico e
prático, afirmando que a política também pode gerar um conhecimento certo e seguro. Ele
propõe uma visão da filosofia como decorrente da ação política, enfatizando a importância da
reflexão política para a compreensão da realidade humana.
Assim, Castoriadis defende que a política e a filosofia são intrinsecamente ligadas,
com a política sendo uma forma essencial de filosofia da práxis. Ele sugere que a democracia
grega inaugurou um espaço público de pensamento, no qual os cidadãos eram filósofos em
seu envolvimento político. Castoriadis ressalta que, apesar das falhas das práticas políticas
contemporâneas, ainda somos herdeiros do projeto de autonomia política, o que nos permite
refletir e questionar constantemente sobre nossas ações e instituições.